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Aula 16.

1 – PRESCRIÇÃO PARTE 3

9.1.5. Causas impeditivas e suspensivas


“Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.”
Apesar de o art. 116 dispor apenas “causas impeditivas”, a doutrina e a jurisprudência
entendem que as causas, nesse caso, podem ser tanto impeditivas quanto suspensivas,
dependendo do momento em que ocorrem.
Causa impeditiva – o prazo prescricional ainda não começou a fluir. Ela obsta o início do
prazo prescricional.
Causa suspensiva –o prazo prescricional já teve início. Ela suspende seu trâmite.

Inc. I - Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento
da existência do crime
O Inciso I trata das chamadas “questões prejudiciais”, que são aquelas que prejudicam
(impedem) a análise do mérito, e estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP. O juiz criminal
tem competência para resolver todas as questões prejudiciais, salvo as relativas ao estado civil
das pessoas.
As questões prejudiciais ligadas ao estado civil das pessoas devem ser resolvidas pelo juízo
civil, de modo que o juiz da ação penal suspende a ação penal, bem como a prescrição, até que
a questão prejudicial seja resolvida na esfera civil.

Inc. II – Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro


Se o agente está cumprindo pena em outro país, esse país não vai extraditá-lo para o Brasil.
Primeiro cumpre a pena no país estrangeiro para, depois, cumprir pena no Brasil. O Brasil
não tem como obrigar o agente a cumprir pena, motivo pelo qual não há razão para correr
prescrição.
As causas impeditivas e suspensivas da prescrição estão previstas em lei (rol taxativo – não
necessariamente no CP), ou seja, o juiz não pode criar novas causas não previstas em lei, sendo
incabível analogia, pois seria in malan partem (prejudicial ao réu).

9.1.5.1. Causas impeditivas e suspensivas previstas fora do Código Penal

Art. 366 do CPP: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. ”

Art. 89, § 6º, da Lei 9.099/1995: “Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
processo. ”

Art. 53, § 5º, da Constituição Federal: “A sustação do processo suspende a prescrição,


enquanto durar o mandato.”

9.2. Prescrição retroativa

9.2.1. Conceito
A prescrição retroativa é uma modalidade da PPP (prescrição da pretensão punitiva), porque
não há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes, mas somente para a acusação.
9.2.1. Cálculo
Art. 110, § 1º, do CP: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. ”

9.2.2. Informações gerais


1ª – A prescrição retroativa é espécie da PPP

2ª – A prescrição retroativa tem um pressuposto: trânsito em julgado para a acusação no


tocante à pena aplicada (a acusação pode até ter recorrido sobre outras matérias, como, por
exemplo, sobre o regime prisional).

3ª – A prescrição retroativa é calculada com base na pena aplicada (como há aplicação de uma
pena, que transitou em julgado para a acusação, não se fala mais em cálculo com base na pena
em abstrato. A pena não pode mais aumentar, tendo em vista o princípio da non reformatio in
pejus – “a pena não pode ser aumentada em recurso exclusivo da defesa”).

4ª – “retroativa”, porque é contada da sentença condenatória “para trás”.

Aula 16.2

9.2.3. Termo Inicial


Ex. Furto simples. Pena 1 a 4 anos.

PPP (Calculada com base na pena máxima em abstrato, no exemplo 4 anos). Pena de 4 anos
prescreve em 8 anos. Da data do cometimento do crime até o recebimento da denúncia não se
passaram 8 anos. Da data do recebimento da denúncia até a data da sentença também não se
passaram 8 anos. Portanto, não ocorreu a PPP. O Ministério Público não recorre da sentença
no tocante à pena aplicada. Nesse momento passa a existir o pressuposto para a prescrição
retroativa. O termo inicial da prescrição retroativa é a data da publicação da sentença
condenatória. A análise da prescrição retroativa deverá ser feita da sentença “para trás”, até o
recebimento da denúncia, considerando-se a pena aplicada, que, no exemplo, é de 1 ano. Pena
de 1 ano prescreve em 4 anos. No exemplo, houve prescrição, pois, como a prescrição é
matéria de direito penal, o prazo será contado de acordo com o direito penal, ou seja,
incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia do final. Assim, passaram-se 4 anos.

Lei 12.234/2010 – trouxe algumas mudanças no CP envolvendo prescrição. Acabou com a


prescrição retroativa na fase investigatória, dando nova redação ao art. 110, §1º:
Art. 110, § 1º, do CP: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.”

Questiona-se: Se não cabe mais prescrição retroativa na fase investigatória, significa dizer que
se está diante de uma nova hipótese de imprescritibilidade penal?
Resposta: Não, pois na fase investigatória não se admite a prescrição retroativa, porém é
perfeitamente possível a PPP propriamente dita.
O projeto da Lei 12.234/10 tinha como objetivo acabar com a prescrição retroativa como um
todo no Brasil, porém acabou com a prescrição retroativa apenas na fase investigatória, ou
seja, tal prescrição continua existindo na fase judicial.

9.2.4. Momento para seu reconhecimento


A prescrição retroativa pode ser reconhecida na sentença? Não, pois falta seu pressuposto
fundamental, qual seja, o trânsito em julgado para a acusação.

Questiona-se: Quem pode declarar a prescrição retroativa, quando a sentença já tiver


transitado em julgado para a acusação?

1ª corrente: apenas o Tribunal pode reconhecer a prescrição retroativa. Ao proferir a


sentença, o juiz de primeira instância esgota sua atividade jurisdicional.

2ª corrente (posição dominante): o juiz de primeira instância não apenas pode, mas deve
reconhecer a prescrição retroativa quando ela estiver caracterizada. Fundamentos: celeridade
processual; economia processual; art. 61, “caput” do CPP (sendo a prescrição uma causa
extintiva de punibilidade, que é matéria de ordem pública, deve ser declarada de ofício, a
qualquer momento).

9.3. Prescrição intercorrente ou superveniente (subsequente)


9.3.1. Conceito
É espécie da PPP, porque não há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes,
sendo contada da sentença condenatória para frente.

9.3.2. Cálculo
Art. 110, § 1º, do CP: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.”

9.3.3. Informações gerais


1ª – A prescrição intercorrente é espécie da PPP;

2ª – A prescrição intercorrente tem um pressuposto: trânsito em julgado para a acusação no


tocante à pena aplicada (a acusação pode até ter recorrido sobre outras matérias, como, por
exemplo, sobre o regime prisional);

3ª – A prescrição intercorrente é calculada com base na pena aplicada (como há aplicação de


uma pena, que transitou em julgado para a acusação, não se fala mais em cálculo com base na
pena em abstrato. A pena não pode mais aumentar, tendo em vista o princípio da non
reformatio in pejus – “a pena não pode ser aumentada em recurso exclusivo da defesa”); e

4ª – “intercorrente ou superveniente”, porque é contada da sentença condenatória “para


frente”.

Aula 16.3

9.3.4. Termo inicial e hipóteses


O Ministério Público não recorre da sentença no tocante à pena aplicada. Nesse momento
passa a existir o pressuposto para a prescrição intercorrente (superveniente ou subsequente). O
termo inicial da prescrição intercorrente é a data da publicação da sentença condenatória. A
análise da prescrição intercorrente deverá ser feita da sentença “para frente”, considerando-se
a pena aplicada, que, no exemplo, é de 1 ano. Pena de 1 ano prescreve em 4 anos. Podem
ocorrer 2 situações:
a) Passam-se os 4 anos e o réu não é intimado da sentença; ou
b) O réu é intimado da sentença e recorre, mas o Tribunal não aprecia seu recurso dentro dos 4
anos.
Nessa hipótese, em sede preliminar a Corte declara a extinção da punibilidade pela prescrição
intercorrente.
Obs. Tudo o que é intercorrente ocorre entre dois pontos. A prescrição intercorrente ocorre
após o trânsito em julgado para a acusação (primeiro ponto), porém antes do trânsito em
julgado para a defesa (segundo ponto).

9.5. Prescrição da pretensão executória ou prescrição da condenação

9.5.1. Conceito
É a perda do direito de executar uma pena que já foi aplicada pelo Estado. A PPE, também
chamada de prescrição da condenação, depende do trânsito em julgado da condenação para
ambas as partes, ou seja, de uma pena definitiva.

9.5.2. Contagem
A PPE é calculada com base na pena concreta. Enquadra-se a pena concreta no art. 109 do CP.
Súmula 604 do STF: “A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória
da pena privativa de liberdade.”

A PPP propriamente dita é calculada com base na pena máxima em abstrato; a prescrição
retroativa e a prescrição intercorrente são calculadas com base na pena aplicada, que transitou
em julgado para a acusação, mas que ainda pode mudar em recurso de defesa; já a PPE, e
somente ela, é calculada com base na pena definitiva (concreta).
Art. 110, “caput”, do Código Penal: “A prescrição depois de transitar em julgado a sentença
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior,
os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.”

De acordo com o art. 110, “caput”, do Código Penal, a PPE terá o seu prazo aumentado em 1/3
se o condenado é reincidente.

Cuidado!
Súmula 220 do STJ: “A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.”

A reincidência não interfere nos prazos da PPP.

Observação: lembrar que a menoridade relativa e a velhice (senilidade) reduzem, pela metade,
“todas” as espécies de prescrição (PPP propriamente dita, retroativa, intercorrente e PPE).

Art. 113 do Código Penal: “No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.”

O art. 113 do Código Penal consagra o princípio segundo o qual “pena cumprida é pena
extinta”. Exemplo: pena de 10 anos. Condenado cumpriu 5 anos e fugiu. A PPE não será
calculada com base na pena total de 10 anos, mas com base em 5 anos, ou seja, sobre o tempo
que resta da pena.

9.5.3. Termo inicial


“Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I – do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que
revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II – do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena.”
Ex. Condenado estava cumprindo pena e foge. Do dia da fuga, começa a correr o prazo da
PPE.

Pela lógica, se a PPE depende do trânsito em julgado da condenação para ambas as partes, ela
só começa a ser contada depois que existe o trânsito em julgado para ambas partes. Contudo, o
Código Penal, buscando favorecer o réu, dispõe que a PPE só pode ser reconhecida a partir do
momento em que existe o trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, mas, uma vez
existindo o trânsito em julgado para ambas as partes, o termo inicial retroage à data do
trânsito em julgado para a acusação.

9.5.4. Causas interruptivas


“Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:
(...)
V – pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI – pela reincidência.”
Inciso V – Exemplo 1: Réu condenado. Decisão transitou em julgado para acusação e defesa.
Começou a correr PPE. Se for preso, interrompe PPE (iniciou cumprimento de pena).
Exemplo 2: Réu condenado. Estava cumprindo pena de 10 anos. Cumpriu 8 anos e fugiu.
Quando fugiu, começou a correr a PPE com base nos 2 anos que restavam. Foi recapturado,
interrompe PPE (continuação do cumprimento da pena).
Inciso VI:

Exemplo:
Sujeito condenado em São Paulo por homicídio. Pena prescreve em 20 anos. A condenação
transitou em julgado para a acusação e defesa, porém o condenado está foragido. Passaram-se
19 anos no prazo prescricional, sendo que, em mais 1 ano, a pena prescreverá. O Promotor
levanta a folha de antecedentes do condenado e descobre que ele praticou um crime no Estado
do Amazonas (reincidência posterior). Quando o acusado praticou o crime no Amazonas,
houve interrupção da PPE em São Paulo.

9.5.4.1. Incomunicabilidade das causas interruptivas da PPE


Art. 117, § 1º, do CP: “Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer
deles.”
As causas interruptivas da PPP se comunicam no concurso de pessoas e no concurso de
crimes. Já as causas interruptivas da PPE não se comunicam, seja no concurso de pessoas, seja
no concurso de crimes. Não se comunicam, primeiro, por expressa previsão legal, já que o
dispositivo legal dispõe “Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo”, segundo, porque
as causas interruptivas da PPE têm caráter personalíssimo.

Aula 16.4

9.5.5. Causa impeditiva da PPE


Art. 116, parágrafo único, do Código Penal: “Depois de passada em julgado a sentença
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro
motivo.”
Ex. Sujeito está cumprindo pena por latrocínio (30 anos de reclusão). Porém, antes de ser preso
pelo latrocínio, ele praticou um furto. Pena de 2 anos. Enquanto ele estiver cumprindo a pena
de latrocínio, não corre a prescrição da pena do furto. Caso contrário, todas as penas
pequenas, durante o cumprimento de uma pena grande, ficariam impunes.
Se o condenado está cumprindo pena por outro motivo, o Estado não tem como executar a
pena. Como o Estado não tem como executar, a prescrição não pode correr. Trata-se de um
princípio básico de que não corre a prescrição contra quem não pode exercer um direito.

9.6. Prescrição virtual, antecipada, projetada, prognostical ou retroativa em perspectiva


Não tem previsão legal. Trata-se de construção doutrinária e jurisprudencial.
“Virtual” porque não tem previsão legal; “Antecipada” porque é decretada antes da sua efetiva
ocorrência;
“Projetada ou prognostical” porque é decretada com base na projeção, no prognóstico da pena
que virá a ser aplicada no futuro; “Retroativa em perspectiva” pois é decretada com base na
perspectiva de que, no futuro, a prescrição retroativa será inevitável no caso concreto.
O ponto de partida para se falar em prescrição virtual é a prescrição retroativa. A prescrição
virtual pressupõe a existência, no ordenamento jurídico, da prescrição retroativa.
Se não pode mais existir prescrição retroativa na fase investigatória, também não se admite
prescrição virtual nesta fase. Portanto, tanto a prescrição retroativa quanto a prescrição
virtual só podem existir na fase judicial.
Ex. Furto simples. Pena 1 a 4 anos.

PPP (ilustração acima) – Calculada com base na pena máxima em abstrato (4 anos). Pena de 4
anos prescreve em 8 anos. Da data do cometimento do crime até o recebimento da denúncia
não se passaram 8 anos.
Da data do recebimento da denúncia até a data da audiência também não se passaram 8 anos.
Portanto, não ocorreu a PPP. Contudo, no momento da audiência de instrução, debates e
julgamento (IDJ), o juiz constata que o crime é de furto, o réu é primário e de bons
antecedentes. Diante de tais condições, o juiz faz um prognóstico e já sabe que a pena que
deverá ser aplicada será a mínima (1 ano) ou muito próxima a ela. Como a pena que deverá ser
aplicada será de 1 ano ou muito próximo disso, o juiz conclui que a prescrição retroativa será
inevitável, uma vez que a pena de 1 ano prescreve em 4 anos. No exemplo, da data do
recebimento da denúncia à da audiência já havia se passado mais de 7 anos.

- Fundamentos
Os fundamentos da prescrição virtual são celeridade, economia processual e falta de interesse
processual (necessidade, utilidade e adequação). O juiz decreta a prescrição antes da sua
efetiva ocorrência, ganhando-se tempo, economizando-se atos processuais e evitando-se atos
inúteis.
Atenção: Atualmente, a prescrição virtual é rechaçada tanto pelo STF quanto pelo STJ.
- Súmula 438 do STJ: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal.”
Inquérito 3574 (Inf. 788) – Supremo não admite a prescrição virtual pelos seguintes
argumentos:
- Falta de previsão legal (tal argumento por si só não convence, uma vez que o STF aplica
diversos outros institutos sem previsão legal, como, por exemplo, o princípio da
insignificância).
- Violação da presunção de não-culpabilidade (presunção de inocência – Art. 5º, LVII) – para
fazer uma projeção é preciso presumir que o réu vai ser condenado, o que viola a presunção de
inocência.
- Alteração da capitulação jurídica – É possível durante a instrução processual a alteração da
capitulação jurídica que venha a afetar o prazo prescricional. Ex. agente processado por um
furto. Na audiência, ouvindo a testemunha, pode-se descobrir que houve emprego de violência
contra a vítima. Deixando de ser furto e passando a ser roubo, a pena seria muito maior, de
modo que não haveria prescrição.
Aula 16.5

10. Prescrição da pena de multa


“Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I – em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II – no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a
multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.”
Inciso I - Quanto à cominação, o trecho “quando a multa for a única cominada” só vale para as
contravenções penais. Quando se trata de crime, a pena é de reclusão ou detenção, isolada,
alternativa ou cumulativamente com multa. Contravenção só tem pena de prisão simples, só
pena de multa, uma e outra, uma ou outra. Assim, não existe crime em que se comine somente
a pena de multa. Quanto à aplicação, se o juiz aplicou apenas a pena de multa, ela prescreve
em 2 anos.
Inciso II – Reflete o princípio pelo qual as penas mais leves prescrevem juntamente com as
penas mais graves. Ex. Juiz aplicou reclusão de 2 anos e multa. Pena de 2 anos prescreve em 4
anos. Se em 4 anos prescreve a pena privativa de liberdade, em 4 anos também prescreve a
pena de multa.

a) Prescrição da pretensão punitiva


Cuidado: O Art. 114 é aplicável para a prescrição da pretensão punitiva da pena de multa
(antes do trânsito em julgado da condenação para ambas as partes).

b) Prescrição da pretensão executória: art. 51 do Código Penal


Só se fala em PPE da pena de multa quando o condenado não paga a multa, pois se houve o
pagamento a pena de multa é extinta.
De acordo com o art. 51 do CP, a pena de multa será cobrada como dívida de valor. O Juiz
extrai uma certidão, encaminha para a Fazenda Pública, que a inscreve na dívida ativa, sendo a
multa executada pela Procuradoria da Fazenda. Portanto, é cobrada de acordo com a Lei de
Execução Fiscal.
Como a pena de multa é cobrada de acordo com a Lei de Execução Fiscal, a PPE da pena de
multa, consequentemente, ocorre no prazo da execução fiscal, ou seja, 5 anos.

11. Prescrição no concurso de crimes


Art. 119 do Código Penal: “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um, isoladamente.”
Não se calcula a prescrição sobre o total das penas impostas, mas sobre a pena de cada um dos
crimes separadamente, o que é muito melhor para o réu. Passados 4 anos, a pena do crime 1
prescreve; passados 8 anos, a pena do crime 2 prescreve; passados 12 anos, a pena do crime 3
prescreve.
Destarte, não é correto somar 1 ano + 3 anos + 5 anos = 9 anos e considerar que prescreve em
16 anos.

SISTEMA DA EXASPERAÇÃO

Questão:
O réu praticou 2 furtos qualificados na forma do art. 71 “caput” (crime continuado).
Foi aplicada a pena final (definitiva) de 2 anos e 4 meses de reclusão. Porém, 4 anos do prazo
prescricional já transcorreram. A questão queria que o candidato declarasse a prescrição das
penas dos dois furtos qualificados
Questiona-se: Pena superior a 2 anos até 4 anos prescreve em 8 anos, como que em quatro anos
ocorreu a prescrição?
Resposta: Como se aplica a pena no crime continuado? O juiz pega a pena de qualquer um dos
crimes, se idênticos, ou a mais grave, se diversos. Como os crimes são idênticos (dois furtos
qualificados), a pena de cada um é de 2 a 8 anos. O magistrado utiliza a pena de um dos crimes
e aumenta de 1/6 até 2/3 (crime continuado). O juiz aplicou a pena mínima de apenas um dos
dois crimes (2 anos), com o aumento mínimo de 1/6, já que foram praticados 2 crimes. Total =
2 anos e 4 meses, que prescreve em 8 anos. Nesse ponto, é necessário aplicar o art. 119 ( no
concurso de crimes, a prescrição incidirá sobre a pena de cada um dos crimes isoladamente) e
a Súmula 497 do STF.
De acordo com a Súmula 497 do STF, não se computa o acréscimo decorrente da continuação.
Assim, a prescrição incide apenas sobre 2 anos, excluindo-se os 4 meses da continuação,
chegando-se ao prazo prescricional de 4 anos.
Súmula 497 do Supremo Tribunal Federal: “Quando se tratar de crime continuado, a
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo
decorrente da continuação. ”
Esta súmula dispõe apenas sobre o “crime continuado”. Por identidade de fundamento, qual
seja, o sistema da exasperação, seu enunciado também se aplica ao concurso formal próprio ou
perfeito.

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