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Aula 15.

PRESCRIÇÃO – PARTE II
8. Espécies de prescrição

a) Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP)


Não há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes. Subdivide-se em:

1ª Prescrição da Pretensão Punitiva propriamente dita (prescrição da ação):


Não há trânsito em julgado da condenação para nenhuma das partes.

2ª Prescrição Retroativa:
Há trânsito em julgado para a acusação no tocante à pena aplicada.
Não há trânsito em julgado da condenação para a defesa.

3ª Prescrição Intercorrente ou superveniente:


Há trânsito em julgado para a acusação no tocante à pena aplicada.
Não há trânsito em julgado da condenação para a defesa.

b) Prescrição da Pretensão Executória (PPE)


Há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes.

8.1. Efeitos da prescrição e competência para seu reconhecimento.


a) Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP)
A PPP obsta o exercício da ação penal (se ação penal ainda não teve início, não terá mais. Se já
teve início, tem que parar – de ofício pelo Juiz ou mediante provocação de qualquer uma das
partes).

Questiona-se: E se já existir uma sentença condenatória, pode ocorrer a PPP? Sim.


A PPP apaga todos os efeitos penais e extrapenais de eventual sentença condenatória já
proferida (sentença condenatória não gerará reincidência, não gerará maus antecedentes, não
gerará obrigação de reparar o dano e etc.) – se não existe sentença condenatória transitada em
julgado para ambas as partes, não há falar em efeitos da condenação.
A competência para reconhecer a PPP é do Juiz ou do Tribunal em que tramita a ação penal ou
o inquérito policial.

b) Prescrição da Pretensão Executória (PPE)


A PPE apaga somente o efeito principal da condenação, ou seja, a pena que foi aplicada. Ex.
Sujeito foi condenado. A condenação transitou em julgado. Ele está cumprindo pena ou está
foragido. Se acontecer a PPE, a pena será extinta. Todos os demais efeitos da condenação,
penais ou extrapenais, permanecem intactos (gerará reincidência, maus antecedentes,
obrigação de reparar o dano etc.)
A competência para reconhecer a PPE é do Juízo da Execução. O recurso cabível é o agravo,
previsto no artigo 197 da LEP, que, em regra, não tem efeito suspensivo.

9. Prescrição da pena privativa de liberdade

9.1. Prescrição da Pretensão Punitiva propriamente dita ou prescrição da ação penal


Não há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes

9.1.1. Previsão legal


- CP, art. 109, “caput”: “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime...”
Obs. “§ 1o do art. 110 deste Código” – contempla prescrição retroativa e a prescrição
intercorrente.
A PPP é calculada com base na pena máxima em abstrato prevista pelo legislador.
-Fundamento (Por que a PPP é calculada com base na pena máxima em abstrato?)
A prescrição retira do Estado o direito de punir. Para retirar de alguém um direito, é preciso
dar a ele todas as chances de defendê-lo. Assim, para retirar do Estado o direito de punir, é
preciso dar a ele todas as chances de exercitar esse direito de punir. É possível, em tese, que a
pena chegue ao máximo legal, sendo essa a melhor situação para o Estado exercer o seu direito
de punir.

9.1.2. Cálculo
Para realizar o cálculo é necessário enquadrar a pena máxima em abstrato no art. 109 do CP.
O art. 109 nos permite construir uma tabela:

“Inferior a 1 ano” não é “até 1 ano”.


Na sistemática do CP, por maior que seja a pena, em 20 anos ela prescreve. O maior prazo
prescricional previsto no CP é de 20 anos.
O Código Penal implementou no art. 109 um critério lógico e objetivo, pois quanto maior a
pena mais grave é o crime, e mais tempo o Estado tem para puni-lo.
O menor prazo prescricional previsto no CP para a pena privativa de liberdade é de 3 anos.
Antes de 2010, tal prazo era de 2 anos. A alteração de 2 para 3 anos foi feita pala Lei
12.234/2010. O legislador se inspirou na chamada “teoria das janelas quebradas” (é preciso
punir todo e qualquer crime, por menor que ele seja, pois, punindo um crime de menor
gravidade, busca-se evitar, ao máximo, um crime de maior gravidade). Assim, dificulta-se a
impunidade nas contravenções penais e nos crimes de menor gravidade, já que, punindo os
crimes de menor gravidade, busca-se evitar, ao máximo, os crimes de maior gravidade.

Aula 15.2

Existem exceções em que o menor prazo prescricional seja inferior a 3 anos? Sim.
1ª Hipótese - Pena de multa - art. 114, inc. I, do CP
“Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada.”
Prescreverá em 2 anos apenas se for a “única cominada”, pois, se for cominada junto com a
pena privativa de liberdade, prescreverá no mesmo prazo da prescrição da pena privativa de
liberdade.

2ª Hipótese - Art. 28 da Lei 11.343/2006 – Drogas


“Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.”
A tabela do Art.109 do Código Penal não se aplica ao art. 28 da Lei de Drogas, pois nesse
delito não há pena privativa de liberdade.

3ª Hipótese - Art. 125, inc. VII, do CPM


“Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
(…)
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.”
No CPM o prazo mínimo continua sendo de 2 anos, pois apenas no Código Penal o prazo
mínimo foi alterado para 3 anos pela Lei 12.234/2010.

4ª Hipótese - Pena de morte: art. 125, inc. I, do CPM


“Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em trinta anos, se a pena é de morte.”
A pena de morte quebra a lógica utilizada no CP no sentido de que quanto maior a pena, mais
tempo o Estado tem para puni-lo, uma vez que não há uma quantidade definida.

- Todos os prazos prescricionais são reduzidos pela metade quando o agente se encontrar nas
situações do art. 115 do CP:
“Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.”
a) Menoridade relativa (entre 18 e 21 anos ao tempo do crime)
A menoridade relativa produz alguns efeitos no Direito Penal:
- É atenuante genérica; e
- Reduz a prescrição pela metade.
Para a menoridade relativa reduzir a prescrição pela metade, basta que o agente seja menor de
21 (vinte e um) anos “ao tempo do crime”, ou seja, pouco importa a data da sentença. Ex.
sujeito pratica um crime com 20 (vinte) anos de idade. A sentença foi proferida quando ele
tinha 25 (vinte e cinco). A prescrição será reduzida pela metade, pois o que importa é a idade
dele no momento da prática do crime.

- Fundamento da redução pela metade e da atenuante para o caso de menoridade relativa: Na


vigência do Código Civil de 1916, o menor de 21 anos era considerado relativamente incapaz,
sendo que a capacidade civil plena só era atingida aos 21 anos. O raciocínio do CP foi simples:
se, para o direito civil, o menor de 21 anos ainda era relativamente incapaz, no direito penal ele
merecia um tratamento mais brando.

Questiona-se: O Código Civil de 2002 afetou a redução da prescrição pela metade? Não.
Continua havendo redução da prescrição pela metade para o menor de 21 anos. Aplicar o
atual Código Civil, afastando a redução, seria uma analogia in malan partem (prejudicial ao
réu), o que não é permitido. A redução pela metade só deixará de existir se algum dia ela for
expressamente revogada pelo legislador penal.
Prova da menoridade relativa do réu:
Súmula 74 do STJ: “Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer
prova por documento hábil.”
Não basta o réu invocar a menoridade relativa, ele tem que provar com qualquer documento
hábil.

b) Senilidade (maior de 70 anos ao tempo da sentença) (ou do acórdão)


Para a senilidade reduzir a prescrição pela metade, basta que o agente seja maior de 70
(setenta) anos de idade “ao tempo da sentença”, ou seja, pouco importa a data em que o crime
foi praticado. Ex. Sujeito praticou o crime com 68 (sessenta e oito) anos de idade, mas a
sentença foi proferida quando ele tinha 70 (setenta) anos. Reduzirá a prescrição pela metade,
pois o que importa é sua idade quando da sentença.
A redução vale para o caso de sentença condenatória ou acórdão condenatório. Podemos
imaginar o caso em que a sentença foi absolutória, sendo que houve recurso com reforma da
sentença e condenação do réu. Portanto, o que vale é a primeira decisão condenatória, neste
caso será o acórdão condenatório. Além disso, cumpre recordar que há ações penais em que não
há sentença (casos de competência originária dos Tribunais).
Cuidado: Pode-se imaginar um caso em que, quando da sentença condenatória, o réu tinha 69
(sessenta e nove anos). Alguns dias depois ele completou 70 (setenta) anos. Questiona-se: o
prazo prescricional será reduzido pela metade?
Historicamente, o STF firmou jurisprudência no sentido de que a prescrição, neste caso, não
será reduzida pela metade → HC 129.696 (Informativo 552).

HC 129.696 (Informativo 552):


Habeas corpus. Penal. Condenação. Prescrição. Incidência do art. 115 do Código Penal.
Impossibilidade. Paciente com idade inferior a 70 (setenta) anos na data da sentença
condenatória. Precedentes. Ordem denegada. 1. Segundo a jurisprudência majoritária da
Corte, a regra do art. 115 do Código Penal somente é aplicada ao agente com 70 (setenta) anos
na data da sentença condenatória. 2. Entendimento jurisprudencial proveniente da
interpretação literal do art. 115 do Código Penal. 3. Ordem denegada.

Porém, o STF já decidiu em sentido contrário (Ação Penal 516; Informativo 731) – julgamento
de 2013, que foi contrário à jurisprudência anterior. O réu era um deputado federal (crime de
competência originária do STF).
Imaginava-se que o STF iria mudar a jurisprudência sobre a matéria, porém não mudou, foi
uma decisão casuística
O STF entendeu que a idade de 70 anos deve ser aferida até o trânsito em julgado da
condenação. Como o réu tinha 69 anos quando do acórdão e completou 70 antes do trânsito em
julgado, o STF entendeu que a redução pela metade deveria ser aplicada.
Estatuto do Idoso - Idoso é aquele que tem 60 anos ou mais.
Questiona-se: a redução da prescrição pela metade é para o maior de 70 anos, de acordo com o
CP. Será que, com o Estatuto do Idoso, tal redução não passa a ser para o maior de 60 anos?
Não. A redução pela metade continua valendo para o maior de 70 anos, não para o maior de 60
anos. O Estatuto do Idoso não é aplicável neste caso, porque tal Estatuto tem o objetivo de
proteger o idoso quando ele é vítima (do abuso, do descaso, do abandono da família, do Estado,
da sociedade), enquanto pessoa hipossuficiente.
Assim, não se aplica a redução prescricional ao idoso criminoso, que não se enquadra como
destinatário da proteção dada pelo Estatuto. O STF já decidiu nesse sentido no HC 89.969.
PRESCRIÇÃO - IDOSO - ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL E LEI Nº 10.741/03. A completude
e o caráter especial da norma do artigo 115 do Código Penal excluem a observação do Estatuto
do Idoso - Lei nº 10.741/03 -, no que revela, como faixa etária a ser considerada, a
representada por sessenta anos de vida. PRESCRIÇÃO - ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL -
AFERIÇÃO DA IDADE NA DICÇÃO DA ILUSTRADA MAIORIA. Afere-se a idade do
condenado, para definir-se a prescrição, na data da apreciação do mérito da ação penal. Ainda
sob essa óptica, estando pendentes embargos declaratórios quando do implemento da idade,
dá-se a incidência do preceito. Entendimento diverso do relator, que leva em conta a faixa
etária, para tal efeito, desde que completado o número de anos exigido em lei até o trânsito em
julgado do decreto condenatório, nos termos de precedente do Plenário - Extradição nº 591-0,
por mim relatada, cujo acórdão foi publicado no Diário da Justiça de 22 de setembro de 1995.

O art. 115 do CP é aplicável para todas as espécies de prescrição.

9.1.3. Termo inicial


A partir de que momento a prescrição da pretensão punitiva começa a correr?
“Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou; → teoria do resultado (para o tempo do crime adota a
teoria da atividade)
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data
em que o fato se tornou conhecido;
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou
em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
tempo já houver sido proposta a ação penal.”
O inc. I contempla a regra geral.
O CP, quanto ao tempo do crime, adotou a teoria da atividade (considera-se praticado o crime
no momento da ação ou da omissão, ainda que seja outro o momento do resultado). Contudo,
para fins de prescrição, no tocante ao seu termo inicial, o CP adota a teoria do resultado (a
prescrição começa a fluir a partir da data em que o crime se consumou). Lembre-se: os crimes
materiais se consumam com a produção do resultado naturalístico e os crimes formais e de
mera conduta se consumam com a prática da conduta.

E se houver dúvida quanto à data da consumação do crime?


Imagine um caso em que o crime é de homicídio, sabendo-se apenas, que foi praticado no mês
de janeiro de 2010, a data que será usada para fins de prescrição será a data mais favorável
para o réu, ou seja, no exemplo, 1º de janeiro de 2010. Quanto mais tempo se passou, mais
rápido ocorrerá a prescrição.
Imagine um caso em que o crime é de homicídio, sabendo-se apenas que foi praticado em 2010
(não se sabe nem o dia nem o mês), a data que será usada para fins de prescrição será a data
mais favorável para o réu, ou seja, no exemplo, 1º de janeiro de 2010.

Aula 15.3

As exceções estão nos incisos II, III, IV e V. São taxativas, pois prejudiciais ao réu. Para o
agente, quanto mais cedo a prescrição começar a correr, melhor.

1ª exceção (inciso II – crime que não se consumou) - Se a regra geral é a consumação, a


primeira exceção tem que ser a tentativa. A partir da data que cessou a atividade criminosa
(último ato de execução).

2ª exceção – (inciso III – crimes permanentes) – São aqueles em que a consumação se prolonga
no tempo, pela vontade do agente. O agente deliberadamente mantém a situação contrária ao
Direito Penal. O fundamento é que, se o crime é permanente, o agente continua praticando o
crime, ou seja, o crime continua se consumando → marco inicial: dia em que cessar a
permanência
3ª Exceção - (inciso IV - crimes de bigamia, falsificação, alteração de assentamento do registro
civil) – São crimes cometidos na clandestinidade, motivo pelo qual a prescrição só começa a
fluir a partir da data em que o crime se tornar conhecido. Questiona-se: conhecido por quem?
Resposta: por quem tenha a possibilidade de deflagrar a persecução penal.

4ª Exceção – (Inciso V – crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes) – Foi


criada pela Lei 12.650/2012 (Lei Joanna Maranhão).
- Quando já proposta a ação penal – Segue-se a regra geral (prescrição terá como termo inicial
a data em que o crime se consumou)
- Quando não foi proposta a ação penal – a prescrição começará a fluir a partir da data em que
a vítima completar 18 (dezoito anos).
Ex. Caso de estupro de vítima menor de 18 anos. Se já foi proposta a ação penal, a prescrição
tem como termo inicial a data em que o crime se consumou (Art. 111, inc. I). Se ainda não foi
proposta a ação penal, a prescrição começa a fluir a partir da data em que a vítima completar
18 (dezoito anos). Observa-se que o intuito é aguardar a vítima chegar à maioridade, quando
terá capacidade plena para decidir se quer ou não dar publicidade ao crime e provocar o
Estado para agir.

Aula 15.4

9.1.4. Causas interruptivas


Em caso de interrupção de um prazo, quando tal prazo é retomado, retorna desde seu início,
ou seja, o prazo volta à estaca zero.
As causas interruptivas da PPP estão no Art. 117, incisos I a IV do CP:
“Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis.”
Atenção: Existem 6 causas interruptivas no Art. 117, sendo que as causas da PPP estão nos
incisos I, II, III e IV. As outras duas causas interruptivas estão nos incisos V e VI, relacionadas
à PPE.
Via de regra, a prescrição começa a correr a partir da data em que o crime se consumou. A
primeira causa interruptiva é o recebimento da denúncia ou da queixa. A segunda causa
interruptiva é a publicação da sentença ou do acórdão (desde que sejam condenatórios e
recorríveis).
Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, temos ainda a pronúncia e a decisão
confirmatória da pronúncia.
Dentro de cada um desses intervalos, existem os chamados períodos prescricionais:

Períodos prescricionais são os intervalos dentro dos quais a prescrição pode ocorrer.

a) Recebimento da denúncia ou queixa


O que interrompe a PPP é o recebimento da inicial acusatória pelo Poder Judiciário. O
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público ou o oferecimento da queixa pelo querelante
ou por seu representante legal não interrompem a prescrição.
A prescrição estará efetivamente interrompida com a publicação do despacho que recebe a
denúncia ou a queixa. A publicação não precisa ser veiculada na imprensa oficial. Considera-
se publicada quando o juiz entrega os autos em mãos do escrivão, devolvendo-os ao cartório.

Se houve a rejeição da denúncia ou da queixa, há interrupção da prescrição? Não. Contudo, se


houver recurso, e a este for dado provimento para receber a denúncia ou a queixa, considera-se
interrompida a prescrição na data da sessão de julgamento do Tribunal. O referido acórdão
não precisa ser publicado, uma vez que a sessão de julgamento é pública.

Súmula 709 do STF: “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o
recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.”

Questiona-se: E se a denúncia ou a queixa foi recebida por Juízo incompetente, interrompe a


prescrição?
Resposta: Depende da espécie de incompetência do Juízo:
a) Absoluta: não interrompe a prescrição (CPP, art. 567, 1ª parte). Somente interromperá
quando este Juiz absolutamente incompetente remeter os autos ao Juiz competente e este
receber a denúncia ou a queixa.
i. STF: HC 104.907 – Informativo 626
ii. STJ: RHC 29.599

b) Relativa: sim, interrompe a prescrição.


i. STJ: RHC 40.514

Suponha-se que o Juiz tenha recebido a denúncia ou a queixa e que este recebimento tenha
sido posteriormente anulado pelo Tribunal. O referido recebimento interromperá a
prescrição? Não. Sempre que o recebimento for anulado por qualquer motivo, não
interromperá a prescrição, porque o que é nulo não produz efeitos jurídicos.

Recebimento do aditamento da denúncia ou da queixa interrompe a prescrição? Sim, mas


somente em relação ao novo crime ou ao novo agente objeto do aditamento, uma vez que, em
relação ao outro crime ou ao outro agente, já houve a interrupção por ocasião do recebimento
inicial da denúncia.

b) Pronúncia
Só existe nos crimes de competência do Tribunal do Júri (crimes dolosos contra a vida,
consumados ou tentados e os que lhe sejam conexos).
Pronúncia é a decisão judicial que encerra a primeira fase do rito do Júri.
Natureza jurídica da pronúncia: decisão interlocutória mista não terminativa, porque não
encerra toda a ação penal, mas apenas a primeira fase dos crimes de competência do Tribunal
do Júri.

Questiona-se: Com a pronúncia, quando a prescrição estará efetivamente interrompida?


Resposta: na audiência, uma vez que é pública e ali já estará publicada. Pelo CPP, a pronúncia
tem que ser proferida em audiência (embora na prática, muitas vezes não ocorra).
Se o juiz não pronunciou na audiência, a prescrição estará interrompida quando o magistrado
devolver os autos em mãos do escrivão.
No final da primeira fase do rito do Júri, há quatro decisões passíveis de serem prolatadas pelo
Juiz: pronúncia, impronúncia, desclassificação e absolvição sumária. Apenas a pronúncia
interrompe a prescrição. A impronúncia, a desclassificação e a absolvição sumária não
interrompem a PPP.
O Juiz pronunciou, ou seja, entendeu que estavam presentes indícios suficientes de autoria e
prova da materialidade de um crime de competência do Tribunal do Júri. Encaminhou os
autos para o Plenário do tribunal do Júri e lá os jurados decidiram pela desclassificação. Nesse
caso, a pronúncia proferida continua sendo causa de interrupção válida da prescrição? Sim.

Súmula 191 do STJ: “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do
Júri venha a desclassificar o crime.”

No caso em que o Ministério Público interponha recurso de apelação da decisão de


impronúncia e o Tribunal dê provimento ao recurso e pronuncia o réu, a interrupção da
prescrição se dará na data da sessão de julgamento do Tribunal.

c) Decisão confirmatória da pronúncia


Só existe nos crimes de competência do Tribunal do Júri.
Nesse caso, o Juiz pronunciou e a defesa recorreu. O Tribunal negou provimento ao recurso da
defesa e manteve a pronúncia, confirmando-a. A pronúncia interrompeu a prescrição e a
decisão confirmatória da pronúncia interrompe novamente.
A interrupção ocorrerá na data da sessão de julgamento do recurso da defesa pelo Tribunal.
Como a referida sessão é pública, considera-se publicada a decisão neste momento.
Observação importante! Por que nos crimes de competência do Tribunal do Júri temos essas
duas causas interruptivas da PPP? O procedimento dos crimes de competência do Júri é
muito amplo e demorado. Assim, existem estas duas causas interruptivas para dificultar que
manobras protelatórias da defesa levem à impunidade pela prescrição.

Aula 15.5

d) Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis


A regra do CPP é a sentença ser proferida pelo Juiz na audiência. A reforma no referido
diploma consagrou a oralidade no processo penal. Por conseguinte, sendo a audiência pública,
a sentença já está publicada.
De outro lado, se o Juiz, ao invés de proferir a sentença verbalmente na audiência, chamou os
autos conclusos e lançou a sentença por escrito, esta será publicada quando o magistrado
entregar os autos em mãos do escrivão.
Em relação ao acórdão, considera-se publicado na data da sessão de julgamento pelo Tribunal.
A sessão de julgamento já é pública, de modo que nesta ocasião o acórdão resta publicado.
Não é qualquer sentença ou acórdão que interrompe a prescrição. Em primeiro lugar, é
preciso ser de natureza condenatória. Assim, sentença e acórdão absolutórios não
interrompem a prescrição. Ademais, não basta serem condenatórios, precisam também serem
recorríveis. Exemplo: acórdão condenatório proferido pelo plenário do STF em que não cabe
mais recurso não interrompe a prescrição, uma vez que, embora condenatório, não é mais
recorrível.
O acórdão condenatório no processo penal pode existir em duas situações:
a. Nos crimes de competência originária dos Tribunais;
b. Em grau de recurso, quando a sentença foi absolutória.
O acórdão meramente confirmatório não interrompe a prescrição. Dá-se nos casos em que o
Juiz condena em 1ª instância (sentença condenatória) e a defesa, por sua vez, apela. Por
conseguinte, o Tribunal nega provimento ao recurso da defesa e mantém a condenação da
exata forma em que foi proferida em 1ª instância.

O acórdão confirmatório pode interromper a prescrição em uma situação. STF: HC 106.222 –


Informativo 618.
Dá-se quando o acórdão confirma a condenação, mas aumenta substancialmente a pena.
Assim, não se tratou de um acórdão meramente confirmatório, uma vez que, além de
confirmar a condenação, o Tribunal aumentou sensivelmente a pena, alterando o prazo
prescricional.

Acórdão absolutório: O réu é condenado em 1ª instância e apela ao Tribunal requerendo a


absolvição. O Tribunal dá provimento ao seu recurso e o absolve. Assim, quando foi
condenado em 1ª instância, aquela sentença condenatória interrompeu a prescrição. Por óbvio,
a absolvição em 2ª instância não tem o condão de interromper a prescrição.
Contudo, o questionamento é: a absolvição em 2ª instância “apaga” a interrupção ocorrida por
ocasião da prolação da sentença condenatória em 1ª instância? Não.

Acórdão confirmatório, mas diminui a pena: Exemplo – o réu foi condenado a uma pena de 04
anos pelo crime de furto qualificado. A defesa apela, requerendo como pedido principal a
absolvição e, como pedido subsidiário, a diminuição da pena para o mínimo legal. O Tribunal
julga o recurso da defesa e confirma a condenação, mas dá provimento à tese subsidiária e
abaixa a pena para o mínimo legal – 02 anos. Questiona-se: essa diminuição da pena afeta a
interrupção ocorrida pela sentença condenatória em 1ª instância? Não.

Anulação da sentença ou acórdão condenatório: se a sentença ou acórdão condenatório foi


posteriormente anulado, não interrompeu a prescrição, uma vez que a decisão judicial nula
não produz efeitos jurídicos.

9.1.4.1. Comunicabilidade das causas interruptivas da PPP


Art. 117, § 1º, do CP: “Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer
deles.”
Os incs. preveem causas interruptivas da prescrição da pretensão executória (PPE).
Esse artigo tem duas partes importantes:
1ª: “(...) a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime”
– comunicabilidade das causas interruptivas da PPP no concurso de pessoas.
2ª: “Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles” – comunicabilidade das causas interruptivas da PPP no
concurso de crimes.

a) Comunicabilidade no concurso de pessoas


Suponha-se um crime de homicídio praticado em coautoria por “A” e “B”. No julgamento pelo
Tribunal do Júri, os jurados condenaram “A” e absolveram “B”. O Ministério Público apelou
em relação a “B”. Para “A” temos a interrupção da PPP, em razão da prolação de sentença
condenatória recorrível em relação a ele. Já para “B”, temos uma sentença absolutória que não
interrompe a prescrição. Contudo, em relação a esta situação, o art. 117, § 1º vai dizer que essa
condenação do “A” interrompe para ele a PPP, mas ela se comunica para “B.
Assim, quando o Tribunal for julgar o recurso interposto pelo MP, vai ter que considerar que
aquela condenação para “A” interrompeu a prescrição para ele, mas se comunicou para “B”,
interrompendo-a em relação este também.
Igual raciocínio é aplicável para quaisquer das outras causas interruptivas.

b) Comunicabilidade no concurso de crimes


O dispositivo legal faz duas exigências, não bastando a ocorrência de concurso de crimes:
1. Crimes conexos; e
2. Objeto do mesmo processo.
Exemplo: João praticou um furto e um estelionato, conexos e objeto do mesmo processo. Ao
final da instrução criminal, João foi condenado pelo furto e absolvido com relação ao
estelionato. A condenação pelo furto interrompe a PPP, pois temos uma sentença condenatória
recorrível para ele. Contudo, em relação ao estelionato, temos uma sentença absolutória, que
não interrompe a PPP. Em relação ao estelionato, o MP apelou, buscando reverter a
absolvição do referido crime. Quando o Tribunal for julgar esta apelação, vai considerar que
aquela condenação em relação ao furto interrompeu a PPP para este crime, mas também se
comunicou para o estelionato para interrompê-la também em relação a este crime.
Igual raciocínio é aplicável para quaisquer das outras causas interruptivas.

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