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PRESCRIÇÃO – PARTE II
8. Espécies de prescrição
2ª Prescrição Retroativa:
Há trânsito em julgado para a acusação no tocante à pena aplicada.
Não há trânsito em julgado da condenação para a defesa.
9.1.2. Cálculo
Para realizar o cálculo é necessário enquadrar a pena máxima em abstrato no art. 109 do CP.
O art. 109 nos permite construir uma tabela:
Aula 15.2
Existem exceções em que o menor prazo prescricional seja inferior a 3 anos? Sim.
1ª Hipótese - Pena de multa - art. 114, inc. I, do CP
“Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada.”
Prescreverá em 2 anos apenas se for a “única cominada”, pois, se for cominada junto com a
pena privativa de liberdade, prescreverá no mesmo prazo da prescrição da pena privativa de
liberdade.
- Todos os prazos prescricionais são reduzidos pela metade quando o agente se encontrar nas
situações do art. 115 do CP:
“Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.”
a) Menoridade relativa (entre 18 e 21 anos ao tempo do crime)
A menoridade relativa produz alguns efeitos no Direito Penal:
- É atenuante genérica; e
- Reduz a prescrição pela metade.
Para a menoridade relativa reduzir a prescrição pela metade, basta que o agente seja menor de
21 (vinte e um) anos “ao tempo do crime”, ou seja, pouco importa a data da sentença. Ex.
sujeito pratica um crime com 20 (vinte) anos de idade. A sentença foi proferida quando ele
tinha 25 (vinte e cinco). A prescrição será reduzida pela metade, pois o que importa é a idade
dele no momento da prática do crime.
Questiona-se: O Código Civil de 2002 afetou a redução da prescrição pela metade? Não.
Continua havendo redução da prescrição pela metade para o menor de 21 anos. Aplicar o
atual Código Civil, afastando a redução, seria uma analogia in malan partem (prejudicial ao
réu), o que não é permitido. A redução pela metade só deixará de existir se algum dia ela for
expressamente revogada pelo legislador penal.
Prova da menoridade relativa do réu:
Súmula 74 do STJ: “Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer
prova por documento hábil.”
Não basta o réu invocar a menoridade relativa, ele tem que provar com qualquer documento
hábil.
Porém, o STF já decidiu em sentido contrário (Ação Penal 516; Informativo 731) – julgamento
de 2013, que foi contrário à jurisprudência anterior. O réu era um deputado federal (crime de
competência originária do STF).
Imaginava-se que o STF iria mudar a jurisprudência sobre a matéria, porém não mudou, foi
uma decisão casuística
O STF entendeu que a idade de 70 anos deve ser aferida até o trânsito em julgado da
condenação. Como o réu tinha 69 anos quando do acórdão e completou 70 antes do trânsito em
julgado, o STF entendeu que a redução pela metade deveria ser aplicada.
Estatuto do Idoso - Idoso é aquele que tem 60 anos ou mais.
Questiona-se: a redução da prescrição pela metade é para o maior de 70 anos, de acordo com o
CP. Será que, com o Estatuto do Idoso, tal redução não passa a ser para o maior de 60 anos?
Não. A redução pela metade continua valendo para o maior de 70 anos, não para o maior de 60
anos. O Estatuto do Idoso não é aplicável neste caso, porque tal Estatuto tem o objetivo de
proteger o idoso quando ele é vítima (do abuso, do descaso, do abandono da família, do Estado,
da sociedade), enquanto pessoa hipossuficiente.
Assim, não se aplica a redução prescricional ao idoso criminoso, que não se enquadra como
destinatário da proteção dada pelo Estatuto. O STF já decidiu nesse sentido no HC 89.969.
PRESCRIÇÃO - IDOSO - ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL E LEI Nº 10.741/03. A completude
e o caráter especial da norma do artigo 115 do Código Penal excluem a observação do Estatuto
do Idoso - Lei nº 10.741/03 -, no que revela, como faixa etária a ser considerada, a
representada por sessenta anos de vida. PRESCRIÇÃO - ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL -
AFERIÇÃO DA IDADE NA DICÇÃO DA ILUSTRADA MAIORIA. Afere-se a idade do
condenado, para definir-se a prescrição, na data da apreciação do mérito da ação penal. Ainda
sob essa óptica, estando pendentes embargos declaratórios quando do implemento da idade,
dá-se a incidência do preceito. Entendimento diverso do relator, que leva em conta a faixa
etária, para tal efeito, desde que completado o número de anos exigido em lei até o trânsito em
julgado do decreto condenatório, nos termos de precedente do Plenário - Extradição nº 591-0,
por mim relatada, cujo acórdão foi publicado no Diário da Justiça de 22 de setembro de 1995.
Aula 15.3
As exceções estão nos incisos II, III, IV e V. São taxativas, pois prejudiciais ao réu. Para o
agente, quanto mais cedo a prescrição começar a correr, melhor.
2ª exceção – (inciso III – crimes permanentes) – São aqueles em que a consumação se prolonga
no tempo, pela vontade do agente. O agente deliberadamente mantém a situação contrária ao
Direito Penal. O fundamento é que, se o crime é permanente, o agente continua praticando o
crime, ou seja, o crime continua se consumando → marco inicial: dia em que cessar a
permanência
3ª Exceção - (inciso IV - crimes de bigamia, falsificação, alteração de assentamento do registro
civil) – São crimes cometidos na clandestinidade, motivo pelo qual a prescrição só começa a
fluir a partir da data em que o crime se tornar conhecido. Questiona-se: conhecido por quem?
Resposta: por quem tenha a possibilidade de deflagrar a persecução penal.
Aula 15.4
Períodos prescricionais são os intervalos dentro dos quais a prescrição pode ocorrer.
Súmula 709 do STF: “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o
recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.”
Suponha-se que o Juiz tenha recebido a denúncia ou a queixa e que este recebimento tenha
sido posteriormente anulado pelo Tribunal. O referido recebimento interromperá a
prescrição? Não. Sempre que o recebimento for anulado por qualquer motivo, não
interromperá a prescrição, porque o que é nulo não produz efeitos jurídicos.
b) Pronúncia
Só existe nos crimes de competência do Tribunal do Júri (crimes dolosos contra a vida,
consumados ou tentados e os que lhe sejam conexos).
Pronúncia é a decisão judicial que encerra a primeira fase do rito do Júri.
Natureza jurídica da pronúncia: decisão interlocutória mista não terminativa, porque não
encerra toda a ação penal, mas apenas a primeira fase dos crimes de competência do Tribunal
do Júri.
Súmula 191 do STJ: “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do
Júri venha a desclassificar o crime.”
Aula 15.5
Acórdão confirmatório, mas diminui a pena: Exemplo – o réu foi condenado a uma pena de 04
anos pelo crime de furto qualificado. A defesa apela, requerendo como pedido principal a
absolvição e, como pedido subsidiário, a diminuição da pena para o mínimo legal. O Tribunal
julga o recurso da defesa e confirma a condenação, mas dá provimento à tese subsidiária e
abaixa a pena para o mínimo legal – 02 anos. Questiona-se: essa diminuição da pena afeta a
interrupção ocorrida pela sentença condenatória em 1ª instância? Não.