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O TRABALHO COM LITERATURA INFANTIL E

O CURRÍCULO NA PRÉ-ESCOLA

Mariana Coutinho de Castro Moraes¹

Resumo: Os livros de literatura infantil veem sendo utilizados nas salas de aula de pré-
escolar apenas como mais uma atividade da rotina, contudo, o livro de literatura infantil
possui inúmeras possibilidades ocultas. Ele pode e deve proporcionar um momento de
prazer e relaxamento para os pequenos, mas não deve ser limitado a essa função e
menos ainda transformado em objeto de enfeite das salas. É necessário ampliar a relação
entre a literatura infantil e o currículo da pré–escola para que, efetivamente, a educação
infantil cumpra seu objetivo, o de auxiliar no desenvolvimento pleno das crianças de 4 e
5 anos e na formação de sua identidade. Para que o primeiro passo seja dado nessa
direção, é necessário reconhecer a riqueza da literatura infantil e sua relação com a
criança pequena.

Palavras-chave: Literatura Infantil; Currículo; Pré-Escola; Identidade.

Introdução

A literatura é para alguns uma obrigação, para outros, um prazer. Essa relação do
ser humano com a literatura se desenvolve, muitas vezes, a partir de suas experiências
escolares com a mesma. Na maioria das vezes, ler é uma obrigação e isso gera uma
resistência por parte da criança ao livro.

O Referencial Curricular para a Educação infantil, o RCNEI (1998) ressalta a


importância do manuseio de materiais, de textos (livros, jornais, cartazes, revistas, entre
outros) pelas crianças, uma vez que, ao observar produções escritas, a mesma vai
conhecendo de forma gradativa as características formais da linguagem. Entretanto, esse
conhecimento não necessita ser desassociado do prazer, ou das contribuições para os
desenvolvimentos emocional, afetivo e social e para a construção de sua identidade, que
os textos podem trazer para as crianças.

Um dos papéis do trabalho com textos variados, principalmente livros, na pré-


escola, como defende Pereira (2007), é o de levar a criança à reflexão, e a escola é um
espaço privilegiado para este trabalho. Trabalhar com a literatura diariamente
proporciona aos pequenos uma compreensão melhor de si, dos outros e do mundo que
as cerca, pois ao se aproximarem de sua linguagem e de sua visão do mundo as auxilia
na solução de questões internas, como perdas e medos e externas, como regras sociais.
Eles não precisam ser necessariamente oferecidos a elas através da leitura, podem ser
utilizadas técnicas variadas, como contação, teatro e fantoches. O importante é que eles
sejam oferecidos a elas e que não se limitem a apenas um gênero, mas que sejam sim
variados e que abordem temas pertinentes e inerentes da natureza infantil, visando seu
desenvolvimento em vários aspectos.

Com o advento da pós-modernidade veio à tona o movimento pós-estruturalista,


que muito pensa sobre a construção e a significação da identidade, nos vários aspectos
por ela abrangidos. Considerando-se, além dos pensadores pós-estruturalistas e das
teorias culturais, o currículo como um construtor de novas noções identitárias, ocorre a
possibilidade de ampliação do espaço político e social dentro da escola e a discussão
sobre as múltiplas identidades.

O papel da literatura em um currículo que visa a construção da identidade na pré-


escola

De acordo com Silva (1999), os Parâmetros Curriculares Nacionais partem de um


conjunto básico de valores universais considerados indispensáveis à manutenção de
sociedades democráticas, como o cultivo à tolerância e o respeito a diferenças.

Esse autor afirma que os Parâmetros Curriculares Nacionais tendem a direcionar


as necessidades da escola à tarefa de transmitir valores que balizam os comportamentos
de indivíduos e grupos na medida em que possibilitam a construção de identidades no
contexto da nova ordem mundial, contudo, sabe-se que o "currículo é sempre o
resultado de uma seleção". Silva (1999, p.15) e essa seleção é o resultado de um
processo que reflete os interesses particulares das classes e grupos dominantes.

Dentre os conceitos norteadores, dos Parâmetros Curriculares Nacionais, destaca-


se, o papel da Educação na construção da identidade individual e social, assim como a
valorização da pluralidade sociocultural.

Dessa forma, os questionamentos feitos ao currículo não se limitam a perguntar "o


quê?" deve ser ensinado e "como?" deve ser ensinado, mas principalmente "por quê?"
este conhecimento deve ser ensinado. O que levou a opção por estes e não por outros
conhecimentos? Quais são os interesses que estão por trás dessas escolhas?

Assim, a discussão sobre currículo vai além de uma seleção de conhecimentos,


envolve sim, uma operação de poder. Desse modo, o currículo é um documento de
identidade. "As teorias críticas e pós-críticas de currículo estão preocupadas com as
conexões entre saber, identidade e poder" (SILVA, 1999, p.16).

A preocupação maior dos profissionais que trabalham com as crianças de 4 e 5


anos de idade tem sido prepará-las para serem alfabetizadas, ensinando-lhes as vogais e
as consoantes e esquecendo-se de que ler para as crianças , além de um momento de
prazer para elas, auxilia no processo de aquisição da leitura e da escrita. E vai além, pois
proporciona também uma ampliação de seus horizontes e de sua percepção de si e dos
outros.

(...) a Literatura Infantil e, principalmente os contos de fadas


podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si
mesma e ao mundo á sua volta. O maniqueísmo que divide as
personagens em boas e más, belas e feias, poderosas ou fracas, etc.
facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta
humana ou convívio social. Tal dicotomia, se transmitida através de
uma linguagem simbólica e durante a infância, não será prejudicial à
formação de sua consciência ética. (BERNARDINELLI e
CARVALHO, 2011, p.3)

De acordo com Basso (s/d), em seu artigo “A literatura infantil nos primeiros anos
escolares e a pedagogia de projetos”,
A criança que desde muito cedo entra em contato com a obra
literária escrita terá uma compreensão maior de si e do outro. Terá a
oportunidade de desenvolver seu potencial criativo e ampliar os
horizontes da cultura e do conhecimento, percebendo o mundo e a
realidade que a cerca. (p.2)

Entretanto, não basta ler qualquer livro para as crianças, antes, é necessário que o
professor escolha o livro, que o leia e que esteja sempre buscando novos títulos sem
descartar os clássicos, como defendem Peres, Marinheiro e Moura (2012):

Em relação aos livros de literatura infantil, é notória a


necessidade de ampliarmos nosso repertório, não “descartando” os
contos de fadas considerados como os “clássicos”, mas, colocando em
situação de igualdade com outras obras literárias, outras
representações culturais. (p.11)

A discussão da construção do currículo é assunto premente, que deve ser foco de


atenção e discussão e precisa, necessariamente, ser partilhada por todos os indivíduos da
comunidade na qual a escola está inserida, pois que será expressão das marcas das
relações sociais de sua produção. Assim como os livros de literatura infantil
selecionados para trabalhar com as crianças da pré-escola. Pois como disse Silva
(1999):

A obtenção da igualdade depende de uma modificação


substancial do currículo existente. Não haverá "justiça curricular",
para usar uma expressão de Robert Connell, se o cânon curricular não
for modificado para refletir as formas pelas quais a diferença é
produzida por relações sociais de assimetria. (p. 90)

De acordo com Peres, Marinheiro e Moura (2012):

Segundo Souza, os conceitos de identidade e cultura estão


intimamente relacionados. Quando nos referimos à identidade,
fatalmente nos remetemos ao conceito de cultura porque a cultura é o
referencial para a construção da identidade. Entendemos também que
a construção da identidade se dá nas relações sociais, em uma relação
dialética entre o indivíduo e o grupo social. (...) Neste contexto, os
livros de literatura infantil representam esta “heteroidentidade”, sendo
a expressão simbólica do olhar do outro, atuam diretamente na
formação de uma consciência de mundo e no processo de construção
identitária das crianças. (pp.8 - 9)

O trabalho com a literatura infantil abre um leque de possibilidades em sala,


contudo, essas possibilidades têm sido negadas por não trazerem sempre um conteúdo
formal explícito.

Considerações finais

Considerando os aspectos argumentados, pode-se afirmar que, a abordagem pós-


crítica do currículo, o que pressupõe respeito às identidades, demonstra a possibilidade
de ampliação do espaço político e social na escola, pois ao contemplar no espaço
educativo os contextos sociais e culturais escolares, fornecendo a eles elementos para a
construção de novas noções a partir de suas próprias. Desse modo, elucida-se a
autonomia e a responsabilidade de cada indivíduo na construção da história social,
reafirmando as identidades, elucidando as diferenças (forma de ver, pensar e agir) sem
provocar exclusões. E as várias obras de literatura infantil são, principalmente para as
crianças pequenas que frequentam a pré-escola, uma ferramenta para essa construção,
uma vez que se aproximam de seu imaginário e permitem que as mesmas reflitam e
ampliem suas percepções de si, dos outros e do meio social em que estão inseridas,
construindo assim sua identidade e participando ativamente da construção de sua
história social.

WORKING WITH CHILDREN AND LITERATURE


The IN PRE-SCHOOL CURRICULUM

Abstract: The children's literature books see being used in preschool classrooms
as just a routine activity, however, the book of children's literature has many hidden
possibilities. It can and should provide a moment of pleasure and relaxation for small,
but should not be limited to this function let alone turned into the rooms decorative
object. It is necessary to expand the relationship between children's literature and the
pre-school curriculum so that, effectively, early childhood education to fulfill its
objective, to assist in the full development of children aged 4 and 5 years and in the
formation of their identity. For the first step is taken in this direction, it is necessary to
recognize the richness of children's literature and its relationship with the small child.

Keywords: Children's Literature; resume; Preschool; Identity.

Referências Bibliográficas:

BASSO, Cíntia Maria. A literatura infantil nos primeiros anos escolares e a pedagogia
de projetos.Santa Maria, RS. Disponível em: <
http://coral.ufsm.br/lec/02_01/CintiaLC6.htm> Acesso em 23 de maio de 2012.

BERNARDINELLI, Laura Lima; CARVALHO, Vanderleia Macena Gonçalves de. “A


importância da literatura infantil”. III Encontro Científico e Simpósio de Educação
UNISALESIANO, Lins, SP. 2011. Disponível em:
<http://www.unisalesiano.edu.br/simposio2011/publicado/artigo0132.pdf> Acesso em
05 de janeiro de 2013.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO


FUNDAMENTAL. Referencial curricular nacional para a educação infantil.Brasília,
MEC/SEF, 1998. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br> Acesso em 12 de
dezembro de 2011.

PEREIRA, M. S. A importância da literatura nas séries iniciais. Revista Eletrônica de


Ciências da Educação, Campo Largo/PR, v.56, n.1, jun 2007. Disponível em:
<http://revistas.facecla.com.br> Acesso em 10 de maio de 2012.

PERES, F. C.; MARINHEIRO, E. L.; MOURA, S. M. A literatura infantil na formação


da identidade da criança. Revista Eletrônica Pró Docência, Londrina, v. 1, jan.-jun.
2012. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope>. Acesso em 30 de
maio de 2013.

SILVA, Tomaz Tadeu.Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do


currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

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