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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CESA


CURSO DE DIREITO

ALFREDO XENOFONTE CARDOSO

FICHAMENTO DO LIVRO “CRASH: UMA BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA –


DA GRÉCIA ANTIGA AO SÉCULO XX” DE ALEXANDRE VERSIGNASSI

CRATO, CE
2019
VERSIGNASSI, Alexandre. Crash: uma breve história da economia - da Grécia
Antiga ao século XX. São Paulo: Leya, 2011. E-book.

COMENTÁRIOS
Com a história do comércio de tulipas na Holanda do século XVII, o autor inicia
o livro traçando um paralelo entre esse acontecimento e a crise que se seguiu, com
os mercados atuais. Ele ilustra o comportamento dos especuladores financeiros da
atualidade comparando-os com os especuladores de botões de flores desse período,
evidenciando o “mecanismo” de funcionamento das bolsas de valores da atualidade
de uma forma simples e direta, correlacionando causas e efeitos das crises
diretamente com a especulação. Ele deixa claro, desde o início (pela linguagem
informal e ausência de jargões técnicos), que o livro é uma obra acessível, destinada
a leigos que queiram começar a entender todo esse (aparentemente) intrincado
processo econômico.
Ele explica a origem do dinheiro, delineando os parâmetros básicos
necessários para que seja considerado como tal e dá um panorama histórico da sua
origem, das suas transformações, dos problemas que podem ser gerados em uma
nação em decorrência do controle da moeda e do cenário atual, onde o dinheiro em
grande parte sequer possui forma física. Ele explica também como o Estado distribui
dinheiro novo (como por exemplo, com compras governamentais ou obras públicas) e
trata da necessidade de haver um controle exato da dosagem de injeção de moeda
na economia como forma de estimulá-la, deixando claro que o excesso também pode
ser fatal.
Sobre a inflação, o autor fornece exemplos históricos ricos em detalhes. Explica
claramente que a diferença entre o “remédio” para uma economia estagnada e o
“veneno” está na dose em que o Estado emite moeda para estimulá-la: com o exemplo
da Grécia que soube emitir a medida certa de moeda e o exemplo de Roma que emitiu
desordenadamente e fomentou sua futura crise, ele explica que nem sempre está
claro para as administrações qual é a dose correta; não se pode explicar as crises
financeiras ocorridas na história apenas pela ótica da má-intenção dos
administradores do sistema financeiro daquele país.
Ele traz o exemplo do mais longo período de inflação no mundo (Brasil), da
primeira hiper-inflação da história (a Alemã), fala da maior delas (Hungria, ambas no
início do século 20) e estabelece uma correlação entre a situação da Alemanha pós-
Primeira Guerra e a ascensão do partido nazista (mais à frente na obra, ele adiciona
como causa também dessa ascensão, os efeitos da Grande Depressão de 1929), que
viria a culminar com a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Essa relação é
interessante para mostrar o profundo impacto das decisões econômicas na vida e na
história da sociedade, trazendo a reflexão sobre a importância do estudo da economia.
Em seguida, ele traça um curioso comparativo das medidas utilizadas para
controlar a inflação adotadas na Roma do séc. IV pelo imperador Diocleciano e no
Brasil da década de 1980 pelo presidente José Sarney. Fala do congelamento dos
preços dos produtos como forma de controle da inflação e do consequente aumento
do mercado negro, que iniciou um outro caminho para o aumento da inflação. Nos
dois casos, em seguida houve a criação de uma nova moeda (cujo valor era real –
ouro em Roma e indexado ao dólar no caso do Brasil) como forma de conter a inflação;
o efeito disso foi positivo e a economia passou a ser melhor controlada em ambos os
casos.
A busca por especiarias iniciou uma corrida pela compra direto nas Índias, sem
intermediação, e isso foi tornado possível por meio de financiadores (investidores) que
viabilizaram as navegações. Ele conta como a Holanda entrou nesse “jogo” ao
aprender com os portugueses os caminhos das navegações e inovou ao financiar as
suas Companhias de forma pública: todos poderiam investir um pouco de dinheiro,
dividindo o risco (de não se obter resultado) e tendo a possibilidade de ter lucro em
médio prazo ou mesmo em curto, ao terem o direito de venderem seus papéis (ações)
para outras pessoas.
Avançando no tempo, contextualizando com o cenário moderno e
aprofundando-se no tema, ele explica as ofertas públicas iniciais (lançamento de
ações de uma empresa em uma bolsa); os derivativos (a história, desde o nascimento
nos cafés ingleses do século XVII até os dias de hoje – e o mecanismo de
funcionamento, servindo como um verdadeiro cassino onde são apostados os valores
futuros das diferentes ações); o “balanço” das bolsas (sempre quando alguém perde,
alguém ganha do outro lado); e as formas que o governo pode se utilizar para controlar
o fluxo monetário e proteger a economia.
O autor trata também, com bastante didática, das bolhas especulativas: desde
a primeira registrada (a da “caça ao tesouro” citada no livro), passando pelos primeiros
bancos centrais (na França e na Inglaterra) até a bolha da internet, no final do séc. XX
/ início do séc. XXI. Ele conceitua a “bolha” como um excesso de “fé” em alguma
expectativa que as pessoas acreditam que irá se concretizar: no exemplo do site
yahoo.com mesmo registrando lucros baixíssimos, a empresa vinha aumentando seu
valor de mercado na casa dos bilhões, tudo baseado na expectativa de algo que as
pessoas vislumbravam que poderia vir a acontecer no futuro; com a quebra dessa
expectativa, veio a baixa no valor e aí o estouro do que se convencionou chamar de
bolha da internet.
Curiosamente, ele mostra um lado positivo de algumas bolhas que ocorreram
na história: no exemplo inglês das ferrovias, mesmo com o estouro das bolhas, ao fim
havia uma malha ferroviária extensa cobrindo o país (quase 70% da malha atual
passou a existir já naquela época) e um contexto de redistribuição de renda (dos
financiadores para os operários) durante a implantação dessa malha, que movimentou
a economia e integrou as diferentes regiões do país. Traz também o exemplo da
cidade de Bristol nos EUA, que por ter se instalado em dois estados diferentes (fruto
também de uma “aposta” na malha ferroviária no séc. XIX na América do Norte, da
qual sofreu consequências negativas), viu-se posteriormente em circunstâncias
positivas no século XXI, ao ter um desenvolvimento da malha de fibra ótica precoce
em relação às demais regiões (para diminuir os custos das ligações locais –
interestaduais, posto que a cidade fazia parte de dois estados, foi uma das primeiras
cidades a ter amplo cabeamento ótico).
Ele joga também uma nova luz sobre o comportamento do mercado de ações
que, ao contrário do que se pensa, segundo o autor é mais regido por motivações
instintivas do que por avaliação dos riscos e dos resultados. As expectativas de
retorno em torno de uma inovação tecnológica, por exemplo, geram uma busca por
ações que fazem com que algumas empresas que sequer estão gerando lucros ainda,
alcancem valor de mercado superior a empresas comprovadamente sólidas e
lucrativas. A percepção posterior da dificuldade de geração de lucros, provoca um
movimento desenfreado de venda de ações, seguido de um efeito manada, o que
causa uma violenta queda no valor dessas companhias. Ele fala ainda de estudos de
como a psicologia explica esses comportamentos na economia, trazendo nova
informação sobre os comportamentos que realmente regem os movimentos de
mercado, ao invés do que a teoria dos mercados eficientes determina.
Provavelmente o mais complexo do livro, o capítulo 10 trata de como funciona
o sistema bancário e como são os mecanismos para controle e proteção da economia.
Fala de instrumentos de capitalização, como os títulos públicos, e como o empréstimo
compulsório serve como instrumento de segurança do sistema financeiro sobretudo
em situações de risco. Trata também do impacto dos juros e da inflação, dizendo que
mesmo quando é praticamente invisível, continua viva; acrescentando que inflação
demais é ruim, mas deflação é pior ainda.
Dedicando um capítulo inteiro à crise econômica de 2008, considerada a pior
desde a Grande Depressão, conta como um excesso de crédito nos Estados Unidos
criou uma cadeia de eventos que impactou a economia mundial, jogando-a num
abismo gigantesco; tudo por que tinha em sua base (utilizando a analogia de uma
pirâmide) títulos de crédito arriscados, vendidos a pagadores duvidosos, sob o
pretexto de terem imóveis como garantias. Ele ilustra didaticamente como se deu a
explosão de oferta imobiliária (incomumente acompanhada pela explosão da
demanda, em função do crédito facilitado) e como isso, no início, trouxe um período
de pujança para a economia global (um mercado aquecido nos EUA acaba aquecendo
os demais mercados globais, pela demanda de matérias-primas) e em seguida
desabou, falindo inclusive bancos centenários.
Na obra, Alexandre Versignassi é bem-sucedido ao trazer com simplicidade,
leveza (e frequente bom humor) um panorama geral da economia mundial, com seus
contextos históricos, paralelos interessantes e simplificações didáticas que auxiliam o
entendimento do tema. Conquanto não encerre o assunto (e nem se propõe a isso), a
obra certamente instiga e, mais importante, dá ao leitor o entendimento que a
economia não é algo externo: é algo que impacta diretamente nas nossas vidas em
sociedade.

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