EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA
DE NOVO GAMA - GOIÁS
PROCESSO Nº: 201501009367;
ACUSADO: MARCELO ANTÔNIO DA SILVA
MARCELO ANTÔNIO DA SILVA, já qualificado nos autos em
epígrafe, através de seu representante, vem perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS na presente ação penal.
I. SINOPSE FÁTICA
No dia 11 de fevereiro de 2015, por volta das 11:40h, na Quadra
686, Lote 16, Pedregal, nesta cidade, o denunciado Marcelo Antônio da Silva, de forma livre e consciente, mediante abuso de confiança, subtraiu para si um veículo Fiat Uno Mille SX, placa KMG 3322/DF, Renavam 00670910397, chassi 9BD146048V5898215, 1997/1997, cor vermelha, automóvel descrito no termo de exibição e apreensão de fl. 09 e pertencente à vítima Marcio Antônio da Silva. De acordo com as testemunhas o acusado foi até a residência da vítima, que é seu tio, irmão de seu pai, e aproveitando-se do livre acesso ao local, se apoderou-se da chave do veículo Fiat Uno que possuía a propriedade do veículo. O denunciado foi encaminhado à delegacia de policia para prestar esclarecimentos, onde a vítima Marcio Antônio da Silva, também estava no local para representar em desfavor de Marcelo. O crime praticado pelo acusado foi tipificado no artigo 155 §4º inciso II, c/c artigo 14, I, e Artigo 18, I, todos do Código Penal.
II. FUNDAMENTOS JURÍDICOS
II.1- DESCLASSIFICAÇÃO
A denúncia foi oferecida no dia 27 de fevereiro de 2015 sendo que
hoje em 06 de junho de 2019 consta 4 anos e 3 meses do fato, como o autor tinha menos de 21 anos na data da ocorrência a prescrição que seria de 8 anos cai para 4 anos, ocorrendo a extinção da punibilidade pela prescrição com base art. 109 inciso IV combinado com art. 115 DO CPP. Não é possível afirmar que a vítima depositava plena confiança no réu, pois não lhe conferia acesso ao carro. Desse modo, em que pese a relação de parentesco existente entre o réu e a vítima, não há prova suficiente para caracterizar a presença de um vínculo especial de lealdade entre estes, razão pela qual não incide a qualificadora prevista no art. 155, §4º, II, do Código Penal. Há jurisprudências nesse sentido que reconhecem a desclassificação do crime de furto qualificado para o furto simples.
APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO PELO ABUSO DE
CONFIANÇA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PLEITO ABSOLUTÓRIO. ALEGAÇÃO DE FURTO DE USO. NÃO ACOLHIMENTO. QUALIFICADORA DO ABUSO DE CONFIANÇA. EXCLUSÃO. VIABILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (...) 3. Aquestão da incidência da qualificadora do abuso de confiança nas relações entre o contratado e o patrão deve ser analisada nas circunstâncias de cada caso concreto, não se podendo estabelecer a regra, pura e simples, de que, praticando o trabalhador contratado furto no local de trabalho, incide, automaticamente, a qualificadora do abuso de confiança. 4. Na espécie, a relação de confiança, a qual advém de um sentimento de credibilidade, representando um vínculo subjetivo entre o agente e a vítima, não restou demonstrada nos autos . 5. Recurso conhecido e parcialmente provido para desclassificar o crime de furto qualificado pelo abuso de confiança para furto simples, aplicando a pena de 01 (um) ano de reclusão, no regime inicial aberto, substituída por uma restritiva de direitos, e 10 (dez) dias-multa, no valor unitário mínimo. (Acórdão n.864180, 20100910248798APR, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, Revisor: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª TURMA CRIMINAL, Data de Julgamento: 23/04/2015, Publicado no DJE: 05/05/2015. Pág.: 156 - grifo nosso)
II.2- ABSOLVIÇÃO
O artigo 155, § 5º - “A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.” Transporte para outro Estado ou outro País. A Lei exige que o veículo seja, efetivamente, transportado para Estado ou País diverso daquele onde ocorrer a subtração. Ressalta-se então que isso não ocorreu, e também como foi identificado nos autos e nas declarações, evidencia-se o furto de uso, conforme vejamos: O réu em momento algum demonstrou dificuldades em descrever os fatos e a verdade, confessando ao policial que estava em patrulha no dia do ocorrido, que havia furtado o carro de seu tio, que estava fugindo, pois foi testemunha de um homicídio e que o mesmo corria risco de morte. Houve então, o furto de uso, considerado pela doutrina e jurisprudência como a conduta do agente que subtrai o bem para uso momentâneo, tal conduta sendo atípica, pois é imprevisível no ordenamento jurídico. Não era vontade final do réu, de se apoderar do veículo, pois conforme informado nos autos pelo Sr. Francisco José Lopes Alves, policial militar, quando foi abordou o réu, o mesmo teria dito que estava sendo perseguido na cidade de Pedregal. Porém a conduta do agente, sofre uma deficiência de dolo, ou seja, o animus, a vontade final do agente não era a de se apoderar da coisa subtraída, não era a de tornar sua a coisa. Portanto, em momento algum o agente age com animus furandi não preenchendo o tipo objetivo do crime de furto, deixando então de ser crime. Deve ser considerado a primariedade do réu e os bons antecedentes, para a sua absolvição, e caso seja negado, que seja substituído a pena privativa de liberdade, ou seja reduzido a pena, conforme Artigo 59, IV, do Código Penal: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
II.3- PENA MÍNIMA
Vejamos o que trata o artigo que nos trás as circunstâncias de
atenuantes: Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
O mencionado dispositivo acima vem trazer um rol taxativo de causas
que SEMPRE atenuam a pena, ou seja, SEMPRE devem diminuir – em caso de condenação – a valoração da pena. Aplicando-se ao caso em tela, vejamos que, o Marcelo Antônio obtinha somente 19 anos na data do fato, sendo assim, abaixo dos 21 trazido pela norma ora supracitada. Portanto Meritíssimo Julgador, mediante fato concreto e de direito trazidos acima, notasse que o réu deve, ao menos, gozar da circunstância mais favorável a ele, tendo sua pena fixada ao mínimo. .
III. PEDIDO
Ante o exposto requer:
a) Desclassificação para o Artigo 155, “Caput” do Código Penal e extinção da punibilidade pela prescrição conforme Art. 109, IV cumulado com Art. 115 do Código Penal; b) Requer a absolvição, pela ausência do elemento Subjetivo/dolo e inexigibilidade de culpa; c) Por fim, caso as teses acima não sejam acatadas, requer a pena mínima do crime do Art. 115 do Código Penal. GRUPO 3
ALUNOS: Matheus dos Santos; Gildete; Bruna Letícia; Weder de Palma; João Carlos.