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Ponto 01 - Os Valores, a Moral, o Direito e a Ética

Juízo é o ato mental pelo qual atribuímos, com caráter de necessidade, certa qualidade a um ente.
Liga-se o sujeito a um predicado. Esta ligação pode ser imperativa (é) ou indicativa (deve ser).

Fazemos juízos de realidade e juízos de valor sobre tudo e sobre todos que nos cercam e que,
para cada um de nós, tem algum interesse, ou seja, todas as coisas e pessoas frente às quais não
nos mantemos indiferentes.

Esses processos mentais são naturais da raça humana, e automáticos em nossas mentes e podem
expressar uma realidade (“Esta caneta existe. Ela é azul”; “o fogo queima”; “a água é líquida”)
ou um valor (“esta moça é linda”; “dias chuvosos são ótimos para se ficar na cama”; “você agiu
mal ao negar ajuda àquela senhora”).

O juízo de realidade é aquele que se faz sobre a natureza real da coisa (a prata é um metal). Já o
juízo de valor é o processo pelo qual imprimimos mentalmente ao objeto adjetivos e apreços
relativos ao nosso estado de atração ou de repulsa (este colar de prata é maravilhoso), sob
parâmetros positivos ou negativos de utilidade/inutilidade, bondade/maldade, beleza/fealdade,
justiça/injustiça, etc.

Mas o que são valores? Embora a preocupação com os valores seja tão antiga como a
humanidade, só no século XIX surge uma disciplina específica, a teoria dos valores ou axiologia
(do grego rodos, "valor"). A axiologia não se ocupa dos seres, mas das relações que se
estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia.

Diante dos seres (sejam eles coisas inertes, ou seres vivos, ou ideias etc.) somos mobilizados
pela afetividade, somos afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou provocam
nossa repulsa. Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos indiferentes.

Valores são, num primeiro momento, herdados por nós. O mundo cultural é um sistema de
significados já estabelecidos por outros, de tal modo que aprendemos desde cedo como nos
comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como, quando e quanto falar em determinadas
circunstâncias; como andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando desnudá-lo; qual o
padrão de beleza; que direitos e deveres temos. Conforme atendemos ou transgredimos os
padrões, os comportamentos são avaliados como bons ou maus.

A partir da valoração, as pessoas nos recriminam por não termos seguido as formas da boa
educação ao não ter cedido lugar à pessoa mais velha; ou nos elogiam por sabermos escolher as
cores mais bonitas para a decoração de um ambiente; ou nos admoestam por termos faltado com
a verdade.

Nós próprios nos alegramos ou nos arrependemos ou até sentimos remorsos dependendo da ação
praticada. Isso quer dizer que o resultado de nossos atos está sujeito à sanção, ou seja, ao elogio
ou à reprimenda, à recompensa ou à punição, nas mais diversas intensidades, desde "aquele"
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olhar da mãe, a crítica de um amigo, a indignação ou até a coerção física (isto é, a repressão pelo
uso da força).

O “VALOR” é o elemento moral do Direito, toda obra humana é impregnada de sentido ou valor.
O Direito protege e procura realizar valores ou bens fundamentais da vida social, notadamente a
Vida, a Solidariedade, a Liberdade, a Honra, a Dignidade, a Ordem, a Segurança, a Paz, a
Justiça. São esses valores que informam à consciência do indivíduo o que é bom (valioso) e o
que é mau (desvalioso).

AXIOLOGIA – vem do grego axiós que significa apreciação estimativa. É a parte da filosofia
que se ocupa dos valores tais como: o bem, o belo, o verdadeiro. Também conhecida como
Teoria dos Valores.

A moral, como arcabouço de valores, cria as normas no plano da consciência individual, para
posteriormente, pelo uso e contaminação dos demais indivíduos da coletividade, passar a reger
toda a sociedade, limitando e ditando as condutas moralmente aceitas (aceitas no plano da
consciência como válidas). Atua internamente, no plano da consciência individual. Representa,
nas relações humanas, o conjunto de valores positivamente (do bem) válidos e aceitos pela
maioria do grupo social, formando o que chamamos de Consciência Coletiva.

A reiteração de certos hábitos nos faz virtuosos ou viciados aos olhos da sociedade, por isso nos
pautamos, antes da Lei, nas normas morais. O medo de ser repelido pela sociedade, sentimento
natural de nossa condição gregária, nos faz cumprir por força da consciência individual o que
acreditamos ser a determinação moral da consciência coletiva. Em outras palavras, nos
adaptamos, por força da natureza social do homem, à vontade coletiva, para não sofrermos
solidão, isolamento.

As normas morais nos guiam pela consciência. A pena por seu descumprimento será aplicada
internamente, no plano da consciência individual, com o arrependimento, o constrangimento, o
remorso, etc.. Diferem-se pois das normas jurídicas, que nos guiam pela força. Pela coerção do
Estado. A sanção pelo descumprimento da lei positivada é aplicada de fora para dentro, é externa,
vem do Poder Público representado na figura estatal.

Mas toda norma é regra de conduta que postula um dever, seja esta norma de ordem moral ou
jurídica. Há, portanto, uma conexão indissolúvel entre o dever e o valioso, pois todas as normas,
morais, religiosas, jurídicas, são inspiradas na moral, portanto nos valores. Quando se pergunta
“__ O que devemos fazer?”, só se poderá responder a tal questionamento depois de saber a
resposta à pergunta “__ O que é valioso neste caso?”.

Fica a pergunta: se o Direito e a Moral têm como ponto comum a regulação da ação humana,
quais são os limites que separam essas duas forças normativas?
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O Direito e a Moral

Nesta matéria, devemos lembrar que a compreensão da mesma está em distinguir as duas coisas
sem separá-las. Quanto ao conteúdo, percebemos que o Direito e a Moral, tem como ponto
comum a ação humana.
Muitas são as teorias sobre as relações entre o Direito e a Moral. Vamos estudar as principais
delas:

TEORIA DE THOMASIUS (Séc. XVII até XVIII) - O Jurista alemão criou uma diferenciação
prática:
Direito – só cuidava da ação humana depois de exteriorizada, sua área ficava limitada ao “foro
externo”.
Moral – dizia respeito àquilo que está no plano da consciência, ação que se desenrola no “foro
íntimo”, sem a interferência de ninguém. Ações Íntimas.

Não havendo a possibilidade de invasão recíproca nos seus campos:

D M
Mundo do Direito Mundo da Moral

Dois Mundos desvinculados

Crítica: Esta teoria correspondia a uma aspiração da época, ou seja, a liberdade de pensamento e
de consciência recebia desta teoria a tutela desejada. Demonstrando um radicalismo muito
grande, porque em muitas situações o “foro íntimo” não pode ser desprezado pelo Direito, por
exemplo, no Direito Penal, onde para a configuração de um crime doloso ou culposo examina-se
a intenção do agente. No Direito Civil, a anulabilidade dos atos jurídicos está ligada ao exame
das intenções – dolo, erro, coação ou fraude.

TEORIA DO MÍNIMO ÉTICO (1851 A 1911) - Desenvolvida pelo jurista alemão George
Jellinek cujo precursor foi “Benthan”.
Direito não é algo de diverso da Moral, mas é uma parte desta.

M
D
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Haveria um campo de ação comum a ambos, sendo o Direito envolvido pela Moral. “Tudo o que
é jurídico é moral mas nem tudo o que é moral é jurídico”.
Crítica: Segundo esta teoria o Direito implantado por inteiro na moral ou seja, todas as normas
jurídicas se contêm no plano moral, e na realidade nem tudo que é jurídico é moral. Exemplos:
Sociedade Comercial onde apenas um sócio trabalha e ambos recebem o mesmo quinhão. É
moral? Não, mas é direito. Ou... Regras de Ordem Técnica que nada tem com a moral, como a
exigência de os condutores de veículos obedecerem a mão direita. Isso não poderá influir no
campo moral. Ainda - prazos do CPC, como para contestação - não influem na vida moral.

TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES (Claude Du Pasquier) Direito e Moral possuem um


campo de competência comum e, ao mesmo tempo uma área particular independente.

D M

Direito e Moral atuam num mesmo campo

Pasquier distinguiu sem separar. Não se deve confundir os conceitos de Direito e Moral, pois
apesar de serem conceitos que se distinguem, eles não se separam. Distinguem-se, pois existem
problemas jurídicos estranhos à moral, como normas técnicas e prazo para contestação. Não se
separam, pois há um campo comum em que o Direito e a Moral coexistem, onde há regras com
qualidade jurídica e que têm caráter moral. Ex.: Assistência aos ascendentes ou descendentes.

Na sociedade as regras sociais são cumpridas espontaneamente ou obrigatoriamente. No Mundo


da Moral, a conduta é espontânea, o comportamento encontra em si próprio a razão de existir.
Não podemos conceber o ato moral forçado, fruto da força ou da coação. Ninguém pode ser bom
pela violência. A moral é incompatível com a força, violência, ou seja, com a coação – força
juridicamente organizada.

No Mundo de Direito, a conduta é obrigatória. As regras são cumpridas obrigatoriamente, porque


o homem que vive em sociedade é coagido ou forçado a se comportar de determinada maneira.

O Código Civil Brasileiro, como os de todas as nações civilizadas, consagra o princípio da


solidariedade econômica entre cônjuges e parentes. Neste sentido os descendentes não podem
faltar à assistência devida aos pais e avós, sempre que estes se encontrem em dificuldades
econômicas por motivos que não possam ser superados. É evidentemente um preceito de ordem
jurídica e, ao mesmo tempo, de ordem moral.
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A Ética

Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma ciência, pois tem
objeto próprio, leis próprias e método próprio. O objeto da Ética é a moral, um dos aspectos do
comportamento humano.

Não se confundem a Ética e a Moral. Ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade, enquanto a moral designa um arcabouço de valores positivos e válidos na
sociedade, fundamentando-se nos costumes. Moral é um conjunto de normas não jurídicas que se
formam com a repetição, adquiridas com o passar do tempo.

Tanto a ética quanto a moral envolvem a filosofia, a história, a psicologia, a religião, a política, o
direito, e toda uma estrutura que cerca o ser humano em suas relações interpessoais.

Não se confunde a Ética (tampouco a moral) com o Direito. O Direito, conforme já vimos em
disciplina propedêutica (IED), pode ser entendido como ciência, como norma e como valor. Aqui
pegamos a definição dogmática (o direito norma) para diferenciá-lo da moral (pela coercibilidade
presente no direito e ausente na moral); e da Ética (por ser esta apenas uma ciência que tenta
captar, explicar e orientar a aplicação das normas do direito, e também das normas morais).

Assim, diferenciando Ética, Moral e Direito, a melhor apuração científica conclui que:

 a Moral estabelece regras que são assumidas individualmente pela pessoa, como uma
forma de se manter em sociedade, de garantir o seu bem viver. A Moral independe das
fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas
utilizam este mesmo referencial moral comum. O descumprimento das normas morais é
punido internamente, pela consciência da pessoa, através de sentimentos negativos como o
arrependimento, o remorso, o constrangimento. A ação moral está ligada à forma de se
conduzir individualmente, observável pelas atitudes na vida e não somente ações com
conteúdo determinado (uma única atitude não demonstra/exprime a ética de uma pessoa).

 o Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do


Estado. As leis tem uma base territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica
onde uma determinada população ou seus delegados vivem. Suas normas são postas pelo
poder de coerção do estado e ao descumpridor deve ser aplicada uma sanção externa, como
a privação de liberdade, a expropriação de seus bens, etc.

 a Ética é ciência da moral, é o estudo geral do que é bom ou mau. Age eticamente a pessoa
que executa suas ações com observância dos preceitos morais. Um dos objetivos da Ética é
a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Esta reflexão
sobre a ação humana é que a caracteriza.

CLASSIFICAÇÃO DA ÉTICA
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Em primeira análise cumpre-nos compreender que a Ética possui uma grande divisão de nosso
interesse acadêmico: Ética Geral e Ética Aplicada.

A Ética Geral analisa e estuda as normas sociais que atingem toda a coletividade. Esse ramo
corresponde a uma abordagem ampla e mais abrangente e aberta da conduta ética, considerando-
se, para tanto, o conjunto de preceitos ACEITOS numa determinada cultura, época e local, não
pelo cosenso da população, mas sim pela maioria predominante. A ética geral é base e
fundamento para a formação da ética aplicada ou especializada.

A Ética Aplicada se restringe a apreciação de normas morais e códigos de ética especificados em


determinados segmentos da sociedade, pois estão relacionados ao comportamento de grupos,
coletividades, categorias de pessoas. Leva em conta o interesse específico por ramo de atividade
ou grupo de pessoas envolvido. Ex: ética ecológica, profissional, familiar, política e empresarial.

A ética profissional (deontologia) está diretamente ligada à ação laboral, somada à ação moral. É,
portanto, parte da ética aplicada e se destina a verificar as normas que comandam o
relacionamento humano nas atividades profissionais. Da Ética Aplicada que nos interessa
(Deontologia Jurídica) nos deteremos em outro ponto do programa.

Ética é reflexão teórica, algo que transcende a prática moral, desconstruindo-a, reformulando-a e
fundando-a. Mas pode também ter sentido normativo (não legislativa, mas como função crítica
das normas).

Por isso, como saber filosófico a ética pode ser dividida em dois grandes ramos: a ética
normativa; e a metaética.

A ética normativa se concentra no estudo histórico-filosófico ou conceitual de moralidade.


Analisa as normas morais praticadas e aquelas não praticadas na sociedade, focando-se nas
normas sociais e na moralidade positiva.

Já a metaética é o estudo crítico dos sistemas éticos, ou seja, seu objeto é a própria ética
normativa. Seu objetivo é entender a natureza das propriedades éticas, enunciados, atitudes e
juízos.

Enquanto as éticas normativas formulam seguintes questões como “O que alguém deve fazer?”,
endossando assim alguns juízos éticos de valor e rejeitando outros, a metaética formula questões
como “O que é o bem?” e “Como podemos dizer o que é bom e o que é mau?”, procurando
entender a natureza das propriedades e avaliações dos enunciados éticos.

A ética normativa é composta por várias correntes de pensamento, inseridas em contextos


histórico-filosóficos distintos. Essas correntes constituem grandes agrupamentos de estudo da
ética normativa e, como principais correntes, podemos citar:
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Éticas normativas teleológicas (eudemonistas e hedonistas) que entendem ser a principal


finalidade da ética a condução a um fim natural, ou a felicidade, ou ao bem-estar e utilidade
geral. Tem como representantes - Socrátes, Platão, Aristóteles, Epicuro, Hume, Bentham e Stuart
Mill.

Éticas normativas deontológicas – para esta corrente, a noção primordial é a da necessária e


imperativa obediência ética pela consciência do DEVER e da responsabilidade individual ou
social (cristianismo, ética Kantiana, ética do Contrato Social).
Por relacionar-se com valores, a ética é axiológica, ou seja, uma teoria dos valores – daquilo que
é o bem. Aqui se verifica um impasse. Diante do dever e do valor, qual alternativa seguir? O que
é o correto? Aplicar a norma moral, ou a norma jurídica? O que é considerado mais valioso
(conduta, riqueza, beleza, entre outros)?

Polêmico, não é? A dúvida se avoluma quando se constata que existem dois posicionamentos
contrários com relação à perenidade ou universalidade das normas morais:

1. a corrente relativista e empirista consideram que a norma moral é mutável, convencional e


subjetiva (varia conforme a época e o lugar, sendo fruto da vontade humana);
2. a corrente absolutista e apriorista prega uma moral universal e objetiva (imutável no tempo
e no espaço).

Outra diferença é que a corrente absolutista proclama o conhecimento da norma ética a priori,
ou seja, o homem médio, livre de patologias, pode discernir, naturalmente, o que é certo e o que
é errado, segundo ditames do Direito Natural (uma espécie de semáforo moral que naturalmente
nos aponta, segundo noção preexistente do bem e do mal, se devemos seguir ou não com certa
conduta), pois para esta corrente os valores e a moral são imutáveis. A moral, segundo alguns
doutrinadores, é aquilo que nos faz sentir bem; e imoral o que nos faz sentirmos mal. Portanto, o
intucionismo, para esta corrente, também conduziria a esse estado de espontânea descoberta do
que é certo e do que é do que é errado. Exemplo: não seria necessário consultar um código para
saber que matar é contra a natureza humana, contra a razão e senso comum dos seres racionais.

Já a corrente relativista acredita seja este conhecimento de ordem empírica, vale dizer, a cada
tempo e para cada sociedade e até individualmente para cada pessoa, o que é certo e o que é
errado será decifrado pela experiência e conhecimento sobre os valores que atualmente são
válidos, aceitos pela sociedade da época ou até mesmo pela subjetividade.

A melhor doutrina entende, portanto, que a absoluta autonomia da vontade, onde cada qual faça
o que quiser em todos os setores da vida, justificando seus atos pela moral subjetiva, não só
parece ilógico, mas irracional e perigoso. Um teor mínimo de sensatez é suficiente para o
convencimento de que o relativismo ético é um grande risco para a humanidade.

Para melhor compreensão, as doutrinas morais são agrupadas em quatro denominações (ou
escolas éticas): ética empírica; ética de bens; ética formal; e ética valorativa.
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1. Ética empírica

Para Immanuel Kant a filosofia pode ser: 1. empírica (baseada na experiência, pretende derivar
seus princípios da mera observação dos fatos); ou 2. pura (que se baseia em princípios racionais).

As quatro vertentes da ética empírica são: a) ética anarquista; b) ética utilitarista; c) ética
ceticista; d) ética subjetivista.

A) Ética Anarquista

O vocábulo anarquista originou-se do grego, que significa ‘sem governo’. Traduz-se através de
uma inspiração primária instintiva para a liberdade, tendo direito o homem de usufruir de toda a
liberdade de agir, sem limitação de normas, de espaço e de tempo. O anarquismo repudia toda
norma e todo valor, convencionalismos sociais, religião, tudo constitui exigência arbitrária.
Modernamente, o anarquismo pode se apresentar como anarquismo individualista ou como
anarquismo comunista ou libertário. Coincidem ambos em dois pontos: 1. a liberdade absolutista
é a aspiração suprema do indivíduo; 2. toda organização da sociedade deve desaparecer, por
contrariar as exigências da natureza.

B) Ética Utilitarista

Deriva do Utilitarismo (ou Positivismo Inglês).

O vocábulo utilitarista se presta a vários sentidos, tantos quantos se possa atribuir ao vocábulo
“utilidade”. Jeremy Bentham foi quem formulou o mais disseminado conceito de utilidade. Para
ele, entende-se por utilidade aquela propriedade, em qualquer objeto, mediante a qual tende a
produzir benefício, vantagem ou prazer, bem ou felicidade. Porém essa ideia foi difundida antes
por Hobbes, Locke e Dave Hume, entre outros filósofos. Francis Hutcheson, autor menos citado,
afirma que “a melhor ação é a procura da maior felicidade.” Em linhas gerais o utilitarismo se
caracteriza por considerar bom o que é útil.
A Ética utilitarista preceitua que os meios, por si, são instrumentos da ação, que não requerem
justificação, sendo falsa a afirmação de que “os fins justificam os meios”.
Passa a ser, então, uma “ética de fins”, pois os meios levam a finalidades úteis, não nefastas.
John Stuart Mill(1806-1873), difusor do utilitarismo junto com Jeremy Bentham(1748-1832),
ensina que o objetivo da ética é a felicidade do maior número de pessoas.
Mill afirmava que a felicidade é o fim desejável e que todas as outras coisas são desejáveis como
meios para atingir essa finalidade.

C) Ética Ceticista

Ceticismo é a corrente de pensamento que se contrapõe ao dogmatismo. Enquanto o dogmatismo


afirma a possibilidade de atingir-se a verdade com certeza e originalmente sem limites, o
ceticismo implica uma constante atitude dubitativa, em todos os graus e formas de
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conhecimento, convertendo a ‘incerteza’ em característico essencial dos enunciados, tanto da


ciência quanto da Filosofia.

O cético não crê em coisa alguma, sem se deter a qualquer dogma. Aliás, não julga, não toma
partido algum, de afirmar, ou negar. De certa maneira, remonta à frase de Sócrates: “Só sei que
nada sei.”

Porém, duvidar de tudo sempre leva a alguma coisa?

Necessário, então, diferenciar a dúvida metódica da dúvida sistemática. Como método a dúvida é
uma suspensão do juízo transitória, no intuito de se atingir a certeza. Ou seja, é algo normal que
fecunda a reflexão e a pesquisa, para se tomar as decisões corretas, e não acreditar em tudo que
se coloca piamente em seu caminho, as meras aparências. É uma dúvida saudável, em busca de
um índice maior de certeza.

Já a dúvida sistemática é característica dos que tudo duvidam, de forma permanente. Eles
declaram não crer em coisa alguma. Na dúvida sistemática existe a completa paralisia do
pensamento. Não há dúvida sobre o certo e o errado. A única atitude consequente com o credo
cético consiste em abster-se de adotar uma atitude.

Cético não é o que nega, nem o que afirma, senão o que se abstém de julgar. Na realidade, os
céticos não pregavam o ceticismo absoluto. Admitiam a existência de alguns valores e a
necessidade de uma moral. Aceitavam algumas regras propiciadoras de uma relativa felicidade:

1. Seguir as indicações da natureza;


2. Ceder aos impulsos das disposições passivas (ex: só comer quando tiver fome);
3. Submeter-se às leis e costumes do país onde se vive;
4. Não permanecer inativo e cultivar alguma arte.

Garcia Máynez fala que esse critério se baseia em quatro regras:

1. A primeira repousa sobre o pressuposto de que o valioso tem origem na natureza.


2. A segunda se baseia na ideia de que as necessidades humanas devem ser satisfeitas com
moderação.
3. A terceira implica o reconhecimento de que as leis e costumes do país merecem
acatamento e respeito.
4. A quarta condena a inatividade e exalta a dignidade e o trabalho.

D) Ética Subjetivista

A origem do subjetivismo se encontra em Protágoras, para quem “o homem é a medida de todas


as coisas.” Analisando esse postulado cada homem é a medida do real. Em outras palavras a
verdade não é objetiva mais há tantas verdades quanto os sujeitos cognoscentes. A teoria de
Protágoras conduziria ao agnosticismo (impossibilidade de se conhecer tudo aquilo insuscetível
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de comprovação empírica, portanto, afirma a impossibilidade de conhecer a natureza última das


coisas). Todas as opiniões parecem verdadeiras igualmente, e se tudo é verdade, nada é certo,
pois o que a uma pessoa parece evidente a outra parece falso.

Na prática, o subjetivismo divide-se em: individualista e social.

D-1) Subjetivismo Ético Social (antropologismo ou subjetivismo ético específico)

O subjetivismo ético social pretende ser uma teoria objetiva, onde os valores éticos seriam
produzidos pela apreciação coletiva. Assim se uma parcela considerável da humanidade
considera algo valioso, então isso será realmente valioso. Mas a maioria também pode errar (os
maiores erros da história se originaram de transe coletivo).

No subjetivismo ético social (também chamado subjetivismo ético específico), busca-se o


consenso, como uma imensa enquete de “Big Brother”. Busca-se objetividade por meio do
consenso, bastando a voz da maioria. Contudo, muito cuidado nessa hora. O senso comum e os
preconceitos batem forte nesse momento, o que pode levar a consequências funestas, como a
perseguição de minorias étnicas ou a conflitos de religião.

Para o subjetivismo ético social os valores éticos provêm de apreciação coletiva. Se algo é
considerado válido para alguém, só é realmente verdadeiro, se assim o for para outrem. Porém,
se assim o fosse, não teríamos, na sociedade, condutas reprováveis, pois tudo o que fosse bom,
verdadeiro e justo, assim o seria para todos.

D-2) Subjetivismo Ético Individualista

Para esta corrente cada sujeito estabelece o padrão ético que lhe convenha. As ideias morais
variam de indivíduo a indivíduo. Para estes, não há sentido em falar de valores fora da
subjetividade, pois cada um sabe estabelecer sua própria hierarquia valorativa, de acordo com
circunstâncias e experiências (por isso empírico) personalíssimas. Para esta corrente faz sentido,
por exemplo, o raciocínio de que condutas imorais se justificam na experiência e valoração de
quem produz o resultado.

2. A Ética dos bens

Segundo Miguel Reale o bem é a força da Ética. A vida humana é o percurso em busca do bem.
Toda ética deveria ter receita de consecução do bem. Ao contrário do relativismo, essa
formulação sustenta a existência de um valor fundamental denominado de bem supremo.

A ética de bens, dos fins, ou teleológica, é contrária ao relativismo. Portanto, estabelece um valor
fundamental, ou ‘télos’, um fim último que é estabelecido como parâmetro ou meta a ser atingida
pelo ser humano. Temos inúmeros exemplos desse tipo de ocorrência, como é o caso dos
universitários, que escolhem a profissão a ser seguida para nela se aprimorar e assim obter
sucesso. Para estabelecer a hierarquia dos fins, basta verificar qual deles pode ser,
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simultaneamente, fim e meio para a obtenção de outro fim. Quando se defronta com um bem que
não pode ser meio de qualquer outro, então esse é o bem supremo.

Há três importantes manifestações da ética dos bens. São elas: o eudemonismo, o idealismo ético
e o hedonismo.

Eudemonismo deriva de eudemonia, em grego, felicidade. Para eles a felicidade já nasce com o
homem. Este constitui um fim que não possui caráter de meio.
O eudemonismo avalia como eticamente positivas todas as atitudes que aproximem o homem
daquilo que ele considera felicidade. Partem do pressuposto de que a tendência à felicidade já
nasce com o homem. Todos os outros bens da vida podem ser meios para a obtenção daquele que
é o bem supremo, a felicidade, insuscetível de ser converter em meio para uma finalidade que
fosse ainda superior a ela.

No Idealismo o homem busca a prática do bem. Fazer o que é bom é fim, não meio, mesmo que,
sendo bom, não lhe traga nenhum benefício.

Praticar o bem é a finalidade do ser humano, de acordo com o idealismo. O idealista, busca ser
bom, o que pode coincidir, ou não, com ser feliz. A virtude é um fim nela mesma, e não um
meio. A história do homem está repleta de modelos idealistas. No passado e mesmo no presente,
ainda podem ser apontadas figuras que oferecem o seu esforço, o seu talento e a sua dedicação a
uma causa, mesmo que o fim não represente benefício ou felicidade individual para quem age.

No Hedonismo, a felicidade constitui prazer, seja qual for o prazer obtido. Seja na sua faceta
sensual, do deleite, da atividade intelectual ou artística. Nada mais atual que o hedonismo, a
busca do prazer desenfreado, sem se preocupar necessariamente com as consequências ou com o
bem-estar ou consideração com o outro. Há várias doutrinas associadas com o hedonismo.

Combinando-se essas formas puras podem surgir as formas mistas. “Há o eudemonismo
idealista, para o qual a felicidade é o fim supremo, mas o caminho único a atingi-la é a virtude. O
eudemonismo hedonista elegeu a felicidade como fim, mas o prazer como meio”.

Para o aluno mais interessado, vale indicar o aprofundamento nesta classificação filosófica da
Ética dos Bens, em pesquisa aos principais filósofos e escolas, como os filósofos gregos,
principalmente Sócrates, Platão e Aristóteles; seguidos por Epicuro e pelos estoicos.

3. Ética Formal

A ética empírica e a ética dos bens referem-se aos resultados da conduta humana. Já a ética
formal, cujo principal representante é o alemão Immanuel Kant (1724-1804), preceitua que o
significado do comportamento moral está na pureza da vontade e na retidão dos propósitos do
agente considerado, e não nos resultados externos. Aliás, magistralmente, Kant faz uma
diferenciação entre moralidade (foro íntimo, liberdade interna, autonomia) e legalidade (foro
externo, liberdade externa, heteronomia).
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Kant, em sua contribuição para a ética, retirou as ideias de prazer e de utilidade da moral. No
campo moral, a conduta só é valiosa se sua motivação é o reconhecimento ao bem. No entanto,
se agiu para obter algo em troca, não se trata de ação moralmente positiva. Já no Direito o valor
supremo é a liberdade. “Sob influência de Cristiano Tomásio, distinguiu a moral do Direito,
entendendo que a primeira se ocuparia com o motivo da ação, que deveria identificar-se com o
amor ao bem, enquanto para o segundo o relevante seria o plano exterior das ações. Os direitos
naturais, que identificou com a liberdade, poderiam ser conhecidos a priori pela razão e
independeriam da legislação externa. O Direito Positivo, em contrapartida, não se vincula sem
uma legislação externa.

4. Ética dos Valores

Com a ética formal, Kant procurou evitar o relativismo histórico e o eudemonismo. Outro ponto
de vista foi o adotado por Max Scheler, no entanto, com base nos valores experimentados seria
possível obter a universalidade da ética. Há uma separação entre a intuição dos valores
(problema epistemológico) e a existência do valor (problema ontológico).

Para a filosofia valorativa, o valor moral não se baseia na ideia de dever, mas dá-se o inverso:
todo dever encontra fundamento em um valor. Só deve ser aquilo que é valioso e tudo o que é
valioso deve ser. A noção de valor passa a ser o conceito ético essencial. E valor não
arbitrariamente convencionado. Pois o que é valioso vale por si, ainda quando seu valor não seja
conhecido nem apreciado. É nossa consciência que nos adverte da existência dos valores.
Contudo, os valores não foram criados pela consciência, mas descobertos por ela. Só pode ser
descoberto o que já existe.

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