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DOWBOR, L.

A era do capital imporodutivo: nova arquitetura do poder, sob dominação


financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. São Paulo: Autonomia
Literária, 2017.

Dowbor inicia o décimo primeiro capítulo trazendo uma reflexão sobre a realidade
norte-americana e as possibilidades do dimensionamento destes problemas no Brasil. Como
uma possível agenda para os Estados Unidos, um relatório organizado por Joseph Stiglitz,
nobel de economia, e escrito por vários economistas, traz uma contrapartida aos modelos
econômicos tradicionais e refuta a idéia de que o desenvolvimento econômico irá, por
consequência, gerar desenvolvimento para a população. Sua proposta é, ao contrário,
reduzir as desigualdades para, então, fortalecer a economia, sendo tal redução a própria
força motriz da geração de novos investimentos. Segundo o autor, os trabalhos de Stiglitz,
ancorados no Roosevelt Institute, auxilia a repensar os rumos

O relatório traz, ainda, duas constatações básicas, interligadas entre si: o modelo
econômico americano não favorece à população como um todo, mas a um grupo restrito,
gerando uma nova era de desigualdade; e o capitalismo, especialmente o financeiro, não se
regula, gera uma corrida desenfreada pelo acumulo de mais recursos e, consequentemente,
fraude, negligência e incompetência. Assim, o autor enfatiza que o sistema financeiro
acentua a desigualdade, uma vez que o aplicador, situado no topo do sistema, se apropria
de recursos sem produzir efetivamente, mas somente “manejando papéis.

Dowbor também enfatiza a relação de poder que o acumulo de riqueza exerce sobre
a política e demais processos decisórios que impactam diretamente sobre a economia,
gerando, consequentemente, uma desigualdade política, claramente observada também no
Brasil, que gera uma concentração de poder desde a economia ao Judiciário e meios de
comunicação em massa.

O autor cita a diferença evidenciada por Stiglitz entre riqueza e capital, estando este
mais ligado ao aumento da capacidade produtiva, enquanto aquele reflete o lucro por meio
de rendas. Esta é a era da riqueza improdutiva. No relatório, são propostas medidas, como
taxar o capital improdutivo, redução da apropriação política pelas corporações, reforço da
capacidade de negociação das classes trabalhadoras e redução das desigualdades,
aproximando-se à realidade do Brasil.
Um segundo relevante estudo trazido, de Michael Hudson, aborda a nocividade dos
chamados “parasitas financeiros” ao sistema econômico global, na medida em que controla
as políticas e ações públicas para sustentarem seu acúmulo de riqueza, financiado pelos
governos e pela sociedade através de juros sobre dividendos. Tal realidade traz profundos
impactos sobre a sociedade, a exemplo da classe média, que enfrenta crises e tem seu poder
de consumo reduzido e mercados achatados para sustentar o rentismo dos bancos (dívidas
imobiliárias, empréstimos estudantis e dívidas de cartão de crédito), gerando deflação por
endividamento e travando o crescimento econômico. O autor traz como solução a retomada
do controle do sistema financeiro.

Por fim, como soluções para os inúmeros impactos sobre a vida da sociedade,
Dowbor aponta a necessidade de fragmentação dos bancos em instituições menores, de
modo que diminuam sua concentração de poder. Além disso, traz a ampliação da luta pelos
chamados salários indiretos, na forma de políticas públicas e acesso a bens e serviços,
tolhido pelos altos juros, que diminuem a capacidade de compra.

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