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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia TJ-BA - Agravo de Instrumento:

AI 00185114120178050000 - Inteiro Teor

Ementa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR.


AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO.
QUITAÇÃO DE MAIS DE 70% DO VALOR DO BEM. PURGAÇÃO DA MORA
ATRAVÉS DO PAGAMENTO DAS PARCELAS EM ATRASO. TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO EX
OFICIO PELO JULGADOR. PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
E DA BOA FÉ OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE RESOLUÇÃO DA AVENÇA.
MANUTENÇÃO DA AUTORA NA POSSE DO BEM. OBRIGAÇÃO DE
CONTINUIDADE DO PAGAMENTO NO TEMPO E MODO AVENÇADOS.
AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(Classe: Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0018511-41.2017.8.05.0000,
Relator (a): Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, Primeira Câmara Cível, Publicado
em: 14/12/2017 )

(TJ-BA - AI: 00185114120178050000, Relator: Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto,


Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 14/12/2017)

RELATÓRIO:
Flávia Morbeck Portela, interpôs Agravo de Instrumento com pedido de efeito
suspensivo, em face das decisões prolatadas pelo juiz, que, nos autos da Ação de Busca e
apreensão, ajuizada pela AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO, deferiu medida liminar e negando purgação da mora, mantendo a
constrição do bem
A agravante alegou ausência de configuração de mora, pois não recebeu
notificação extrajudicial acerca das parcelas em aberto e, que, procedeu a devida purgação
através do pagamento das parcelas, via depósito judicial, ressaltando a ilegalidade dos
juros incidentes sobre a dívida
O contrato celebrado foi de financiando, com cláusula de alienação fiduciária em
garantia, para a obtenção de um automóvel, ao pagar 52 parcelas mensais sucessivas
Alegou dificuldades financeiras, deixando de adimplir 5 prestações, ocasionando,
assim, a busca e apreensão do veículo. Não obstante, mesmo após a quitação das parcelas,
o Magistrado negou a restituição do carro
Invocou-se, portanto, a teoria do adimplemento substancial, sob o argumento de
ter pago 73,68% do bem, aludindo aos princípios da boa fé objetiva, função social do
contrato e vedação ao abuso de direito. Além disso, citou doutrina e jurisprudência,
pedindo a revogação da decisão, e a restituição do bem

3:
A busca e apreensão se referiu as parcelas de nº 32 a 36. A recorrida, apontou o
valor de R$2.448,37 em atraso, sendo que a recorrente pagou R$4.003,16, através de
depósito judicial, requerido, então, o afastamento da mora.
A teoria do adimplemento substancial ou inadimplemento mínimo visando
princípios gerais contratuais, a da função social da avença e a boa-fé objetivo, balizando
o art. 475 do CC02.
“A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, a indenização das perdas e
danos”
A aplicação da teoria não afasta a obrigação do devedor de pagar a dívida, satisfazendo o
crédito por meios legais, sem necessidade de resolução do pacto.

4:
O adimplemento substancial existe quando houver pagamento considerável de
prestação do contrato firmado entre as partes, homenageando os princípios da
conservação dos contratos e da boa-fé objetiva. Assim, o adimplemento substancial da
dívida, não justifica rescisão contratual e nem reintegração do veículo
A boa-fé objetiva é um princípio de natureza cogente, não necessitando invoca-la
de ofício, ainda que por meio de deus desdobramentos, como na teoria do adimplemento
substancial.
A boa-fé objetiva, nesse sentido, é um princípio de lealdo que deve orientar as
relações humanas, presidindo o ordenamento jurídico, tanto do Direito Privado, quanto
do Direito Público.

5:
Cabe ao juiz, ao julgar a lide, aplicar as normas legais no caso concreto, no sentido
do princípio segundo o qual “o juiz conhece o direito”. A aplicação da teoria do
adimplemento substancial prescinde da provocação das partes. Na falta de parte pouca
significativa ao adimplemento total da obrigação, é possível a conservação da eficácia do
negócio sem prejuízo ao direito do credor, de modo que o accipiens valer-se do método
mais adequado, abrindo mão da opção mais drástica da resolução contratual prevista no
art. 475, ou retomando o bem dado em garantia para saldar a dívida. Estas últimas podem
acabar revelando-se desproporcionais diante do inadimplemento mínimo.
A recorrente, pagando as parcelas de nº 37 e 38, por depósito judicial, afastando-
se a mora, restituindo a Agravante, comprovando o adimplemento das parcelas, pagando
diretamente a instituição financeiro, no tempo e modo acordado.

6:
O pagamento integral pelo devedor fiduciante, após o valor apresentado pelo
credor fiduciário, fará o livramento do ônus. Visto isso, o Magistrado entendeu que a
aplicação dessa lei, extrapola os limites da proteção ao consumidor. Após a comprovação
das parcelas vencidas, efetuadas pelo réu, foi deferido o pedido da devolução do bem
apreendido; a purgação da mora em contrato dessa espécie deve se restringir ao
pagamento dos débitos vencidos até a data de sua efetiva purgação, harmonizando com o
CDC e constituição

7:
Provimento parcial ao agravo de instrumento, restituindo o bem a Recorrente e
ordenando o pagamento das parcelas diretamente a instituição financeira, no tempo e
modo pactuado, devendo a Recorrida emitir respectivo carnê, mantendo a Agravante na
posse do bem.

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