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1ª edição
Montes Claros
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
2014
Eduardo Cabral
Fernando Nunes
Josué Batista Antunes
Sumerly Bento Camargo Júnior
Montes Claros-MG
2014
Inclui referências.
CDD: 347.235
Palavra do professor-autor 9
Aula 14 - Condomínio 96
14.1 Conceito 96
14.2 Classificação 96
14.3 Direitos dos condomínios (condomínio voluntário) 97
14.4 Deveres dos condomínios (condomínio voluntário) 99
14.5 Extinção do condomínio (condomínio voluntário) 99
14.6 Condomínio edilício 100
Caro cursista,
Além disso, esforços foram envidados no sentido de tentar manter a tão al-
mejada didática, levando-se em consideração o público leitor, acadêmicos do
curso técnico em transações imobiliárias.
Por fim, não há dúvidas de que os conhecimentos que serão partilhados nesta
disciplina servirão substancialmente para a consolidação de um perfil profis-
sional cada vez mais completo.
Bons estudos!
Os autores
Nesta primeira aula, vamos contextualizar o tema central que será abordado
neste material didático, conceituando direitos reais e identificando sua previ-
são legal no Código Civil.
O Código Civil (CC) brasileiro de 2002 é composto por uma parte geral e
outra especial. A última parte possui as seguintes subdivisões:
Por oportuno, o Livro III (Direito das Coisas), possui a seguinte estrutura:
- Título I: Da posse
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Ao fazer uma revisão de literatura das principais obras que tratam do assunto,
é possível observar que não há um consenso entre os doutrinadores. Muito
pelo contrário, uns optam pela expressão direitos reais, outros por direito das
coisas e, ainda, há aqueles que as tratam com o mesmo sentido.
Por outro lado, o mesmo autor nos ensina que o termo direitos reais deve
ser conceituado como “o conjunto de categorias jurídicas relacionadas à pro-
priedade, descritas inicialmente no art. 1.225 do CC. Os Direitos reais for-
mam o conteúdo principal do Direito das Coisas, mas não exclusivamente, eis
que existem institutos que compõem a matéria e que não são Direitos reais”
(TARTUCE, 2013, p. 806).
Logo, é correto afirmar que tudo o que é direito real é considerado direito das
coisas, mas nem todos os direitos das coisas são direitos reais.
Contudo, a distinção deve ser usada apenas para fins didáticos, de modo que
não se observa grandes implicações em tratar as expressões como sinônimas.
Pelo exposto, “Direito das Coisas é o ramo do direito civil que regula o poder
dos homens sobre os bens e as formas de sua utilização. Dessa forma, o Di-
reito das Coisas destina-se a regular as relações das pessoas com as coisas”.
(Fonte: Direito das Coisas. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/direito/direito-das-coisas>. Acesso em 12
outubro de 2014)
Resumo
- O nosso objeto de estudo será o direito das coisas, previstos nos artigos
1.196 a 1.510 do CC.
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b. O direito das coisas envolve o estudo entre uma coisa e outra coisa.
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Neste segundo encontro, vamos diferenciar os direitos reais dos direitos pes-
soais, elencando os principais pontos de divergência.
1ª diferença:
Os direitos reais visam regular situações jurídicas entre pessoas (sujeito ativo)
e coisas. Conforme veremos adiante, eles regulam, por exemplo, como uma
pessoa pode adquirir ou mesmo perder a propriedade de um imóvel (coisa).
Segundo Venosa (2006), o direito real é exercido e recai diretamente sobre a
coisa.
Por outro lado, o Direito Pessoal firma relações jurídicas entre uma pessoa
(sujeito ativo ou credor) e outra (sujeito passivo ou devedor). Assim, quando
Bento contrata com Jubileu a compra e venda de uma bicicleta, estamos dian-
te de uma relação de direito Pessoal, tendo em vista que se estabelece uma
situação jurídica entre duas pessoas (Bento e Jubileu), sendo ambas credoras
e devedoras uma da outra.
No caso dos direitos reais, o que se analisa é a relação entre a pessoa e a coisa.
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O direito real é oponível erga omnes, ou seja, produz efeitos contra todas as
pessoas. Assim, quando Bento se torna proprietário de uma casa, essa situa-
ção deve ser respeitada por todas as pessoas.
O direito pessoal, por sua vez, produz efeitos inter partes, isto é, diz respeito
apenas aos sujeitos envolvidos na relação. Logo, no exemplo acima, a compra
e venda da bicicleta interessa apenas a Bento e Jubileu.
3ª diferença:
O mesmo não ocorre quando estamos diante de uma relação de direito pesso-
al. Exemplo: imaginem que Bento resolva comprar a bicicleta de Jubileu, e
acordam o valor de R$ 1 mil, divididos em duas parcelas iguais e sucessivas
de quinhentos reais, sendo que a primeira parcela será paga no ato da entrega
do bem e a segunda 30 dias adiante. Simule a situação em que Bento paga a
primeira parcela, adquire a bicicleta, e, no entanto, deixa de pagar a segunda
prestação. Nesse caso, como Bento já adquiriu a propriedade da bicicleta, e
por se tratar de um direito pessoal, não poderá Jubileu, em regra, requerer a
devolução da bicicleta. Diante disso, deverá Jubileu acionar o poder judici-
ário para cobrar o valor devido. Isso acontece porque o direito pessoal não
possui a característica do direito de sequela.
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Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e
contêm valor econômico.
Fonte: Direito de propriedade – Diferença entre bens e coisas. Disponível em: <http://areverdecer.blogspot.com.
br/2012/05/direito-de-propriedade-diferenca-entre.html>. Acesso em 12 de outubro de 2014.
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Resumo
Nessa aula, você viu que as principais diferenças entre direito real e direito
pessoal são:
- O direito real regula situações entre pessoa e coisa, o pessoal entre pessoas.
a. Estabelecem uma relação entre duas pessoas, uma credora e outra deve-
dora.
d. O direito real permite ao titular reaver a coisa, onde quer que se encontre.
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Nas duas aulas anteriores, introduzimos o tema direito das coisas. A partir de
agora, vamos iniciar o estudo da posse, analisando nesta aula o seu conceito
e as teorias que a justificam.
Dessa forma, a posse deve ser entendida como o poder que alguém (uma
pessoa) exerce sobre alguma coisa, independentemente de ser ela proprietária
ou não. Esse poder sobre a coisa, conforme veremos nas próximas aulas, está
relacionado a alguns dos poderes que são incialmente inerentes ao proprietá-
rio como, por exemplo, o poder de usar ou dispor da coisa.
Com base nesse entendimento, é necessário fazer uma leitura conjunta com
o artigo 1.196 do CC, que diz que “é possuidor aquele que exerça algum
dos poderes inerentes à propriedade” (BRASIL, 2002). Contudo, tanto Bento
(proprietário que tem o poder de dispor da coisa) quanto Jubileu (que tem o
poder de usar a coisa) são considerados possuidores.
Visto isso, é necessário dizer que a posse pode ser dividida em indireta (a
pessoa exerce direito sobre a coisa, embora não a tenha fisicamente) e direta
(a pessoa tem o poder físico, material da coisa). Voltando ao exemplo em que
Bento (locador) aluga seu imóvel a Jubileu (locatário), podemos dizer que
Bento terá a posse indireta do imóvel, uma vez que tem direitos sobre a coisa,
apesar de não tê-lo fisicamente. Já Jubileu terá a posse direta, pois está com
a coisa, usando-a.
a. Teoria subjetiva
Idealizada por Friedrich Carl von Savigny, segundo o qual posse é o “[...] po-
der direto que a pessoa tem de dispor fisicamente de um bem com a intenção
de tê-lo para si e de defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer
que seja” (TARTUCE, 2013, p. 817).
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b. Teoria objetiva
Elaborada por Rudolf von Ihering, segundo o qual a posse estaria configurada
com apenas um requisito, ou seja, basta que a pessoa disponha fisicamente da
coisa, que tenha contato direto com ela (corpus). Assim, para Ihering, a posse
dispensa o animus domini.
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Como não poderia ser diferente, o novo Código Civil traz inovações impor-
tantes quanto ao tratamento geral da posse e da propriedade, conceitos vitais
tanto para o direito das coisas quanto para todo o direito privado.
b) Animus domini: intenção de ter a coisa para si, de exercer sobre ela o direi-
to de propriedade.
Entre as duas teorias, entendemos que o novo Código Civil adotou parcial-
mente a teoria objetivista de Ihering, de acordo com o que consta do artigo
1.196 da atual codificação. Dessa forma, o locatário, o comandatário, entre
outros, para o nosso direito, são possuidores e como tais podem utilizar as
ações possessórias, inclusive contra o próprio proprietário, que não pode uti-
lizar nessas ações a exceção de domínio (exceptio proprietatis), interpretação
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Sem dúvidas que a redação da proposta é muito melhor do que o atual art.
1.196, comprovando o afastamento em relação as duas correntes clássicas.
Como é notório, preveem os parágrafos únicos dos arts. 1.238 e 1.242 a redu-
ção dos prazos para a usucapião extraordinária e ordinária, respectivamente,
nos casos envolvendo bens imóveis. Na usucapião extraordinária, o prazo é
reduzido de 15 (quinze) para 10 (dez) anos; na ordinária de 10 (dez) para 5
(cinco) anos. Em ambos os casos, a redução se dá diante de uma situação de
“posse-trabalho”, nos casos em que aquele que tem a posse utiliza o imóvel
com intuito de moradia ou realiza obras e investimentos de caráter produtivo
com relevante caráter social e econômico. Entendemos que essas reduções
estão de acordo com a solidariedade social, com a proposta de erradicação da
pobreza e, especificamente, com a proteção do direito à moradia prevista no
art. 6º da Constituição Federal.
O atual Código Civil, no artigo 1.228, § 1º, reafirma a função social da pro-
priedade acolhida no art. 5º, XXII e XXIII e artigo 170, III, todos da Consti-
tuição Federal de 1988. Na verdade, o novo Código Civil vai mais além, pois
prevê, ao lado da função social da propriedade, a sua função “socioambien-
tal” com a previsão de proteção da flora, da fauna, da diversidade ecológica,
do patrimônio cultural e artístico, das águas e do ar, tudo de acordo com o
que prevê o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 e a Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81).
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Como vimos, o artigo 1.228, §2º, do novo Código Civil proíbe o abuso de
direito ou ato emulativo no exercício do direito de propriedade, cabendo a
análise das circunstâncias fáticas pelo magistrado, caso a caso, melhor ideia
da “ontognoselogia jurídica” de Miguel Reale. Esse conceito acaba fundindo
direito das coisas e direito pessoal em um mesmo plano.
Ademais, prevê o §3º do mesmo dispositivo legal que o proprietário pode ser
privado da coisa nos casos de desapropriação por necessidade, utilidade pú-
blica ou interesse social, bem como no caso de requisição, em caso de perigo
público iminente.
Resumo
- O conceito de posse.
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Anotações
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Na aula anterior, vimos o conceito de posse, bem como as teorias que a justi-
ficam. Agora, continuando o estudo da posse, veremos o seu objeto e a dife-
rença entre posse e detenção.
Analisamos nas aulas anteriores que, para que possamos falar em posse, há a
necessidade da presença de uma pessoa e de uma coisa, sendo que a pessoa
será considerada possuidora da coisa. Sem tais elementos, não há que se falar
em posse.
Contudo, quais coisas podem ser objeto de posse? Seriam apenas as coisas
corpóreas (palpáveis)?
Logo, poderá ser objeto de posse tanto coisas quanto direitos, tanto móveis
quanto imóveis. Não há limitação na lei. Assim, a pessoa poderá ser possui-
dora de um apartamento (bem imóvel) ou de um carro (bem móvel).
Do mesmo modo, a ideia de posse também se aplica aos direitos, pois tanto
a jurisprudência quanto a doutrina já consolidaram entendimento pela possi-
bilidade da pessoa exercer posse sobre determinado direito. Imaginem o se-
guinte exemplo hipotético: Bento, cientista famoso, inventa uma máquina de
teletransporte, que permite transportar pessoas de um lugar a outro em poucos
segundos. Após a invenção, Bento consegue obter dos órgãos competentes
uma patente sobre a máquina, o que lhe garante o direito de explorar o inven-
to com exclusividade por um determinado período. Jubileu, cientista não tão
famoso, resolve desobedecer a patente e passa a explorar economicamente
a invenção de Bento. Nessa situação, Bento poderá alegar que possui posse
sobre a patente, que é um direito, e pode se valer de certas ações judiciais para
impedir a ação de Jubileu.
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Assim, não se discute que a posse estabelecerá uma série de efeitos protetivos.
Isso não quer dizer, porém, que o detentor não tenha poder. Pelo contrário, ele
possui o poder de conservar a posse, nos limites estabelecidos pelo possuidor.
Tanto é verdade que a V Jornada de Direito Civil, em seu enunciado 493,
dispõe que “o detentor poderá proteger a posse alheia por meio do instituto
da autotutela, ou seja, poderá utilizar a força para manter ou restituir a posse
do possuidor (aquele que lhe dá instruções de conservação da posse)” (IV
JORNADA DE DIREITO CIVIL, 2007).
Sobre o detentor, Pereira (2005, p. 22) afirma que: “Não se lhe recusa, contu-
do, o direito de exercer a autoproteção do possuidor, quanto às coisas confia-
das a seu cuidado, consequência natural do seu dever de vigilância”.
Comodato: Contrato em que alguém entrega a outra pessoa coisa NÃO FUN-
GÍVEL para ser usada temporariamente e depois restituída. É um empréstimo
gratuito, uma cessão de uso, pelo qual se transfere apenas a posse do bem, não
se transmite seu domínio. Se o comodato não fosse gratuito, seria locação.
Fonte: Noções sobre a relação de comodato. Disponível em: < http://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_
curso=226&id_titulo=2276&pagina=>. Acesso em: 12 de outubro de 2014.
Exemplo 2
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Citando alguns exemplos de detenção, Gomes (2004, p. 48) ensina que: “São
servidores da posse, dentre outras pessoas, as seguintes: os empregados em
geral, os diretores de empresa, os bibliotecários, os viajantes em relação aos
mostruários, os menores mesmo quando usam coisas próprias, o soldado, o
detento”.
Para saber um pouco mais sobre a diferença entre posse e detenção, acesse o
link abaixo e leia um pequeno resumo sobre o assunto, de autoria do professor
Rafael de Menezes.
Link: http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direitos-Reais/7/aula/2.
Resumo
Agora que você já sabe a diferença entre posse e detenção, reúna-se com seus
colegas e tente visualizar situações que implicam apenas em detenção, sem
configurar posse. Faça uso dos livros elencados nas referências deste mate-
rial, bem como de artigos jurídicos disponíveis na internet.
Anotações
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Posse direta ou imediata é aquela desempenhada por quem tem o poder físico
e imediato da coisa, isto é, a pessoa tem o bem sob seu sigilo. De acordo com
Garcia (2012, p. 382), posse “[...] é aquela exercida por quem cedeu, tempo-
rariamente, o uso ou o gozo da coisa a outra pessoa”. Exemplos: locatário,
depositário, usufrutuário etc.
Pelo que se percebe das lições do citado professor, as posses direta e indireta
não se excluem. Consoante analisamos na aula 3, ao dissertarmos sobre o
conceito de posse, é considerado possuidor todo aquele que exercer algum
dos direitos inerentes à propriedade (artigo 1.196 do CC), quais sejam: usar,
gozar, e dispor da coisa, bem como reavê-la (artigo 1.128 do CC).
Contudo, é possível que Bento faça um contrato de locação com Jubileu, e alugue
o dito imóvel. Com isso, ocorre a transferência do direito de usar o bem, de modo
que Bento continua sendo o possuidor indireto e Jubileu passa a ser o possuidor
direto/imediato do apartamento, já que adquiriu o direito de usá-lo.
Nessa situação, imagine ainda que durante uma viajem de Jubileu (possuidor
direto), um terceiro arrombe a fechadura e tente se apossar do bem. O que
fazer? Quem poderá tomar alguma atitude? Ora, no caso, tanto Bento quanto
Jubileu poderá ajuizar ações possessórias com o intuito de reaver o aparta-
mento, pois ambos são possuidores.
Outra situação ainda é possível. Vejam: Bento aluga o apartamento para Jubi-
leu, de modo que o primeiro torna-se possuidor indireto e, o segundo, possui-
dor direto. Nessa ocorrência, poderá Bento interferir no uso do apartamento?
Ou melhor, poderá Bento, na condição de proprietário e de possuidor indireto,
usar o apartamento? Poderia ele invadir o bem e retirá-lo de Jubileu?
Por fim, o próprio CC, em seu artigo 1.197, classifica a posse em direta e in-
direta. Observe o que diz a lei: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em
seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula
a indireta de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a
sua contra o indireto” (BRASIL, 2002).
Figura 1 Locação.
Fonte: Locação. Disponível em: < http://www.tacerto.com/c/guia/casa/o-que-e/contrato-de-sublocacao-voce-sabe
-o-que-e/>. Acesso em 12 de outubro de 2014.
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A posse justa pode ser conceituada pelo critério da exclusão, qual seja: será
justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Posse de má-fé, por sua vez, “[...] é aquela em que o possuidor tem ciência
do vício ou do obstáculo que impede a aquisição da coisa” (GARCIA, 2012,
p. 383).
Lado outro, a posse será velha quando possuir mais de um ano e um dia de
exercício. E a posse com exatos um ano e um dia? Será velha ou nova?
QUADRO 1
Classificação da posse nova e posse velha
5.5 Composse
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Saiba mais sobre a posse de má-fé e boa-fé acessando o seguinte link: < http://www.
escritorioonline.com/webnews/noticia.php?id_noticia=2555&>. Além do concei-
to dessas modalidades de posse, você vai observar suas implicações jurídicas.
Resumo
Anotações
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Nesta sexta aula, iremos nos dedicar aos principais efeitos da posse. Já fala-
mos, em aulas anteriores, que o instituto da posse é protegido por lei. Agora,
analisaremos, em linhas gerais, como essa proteção ocorre.
Logo, a citada lei protege o possuidor de boa-fé ao dizer que ele tem direito
aos frutos percebidos. Por via de consequência, o possuidor que age de má-fé
deve devolver os frutos ao possuidor que readquiriu a posse da coisa.
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De toda forma, vale ressaltar que a usucapião “[...] constitui uma situação de
aquisição de domínio ou, mesmo de outro direito real (caso do usufruto ou da
servidão), pela posse prolongada. Assim permite a lei que uma determinada
situação de fato alongada por certo intervalo de tempo se transforme em uma
situação jurídica (a aquisição originária da propriedade)” (TARTUCE, 2013,
p. 887).
O tema encontra guarida no artigo 1.210 do CC, que diz: “O possuidor tem direito
a ser mantido na posse no caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado
de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado” (BRASIL, 2002).
Trata-se de ação preventiva, usada “[...] quando há justo receio de que a coisa
está na iminência de ser turbada ou esbulhada, apesar de não ter ocorrido ain-
da ato material nesses dois sentidos, havendo apenas uma ameaça implícita
ou expressa” (GARCIA, 2012, p. 387).
É considerada a ação mais tênue das possessórias, pois a pessoa apenas foi
ameaçada na sua posse. É o que ocorre, por exemplo, quando alguém percebe
que a sua fazenda está prestes a ser invadida pelo vizinho, que posiciona má-
quinas em direção à sua propriedade, dando a entender que haverá invasão.
O importante, nessa situação, é que haja uma iminência de que a posse será
atacada por outrem.
Também de caráter repressivo, é uma ação que visa “[...] corrigir agressões
que fazem cessar a posse de alguém. Trata-se de ação de caráter repressivo,
manejada quando ocorre esbulho, que é a privação de alguém da posse da
coisa, contra a sua vontade. A ação também é chamada de ação de força es-
poliativa” (GARCIA, 2012, p. 387). Nesse caso, a pessoa perdeu a posse que
tinha sobre a coisa. Busca-se a reintegração.
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QUADRO 2
Classificação das ações possessórias
Visualize o exemplo: Bento tem sua posse ameaçada por Jubileu. Procura
um advogado que, ao analisar o caso, observa que a ação judicial correta é a
propositura de uma ação de interdito proibitório. Ocorre que, após ajuizar o
interdito, Jubileu não apenas ameaça, como passa a praticar atos atentatórios
à posse de Bento. Percebam que, no caso, a ação correta não mais seria a de
interdito proibitório, mas de manutenção de posse, pois já houve turbação.
Em virtude da fungibilidade das ações possessórias é possível que o juiz co-
nheça e julgue a ação de interdito como se fosse uma manutenção de posse.
Logo, a lei permite que a pessoa que tenha sua posse embaraçada utilize a
própria força para manter-se ou restituir-se do seu direito de posse sobre a
coisa. Havendo ameaça ou turbação, é cabível legítima defesa. Em caso de
esbulho, é cabível o desforço imediato (TARTUCE, 2013).
1. A defesa deve ser feita logo, isto é, imediatamente ao ato de ameaça, tur-
bação ou esbulho.
2. Não pode haver excesso. A força emprega não pode ir além do necessário
para a defesa da posse.
Autotutela: é uma das formas de solução de conflito em que uma das partes
utiliza-se da força para resolver o conflito. Em regra, é proibida. Contudo, há
exceções: legítima defesa (direito penal); exercício de greve (direito do traba-
lho); desforço imediato (direito civil) etc.
BOX 3
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A retomada da coisa por mão própria obtém o mesmo efeito que teria a sen-
tença de reintegração, e os atos de defesa ou desforço não podem ir além do
indispensável à manutenção ou restituição da posse.
Francesco Carrara, como líder dos objetivistas, defende a tese de que a defesa
é, em sua gênese privada, dessa forma: toda vez que o Estado não puder de-
fender o indivíduo, este retoma legitimamente o direito de defesa.
Resumo
- Às ações possessórias.
- À possibilidade de usar a força para a defesa da posse, por meios dos insti-
tutos da legítima defesa e desforço imediato.
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Quais as ações possessórias podem ser usadas na defesa da posse? Além das
informações prestadas neste livro, pesquise em livros e na internet. Logo
após, poste sua resposta na sala de discussão, disponível no Ambiente Virtual
de Aprendizagem – AVA.
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Encerrando o estudo da posse, veremos hoje como ela pode ser adquirida,
transmitida e, por fim, as situações em que a posse se finda.
Como não poderia deixar de ser, o artigo citado encontra-se com total con-
sonância com o já estudado artigo 1.196, também do CC, ao dispor que será
considerado possuidor aquele que exerce algum dos poderes inerentes à pro-
priedade (usar, gozar, dispor e reaver a coisa).
Exemplos:
a. Apreensão da coisa
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BOX 4
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[...]
Da tradição
De acordo com o art. 1.267 do Código Civil, “a propriedade das coisas não se
transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”. Sendo assim, a tradição
mostra-se de suma importância na aquisição de bens móveis.
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. Será real quando a coisa for re-
almente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma
loja e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa e
torna-se proprietário. Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da
coisa, torna-se proprietário.
[...]
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Legatário: é aquele para quem alguém deixou algum bem por meio de testa-
mento; é diferente do herdeiro, o qual recebe os bens da herança por força da
lei. Legatário recebe legado e herdeiro recebe herança.
Fonte: Legatário. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/legat%C3%A1rio/>. Acesso em 12 out.
2014.
Exemplo: Se João morrer e tiver deixado algum bem para um de seus empre-
gados, com o qual não tenha vínculos de parentesco, este será um legatário e
não um herdeiro, pois só terá direito ao que João deixou por força do testa-
mento e, se esse não existisse, não haveria legado.
Assim, imagine que Bento possui uma fazenda de 300 hectares há cinco anos.
Com a morte de Bento, a posse sobre a fazenda passa aos seus herdeiros.
Estes já iniciam a posse com cinco anos, tendo em vista que a posse do seu
antecessor será somada à atual.
Exemplos:
a. Abandono
Exemplo: pessoa que coloca objeto na lata de lixo, demonstrando sua inten-
ção em abandoná-la.
e-Tec Brasil
Portanto, para que ocorra a perda da posse sobre a coisa, é essencial que a
tradição ocorra com intenção definitiva.
c. Destruição da coisa
Nas situações de esbulho, a pessoa perde a sua posse. Nesse sentido, é cabível
a ação de reintegração de posse. Contudo, se o esbulhado perde a posse, por
consequência, aquele que praticou o esbulho passa a ser possuidor.
Muito cuidado! Não podemos confundir essa situação com a ideia de com-
posse, em que duas ou mais pessoas exercem, conjuntamente, a posse sobre o
mesmo bem. Aqui, ninguém deixa de exercer poderes sobre o bem, logo, não
se perde a posse.
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O princípio da aderência diz que o direito real fixa um vínculo entre a pessoa
e a coisa, tanto que o seu objeto é regulamentar situações jurídicas que se
estabelecem entre uma pessoa e uma coisa (ao contrário do que acontece com
os direitos pessoais, que tutelam relações entre pessoas).
Por serem oponíveis erga omnes, devendo ser respeitados por todas as pes-
soas, os direitos reais precisam de publicidade para serem constituídos. As
Os direitos reais são taxativos, de modo que apenas a lei pode criá-los. A
contrario sensu, as partes não tem autonomia para criar nova modalidade de
direito real não amparada pelo ordenamento jurídico pátrio.
Esses são os principais direitos reais instituídos pela lei, que serão objeto de
estudo durante o nosso curso. Nas próximas aulas, veremos cada um desses direi-
tos, delimitando, em linhas gerais, as características identificadoras de cada um.
As disposições gerais dos direitos reais, normas que se aplicam a todos esses
os direitos, indistintamente, estão previstas nos artigos 1.225 a 1.227 do CC
de 2002.
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Resumo
- O seu conceito.
Anotações
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O proprietário tem o direito de usar a coisa da forma como lhe for convenien-
te. Contudo, esse atributo tem sido mitigado (não é absoluto), uma vez que
encontra limites, sobretudo em razão da ideia de função social da propriedade.
Atualmente, a propriedade não mais pode ser visualizada sob o prisma indi-
vidual do proprietário. Pelo contrário, devem-se levar em conta normas de
índole social coletiva, que acabam por limitar o uso da propriedade.
d. Reivindicar a coisa
Nada impede, porém, que esses atributos sejam distribuídos entre pessoas
distintas. Recorde da situação em que Bento loca seu imóvel à Jubileu. Este
terá direito ao atributo do uso da coisa, enquanto aquele terá os demais. Nessa
hipótese, em que os quatro atributos da propriedade não estão reunidos numa
mesma pessoa, temos o que chamamos de propriedade restrita.
Por outro lado, estando os quatro atributos com a mesma pessoa, teremos a
propriedade plena.
Por fim, devemos observar que, assim como na posse, podem ser objeto de
propriedade qualquer coisa, corpórea ou incorpórea, imóvel ou móvel.
e-Tec Brasil
Logo, apesar do proprietário gozar dos quatro atributos analisados, ele não
pode utilizá-los com o intuito exclusivo de prejudicar terceiros.
QUADRO 3
Aquisição da propriedade imóvel
Resumo
e-Tec Brasil
Agora que você já sabe o que significa função social da propriedade, leia os
artigos abaixo e indique qual deles reflete a ideia de que a propriedade tem
uma função social. Fundamente. Após, poste sua resposta em nossa sala de
discussão, disponível no AVA.
- Artigo 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato
o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes da propriedade.
(BRASIL, 2002).
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Por fim, deve ficar claro que o registro do título é o meio de aquisição da
propriedade entre pessoas vivas, pois, consoante veremos no próximo tópico,
a aquisição de propriedade envolvendo pessoa morta ocorre por meio da su-
cessão hereditária.
BOX 6
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Eis que muito se comenta entre aqueles juridicamente leigos, quanto a pos-
sível obrigatoriedade de familiares assumirem dívidas deixadas por um ente
falecido. Assim sendo, é de suma importância que se esclareça tal tema.
Vejamos:
Exemplo:
Assim sendo, podemos concluir que o familiar, desde que seja herdeiro, pos-
sui sim a obrigação pelo pagamento das dívidas deixadas por pessoa falecida,
porém, desde que observado o limite da sua cota hereditária, ou seja, somente
até o valor a que teve direito na herança.
e-Tec Brasil
- Formação de ilhas.
- Aluvião.
- Avulsão.
- Abandono de álveo.
- Plantações e construções.
Em termos gerais, ilha é “[...] uma faixa de terra cercada de água por todos os
lados” (TARTUCE, 2013, p. 878). Em outras palavras, pode ser considerada
um acúmulo gradativo (paulatino) de areia e outros materiais trazidos pela
correnteza, deixando a seco uma parte do fundo ou leito (DINIZ, 2010).
De acordo com o artigo 1.249, inciso I, do CC, a ilha passa a pertencer aos
proprietários ribeirinhos (Bento/A e Jubileu/B), na proporção de suas testa-
das. Ou seja, deve-se traçar uma linha imaginária no meio das águas, de modo
que metade da ilha será de Bento (A) e metade será de Jubileu (B).
e-Tec Brasil
Suponha agora que o rio constitua um novo braço, e que nesse local forme-se
uma ilha. A quem pertencerá?
10.3.2 Aluvião
a. Aluvião própria
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10.3.3 Avulsão
Resumo
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- Formação de ilhas.
- Aluvião.
- Avulsão.
Dessa forma, para facilitar o entendimento, não seria errado dizer que o álveo
(superfície) foi abandonado pela água, tornando-se um álveo abandonado (a
superfície está seca).
Imagine, por exemplo, que um rio que sirva de fronteira entre duas proprieda-
des venha a secar. No caso, pode surgir a seguinte indagação: a quem perten-
cerá a superfície por onde passava o rio?
Exemplo: Bento está guardando 5 mil tijolos para Jubileu. Observando que
sua casa está precisando de uma área, acaba por utilizar os tijolos na constru-
ção da tão sonhada área de lazer. No caso, Bento terá a propriedade do que
construiu, adquirindo a propriedade do material. Contudo, terá que indenizar
(pagar) Jubileu no valor dos tijolos.
e-Tec Brasil
Exemplo: Imagine que Bento está ocupando a casa de Jubileu, seu primo,
que viajou para o exterior para concluir um curso de doutorado. Durante a
ausência do parente, Bento constrói uma área de lazer na casa. Bento não terá
direito a qualquer indenização, uma vez que agiu de má-fé, pois sabia que a
casa não era sua, e mesmo assim procedeu à benfeitoria. Contudo, se ao invés
de construir uma área de lazer, Bento tivesse realizado consertos no telhado
da casa, que estava para ruir, passará a ter direito à indenização pelos valores
gastos com o telhado. Isso ocorre por que Bento, na segundo situação, estará
agindo de boa-fé, já que consertou o telhado para conservar o bem.
BOX 7
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Para dirimir dúvidas a respeito desse tema, preparamos uma série de artigos
escritos pelo Prof. Honório Futida sobre as diferenças conceituais, para efeito
de classificação contábil e de registros patrimoniais. Neste primeiro artigo,
vamos abordar o conceito de Benfeitorias, bem como as diferenças entre Ben-
feitorias necessárias, úteis e voluptuárias.
O que é Benfeitoria?
O Código Civil, Lei 10.406/2002, no seu artigo 96, conceitua os três tipos de
benfeitoria, a partir disso temos que a Benfeitoria são obras executadas no
imóvel com a intenção de conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Existem
várias espécies de benfeitorias e cada uma produz um efeito jurídico diverso.
As benfeitorias podem ser Necessárias, Úteis ou Voluptuárias:
- Benfeitorias Necessárias:
São aquelas que se destinam à conservação do imóvel ou que evitem que ele
se deteriore, portanto são lançados diretamente em Despesas de Manutenção.
Exemplos: reparos de um telhado, reparo na parede para evitar a infiltração
de água ou a substituição dos sistemas elétricos e hidráulico danificados, por-
tanto todos eles são necessários com característica de uma manutenção ou
conserto, simplesmente.
e-Tec Brasil
- Benfeitorias Voluptuárias:
As que não aumentam ou facilitam o uso do imóvel, mas podem torná-lo mais
bonito ou mais agradável, tais como obras de jardinagem, de decoração ou de
alteração meramente estética como cerca viva, Colocação de Coluna Roma-
nas no Hall de Entrada, Construção de Lago para embelezamento do local.
Exemplo: Proprietário de imóvel que deixa que alguém construa uma piscina
com os seus materiais, nos fundos da casa, pensando o último que por isso
poderá adquirir o domínio do bem principal (TARTUCE, 2013). Nesse caso,
as duas partes estão de má-fé, uma vez que ambos pretendem levar vantagem
indevida. A solução é a seguinte: o proprietário fica com a piscina, mas deve
indenizar a outra pessoa pelos valores gastos na construção. Perceba que o
Exemplo: Bento constrói em sua casa uma área de lazer, que vem a invadir o
terreno do seu vizinho em percentual de até 5%, ou seja, que não ultrapasse a
sua vigésima parte. Se Bento não sabe da invasão (presunção de boa-fé), ele
poderá adquirir a parte invadida. Contudo, deve pagar ao vizinho pela área
que adquiriu, além de indenizá-lo na hipótese de desvalorização da proprie-
dade que teve sua extensão diminuída.
De acordo com Tartuce (2013, p. 887), a usucapião “[...] constitui uma situa-
ção de aquisição de domínio ou, mesmo de outro direito real (caso do usufru-
to ou da servidão), pela posse prolongada. Assim permite a lei que uma deter-
minada situação de fato alongada por certo intervalo de tempo se transforme
em uma situação jurídica (a aquisição originária da propriedade)”.
e-Tec Brasil
a. Usucapião Extraordinária
Posse mansa e pacífica é aquela que ocorre sem oposição, isto é, ninguém
contestou a posse exercida. Não haverá esse requisito se o possuidor sofrer
alguma das ações possessórias, pois, nesse caso fica claro que alguém discor-
da do exercício da posse. Exemplo: Bento está na posse de um apartamen-
to. Contudo, Jubileu se diz o verdadeiro possuidor do bem, e ajuíza ação de
reintegração de posse. No caso, a posse de Bento não será pacífica, uma vez
que Jubileu não a reconhece. Logo, não poderá ajuizar ação de usucapião por
faltar-lhe o requisito da posse mansa e pacífica.
Será contínua a posse que não sofrer interrupção. Não será possível, dessa
forma, contar dois anos de posse, interrompê-la por um ano e depois voltar a
contar para integrar o tempo mínimo de 15 anos para a usucapião extraordi-
nária. No entanto, é possível que haja o fenômeno da transferência da posse,
isto é, nada obsta que a posse anterior seja transferida ao possuidor atual,
somando-se as duas para alcançar o período mínimo de posse prolongada
requerida pela usucapião.
Por conseguinte, animus domini é uma expressão latina que significa ânimo
de dono, ou seja, o possuidor deve ter a posse da coisa com a intenção de ser
proprietário dela. Pense numa pessoa que, ao adquirir a posse de um bem
imóvel, faz benfeitorias no mesmo (constrói uma casa, um muro etc.), paga a
conta de água, luz, Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) etc. Tais situa-
ções são indícios de que está presente o requisito animus domini.
Finalmente, o artigo 1.238 do CC prevê que a posse deve ser pelo tempo de
15 anos, abrindo-se a ressalva de poder diminuí-lo para dez anos, desde que
o possuidor fixe domicílio no imóvel ou tenha realizado obras de caráter pro-
dutivo no mesmo.
- Mansa e pacífica;
- Ininterrupta;
a. Usucapião ordinária
e-Tec Brasil
- Mansa e pacífica;
- ininterrupta;
Pelo que se observa, parte dos requisitos são idênticos aqueles necessários à
usucapião extraordinária, razão pela qual se faz aqui os mesmos comentários
já expostos. Não obstante, há diferenças. Além do prazo (que é menor), a usu-
capião ordinária requer o requisito do justo título e boa-fé.
Estará de boa-fé o possuidor que tiver boa intenção, o que ocorre quando a
posse não foi adquirida de maneira irregular. Para Garcia (2012, p. 383), ha-
verá boa-fé quando “[...] o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede
a aquisição da coisa. É de boa fé a posse daquele que crê que a adquiriu de
quem legitimamente a possuía”.
O justo título, por sua vez, caracteriza-se pela existência de título (documen-
to) que, pelo menos em tese, seria hábil transferir a propriedade (GARCIA,
2012). Exemplos: escritura pública de compra e venda, contrato de compra e
venda etc.
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12.1 Introdução
QUADRO 4
Aquisição da propriedade móvel
É o que acontece, por exemplo, nos casos de pesca e caça. Desde que se ob-
servem as restrições previstas no ordenamento jurídico, sobretudo nas Leis
5.197/67 (Lei de proteção à fauna) e 11.959/09 (política nacional sustentável
da agricultura e pesca), a pessoa que pesca adquire a propriedade de sua pes-
cada.
- Mansa e pacífica;
- ininterrupta;
e-Tec Brasil
- ininterrupta;
Nesse caso, exige-se a boa-fé e o justo título, em razão do prazo ser menor.
Lado outro, com exceção dos prazos, que são diferentes, fazemos aqui os
mesmos comentários quanto à usucapião de bens imóveis.
É o que ocorre, por exemplo, quando o artesão, de posse de uma pedra bruta
que pertence a outrem, a transforma numa estátua. Nesse caso, o especifica-
dor, desde que esteja de boa-fé, irá adquirir a propriedade da matéria prima
(pedra), indenizando-se o prejudicado.
12.6 Tradição
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c. Por abandono
e. Por desapropriação
Resumo
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13.1 Conceito
Tais direitos, conforme vamos estudar ao longo desta aula, constituem uma
limitação ao direito de propriedade, já que impõe aos proprietários limítro-
fes (vizinhos) uma série de regras que devem ser observadas em prol da boa
convivência.
BOX 8
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Breves comentários acerca da ação de dano infecto, da ação de nunciação de obra nova e da ação
demolitória
A ação de dano infecto é a medida judicial, fundada nos artigos 1.280 e 1.281 do
Código Civil, que serve a quem tem justo receio de sofrer dano em seu imó-
vel, em virtude do uso anômalo de propriedade alheia.
Além disso, a ação de dano infecto visa à fixação de uma caução para garantir
eventual indenização caso persista o infortúnio.
Apesar de ser pouco utilizada, a ação de dano infecto tem sido deferida em
casos de perturbação sonora, onde o vizinho prejudicado busca no judiciário
a retomada de seu sossego em virtude do barulho alheio constante.
A ação de nunciação de obra nova é aquela, de rito especial, prevista nos arti-
gos 930a 940 do Código de Processo Civil.
e-Tec Brasil
c. Ação demolitória:
Portanto, sendo possível que a passagem seja oferecida por mais de um vizi-
nho, será obrigado a fornecê-la aquele que tenha mais facilidade, de acordo
com as características do imóvel. Aplica-se aqui o princípio da menor onero-
sidade, isto é, “[...] a passagem deve ser instituída da maneira menos gravosa
ou onerosa aos prédios vizinhos (princípio da menor onerosidade)” (TARTU-
CE, 2013, p. 930).
e-Tec Brasil
Conforme já estudamos no item 13.2 desta aula, o proprietário não pode usar
sua propriedade de maneira que cause interferências prejudiciais ao seu vizi-
nho, sob pena deste ajuizar a competente ação para fazer cessar tais condutas.
Logo, trata-se de verdadeira limitação ao direito de construir, já que a cons-
trução não pode violar a segurança, sossego e a saúde dos confiantes (artigo
1.277 do CC).
b. Despejo de águas
c. Abertura de janelas
Dessa forma, o artigo 1.301 prevê que é proibido nos imóveis urbanos abrir
janelas, fazer eirado, terraço ou varanda a menos de metro e meio do terreno
vizinho. Lado outro, tratando-se de imóveis rurais, a mesma limitação é de
três metros (art. 1303, CC).
Não obstante, ainda quanto a essa limitação (abrir janela, fazer eirado, terraço
ou varanda), o CC prevê distinção quanto à visão, ou seja, se a visão dessas
construções serão diretas ou oblíquas em relação à propriedade vizinha.
e-Tec Brasil
Para saber mais, acesse o link abaixo e observe a íntegra dos artigos 1.299 a
1.313 do CC. Lá você encontrará todas as limitações ao direito de construir
previstas no CC.
Link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.
Resumo
Nesta aula, você viu as regras que regulamentam a relação entre vizinhos,
que são:
- a passagem forçada;
Agora que você já tem uma noção sobre os direitos de vizinhança, leia a juris-
prudência abaixo e responda a seguinte pergunta: No caso abaixo, houve des-
respeito a algum direito de vizinhança? Em caso afirmativo, qual a solução
dada pela justiça? Não se esqueça de postar sua resposta na sala de discussão
da disciplina, disponível no AVA.
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Aula 14 - Condomínio
14.1 Conceito
Nesse sentido, Limongi França (1996, p. 944) ensina que condomínio “[...]
é a espécie de propriedade em que dois ou mais sujeitos são titulares, em co-
mum, de uma coisa indivisa (pro indiviso), atribuindo-se a cada condômino
uma parte ou fração ideal da mesma coisa”.
14.2 Classificação
b. Condomínio incidental
É aquele que deriva da lei e tem como fundamento o fato da coisa ser indivi-
sível. É o que ocorre, por exemplo, com um muro construído separando duas
propriedades. Os confinantes terão a copropriedade deste muro.
Nesse sentido, dispõe o artigo 1.328 do CC: “O proprietário que tiver direito
a estremar um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á
igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado, ou cerca do vizinho,
embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno por ela
ocupado” (BRASIL, 2002).
Ou seja, se por um lado, aquele que construiu o muro tem direito de cobrar
de seu vizinho metade do valor gasto com a construção, o vizinho adquire
a copropriedade sobre o muro, de modo que os dois tornam-se condôminos
sobre o bem.
e-Tec Brasil
Por outro lado, nada impede que o condômino constitua um gravame no bem
(exemplos: penhor e hipoteca). Contudo, a garantia somente atingirá a sua
respectiva parte.
c. Requerimento de divisão
Como regra, vimos que o condômino pode exigir a divisão da coisa comum
a qualquer momento, fato este que extingue a comunhão. É o que diz o artigo
1.320 do CC: “A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coi-
sa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas de
divisão” (BRASIL, 2002).
e-Tec Brasil
Para aprofundar seu estudo, acesse o link abaixo e observe as regras referen-
tes a cada modalidade de condomínio.
Link: http://diritocivilcoisas.blogspot.com.br/2013/04/do-condominio-geral-docondominio.html.
14.6.1 Conceito
Resumo
- o seu conceito;
- sua classificação;
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Anotações
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15.1.2 Convenção
Esse documento, que somente pode ser aprovado por dois terços das frações
ideais, enumera os direitos e obrigações dos condôminos.
15.1.3 Regulamento
e-Tec Brasil
- não alterar a forma e cor da fachada, das partes e das esquadrias externas
(inciso III);
- usar das partes comuns, conforme sua destinação, e contanto que não exclua
a utilização dos demais compossuidores (inciso II).
- votar nas deliberações das assembleias, desde que esteja quite com a sua
contribuição condominial (inciso III).
Por fim, vale dizer que o condomínio é administrado pelo síndico, eleito em
assembleia e cujo mandato é de até dois anos (conforme convenção e regula-
mento), permitida a reeleição. O síndico deve representar o condomínio, em
seus direitos e obrigações, seja em juízo ou mesmo fora dele.
Poderá ele ser tanto uma pessoa física (um condômino, por exemplo) quanto uma
pessoa jurídica (sociedade empresarial que vise administrar condomínios).
BOX 9
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Animais em condomínio
e-Tec Brasil
A convenção do condomínio
Para ter um animal, não basta gostar de bichinhos. Como se vê, são neces-
sárias algumas responsabilidades como: oferecer lazer, cuidar da saúde e da
pelagem, alimentar corretamente. “A pessoa que fica fora do apartamento o
dia todo ou que viaja durante dias, e deixa seu animal sozinho, está fazendo-o
sofrer. O isolamento não é prazeroso nunca, especialmente para o cão. Numa
e-Tec Brasil
15.6.1 Introdução
I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
e-Tec Brasil
Acesse o link abaixo e faça a leitura de um parecer jurídico, que disserta so-
bre a (im)possibilidade da convenção de condomínio proibir a permanência
de animais domésticos em condomínios edilícios. Após a leitura, faça uma
resenha sobre o assunto, abordando as principais ideias discutidas.
LINK: http://www.gatoverde.com.br/leis/animais-em-condominio/.
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c. Caso o fundiário resolva vender o bem imóvel sobre o qual recai a servi-
dão, o superficiário terá direito de preferência na compra.
16.2 Extinção
16.3.1 Conceito
e-Tec Brasil
Dessa forma, o que se busca com esse direito é a valorização do prédio domi-
nante, uma vez que este se torna mais útil e/ou agradável (GARCIA, 2012).
A fim de que fique mais claro, observe o seguinte exemplo: é possível que
seja instituído um direito real de servidão que proíba um prédio de construir
acima de determinada altura, com o intuito de beneficiar um outro prédio, seja
para fins de ventilação, de lazer, para não atrapalhar a vista para o mar etc.
Por interpretação dos artigos 1.378 e 1.379, ambos do CC, o direito real de
servidão poderá ser constituído mediante:
b. Testamento
Nada impede que a servidão seja instituída após a morte, por meio de testa-
mento.
c. Usucapião
Por fim, note que em todas as hipóteses deve haver o registro no CRI.
Extinguir-se-á a servidão:
a. Pela renúncia
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Anotações
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De acordo com Tartuce (2006, p. 455), “[...] usufruto é um direito real tran-
sitório que concede a seu titular o poder de usar e gozar durante certo tempo,
sob certa condição ou vitaliciamente de bens pertencentes à outra pessoa, a
qual conserva sua substância”.
Para que fique mais claro, veja o seguinte exemplo: Bento é proprietário de
diversos apartamentos. Observando que Jubileu, seu melhor amigo, está pas-
sando por necessidades financeiras, resolve ajudá-lo. Para tanto, institui um
usufruto em favor de Jubileu, concedendo-lhe o direito de usar um de seus
apartamentos até o fim de sua vida. Com a instituição do usufruto, Jubileu
(usufrutuário) passará a ter os poderes de usar/gozar da coisa (poderá, por
exemplo, alugar o apartamento, se quiser). Bento (nu-proprietário), porém,
continuará como proprietário do imóvel, mas terá apenas os poderes de rei-
vindicar (de um terceiro que injustamente venha a adquiri-la) ou de dispor
(alienar, vender) da coisa.
e-Tec Brasil
Por fim, é necessário observar que o usufruto pode recair tanto sobre bens
móveis, quanto imóveis, assim como poderá ser instituído sobre a totalidade
ou parte de um patrimônio.
17.2 Características
a. Direito temporário
Todo usufruto deve ser temporário. Isso não quer dizer, porém, que não possa
ser instituído de maneira vitalícia. Ou seja, é possível que usufruto seja fixado:
- de forma vitalícia: somente para físicas. Nessa situação, em que não há pra-
zo final predeterminado, o usufruto se extingue com a morte do usufrutuário.
Perceba que vitaliciedade não descaracteriza a temporariedade do usufruto.
b. Direito real
c. Usucapião.
17.4.1 Direitos
17.4.1 Deveres
e-Tec Brasil
17.5 Extinção
d. Pela extinção da pessoa jurídica, quando a favor dela for instituído (inciso
III).
Resumo
e-Tec Brasil
Na aula de hoje, veremos o direito real de habitação, bem como vamos iden-
tificar o conceito de bem de família, observando suas implicações jurídicas.
Ademais, é importante observar que o objeto desse direito deve ser uma casa
ou apartamento, isto é, somente pode haver direito real de habitação sobre
casa (ou apartamento).
b. Intransmissível (não pode ser cedido a outra pessoa. Ex. não pode alugar
ou emprestar).
a. Convencional
É aquele que é constituído por meio de negócio jurídico, isto é, por contrato
(acordo de vontades) ou testamento (pós-morte).
Nesse caso, o direito deve ser registrado no CRI onde está matriculado o imó-
vel (artigo 167 da Lei 6.015/73).
b. Legal
Sendo assim, imagine a situação em que Bento falece, deixando uma única
casa de herança para seus herdeiros, Gertrudes (sua esposa) e seus filhos Jubi-
leu e Genival. Como regra, de acordo com as leis sucessórias brasileiras, Ger-
trudes terá direito a 50% da casa, e o restante deve ser dividido entre Jubileu
(25%) e Genival (25%). Nessa situação, embora caiba à esposa apenas 50%
do bem, terá ela direito de habitar (continuar morando) o imóvel.
Por fim, insta dizer que se trata de direito vitalício, ou seja, somente será ex-
tinto com a morte da esposa (cônjuge sobrevivente). Observe que, mesmo que
a esposa venha a contrair novo matrimônio e, mesmo que o seu novo marido
venha a residir no imóvel objeto da habitação, o direito persiste, extirpando-
se apenas com o falecimento da habitante.
A expressão bem de família é utilizada para designar bens que são especial-
mente protegidos, ou seja, aqueles bens considerados de família estão res-
guardados, de modo que, em regra, não poderão servir de patrimônio para fins
de pagamento de uma dívida.
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Impenhorável: Bem ou patrimônio que não pode ser utilizado para pagar
dividas a credores.
Fonte: Impenhorável. Disponível em:< http://www.dicionarioinformal.com.br/impenhor%C3%A1vel/>. Acesso em
14 de outubro de 2014.
A lei 8.009/90 impõe que determinados bens devem ser reconhecidos como
bens de família, gozando, por consequência, da proteção da impenhorabili-
dade. Nesse caso, as partes interessadas não precisam tomar quaisquer provi-
dências para que o bem tenha essa especial proteção, pois, a própria lei já se
incumbiu disso.
Assim, via regra, o apartamento que pertence a uma família não poderá ser
penhorado, isto é, eventuais credores da família não poderão acionar o judi-
ciário requerendo a alienação judicial desse imóvel para satisfação da dívida.
Não obstante, existem exceções (ocasiões em que o bem de família poderá ser
penhorado). As principais são:
Exemplo: Caso a família não efetue o pagamento dos salários de sua em-
pregada doméstica, é possível que a casa (bem de família) seja penhorada,
podendo inclusive ser levada a leilão para satisfazer a dívida com o produto
de sua venda.
Exemplo: o pai que deixa de pagar pensão para o filho poderá ter seu bem de
família penhorado para satisfação da dívida. O fundamento aqui é o mesmo
utilizado nos casos de créditos de natureza trabalhista, ou seja, trata-se de
verbas de natureza alimentar, que demanda urgência e relevância.
Por outro lado, temos ainda o bem de família voluntário que, como o próprio
nome diz, é instituído livremente pela entidade familiar, desde que observa-
dos os limites impostos nos artigos 1.711 a 1.722 do CC.
Dessa forma, poderá a entidade familiar instituir bem de família sobre parte
de seu patrimônio, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido
existente ao tempo da instituição (art. 1.711, CC). Exemplo: Se Bento e Ger-
trudes fossem proprietários de três apartamentos avaliados em R$ 100 mil
cada, somente poderão instituir bem de família sobre um deles.
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Resumo
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Foi visto ainda que, caso o promitente vendedor se negue a efetuar a compra
e venda definitiva, poderá o promitente comprador se valer da chamada ad-
judicação compulsória. Relembre, mais uma vez, o que foi dito no módulo
passado por Camargo Júnior (2014, p.52):
Pelo exposto, é necessário deixar claro que, esse direito do promitente com-
prador em adquirir definitivamente o imóvel, é considerado um direito real,
tendo em vista que o CC assim o classifica em seu artigo 1.225.
BOX 8
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ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
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- A adjudicação compulsória.
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Encerrando o estudo dos direitos das coisas, vamos identificar hoje os direitos
reais de garantia: o penhor, a hipoteca e a anticrese.
20.1 Introdução
Instituída uma relação obrigacional (um contrato, por exemplo), é certo que
o eventual credor tem direito de cobrar seu crédito do devedor. Caso este não
venha a quitar sua dívida, poderá o credor acionar o poder judiciário, que
determinará que a obrigação seja satisfeita com o patrimônio do devedor.
Ou seja, Caso Jubileu (devedor) não pague Bento (credor), este irá buscar
respostas no poder judiciário, que determinará a execução do patrimônio do
devedor. Logo, os bens de Jubileu estarão sujeitos a uma venda judicial, cujo
produto da arrecadação servirá para pagar o débito existente.
Pois bem. Inicialmente, e, mesmo sendo repetitivo, devo salientar que é o pa-
trimônio do devedor que responde por suas dívidas. A era do castigo pessoal
(e corporal) não mais existe. Isto é, como regra, o direito brasileiro proíbe que
uma pessoa pague com o seu próprio corpo por suas dívidas, de sorte que o
devedor não poderá ser preso em virtude de um débito seu.
Assim, na hipótese de alguém não honrar com suas dívidas, o credor irá,
por meio do poder judiciário, acionar o patrimônio do devedor. Não havendo
patrimônio (meios para garantir uma execução) o processo será suspenso ou
extinto. O credor poderá apenas se valer de outros instrumentos para tentar
forçar o pagamento voluntário, como ocorre nas situações em que o nome do
devedor é inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC) e Serasa.
Nesse contexto, é possível que as partes pactuem uma garantia especial com
mais segurança e eficácia. No caso, não apenas o patrimônio da pessoa irá
responder por suas dívidas, mas também outro bem específico, que fica vin-
culado ao pagamento da dívida. É o que acontece nas situações em que são
instituídas garantias reais, o que pode se dar por meio do penhor, da hipoteca
e anticrese.
a. Especialização: o bem que servirá como garantia real deve ser individua-
lizado, assim como deve ser pormenorizado o valor do crédito, a taxa de
juros e os prazos para pagamento;
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20.3 Penhor
O penhor pode ser concebido como uma garantia instituída sobre bem móvel,
cuja instituição ocorre (em regra) com a transferência da posse do bem (tradi-
ção) do devedor ao credor, que passa a ser o depositório da coisa.
Recapitulando, foi dito que a instituição do penhor, por regra, opera mediante
a tradição do bem ao novo credor. Contudo, há exceção: no penhor rural, in-
dustrial, mercantil e de veículos a posse permanece com o devedor, que deve
guardar e conservar o bem dado em garantia.
[...]
Por fim, nos termos do artigo 1.436, também do CC, o penhor será extinto nos
seguintes casos:
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20.4 Hipoteca
Por derradeiro, a hipoteca será extinta pelo fim da obrigação, pelo pereci-
mento da coisa, pela resolução da propriedade, pela renúncia do credor e pela
remição, adjudicação ou arrematação da coisa (art. 1.506 do CC).
20.5 Anticrese
Nas lições de Garcia (2012, p. 403), anticrese é “[...] o direito real em garantia
em que o devedor entrega imóvel ao credor, que recebe o direito de perceber
os frutos e rendimentos da coisa, para compensação da dívida (art. 1/506,
CC)”.
Por fim, insta dizer que a anticrese está disciplinada nos artigos 1.506 a 1.510
do CC.
Resumo
Em nossa última aula, você estudou os direitos reais de garantia, que são:
- Penhor.
- Hipoteca.
- Anticrese.
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Referências básicas
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2010.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19 ed. vol. IV.
Rio de Janeiro: Forense, 2005.
TARTUCE. Manual de Direito Civil. 3 ed. ver., atual. ampl. – Rio de Janei-
ro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais. 6 ed. – São Paulo:
Atlas, 2006 (coleção direito civil; v. 5).
Referências complementares
BALTAR NETO, Fernando Ferreira; TORRES, Ronny Charles Lopes de. Di-
reito Administrativo. 2 ed. Bahia: Juspodivm, 2012.
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______. Lei Federal N.º 8.009, de 29 de março de 1990. Dispõe sobre a im-
penhorabilidade do bem de família. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l8009.htm>. Acesso em: 13 de outubro de 2014.
direitonet.com.br/artigos/exibir/3044/Direito-das-obrigacoes-conceito>.
Acesso em:12 de outubro de 2014.
GOMES, Orlando. Direitos reais. 19. ed. atual. Por Luiz Edson Fachin. Rio
de Janeiro: Forense, 2004.
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das coisas. Rio de Janeiro: Lu-
men Juris, 2007.
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TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil. Direito das coi-
sas. São Paulo: GEN, Volume 4, 4ª edição, 2012. Material didático da primei-
ra aula da disciplina Aspectos Processuais e Práticos Relativos aos Direitos
Negociais e Imobiliários, ministrada no curso de pós-graduação lato sensu
televirtual em Direito Civil, Negocial e Imobiliário – Universidade Anhague-
ra – Uniderp – Rede LFG, 2012. Disponível em: <http://micaelmelo.jusbrasil.
com.br/artigos/112133185/breves-comentarios-acerca-da-acao-de-dano-in-
fecto-da-acao-de-nunciacao-de-obra-nova-e-da-acao-demolitoria>. Acesso
em: 14 de outubro de 2014.
Figura 1: Locação.
Fonte: http://www.tacerto.com/c/guia/casa/o-que-e/contrato-de-sublocacao-voce-sabe-o-que-e/.
Figura 4: Ilha.
Fonte: http://extra.globo.com/incoming/8394932-b67-e4b/w640h360-PROP/ILHA-VENDA-AUSTRALIA-MI-
LHOES-CARA-2-JPEG.jpg.
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