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1. FCC l DPE-SP l 2019.

Acerca do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), é


correto afirmar:

a) A contratação de arrendamento mercantil caracteriza o fato gerador do ICMS, devendo o


tributo ser pago pela pessoa física ou jurídica que figurar no contrato como arrendatário do bem,
firmada ou não a cláusula de opção de compra.

b) É lícito ao contribuinte de boa-fé aproveitar créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal


posteriormente declarada inidônea, desde que demonstrada a existência da compra e venda
indicada no documento.

c) O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços de bares,


restaurantes e estabelecimentos similares não constitui fato gerador do ICMS, uma vez que
perfaz a hipótese de incidência do ISSQN.

d) Em razão do princípio da obrigatoriedade da tributação, as operações mistas, aquelas que


comportam um “duplo objeto negocial”, podem ser tributadas por diversas pessoas políticas
sem que se caracterize a bitributação, uma vez que constituem o fato gerador de dois ou mais
tributos.

e) Não caracterizam fato gerador do ICMS as hipóteses de movimentação de mercadorias entre


estabelecimentos de um mesmo contribuinte, salvo se a movimentação ocorrer entre
estabelecimentos situados em Estados diferentes ou entre Estados e o Distrito Federal.

Gabarito: B

Comentários:

O conhecimento acerca da jurisprudência é circunstância elementar para um bom desempenho


nas provas, notadamente em Direito Tributário. Nessa questão o candidato precisa conhecer o
entendimento jurisprudencial do STJ sobre o ICMS, além de conhecer os dispositivos da Lei
Kandir.

a) O art. 3º, VIII, da Lei Kandir (LC 87/96), expressamente exclui da incidência do ICMS as
operações de arrendamento mercantil, quando não há venda do bem arrendado ao
arrendatário, uma vez que nestas situações não ocorre a circulação jurídica da mercadoria, no
que se constitui na hipótese de incidência do ICMS. Isso também se reflete na jurisprudência do
STJ, razão pela qual a assertiva está incorreta.

b) A alternativa é a transcrição da Súmula 509, do STJ. A lógica da jurisprudência é a boa fé, uma
vez que o contribuinte não pode ser penalizado se ao tempo da operação não tinha como
verificar a idoneidade do fornecedor. Por outro lado, caso o contribuinte previamente tivesse
conhecimento acerca da inidoneidade, não poderia aproveitar os créditos. Correto.

c) O art. 2º, I, da Lei Kandir prescreve que o ICMS incide sobre fornecimento de alimentação e
bebidas em bares e restaurantes. A questão chegou ao STJ, que sumulou entendimento
ratificando que incide ICMS sobre o valor total quando se trata de alimentação e bebidas
fornecidas em bares e restaurantes, malgrado haja também um serviço subjacente. Logo, a
assertiva está incorreta.

d) Não é possível a incidência por diversas pessoas políticas nesse caso. Há diversos dispositivos
na Lei Kandir que indicam que quando incide o ICMS, não incide o ISSQN nos casos de "duplo
objeto negocial". Além disso, o CTN aponta como cabimento de ação de consignação em
pagamento quando há exigência de mais de uma pessoa jurídica de direito público sobre o
mesmo fato gerador. Errado.

e) A incidência do ICMS decorre da circulação jurídica, ou seja, é necessário que ocorra mudança
de titularidade da mercadoria. Isso não ocorre quando há movimento entre estabelecimentos
da mesma pessoa jurídica. Nesse sentido, foi editada a Súmula 166, do STJ. Errado.

2. FEPESE l PGE/SC l 2018. Assinale a alternativa correta a respeito do Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

a) Incide o ICMS sobre a alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.

b) Empresas do ramo da construção civil estão obrigadas a pagar ICMS sobre mercadorias
adquiridas como insumos em operações interestaduais.

c) É legítima a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de


pauta fiscal.
d) Os descontos incondicionais em operações mercantis não se incluem na base de cálculo do
ICMS.

e) O deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa


constitui fato gerador do ICMS.

Gabarito: D

Comentários

A) A própria Lei khandir exclui expressamente a cobrança de ICMS decorrente da venda de bens
salvados de sinistros pelas seguradoras, conforme art. 3º, IX. A jurisprudência dos Tribunais
superiores também seguiu nesta linha, no que resultou no cancelamento da 152-STJ: Na venda
pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS. Atualmente, é pacifico que não
incide o ICMS nessas circunstâncias.

b) As empresas de construção civil, quando compram bens que serão usados em suas obras são
consideradas não-contribuintes do ICMS, pois sua atividade está caracterizada pela prestação
de serviço, que por sua vez é o fato gerador do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza). Logo, a empresa de construção civil que comprar insumos para sua obra em outro
Estado, tendo em vista não ser contribuinte do ICMS, deve se sujeitar à alíquota interna.

Neste sentido, a Súmula 432, STJ - As empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar
ICMS sobre mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais.

c) A pauta fiscal consiste na fixação de um valor mínimo no qual o fisco entendia com presunção
absoluta que determinadas mercadorias deveriam ser vendidas, sob a pena de ser cobrado
subfaturamento sobre as vendas com valores inferiores das pautas fiscais. Por violar diversas
garantias constitucionais do contribuinte, a exemplo da vedação ao confisco, essa forma de
cobrança foi considerada ilegal pelo STJ.

É importante não confundir a sistemática da pauta fiscal com outras situações semelhantes e
legítimas, como arbitramento pelo Fisco e o estabelecimento de margem de valor agregado no
ICMS substituição, por exemplo.
O Fisco pode arbitrar o valor da base de cálculo quando não mereçam fé os valores apresentados
pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 148 do CTN. O arbitramento é legal, desde que seja
feito por processo regular, permitindo avaliação contraditória administrativa ou judicial.

Da mesma forma, o fisco se utiliza de valores presumidos para fixar a base de cálculo no caso da
substituição tributária, uma vez que a operação ainda irá se concretizar. Existe a possibilidade
de o contribuinte ressarcir o valor caso a base de cálculo efetiva se revele inferior à presumida,
segundo a jurisprudência do STF.

A pauta fiscal, por se constituir em mecanismo arbitrário e que destoa das situações albergadas
pela legislação é ilegítima, inclusive havendo súmula neste sentido - Súmula 431/STJ - É ilegal a
cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.

d) Segundo a jurisprudência do STJ, os descontos incondicionados não perfazem a base de


cálculo do ICMS, pois não integram o valor da mercadoria no momento em que se concretiza a
operação. Por outro lado, a legislação estabelece que quando os descontos são concedidos sob
condição, devem integrar a base de cálculo da exação - LC 87/96, Art. 13 § 1o Integra a base de
cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: II - o valor
correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas,
bem como descontos concedidos sob condição;

e) No mero deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos que pertencem à um mesmo


contribuinte, não há operação de compra e venda ou qualquer outra que justifique a ocorrência
de circulação jurídica do bem, a fim de fazer incidir o ICMS. Circulação jurídica é fato gerador,
ou seja, aquela que implica a transferência da propriedade. Neste sentido, há entendimento
sumulado pelo STJ.

Súmula 166, STF → Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria
de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte

3. FCC l PGE/AP l 2018. Dentre as regras essenciais para o lançamento e cobrança do ICMS,
encontram-se aquelas que dizem respeito ao local da operação ou da prestação, à definição do
estabelecimento responsável, ao momento da ocorrência do fato gerador e à determinação de
sua base de cálculo. De acordo com a Lei Complementar federal nº 87/1996, local da operação,
para os efeitos da cobrança do imposto e definição do estabelecimento responsável é, tratando-
se de mercadoria ou bem,
a) o do estabelecimento que transfira a propriedade de mercadoria por ele adquirida no país, e
que por ele não tenha transitado; a base de cálculo é o valor da aquisição da mercadoria,
acrescida de um IVA de até 20%, e considera-se ocorrido o fato gerador no momento da
transmissão da sua propriedade.

b) importado do exterior, o do local em que se encontrar a repartição que processar o


despacho aduaneiro; a base de cálculo é o valor da operação, podendo ser aplicado um IVA
de até 80% sobre esse valor, em substituição aos impostos e encargos incidentes na
importação, e considera-se ocorrido o fato gerador no momento da saída da mercadoria da
repartição aduaneira que processou o despacho e desembaraçou a mercadoria.

c) importado do exterior, o do domicílio do adquirente, quando não estabelecido; a base de


cálculo é o valor da operação, determinado com base no valor da mesma mercadoria, ou de
mercadoria equivalente, no local do desembaraço aduaneiro, e considera-se ocorrido o fato
gerador no momento do seu efetivo recebimento pelo adquirente, ou da entrega da
mercadoria em seu domicílio.

d) aquele onde seja realizada a licitação, no caso de arrematação de mercadoria importada


do exterior e apreendida; a base de cálculo é o valor da operação acrescido do valor dos
impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas
ou debitadas ao adquirente e considera-se ocorrido o fato gerador no momento do
desembaraço aduaneiro.

e) o do Estado onde estiver localizado o adquirente, nas operações interestaduais com


energia elétrica, quando não destinada à industrialização ou à comercialização; a base de
cálculo é o valor da operação de que decorrer essa entrada, e considera-se ocorrido o fato
gerador no momento da entrada da energia elétrica no território do Estado do adquirente.

Gabarito: E

Comentários

a) O início da assertiva se apresenta como correto, pois de fato em relação ao aspecto


espacial da regra matriz de incidência tributária, o local da operação realmente é o do
estabelecimento que transfira a propriedade de mercadoria por ele adquirida no país, e que
por ele não tenha transitado.: art. 11, I, c) ; Ocorre que em relação ao aspecto quantitativo,
a assertiva aponta informação errada, pois a base de cálculo não é o valor da aquisição da
mercadoria, acrescida de um IVA de até 20%, e sim o próprio valor da operação.
b) No ICMS importação, segundo a Lei Khandir, o fato gerador se considera ocorrido no
estabelecimento em que ocorre a entrada física do bem, e não o do local em que se
encontrar a repartição que processar o despacho aduaneiro; nos termos do Art 11, I, d)

Quanto à base de cálculo, essa se compõe pela soma do valor da mercadoria que consta
no documento da importação, acrescido dos impostos correlatos, nos termos do art. 13, V
da Lei Khandir. Assertiva incorreta.

c) O início da assertiva é correto, pois importado do exterior, o do domicílio do adquirente,


quando não estabelecido é considerado o local da prestação, nos termos do art.11, I, e);
Ocorre que já designado, a base de cálculo não é o valor da operação, mas sim o valor do
bem importado acrescido dos impostos incidentes indicados no art. 13, V; Por fim, em
relação ao aspecto temporal da regra matriz de incidência de tributária, nesta circunstância
vai ser a entrega se antes do desembaraço aduaneiro.

d) De fato, o local da operação será nesta ocasião aquele onde seja realizada a licitação, no
caso de arrematação de mercadoria importada do exterior e apreendida confiorme art.11, I,
f); Também está apontado corretamente que a base de cálculo é o valor da operação
acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas
as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente, nos termos do 13, VII, porém o momento
da ocorrência do fato gerador não é o do desembaraço, e sim o da própria licitação, nos
termos do art.12, IX da Lei Khandir.

e) A alternativa apresenta todos os elementos corretamente. O local da operação é o do


Estado onde estiver localizado o adquirente, nas operações interestaduais com energia
elétrica, quando não destinada à industrialização ou à comercialização conforme Art. 11, I,
g); a base de cálculo é o valor da operação de que decorrer essa entrada nos termos do13,
VIII; e quanto ao momento em que se concretiza o fato gerador, este considera-se ocorrido
quando da entrada da energia elétrica no território do Estado do adquirente nos termos do
art. 12, XII.
4. FCC l PGE/AP l 2018. A morte de Adélia, em sua casa, causou grande tristeza e surpresa no
bairro. Em sua homenagem, seus amigos contrataram o serviço de funeral completo, incluindo
caixão, transporte do corpo cadavérico, fornecimento de flores, coroas e outros paramentos,
desembaraço de certidão de óbito, fornecimento de véu e embelezamento do cadáver, porque
Adélia sempre foi muito vaidosa. Ela foi enterrada no cemitério que fica no mesmo bairro onde
residia.

a) ISS, o transporte do corpo cadavérico, o desembaraço de certidão de óbito e o


embelezamento do cadáver; e, pelo ICMS, o caixão, o fornecimento de flores e coroas e o
fornecimento de véu.

b) ICMS, o caixão, o transporte do corpo cadavérico, o fornecimento de flores e coroas, o


desembaraço de certidão de óbito, o fornecimento de véu e o embelezamento do cadáver.

c) ISS, o desembaraço de certidão de óbito e o embelezamento do cadáver; e, pelo ICMS, o


caixão, o transporte do corpo cadavérico, o fornecimento de flores e coroas e o fornecimento
de véu.

d) ISS, o caixão, o transporte do corpo cadavérico, o fornecimento de flores e coroas, o


desembaraço de certidão de óbito, o fornecimento de véu e o embelezamento do cadáver.

e) ISS, o transporte do corpo cadavérico, o fornecimento de flores e coroas, o desembaraço de


certidão de óbito e o embelezamento do cadáver; e, pelo ICMS, o caixão e o fornecimento de
véu.

Gabarito: D

Trata-se de situação em que há uma operação mista, com o fornecimento de mercadoria em


conjunto com a prestação de um serviço. No contexto das operações mistas, deve se ter em
mente que o ICMS é subsidiário em relação ao ISS, ou seja, quando a operação mista for sujeita
ao ISS e estiver contemplada na lista taxativa que consta na LC 116-2003, incidirá apenas ISS
sobre toda a operação. Por outro lado, quando o serviço não estiver previsto na lista, incidirá
somente o ICMS sobre todo o montante e por fim, em algumas situações expressamente
destacadas na LC 116-2003, haverá a incidência de ICMS especificamente em relação ao valor
das mercadorias e ISS em relação ao valor referente aos serviços.
Na hipótese descrita na questão há típica prestação de serviços funerários, o que se dá em
conjunto com algumas mercadorias, apontadas na questão. Aplicando o raciocínio acima
exposto, que é sufragado no STJ, temos que o correto será a incidência do ISS sobre todo o valor
da operação –

Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), de competência dos Municípios
e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa,
ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.

§2º Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam
sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua
prestação envolva fornecimento de mercadorias.

25.01 – Funerais, inclusive fornecimento de caixão, urna ou esquifes; aluguel de capela;


transporte do corpo cadavérico; fornecimento de flores, coroas e outros paramentos;
desembaraço de certidão de óbito; fornecimento de véu, essa e outros adornos; embalsamento,
embelezamento, conservação ou restauração de cadáveres.

Observe-se o seguinte julgado do STJ, que pode ser considerado paradigma da exegese acima
descrita

“Incide ISS - e não ICMS - sobre o serviço de montagem de pneus, ainda


que a sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na
montagem. O art. 1º da LC 116/2003 estabelece, no seu caput, que o
"Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos
Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação
de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se
constituam como atividade preponderante do prestador". Ademais,
esse mesmo artigo, no seu § 2º, prevê que, "Ressalvadas as exceções
expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam
sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, ainda que sua prestação
envolva fornecimento de mercadorias". Diante disso, a Segunda
Turma do STJ decidiu que, quando houver o desenvolvimento de
operações mistas, deve ser verificada a atividade desenvolvida pela
empresa, a fim de definir o imposto a ser recolhido, sendo que, "Se a
atividade desenvolvida estiver sujeita à lista do ISSQN, o imposto a ser
pago é o ISSNQ, inclusive sobre as mercadorias envolvidas, com a
exclusão do ICMS sobre elas, a não ser que conste expressamente da
lista a exceção" (EDcl no AgRg no AgRg no REsp 1.168.488-SP, DJe
21/6/2010). No mesmo sentido, a Primeira Turma do STJ (REsp
1.102.838-RS, DJe 17/12/2010), mencionando precedente da Primeira
Seção (REsp 1.092.206-SP, DJe 23/3/2009), firmou o entendimento no
sentido de que "(a) sobre operações 'puras' de circulação de
mercadoria e sobre os serviços previstos no inciso II, do art. 155 da
CF (transporte interestadual e internacional e de comunicações)
incide ICMS; (b) sobre as operações 'puras' de prestação de serviços
previstos na lista de que trata a LC 116/03 incide ISS; (c) e sobre
operações mistas, incidirá o ISS sempre que o serviço agregado
estiver compreendido na lista de que trata a LC 116/03 e incidirá
ICMS sempre que o serviço agregado não estiver previsto na referida
lista". Além disso, as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ
(AgRg no AREsp 118.207-SP, Segunda Turma, DJe 23/9/2014; e REsp
1.183.210-RJ, Primeira Turma, DJe 20/2/2013) firmaram o
entendimento segundo o qual a lista de serviços anexa à LC 116/2003,
que estabelece quais serviços sofrem a incidência do ISS, comporta
interpretação extensiva, para abarcar os serviços correlatos àqueles
previstos expressamente, uma vez que, se assim não fosse, ter-se-ia,
pela simples mudança de nomenclatura de um serviço, a incidência ou
não do ISS. Dessa forma, realizando-se uma interpretação extensiva da
legislação de regência, verifica-se que o serviço de montagem de
pneus encontra-se inserido dentro do item 14.01 da lista anexa à LC
116/2003, por se enquadrar dentro do item "manutenção e
conservação de [...] veículos". Nesse sentido, aliás, vale destacar que a
Segunda Turma do STJ, no julgamento do REsp 33.880-SP (DJ
25/3/1996), sob a égide do Decreto-Lei 406/1968 - que, quanto ao
ponto, possuía item com idêntica redação à atual ("manutenção e
conservação de [...] veículos") - assentou que o serviço de montagem
de pneus não estaria sujeito ao ICMS, mas sim ao ISS.” (REsp
1.307.824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
27/10/2015, DJe 9/11/2015)

5. VUNESP l PGE / SP l 2018. Tendo em mente as disposições constitucionais sobre a fixação de


alíquotas do ICMS, assinale a alternativa correta.

a) A alíquota do ICMS aplicável às operações ou prestações interestaduais, que destinem a bens


ou serviços a consumidor final, é aquela do Estado de origem.

b) A alíquota do ICMS aplicável às operações ou prestações interestaduais é a do Estado de


destino, somente no caso em que o adquirente for contribuinte do imposto.

c) As alíquotas internas máximas do ICMS não podem ser fixadas pelo Senado Federal em
hipótese alguma.

d) O ICMS pode ter alíquotas mínimas para operações internas fixadas pelo Senado Federal.

e) A alíquota do ICMS incidente em operações de exportação não pode ser fixada pelo Senado
Federal.

Comentários

A questão demanda basicamente o conhecimento da literalidade das disposições


constitucionais aplicáveis.

As assertivas A e B estão equivocadas. Nas operações interestaduais que destinem bens e


serviços a consumidor final, contribuinte ou não do ICMS, adotar-se-á a alíquota interestadual
e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre
a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual, nos termos do art. 155, §
2º, VII da Constituição Federal.

c) Alternativa errada. É facultado ao Senado Federal fixar alíquotas máximas nas operações
internas para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução
de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros.

d) CORRETA. Sim, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada por maioria absoluta
de seus membros.
e) As alíquotas do ICMS-exportação devem ser fixadas pelo Senado Federal, mediante resolução
de iniciativa do Presidente ou de um terço dos membros do Senado Federal, aprovada pela
maioria absoluta destes.

6. VUNESP l PGE/SP l 2018. Lei estadual confere benefício fiscal previamente aprovado pelos
Estados e pelo Distrito Federal, nos termos do art. 155, parágrafo 2°, XII, letra g, da Constituição
Federal. O benefício é de redução de base de cálculo do ICMS para operações internas com
produtos de limpeza, de forma que a carga final do imposto fica reduzida a 50% da incidência
normal. A empresa Delta usufrui do benefício em todas as suas operações internas, pois
comercializa exclusivamente produtos de limpeza. Não há, na legislação tributária, qualquer
outra previsão de benefício que Delta possa usufruir. Todas as operações interestaduais de Delta
sofrem tributação normal do imposto. Todos os seus fornecedores estão estabelecidos na
mesma unidade da federação que Delta e nenhum deles goza de benefício fiscal.

Considerada essa situação hipotética, a empresa Delta

a) não deve anular os créditos do imposto, relativamente às aquisições de produtos objeto de


posteriores operações internas e interestaduais, pois goza de benefício fiscal.

b) deve anular integralmente o crédito do imposto pago na aquisição de produtos destinados a


operações internas, desde que, no mesmo período de apuração, tenha operações
interestaduais, pois estas são integralmente tributadas.

c) deve anular parcialmente os créditos do imposto incidente em todas as aquisições de


produtos, desconsiderando a incidência de benefícios nas operações posteriores, por força do
regime periódico de apuração a que se sujeita o ICMS.

d) deve anular integralmente os créditos do imposto incidente em todas as aquisições de bens


revendidos, independentemente de redução de base de cálculo, com fundamento na não
cumulatividade do imposto.

e) deve anular parcialmente o crédito do imposto, relativamente aos bens adquiridos para
posteriores operações beneficiadas, na mesma proporção da redução da base de cálculo, pois
tal benefício corresponde à isenção parcial.

Gabarito: E
Comentários:

O regime de compensação de crédito tributário do ICMS, decorrente da sua não-cumulatividade,


tem regra constitucional que regulamenta a situação dos créditos em casos de isenção do
imposto.

Antes de explicarmos a regra, vamos ilustrar a situação por ela tratada.

Imagine que uma grande fazenda produtora de cana-de-açúcar vende uma safra para uma
grande fabricante de açúcar cristal e nessa operação paga R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título
de ICMS. A fabricante de açúcar cristal repassa o seu produto a comerciantes em atacado, mas
essa operação ganhou uma isenção de ICMS.

Nessa situação, o fabricante manterá os créditos de ICMS dessa cadeia, decorrentes do


pagamento de imposto pela fazenda produtora?

Em regra, não. Segundo disposto no art. 155, §2º, II, b, da CF/88, a isenção ou não-incidência
acarretará anulação do crédito relativo às operações anteriores. Todavia, a legislação tributária
pode fixar regra em sentido diverso, conforme ressalva prevista no mesmo dispositivo
constitucional.

Agora imagine que, ao invés de isentar totalmente a operação de venda do fabricante para o
comerciante em atacado, o benefício fiscal seja apenas para reduzir a base de cálculo do tributo.
Os créditos da operação anterior serão integralmente anulados?

Não. Primeiramente é preciso entender que a redução da base de cálculo equivale a uma
isenção parcial. Há uma redução do tributo decorrente da exclusão do crédito apenas sobre
parte da base de cálculo do fato gerador. Se o contribuinte deveria pagar o imposto sobre X,
passa a pagar apenas sobre X/2.

Se nos casos de isenção total há a anulação total dos créditos resultantes de operações
anteriores, no caso de isenção parcial (redução da base de cálculo), a anulação deve ser
proporcional à respectiva redução, não podendo ser igualmente integral.

Além disso, é importante ressaltar que apenas serão anulados os créditos de operações
anteriores quando as operações subsequentes forem beneficiadas.

No caso do enunciado, apenas haverá a anulação dos créditos referentes às operações internas,
pois elas são beneficiadas pela redução da base de cálculo. No caso das operações
interestaduais, por não existir benefício fiscal, não se justifica a anulação dos créditos referentes
às operações anteriores.
Vale ressaltar que a legislação tributária pode determinar a manutenção dos créditos nessas
situações, porém não há notícias de tal determinação no caso dos autos.

Nesse sentido, decidiu o STF no julgamento do RE 635688/RS:

Recurso Extraordinário. 2. Direito Tributário. ICMS. 3. Não


cumulatividade. Interpretação do disposto art. 155, §2º, II, da
Constituição Federal. Redução de base de cálculo. Isenção parcial.
Anulação proporcional dos créditos relativos às operações anteriores,
salvo determinação legal em contrário na legislação estadual. 4.
Previsão em convênio (CONFAZ). Natureza autorizativa. Ausência de
determinação legal estadual para manutenção integral dos créditos.
Anulação proporcional do crédito relativo às operações anteriores. 5.
Repercussão geral. 6.Recurso extraordinário não provido.

(RE 635688, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado


em 16/10/2014, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-030 DIVULG 12-02-2015 PUBLIC 13-02-2015)

Desse modo, a alternativa A é incorreta pois defende a não anulação dos créditos. A alternativa
B é igualmente incorreta por defender a anulação integral dos créditos tributários, quando é o
caso de anulação parcial. A alternativa C erra ao generalizar a anulação dos créditos em todas
as operações subsequentes, ainda que essas não sejam beneficiadas. A alternativa D, por fim,
erra ao também defender a anulação integral dos créditos tributários, quando o correto é a
anulação parcial.

7. CESPE l PGE-PE I 2018. Determinada empresa de revenda de veículos usados aceitou


automóvel de passeio em consignação com o objetivo de intermediar a venda. Dada a pouca
demanda dos clientes pelo veículo, resolveu transportá-lo para uma de suas filiais, dentro do
mesmo estado, com maior visibilidade de mercado.

No que se refere a essa situação hipotética, considere as asserções apresentadas a seguir.


I O ICMS incide sobre a operação de transferência entre as filiais, mas não sobre a operação de
consignação.

II Para a incidência do ICMS, exige-se a transferência física da mercadoria.

Assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são falsas

b) A asserção I é verdadeira, e a II, falsa.

c) A asserção I é falsa, e a II, verdadeira.

d) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é justificativa da I.

e) As asserções I e II são verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I.

Gabarito: A

Comentários:

O ICMS tem como fato gerador a circulação jurídica de mercadorias, não sendo suficiente a
mera circulação física.

O sentido atribuído para a palavra circular, enquanto fato gerador do ICMS, deve ser o de
mudança de titular. Conforme nos ensina Geraldo Ataliba, “se um bem ou mercadoria mudam
de titular, circula para efeitos jurídicos. Convenciona-se designar por titularidade de uma
mercadoria, à circunstância de alguém deter poderes jurídicos de disposição sobre a mesma,
sendo ou não seu proprietário (disponibilidade jurídica)”.

Desse modo, a transferência de um bem de uma filial para outra da mesma pessoa jurídica não
representa uma circulação jurídica do bem, mas apenas física, tendo em vista que não há a
troca de titularidade exigida para a caracterização do fato gerador desse imposto.

Embora a Lei Kandir (LC 87/96) preveja como fato gerador a “saída da mercadoria de
estabelecimento do contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular”,
prevalece na doutrina que essa disposição não é comportada pela Constituição Federal, não
havendo competência tributária para a incidência do imposto quando não há a circulação
jurídica do bem.

Nesse sentido, dispõe a súmula 166 do STJ:


Súmula nº 166 do STJ. Não constitui fato gerador do ICMS o simples
deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte.

Do mesmo modo, nas situações em que as concessionárias intermedeiam a venda de veículos


de particulares, não há a circulação de mercadoria. A entrega do veículo à concessionária não
importa na transferência da titularidade a essa. A empresa apenas fica na posse do veículo para
fazer a sua exposição para possíveis interessados na compra do bem.

Igualmente, se ocorrer a venda intermediada do veículo, a operação é entre o proprietário


particular e o comprador. A concessionária atua apenas para facilitar o encontro entre as partes
do negócio, como uma espécie de corretor.

Nessa operação, embora haja a circulação jurídica da mercadoria, o particular não é contribuinte
do ICMS se não promover a circulação de mercadorias com habitualidade ou em volume que
caracterize o intuito comercial, conforme disposto no art. 4º da Lei Complementar nº 87/96.

Nesse sentido, já decidiu o STJ no REsp 1321681/DF, julgado esse veiculado no informativo 515
da corte:

"a mera consignação do veículo cuja venda deverá ser promovida por
agência de automóveis não representa circulação jurídica da
mercadoria, porquanto não induz à transferência da propriedade ou
da posse da coisa, inexistindo, dessa forma, troca de titularidade a
ensejar o fato gerador do ICMS"

Portanto, as assertivas I e II estão incorretas.

8. FCC l PGE-TO l 2018. Uma distribuidora de combustíveis da Bahia vende gasolina para um
posto de gasolina de Tocantinópolis/TO, que vai comercializar o produto, e para uma empresa
prestadora de serviços de transporte intramunicipal de Porto Nacional/TO, que vai utilizá- lo nas
suas prestações de serviço de transporte intramunicipais. De acordo com a Lei Complementar
no 87/1996, nas remessas que a distribuidora baiana fizer para essas duas empresas, a
remetente:

a) não se debitará nem recolherá o ICMS para o Estado da Bahia, nem os adquirentes
tocantinenses deverão debitar ou recolher o imposto aos cofres de Tocantins, pela entrada da
gasolina neste Estado, relativamente às aquisições feitas em operações interestaduais.
b) deverá se debitar e recolher o ICMS para o Estado da Bahia, mas somente o posto de gasolina
poderá se creditar do imposto anteriormente cobrado.

c) não se debitará nem recolherá o ICMS para o Estado da Bahia, mas, na qualidade de
contribuinte, deverá debitar e recolher o imposto a favor dos cofres de Tocantins, pela entrada
do combustível neste Estado, relativamente às aquisições feitas pelas duas empresas.

d) deverá, de um lado, se debitar e recolher o ICMS para o Estado da Bahia, e, de outro lado,
deverá, na qualidade de contribuinte, debitar e recolher o imposto a favor dos cofres de
Tocantins, pela entrada do combustível neste Estado, relativamente às aquisições feitas pelo
posto de gasolina.

e) não se debitará nem recolherá o ICMS para o Estado da Bahia, mas o prestador de serviços
de transporte intramunicipal, na qualidade de contribuinte, deverá pagar o imposto ao Estado
de Tocantins, pela entrada do combustível neste Estado, relativamente às aquisições efetuadas
por ele.

Gabarito: E

Comentários:

A questão traz uma situação de operações interestaduais de derivado de petróleo. Em um caso,


o comprador destinará o produto à revenda. No segundo caso, o produto será para consumo na
prestação de serviço de transporte intramunicipal.

No caso de operação interestadual cujo destinatário não seja consumidor final, aplica-se a
alíquota interestadual na saída do produto do estabelecimento do remetente (art. 12, I, da Lei
Complementar 87) e quando o destinatário for comercializar o produto, pagará a alíquota
interna com desconto do que já foi pago no valor da alíquota interestadual (não cumulatividade
do ICMS).

As alíquotas aplicáveis às operações interestaduais cujo destinatário seja consumidor final


observam, em regra, o disposto no art. 155, §2º, VII, da Constituição Federal. Segundo o
dispositivo, aplica-se a alíquota interestadual, devida ao Estado de origem da mercadoria. Ao
Estado destinatário será devida a diferença entre a alíquota interna e a interestadual.

Se o consumidor final destinatário for contribuinte do ICMS, cumpre a ele o recolhimento dessa
diferença devida ao Estado de destino. Se o consumidor final destinatário não é contribuinte de
ICMS, cumpra ao remetente o recolhimento dessa diferença devida ao Estado de destino.
Esse regramento visa beneficiar os Estados destinatários de mercadorias em operações
interestaduais para consumidores finais. Antes, o Estado de origem cobrava a alíquota interna
e nada era cobrado pelo consumidor final, que por ter essa condição, não praticava novo fato
gerador do ICMS no Estado de destino.

Houve, portanto, uma repartição da receita nas operações interestaduais.

Vale destacar que esse regramento pressupõe que a alíquota interestadual seja inferior à
alíquota interna, para que haja uma diferença a ser cobrada pelos Estados de origem da
mercadoria. Por esse motivo, o constituinte exige que as alíquotas não sejam inferiores às
alíquotas interestaduais, salvo deliberação dos Estados por meio de convênio (art. 155, §2º, VI,
da CF/88).

Todavia, esse regramento não se aplica à questão.

No caso de operações interestaduais envolvendo petróleo e seus derivados, há uma imunidade


na saída do combustível para outro Estado, conforme disposto no art. 155, X, b, da CF/88:

X – não incidirá:

[...]

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive


lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e
energia elétrica;

Nesse caso, só haverá a ocorrência do fato gerador do ICMS quando da entrada do combustível
no Estado de Origem, conforme disposto no art. 12, XII, da Lei Complementar 87, se não for
destinado à comercialização ou à industrialização (ou seja, se for consumidor final):

Art. 12 Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis


líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos
de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou
industrialização;
Caso seja destinado à comercialização ou à industrialização, o ICMS incidirá quando da operação
de saída do estabelecimento destinatário na operação interestadual, conforme disposto no art.
12, I, da Lei Complementar 87.

Diante disso, o adquirente de Tocantinópolis/TO, por não ser consumidor final, pagará o ICMS
quando da realização da revenda do combustível, sendo devida a alíquota interna do Estado de
Tocantins.

Por outro lado, o adquirente de Porto Nacional/TO, por ser consumidor final (sem vinculação
com nenhuma operação subsequente que se submeta ao ICMS), pagará o valor do imposto
quando da entrada do combustível no Estado de Tocantins.

Atenção: Esse adquirente é consumidor final pelo fato de prestar serviço de transporte
intramunicipal, não abarcado, portanto, pelas hipóteses de incidência do ICMS. Justamente por
esse fato, se não houvesse a cobrança quando da entrada do combustível no Estado, não haveria
outra oportunidade para sua cobrança.

9. CESPE – PGE/AM – 2016. Considerando os limites ao exercício do poder de tributar, julgue o


item seguinte.

Os convênios firmados pelos estados para dispor a respeito de isenções do ICMS são qualificados
como normas complementares, pois não inovam o ordenamento jurídico.

Gabarito: Errado.

Comentários:

O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços de transporte interestadual e


intermunicipal e de comunicação revela um elevado potencial de gerar guerras fiscais entre os
entes federados. Por ser da competência dos Estados, cada um poderia fixar alíquotas mais
baixas e conceder benefícios fiscais mais vantajosos para atrair investimentos e
empreendimentos para o seu território.
Para evitar essa prática, a própria Constituição Federal criou uma série de mecanismos que
restringem a competência tributária dos Estados com relação a esse tributo.

Dentre esses mecanismos, a imposição de convênio entre os Estados para a concessão de


benefícios fiscais, conforme disposto no art. 155, §2º, XII, g, da Constituição Federal.

A forma como esses convênios serão aprovados é determinada por meio da lei complementar
24/1975 que afirma em seu artigo inaugural: “as isenções dos impostos sobre operações
relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios
celebrados e ratificados pelo Estado e pelo Distrito Federal”.

A exigência dessa espécie normativa visa evitar que os entes possam conceder benefícios fiscais
de forma unilateral com o objetivo de se tornar mais atrativo que os demais. Além disso, as
disposições dos convênios firmados na forma dessa lei complementar obrigam a todos os
Estados e Distrito Federal, conforme disposto no art. 7º do diploma normativo.

A celebração desse convênio ocorre em reunião para as quais tenham sido convocados
representantes de todos os Estados e Distrito Federal, sob a presidência do Governo Federal,
exigida a presença da maioria absoluta dos representantes para que ela ocorra.

Para a concessão dos benefícios, exige-se a aprovação por unanimidade dos entes. A revogação
dos benefícios, por outro lado, exige apenas a aprovação de 4/5 dos representantes presentes.
Atingidos esses quóruns, haverá a publicação no Diário Oficial da União.

Passados quinze dias da publicação, o Poder Executivo de cada uma das Unidades Federativas
deverá publicar decreto ratificando ou não o convênio celebrado. Se não houve publicação do
decreto, o silêncio importa na ratificação tácita.

Para a ratificação do benefício ou da revogação exige-se o mesmo quórum para a aprovação do


convênio, ou seja, unanimidade ou 4/5, respectivamente.

Uma vez ratificado, no prazo de 10 dias haverá a publicação da decisão no Diário Oficial da
União. Trinta dias depois dessa publicação o convênio entra em vigor, exceto se houver
disposição em contrário.

Percebe-se que o convênio em comento inova no ordenamento jurídico, tratando de matéria


típica de lei, mas que, pela estrutura peculiar do imposto, foi transferida para essa espécie
normativa. Trata-se de norma que tira seu fundamento de validade diretamente da
Constituição Federal de 1988, não se limitando a regulamentar ou delimitar matéria de lei.
Por esses motivos, são atos normativos considerados primários e não complementares, pois
inovam no ordenamento jurídico.

10. PGE/MS – PGE/MS – 2014. Analise as assertivas abaixo e assinale a opção correspondente:

I - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento do desembaraço aduaneiro de


mercadorias ou bens importados do exterior. E o sujeito ativo da relação jurídico-tributária do
ICMS é o Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da
mercadoria, pouco importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu por meio de ente
federativo diverso.

II - A Emenda Constitucional 33/01 ampliou o campo de incidência do ICMS ao aludir à entrada


de bem ou mercadoria importados do exterior. Assim, pode-se concluir que a importação de
bem, para consumo, para integrar o ativo fixo ou para uso próprio do adquirente, ficou sujeita
à incidência do tributo, sem que isso implique em bis in idem.

III - O sujeito passivo do ICMS é o adquirente-importador, seja ele pessoa física ou jurídica, e não
a pessoa que promove a exportação sediada no exterior.

IV - O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto de importação,
nos termos da lei aplicável, não poderá substituir o preço declarado pelo contribuinte para fins
de cobrança do ICMS.

a) Todas estão corretas.

b) Todas estão incorretas.

c) Somente I e II estão corretas.

d) Somente I, II e IV estão corretas.

e) Somente I, II e III estão corretas.

Gabarito: E

Comentários:

I – CORRETA. O momento da ocorrência do fato gerador no caso de importação de bens é


definido pelo art. 12, IX, da Lei Complementar 87, que afirma:
Art. 12 Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

[...]

IX – do desembaraço aduaneiro das mercadorias ou bens importados


do exterior.

O sujeito ativo, nessa hipótese, será o Estado do domicílio do adquirente ou destinatário do bem
importado, ainda que o desembaraço aduaneiro ocorra em Estado diverso. O entendimento foi
firmado pelo STF no julgamento do RE 396.859-AgR/RJ:

O ICMS incidente na importação de mercadoria é devido ao Estado


onde estiver localizado o destinatário jurídico do bem, isto é, o
estabelecimento importador: precedente (RE 299.079, Carlos Britto,
Inf/STF 354)

(RE 396859 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira


Turma, julgado em 26/10/2004, DJ 10-12-2004 PP-00036 EMENT VOL-
02176-03 PP-00541 RDDT n. 114, 2005, p. 159-162)

II – CORRETA. Antes da Emenda Constitucional nº 33/01 alterou a redação do art. 155, §2º, IX,
“a”, da Constituição Federal para aumentar o âmbito de incidência do ICMS para abranger as
importações realizadas por não contribuintes habituais do imposto. Antes da Emenda, apenas a
importação feita por contribuintes habituais do imposto é que se sujeitavam ao ICMS-
importação. Se uma pessoa física comprasse um carro importado para uso pessoal, não havia o
pagamento de ICMS. Com a referida Emenda, qualquer importação de produto ou bens, seja
por contribuinte habitual ou não, qualquer que seja a finalidade do bem, se sujeita à cobrança
de ICMS.

IX – incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por
pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do
imposto, qualquer que seja a sua finalidade [...];

III – CORRETA. O contribuinte do ICMS importação é o importador, localizado no Brasil. Trata-se


de normatização que visa conferir praticabilidade ao ICMS, tendo em vista as dificuldades de
cobrar um imposto de um indivíduo localizado em outro país. Nesse sentido, afirma o art. 4º,
parágrafo único, I, da Lei Complementar 87:

Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que,


mesmo sem habitualidade ou intuito comercial:

I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua


finalidade;

IV – INCORRETA. A possibilidade de o valor fixado pela autoridade aduaneira para base de


cálculo do imposto de importação substituir o preço declarado é prevista no art. 14, parágrafo
único, da Lei Complementar 87:

Parágrafo Único. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto de
importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o preço declarado.
PRINCIPAIS DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO COMO FOI COBRADO


Art. 155, §1º, II, da CF/88 - a isenção ou não- TJ/CE – 2018. Segundo a CF, a isenção do
incidência, salvo determinação em contrário ICMS, salvo previsão legal específica,
da legislação: acarretará a anulação do crédito relativo às
operações anteriores e não implicará crédito
a) não implicará crédito para compensação para compensação com o montante devido
com o montante devido nas operações ou nas operações seguintes.
prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo


às operações anteriores;
Art. 155, §1º, IV, da CF/88 - resolução do AGU – CESPE. O Senado Federal pode fixar a
Senado Federal, de iniciativa do Presidente alíquota máxima do ICMS. CERTO
da República ou de um terço dos Senadores,
aprovada pela maioria absoluta de seus
membros, estabelecerá as alíquotas
aplicáveis às operações e prestações,
interestaduais e de exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas


operações internas, mediante resolução de
iniciativa de um terço e aprovada pela
maioria absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas
operações para resolver conflito específico
que envolva interesse de Estados, mediante
resolução de iniciativa da maioria absoluta e
aprovada por dois terços de seus membros;
Art. 155, §1º, VI, da CF/88 - salvo deliberação AGU – 2012. Os estados e o DF podem
em contrário dos Estados e do Distrito estabelecer alíquotas internas de ICMS
Federal, nos termos do disposto no inciso XII, inferiores às previstas para as operações
"g", as alíquotas internas, nas operações interestaduais.
relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, não poderão ser
inferiores às previstas para as operações
interestaduais;
Art. 155, §1º, VII, da CF/88 - nas operações e PGE/AM - 2016. Aplica-se o princípio da
prestações que destinem bens e serviços a tributação na origem e no destino em caso
consumidor final, contribuinte ou não do de comercialização de mercadoria por
imposto, localizado em outro Estado, adotar- contribuinte do ICMS localizado em estado
se-á a alíquota interestadual e caberá ao diverso do estado do consumidor final, o que
Estado de localização do destinatário o enseja a repartição do crédito tributário
imposto correspondente à diferença entre a mediante o sistema de alíquotas
alíquota interna do Estado destinatário e a interestaduais e internas. Correta.
alíquota interestadual;
Art. 155, §2º, IX - incidirá também: TJ/SP – 2018. Com relação à operação de
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importação por não contribuinte, é correto
importados do exterior por pessoa física ou afirmar que, segundo a jurisprudência
jurídica, ainda que não seja contribuinte consolidada do Supremo Tribunal Federal, a
habitual do imposto, qualquer que seja a sua EC n° 33/2001: criou nova competência
finalidade, assim como sobre o serviço tributária para estender o campo de
prestado no exterior, cabendo o imposto ao incidência do ICMS à operação de
Estado onde estiver situado o domicílio ou o importação de bem por não contribuinte,
estabelecimento do destinatário da cuja tributação há de ter fundamento de
mercadoria, bem ou serviço; validade em lei complementar de normas
gerais e legislação local supervenientes.
Correta.
Art. 155, §1º, X, da CF/88 - não incidirá: PGE/ES – 2008. É lícita, no território do
a) sobre operações que destinem estado do Espírito Santo, a incidência do
mercadorias para o exterior, nem sobre ICMS nas operações de entrada de petróleo
serviços prestados a destinatários no que não seja destinado à comercialização ou
exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto à industrialização, decorrente de operação
cobrado nas operações e prestações interestadual.
anteriores;
b) sobre operações que destinem a outros
Estados petróleo, inclusive lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no
art. 153, § 5º;

Art. 2º, §1º, III, da Lei Complementar 87-


sobre a entrada, no território do Estado
destinatário, de petróleo, inclusive
lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e de energia elétrica,
quando não destinados à comercialização ou
à industrialização, decorrentes de operações
interestaduais, cabendo o imposto ao Estado
onde estiver localizado o adquirente.
Art. 155, §2º, XII, da CF/88 - cabe à lei PGE/BA – 2014. A respeito da concessão,
complementar: pelos entes da Federação, de benefício fiscal
[...] em relação ao ICMS, julgue os itens
b) dispor sobre substituição tributária; subsecutivos.
[...] Por ser um tributo de importância nacional,
g) regular a forma como, mediante o ICMS só pode ser concedido pelos entes da
deliberação dos Estados e do Distrito Federação mediante autorização do Senado
Federal, isenções, incentivos e benefícios Federal, ao qual cabe, inclusive, prescrever
fiscais serão concedidos e revogados. suas alíquotas em determinados casos.
Errado.

PGE/BA – 2014. Sendo o ICMS um tributo


estadual, a concessão de benefícios fiscais a
ele relacionada deve ser feita por meio de
atos administrativos normativos, como
decretos. Errado.

PGM/MA – 2018. Cabe à lei complementar


dispor sobre substituição tributária relativa
ao ICMS.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA

Súmulas do STJ

Súmula 166 do STJ: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria
de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.
Súmula 198 do STJ: Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio,
incide o ICMS.
Súmula 237 do STJ: Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao
financiamento não são considerados no cálculo do ICMS.
Súmula 334 do STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à internet.

Súmula 350 do STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.
Obs.: Incide sobre a tarifa de assinatura básica.
Súmula 391 do STJ: ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à
demanda de potência efetivamente utilizada.
Súmula 395 do STJ: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal

Súmula 431 do STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido
ao regime de pauta fiscal.
Súmula 432 do STJ: AS empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar ICMS sobre
mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais.
Súmula 509 do STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS
decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a
veracidade da compra e venda.
Súmulas do STF

Súmula Vinculante 48: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança


do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
Súmula nº 573: Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída
física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.
Súmula nº 574: Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de
circulação de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurantes
ou estabelecimentos.
Súmula nº 661: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do
ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
Súmula nº 662: É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras
cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.

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