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Um número complexo z é uma expressão da forma z = a + ib, sendo que a e b são números
reais e i um número imaginário puro que satisfaz i2 = −1. Definimos a = Re(z) ( parte real
de z) e b = Im(z) ( parte imaginária de √ z). O conjugado de z é definido por z̄ = a − ib e o
valor absoluto ou módulo de z por |z| = a2 + b2 .
Dados dois números complexos z = x + iy e w = u + iv podemos definir as operações
soma, subtração, multiplicação e divisão de números complexos da seguinte maneira :
O conjunto dos números complexos munido com tais operações é denotado por C. A
partir dessas definições, algumas propriedades podem ser facilmente verificadas :
(a) z ± w = z̄ ± w̄
(b) zw = z̄ w̄
(c) z z̄ = |z|2
z+z̄
(d) Re(z) = 2
z−z̄
(e) Im(z) = 2i
.
Utilizando o critério da razão verifica-se que o raio de convergência da série complexa acima
é ∞, ou seja, a série converge para todo número complexo. Em particular, para z = iθ,
θ ∈ R, devido a convergência absoluta de (1), nós obtemos a fórmula de Euler :
n
∞ (iθ)
eiθ =
P
n=0 n!
P∞ (iθ) 2n P∞ (iθ)2n+1
= n=0 (2n)! + n=0 (2n+1)!
θ2 θ4 3 θ5
= 1 − 2 + 4! + . . . + i(θ − θ3! + 5!
+ . . .)
eiθ = cos θ + isen θ.
(Observemos que i2n = (i2 )n = (−1)n .) Além disso, e−iθ = cos θ − isen θ = eiθ . Portanto,
devido a (d) e (e) concluı́mos que :
Exercı́cios
4. Mostre usando a fórmula de Euler que sen 2θ = 2sen θ cos θ e que cos 2θ = cos2 θ−sen 2 θ.
2
2 Forma Complexa da Série de Fourier
A partir da série de Fourier de uma função f , introduziremos o conceito da forma complexa
da série de Fourier. Alguns resultados da seção anterior serão fundamentais neste tópico.
Mas, primeiramente, façamos uma definição.
Definição 2.1 Uma função f : R → R é uma função secionalmente contı́nua se f for
seccionalmente contı́nua em qualquer intervalo fechado em R.
Seja f : R → R uma função periódica de perı́odo 2l, seccionalmente contı́nua com f 0
seccionalmente contı́nua, então, f se expressa por uma série de Fourier
∞
a0 X nπx nπx
f (x) = + (an cos + bn sen ),
2 n=1 l l
com
1Z l nπx 1Z l nπx
an = f (x) cos dx e bn = f (x)sen dx, n ≥ 0 inteiros. (2)
l −l l l −l l
Pelos resuldados da seção anterior, temos que :
i nπx −i nπx i nπx −i nπx
an cos nπx
l
+ bn sen nπx
l
= an e l +e 2
l
+ bn e l −e
2i
l
nπx nπx
= 21 (an + bin )ei l + 12 (an − bin )e−i l
nπx nπx
= 21 (an − ibn )ei l + 12 (an + ibn )e−i l
nπx nπx
= cn ei l + dn e−i l ,
em que
an − ibn an + ibn
cn = , dn = , n > 0.
2 2
Vamos considerar as fórmulas (2) dos coeficientes da série de Fourier válidas para
n ≤ 0 inteiros. Desta forma, obtemos que an = a−n e bn = −b−n . Sendo assim, teremos que
cn = d−n e c0 = a0 /2.
Logo,
nπx nπx nπx nπx
an cos + bn sen = cn ei l + c−n e−i l .
l l
Da definição de cn e pelas equações dadas em (2), podemos mostar que
1 Zl nπx
cn = f (x)e−i l dx, ∀n ∈ Z. (3)
2l −l
A fim de obtermos a forma complexa da série de Fourier, introduziremos a seguinte
notação
∞
X n=∞
X
γn = γ0 + (γn + γ−n ),
n=−∞ n=1
nπx Pn=∞
pondo γn = cn ei l , temos que f (x) = γ0 + n=1 (γn + γ−n ), ou ainda,
n=∞
nπx
cn ei
X
f (x) = l . (4)
n=−∞
A série (4) com os coeficientes dados por (3) é chamada de forma complexa da série
de Fourier de f (x).
3
Exemplo 2.1 Obtenha a forma complexa da série de Fourier da função
(
1, 0≤x≤π
f (x) =
0, −π < x < 0
f (x + 2π) = f (x).
Como l = π, obtemos
∞
cn einx ,
X
f (x) =
n=−∞
em que
1 Zπ
cn = f (x)e−inx dx, ∀n ∈ Z.
2π −π
1
Como c0 = 2
e segue para n 6= 0 que :
1 R0 Rπ
cn = 0e−inx dx + 2π
2π −π π
1
0 1e−inx dx
1 e−inx
= 2π −in
0
1 i −inπ
= 2π n
(e − 1)
i n
cn = 2nπ
[(−1) − 1].
Assim ∞
1 i
[(−1)n − 1]einx .
X
f (x) = +
2 n=−∞,n6=0 2nπ
Exercı́cios
1. Mostre que os coeficientes da forma complexa da série de Fourier de uma função ı́mpar
são imaginários puros (números complexos com parte real nula) e de uma função par
são reais.
2. Com a definição dos coeficientes da série de Fourier, mostre que an = a−n e que
bn = −b−n .
6. Escreva a forma complexa da série de Fourier da função f (x) = cos x + cos 3x + sen 3x.
7. Calcule a forma complexa da série de Fourier das funções f (x) = cos αx e g(x) = sen αx
com f (x + 2π) = f (x) e g(x + 2π) = g(x) em que α não é um número inteiro.
4
8. Sejam f e g duas funções contı́nuas e periódicas de perı́odo 2l. Defina o produto interno
entre estas funções da seguinte maneira:
Z l
< f (x), g(x) >= f (x)g(x)dx.
−l
nπx
(a) Seja γn (x) = ei l com n ∈ Z. Mostre que
(
0 , se n 6= m
< γn (x), γm (x) >=
2l , se n = m
5
Observemos que a e b na definição acima tendem independentemente para infinito.
Este fato é importante quando se trata de integrais impróprias, pois não queremos afirmar
que a integral imprópria
Z ∞ Z a
xdx = a→∞
lim xdx = a→∞
lim 0 = 0,
−∞ −a
seja convergente e sim, pelo contrário, queremos considerar esta integral imprópria como
divergente.
O espaço das funções absolutamente integráveis em R será indicado por L1 (R). Então,
afirmar que uma função f ∈ L1 (R) equivale a dizer que dado qualquer > 0, existe M > 0
tal que Z
|f (x)|dx < ,
|x|>M
ou seja, Z
lim |f (x)|dx = 0. (5)
|M |→∞ x>|M |
6
logo, temos que
∞
∆ω
√ fˆl (ωn )eiωn x .
X
fl (x) = (7)
n=−∞ 2π
A série dada em (7) se assemelha a uma soma de Riemann na variável ω, e se fizermos
l tender para ∞ teremos que ∆ω tenderá para 0. (Lembremo-nos que se h : [a, b] → R for
uma função integrável então :
Z b k
X
h(x)dx = lim h(xn )∆x (8)
a k→∞
n=1
ˆ ˆ 1 Z∞
f (ω) = lim fl (ω) = √ f (x)e−iωx dx.
l→∞ 2π −∞
Considerando em (8) xn = ωn , h(x) = f (x)e−iωx e ∆x = ∆ω, da igualdade (7),
obtemos formalmente que
ˆ 1 Z∞
f (ω) = √ f (x)e−iωx dx, (9)
2π −∞
caso a integral imprópria esteja bem definida. Já a igualdade liml→∞ fl (x) = f (x) nos diz
que
1 Z∞ ˆ
f (x) = √ f (ω)eiωx dω. (10)
2π −∞
que é a transformada inversa de Fourier de fˆ(ω).
Afirmar que (9) está bem definida significa que para cada ω a integral converge para
um número, e, portanto, temos uma função fˆ(ω) definida em R. A condição f ∈ L1 (R) é
suficiente para que a transformada de Fourier exista. De fato, como |eiθ | = 1, para todo θ
real, temos que :
R∞ R∞
| √12π −∞ f (x)e−iωx dx| ≤ √1 |f (x)e−iωx |dx =
2π R−∞
∞
√1
= 2π −∞ |f (x)|dx < ∞.
A condição de f estar em L1 (R) é apenas suficiente, pois existem funções que não são
absolutamente integráveis embora a expressão (9) convirja, mas não absolutamente.
Indicaremos a transformada de Fourier de uma função f por fˆ(ω) ou F(f ) e a trans-
formada inversa de f por fˇ ou por F −1 (f ).
Façamos um exemplo dessas transformações:
7
Exemplo 3.1 Seja f : R → R definida por f (x) = 1 se −1 ≤ x ≤ 1 e f (x) = 0 se x > 1
ou x < −1.
Aplicando (9), temos que
Veremos agora se podemos recuperar a função f por meio de (10). Usando a teoria
dos resı́duos das funções complexas ou mesmo transformda de Laplace( veja o exercı́cio (4))
podemos mostrar que
Z ∞
sen ω
dω = π. (11)
−∞ ω
Decorre de (11), através de uma mudança de variável que
Z ∞ sen (λω)
dω = sign(λ)π
−∞ ω
em que sign(λ) = 1 se λ > 0, sign(λ) = 0 se λ = 0 e finalmente sign(λ) = −1, se λ < 0.
Então, aplicando (10), temos que
Exercı́cios
8
1. Verifique se as funções abaixo são absolutamente integravéis, ou condicionalmente in-
tegravéis ou divergentes :
2
(a) f (x) = ( 1
1+x2
(b) f (x) = (e−x
1, se |x| ≤ 1 ex , se x ≤ 0
(c) f (x) = (d) f (x) =
1/x, se |x| > 1 e−x , se x > 0
(e) f (x) = sen
( x (f ) f (x) = sen x2
sen x
, se x 6= 0
(g) f (x) = x (h) f (x) = k, k∈R
1, se x = 0
3. Seja
(
−2n2 |x − n| + 1, se |x − n| ≤ 1
2n2
para todo n ∈ Z∗
f (x) =
0, caso contrario
(a) Seja f (t) = sent t se t 6= 0 e f (0) = 1. A função f é uma função analı́tica e limitada
pois |f (t)| ≤ 1. Então f possui transformada de Laplace
Z ∞ Z ∞ sen t
L(f ) = F (s) = e−st f (t)dt = e−st dt
0 0 t
e F 0 (s) = L(−tf (t)) = L(−sen t) = − 1+s
1
2 . Mostre que F (s) = − arctan(s) + C.
(b) Como |f (t)| ≤ 1 temos que lims→∞ F (s) = 0. Conclua que C = π/2.
(c) Como
R ∞ sen t
F (s) é uma função contı́nua em s ≥ 0. Faça s → 0 e conclua que
0 t
dt = π2
R∞ sent
(d) Com o item (c) conclua que −∞ t
dt = π.
R∞ sen t R∞ sen λt
5. Admitindo que −∞ t
dt = π mostre que −∞ t
dt = sign(λ)π.
9
7∗ . Usando teoria dos resı́duos de funções complexas calcule a transformada de Fourier da
função f (x) = 1/(1 + x2 ).
Sugestão: Use como caminho de integração C = L ∪ CR em que L é o intervalo
fechado [−R, R] no eixo-x e CR é o semi-cı́rculo superior de raio R centrado na origem
se ω < 0 e o semi-circulo inferior se ω > 0.
4 Transformada de Fourier
Nesta seção, inicialmente, daremos algumas propriedades da Transformada de Fourier válidas
para funções absolutamente integráveis. Posteriormente, introduziremos o conceito de Espaço
de Schwartz que nos permite trabalhar sob hipóteses mais fortes que garantem as principais
propriedades da transformada de Fourier.
Proposição 4.1 Sejam f, g ∈ L1 (R) então :
(a) F(af (x) + bg(x)) = aF(f (x)) + bF(g(x)), para a, b ∈ R
(b) F(f (x − c)) = e−iωc F(f (x)).
Demonstração A demonstração de (a) segue da linearidade da integral. Para demonstrar-
mos a segunda afirmativa, temos, por definição que:
Z ∞
F(f (x − c)) = (2π)−1/2 f (x − c)e−iωx dx,
−∞
em que a = t0 < t1 < . . . < tn−1 < tn = b e f é contı́nua em (tj , tj+1 ) e possui limites laterais
limitados neste intervalo, basta mostrar o lema para uma função contı́nua em [a, b]. Sendo
assim, temos que
Z b Z a+h Z b
f (x) cos(nx)dx = f (x) cos(nx)dx + f (x) cos(nx)dx
a a a+h
10
para todo h que faça sentido as integrais acima. Em particular, para h = π/n, com n
suficientemente grande. Na segunda integral do lado direito da igualdade acima, façamos
uma mudança de variável y = x − h. Então, temos que:
Rb
f (x) cos(nx)dx = ab−h f (y + h) cos(ny + π)dy = −
R R b−h
a+h a f (y + h) cos(ny)dy
= − ab−h f (x + h) cos(nx)dx
R
Como f é contı́nua em [a, b], temos que limh→0 f (x+h) = f (x), e além disso, sabemos
que | ab g(x)dx| ≤ max{|g(x)|, a ≤ x ≤ b}|b − a| com g contı́nua em [a, b]. Então, fazendo
R
11
Então para |ω| > ω0 , para um certo ω0 , temos que
Z Z
|fˆ(ω)| ≤ (2π)−1/2 f (x)e−iωx dx + (2π)−1/2
|f (x)|dx < .
|x|≤M |x|>M
2
Exemplo 4.1 Se f (x) = cos(ax2 ) com a > 0 então fˆ(ω) = √12a cos( ω4a − π4 ) e no entanto
lim|ω|→∞ fˆ(ω) 6= 0. Mas f não é absolutamente
q
integrável. Com um pouco mais de trabalho,
R∞ 2 π
pode-se mostrar que −∞ cos(ax )dx = 2a , ou seja, f é condicionalmente convergente.
Definição 4.1 O espaço de Schwartz que denotaremos por S(R), é a coleção das funções
f : R → C infinitamente diferenciáveis tais que, quaisquer que sejam n, m ≥ 0 inteiros,
existe uma constante M (n, m) com
Vemos então que a partir da definição do espaço de Schwartz que se uma função f ∈
S(R) temos que para todo n, m ≥ 0 inteiros, então xn f (m) (x) ∈ S(R), e além disso, o
lim|x|→∞ f (m) (x) = 0 e f é abolutamente integrável. De fato, tome n = 2 e por definição
existe uma constante M (2, m) = M tal que
M
|f (m) (x)| ≤ , se |x| ≥ 1,
x2
segue diretamente que lim|x|→∞ f (m) (x) = 0 e que
R∞ 1
|f (m) (x)|dx = −1 |f (m) (x)|dx + |x|>1 |f (m) (x)|dx
R R
−∞ R1
≤ −1 |f (m) (x)|dx + |x|>1 M dx < ∞.
R
x2
12
2
Exemplo 4.2 Vejamos que f (x) = e−x pertence ao espaço de Schwartz. Derivando f m
2
vezes verificamos que f (m) (x) = p(x)e−x para um certo polinômio p(x). Portanto, dado
2
um número n inteiro não-negativo, temos que xn f (m) (x) = q(x)e−x em que q(x) = xn p(x).
Logo, por L’Hôpital, xn f (m) (x) → 0 quando |x| → ∞ e portanto xn f (m) (x) é uma função
limitada em R, isto é, f ∈ S(R).
Demonstração Integrando por partes e usando que f (x) → 0 quando |x| → ∞, nós obtemos
que: R∞ 0
F(f 0 (x)) = (2π)−1/2 −∞ f (x)e−iωx dx
= (2π)−1/2 [f (x)e−iωx |∞
R∞ −iωx
−∞ − (−iω) −∞ f (x)e dx]
= iωF(f (x)).
Corolário 4.5 Se f ∈ S(R) então para todo n ≥ 0 inteiro F(f (n) (x)) = (iω)n F(f (x)).
Podemos verificar que F(f 0 (x)) = iωF(f (x)) e F(f 00 (x)) = F(f (x)) 6= (iω)2 F(f (x)). Ob-
servemos ainda que para todo n, m ≥ 0 temos que lim|x|→∞ xn f (m) (x) = 0 e no entanto
f∈/ S(R). Por quê ?
Um importante problema em matemática é de determinar se uma função Ψ(x),
definida por por meio de integral imprópria
Z ∞
Ψ(x) = f (x, y)dy,
−∞
13
Uma condição necessária imediata é que para x ∈ I fixado, a função y 7→ f (x, y) seja uma
função integrável. No caso em questão, queremos saber se
d ˆ
= fˆ0 (ω) = (2π)−1/2 −∞
R∞ ∂
dω
(f (ω)) ∂ω
(f (x)e−iωx )dx
∞
= (2π)−1/2 −∞ f (x)(−ix)e−iωx dx ?
R
Teorema 4.6 Se f ∈ S(R) então para todo n ≥ 0 temos que fˆ(n) (ω) = F((−ix)n f (x)).
Exemplo 4.4 Sejam f (x) = e−ax , com a > 0 e fˆ(ω) sua transformada de Fourier. Pelo
2
2
chamando u = −ie−iωx e dv = xe−ax dx e integrando por partes, nós obtemos que
−ax2 ∞
e ω Z ∞ −ax2 −iωx ω
fˆ0 (ω) = (2π)−1/2 ie−iωx −
e e dx = − fˆ(ω).
2a −∞ 2a −∞
2a
ω 2
Como se trata de equação diferencial ordinária de primeira ordem, então fˆ(ω) = Ie 4a .
Resta-nos calcular fˆ(0) = (2π)−1/2 −∞ ∞ 2
e−ax dx = I. Esta integral
R
√ aparece em várias
aplicações, em particular na distribuição normal e seu valor é I = 1/ 2a, veja o exercı́cio
16. Portanto
2 1 ω2
fˆ(ω) = F(e−ax ) = √ e− 4a .
2a
2 2
Observemos ainda que se a = 1/2 temos F(e−x /2 ) = e−ω /2 , ou seja, F(f ) = f. A
função f é chamada de auto-função de F com autovalor igual a 1.
14
( (
x, se 0 ≤ x ≤ 1 1, se 0 ≤ x ≤ 1
Exemplo 4.5 Sejam f (x) = e g(x) =
0, caso contrario 0, caso contrario.
Calcularemos neste exemplo a convolução de f e g. Então:
Z ∞ Z 1
h(x) = (f ∗ g)(x) = f (y)g(x − y)dy = yg(x − y)dy.
−∞ 0
15
Corolário 4.8 Sejam fˆ = F(f ) e ĝ = F(g) então F −1 (fˆĝ) = (2π)−1/2 (f ∗ g).
Exercı́cios
16
4. Seja f função real e absolutamente integrável em R. Mostre que
fˆ(−ω) = fˆ(ω) .
17
1
(c) (1+iω)(1+2iω)
;
iω
(d) 1+ω 2
;
1
(e) 1−ω 2 +iω
;
13. Resolva a equação
Z ∞ g(y) 2
dy = .
−∞ (x − y)2 + 9 x2 + 16
14. Mostre que Z ∞ Z ∞
f (x)g(x)dx = fˆ(ω)ĝ(ω)dω.
−∞ −∞
Conclua que se f (x) = g(x) para todo x ∈ R então
Z ∞ Z ∞
2
|f (x)| dx = |fˆ(ω)|2 dω.
−∞ −∞
(
x, se |x| ≤ 1
15. Seja f (x) = .
0, se |x| > 0
Calcule F(f (x))(ω) = fˆ(ω) e com o exercı́cio anterior, mostre que
Z ∞ (x cos x − sen x)2 π
dx = .
−∞ x4 3
R∞ 2 √
16. O objetivo deste exercı́cio é mostrar que I = (2π)−1/2 −∞ e−ax dx = 1/ 2a com a > 0.
R∞ 2 R∞ 2
(a) Convença-se que I = (2π)−1/2 −∞ e−ax dx = (2π)−1/2 −∞ e−ay dy e que
Z ∞ Z ∞
1 Z ∞ Z ∞ −a(x2 +y2 )
2 −1/2 −ax2 −1/2 −ay 2
I = (2π) e dx (2π) e dy = e dxdy.
−∞ −∞ 2π ∞ ∞
(b) Introduzindo coordenadas polares
x = r cos θ, y = rsen θ, r ∈ [0, ∞) e θ ∈ [0, 2π),
e também lembrando que dxdy = rdrdθ, mostre que
1 Z 2π Z ∞ −ar2 Z ∞
2
I2 = e rdrdθ = e−ar dr
2π 0 0 0
R ∞ −ar2 √
(c) Calcule a integral imprópria 0 e dr e conclua que I = 1/ 2a.
17. Seja f (x) a transformada inversa de Fourier da função fˆ(ω). Mostre que
(a) F −1 (fˆ(ω + c)) = f (x)e−icx ;
(b) F −1 (fˆ(ω) cos(cω)) = [f (x + c) + f (x − c)]/2;
(c) F −1 (fˆ(ω)sen (cω)) = [f (x + c) − f (x − c)]/(2i);
√
∞ ∞
18∗ . Use o fato que −∞ cos x2 dx = −∞ sen x2 dx = 22π para mostrar que F(cos(ax2 )) =
R R
2 2
√1 cos( ω − π ) e F(sen (ax2 )) = √1 cos( ω + π ) com a > 0.
2a 4a 4 2a 4a 4
18
5 Aplicações da Transformada de Fourier
Nesta seção daremos algumas aplicações da transformada de Fourier. Resolveremos os pro-
blemas de condução de calor em uma barra infinita e semi-infinita e o da vibração em cordas
infinitas.
Exemplo 5.1 Consideremos o problema de condução de calor em uma barra infinita sujeita
à condição inicial f (x).
2
(
∂u
= α2 ∂∂xu2 (x, t),
(x, t) x ∈ R, t>0
∂t (15)
u(x, 0) = f (x), x ∈ R.
Conhecendo-se a função f e a constante de difusibilidade térmica α, o problema con-
siste em determinarmos uma função u(x, t) que satisfaça as duas condições do problema
(15). Façamos uma tentativa para obtermos a solução do problema acima. Seja
Z ∞
û(ω, t) = F(u(x, t)) = (2π)−1/2 e−iωx u(x, t)dx
−∞
∂ û Z ∞
∂2u
(ω, t) = (2π)−1/2 e−iωx α2 2 (x, t)dx.
∂t −∞ ∂x
Uma hipótese deverá ser imposta neste instante: lim|x|→∞ u(x, t) = lim|x|→∞ ux (x, t) = 0,
pois assim teremos que
∂ û
(ω, t) = α2 F(uxx (x, t)) = α2 (iω)2 F(u(x, t)) = −α2 ω 2 û(ω, t).
∂t
Então, obtemos uma equação diferencial parcial que pode ser reduzida uma equação
diferencial ordinária, cuja solução é
2 ω2 t
û(ω, t) = C(ω)e−α .
19
Caso saibamos a expressão de f , podemos usar a transformada inversa de Fourier
ou mesmo utilizando uma tabela de transformada e obtermos a expressão da função u(x, t).
Utilizaremos o teorema da convolução, para obtermos a função cuja transformada é dada
acima. √
2 2 2 2
Seja k̂(ω, t) = e−α ω t . Como F −1 (e−ω /(4a) ) = 2ae−ax com a > 0, temos que
1 x2
k(x, t) = √ e− 4α2 t ,
2α2 t
e admitindo que possamos derivar sob sinal de integração, nós obtemos que
∂ 2 û −1/2
Z ∞ 2
−iωx ∂ u
(ω, t) = (2π) e (x, t)dx.
∂t2 −∞ ∂t2
20
Pela equação diferencial parcial dada em (17), temos que
∂ 2 û
(ω, t) = F(utt (x, t)) = F(a2 uxx (x, t)).
∂t2
Novamente, devemos impor duas condições na função u(x, t), que são lim|x|→∞ u(x, t) =
lim|x|→∞ ux (x, t) = 0 para que tenhamos as relações
∂ 2 û
(ω, t) = a2 (iω)2 û(ω, t) = −a2 ω 2 û(ω, t).
∂t2
Obtemos então uma equação diferencial parcial que pode ser reduzida a uma equação difer-
encial ordinária cuja solução é dada abaixo:
Exercı́cios
1. Equação de onda:
(a) Mostre que a transformada de Fourier da solução do problema
2
utt − a uxx
= 0 , x ∈ R, t > 0
u(x, 0) = f (x) , x ∈ R
ut (x, 0) = g(x) , x ∈ R
é
1
û(ω, t) = fˆ(ω) cos aωt + ĝ(ω) sen aωt .
aω
21
(b) Sabendo que a energia total de uma corda infinita vibrante é
1 Z∞
E = ρ (ut (x, t)2 + a2 ux (x, t)2 )dx ,
2 −∞
onde ρ é a densidade linear de massa na corda, mostre que ela pode ser reescrita como
1 Z∞ 2 2 ˆ
E = ρ (a ω |f (ω)|2 + |ĝ(ω)|2 )dω .
2 −∞
Conclua que a energia se conserva.
2. Obtenha a expressão da solução do problema anterior.
3. Equação do calor:
Considere uma barra infinita com difusividade térmica α2 = 1/4 e com temperatura
2
inicial u(x, 0) = e−(x−b) , b > 0.
(a) Calcule a temperatura u(0, t) do ponto x = 0 para qualquer instante t > 0.
(b) Mostre que esta temperatura atinge um máximo num determinado instante τ (b) e
depois decresce a zero. Calcule τ (b) em função de b.
(c) Procure entender fisicamente porque u(0, t) primeiramente cresce para depois tender
a zero.
4. A equação que governa a temperatura u(x, t) de uma barra infinita (−∞ < x < ∞)
que troca calor pela superfı́cie lateral com um ambiente a temperatura 0 é
ut − α2 uxx = −γu ,
2
onde γ é uma constante positiva. Se a temperatura inicial é u(x, 0) = e−x , calcule
u(x, t) para t > 0. Mostre que, como seria de se esperar, a temperatura em todos
os pontos tende a 0 quando t → ∞ e o faz mais rapidamente que no caso γ = 0 da
equação do calor usual.
5. Resolva a equação diferencial abaixo, utilizando transformada de Fourier.
u00 − u = −f (t),
onde u0 é a derivada de u em relação a variável t. Além disso, a função f é absoluta-
mente integrável e limitada.
Observemos que a transformada de Fourier gera uma solução da equação diferencial
acima sem as condições iniciais. Porém, tal equação diferencial é de 2a ordem, e
portanto deverı́amos ter condições iniciais para caracterizar um PVI. Você saberia
dizer quais as condições iniciais do PVI que foi resolvido?
6. Use transformada de Fourier para resolver problema de vibração de uma corda infinita
com amortecimento
2
utt (x, t) = a uxx (x, t) − 2but (x, t), x ∈ R, t > 0;
u(x, 0) = f (x), x ∈ R;
ut (x, 0) = g(x), x ∈ R
em que b > 0.
22
7. Usando transformada de Fourier, resolva a equação diferencial abaixo
(
ut (x, t) + 4ux (x, t) = g(x), x ∈ R, t > 0;
u(x, 0) = f (x), x ∈ R
9. Equação de Laplace:
Ache a solução limitada u(x, y) do problema
(
uxx + uyy = 0 , y ∈ R e x > 0
1 .
u(0, y) = 1+y 2 ,y ∈ R
11. Este problema objetiva mostrar como se pode usar transformada de Fourier também
para resolver problemas de propagação de calor em barras semi-infinitas.
(a) Considere primeiramente o problema de propagação de calor numa barra infinita
com temperatura inicial f (x) dada, −∞ < x < ∞. Utilize a fórmula para a solução
obtida no exemplo (5.1)para mostrar que se f é uma função ı́mpar e absolutamente
integrável em R, então a temperatura u(0, t) na origem é nula se t > 0. Procure
também entender fisicamente este resultado.
R∞
Sugestão: A integral imprópria −∞ f (x)dx é nula, se f é ı́mpar e absolutamente
integrável em R.
(b) Resolva o seguinte problema de condução de calor numa barra semi-infinita.
ut = uxx , x > 0, t > 0
u(0, t) = 0, t > 0
u(x, 0) = g(x), x > 0
23
Sugestão: Defina f como a extensão ı́mpar de g. Mostre que a solução do problema
de barra infinita para f , quando restrita à região x > 0, obedece a todas as condições
do problema em (b) e é portanto a solução deste.
2
(c) Escreva a solução de (b) no caso em que g(x) = xe−x .
Sugestão: Para calcular a transformada de Fourier necessária, utilize a propriedade
que relaciona a transformada de Fourier da derivada de uma função com a transformada
de Fourier da própria função.
12. Ache a solução da equação de calor para uma barra semi-infinita 0 < x < ∞ sujeita
a uma condição inicial u(x, 0) = f (x) e com a condição de isolamento térmico da
extremidade x = 0, ou seja, ux (0, t) = 0, ∀t > 0.
Sugestão: Adapte a idéia do problema anterior.
em que
0, 0 < x < 2
x − 2, 2 < x < 3
f (x) = .
−x + 4, 3 < x < 4
0, x > 4
24
6 Tabela de Transformada de Fourier
f (x) fˆ(ω)
(
1 , |x| ≤ a q
2 sen (aω)
1 (a > 0)
0 , |x| > a π ω
π e−a|ω|
q
1
2 a2 +x2
, a > 0. 2 a
ω 2
2
3 e−ax , a > 0. √1 e− 4a
2a
2
4 cos(ax2 ), a > 0. √1 cos( ω − π
)
2a 4a 4
2
5 sen (ax2 ), a > 0. √1 cos( ω + π
)
2a 4a 4
(
1 − |x|/a , |x| ≤ a q
2 1−cos(aω)
6 (a > 0) aω 2
0 , |x| > a π
(
e−ax , x ≥ 0 1
7 (a > 0) √
0 , x<0 2π(a+iω)
(
eax , x ≤ 0 1
8 (a > 0) √
0 , x>0 2π(a−iω)
(
cos ax , |x| ≤ b √1 [ sen (a−ω)b sen (a+ω)b
9 (b > 0) + ]
0 , |x| > b 2π a−ω a+ω
(
sen ax , |x| ≤ b √−i [ sen (a−ω)b sen (a+ω)b
10 (b > 0) + ]
0 , |x| > b 2π a−ω a+ω
11 f (x)eicx fˆ(ω − c)
12 f (x + c) fˆ(ω)eiωc
13 f (n) (x) (iω)n fˆ(ω)
14 (−ix)n f (x) fˆ(n) (ω)
15 fˆ(x) f (−ω)
Referências
[1] Figueiredo, Djairo Guedes de, Análise de Fourier e equações diferenciais parciais. Rio
de Janeiro, IMPA, CNPq. 1991. Projeto Euclides.
[2] Iório, Valéria de M., EDP, um curso de graduação. Rio de Janeiro, IMPA, CNPq. 1991.
Coleção Matemática Universitária.
[3] Iório, Rafael J., & Iório, Valéria de M., Equações Diferenciais Parciais: uma Introdução.
Rio de Janeiro, IMPA, CNPq. 1988. Projeto Euclides.
[4] Kreyszig, Erwin, Advanced Engineering Mathematics, Seventh Edition. John Wiley &
Sons. 1988.
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