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UNVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO


E FUNDAÇÕES

HÁGNON CORREIA DE AMORIM

ESTUDO DE CASO DE UMA FUNDAÇÃO TIPO RADIER


PARA UM EDIFÍCO DE 4 PAVIMENTOS, EM ALVENARIA
ESTRUTURAL, ASSENTE EM DE SOLOS DE BAIXA
RESISTÊNCIA

JOÃO PESSOA
2018
HÁGNON CORREIA DE AMORIM

ESTUDO DE CASO DE UMA FUNDAÇÃO TIPO RADIER


PARA UM EDIFÍCO DE 4 PAVIMENTOS, EM ALVENARIA
ESTRUTURAL, ASSENTE EM DE SOLOS DE BAIXA
RESISTÊNCIA

Monografia apresentada à Pós-graduação


em Estruturas de Concreto e Fundações,
da Universidade Cidade de São Paulo,
como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista.

Orientador: Prof. MSc Valdês Borges Soares

JOÃO PESSOA
2018
HÁGNON CORREIA DE AMORIM

ESTUDO DE CASO DE UMA FUNDAÇÃO TIPO RADIER


PARA UM EDIFÍCO DE 4 PAVIMENTOS, EM ALVENARIA
ESTRUTURAL, ASSENTE EM DE SOLOS DE BAIXA
RESISTÊNCIA

Monografia apresentada à Pós-graduação


em Estruturas de Concreto e Fundações,
da Universidade Cidade de São Paulo,
como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado: ______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico este trabalho a minha querida
esposa Mônica, aos meus filhos Iago, Ian
e Maria Julia e aos meus pais Olavo (in
memorian) e Clênier.
AGRADECIMENTOS

A Deus pelos caminhos indicados.


À minha família pela compreensão e a devida importância dada aos meus
estudos e a minha continua formação.
Ao Professor Mestre Valdês Borges Soares, pelos ensinamentos e
oportunidades dadas na minha formação profissional.
A CONCRESOLO/COPESOLO, porta de entrada ao universo da engenharia
geotécnica e fundações.
Ao corpo docente, mestres e professores do curso Estruturas de Concreto e
Fundações, da Universidade da Cidade de São Paulo.
Aos colegas e amigos pelo incentivo nessa jornada profissional.
E por fim, a todos que contribuíram para realização deste trabalho, meus
sinceros agradecimentos.
“Como você enxerga a Engenharia Civil
brasileira e seus engenheiros em face a
outros países?
Maiúscula. Competente. Nada devemos
a ninguém. ”
José Carlos Süssekind
RESUMO

Este trabalho é um estudo de caso de fundação tipo radier, em solos de baixa


resistência, para um edifício residencial de quatro pavimentos em alvenaria estrutural.
Sua análise foi executada através da interação solo-estrutura, empregando um
software de cálculo estrutural que discretiza as alvenarias estruturais em elementos
finitos de forma triangular e a fundação tipo radier em uma malha de barras, cujos nós
são apoiados em molas representadas pelo coeficiente de reação vertical (coeficiente
de molas - Kv) conforme proposta de Winkler. Para tanto foi admitido um modelo
geotécnico, que considera a estratificação do maciço de solo, para a determinação
dos recalques nas áreas representativas dos nós para ser comparados com os
recalques obtidos na modelagem do radier pelo programa de cálculo em diversas
interações. É observado também que entre a primeira interação, onde o Kv usado foi
determinado considerando a fundação indeslocável, e as demais interações há uma
redução no consumo de aço no radier na ordem de 10%. Por fim para estrutura
analisada, considerando a ISE, o solo teve no seu estado limite ultimo (ELU), aferido
pela sua tensão admissível, e no seu estado limite de serviço (ELS) comparado aos
recalques e distorções limites, resultados satisfatórios.

Palavras-chave: Interação solo-estrutura. Hipótese de Winkler, Radier. Coeficiente


de mola.
ABSTRACT

This work is a case study of radier type foundation in low resistance soils for a
residential building with four floors in structural masonry. Their analysis was performed
through the soil-structure interaction, using a structural calculation software that
discretizes the structural masonry in finite elements of triangular form and the
foundation radier in a mesh of bars, whose nodes are supported in springs represented
by the coefficient of vertical reaction (coefficient of springs - Kv) as proposed by
Winkler. For this, a geotechnical model was considered, which considers the
stratification of the soil mass, to determine the settlements in the representative areas
of the nodes to be compared with the settlements obtained in the modeling of radier
by the calculation program in several interactions. It is also observed that between the
first interaction, where the Kv used was determined considering the indeslocável
foundation, and the other interactions there is a reduction in the consumption of steel
in the radier in the order of 10%. Finally, for the analyzed structure, considering the
ISE, the soil had in its final state (ELU), measured by its permissible voltage, and in its
service limit state (ELS) compared to the constraints and distortions limits, satisfactory
results.

Keywords: Soil-structure interation, Winkler hypothesis, Mat foundation, Spring


coefficient.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11
2 ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES .................................................................. 13
2.1 Elementos necessários ao projeto de fundações ...................................... 13
2.2 Ações e solicitações nas fundações........................................................... 15
2.3 Métodos de segurança ................................................................................. 18
2.4 Investigações geotécnicas .......................................................................... 23
2.5 SPT (standard penetration test) .................................................................. 26
2.6 Correlações baseadas em ensaios de campo SPT .................................... 28
2.7 Fundações superficiais ................................................................................ 32
2.8 Fundações profundas .................................................................................. 33
2.9 Fundações mistas ........................................................................................ 34
2.10 Requisitos de um projeto de fundação ....................................................... 35
3 TENSÕES EM SOLO ..................................................................................... 37
3.1 Carga concentrada vertical na superfície (Equação de Boussinesq ) ..... 38
3.2 Carga linear infinita ...................................................................................... 39
3.3 Cargas distribuidas de superfície ............................................................... 40
3.3.1 Solução para um carregamento uniformemente distribuído ao longo de uma
faixa de comprimento infinito e largura constante ........................................... 40
3.3.2 Solução para um carregamento retangular uniformemente distribuído; ......... 41
3.4 Método aproxímado para cargas retangulares .......................................... 42
3.5 Bulbo de tensões .......................................................................................... 44
3.6 Influência da rigidez relativa da fundação – solo ...................................... 47
3.7 Aplicativos, tabelas e ábacos para o cáculo do acréscimo de tensão .... 50
4 CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS E TENSÃO
ADMISSÍVEL .................................................................................................. 53
4.1 Mecanismo de ruptura.................................................................................. 53
4.2 Análise da capacidade de suporte do solo ................................................ 54
4.3 Parâmetros do solo ...................................................................................... 55
4.4 Método de terzaghi ....................................................................................... 56
4.5 Método de vésic ............................................................................................ 58
4.6 Solo estratificado .......................................................................................... 60
4.7 Influência do lençol freático ........................................................................ 62
4.8 Tensão admissível ........................................................................................ 64
5 PREVISÃO DE RECALQUES ........................................................................ 67
5.1 Recalques ...................................................................................................... 67
5.2 Métodos de previsão de recalques ............................................................. 69
5.3 Teoria da elasticidade – camada finita........................................................ 69
5.4 Método de burland e burbidge .................................................................... 71
5.5 Multicamadas ................................................................................................ 72
5.6 Recalques limites ......................................................................................... 73
5.7 Controle de recalques .................................................................................. 75
6 INTERAÇÃO SOLO ESTRUTURA (ISE) ....................................................... 76
6.1 Fatores de influência do mecânismo da ise ............................................... 76
6.1.1 Obtenção do coeficiente de reação vertical .................................................... 76
7 FUNDAÇÕES DO TIPO RADIER ................................................................... 78
7.1 Tipos de fundações em radier ..................................................................... 78
7.2 Considerações para o uso de fundações em radier .................................. 80
7.3 Capacidade de carga e recalque de fundações do tipo radier ................. 81
7.4 Análise estrutural do radier ......................................................................... 81
8 ALVENARIA ESTRUTURAL .......................................................................... 83
8.1 Conceito estrutural ....................................................................................... 83
8.2 Sistemas estruturais em alvenaria .............................................................. 83
8.3 Tipos de alvenaria estrutural ....................................................................... 84
8.4 Parâmetros para adoção da alvenaria estrutural ....................................... 85
8.5 Requisitos e concepção estrutural ............................................................. 86
8.5.1 Critérios de dimensionamento ........................................................................ 86
8.5.2 Ações .............................................................................................................. 88
8.5.3 Peso próprio das paredes ............................................................................... 90
8.5.4 Ação das lajes nas alvenarias ........................................................................ 90
8.5.5 Procedimento de distribuição de cargas verticais em alvenarias estruturais ..93
8.5.6 Procedimento de distribuição de cargas horizontais em alvenarias estruturais
.........................................................................................................................95
9 DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO ........................................................... 97
9.1 Caracterização do edifício ........................................................................... 97
9.2 Cargas verticais .......................................................................................... 101
9.3 Cargas horizontais...................................................................................... 102
9.4 Modelagem do edifício ............................................................................... 104
9.5 Metodologia para aplicação da interação solo-estrutura ........................ 105
9.6 Propriedade física dos materiais ............................................................... 106
9.7 Considerações geotécnicas ...................................................................... 107
9.8 Tensão admissível do projeto ................................................................... 108
9.9 Coeficiente de reação vertical kv .............................................................. 111
10 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 116
10.1 Análise do radier x sapata corrida ............................................................ 116
10.2 Análise do radier considerando o coeficiente de reação vertical do solo
.................................................................................................................117
10.3 Análise do radier quanto as tensões aplicadas ao solo.......................... 131
10.4 Análise dos recalque ao longo da construção ......................................... 135
11 CONCLUSÃO ............................................................................................... 136
12 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 138
13 ANEXOS ....................................................................................................... 140
11

1. INTRODUÇÃO

Atualmente verifica-se o uso de programas de cálculo estrutural que leva em


conta a interação solo-estrutura, chamada de ISE, com o objetivo de analisar, de uma
forma mais realista, o comportamento do solo e das fundações para a obtenção dos
esforços advindo da estrutura e sua distribuição.
O presente trabalho é um estudo de caso de uma fundação em radier para um
edifício de quatro pavimentos em alvenaria estrutural, considerando a interação solo-
estrutura (ISE).
A edificação do caso compõe um condomínio de prédios residenciais em uma
área da Cidade de João Pessoa, que de acordo com as sondagens tipo SPT,
realizadas no terreno, possui solo com baixa resistência.
Será feita a análise do tipo de fundação escolhida, com a modelagem da
estrutura (alvenaria estrutural) e da fundação, usando um programa para o cálculo
estrutural, que discretiza as alvenarias através do método dos elementos finitos, a
fundação em radier numa malha de barras e o solo em molas, colocadas nos nós
dessas barras, caracterizadas pelo seu coeficiente de reação vertical do modelo de
Hipótese de Winkler (Coeficiente de Mola).
Este estudo foi dividido em onze capítulos que discorre de uma revisão literária
do assunto abordado, da descrição do caso, dos resultados e sua conclusão.
O primeiro capítulo tem a introdução do trabalho que aborda a importância do
tema na atualidade, o caso em estudo e a metodologia da modelagem dos elementos
estudados.
No segundo são apresentados os elementos necessários ao projeto de
fundações, suas ações e solicitações, os métodos de segurança, os tipos de
investigações geotécnicas e as correlações de parâmetros geotécnicos baseados na
sondagem tipo SPT e por fim os tipos de fundações e requisitos para projeto de
fundações.
No terceiro é apresentada a definição das tensões nos solos e sua análise ao
longo da profundidade para cargas concentradas, linear e de superfície, a influência
da rigidez fundação-solo no Bulbo de Tensões e a apresentação de aplicativos,
12

tabelas e ábacos para o cálculo do acréscimo de tensão numa profundidade pré-


determinada.
O quarto discorre sobre a capacidade de carga de fundações superficiais e a
tensão admissível do solo onde serão assentadas estas fundações.
No quinto apresentam-se os métodos de previsão e controle de recalques.
Para sexto descreve sobre a interação solo-estrutura (ISE), os fatores que
influenciam este mecanismo e a obtenção do coeficiente de reação vertical da mola
de Winkler.
No sétimo abordam-se os tipos de Radier, seu uso, capacidade de carga e sua
análise estrutural.
Para o oitavo é dada uma revisão do sistema estrutural em alvenaria estrutural.
No nono capítulo é apresentado o estudo de caso, caracterizando o edifício em
estudo, as cargas atuantes, a modelação do edifício, a metodologia para aplicação da
ISE, as propriedades físicas da estrutura do edifício, as considerações geotécnicas
que resulta na tensão admissível do projeto e o seu coeficiente de reação vertical Kv.
No décimo capítulo são apresentadas as análises sobre o radier com relação à
sapata corrida, a definição do coeficiente de mola, quanto à tensão admissível e os
recalques e distorções limites.
Restando o décimo primeiro para as conclusões finais.
13

2 ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES

2.1 Elementos necessários ao projeto de fundações:

As fundações são obras geotécnicas, formadas por componentes simples


ou múltiplos integrados, cuja função é transmitir as cargas de uma estrutura para o
solo (BUDHU, MUNI, 2013, p. 28).
Nas edificações elas compreendem a infraestrutura e devem atender a certas
condições de estabilidade, ou seja, não se romper ou se tornar instável quando sob
qualquer tipo de carga prevista e ter seus recalques dentro de limites toleráveis.

Fig. 0.1 – Sistema estrutural de uma edificação

Fonte: O autor

A Engenharia de fundações aplica os conhecimentos da Engenharia Estrutural,


Mecânica dos Solos, Mecânica das Rochas e Geologia para definição, concepção e
construções de fundações para edifícios e outras estruturas. De forma básica ela lida
com a seleção do tipo de fundação (superficiais ou profundas), envolvendo os
engenheiros geotécnicos e estruturais.
14

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, na sua norma de Projeto e


Execução de Fundações, a NBR 6122-2010 (p. 2 e p.3), define as fundações
superficiais e profundas, assim:
(...)
3.1.
Fundação superficial (rasa ou direta)
Elemento de fundação em que a carga é transmitida ao térreo pelas tensões
distribuídas sob a base da fundação, e a profundidade de assentamento em
relação ao terreno adjacente à fundação é inferior a duas vezes a menor
dimensão da fundação.
(...)
3.7.
Fundação profunda
Elemento de fundação em que transmite a carga ao terreno ou pela base
(resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou
por uma combinação das duas, devendo sua posta ou base estar assente em
profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no
mínimo 3,0m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões.

Fig. 0.2 – Tipos de fundações quanto a profundidade

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Budhu, Muni (2013, p. 178) destaca que “A escolha do tipo de fundação é


baseada na experiência e norteada por: Condições geológicas, condições de
carregamento, métodos construtivos, normas e códigos de obras locais, condições
ambientais, impactos nas estruturas vizinhas e necessidades do proprietário. ”
15

Segundo Velloso; Lopes (2010, p. 13), os elementos necessários ao projeto de


fundações são:
1. Topografia da área
• Levantamento topográfico (planialtimétrico);
• Dados sobre taludes e encostas no terreno (ou que possam atingir o
terreno).
2. Dados geológico-geotécnicos
• Investigação do subsolo (às vezes em duas etapas: preliminar e
complementar);
• Outros dados geológicos e geotécnicos (mapas, fotos aéreas e de satélite,
levantamentos aerofotogramétricos, artigos sobre experiências anteriores na
área etc.).
3. Dados sobre construções vizinhas
• Número de pavimentos, carga media por pavimento;
• Tipo de estrutura e fundações;
• Desempenho das fundações;
• Existência de subsolo;
• Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela nova
obra.

4. Dados da estrutura a construí


• Tipo e uso que terá a nova obra;
• Sistema estrutural (hiperesticidade, flexibilidade etc.)
• Sistema construtivo (convencional, pré-moldado etc.);
• Cargas (ações nas fundações)

A topografia, os dados geológico-geotécnicos e as características das


construções vizinhas são elementos de caracterização da área da obra e obtidos in
loco. Já os dados estruturais (plano de lay out do projeto estrutural e o plano de cargas
dos elementos estruturais) são informações fornecidas pelo engenheiro estrutural.

2.2 Ações e solicitações nas fundações:

Embutido no subsistema geotécnico, a infraestrutura (sapatas, tubulões ou


estacas) está sujeita a um conjunto de forças ativas externas: permanentes, variáveis
e excepcionais.
Pelo princípio de causa e efeito ou de ação e reação, surgem forças reativas
internas, ou seja, os esforços solicitantes ou solicitações.
16

Fig. 0.3 - Ações e Esforços Solicitantes

ESFORÇOS
AS AÇÕES EXTERNAS SOLICITANTES
(REAÇÕES INTERNAS)

AÇÕES EXTERNAS SOLICITAÇÕES

• PERMANENTES • FORÇA NORMAL


• VARIAVÉIS • FORÇA CORTANTE
• EXCEPCIONAIS • MOMENTO FLETOR
• MOMENTO TORSOR

Fonte: o Autor

As normas estabelecem quais as ações devem ser aplicadas às estruturas e


as solicitações são obtidas atendendo as condições de equilíbrio estático (Cintra, José
Carlos A., 2011, p. 10).
As obras geotécnicas são, frequentemente, submetidas a uma variedade de
cargas. Cada tipo de carga, ou certas combinações delas, faz com que a estrutura
responda de maneira diferente.
Existem duas grandes classes de cargas: estática e dinâmica.
As cargas estáticas são quaisquer forças simples aplicadas lentamente sobre
uma estrutura com apenas pequenas flutuações na magnitude, direção e localização,
até que o valor final seja atingido. Elas podem ser:
 Cargas permanentes: Peso próprio da estrutura e dos elementos
complementares (paredes, revestimentos, equipamentos, etc.)
 Cargas acidentais: Cargas móveis resultantes da ocupação da estrutura.
 Cargas de terra: Cargas impostas à estrutura pelo solo.
 Cargas hidrostáticas: cargas devido às pressões hidráulicas presentes ao
longo da massa de solo.
As cargas dinâmicas são aplicadas rapidamente em uma estrutura e, em
geral, mudam de intensidade, direção e localização. As de maiores importâncias
prática para engenheiros geotécnicos são:
17

 Cargas de impacto: Cargas repentinas e de curta direção, considerada


como cargas estáticas com intensidade aumentada, com fatores de
ampliação entre 1,10 a 1,25.
 Cargas de operação de máquinas: São cargas que provocam
deformações através da frequência e duração de carregamento durante a
operação de máquinas.
 Cargas de vento: Cargas resultantes de uma massa de ar sobre a
estrutura. São tratadas como forças estáticas considerando a velocidade
máxima do vento esperado, condições de exposição e geometria da
edificação.
 Cargas de sismo: São cargas provenientes de ondas internas e
superficiais provocadas pela movimentação de placas tectônicas durante
um período de tempo restrito, na crosta terrestre.
A Norma NBR 8681-2003, referente a Ações e segurança nas estruturas,
que “fixa os requisitos exigíveis na verificação da segurança das estruturas usuais da
construção civil e estabelece as definições e os critérios de quantificação das
ações...”, no seu item 4.2 (p.3), sobre Ações, as classificas como:
(...)

4.2.1 Classificação das ações

Para o estabelecimento das regras de combinação das ações, estas são


classificadas segundo sua variabilidade no tempo em três categorias:
a) ações permanentes;
b) ações variáveis;
c) ações excepcionais.

4.2.1.1 Ações permanentes

Consideram-se como ações permanentes:


a) ações permanentes diretas: os pesos próprios dos elementos da
construção, incluindo-se o peso próprio da estrutura e de todos os elementos
construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos fixos e os empuxos
devidos ao peso próprio de terras não removíveis e de outras ações
permanentes sobre elas aplicadas;
b) ações permanentes indiretas: a protensão, os recalques de apoio e a
retração dos materiais.

4.2.1.2 Ações variáveis

Consideram-se como ações variáveis as cargas acidentais das construções,


bem como efeitos, tais como forças de frenação, de impacto e centrífugas, os
efeitos do vento, das variações de temperatura, do atrito nos aparelhos de
apoio e, em geral, as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas. Em função de
sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as ações
variáveis são classificadas em normais ou especiais:
18

a) ações variáveis normais: ações variáveis com probabilidade de ocorrência


suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente consideradas no
projeto das estruturas de um dado tipo de construção;
b) ações variáveis especiais: nas estruturas em que devam ser consideradas
certas ações especiais, como ações sísmicas ou cargas acidentais de
natureza ou de intensidade especiais, elas também devem ser admitidas
como ações variáveis. As combinações de ações em que comparecem ações
especiais devem ser especificamente definidas para as situações especiais
consideradas.

4.2.1.3 Ações excepcionais

Consideram-se como excepcionais as ações decorrentes de causas tais


como explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos
excepcionais. Os incêndios, ao invés de serem tratados como causas de
ações excepcionais, também podem ser levados em conta por meio de uma
redução da resistência dos materiais constitutivos da estrutura.

A combinação dessas ações, que deve ser feita de forma que se possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para estrutura, definem o seu
carregamento.
A norma NBR 8681-2003 estabelece critérios gerais para combinações dessas
ações no seu item 4.3.3, onde ações permanentes devem ser tomadas em sua
totalidade e as variáveis consideradas apenas as parcelas que produzem efeitos
desfavoráveis à segurança da estrutura.
Velloso; Lopes (2010, p. 15), destaca que:
O projetista de fundações deve avaliar cuidadosamente, ainda, as ações
decorrentes do terreno (empuxos de terra) e da água superficial e
subterrânea (empuxos hidrostático e hidrodinâmico), bem como ações
excepcionais da fase de execução da fundação e infraestruturas
(escoramentos provisórios, escavações, trafego de veículos etc.)

2.3 Métodos de segurança

Muitos fatores influenciam na qualificação e quantificação da segurança em


estruturas, tais como a variabilidade das ações e das resistências dos materiais
utilizados, a importância da estrutura, imprecisões geométricas, imprecisões e
incertezas dos métodos de cálculo, incertezas na execução etc.
Nos problemas de fundações, há sempre incertezas, seja nos métodos de
cálculo, seja nos valores de parâmetros do solo que são introduzidos nesses cálculos,
seja nas cargas a suportar. Consequentemente, há a necessidade de introdução de
19

coeficientes de segurança (também chamados fatores de segurança) que levam em


conta essas incertezas. (Velloso; Lopes, 2010, p. 16)
A introdução dos coeficientes de segurança pode ser feita através de dois
métodos: o método clássico e o método dos estados limites.
No método clássico, denominado de Método de Valores Admissíveis, todas
as incertezas são incluídas em um único coeficiente de segurança, que é o
coeficiente ou fator de segurança global.
Já no método dos estados limites ou Método de Valores de Projeto, as
incertezas são tratadas nos cálculos com coeficientes de ponderação chamados
coeficientes de segurança parciais.
A norma de Projeto e execução de fundações, ABNT NBR 6122-2010, define:
(...)
3.41
método de valores admissíveis
método em que as cargas ou tensões de ruptura são divididas por um fator
de segurança global

𝑹𝒖𝒍𝒕
𝑹𝒂𝒅𝒎 ≤ 𝒆 𝑹𝒂𝒅𝒎 ≥ 𝑨𝒌
𝑭𝑺𝒈

onde:

Radm é a tensão admissível de sapatas e tubulões e carga admissível de


estacas;
Rult representa as cargas ou tensões de ruptura (últimas);
Ak representa as ações características;
FSg é o fator de segurança global

3.42
método de valores de projeto
método em que as cargas ou tensões de ruptura são divididas pelo
coeficiente de minoração das resistências e as ações são multiplicadas por
fatores de majoração
𝑹𝒖𝒍𝒕
𝑹𝒅 ≤ , 𝑨𝒅 = 𝑨𝒌 . 𝒇 𝒆 𝑹𝒅 ≥ 𝑨𝒅
𝒎

onde:

Rd é a tensão resistente de projeto para sapatas ou tubulões ou carga


resistente de projeto para estacas;
Ad representa as ações em valores de projeto
m coeficiente de ponderação das resistências
f coeficiente de ponderação das ações

A filosofia da solicitação admissível, prática dos geotécnicos projetistas de


fundações, tem como princípio garantir que as solicitações nas fundações (Si) não
20

sejam superiores à solicitação admissível (Sa) - tensão admissível em fundações


diretas e carga admissível em estacas.
Si  As (1)
A solicitação admissível é a relação entre o valor médio da resistência e o fator
de segurança global (FS).
𝑅𝑚𝑒𝑑
𝑆𝑎 = (2)
𝐹𝑆
Para o valor de FS, Velloso; Lopes (2010, p. 18), apresenta a tabela Tab. 2.1
recomendada por Terzaghi (1967), conforme Meyerhof (1977), a tabela Tab. 2.2 com
valores sugeridos por Vesic (1970) e a tabela Tab. 2.3 com os valores de fatores de
segurança da Norma NBR 6122-2010.

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Fonte: Velloso; Lopes (2010)


21

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

O fator de segurança global mínimo para a verificação de flutuação,


considerando todas as combinações desfavoráveis (elevação do lençol freático), tanto
nos esforços atuantes quanto nos resistentes deve ser de FS = 1,1.
De amplo conhecimento dos engenheiros de estrutura, a filosofia dos valores
de cálculo é definida pela majoração do valor característica da solicitação (Sk) e a

minoração da resistência característica (Rk), através de fatores de ponderação (f e

m ).
Sd  Rd (3)
Com:
𝑆𝑑 = 𝑆𝑘 . 𝛾𝑓 (4)
e:
𝑅𝑘
𝑅𝑑 =
𝛾𝑚 (5)

Deve-se observar que para a fixação dos fatores de ponderação f e m, quanto

maior as incertezas na obtenção dos valores característicos, maior o seu coeficiente


de segurança. Desta forma, sugere Hansen (1965, apud VELLOSO, 2010, p. 21) os
seguintes valores de coeficientes de segurança parciais:

Coeficiente de majoração de cargas permanentes (per) : 1,0

Coeficiente de majoração de cargas para empuxo de água (emp) : 1,0

Coeficiente de majoração de cargas acidentais (var) : 1,5


22

Coeficiente de minoração das resistências para projetos de fundações:

atrito (’,a ser aplicado à tg’) : 1,2

resistência / coesão não drenada (SU) : 2,0

A norma NBR 6122-2010 (Projeto e execução de fundações) estabelece os


fatores de segurança parciais para verificação da segurança na compressão, de
tração e de deslizamento para fundações superficiais (rasa ou direta), no seu item
6.2.1.1 e para as fundações profundas no item 6.2.1.2.
Velloso; Lopes (2010, p. 22), apresenta a tabela Tab. 2.4, relacionando os
coeficientes de minoração da resistência para as fundações superficial e profunda sob
compressão.

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

A tabela a seguir fornece os coeficientes de ponderação parciais da Norma


NBR 6122-2010.

Tabela 2.5 e 2.6: Tabelas de segurança parciais

Fonte: NBR 6122-2010


23

A Norma NBR 6122-2010 apresenta no item 6.3 Efeito do vento, os critérios a


serem adotados para a verificação das solicitações devido ao efeito das ações do
vento.

Tabela 2.7: Valores característicos e de projeto para ação do vento

Fonte: NBR 6122-2010

2.4 Investigações geotécnicas

As causas mais frequentes de problemas nas fundações estão relacionadas à


investigação das características do subsolo, desta forma o ambiente físico descrito
pelas investigações constitui pré-requisito importante para projetos geotécnicos
seguros e econômicos.
A experiência internacional faz referência frequente ao fato de que o
conhecimento geotécnico e o controle de execução são mais importantes para
satisfazer aos requisitos fundamentais de um projeto do que a precisão de cálculo e
os coeficientes de segurança adotado (SCHNAID; FERNANDO,2012, p.13).
Schnaid; Fernando et al (2012, p.13) registra que:
A prática americana relatada pelo US Army Corps of Engineers (2001) sugere
que: Investigação geotécnica insuficiente e interpretação inadequada de
resultados contribuem para erros de projeto, atrasos no cronograma
executivo, custos associados a alterações construtivas, necessidade de
jazidas adicionais para materiais de empréstimo, impactos ambientais, gastos
em remediação pós-construtiva, além de risco de colapso da estrutura e litígio
subsequente.

De forma análoga, a prática inglesa estabelece que (WELTMAN; HEAD,


1983):
Investimentos suficientes devem ser alocados para garantir um programa
geotécnico extensivo, destinado a reduzir custos e minimizar riscos,
restringindo a possibilidade de confrontar o engenheiro com condições
geotécnicas imprevistas que, frequentemente, resultam em atrasos no
contrato. Esses atrasos podem resultar em custos elevados, muito superiores
aos valores que deveriam ser alocados no programa de investigação.
24

Um programa de investigação geotécnica deve ser elaborado para definir as


etapas de investigação e os objetivos a serem alcançados.
A abrangência desse plano depende de fatores relacionados às características
do meio físico, à complexidade da obra e aos riscos envolvidos, que combinados,
deverão determinar a estratégia adotada no projeto (SCHNAID; FERNADO et al,2012,
p.14).
Através dos ensaios de campo e laboratoriais que se faz a investigação
geotécnica. Os ensaios de campo (in situ) são utilizados na identificação e
caracterização dos solos no local da obra e fornecem parâmetros para o projeto em
condições realísticas do campo. Os ensaios de laboratoriais devem ser realizados de
modo a simular as mesmas condições do campo.
“A obtenção de amostras ou a utilização de algum processo para a identificação
e classificação dos solos exige a execução de ensaios “in situ”.”(QUARESMA ET ALL:
IN HACHICH ET AL, 1998, P.119).
Os ensaios de campo mais utilizados na prática brasileira são:
 Ensaio de penetração dinâmica (Standart Penetration Test – SPT)
 Ensaio de palheta (Vane Shear Test – VST)
 Ensaio de penetração de cone (Cone Penetration Test – CPT)
 Ensaio dilatométrico de placa (Flat Plate Dilatometer – DMT)
 Ensaio pressiométrico (Pressuremeter Test – PMT)
Figura 2.4: Ensaios de campo de uso corrente

Fonte: Schnaid; Fernando et al (2012)


25

Budh, Muni (2013, p.134), comenta que:


Os resultados dos ensaios de campo são utilizados para caracterizar os solos
e o projeto de fundações. Os ensaios de campo, em geral, apresentam um
bom custo / benefício. A maioria deles não mede a resistência e os
parâmetros de deformabilidade diretamente. As correlações com resultados
de ensaios laboratoriais e experiência são utilizadas na estimativa dos valores
de resistência ao cisalhamento e parâmetros de deformabilidade, cargas de
projeto seguras e recalques admissíveis.

Schnaid; Fernando et al (2012, p.16) apresenta um quadro com o resumo das


técnicas de ensaios de campo e suas aplicações, tais como adotadas na prática
internacional, com referências feitas à determinação de vários parâmetros do solo.
“A simples observação das informações contidas no quadro indica que a
escolha do tipo de ensaio deve ser compatível com as características do solo
e as propriedades a serem medidas. Por exemplo, o SPT é particularmente
adequado à prospecção de solos granulares e à previsão de valores do
ângulo de atrito interno, mas não é utilizado com sucesso na previsão da
resistência não drenada de depósitos de argilas moles.” (SCHNAID;
FERNADO et al 2012, p.15).

Figura 2.5: Quadro aplicativo e uso de ensaios in situ

Fonte: Schnaid; Fernando et al (2012)

Como complemento aos ensaios de campos, podem ser feitas a retirada de


amostras indeformadas para ensaios em laboratório com vistas a determinação de
parâmetros de resistência e deformabilidade.
26

2.5 SPT (Standard Penetration Test)

Sendo um dos mais utilizados ensaios de campo, o ensaio de penetração


dinâmica SPT, desenvolvido por volta de 1927 é assim descrito por Schnaid;
Fernando et al (2012, p.22):
O Standard Penetration Test (SPT) é, reconhecidamente, a mais popular,
rotineira e econômica ferramenta de investigação geotécnica em
praticamente todo o mundo. Ele serve como indicativo da densidade de solos
granulares e é aplicado também na identificação da consistência de solos
coesivos, e mesmo de rochas brandas. Métodos rotineiros de projeto de
fundações diretas e profundas usam sistematicamente os resultados de SPT,
especialmente no Brasil.
O ensaio SPT constitui-se em uma medida de resistência dinâmica conjugada
a uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é obtida por
tradagem e circulação de água, utilizando-se um trépano de lavagem como
ferramenta de escavação. Amostras representativas do solo são coletadas a
cada metro de profundidade por meio de amostrador padrão com diâmetro
externo de 50 mm. O procedimento de ensaio consiste na cravação do
amostrador no fundo de uma escavação (revestida ou não), usando-se a
queda de peso de 65 kg de uma altura de 750 mm (Fig. 2.6). O valor NSPT é
o número de golpes necessários para fazer o amostrador penetrar 300 mm,
após uma cravação inicial de 150 mm.

Figura 2.6: Equipamento para sondagem SPT

Fonte: Schnaid; Fernando et al (2012)


Schnaid; Fernando et al (2012, p.22) acrescenta que sobre as vantagens desse
ensaio estão: a simplicidade do equipamento, baixo custo e obtenção de um valor
27

numérico de ensaio que pode ser relacionado por meio de propostas não sofisticadas,
mas diretas, com regras empíricas de projeto.
Apesar das críticas ele é o ensaio dominante ainda utilizado na prática de
Engenharia de Fundações.
O resultado do ensaio terá como apresentação um relatório técnico (relatório
de sondagem), padronizado conforme a norma NBR 6484 – 2001 (Solo – Sondagens
de Simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio), que deverá fornecer
dados gerais sobre o local e tipo de obra e descrição sumária sobre os equipamentos,
além de uma planta de locação dos furos, da cota de nível de referência adotada e do
perfil de cada furo contendo:
 as descrições das camadas do solo;
 o índice de resistência à penetração (NSPT);
 o gráfico de resistência x profundidade;
 a classificação macroscópica das camadas;
 a profundidade e limite de sondagem;
 a existência ou não de lençol freático e o seu nível inicial após 24 horas.

Figura 2.7: Boletim de Sondagem - SPT

Fonte: Concresolo
28

2.6 Correlações baseadas em ensaios de campo SPT

O ensaio de SPT tem sido utilizado para inúmeras aplicações: de amostragem


para identificação de ocorrência dos diferentes horizontes, passando pela previsão da
tensão admissível de fundações diretas, até correlações com outras propriedades
geotécnicas. (SCHNAID; FERNADO et al, 2012, p.38)
Velloso; Lopes (2010, p.46) aborda que: “O ensaio SPT tem uma primeira
utilidade na indicação da compacidade de solos granulares (areias e siltes arenosos)
e da consistência dos solos argilosos (argilas e siltes argilosos)...”
O boletim de sondagem, além de classificar o solo ao longo da profundidade
do furo, deve também fornecer a sua compacidade ou consistência (Tabela A – NBR
6484 – 2001, p.17).

Tabela 2.8: Estados de compacidade e resistência dos solos

Fonte: NBR 6481-2001


29

A abordagem para a interpretação dos resultados do relatório de sondagem do


ensaio do SPT pode ser feita através de métodos indiretos ou diretos.
 Métodos indiretos: os resultados do ensaio SPT são utilizados na
previsão de parâmetros constitutivos, representativos do comportamento
do solo, possibilitando a adoção de conceitos e formulações clássicas de
Mecânica dos Solos.
 Métodos diretos: os resultados do ensaio SPT são aplicados diretamente
na previsão da capacidade de carga ou recalque de um elemento de
fundação, sem a necessidade de determinar parâmetros intermediários.

Tabela 2.9: Ensaios de campo

Fonte: o Autor

Existem inúmeras correlações feitas através de formulas, ábacos, tabelas etc.,


de consagrada experiência nacional e estrangeira. A preocupação que o projetista
de fundação deve ter quando se propõem a utilizar essas correlações é o da correção
dos valores do NSPT devido à aplicação da energia pelo golpe do martelo sobre a
composição da haste e da influência das condições do solo na resistência à
penetração.
CORREÇÕES DE MEDIDAS DE NSPT
Conhecidas as limitações envolvidas no ensaio, é possível, por meio da
interveniência de fatores que influenciam os resultados e não estão
relacionados às características do solo, avaliar criticamente as metodologias
empregadas na aplicação de valores de NSPT em problemas geotécnicos.
Para tanto, as abordagens modernas recomendam a correção do valor
medido de NSPT levando-se em conta o efeito da energia de cravação e
do nível de tensões. (SCHNAID; FERNADO et al , 2012, p.33)
30

A despeito das correções de medidas de NSPT, em função da energia aplicado,


no Brasil, o processo de cravação da haste mais comum é o manual, que na liberação
de queda do martelo tem uma eficiência energética entre 70% a 80% da energia
nominal (SCHNAID; FERNADO et al,2012, p.33).
A eficiência do SPT brasileiro, quando o mesmo é rigorosamente executado de
acordo com a Norma Brasileira NBR 6884, é em média de 72%. (HACHICH, et all,
1998, p.123).
Para o sistema mecanizado, usual nos Estados Unidos e na Europa, a energia
liberada é na ordem de 60% (N60). Schnaid, et all (2012, p.34) comentam que a
correção do valor de NSPT para o padrão americano N 60 é realizada através de uma
relação linear entre a energia empregada e a energia de referência.

E1 N1 = N2 E2 (6)

Energia Referência . N60 = N72 . Energia Aplicada (7)

0,60 . N60 = N72 . 0,72 (8)

Levando em consideração o efeito da energia de cravação, antes de se usar


correlações baseadas na experiência internacional, o número de golpes obtidos
numa sondagem brasileira (N72) deve ser majorado.

𝑁60 (9)
𝑁72 (𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙) =
1,2

A resistência à penetração não depende somente da eficiência do ensaio SPT,


mas sim do nível médio de tensões na profundida onde está sendo executado o
ensaio. A prática recomenda que em solos granulares seja feita a correção devida do
valor medido de NSPT, para considerar o efeito dessas tensões. (HACHICH, et all,
1998, p.123 e SCHNAID, et all 2012, p.35).

𝑁𝑆𝑃𝑇,1 = 𝐶𝑁 𝑁𝑆𝑃𝑇 (10)


31

Sendo:
NSPT,1 - Valor do NSPT corrigido para uma tensão de referência de 100 kPa.
CN - Correção decorrente da tensão efetiva de sobrecarga
NSPT - Valor medido de NSPT

Tabela 2.10: Fatores de Correção CN

Fonte: Schnaid; Fernando et al(2012)

É prática comum para solos granulares estabelecer uma correlação entre o


NSPT e o ângulo de atrito interno do solo () ou a Densidade Relativa (DR). Algumas
correlações usadas são apresentadas a seguir:

∅ = 15° + √20 . 𝑁72 Teixeira & Godoy(1996) (11)

∅ = 20° + √15,4 . 𝑁60 Hatanaka e Uchida (1996) (12)

𝑁 1/2
60
𝐷𝑟 = ( ) Skempton (1986) (13)
0,28 . 𝜎 +27
𝑣

0,712
∅ = tan−1 (1,49−𝐷𝑟) De Mello (1971) (14)
32

2.7 Fundações superficiais

Fundações em que as cargas são transmitidas ao terreno através das pressões


de contato da base da fundação e são assentadas ao uma profundida inferior a duas
vezes da sua menor dimensão.
Figura 2.8: Fundações Superficiais

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Quanto aos tipos de fundações superficiais temos:

 BLOCO: elemento de fundação superficial de concreto simples (não


armado), dimensionado de maneira que as tensões de tração nele
produzidas sejam resistidas pelo concreto.
 SAPATA: elemento de fundação superficial de concreto armado,
dimensionado para que as tensões de tração sejam resistidas pela
armadura da base da sapata.
 SAPATA ASSOCIADA: sapata comum a mais de um pilar
33

 VIGA DE FUNDAÇÃO OU SAPATA CORRIDA : elemento de fundação


superficial sujeito a carga distribuída de muros ou paredes e de pilares
alinhados.
 GRELHAS : elementos de fundação constituído por um conjunto de vigas
que se cruzam nos pilares.
 RADIER: elemento de fundação superficial que recebe parte (radier parcial)
ou todos os pilares de uma estrutura (radier geral)

2.8 Fundações profundas

Quando as condições das camadas superficiais do terreno não são adequadas


ao assentamento das fundações é necessário buscar camadas mais resistentes a
uma maior profundidade, recorrendo a fundações profundas (indiretas).
Figura 2.9: Fundações Profundas

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Velloso; Lopes (2010, p.12) tipifica estas fundações em três grupos distintos:

 ESTACAS: elemento de fundação profunda executado inteiramente por


equipamentos ou ferramentas, execução esta, que pode ser por cravação
escavação ou injeção, ou ainda mista, sem que em qualquer fase de sua
execução, haja descida de pessoas. Os materiais empregados podem ser:
34

madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou pela


combinação dos anteriores.

 TUBULÃO: elemento de fundação profunda de forma cilíndrica que, pelo


menos na sua fase final de execução, requer a descida de operário ou
técnico (o tubulão não difere da estaca escavada pelas suas dimensões
mas sim pelo processo executivo, que envolve a descida de pessoas).
 CAIXÃO: elemento de fundação profunda de forma prismática, concretada
na superfície e instalada por escavação interna.
Figura 2.10: Fundações Profundas (Estacas e Tubulões)

Fonte: O Autor

2.9 Fundações mistas

São fundações que associam as soluções de fundação superficial e profunda.


(VELLOSO; LOPES, 2010, p.13). Uma parte da carga da estrutura é transferida
através do contato da base da fundação superficial com o solo e a outra parte por
atrito lateral e/ou carga de ponta da fundação profunda.
35

Pode-se ter para este tipo de fundações as seguintes soluções:


 SAPATA SOBRE ESTACA
 BLOCO SOBRE ESTACAS
 VIGA BALDRAME SOBRE ESTACAS
 RADIER ESTAQUEADOS
 RADIER SOBRE TUBULÕES
Figura 2.11: Fundações Mistas

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

2.10 Requisitos de um projeto de fundação

Budhu; Muni (2013, p.177) enfatiza que o projeto de fundação deve garantir as
suas condições de estabilidade, ou seja:
1. A fundação não deve se romper ou se tornar instável quando sob qualquer
tipo de carga prevista;
2. Os seus recalques devem estar dentro dos limites toleráveis.
Além disso, a execução da fundação em campo deve ser possível, tanto em
termos construtivos, quanto econômicos.

Abrahão et al (2014, apud SOUZA et al, 2014, p.5) resume que para um bom
projeto de fundações, o mesmo deve atender a três requisitos:
1. Oferecer segurança estrutural a fundação, assim como aos demais
elementos da estrutura;
2. Oferecer segurança satisfatória contra ruptura ou escoamento do solo;
3. Evitar recalques que a estrutura não possa suportar.
36

Velloso; Lopes, (2010, p.15) faz devida correspondência entre os requisitos


para um projeto de fundações, com os estados limites últimos e de serviço, exigências
da Norma NBR 6122-2010 (Projeto e execução de fundações), onde:
1. Atender as condições de deformações aceitáveis sob as condições de
trabalho corresponde à verificação de estados limites de utilização ou de
serviço (ELS);
2. Atender a segurança adequada ao colapso do solo de fundação
(estabilidade externa) e ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade
interna) corresponde à verificação de estados limites últimos (ELU).
ABNT NBR 6122-2010

(...)
6.2 Estados-limites
O projeto deve assegurar que as fundações apresentem segurança quanto
aos:
a) estado-limite último (associados a colapso parcial ou total da obra)
b) estado-limite de serviço (quando ocorre, deformações, fissuras etc.
que comprometem o uso da obra)

Figura 2.11: Consequências danosas ás fundações

Fonte: Velloso; Lopes (2004)


Além do mais, para certos tipos de obras, outros requisitos devem ser atendidos
no que se refere a ter adequada segurança ao tombamento e deslizamento das
fundações (estabilidade externa) devido a forças horizontais atuantes nas fundações,
ter segurança à flambagem e no caso de ações dinâmicas ter níveis compatíveis de
vibração com o uso da obra.
37

3 TENSÕES EM SOLO

As tensões internas em um maciço terroso decorrem do peso próprio do solo


(tensões virgem) e de cargas externas aplicadas (tensões induzidas).
As cargas aplicadas em uma obra geotécnica são transferidas na forma de
tensões para o solo. É importante saber como as tensões de superfícies são
distribuídas no interior do solo e os seus deslocamentos resultantes, para que se
possa estimar se o solo abaixo da obra geotécnica vai colapsar ou provocar
deformações excessivas.
Ao se aplicar uma carga na superfície de um terreno, numa área bem definida,
os acréscimos de tensão numa certa profundidade não se limitam à projeção da área
carregada. Nas laterais da área carregada também ocorrem aumentos de tensão, que
se somam às anteriores devidas ao peso próprio, ou seja:
1. Os acréscimos de tensões a uma certa profundidade excedem a área de
projeção da área carregada;
2. O somatório dos acréscimos de tensões verticais é constante em
profundidade;
3. Como a área de atuação aumenta o valor das tensões verticais diminuem
com a profundidade;
Conclui-se: O acréscimo é maior no eixo do carregamento e diminui com a
profundidade e horizontalmente.
Figura 3.1: Distribuição das tensões

Fonte: Bastos; Cezar – Notas de aula


38

3.1 Carga concentrada vertical na superfície (Equação de Boussinesq )

Boussinesq (1885) apresentou uma solução para a distribuição de tensões


para uma carga concentrada aplicada na superfície do solo, assumindo que o solo é
um meio elástico (BUDHU, MUNI, 2013, p. 35).
Figura 3.2: Distribuição das tensões – Carga Vertical

Fonte: Budhu, Muni, (2013)

O acréscimo de tensão vertical no ponto A é:

(15)

Sendo E o módulo de elasticidade e  o coeficiente de Poisson, o recalque

vertical elástico é:

(16)
39

3.2 Carga linear infinita

A partir das expressões de Boussinesq para carga concentrada, usando o


princípio da superposição (o efeito do conjunto considerado como a soma dos efeitos
de cada um dos componentes) e por meio de integração matemática, foi possível que
vários pesquisadores chegassem a expressões para o cálculo da distribuição causada
por cargas lineares e áreas carregadas.
Figura 3.3: Distribuição das tensões – Carga Linear

Fonte: Budhu, Muni, (2013)


As seguintes expressões foram propostas por Melan (1932, apud POULOS et
al, 1974, p.27):

(17)

(18)

(19)

Um exemplo prático é a carga de uma parede sobre uma viga de fundação.


40

3.3 Cargas distribuídas de superfície

Para as cargas distribuídas de superfície apresentamos duas soluções:

3.3.1 Solução para um carregamento uniformemente distribuído ao longo de uma


faixa de comprimento infinito e largura constante

Em placas retangulares em que uma das dimensões é muito maior que a outra,
como exemplo o caso de sapata corrida (viga de fundação) os esforços induzidos na
massa de solo podem ser determinados através das expressões propostas por
Carothers:
Figura 3.4: Placa retangular de comprimento infinito

Fonte: Budhu, Muni, (2013)

O acréscimo das tensões verticais devido à tensão normal de superfície, qs


(força/área), é:

(20)

No eixo da carga vale:

(21)
41

3.3.2 Solução para um carregamento retangular uniformemente distribuído;

Muitas estruturas de fundação têm seção quadrada ou retangular. O acréscimo


de tensões verticais sob o canto de uma área retangular B e comprimento L é:
(BUDHU, MUNI, 2013, p. 37)

(22)

Podendo ser escrita como:

(23)

onde Iz é o fator de influência

Figura 3.5: Distribuição de tensão – Placa retangular

Fonte: Budhu, Muni, (2013)


42

Steinbrenner construiu um gráfico integrando a fórmula de Boussinesq que


permite a determinação de z a uma profundidade Z abaixo do vértice A de um
retângulo de lados B e L (B > L), uniformemente carregado por uma tensão qs
(força/área), obtendo o fator de influência Iz .
Figura 3.6: Fator de Influência

Fonte: Budhu, Muni, (2013)


Para o cálculo em qualquer outro ponto, divide-se a área carregada em
retângulos com uma aresta na posição do ponto considerado e calcula-se
separadamente o efeito de retângulo. Z será a soma das ações de cada uma das
áreas.

3.4 Método aproximado para cargas retangulares

Em análises preliminares de acréscimos de tensão vertical sob o centro de


cargas retangulares, engenheiros geotécnicos utilizam com frequência um método
aproximado (algumas vezes chamados de método 2:1). (BUDHU, MUNI, 2013, p. 39)
Caputo (1993, p.86), faz considerações importantes sobre este método:
43

Hipótese simples – Um “método aproximado”, muito usado em estudos


preliminares de distribuição de pressões, consiste em admitir que a carga se
distribua uniformemente nas diferentes profundidades, propagando-se para o
interior do solo segundo um ângulo de 30° com a vertical...
(...)
Nisso consiste a hipótese simples de distribuição das pressões, a cuja
incorreção, para as construções flexíveis, já aludimos. Em se tratando, porém
de fundações rígidas e isoladas, esta hipótese pode ser considerada
admissível.

Uma prática corrente para se estimar o valor das tensões em certa


profundidade consiste em considerar que as tensões se espraiam segundo áreas
crescentes, mas sempre se mantendo uniformemente distribuídas.

Figura 3.7: Espraiamento das tensões de uma placa

Fonte: Budhu, Muni, (2013)

A distribuição de pressões ou tensões pela hipótese simples admite-se que a

carga “Q” aplicada à superfície se distribui, em profundidade segundo um ângulo (ϕ0),

chamado ângulo de espraiamento ou de propagação. A Figura apresenta a


distribuição de tensões no interior do maciço segundo a hipótese simples. A
propagação das pressões restringe-se à zona delimitada pelas linhas de espraiamento
AB.
Figura 3.8: Distribuição de tensões no interior do maciço
44

Fonte: O Autor

Kogler e Scheidig (1948) sugerem valores para o ângulo de espraiamento


segundo a tabela abaixo:

Tabela 3.1: Ângulo de espraiamento

Fonte: Kogler e Scheidig (1948)

3.5 Bulbo de tensões

Caputo (1993, p.62), define Bulbo de Pressões (Tensões) como um conjunto


de curvas ou superfícies isóbaras que ligam pontos de mesma pressão.
45

Figura 3.9: Bulbo de tensões

Fonte: Marangon, M (2009)

Para efeitos práticos, considera-se que valores menores que 0,1σ0 não têm

efeito na deformabilidade do solo de fundação, sendo assim a isóbara que representa


10% da tensão aplicada na superfície a limitadora da zona do solo sujeita as
deformações.
Figura 3.10: Bulbo de tensões

Fonte: Marangon, M (2009)

Simons e Menzies (1981, apud CINTRA et al, 2012, p.37) apresenta através
de cálculos mais rigorosos para sapatas flexíveis, pela Teoria de Elasticidade, uma
relação entre a largura da base B da placa com a profundidade do bulbo de tensões,
em função da forma da base das sapatas, assim:
46

 Sapata circular : Z = 1,5 B


 Sapata quadrada: Z = 2,5 B
 Sapata corrida : Z = 4,0 B

Cintra (2012, p. 38), sugeri:


 Sapata Circular ou Quadrada ( L = B ) : Z = 2B
 Sapata Retangular ( L = 2B a 4B ) : Z = 3B
 Sapata Corrida ( L  5B ) : Z = 4B

Cintra (2012, p.38) comenta que “a superfície potencial de ruptura de


desenvolve toda no interior do bulbo de tensões...”, ou seja, no caso de uma sapata
quadrada, para efeito de cálculo não importa o solo que estiver além da profundidade
Z=2B.

Figura 3.11: Bulbo das tensões – fundação quadrada

Fonte: Budhu, Muni, (2013)


47

3.6 Influência da rigidez relativa da fundação – solo

Na interface base-solo no sistema de fundações o que é mais relevante são as


tensões de apoio que área de uma fundação exerce no solo. A pressão exercida no
solo não tem uma distribuição necessariamente uniforme. Isso é o que indica vários
estudos analíticos e de campo, pois depende de vários fatores. (CODUTO, 2012, p.
153)

Velloso; Lopes, (2010, p.122) relaciona os fatores que afetam essas pressões
de contato e destaca as cargas aplicadas e a rigidez da fundação, como mais
importantes:
As pressões de contato dependem principalmente:
 das características das cargas aplicadas;
 da rigidez relativa fundação-solo;
 das propriedades do solo;
 da intensidade das cargas.
Características das cargas aplicadas
As características das cargas aplicadas constituem o fator mais importante
na definição das pressões de contato, uma vez que a resultante dessas
pressões deve ser igual e oposta à resultante das cargas.

Rigidez relativa fundação-solo


O segundo fator mais importante é a rigidez relativa fundação solo R r. Quanto
mais flexível for a fundação, mais as pressões de contato refletirão o
carregamento(...).
Figura 3.12: Cargas aplicadas e rigidez relativa

Fonte: Velloso, Lopes (2010)


48

Nas fundações flexíveis, as pressões de contato são uniformes e idênticas as


que são transmitidas pelas fundações, sendo que as deformações não o são. Os solos
coesivos (arenosos) recalcam mais no centro da área carregada e menos na periferia,
diferente dos solos não coesivos (argilosos), que em virtude do modulo de elasticidade
aumentar com o confinamento, crescendo da zona central para a zona periférica da
área carregada (CAPUTO, 1993, p.92).

Figura 3.13: Distribuição de pressão no solo

Fonte: P.S.S, Bastos (2016)

Já as fundações rígidas, impõem deformações constantes sob a superfície,


sendo nesse caso com pressões de contato não uniformes. Para os solos coesivos
verifica-se que para obter as deformações uniforme, terá que haver uma redistribuição
das pressões, com a diminuição no centro e aumentado para a periferia, ao contrário
dos solos não coesivos, com aumento no centro e diminuição na periferia.
49

Segundo Coduto (2012, p. 154) é comum assumir a uniformidade sob


carregamentos concêntricos, devido a complexa analise ao se considerar a pressão
não uniforme e por não haver um erro significativo com esta simplificação.

Nilson et al (2010, p. 560) reforça que:

“Essas características de não uniformidade da pressão do solo são


comumente ignoradas porque sua consideração numérica é incerta e muito
variável, dependendo do tipo de solo, e porque a influência sobre a
intensidade dos momentos fletores e forças cortantes na sapata é
relativamente pequena.”

A norma NBR 6122-2010 (Projeto e execução de Fundações), nos seus itens


7.6.1, sobre cargas centradas, admite que as tensões transmitidas ao terreno sejam
uniformemente distribuídas. Já a NBR 6118-2014 (Projeto de estruturas de concreto
armado) nos itens 22.6.1 ela permite que:

(...)
Para a sapata rígida pode-se admitir a distribuição de tensões normais no
contato sapata-terreno, caso não se disponha de informações mais
detalhadas a respeito.

Para sapatas flexíveis ou em casos extremos de fundação em rocha, mesmo


com sapata rígida, essa hipótese deve ser revista.
(...)

Como se observa, a distribuição real das pressões não é uniforme e por


simplificação admite-se na maioria dos casos uma distribuição uniforme, gerando
esforços solicitantes maiores.
Tradicionalmente, os acréscimos de tensão vertical de soluções elásticas não
são ajustadas, porque o comportamento do solo não é linear e é melhor errar para o
lado conservador. (BUDHU, MUNI, 2013, p. 45)
Figura 3.14: Distribuição de tensões no solo em areia

Fonte: P.S.S, Bastos (2016)


50

A distribuição de tensões no interior do solo é influenciada pela rigidez relativa


de uma fundação em relação ao solo. Há diferentes formas de expressar a rigidez
relativa, propostas por diferentes autores, em função de seus métodos de cálculo (por
exemplo ,Borowicka(1936), Meyerhof (1953), Schultze(1966) etc.).
Budhu, Muni, (2013, p. 44) apresenta para uma fundação circular a rigidez
relativa Kr a seguinte expressão:

𝐸𝑓𝑢𝑛𝑑 (1 − 𝑣𝑠𝑜𝑙𝑜 2 ) 𝑡 3
𝐾𝑟 = ( ) (24)
𝐸𝑠𝑜𝑙𝑜 𝑟0

Onde :
Efund e Esolo são os módulos de Young da fundação e do solo;
solo é o coeficiente de Poisson do solo;
t e r0 são a espessura e raio da fundação.

Para Kr > 10 teremos a condição do sistema solo-fundação como rígida.


Para Kr < 0,1 teremos a condição do sistema solo-fundação como flexível.

Fundações com 0,1 < Kr < 10, tais como lajes de concreto muito grandes e
relativamente finas, caso do radier, podem não apoiar completamente no solo, devem
ter uma avaliação das tensões de flexão e da distribuição da pressão no solo de
maneira mais cuidadosa.

3.7 Aplicativos, tabelas e ábacos para o cálculo do acréscimo de tensão

Velloso; Lopes (2010, p.507) apresenta nos apêndices 1 e 2 Tabelas e Ábacos


para o cálculo de acréscimos de tensão pela Teoria da Elasticidade e pelo método de
Salas.
51

Figura 3.15: Tabelas para cálculo de acréscimo de tensão

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Budhu; Muni (2013, p.34) disponibiliza o acesso ao aplicativo STRESS para o


cálculo do acréscimo de tensões sob as fundações.

Figura 3.16: Tela inicial do aplicativo STRESSES

Fonte: Budhu; Muni (2013)


52

Figura 3.17: Telas do aplicativo STRESSES

Fonte: Budhu; Muni (2013)


53

4 CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS E TENSÃO


ADMISSÍVEL

4.1 Mecanismo de ruptura

Budhu, Muni (2013, p. 67) comenta que umas das funções do engenheiro
geotécnico é de estimar as cargas que irão causar a ruptura do solo e desta forma
projetar uma fundação tal que apenas mobilize uma fração destas cargas.
Existem várias teorias de ruptura, baseadas em simplificações do
comportamento do solo, por isso necessário o entendimento desses mecanismos de
ruptura, de modo a se poder escolher a melhor situação para o projeto de fundações.
A ruptura dos solos é definida como o alcance de um estado de tensões
constantes sem que haja mais variação de volume. Este estado é denominado de
estado crítico. (BUDHU, MUNI, 2013, p. 67)

Vesic (1963, apud VELLOSO; LOPES, 2010, p.56) distinguiu três tipos de
ruptura:
 Ruptura generalizada: Ocorre nos casos de solos mais resistentes,
caracterizando-se pela existência de um mecanismo de ruptura bem
definido e constituído por uma superfície de deslizamento que vai de um
bordo da fundação à superfície do terreno. Ruptura súbita e catastrófica,
levando ao tombamento da sapata e à formação de uma considerável
protuberância na superfície do terreno.
 Ruptura por puncionamento: Ocorre nos solos deformáveis,
caracterizado por difícil observação, onde a superfície de ruptura fica
confinada abaixo da fundação (cunha de ruptura). O movimento vertical da
fundação é acompanhado pela compressão do solo.
 Ruptura localizada: Para solos intermediários (areias mediamente
compactas e argilas média), os planos de ruptura se desenvolve dentro da
camada de solo abaixo da fundação e se estende lateralmente, porém não
há levantamento do solo no entorno da fundação.
54

Figura 4.1: Mecanismos de ruptura

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

4.2 Analise da capacidade de suporte do solo

A capacidade de carga de uma fundação (σr) é definida como a tensão


transmitida pelo elemento de fundação capaz de provocar a ruptura do solo ou a sua
deformação excessiva e depende de uma série de variáveis, como por exemplo, das
dimensões do elemento de fundação, da profundidade de assentamento, das
características dos solos, etc
Essa tensão transmitida pela base da fundação não pode ser maior do que a
tensão de ruptura do solo, sob o risco de colapso da estrutura de fundação e
consequente ruina da obra.
Desta forma deve-se avaliar a capacidade de suporte da fundação, analisando
os seus valores, associados aos seus fatores de segurança.
Os métodos de análise da capacidade de suporte de fundações superficiais
são:
 Provas de carga sobre placas, ensaio realizado de acordo com a ABNT
NBR 6489, cujos resultados devem ser interpretados levando-se em
consideração as relações de comportamento entre a placa e a fundação
real (NBR 6122 – 2010, pag.20);
 Métodos teóricos, como as formulações clássicas desenvolvidas por
Terzaghi (1943), Meyerhof (1963), Vésic (1974), etc., adicionadas a
parâmetros geotécnicos do solo (coesão, ângulo de atrito, peso especifico);
55

 Métodos semi-empíricos: aqueles em que as propriedades dos materiais


são estimadas por meio de correlações e são usadas em teorias da
Mecânica dos Solos.

4.3 Parâmetros do solo

Os parâmetros do solo podem ser obtidos através de ensaios de laboratório ou


por meio de ensaios de campo e correlações empíricas.
Cintra (2012, pag. 44), diz que apesar o parâmetros de resistência do solo
(coesão e ângulo de atrito interno) condições de carregamento, variando do não
drenado ao drenado, é habitual para o cálculo da capacidade de carga o uso dos
valores não drenados de coesão e de atrito.

Quando não dispomos de resultados de ensaios de laboratório, Cintra (2012,


pag. 45), sugere que:

 Para a Coesão não drenada a correlação de Teixeira e Godoy(1996):


𝑐 = 10 . 𝑁72 (25)
 Para o Ângulo de atrito na condição não drena, a correlação de Teixeira
& Godoy(1996):
∅ = 15° + √20 . 𝑁72 (26)
 Para o Peso específico os valores aproximados das Tabs. 4.1 e 4.2, em
função da consistência da argila e da compacidade.

Tabela 4.1: Peso especifico solos argilosos

Fonte: Cintra (2012)


56

Tabela 4.2: Peso especifico solos arenosos

Fonte: Cintra (2012)

Para uma estimativa inicial e posterior comprovação através de ensaios


laboratoriais, Alonso (1983, pag. 97) apresenta as correlações entre o valor do NSPT
e a coesão para solos argilosos e o ângulo de atrito para solos arenosos.

Tabela 4.3: Coesão de solos argilosos

Fonte: Alonso (1983)

Tabela 4.4: Ângulo de atrito dos solos arenosos

Fonte: Alonso (1983)

4.4 Método de Terzaghi

Apoiado nas contribuições de Prandtl(1920) e Reissner(1924), Terzaghi(1946)


apresentou a primeira formula para o cálculo da capacidade de carga das fundações
superficiais (VELLOSO; LOPES, 2010, p.59).
57

Para o caso de ruptura geral, temos:


𝜎𝑟𝑢𝑝 = 𝑐. 𝑁𝑐 . 𝑆𝑐 + 0,5 . 𝐵. 𝛾𝑁𝛾 𝑆𝛾 + 𝑞. 𝑁𝑞 𝑆𝑞 (27)

Onde:
c : coesão do solo
B : largura da base da sapata
 : peso específico do solo subjacente à fundação
Nc, N e Nq : fatores de capacidade de carga (Ábaco 4.1)
Sc, S e Sq : fatores de forma da fundação (Tab. 4.5)
q : sobrecarga de embutimento da fundação ( q = .Df)

Os fatores de carga são adimensionais e dependem do ângulo de atrito . Para


solos com ruptura geral eles são representados por Nc, Nq e N. Para solos com
ruptura local os fatores de carga são N’c, N’q e N’.
Ábaco 4.1: Valores de capacidade de carga - Terzaghi

Fonte: Alonso (1983)

Tabela 4.5: Valores de forma - Terzaghi

Fonte: Alonso (1983)


58

Para o caso de ruptura por puncionamento, Terzaghi(1943) sugere a redução


dos parâmetros de resistência do solo ( c e ) (Cintra, 2012):
2
𝑐 ∗= 3 𝑐 (28)

2 (29)
𝑡𝑔∅∗ = 𝑡𝑔 ∅
3

4.5 Método de Vésic

Vesic (1975, apud CINTRA, 2012, pag. 31), partindo de seus estudos sobre os
tipos de ruptura do solo, sugere a adoção da equação de Terzaghi, desenvolvida sob
as hipóteses de ruptura geral, utilizando os fatores de capacidade de carga de
Caquot-Kerisel (1953) e fatores de forma da sapata de De Beer(1967).

No caso da ruptura por puncionamento, usa-se a mesma equação mas com


a redução sugerida por Terzaghi para a coesão (c) e ângulo de atrito ( ).

Para o caso de ruptura local Cintra(2012) sugere encontrar o valor médio entre
as capacidades de carga pela hipótese de ruptura geral e ruptura por puncionamento.
59

Tabela 4.6: Valores de capacidade de carga (Vesic,1975)

Fonte: Cintra(2012)

Tabela 4.7: Fatores de forma (De Beer, 1967, apud Vesic,1975)

Fonte: Cintra(2012)
60

4.6 Solo estratificado

Sobre as condições de não homogeneidade do solo, pode-se ter duas


condições: a estratificação em camadas distintas e a variação linear das propriedades
com a profundidade (VELLOSO; LOPES ,2010, p.78).
Como a superfície potencial de ruptura se desenvolve no interior do bulbo de
tensões, não importa o solo que estiver além da profundidade definida pelo bulbo.
Havendo mais de uma camada dentro do bulbo de tensões, podemos adotar o
procedimento prático detalhado por Cintra (2012, pag. 38), conforme fluxograma a
seguir, considerando a média ponderada entre a capacidade de carga da primeira

camada (r1) e a capacidade de carga da sapata fictícia apoiada no topo da segunda

camada (r2), como sendo:

𝑎. r1 + 𝑏. r2
r12 = (30)
𝑎+𝑏

em que 𝑎 e 𝑏 estão definidos na Fig. 4.2.

Figura 4.2: Segunda camada


atingida pelo bulbo de tensões Figura 4.3: Sapata fictícia

Fonte: Cintra (2012)


Fonte: Cintra (2012)
61

Figura 4.4: Fluxograma para capacidade de carga de solos estratificados

Fonte: O Autor (2016)


62

4.7 Influência do lençol freático

Velloso; Lopes (2010, p.82) distingue dois casos em que o lençol freático
influência nas formulas de capacidade de carga, onde a água ao submergir o solo,

afeta o valor do seu peso específico (  ).

 Caso 1: Lençol freático acima da cota de assentamento:

Figura 4.5: Nível d’água acima da cota de assentamento

Fonte: o Autor

O procedimento neste caso, nas fórmulas de capacidade de carga é:


i) Calcular o termo q (tensão efetiva) na cota de assentamento da
fundação, considerando a altura do nível d’água netas cota e os
parâmetros do solo no estado seco e saturado:

𝒒 = 𝛾 . ℎ1 + ( 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 ) . ℎ1 (31)

Sendo:
 : peso específico do solo seco;
sat : peso específico do solo saturado (abaixo NA);
w : peso específico da água;
h1 : profundidade do nível d’água à superfície do terreno
h2 : distância vertical do nível d’água à cota de assentamento
63

ii) Adotar :
𝜸 = ( 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 ) (32)

 Caso 2: Lençol freático abaixo da cota de assentamento:

Figura 4.6: Nível d’água abaixo da cota de assentamento

Fonte: o Autor

Neste caso não existe alteração do valor de q (tensão efetiva) na base da


fundação, pois a camada de solo acima da cota de assentamento não se encontra
saturada.

O valor de  a ser considerado na fórmula de capacidade de carga para


este caso é:
𝑑 (33)
𝜸 = ( 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 ) + ( 𝛾 − 𝛾𝑠𝑎𝑡 + 𝛾𝑤 )
𝐵
Sendo:
 : peso específico do solo seco;
sat : peso específico do solo saturado (abaixo NA);
w : peso específico da água;
64

4.8 Tensão admissível

Para as fundações superficiais se faz necessária a determinação da tensão


admissível ou a tensão resistente de projeto, obedecendo simultaneamente aos
estados-limites último (ELU) e de serviço (ELS).
Para os estado-limite último (ELU) essas tensões devem oferecer segurança
satisfatória contra a ruptura ou o escoamento do solo ou do elemento estrutural. Já
para o estado-limite de serviço (ELS), elas deveram ter o valor máximo aplicado ao
terreno que atenda às limitações de recalque ou deformação da estrutura (NBR 6122-
2010, pag. 21).
Conforme a NBR 6122-2010 a tensão admissível e a tensão resistente de
projeto podem ser obtidos segundo duas filosofias de projetos, já tratadas aqui em
2.3 Métodos de Segurança.

 1. Tensão admissível: aplica-se um fator de segurança global à


capacidade de carga obtida por qualquer um dos métodos citados em 4.2.
 2. Tensão resistente de projeto: aplica-se os fatores de segurança
parciais aoS parâmetros de resistência do solo.

Para o Método Teórico com aplicação da formula de Terzaghi a tensão


admissível (a) é dada pela aplicação do fator de segurança FS (segundo a NBR

6122-2010 é igual a 3,0 – Tab. 1) ao valor da capacidade de carga (r):


𝜎𝑟 (34)
𝜎𝑎 =
𝐹𝑆
σr
σa = (35)
3,0
65

Tabela 4.8: Fatores de segurança – Fundações superficiais

Fonte: NBR 6122-2010


Para o caso dos Métodos Semi-empíricos, Cintra (2012) indica as
correlações, consagradas na prática de projeto de fundações diretas, entre o SPT e
tensão admissível, mas cita a alerta feita por Mello (1975) sobre a origem e validade
de tais correlações, onde:
é preciso analisar a origem e validade de tais formulários de bolso antes de
passar a aplicá-los inconscientemente e mesmo prejudicialmente em
condições que extravasam do campo experimental do qual decorreram.
(MELLO, 1975,p.61)

Essas correlações fornecem diretamente o valor da tensão admissível, com


segurança implícita, o que dispensa a aplicação de fator de segurança. (CINTRA,
2012, pag. 111).

Hachich et al. (1998) apresenta a correlação entre o SPT e a tensão admissível


para solos naturais através da equação:
 Hachich (1998):
𝜎𝑎 = 0,02 . 𝑁72(𝑀É𝐷𝐼𝑂) (MPa) com 5  N72  20 (36)

Onde:
N72(Médio): Valor médio do NSPT no bulbo das tensões

Cintra (2012) mostra a equação relatada por Mello (1975) sem distinção de solo
e com NSPT entre 4 e 16.
66

 Melo (1975, apud CINTRA, 2012, pag. 112):

𝜎𝑎 = 0,1 (√𝑁72(𝑀É𝐷𝐼𝑂) − 1 (MPa) com 4  N72  16 (37)

Schnaid; Fernando (2012, p.54) apresenta, ao nível de anteprojeto, valores


referência da tensão admissível para solos granulares e coesivos em função do NSPT
e da menor dimensão da fundação.

Tabela 4.9: Correlação NSPT e Tensão admissível – Solos Granulares

Fonte: Schnaid; Fernando (2012)

Tabela 4.10: Correlação NSPT e Tensão admissível – Solos Coesivos

Fonte: Schnaid; Fernando (2012)


67

5 PREVISÃO DE RECALQUES

5.1 Recalques

O deslocamento vertical para baixo de um elemento de fundação é o


chamamos de recalque. Ele acontece devido as deformações do solo provenientes da
diminuição de volume e/ou mudança de forma do maciço de solo abaixo da base deste
elemento.

Figura 5.1: Recalques fundação superficial

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

A hipótese de apoio fixo para pilares, adotado no cálculo estrutural, não se


sustenta pois, ao aplicar carga em uma fundação, está deformará o maciço de solo
onde está apoiada.
É praticamente impossível evitar os recalques em fundações por isso a sua
estimativa é de grande importância para a análise e projeto de uma fundação.
Os recalques podem ser classificados de acordo com os tipos de deformação
e em função do seu tempo de ocorrência.
Quando aos tipos de deformação temos:
 Recalques uniformes: na maioria dos casos, neste tipo de deformação
não há danos estruturais, pois o solo sofre uma deformação como um todo
e a estrutura recalca por inteiro.
68

 Recalques por inclinação: consequente danos estéticos e funcionais


(desaprumo, desnível de piso etc.), pois apenas um lado da edificação
sofre recalque.
 Recalques diferenciais: diferença entre recalques ocasionados pela a
variação do solo e do tamanho das fundações decorrente das diferentes
cargas aplicadas. Podem impor tensões elevadas em peças estruturais,
resultando em fissuras e trincas que podem comprometer completamente
a estrutura.

Figura 5.2: Tipos de deformação de uma estrutura

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

Velloso; Lopes (2010, p.85), observa que ao ser carregada uma fundação sofre
recalques que se processam imediatamente ou ao longo do tempo. Desta forma
podemos ter:
 Recalques imediatos (wi): elástico ou não drenado, proveniente de
deformações a volume constante, sem redução do índice de vazios.
 Recalques no tempo (wt): se deve ao adensamento wa (migração de água
dos poros com consequente redução dos vazios) e a fenômenos viscosos
wv (creep).
𝑤 = 𝑤 + 𝑤 (38)
𝑡 𝑎 𝑣

O recalque total se dá pela soma de wi e wt, onde parte ocorre de imediato e


parte se desenvolve ao longo do tempo.
𝑤𝑓 = 𝑤𝑖 + 𝑤𝑡 (39)
69

5.2 Métodos de previsão de recalques

Velloso; Lopes (2010, p.85), ressalta que a previsão de recalques é um dos


exercícios mais difíceis da Geotecnia e que o seu resultado deve ser considerado
como uma estimativa.
Da mesma forma que foi dada para a análise da capacidade de carga, os
métodos de precisão de recalques, estão agrupados em três categorias (VELLOSO;
LOPES,2010, p.89):
 Métodos semi-empíricos: obtenção dos parâmetros de deformabilidade
através de correlações com ensaios in situ de penetração (CPT ou SPT).
 Métodos racionais: os parâmetros de deformabilidade, obtidos em
laboratório oi in situ, são combinados a modelos para previsão de recalques
teoricamente exatos.
 Métodos empíricos: uso de tabelas de valores típicos de tensões
admissíveis, de recalqueis usualmente aceitos em estruturas
convencionais, para diferentes tipos de solos.

5.3 Teoria da elasticidade – camada finita

Cintra (2012, pag. 68), prevê que em muitos casos a camada de argila possui
uma espessura finita delimitada pela sua sobreposição a uma camada rígida ou
indeformável. Nessa condição o recalque imediato em uma camada de argila é dado
pela equação de Janbu (1956, apud CINTRA, 2012).
𝜎𝐵
𝑤𝑖 = 𝜇0 𝜇1 (40)
𝐸𝑠

onde :
wi : recalque imediato em argila (em mm);
B : largura menor da fundação (em mm);
 : tensão aplicada na base da fundação (em kPa);
Es : módulo de deformabilidade (em kPa)
µ0 : fator de influência do embutimento da fundação;
µ1 : fator de influência da espessura da camada de solo;
70

Figura 5.3: Fatores 0 e 1 para cálculo de recalque imediato


de sapata em camada finita

Fonte: Cintra (2012)


Sem dispor de ensaios de laboratório o módulo de deformabilidade pode ser
obtido através da correlação com o índice de resistência à penetração em Mpa
(TEXEIRA E GODOY, 1996, apud CINTRA, 2012, pag. 92).

𝐸𝑆 = 𝛼 𝐾 𝑁72 (MPa) (41)

O fator  e o coeficiente K dependem do tipo de solo e podem ser obtidos nas


tabelas Tab 5.1 e Tab. 5.2.
71

Tabela 5.1: Fator α para correlação com Es

Fonte: Cintra (2012)

Tabela 5.2: Fator K de correlação para Es

Fonte: Cintra (2012)

5.4 Método de Burland e Burbidge

Segundo Burland e Burbidege (1985, apud VELLOSO; LOPES, 2010, p.106), o


recalque de fundações em areias pode ser estimado a partir do SPT com:
1,71
𝑤 = 𝑞 𝐵0,7 𝑓𝑠 𝑓𝑙 (42)
𝑁601,4

onde:
𝑤 : recalque em mm;
q : pressão aplicada em kN/m²;
𝐵 : menor dimensão da fundação em m;
𝑁60 : média do número de golpes no SPT na profundidade de influência Z1;
𝑓𝑠 : fator de forma;
𝑓𝑙 : fator de espessura compressível (H), sendo que, para H > Z1, 𝑓𝑙 = 1,0;
72

𝐿
1,25 𝐵
𝑓𝑠 = [ ] (43)
𝐿
𝐵 + 0,25

𝐻 𝐻 (44)
𝑓𝑙 = (2 − )
𝑍1 𝑍1

onde:
𝐻 : espessura compressível;
Z1 : profundidade de influência dado pelo ábaco da Fig. 5.4.

Figura 5.4: Profundidade de influência

Fonte: Velloso; Lopes (2010)

5.5 Multicamadas

O maciço de solo sobreposto ao indeslocável pode ser constituído por mais de


uma camada. Para esta situação Cintra (2012, pag. 72) recomenda adotar o método
da sapata fictícia.
Deve-se determinar o recalque em cada camada, sendo que para a segunda
camada, o recalque será função da tensão aplicada no topo dela através de uma
sapata fictícia de dimensões ampliadas na propagação 1:2.
73

De maneira similar, podemos considerar a presença de mais camadas,


prosseguindo o cálculo até encontrar uma camada com contribuição desprezível no
recalque e com rigidez crescente na camada subsequente.

Camada H1: 𝑤1 = 𝑓 ( 𝜎0 )
Camada H2: 𝑤2 = 𝑓 ( 𝜎1 )
Camada Hn: 𝑤𝑛 = 𝑓 ( 𝜎𝑛 )
𝑤𝑖 = 𝑤1 + 𝑤2 … + 𝑤𝑛 (45)

Figura 5.5: Sapata fictícia para recalque

Fonte: o Autor

5.6 Recalques limites

A NBR 6122-2010 estabelece que a tensão admissível além de atender ao


estado limite último deve também satisfazer ao estado limite de serviço, ou seja, o seu
valor máximo aplicado ao terreno deve atender as limitações de recalque ou
deformação da estrutura. Ela depende da sensibilidade da construção aos recalques,
especialmente aos recalques diferenciais que podem prejudicar a estabilidade da
construção ou seu funcionamento.
74

Skempton e MacDonald (1956, apud CINTRA, 2012, pg. 89), associaram a


ocorrência de danos com valores limite para distorção angular β = δ/L, onde δ é o
recalque diferencial entre dois pilares e L a distância entre eles. Resumidamente
esses valores limites são:

 β = δ/L = 1:300 – trincas em paredes de edifícios


 β = δ/L = 1:150 – danos estruturais em vigas e colunas de edifícios
correntes

Figura 5.6: Recalques total e diferencial

Fonte: o Autor

Figura 5.7: Distorções angulares limites

Fonte: Velloso; Cintra (2012)


75

Segundo Godoy (1996, apud CINTRA, 2012, pg. 90) a limitação do recalque
total é uma das maneiras de limitar o recalque diferencial.
Para estruturas usuais de concreto armado e de aço, são recomendados os
seguintes valores (BURLAND et al, 1977, apud CINTRA, 2012, pg. 90):
 Areias:
o δmax (recalque diferencial) = 25mm
o ρmax (recalque total) = 40mm para sapatas isoladas
o ρmax (recalque total) = 40mm a 65mm radiers

 Argilas:
o δmax (recalque diferencial) = 40mm
o ρmax (recalque total) = 65mm para sapatas isoladas
o ρmax (recalque total) = 65 a 100mm para radiers
Terzaghi e Peck (1967, apud CINTRA, 2012, pg. 92) recomendam valores
admissíveis para o recalque diferencial e recalque total em areias de:
 δ (recalque diferencial) = 20mm
 ρ (recalque total) = 25mm

5.7 Controle de recalques

Velloso; Lopes (2010, p.32), lista em que casos há a obrigatoriedade da


verificação do desempenho das fundações por meio do controle dos recalques,
recomendada pela NBR 6122-2010:
i. Estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga
total, tais como silos e reservatórios;
ii. Estruturas com mais de 60 m de altura em relação ao térreo;
iii. Estruturas com relação altura-largura (menor dimensão) superior a 4;
iv. Fundações ou estruturas não convencionais.
76

6 INTERAÇÃO SOLO ESTRUTURA (ISE)

6.1 Fatores de influência do mecanismo da ise

Grande parte dos projetos estruturais são elaborados considerando a estrutura


apoiadas em uma base rígida e indeslocável. Mas na prática o solo quando submetido
ao carregamento da estrutura, através das suas fundações, sofre deformação
provocando recalques. Para se obter os recalques reais da fundação e conhecer a
distribuição dos esforços de uma estrutura tomamos como analise a interação solo-
estrutura (ISE).
Este mecanismo de interação solo-estrutura está associado a uma série de
fatores tais:
 o número de pavimentos da edificação;
 o processo construtivo;
 a forma em planta da edificação;
 as edificações vizinhas;
 as pressões de contato;
 e a rigidez relativa solo-fundações.

6.1.1 Obtenção do coeficiente de reação vertical

Velloso; Lopes (2010, p.126), destacas dois modelos para análise da interação
solo-estrutura:
 Meio contínuo: o solo é tratado como um meio elástico ou elastoplástico,
através de soluções pala Teoria da Elasticidade ou soluções numéricas
pelos métodos das diferenças finitas (MDF), dos elementos finitos (MEF)
ou elementos de contorno (MEC).
 Hipótese de Winkler: as pressões de contato são proporcionais aos
recalques, ou seja:
q = kv .w (46)
77

onde:
kv : coeficiente de reação vertical
w : recalque

O coeficiente de reação vertical Kv pode ser obtido por meio de ensaio de


placa, tabelas de valores típicos (correlações) ou pelo cálculo do recalque da
fundação real.
Supondo a fundação rígida, submetida a um carregamento vertical igual a
somatório das cargas verticais, obtém-se o recalque médio, estimado pelos métodos
de previsão de recalques, levando em conta as propriedades das diferentes camadas
submetidas a diferentes solicitações.

Com o recalque obtido calcula-se o coeficiente de reação vertical Kv através:


𝑞̅
𝑘𝑣 = (47)
𝑤
̅

∑𝑉
onde : 𝑞̅ =
𝐴

V : somatório das cargas verticais


A : área de aplicação das cargas

Antoniazzi, J.P.(2011, pg. 62) destaque que a o coeficiente de reação vertical


Kv é uma grandeza escalar “que representa o coeficiente de rigidez que o solo possui
para resistir ao deslocamento mobilizado por uma pressão imposta”.
78

7 FUNDAÇÕES DO TIPO RADIER

7.1 Tipos de fundações em Radier

A fundação do tipo Radier é uma laje que funciona como uma sapata
combinada, que cobre toda a área onde estar a estrutura e suporta todos os seus
elementos dela (pilares, muros e ou alvenarias).
Budhu, Muni (2013, p. 298) classifica a fundação tipo radier em função do
embutimento da laje, sendo os tipos mais comuns:
 Laje apoiada no greide – laje em concreto armado ou protendido apoiada
sobre a superfície acabada do solo. Usada para cargas leves de pilar ou
paredes, tais como edifícios residenciais ou estruturas com um ou dois
pavimentos. Serve para controlar problema estrutural devido ao recalque
diferencial.

 Laje espessa apoiada sobre um greide – laje de concreto apoiada sobre


a superfície acabada de solo, onde nas regiões de pilares e paredes tem
sua espessura aumentada para proporcionar resistência necessária ao
cisalhamento.

 Laje rígida (ou nervurada) apoiada em um greide – laje de concreto


apoiada sobre a superfície acabada de solo com nervuras para aumentar
sua rigidez. Tipo de laje usada particularmente em solos expansivos.

 Laje enterrada compensada – laje de concreto apoiada sobre escavação


em uma profundidade tal que a tensão de sobrecarga removida compensa
total ou parte da tensão aplicada, diminuindo o potencial para ruptura por
cisalhamento e recalque excessivo. Laje usada em estruturas com
múltiplos pavimentos.
79

 Laje enterrada celular – estrutura de concreto em caixão apoiada em uma


escavação e utilizada onde há cargas elevadas e como barreira de água
quando apoiadas abaixo do nível do lençol freático.

 Laje enterrada com nervuras invertidas – laje em concreto com nervuras


alinhadas com os pilares apoiada em uma escavação. Utilizada em
estruturas levemente carregadas.

 Laje enterrada estaqueada – combinação de laje de concreto apoiada em


um grupo de estacas. O topo da laje pode estar na superfície do solo ou
em uma escavação. O equilíbrio das cargas aplicadas é realizado pelas
estacas.

Figura 7.1: Tipos de radier em função do embutimento


(A) laje apoiada no greide, (B) laje espessa apoiada no greide, (C) laje rígida (ou nervurada)
apoiada no greide, (D) laje enterrada compensada, (E) laje enterrada celular, (F) laje enterrada
com nervuras invertidas, (G) laje enterrada estaqueada.

Fonte: O Autor
80

Quanto à forma ou sistema estrutural associado a sua rigidez relativa, segundo


Velloso; Lopes (2010, p.163) os radiers são projetados segundo quatro tipos
principais:

 radiers lisos;
 radiers com pedestais ou cogumelos;
 radiers nervurados;
 radiers em caixão.
Figura 7.2: Radiers: (a) lisos, (b) com pedestais ou em laje cogumelo,
(c) nervurados (vigas invertidas) e (d) em caixão

Fonte: Velloso; Cintra (2012)

7.2 Considerações para o uso de fundações em Radier

Para Budhu, Muni (2013, p. 297) a fundação do tipo radier é adequada


quando:
 As sapatas cobrem uma área acima de 50% da área de projeção da
estrutura devido as cargas elevadas dos pilares;
 O solo é mole, com baixa capacidade de carga;
 Há ocorrência de solo mole e/ou bolsões de solos moles variáveis sob a
projeção da estrutura;
 O estado limite de serviço (recalque tolerável total e diferencial) e/ou estado
limite último da estrutura usando sapatas são excedidos;
 É necessário combater a sobrepressão hidrostática.
81

7.3 Capacidade de carga e recalque de fundações do tipo radier

Fundações do tipo radier devem atender aos requisitos do estado limite último
(ELU) e estado limite de serviço (ELS). Desta forma há a necessidade de se estimar
a capacidade de carga do solo abaixo do radier e o seu recalque.
A capacidade de carga é calculada de maneira similar à de uma fundação
superficial, observando como as tensões estão distribuídas abaixo do radier, para
estimar com margem de segurança, a ruptura por cisalhamento.
No radier rígido as tensões não se distribuem uniformemente, ao passo que
verificamos a uniformidade dos recalques. Essa situação é inversa quando da adoção
de uma radier flexível.
A estimativa de recalque de um radier é muito mais complexa que a da
capacidade de carga, mas para uma primeira aproximação podemos calcular pelo
método racional da Teoria da Elasticidade e o método semi-empirico de Burland e
Burbidege, considerando os seus limites.

7.4 Análise estrutural do Radier

O projeto de fundação em radier é essencialmente um problema estrutural


que envolve a determinação dos deslocamentos, dos momentos fletores e das forças
cortantes (BUDHU, MUNI, 2013, p. 302).
A questão fundamental é como modelar o solo para que se possa identificar
como as tensões são distribuídas na base do radier, de modo que os momentos
fletores e as forças cortantes possam ser calculados.

Budhu,Muni(2013), destaca três situações para análise estrutural de radiers.


 Análise aproximada – Tensão de contato uniforme: útil como uma
primeira aproximação quando o solo é homogêneo e a laje é semirrígida
(0,1<Kr<10). A tensão de contato é tomada com a tensão média vertical no
radier. O radier é dividido em faixas ortogonais que são tratadas como vigas
apoiadas continuamente.

 Radier sobre Molas – Modelo Mola de Winkler: o radier é tratado como


varias faixas ou como uma placa fina sobre um solo representado por
82

molas (Kv). Este modelo é mais apropriado para solos de granulometria


grossa e de camada única.

 Radier sobre solo considerado Meio Continuo: o radier é tratado como


uma placa fina e o solo como um meio elástico ou elastoplástico, utilizando
soluções numéricas como MDF, MEF ou MEC, através de programas
comerciais.

Velloso; Lopes, (2010, p.122) sobre o Método dos Elementos Finitos (MEF)
destaca que:
Para análise do radier, um modelo bastante simples consiste no uso de
elementos de placa para representar o radier, e de molas ou apoios elásticos
para representar o solo (Fig. 7.3a). Um segundo modelo de cálculo utiliza
elementos de placas ou sólidos para representar o radier, e elementos sólidos
para representar o solo (Fig. 7.3b). É um modelo bem mais complexo, que
permite levar em conta a heterogeneidade espacial do solo.

Figura 7.3: Possíveis modelos para análise de um radier pelo MEF

Fonte: Velloso; Cintra (2012)


83

8 ALVENARIA ESTRUTURAL

8.1 Conceito estrutural:

Alvenaria, elemento composto de blocos ou tijolos unidos entre si por


argamassa, constituindo assim um conjunto resistente e estável.
Alvenaria estrutural é toda estrutura em alvenaria, predominantemente
laminar, dimensionada para suportar cargas além do seu peso próprio.
Ramalho, Marcio (2003) enfatiza que:
O principal conceito estrutural ligado à utilização da alvenaria estrutural é a
transmissão de ações através de tensões de compressão.
Esse é o conceito crucial a ser levado em conta quando se discute a alvenaria
como processo construtivo para elaboração de estruturas.
É evidente que, especialmente no presente, se pode admitir a existência de
tensões de tração em determinadas peças.
Entretanto, essas tensões devem preferencialmente se restringir a pontos
específicos da estrutura, além de não apresentarem valores muito elevados.
Em caso contrário, se as trações ocorrerem de forma generalizada ou seus
valores forem muito elevados, a estrutura pode ser até mesmo tecnicamente
viável, mas, dificilmente será economicamente adequada.

Como os carregamentos de uma alvenaria estrutural se distribuem entre as


paredes portantes, e está geralmente são extensas, são transmitidas baixas tensões
ao solo, simplificando assim as fundações.
É uma solução bastante eficiente, quando o solo tem uma boa capacidade de
carga, a adoção de sapatas corridas. Em solos de baixa capacidade a utilização de
radier de concreto armado ou protendido se torna uma boa opção.

8.2 Sistemas estruturais em alvenaria

Parsekian, Guilherme Aris (2013) classifica os sistemas estruturais de


edificações em alvenarias:
 Edificações térreas: compõem parte das construções em alvenaria
estrutural, havendo casos de residências, ginásios, bancos e lojas
84

comerciais. Nesses casos as paredes estruturais formam um envelope


externo da construção.
 Edificações de múltiplos pavimentos: neste tipo de construção as
paredes servem de apoio às lajes, e também à parede do andar anterior,
distribuindo as cargas às paredes dos andares inferiores. As lajes (de
concreto armado ou pré-moldada) agem como diafragma rígido, distribuindo
as cargas horizontais para as paredes de contraventamento e estas para as
fundações.
 Edifícios híbridos: a alvenaria pode ser usada em conjunto com outros
materiais ou sistemas estruturais, formando um sistema estrutural hibrido.
Tem-se como exemplo o uso da alvenaria estrutural como
contraventamento em estruturas metálicas, em paredes externas ou na
caixa do elevador para combater aos esforços horizontais.

8.3 Tipos de alvenaria estrutural

A NBR 15961-1 (Alvenaria estrutural – Blocos de concreto – Parte 1:Projeto)


no seu item 3 define:

(...)
3.6
elemento de alvenaria não armado
elemento de alvenaria no qual não há armadura dimensionada para resistir
aos esforços solicitantes.

3.7
elemento de alvenaria armado
elemento de alvenaria no qual são utilizados armaduras passivas que são
consideradas para resistir aos esforços solicitantes.

3.8
elemento de alvenaria protendido
elemento de alvenaria no qual são utilizados armaduras ativas

Parsekian, Guilherme Aris (2013, pg. 78) define a alvenaria estrutural em


função do uso de armaduras em:
85

 Alvenaria não armada: comumente utilizadas em edifícios de baixa e


média altura, em regiões de baixa atividade sísmica, caso do Brasil. Muito
simples para construir, uma vez que não contem nenhum tipo de armadura,
exceto as construtivas de cintas, verga e contra-vergas. Resistem muito
bem a cargas de compressão, porém seu uso está limitado a carregamento
que levam a tensões de tração.
 Alvenaria armada: alvenaria onde as armaduras são realmente
necessárias para resistir às tensões de tração e cisalhamento e para
melhorar a ductilidade. Essas armaduras são inseridas verticalmente nos
vazados grauteados dos blocos e garantem a necessária resistência à
tração e ductilidade para resistir às ações gravitacionais e sísmicas.
 Alvenaria protendida: uso de aço de alta resistência para protender
alvenaria, aumentando a sua resistência à ação lateral. Solução que traz
vantagem pois possibilita a operação de grauteamento vertical nos vazados
dos blocos. Indicada para construções de arrimos, galpões, residências até
dois pavimentos, etc.

8.4 Parâmetros para adoção da alvenaria estrutural

A vantagem da alvenaria estrutural em relação às estruturas de pilares e vigas,


para estruturas usuais, de maneira destacada aos edifícios residenciais, onde às
alvenarias além de ter a função de vedação passa a ser a própria estrutura, é em
principio os custo. A alvenaria estrutural passa a ter dupla função de vedação e
suporte para a edificação, onde o acréscimo para o custo de sua produção compensa
com folga a economia de substituir os pilares e vigas.
Ramalho, Marcio (2003, pg. 9), diz que economia na adoção da alvenaria
estrutural está relacionada a três importantes características:
a) Altura da edificação

No caso da altura, considerando-se os parâmetros atuais no Brasil, pode-se


afirmar que a alvenaria estrutural é adequada a edifícios de no máximo 15 ou
16 pavimentos. Para estruturas com um número de pavimentos acima desse
limite a resistência à compressão dos blocos encontrados no mercado não
permite que a obra seja executa sem um esquema de grauteamento
generalizado, o que prejudica muito a economia. Além disso, mesmo que a
resistência dos blocos pudesse ser adequada quanto à compressão, as
86

ações horizontais começam a produzir tensões de tração significativas, o que


exige a utilização de armaduras e graute. E se o número de pontos sob essas
condições for muito grande a economia da obra estará irremediavelmente
comprometida.

b) Arranjo arquitetônico

É claro que as afirmações feitas no item anterior são feitas para edifícios
usuais. Para arranjos arquitetônicos que fujam desses padrões usuais, a
situação pode ser um pouco melhor, ou bem pior. Nesse caso é importante
se considerar a densidade de paredes estruturais por m 2 de pavimento. Um
valor indicativo razoável é que haja de 0,5 a 0,7 m de paredes estruturais por
m2 de pavimento. Dentro desses limites, a densidade de paredes pode ser
considerada usual e as condições para seu dimensionamento também
refletirão essa condição.

c) Tipo de uso

Pelo que se menciona no item anterior, é importante ressaltar que para


edifícios comerciais ou residenciais de alto padrão, onde seja necessária a
utilização de vãos grandes, esse sistema construtivo normalmente não é
adequado. A alvenaria estrutural é muito mais adequada a edifícios
residenciais de padrão médio ou baixo, onde os ambientes e também os vãos
são relativamente pequenos. Em especial para edifícios comerciais, é
desaconselhável o uso da alvenaria estrutural. Nesse tipo de edificação é
muito usual a necessidade de um rearranjo das paredes internas de forma a
acomodar empresas de diversos tamanhos. A adoção de alvenarias
estruturais para esses casos seria inconveniente, pois essa flexibilidade deixa
de existir. Pode-se inclusive considerar que sua adoção seja perigosa, pois
com o tempo é provável que proprietários realizem modificações sem estarem
conscientes dos riscos que correm.

8.5 Requisitos e concepção estrutural

8.5.1 Critérios de dimensionamento:

Um edifício para ser estruturalmente estável, deve atender aos critérios de


resistência, estabilidade e conforto (serviço). Estes requisitos devem ser checados
para cada elemento estrutural e para o edifício como um todo.
Através de sua estrutura, o edifício deve ter resistência adequada para
transmitir os esforços para as fundações e para o solo. Isto deve se dar sem perda da
integridade dos elementos estruturais, pela ruptura de sua seção critica (estados
limites últimos – ELU).
87

Sujeito a ações horizontais (vento, empuxo) a estrutura do edifício e cada um


de seus elementos deve estar em equilíbrio como corpo rígido, ou seja, deve ser
estável.
Apesar de os estados limites de serviços (ELS), estarem associados à condição
de resistência última, estes não estão ligados a condição de segurança da estrutura.
Os ELS são relativos à máxima deformação que determinado elemento pode ter sem
afetar seu uso eficiente ou sua aparência (PARSEKIAN, GUILHERME ARIS, 2013).

A NBR 15961-1-2011 estabelece para isso os critérios de segurança e estados


limites das alvenarias estruturais:

(...)
7 Segurança e estados-limite

7.1 Critérios de segurança


Os critérios de segurança desta parte baseiam-se na ABNT NBR 8681.

7.2 Estados-limite
Devem ser considerados todos os estados-limite último e estados-limite de
serviço.

7.3 Estados-limite último (ELU)


A segurança deve ser verificada em relação aos seguintes ELU:

a) ELU da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;


b) ELU de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no todo ou em
parte;
c) ELU de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no todo ou em
parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
d) ELU provocado por solicitações dinâmicas;
e) ELU de colapso progressivo;
f) outros ELU que possam ocorrer em casos especiais.

7.4 Estados-limite de serviço (ELS)


Estados-limite de serviço estão relacionados a durabilidade, aparência,
conforto do usuário e funcionalidade da estrutura. Devem ser verificados os
ELS relativos a:

a) danos que comprometam apenas o aspecto estético da construção ou a


durabilidade da estrutura;
b) deformações excessivas que afetem a utilização normal da construção ou
seu aspecto estético;
c) vibração excessiva ou desconfortável.

Parsekian, Guilherme Aris (2013), ressalta que mesmo as norma técnicas


trazendo prescrições mínimas para os requisitos de resistência, estabilidade e
conforto, “mesmo quando essas prescrições são fornecidas de forma quantitativa, o
88

projetista é frequentemente solicitado a decidir como aplica-las. Entretanto, a inerente


resistência da alvenaria e as grandes áreas de parede necessárias para atender a
outros requisitos do edifício geralmente garante uma adequada resistência às ações
previstas”.

8.5.2 Ações:

O sistema alvenaria estrutural, como qualquer outro sistema estrutural, está


sujeito a ações verticais e horizontais.
As ações verticais são definidas pela NBR 6120-1980 (Cargas para o cálculo
de estruturas de edificações), onde temos os valores das ações permanentes (peso
próprio da estrutura e dos elementos de construção calculados através dos pesos
específicos dos materiais – Tab. 1 da NBR 6120) e das ações acidentais (Tab. 2 e
Tab. 3 da NBR 6120).
As ações horizontais comuns em edifícios são os ventos, o desaprumo e
eventuais empuxos.
A norma NBR 15961-1 (Alvenaria estrutural – Blocos de concreto – Parte 1:
Projeto) limita o desaprumo, definido pelo ângulo a em:

1 1
𝜃𝑎 = ≤ (48)
100 √𝐻 40 𝐻

Sendo:
a : ângulo de desaprumo
H: altura toral do edifício em m.
89

Figura 8.1: Desaprumo de um edifício

Fonte: NBR 15961-1(2011)

Este limite do ângulo de desaprumo a é o mesmo que admitir um erro máximo


de desaprumo igual a 2,5 cm no topo do edifício.
Segundo Ramalho, Marcio (2003, pg. 47) a ação horizontal equivalente ao
desaprumo deve ser soma da as ações de vento em cada pavimento e pode ser
determinada em função do seu ângulo a, pela expressão:
𝐹𝑑𝑖 = ∆𝑃 . 𝜃𝑎
Onde:
Fdi : força horizontal equivalente ao desaprumo
P : Peso total do pavimento i
a : ângulo de desaprumo
Figura 8.2: Ação horizontal equivalente
para considerar o desaprumo

Fonte: o Autor
90

A ação de vento deve ser considerada nas estruturas em alvenaria estrutural.


A sua ação é determinada pela norma NBR 6123 - 1988 (Forças devido ao vento em
edificações) e sua força de atuação na estrutura depende de vários fatores como:
 local;
 dimensões da edificação;
 tipo de terreno (plano, morro, topo de montanha);
 rugosidade do terreno (livre, com obstáculos);
 tipo de ocupação (residencial, deposito, etc.).

Para os edifícios residenciais em alvenaria estrutural as principais cargas a


serem consideradas nas paredes são: o seu peso próprio e as ações das lajes.

8.5.3 Peso próprio das paredes:

As alvenarias estruturais podem ser executadas com blocos vazados de


concreto ou blocos cerâmicos, com ou sem preenchimento de graute. O peso próprio
das alvenarias é função do seu peso especifico, conforme tabela Tab.8.1.

Tabela 8.1: Peso especifico de alvenarias


Tipo de alvenaria Peso especifico (kN/m²)

Blocos vazados de concreto 14


Blocos vazados de concreto
24
preenchidos com graute
Blocos cerâmicos 12
Fonte: o Autor

8.5.4 Ação das lajes nas alvenarias:

Ramalho, Marcio (2003, pg. 17) descreve que as principais cargas atuantes nas
lajes de edifícios residenciais são o peso próprio da laje, o contra-piso, o revestimento
91

de piso, o revestimento inferior da laje, as paredes não estruturais apoiadas nas lajes
e as cargas variáveis definidas pela sobre carga de utilização (NBR 6120-1980).

Essas cargas, advindas das lajes, são distribuídas às paredes estruturais que
lhe servem de apoio. Sua distribuição se distingue em dois tipos de lajes: as lajes
armadas em uma direção e as lajes armadas em duas direções.

Nas lajes maciças, que podem ser armadas em uma ou em duas direções, a
sua ação nos apoios (na alvenaria estrutural) pode ser obtida através do procedimento
das linhas de ruptura, conforme preconiza a NBR 6118-2014
(Projeto de estruturas de concreto – Procedimento), no seu item 14.7.6.
(...)

14.7.6 Lajes maciças

14.7.6.1 Reações de apoio


Para o cálculo das reações de apoio das lajes maciças
retangulares com carga uniforme, podem ser feitas as seguintes
aproximações:
a) as reações em cada apoio são as correspondentes às
cargas atuantes nos triângulos ou trapézios determinados
através das charneiras plásticas correspondentes à análise
efetivada com os critérios de 14.7.4, sendo que essas reações
podem ser, de maneira aproximada, consideradas
uniformemente distribuídas sobre os elementos estruturais que
lhes servem de apoio;
b) quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras
podem ser aproximadas por retas inclinadas, a partir dos
vértices, com os seguintes ângulos:
— 45° entre dois apoios do mesmo tipo;
— 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for
considerado simplesmente apoiado;
— 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre.

Para Carvalho, Robert Chust (2012, pg. 312), a consequência do que


estabelece a NBR 6118, é de que a laje ficara dividida em regiões, onde cada região
carregará os apoios de acordo com sua influência e tipo de vinculação (apoio simples
ou engastado). Desta forma, considerando as situações de vinculação das placas
isoladas (Figura Fig. 8.3), ele apresenta as equações e quadros para determinação
do carregamento uniforme nos apoios.
92

Figura 8.3: Vinculações de placas isoladas

Fonte: Carvalho, Robert Chust (2012)


Para as lajes pré-moldadas, onde as vigotas são colocadas na direção do
menor vão, simplesmente apoiada nas extremidades, podem ser consideradas como
uma laje armada em uma direção.

Carvalho, Robert Chust (2012, pg. 68), discorre que: “Usualmente, admite-se
que a ação das lajes pré-moldadas ocorre apenas nas vigas em que os elementos se
apoiam, não considerando qualquer ação das lajes nas vigas paralelas aos
elementos”. Mas afirma, que depois de estudos feitos, admitir esta situação, pode
levar a resultados contra a segurança. E recomenda considerar que uma parcela da
carga total seja transmitida as vigas paralelas as nervuras.
Para isso Carvalho, Robert Chust (2012, pg. 77) indica dois processos para
considerar a distribuição de cargas de lajes pré-moldadas:
 Processo Simplificado: admite-se que nos apoios perpendiculares às
nervuras atue toda carga proveniente da laje, e que nos apoios paralelos
atue 25% dessa carga.
 Processo Racional: admite-se que as ações nos apoios dependam das
dimensões da laje. Para isto as expressões para o cálculo das reações nos
apoios são:
(𝟓𝟖 + 𝟏𝟕 . ). 𝒑. 𝒍𝒙
𝒑𝒚 = (49)
𝟐𝟎𝟎
93

(𝟒𝟕 − 𝟏𝟕 . ). 𝒑. 𝒍𝒙
𝒑𝒙 = (50)
𝟐𝟎𝟎

onde:
py : ação nos apoios perpendiculares às nervuras;
px : ação nos apoios paralelos às nervuras;
ly : vão na direção perpendicular às nervuras;
lx : vão na direção paralela às nervuras;
 = ly / lx , com ly  lx
Para ly  2 . lx , deve-se considerar a direção paralela ly = 2 . lx

8.5.5 Procedimento de distribuição de cargas verticais em alvenarias estruturais:

Ramalho, Marcio (2003, pg. 32) destaca alguns procedimentos para auxiliar na
definição da distribuição de cargas verticais nas alvenarias estruturais:

 Paredes Isoladas: procedimento onde as paredes são consideradas


isoladas, não interagindo com aos demais elementos da estrutura. Tem a
vantagem de ser um procedimento simples e rápido, mas pode causar
estimativas erradas das ações sobre o pavimento de pilotis ou para as
fundações do pavimento térreo. Isso pode ocorrer devido a interação entre
os cantos das paredes. Recomendado para ser utilizado em edificações de
altura relativamente pequena.
94

Figura 8.4: Interação entre paredes

Fonte: Ramalho, Marcio (2003)

 Grupos Isolados de Paredes: considera um grupo de paredes solidarias


limitadas por aberturas de vãos, portas e janelas, interagindo pelos cantos
e bordas das paredes. Procedimento seguro, aceito na literatura
internacional, que produz reações adequadas para eventuais estruturas de
apoio. Adequada para edificações de qualquer altura.

Figura 8.5: Grupo de paredes

Fonte: Ramalho, Marcio (2003)


95

 Grupos de paredes com Interação: procedimento que além de considerar


a interação entre os cantos e as bordas de um grupo de paredes também
considera a existência de forças de interação sobre as aberturas. Exige
bastante experiência do projetista e pode ser usado para edificações de
qualquer altura.
 Modelagem em elementos finitos: modelagem numérica onde a estrutura
é dividida em um número finito de pequenos elementos que são ligados
entre si pelos seus nós.

8.5.6 Procedimento de distribuição de cargas horizontais em alvenarias estruturais:

Segundo Camacho, J. S. (2006), as ações horizontais agem de imediato nas


paredes das fachadas, que transmite às lajes, funcionando como diafragma rígido, as
transmite às paredes paralelas à direção das ações. Essas paredes, cujos planos
estão na mesma direção da ação horizontal são denominadas paredes de
contraventamento.

Camacho, J. S. (2006) destaca cinco métodos clássicos para análise das aços
horizontais em estruturas de alvenaria estrutural:

i. Método das paredes articuladas;


ii. Cisalhamento contínuo;
iii. Analogia de pórtico;
iv. Pórtico de coluna larga;
v. Elementos Finitos.
96

Figura 8.6: Esquemas estruturais para paredes de contraventamento

Fonte: Ramalho, Marcio (2003)


97

9 DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO

9.1 Caracterização do edifício

O edifício em estudo é uma edificação de uso residencial que compõem os 18


blocos do desenho urbanístico do Condomínio Residencial Colinas do Sul de
propriedade da JMS Construções Ltda, localizado na Zona Sul, da Cidade de João
Pessoa – Pb.
A arquitetura e urbanização do Condomínio é de autoria do Escritório de
Arquitetura Frankie D. Muniz Brito e projeto estrutural do Escritório Flávio Roberto
Projetos Estruturais.
O edifício é composto de 12 apartamentos tipo, distribuídos nos seus quatro
pavimentos, sendo 4 apartamentos por pavimento. O pavimento Térreo apoia
diretamente nas fundações tipo radier e os demais pavimentos em blocos de concreto
de 14cm de largura (armados ou não).
Na área da escada encontra-se o pavimento para barrilete e outro para o
reservatório superior. O reservatório inferior encontra-se no pavimento térreo ao lado
da escada.
Figura 9.1: Planta Baixa – Térreo e Pavimento Tipo

Fonte: Projeto de Arquitetura – Cond. Colinas do Sul


98

Figura 9.2: Corte BB

Fonte: Projeto de Arquitetura – Cond. Colinas do Sul

Figura 9.3: Locação dos 18 Blocos

Fonte: Projeto de Arquitetura – Cond. Colinas do Sul


99

Definido no projeto estrutural, a alvenaria será composta por blocos de


concreto, da família 15x30 (largura = 140mm, altura = 190mm e comprimento =
290mm) e da Classe A, onde a resistência característica do bloco é maior que 8 MPa
(NBR 6136 - 2014 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – requisitos,
pg. 7).

Figura 9.4: Planta da 1ª fiada de alvenaria

Fonte: Projeto estrutural – Cond. Colinas do Sul

As lajes são em pré-moldados de 12 cm de altura com elemento de enchimento


o bloco cerâmico de 8cm e capa de concreto de 4cm.
100

Figura 9.5: Forma do Pavimento tipo e Coberta

Fonte: Projeto estrutural – Cond. Colinas do Sul


101

A fundação é do tipo radier em concreto armado com espessura de 20 cm e fck


de 30MPa.

Figura 9.6: Forma Radier

Fonte: Projeto estrutural das fundações em Radier – Cond. Colinas do Sul

9.2 Cargas verticais

Para as cargas verticais permanentes e variáveis para este estudo de caso


foram consideras (segundo a NBR 6120-1980):
102

 CARGAS PERMANENTES:
 Peso específico do concreto armado = 25 kN/m³.
 Peso específico de paredes estruturais revestidas = 14 kN/m³
 Peso próprio das lajes pré-moldadas com enchimento de bloco
cerâmico – h=12cm (bloco = 8cm + capa = 4cm) = 2,1 kN/m²
 Peso do revestimento de piso das lajes = 1,0 kN/m²
Para as paredes revestidas foi considerado uma espessura de 16 cm
acabada (espessura do bloco = 14 cm + espessura do revestimento = 1cm
cada lado).
 CARGAS VARIÁVEIS:
 Sobrecarga nas lajes de piso dos pavimentos tipo = 1,5 kN/m².
 Sobrecarga nas escadas = 3,0 kN/m².
 Sobrecarga na laje do reservatório superior = 17 kN/m²
 Sobrecarga nas lajes da coberta = 0,5 kN/m².

9.3 Cargas horizontais

As cargas horizontais a serem consideradas são as de vento e as


correspondentes ao desaprumo.
Para as cargas de vento, segundo a NBR 6123 – 1988 (Forças devido ao vento
em edificações), temos as seguintes considerações:

 Velocidade básica do vento = 30 m/s


 Fator Topográfico (S1) – terreno plano = 1,0
 Rugosidade do terreno – Categoria IV (Terrenos cobertos por obstáculos
numerosos e pouco espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada)
 Classe da edificação quanto as suas dimensões: Classe A (Todas as
unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais de
estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão
horizontal ou vertical não exceda 20 m).
 Fator Estatístico (S3) – Grupo 1(Hotéis e residências) = 1,0
103

A contribuição do desaprumo será dada em função do seu ângulo a. Estas


ações estão indicadas na tabela Tab. 9.1:

Tabela 9.1: Contribuição do desaprumo

Fonte: o Autor

Aplicando essas ações horizontais no FTOOL, obtemos para o edifício a as


resultantes, na sua base:
 Momento total devido ao desaprumo = 152,2 kN.m
 Reação horizontal devido ao desaprumo = 19,56 kN
Figura 9.7: Diagrama das forças horizontais equivalentes ao desaprumo

Fonte: Ftool
104

9.4 Modelagem do edifício

Para a modelagem do edifício e obtenção de dados para análise e


dimensionamento das fundações será usado o software comercial Cypecad, versão
2015.
O Cypecad é um software desenvolvido para realizar o cálculo e
dimensionamento de estruturas em concreto armado, protendido, estrutura metálica e
alvenaria estrutural para edifícios submetidos a ações verticais, horizontais e de
sismo.
O Cypecad considera todos os elementos que define uma estrutura (pilares,
paredes, muros, vigas e lajes), na análise das solicitações. Esta análise é realizada
através do cálculo espacial 3D, por métodos matriciais de rigidez. A discretização
desses elementos estruturais é feita por elementos tipo barra, grelha e elementos
finitos triangulares.
As lajes de fundação (radier) tem a sua discretização feita por malhas de
elementos tipo barra, de tamanho máximo de 25 cm, com molas nos nós desta malha,
cuja a constante do coeficiente de reação vertical Kv se define a partir do coeficiente
de Winkler.
As alvenarias estruturais têm a sua discretização efetuada por elementos finitos
tipo lâmina espessa tridimensional, de forma triangular.
Figura 9.8: Modelagem do edifício no Cypecad 2015

Fonte: Cypecad 2015l


105

9.5 Metodologia para aplicação da interação solo-estrutura

Seguindo as orientações dadas por Krahl, P.A, para proceder a inserção da


constante elástica Kv e conferir um comportamento elástico as restrições dos nós
(2011, pg.27 a 31) e adaptando-as às características do tratamento dado pelo
Cypecad para as lajes tipo radier, seguiremos os seguintes passos:

i. Calcular a primeira aproximação para o coeficiente de mola Kv,


considerando a estrutura indeslocável, determinando assim a tensão
média (𝑞
̅ ) aplicada no maciço pela placa (radier);
ii. Determinar o recalque médio (𝑤
̅ ) da placa para a tensão média (𝑞̅)
através das equações de Janbu (Eq. 40) e método de Burland e Burbidege
(Eq. 42) – Cálculo Geotécnico;
iii. Considerando a Hipótese de Winkler (Eq. 43) e determinar a coeficiente
de mola Kv;
iv. Realizar o processamento da estrutura para obtenção das reações e seus
deslocamentos (recalques) no nós da malha dos elementos finitos e assim
aplicando a teoria de Winkler obter o novo coeficiente de apoio elástico
(Kv’) para estes nós;
v. Com as reações obtidas neste primeiro processamento e levando em
consideração a área de influência entre os nós, calcular os deslocamentos
(recalques) nesses nós com as equações de Janbu (Eq. 40) e método de
Burland e Burbidege (Eq. 42) – Cálculo Geotécnico;
vi. Repetir estes procedimentos descritos anteriormente até que o coeficiente
Kv se torne constante entre uma e outra interação, ou que, comparando
os deslocamentos dos nós obtidos no processamento da estrutura com
os deslocamentos obtidos pelo Cálculo Geotécnico, a diferença entre eles
se torne desprezível;
106

9.6 Propriedade física dos materiais

Na entrada de dados para a modelagem da estrutura é exigido alguns


parâmetros relativos aos materiais empregados no edifício em estudo.
Para as fundações em radier teremos:
 Resistência a compressão do concreto – fck = 30MPa

Para as alvenarias estruturais teremos:


 Peso especifico da alvenaria – a = 14 kN/m³
 Coeficiente de Poison – a = 0,20
 Resistencia característica do prisma à compressão – fpk = 7 MPa
 Resistencia característica do bloco à compressão – fbk = 9 MPa
 Resistencia característica da argamassa à compressão – fak = 5 MPa
 Resistencia característica do graute à compressão – fpk = 16 MPa

Figura 9.9: Resistência características do prisma,


do bloco, da argamassa e do graute.

Fonte: Projeto estrutural – Cond. Colinas do Sul

Conforme a NBR 15961-1 – 2011 (Alvenaria estrutural – Blocos de Concreto –


Parte 1) o módulo de elasticidade E da alvenaria é dado em função da resistência
característica do prisma, pela expressão:
107

E = 800 fpk
 Módulo de elasticidade da alvenaria – E =5,6 Gpa

9.7 Considerações geotécnicas

No terreno onde foi implantado os 18 blocos de edifícios foram executados 08


furos de sondagem tipo SPT.
Apesar de podermos considerar que para a área especifica, onde o Condomínio
foi implantado, ser a quantidade de furos pequena em relação ao que indica a NBR
8036:1983 (Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para
fundações de edifícios – Procedimento), analisando os furos realizados, podemos
observar que eles mantem uma regularidade sobre a estratificação do solo ao longo
da profundida e sua resistência em uma projeção crescente.
Observando atentamente os 08 furos de sondagem podemos identificar que:
 Da superfície até uma profundidade de 1,0m, encontramos uma areia fina
siltosa fofa, com NSPT variando de 2 a 4 golpes.
 Entre as profundidades de 1,0m e 4,0m há a presença de um silte argiloso
de consistência mole a muito mole, com NSPT entre 2 e 5 golpes.
 Da profundidade de 4,0m a 9,0m, o solo se apresenta como uma silte
argiloso de consistência média a rija, com NSPT variando de 6 a 17 golpes.
As sondagens demonstram que existe uma camada superficial de baixa
resistência, justificando assim a adoção de fundações do tipo radier em vez de sapata
corrida para as fundações das alvenarias.
Figura 9.10: Planta de locação dos furos de sondagem - SPT

Fonte: Relatório de Sondagem - Concresolo


108

9.8 Tensão admissível do projeto

Para a determinação da tensão admissível será adotado o método de Vesic,


considerando a estratificação (não homogeneidade) do solo abaixo da fundação.

Figura 9.11: Perfil representativo do solo

Fonte: O autor

Para a primeira camada de 0 a 1,0m temos:


 Areia fina siltosa - fofa
 N72 = NSPT = 2 golpes
 Ângulo de atrito:
∅ = 15° + √20 . 𝑁72

∅ = 15° + √20 . 2
∅ = 21°
Mecanismo de Ruptura: Ruptura por puncionamento (solos fofos):
tg * = 2/3 tg 
tg * = 2/3 tg 21º
tg * = 0,256  14 = 14º
109

 Fatores de capacidade de carga (Tab. 4.7):


Para * = 14º  Nq = 3,59 e N = 2,29
 Fatores de forma para uma fundação retangular (Tab. 4.8):
L = 18,29m
B = 17,24m
Sq = 1 + (B/L) tg* = 1 + (17,24/18,29) x 0,25  Sq = 1,236
S = 1 – 0,4 (B/L) = 1 – 0,4 x (17,24/18,29)  S = 0,623
 Peso especifico - Areia fofa seca (Tab. 4.2):
 = 16 kN/m³
 Sobrecarga de embutimento (q):
h = 0,30m
q = h  = 0,30 x 16 = 4,8 kPa

 Tensão de ruptura para a primeira camada (R1):

R1 = q Nq Sq + ½  B N S

R1 = 4,8 x 3,59 x 1,236 + ½ x 16 x 17,24 x 2,29 x 0,623


R1 = 218 kPa

Para a segunda camada de 1,0 a 4,0m temos:


 N72 = NSPT = 4 golpes
 Silte argiloso mole
 Ângulo de atrito: ∅ = 0°
 Coesão:
c = 10 . N72 = 10 x 4
c = 40 kPa
Mecanismo de Ruptura: Ruptura por puncionamento (solos mole):
c* = 2/3 c = 2/3 x 40
c* = 26,7 kPa
110

 Fatores de capacidade de carga (Tab. 4.7):


Para * = 0º  Nq = 1,00 e Nc = 5,14
 Fatores de forma para uma fundação retangular (Tab. 4.8):
L = 18,29m
B = 17,24m
Sq = 1 + (B/L) tg* = 1 + (17,24/18,29) x 0  Sq = 1,0
Sc = 1 + (B/L) (Nq/Nc) = 1 + (17,24/18,29) x (1,0/5,14)  Sc = 1,183
 Peso especifico – Silte argiloso mole (Tab. 4.2):
 = 15 kN/m³
 Sobrecarga de embutimento (q):
h = 1,00m
q = h  = 1,00 x 15 = 15 kPa

 Tensão de ruptura para a segunda camada (R2):

R2 = q Nq Sq + c* Nc Sc
R2 = 15 x 1,00 x 1,00 + 26,7 x 5,14 x 1,183
R2 = 177 kPa

Como temos R1 > R2, então devemos calcular R12, que é a média

ponderada das tensões da primeira e segunda camadas.


𝑎. R1 + 𝑏. R2
R12 =
𝑎+𝑏

Sendo a = 0,70m e b = 3,00m , temos:

0,7 𝑥 218 + 3,0 𝑥 177


R12 = = 185 𝑘𝑃𝑎
0,7 + 3,0
111

Calculamos agora a parcela propagada da tensão R12 até o topo da segunda


camada:
R12 . 𝐵 . 𝐿
 =
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧)
Sendo Z = 0,70m, B = 17,24m e L = 18,29m temos:
185 𝑥 17,24 𝑥 18,29
 = = 171 𝑘𝑃𝑎
(17,24 + 0,70)(18,29 + 0,70)
Como a  = 171 kPa é menor que a tensão da segunda camada R2 = 177
kPa, então adotamos como para a tensão de ruptura R = R12 = 185 kPa.

A tensão admissível é dada pela aplicação do fator de segurança F.S = 3,0:


R
adm =
𝐹. 𝑆
185
adm = = 61,7 𝑘𝑃𝑎
3
𝐚𝐝𝐦 = 𝟎, 𝟎𝟔𝟐 𝑴𝑷𝒂 (Fundação em Radier)
Para o caso da fundação ser em sapata corrida, devido aos fatores de formas
serem diferentes aos das fundações retangulares, essa tensão admissível seria:

𝐚𝐝𝐦 = 𝟎, 𝟎𝟓𝟓 𝑴𝑷𝒂 (Fundação em Sapata Corrida)

9.9 Coeficiente de reação vertical kv

Vamos estimar o primeiro valor do coeficiente de reação vertical Kv, em função


do recalque médio da fundação do edifício, através da expressão:
𝑞̅
𝑘𝑣 =
𝑤
̅
O recalque médio será obtido pela soma dos recalques das camadas abaixo
da fundação (Fig. 9.12), utilizando a Teoria da Elasticidade, através da equação de
Janbu (Eq. 40) para solos argilosos e método de Burland e Burbidege (Eq. 42) para
solos arenosos.
112

Para a determinação da tensão aplicada na cota de assentamento do radier, a


estrutura inicialmente será considerada indeslocável.
 Recalque da 1ª camada:
 Areia fina siltosa, fofa.
 Espessura da camada – H = 0,70m
 Método: Burland e Burbidege
 Dimensões da fundação – B = 17,24m e L = 18,29m
 Somatório das cargas verticais – V = 8.067,50 kN (Anexo 5)
 Peso próprio do radier (h=20cm) – Ppradier = 1.576,60 kN
 Pressão aplicada – q = 𝜎
̅max = 34,5 kPa (considerando ação do vento)
(Anexo 5)
 N72 = NSPT = 2 golpes
 N60 = 1,2 N72 = 2,4
 Fator de forma:
𝐿 18,29
1,25𝐵 1,25
17,24
𝑓𝑠 = [ 𝐿 ] = [18,29 ]= 1,012
+0,25 17,24
+0,25
𝐵

 Fator de espessura compressível (H)  Fig.5.4 – Z1 = 8


𝐻 𝐻 0,7 0,7
𝑓𝑙 = (2 − )= (2 − ) = 0,167
𝑍1 𝑍1 8,0 8,0

 Recalque w1:
1,71
𝑤1 = 𝑞 𝐵0,7 𝑓𝑠 𝑓𝑙
𝑁601,4
1,71
𝑤1 = 34,5 𝑥 17,240,7 𝑥 1,4 𝑥 1,012 𝑥 0,167 = 21,5mm
2,4
𝒘𝟏 = 21,48mm

 Recalque da 2ª camada:
 Silte argiloso, consistência mole.
 Espessura da camada – H = 3,00m
 Método: Teoria da Elasticidade – Camada Finita
 Dimensões da fundação – B = 17,24m e L = 18,29m
 Pressão aplicada no topo da camada – 1:
113

q .𝐵 .𝐿 34,5x17,24x18,29
1 = =
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧) (17,24 + 0,7)(18,29 + 0,7)
1 = 31,93 kPa
 N72 = NSPT = 4 golpes
 Fator  (Tab. 5.1)   = 6 (Silte argiloso)
 Fator K (Tab. 5.2)  K = 0,25 (Silte argiloso)
 Modulo de deformabilidade Es:
Es =  K N72 = 6 x 0,25 x 4 = 6,0 MPa = 6.000 kPa
 Fator de influência do embutimento da fundação µ 0 (Fig. 5.3):
 µ0 = 0,98
 Fator de influência da espessura da camada do solo µ1 (Fig. 5.3):
 µ1 = 0,10

 Recalque w2:
𝜎1 𝐵 31,93 𝑥 17,24𝑥103
𝑤2 = 𝜇0 𝜇1 = 0,98 𝑥 0,10
𝐸𝑠2 6000
𝒘𝟐 = 8,99mm

 Recalque da 3ª camada:
 Silte argiloso, consistência média.
 Espessura da camada – H = 2,00m
 Método: Teoria da Elasticidade – Camada Finita
 Dimensões da fundação – B = 17,24m e L = 18,29m
 Pressão aplicada no topo da camada – 1:
q .𝐵 .𝐿 34,5x17,24x18,29
1 = =
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧) (17,24 + 3,7)(18,29 + 3,7)
1 = 23,62 kPa
 N72 = NSPT = 7,5 golpes
 Fator  (Tab. 5.1)   = 6 (Silte argiloso)
 Fator K (Tab. 5.2)  K = 0,25 (Silte argiloso)
 Modulo de deformabilidade Es:
Es =  K N72 = 6 x 0,25 x 7,5 = 11,25 MPa = 11.250 kPa
 Fator de influência do embutimento da fundação µ 0 (Fig. 5.3):
114

 µ0 = 0,95
 Fator de influência da espessura da camada do solo µ 1 (Fig. 5.3):
 µ1 = 0,10

 Recalque w3:
𝜎1 𝐵 23,62 𝑥 17,24𝑥103
𝑤3 = 𝜇0 𝜇1 = 0,95 𝑥 0,10
𝐸𝑠2 11250
𝒘𝟑 = 3,44mm
 Recalque da 4ª camada:
 Silte argiloso, consistência rija.
 Espessura da camada – H = 3,00m
 Método: Teoria da Elasticidade – Camada Finita
 Dimensões da fundação – B = 17,24m e L = 18,29m
 Pressão aplicada no topo da camada – 1:
q .𝐵 .𝐿 34,5x17,24x18,29
1 = =
(𝐵 + 𝑧)(𝐿 + 𝑧) (17,24 + 5,7)(18,29 + 5,7)
1 = 19,8 kPa
 N72 = NSPT = 12 golpes
 Fator  (Tab. 5.1)   = 6 (Silte argiloso)
 Fator K (Tab. 5.2)  K = 0,25 (Silte argiloso)
 Modulo de deformabilidade Es:
Es =  K N72 = 6 x 0,25 x 12 = 18 MPa = 18.000 kPa
 Fator de influência do embutimento da fundação µ 0 (Fig. 5.3):
 µ0 = 0,90
 Fator de influência da espessura da camada do solo µ 1 (Fig. 5.3):
 µ1 = 0,10

 Recalque w4:
𝜎1 𝐵 19,8 𝑥 17,24𝑥103
𝑤4 = 𝜇0 𝜇1 = 0,90 𝑥 0,10
𝐸𝑠2 18000
𝒘𝟒 = 1,71mm
115

 Recalque médio total:


𝑤
̅ = 𝑤1 + 𝑤2 + 𝑤3 + 𝑤4
𝑤
̅ = 21,48 + 8,98 + 3,44 + 1,71
̅ = 35,61mm
𝒘
Figura 9.12: Perfil representativo do solo (recalque)

Fonte: O autor

Com o recalque médio estimado, temos para o coeficiente de reação vertical


Kv:
𝑞̅ 34,5
𝑘𝑣 = ̅
= = 968,8 kN/m³
𝑤 0,03561
𝒌𝒗𝟎 = 969 kN/m³
116

10 ANÁLISE DOS RESULTADOS

10.1 Análise do Radier x Sapata corrida

Com o auxílio do Cypecad, o edifício foi modelado para uma fundação do tipo
sapata corrida, adotando para esta situação de fundação a tensão admissível de adm
= 0,055 MPa (Item 9.7).
O resultado obtido (Fig. 10.1), mostra uma ocupação dessas fundações
corridas a uma taxa maior do que 50% dá área de projeção do prédio, justificando
assim, a adoção de fundação do tipo Radier.
Figura 10.1: Locação da fundação em sapata corrida

Fonte: O autor

 Área de projeção do edifício = 217,73 m2


 Superfície total das fundações corridas = 162,86 m2
 Taxa de ocupação das fundações corridas = 74,8%
117

10.2 Análise do radier considerando o coeficiente de reação vertical do solo

Com o auxílio de uma planilha Excel para determinar o recalque (item 9.9) em
função da variação da tesão aplicada ao solo, na profundidade onde se encontra o

Radier, até a sua tensão de ruptura do solo (R = R12 = 185 kPa – item 9.8),
obtivemos o gráfico entre a Tensão Aplicada e o Recalque estimado dos dados na
Tabela 10.1.
Gráfico 10.1: Relação Tesão x Recalque
(Método Geotécnico)

Fonte: o Autor
118

Tabela 10.1: Relação Tesão x Recalque


(Método Geotécnico)
Tensão Recalque Coef. Mola Tensão Recalque Coef. Mola Tensão Recalque Coef. Mola
kg/cm2 MPa kN/m² mm kN/m³ kg/cm2 MPa kN/m² mm kN/m³ kg/cm2 MPa kN/m² mm kN/m³
0,10 0,010 10 10,33 968 0,71 0,070 70 72,26 969 1,33 0,130 130 134,18 969
0,11 0,011 11 11,35 969 0,72 0,071 71 73,29 969 1,34 0,131 131 135,21 969
0,12 0,012 12 12,38 969 0,73 0,072 72 74,31 969 1,35 0,132 132 136,27 969
0,13 0,013 13 13,41 969 0,74 0,073 73 75,37 969 1,36 0,133 133 137,29 969
0,14 0,014 14 14,47 968 0,75 0,074 74 76,39 969 1,37 0,134 134 138,32 969
0,15 0,015 15 15,49 968 0,76 0,075 75 77,42 969 1,38 0,135 135 139,36 969
0,16 0,016 16 16,52 969 0,77 0,076 76 78,43 969 1,39 0,136 136 140,38 969
0,17 0,017 17 17,53 970 0,79 0,077 77 79,49 969 1,40 0,137 137 141,43 969
0,18 0,018 18 18,59 968 0,80 0,078 78 80,51 969 1,41 0,138 138 142,45 969
0,19 0,019 19 19,62 968 0,81 0,079 79 81,54 969 1,42 0,139 139 143,49 969
0,20 0,020 20 20,64 969 0,82 0,080 80 82,57 969 1,43 0,140 140 144,52 969
0,21 0,021 21 21,66 970 0,83 0,081 81 83,63 969 1,44 0,141 141 145,55 969
0,22 0,022 22 22,73 968 0,84 0,082 82 84,65 969 1,45 0,142 142 146,57 969
0,23 0,023 23 23,75 968 0,85 0,083 83 85,67 969 1,46 0,143 143 147,61 969
0,24 0,024 24 24,77 969 0,86 0,084 84 86,69 969 1,47 0,144 144 148,65 969
0,25 0,025 25 25,78 970 0,87 0,085 85 87,75 969 1,48 0,145 145 149,68 969
0,27 0,026 26 26,85 968 0,88 0,086 86 88,77 969 1,49 0,146 146 150,70 969
0,28 0,027 27 27,88 968 0,89 0,087 87 89,80 969 1,50 0,147 147 151,75 969
0,29 0,028 28 28,90 969 0,90 0,088 88 90,82 969 1,51 0,148 148 152,78 969
0,30 0,029 29 29,93 969 0,91 0,089 89 91,88 969 1,52 0,149 149 153,80 969
0,31 0,030 30 30,97 969 0,92 0,090 90 92,91 969 1,53 0,150 150 154,81 969
0,32 0,031 31 32,00 969 0,93 0,091 91 93,92 969 1,54 0,151 151 155,88 969
0,33 0,032 32 33,02 969 0,94 0,092 92 94,97 969 1,55 0,152 152 156,92 969
0,34 0,033 33 34,05 969 0,95 0,093 93 96,00 969 1,56 0,153 153 157,94 969
0,35 0,034 34 35,11 968 0,96 0,094 94 97,05 969 1,57 0,154 154 158,96 969
0,36 0,035 35 36,13 969 0,97 0,095 95 98,06 969 1,58 0,155 155 160,01 969
0,37 0,036 36 37,17 969 0,98 0,096 96 99,09 969 1,59 0,156 156 161,04 969
0,38 0,037 37 38,17 969 0,99 0,097 97 100,14 969 1,60 0,157 157 162,06 969
0,39 0,038 38 39,24 968 1,00 0,098 98 101,16 969 1,61 0,158 158 163,08 969
0,40 0,039 39 40,26 969 1,01 0,099 99 102,18 969 1,62 0,159 159 164,14 969
0,41 0,040 40 41,28 969 1,02 0,100 100 103,23 969 1,63 0,160 160 165,17 969
0,42 0,041 41 42,31 969 1,03 0,101 101 104,27 969 1,64 0,161 161 166,18 969
0,43 0,042 42 43,37 968 1,04 0,102 102 105,27 969 1,65 0,162 162 167,21 969
0,44 0,043 43 44,38 969 1,05 0,103 103 106,31 969 1,66 0,163 163 168,27 969
0,45 0,044 44 45,40 969 1,06 0,104 104 107,38 969 1,67 0,164 164 169,29 969
0,46 0,045 45 46,45 969 1,07 0,105 105 108,40 969 1,68 0,165 165 170,32 969
0,47 0,046 46 47,51 968 1,08 0,106 106 109,41 969 1,69 0,166 166 171,34 969
0,48 0,047 47 48,52 969 1,09 0,107 107 110,44 969 1,70 0,167 167 172,40 969
0,49 0,048 48 49,54 969 1,10 0,108 108 111,51 969 1,71 0,168 168 173,42 969
0,50 0,049 49 50,59 969 1,11 0,109 109 112,52 969 1,72 0,169 169 174,43 969
0,51 0,050 50 51,62 969 1,12 0,110 110 113,54 969 1,73 0,170 170 175,47 969
0,52 0,051 51 52,64 969 1,13 0,111 111 114,56 969 1,74 0,171 171 176,54 969
0,53 0,052 52 53,66 969 1,14 0,112 112 115,63 969 1,75 0,172 172 177,55 969
0,54 0,053 53 54,73 968 1,15 0,113 113 116,65 969 1,76 0,173 173 178,57 969
0,55 0,054 54 55,75 969 1,16 0,114 114 117,68 969 1,77 0,174 174 179,60 969
0,56 0,055 55 56,78 969 1,17 0,115 115 118,69 969 1,78 0,175 175 180,66 969
0,57 0,056 56 57,80 969 1,18 0,116 116 119,75 969 1,79 0,176 176 181,67 969
0,58 0,057 57 58,86 968 1,19 0,117 117 120,78 969 1,80 0,177 177 182,69 969
0,59 0,058 58 59,87 969 1,20 0,118 118 121,80 969 1,82 0,178 178 183,73 969
0,60 0,059 59 60,89 969 1,21 0,119 119 122,82 969 1,83 0,179 179 184,79 969
0,61 0,060 60 61,93 969 1,22 0,120 120 123,89 969 1,84 0,180 180 185,81 969
0,62 0,061 61 63,00 968 1,23 0,121 121 124,91 969 1,85 0,181 181 186,83 969
0,63 0,062 62 64,01 969 1,24 0,122 122 125,93 969 1,86 0,182 182 187,88 969
0,64 0,063 63 65,02 969 1,25 0,123 123 126,95 969 1,87 0,183 183 188,91 969
0,65 0,064 64 66,05 969 1,26 0,124 124 128,01 969 1,88 0,184 184 189,93 969
0,66 0,065 65 67,11 969 1,27 0,125 125 129,03 969 1,89 0,185 185 190,97 969
0,67 0,066 66 68,13 969 1,28 0,126 126 130,05 969
Média 968,93
0,68 0,067 67 69,16 969 1,30 0,127 127 131,10 969
Kv (kN/m³)
0,69 0,068 68 70,18 969 1,31 0,128 128 132,15 969 Mínimo 968
0,70 0,069 69 71,22 969 1,32 0,129 129 133,15 969 Máximo 970
Fonte: o Autor

Nota-se que o valor do coeficiente de mola calculado para a Placa (item 9.9) e´
semelhante ao coeficiente angular da reta do gráfico apresentado (Gráfico 10.1).
y = 968,76 x
𝑞̅ = 𝑘𝑣 . 𝑤
̅

Desta forma adotou-se para a primeira interação, na modelação da estrutura


no CYPECAD, o valor do coeficiente de mola de Kv= 969 kN/m³ (Fig. 10.2).
119

Figura 10.2: 1ª Interação

Fonte: o Autor

No modelo, o CYPECAD divide o radier numa malha de 25cmx25cm, dando


assim um número total de 5.324 nós, e em Panos de laje, que são definidos entre os
contornos das paredes que se apoiam no radier (Fig. 10.3 e 10.4).
120

Figura 10.3: Desenho da malha (Cypecad)

Fonte: o Autor

Figura 10.4: Limites dos Panos de Laje

Fonte: o Autor

Após o processamento pode-se obter varais informações tais como:


deslocamentos máximos em nós, Tensões máximas nos Panos de lajes e a flecha
entre dois pontos (Fig. 10.5).
121

Figura 10.5: Dados das Envoltórias

Fonte: o Autor

Para a 1ª interação, pela quantidade de nós e simetria do prédio, para o estudo


em questão, restringimos para análise os nós de máximo deslocamento nos panos
definidos pela modelação, apresentados a seguir (Tab. 10.2)
Tabela 10.2: Nós

Fonte: o Autor
122

Selecionando o pano para a obtenção dos deslocamentos máximos, o


CYPECAD indica em qual nó isso acontece e mostra estes deslocamentos para as
Hipóteses de cargas (Fig. 10.6 e 10.7).
Figura 10.6: Nó no Pano 2 com deslocamentos máximos (nó: -6.50,4.28)

Fonte: o Autor

Figura 10.7: Deslocamentos máximos no nó -6.50,4.28

Fonte: o Autor
123

Com os dados retirados do CYPECAD e combinando as hipóteses de cargas,


obtemos, por exemplo, o valor do recalque máximo do nó (-6.50,4.28) do pano 2 (Fig.
10.8). Estes resultados para os nós em estudos são apresentados na tabela 10.3.
Figura 10.8: Recalque máximo no nó -6.50,4.28 (CYPECAD)

Fonte: o Autor

Do mesmo modo que foi feito para os deslocamentos máximos, se procede no


CYPEDAC para obter a tensão máxima aplicada ao nó (Fig. 10.9).
Figura 10.9: Tensão máximo no nó -6.50,4.28

Fonte: o Autor
124

Com os valores retirados do CYPECAD, do deslocamento máximo e sua


respectiva tensão para cada nó estudado, calcula-se o novo recalque Wx’ pelo Método
Geotécnico (item 9.9) e obtemos um novo Kv’, para a segunda interação (Tab. 10.3).

Tabela 10.3: 1ª Interação – Kv= 969

Fonte: o Autor

Nesta etapa é importante determinar a primeira mola para a área de influência


dos nós, que neste modelo é de 25cm x 25cm, e que se comporta como uma sapata
fictícia (KRAHL, P.A – pág. 38). A critério do autor, para a segunda interação será
considerado o coeficiente de mola mais frequente apresentado na tabela 10.3 – Kv’ =
5744 kN/m³.

Feito o segundo processamento com o CYPECAD para o novo coeficiente de


mola, Kv’ = 5744 kN/m³, nota-se que, para alguns panos de lajes, acontece a mudança
dos nós que tem o deslocamento máximo e respectiva tensão máxima aplicada, (Tab.
10.4), implicando assim para análise o uso desse novos dados (Tab.10.5).

Tabela 10.4: Pontos com deslocamentos máximos


125

Fonte: o Autor

Tabela 10.5: 2ª Interação – Kv= 5744 kN/m³

Fonte: o Autor

Analisando os resultados desta segunda interação, verifica-se que as


diferenças entre os recalques calculados pelo CYPECAD e os encontrados pelo
126

método Geotécnico, são bem pequenos e tendendo a zero. Já poderíamos assim


adotar para essa modelação o coeficiente de mola Kv’ = 5744 kN/m³.
Como o coeficiente de mola, nesta 2ª interação varia do menor valor Kv’ = 5735
kN/m³ para o maior valor Kv’ = 5744 kN/m³, será feito um terceiro processamento para
o coeficiente de molar de menor valor.
Os resultados desta terceira interação são apresentados na tabela 10.6.

Tabela 10.6: 3ª Interação – Kv= 5735 kN/m³

Fonte: o Autor

Como no caso do processamento anterior, a 3ª interação, para o coeficiente de


mola Kv = 5735 kN/m³, mostra que as diferenças entre os recalques calculados pelo
CYPECAD e os recalques determinado pelo modelo Geotécnico, também são
pequenas e tendendo a zero. Mostra também que o novo coeficiente de mola continua
a variar entre Kv’ = 5735 kN/m³ e Kv’ = 5744 kN/m³.

Essa tendência é mostrada na tabela 10.6 e visualizada nos gráficos 10.2 e


10.3 para os coeficientes de mola Kv = 5744 kN/m³ e Kv = 5735 kN/m³.
Tabela 10.6: Diferença entre
Recalque do CYPECAD x recalque Geotécnico
127

Fonte: o Autor

Gráfico 10.2: % Diferença – Kv= 5744 kN/m³

Fonte: o Autor

Gráfico 10.3: % Diferença – Kv= 5735 kN/m³

Fonte: o Autor

Isso também fica claro na Fig. 10.10, onde se apresenta as curvas de Isovalores
dos Momentos atuantes (X e Y, Superior e Inferior) no Radier, numa superposição das
128

linhas, resultantes da modelação do radier com os coeficientes de mola Kv’ =5735


kN/m³ e Kv’ =5744 kN/m³. Os momentos se apresentam iguais nos dois
processamentos, devido a pequena variação dos coeficientes de molas dessas
modelações.

Figura 10.10: Isovalores - Momentos

Fonte: o Autor

Momentos iguais, em resposta aos processamentos com os coeficientes de


mola Kv’ =5735 kN/m³ e Kv’ =5744 kN/m³, resultou na mesma quantidade de armação
para as duas situações, que é de 4503 Kg de Barras para Laje de Fundação, o Radier
(Fig.10.11 e Fig. 10.12).

Figura 10.11: Quantidades – Kv= 5744 kN/m³


129

Fonte: CYPECAD

Figura 10.12: Quantidades – Kv= 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD

Situação bem diferente para o primeiro processamento com o coeficiente de


mola Kv = 969 kN/m³, que apresentou um consumo no Radier (Laje de Fundação) de
4975 Kg de Barras, 10% maior do que as lajes processadas com coeficientes de mola
Kv’ =5735 kN/m³ e Kv’ =5744 kN/m³ (Fig.10.13).
Figura 10.13: Quantidades – Kv= 969 kN/m³

Fonte: CYPECAD

Essa diferença significativa fica clara quando observamos os momentos


atuantes no Radier, quando aplicado na sua modelação o coeficiente de mola Kv =
130

969 kN/m³ (1ª interação) e os momentos atuantes resultantes na 2ª e 3ª interação


(Figuras 10.14, 10.15, 10.16 e 10.17).
Como já encontramos uma convergência entre os recalques calculados pelo
CYPECAD e os determinados pelo Método Geotécnico, quando da aplicação dos
coeficientes de molas Kv’ =5735 kN/m³ e Kv’ =5744 kN/m³ e o resultado desse
processamento não gerou diferenças entre os momentos aplicados no radier e nem
na taxa de aço aplicada à placa de concreto, iremos a partir daqui adotar o valor de
Kv’ =5735 kN/m³, como coeficiente mola para análise do radier quanto aos Estados
Limite Ultimo e de Serviço.
Figura 10.14: Momento X – Inferior – Kv 969 kN/m³

Fonte: CYPECAD

Figura 10.15: Momento Y – Inferior – Kv 969 kN/m³

Fonte: CYPECAD
131

Figura 10.16: Momento X – Inferior – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD
Figura 10.17: Momento Y – Inferior – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD

10.3 Análise do Radier quanto as tensões aplicadas ao solo

As figuras 10.19 a 10.23 mostram as tensões aplicadas ao solo durante as


fases de evolução da construção (Fig. 10.18). Estas tensões variam de 0 a 0,04 MPa,
que são bem menores que a tensão admissível calculada para este estudo, que é de

𝐚𝐝𝐦 = 𝟎, 𝟎𝟔𝟐 𝑴𝑷𝒂, atendendo assim a verificação do Estado Limite Ultimo


(ELU).
132

Figura 10.18: Fases da Construção

Fonte: O Autor

Figura 10.19: Tensão Máxima sobre o Terreno – 1 Pavimento – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD
133

Figura 10.20: Tensão Máxima sobre o Terreno – 2 Pavimento – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD

Figura 10.21: Tensão Máxima sobre o Terreno – 3 Pavimento – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD
134

Figura 10.22: Tensão Máxima sobre o Terreno – 4 Pavimento – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD

Figura 10.23: Tensão Máxima sobre o Terreno – Completo – Kv 5735 kN/m³

Fonte: CYPECAD
135

10.4 Análise dos recalque ao longo da construção

Os recalques máximos e mínimos durante as fases de evolução da construção


(Fig. 10.18) são apresentados na Tabela 10.7.

Tabela 10.7 – Recalques máximo e mínimo

Fonte: o Autor

Conforme a NBR 6122-2010, o radier em estudo atende ao Estado Limite de


Serviço (ELS), como mencionado no item 5.7, tanto em relação aos limites do recalque
total máximo (ρmax ≤ 40mm) quanto em relação a limitação dos recalques
diferenciais.
136

11 CONCLUSÃO

O presente trabalho se propôs a apresentar um estudo de uma fundação em


Radier com a função de apoiar um edifício de 4 pavimentos em alvenaria estrutural
sobre um solo de baixa resistência.
A escolha da fundação em Radier se justifica devido à baixa resistência do solo,
caracterizado pela sondagem tipo SPT, nas camadas mais superficiais. Isto se verifica
quando observamos que uma fundação tipo Sapata Corrida, se fosse escolhida,
ocuparia mais de 50% da área de projeção do edifício.
Este estudo foi feito levando em consideração que as fundações são elementos
deslocáveis, que sobre a ação da estrutura, transmitem as suas cargas ao solo
provocando a estas deformações (recalques), contrapondo-se ao caso clássico e
usual de considerar a estrutura apoiada sobre apoios rígidos.
Os recalques foram obtidos de maneira semi-empírica, considerando a
estratificação do solo, através da Teoria da Elasticidade para as camadas de argila e
do método de Burland e Burbidege para as camadas de solo arenoso.
Para que o comportamento da fundação fosse o mais realista possível, foi
considera a interação solo-estrutura (ISE) para análise dos recalques e da distribuição
das tensões no solo. Nesse processo foi empregado na modelagem do edifício e da
fundação, nas diversas etapas da construção, o programa CYPECAD, que usa no seu
processamento a discretização das alvenarias estruturais pelo processo de elementos
finitos, sendo o radier representado por uma malha de barras com no máximo 25cm,
com os nós dessas malhas apoiadas em molas baseadas no modelo de Winkler.
Foi aplicado inicialmente para as molas um coeficiente de reação vertical Kv
(Coeficiente de Mola) usando o método geotécnico e admitindo a estrutura
indeslocável. Nesse primeiro processamento verificou-se que para as mesmas
tensões aplicadas nos nós uma diferença entorno de 83% dos recalques
apresentados pelo CYPECAD e os determinados pelo processo geotécnico.
Nesse estudo só conseguimos convergir ao coeficiente de mola que representasse a
interação solo-estrutura nos segundo e terceiro processamento, onde a diferença
entre os recalques obtidos pelo CYPECAD e os calculados pelo processo geotécnico
tenderam a zero.
137

Foi notado também um reagrupamento das tensões nos nós entre o primeiro e
segundo processamento, comprovando assim que a deformação dos solos provoca
uma redistribuição dos esforços na estrutura.
É observado também que entre a primeira interação, onde o Kv usado foi
determinado considerando a fundação indeslocável, e as demais interações há uma
redução no consumo de aço no radier na ordem de 10%.
Por fim para estrutura analisada, considerando a ISE, o solo teve no seu estado
limite ultimo (ELU), aferido pela sua tensão admissível, e no seu estado limite de
serviço (ELS) comparado aos recalques e distorções limites, resultados satisfatórios.
138

REFERÊNCIAS

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Exercícios Resolvidos”. Oficina de Textos, São Paulo.

VARGAS, M. (1977). “Introdução à Mecânica dos Solos”. Volume Único, Editora


da Universidade de São Paulo, São Paulo.

SCHULTZE, E. Druckverteilung und Setzungen. Grundbau - Taschenbuch, Band 1,


2. Auflage, Berlin: W. Ernst und Sohn, 1966.
140

ANEXOS
ANEXO 1
(CARGAS ATUANTES DA EDIFICAÇÃO NO SOLO)
CARGAS ATUANTES (TODOS OS PAVIMENTOS)
Cota N Mx My Qx Qy T
Planta Hipótese
(m) (kN) (kN·m) (kN·m) (kN) (kN) (kN·m)
Peso próprio 71,30 0,00 -257,00 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 9,40 0,00 -34,20 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 4,70 0,00 -17,10 0,00 0,00 0,00
FUNDO
15 Vento +X 0,00 13,00 0,00 6,50 0,00 23,40
RESERVATÓRIO
Vento -X 0,00 -13,00 0,00 -6,50 0,00 -23,40
Vento +Y 0,00 0,00 13,90 0,00 7,00 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -13,90 0,00 -7,00 0,00
Peso próprio 156,80 0,00 -559,50 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 112,70 0,00 -406,70 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 8,50 0,00 -30,70 0,00 0,00 0,00
PLATIMBANDA 13 Vento +X 0,00 51,10 0,00 19,10 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -51,10 0,00 -19,10 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 54,90 0,00 20,50 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -54,90 0,00 -20,50 0,00
Peso próprio 415,90 -1,70 -615,30 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 123,80 0,00 -402,10 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 8,50 0,00 -30,70 0,00 0,00 0,00
4ª LAJE 11,6 Vento +X 0,00 77,90 0,00 19,10 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -77,90 0,00 -19,10 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 83,60 0,00 20,50 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -83,60 0,00 -20,50 0,00
Peso próprio 1745,90 3,20 -750,50 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 319,10 7,80 -430,50 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 290,10 4,50 -51,10 0,00 0,00 0,00
3ª LAJE 8,8 Vento +X 0,00 166,10 0,00 31,50 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -166,10 0,00 -31,50 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 178,30 0,00 33,80 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -178,30 0,00 -33,80 0,00
Peso próprio 3100,20 3,30 -988,60 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 523,90 7,80 -542,50 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 565,00 4,70 -124,80 0,00 0,00 0,00
2ª LAJE 6 Vento +X 0,00 297,80 0,00 47,00 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -297,80 0,00 -47,00 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 319,70 0,00 50,50 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -319,70 0,00 -50,50 0,00
Peso próprio 4454,50 3,30 -1227,00 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 728,60 7,90 -654,40 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 839,90 4,90 -198,50 0,00 0,00 0,00
1ª LAJE 3,2 Vento +X 0,00 469,10 0,00 61,20 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -469,10 0,00 -61,20 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 503,60 0,00 65,70 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -503,60 0,00 -65,70 0,00
Peso próprio 5803,50 3,40 -1475,00 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 933,30 7,90 -766,40 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 1114,70 5,10 -272,20 0,00 0,00 0,00
TÉRREO 0,4 Vento +X 0,00 674,40 0,00 73,30 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -674,40 0,00 -73,30 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 724,10 0,00 78,70 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -724,10 0,00 -78,70 0,00
Peso próprio 5981,50 -1,50 -1596,00 0,00 0,00 0,00
Cargas permanentes 956,90 0,20 -850,00 0,00 0,00 0,00
Sobrecarga 1129,10 0,80 -325,50 0,00 0,00 0,00
Fundação 0 Vento +X 0,00 703,80 0,00 73,30 0,00 68,70
Vento -X 0,00 -703,80 0,00 -73,30 0,00 -68,70
Vento +Y 0,00 0,00 755,60 0,00 78,70 0,00
Vento -Y 0,00 0,00 -755,60 0,00 -78,70 0,00
Total em X 8067,50 703,30 -2771,50 73,30 0,00 0,00
Cargas Total em Y 8067,50 -0,50 -3527,10 0,00 78,70 68,70

DIMENSÕES DO RADIER
A 17,24
B 18,29
Radier h(cm) 20 PP radier 1577 V = 9644,10

2
ex ey ex/B ey/A (ex/B)+(ey/A) <1/6 𝜎̅max(kN/ )
Vento em X
0,073 0,287 0,0040 0,017 0,0207 ok 34,4
ex ey ex/B ey/A (ex/B)+(ey/A) <1/6 𝜎̅ma x(kN/ 2
)
Vento em Y
0,000 0,366 0,0000 0,021 0,0212 ok 34,5

𝑒 𝑒 1
Para : + temos:
𝐵 𝐴 6
∑𝑉 6𝑒 6𝑒
𝜎̅ = 1+ +
𝐴.𝐵 𝐵 𝐴
𝑀 𝑀
𝑥 = ∑𝑉
=∑
𝑉
141

ANEXO 2
RECALQUE MÉDIO - TODOS PAVIMENTOS
1ª CAMADA
DESCRIÇÃO Areia fina siltosa, fofa
ESPESSURA DA CAMADA (H) m 0,70
MÉTODO Burland e Burbidege
DIMENSÕES DO RADIER (B) m 17,24
(L) m 18,29
PRESSÃO APLICADA (q) kN/m² 34,5
N72 = NSPT 2,0
N60 =1,2 N72 2,4
FATOR DE FORMA (fs) 1,012
FATOR DE ESPESSURA COMPRESSÍVEL (Z1) m 8
(fl) 0,167
RECALQUE (W1) mm 21,48
2ª CAMADA
DESCRIÇÃO Silte argiloso, consistência mole
ESPESSURA DA CAMADA (H) m 3,00
Teoria da Elasticidade
MÉTODO
Camada Finita
DIMENSÕES DO RADIER (B) m 17,24
(L) m 18,29
COTA DE ASSENTAMENTO DA FUNDAÇÃO -0,30
COTA DO TOPO DA CAMADA -1,00
PRESSÃO APLICADA NO TOPO DA CAMADA (1) kN/m² 31,90
N72 = NSPT 4,0
FATOR  (Tab. 5.1) 6
FATOR K (Tab. 5.1) 0,25
MODULO DE DEFORMABILIDADE (Es) MPa 6000
H/B 0,17
h/B 0,058
L/B 1,06
FATOR DE INFLUÊNCIA DO EMBUTIMENTO (0) 0,98
FATOR DE INFLUÊNCIA DA ESPESSURA (1) 0,10
RECALQUE (W2) mm 8,98
3ª CAMADA
DESCRIÇÃO Silte argiloso, consistência média
ESPESSURA DA CAMADA (H) m 2,00
Teoria da Elasticidade
MÉTODO
Camada Finita
DIMENSÕES DO RADIER (B) m 17,24
(L) m 18,29
COTA DE ASSENTAMENTO DA FUNDAÇÃO -0,30
COTA DO TOPO DA CAMADA -4,00
PRESSÃO APLICADA NO TOPO DA CAMADA (1) kN/m² 23,6
N72 = NSPT 7,5
FATOR  (Tab. 5.1) 6
FATOR K (Tab. 5.1) 0,25
MODULO DE DEFORMABILIDADE (Es) MPa 11250
H/B 0,12
h/B 0,23
L/B 1,06
FATOR DE INFLUÊNCIA DO EMBUTIMENTO (0) 0,95
FATOR DE INFLUÊNCIA DA ESPESSURA (1) 0,10
RECALQUE (W3) mm 3,44
4ª CAMADA
DESCRIÇÃO Silte argiloso, consistência rija
ESPESSURA DA CAMADA (H) m 3,00
MÉTODO Teoria da Elasticidade
DIMENSÕES DO RADIER (B) m 17,24
(L) m 18,29
COTA DE ASSENTAMENTO DA FUNDAÇÃO -0,30
COTA DO TOPO DA CAMADA -6,00
PRESSÃO APLICADA NO TOPO DA CAMADA (1) kN/m² 19,8
N72 = NSPT 12,0
FATOR  (Tab. 5.1) 6
FATOR K (Tab. 5.1) 0,25
MODULO DE DEFORMABILIDADE (Es) MPa 18000
H/B 0,17
h/B 0,35
L/B 1,06
FATOR DE INFLUÊNCIA DO EMBUTIMENTO (0) 0,90
FATOR DE INFLUÊNCIA DA ESPESSURA (1) 0,10
RECALQUE (W4) mm 1,71

RECALQUE MÉDIO TOTAL (W) mm 35,61


COEFICIENTE DE MOLA kN/m³ 969
142

ANEXO 3
143

ANEXO 4
144

ANEXO 5
145

ANEXO 6
146

ANEXO 7
147

ANEXO 8

ANEXO 9
148

ANEXO 10

ANEXO 11
149

ANEXO 12

ANEXO 13
150

ANEXO 14

ANEXO 15
151

ANEXO 16

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