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AULA 04
ERROS RELACIONAIS COMUMENTE
COMETIDOS POR PASTORES
Os primeiros dias de um novo pastorado são geralmente acompanhados por alegrias e
expectativas. Depois de uma espera angustiante, orações, contatos e até lágrimas, chega
o momento em que o ministro recebe o convite de uma igreja local ou a nomeação de um
presbitério para o novo campo. No íntimo, ele deseja realizar um bom trabalho. Em sua
mente, há tantas ideias e projetos que envolvem melhorias na Escola Dominical,
vivificação de várias atividades da igreja, o crescimento espiritual e maior firmeza
doutrinária dos membros, bem como um testemunho vibrante dos santos na comunidade.

O problema é que muitos desses entusiasmados ministros, acabam se tornando “pastores


machucados” com o passar dos anos. Alguns colecionam históricos de despensas,
mudanças de campo, situações nas quais eles ficam sem campo ou são até desligados do
ministério. As causas para todos esses problemas certamente são variadas, mas a
responsabilidade pode ser dividida entre a igreja e o pastor. Por certo existem igrejas com
muitos membros não regenerados, que não possuem qualquer compreensão do Evangelho
da graça e cujos líderes acabam se revelando déspotas no tratamento ao obreiro. No
entanto, alguns pastores continuam cometendo erros infantis e parecem nunca aprender
com suas próprias falhas.

Com respeito aos defeitos da igreja há que se considerar que algumas expectativas dos
membros em relação ao ministro são até desumanas. Para alguns, ele não pode demonstrar
qualquer fraqueza e por mais que ele se esforce para realizar um bom trabalho, nunca
conseguirá agradar a todos. Na verdade, o membro da igreja sempre quer encontrar seu
pastor sorridente, disponível e concedendo atenção indivisível, como se ele fosse a única
alma a ser pastoreada. Também, algumas igrejas acreditam terem recebido o “mandato
celestial” para manterem seus pastores humildes e por isso os deixam vivendo em
condições de miséria. O salário nem sempre é dos melhores e reajustes ocorrem somente
mediante imposição de instância superior (o presbitério). Há ainda o jogo de “críticas e
comparações”, pois todos parecem conhecer um pastor que é melhor do que aquele por
quem são cuidados. Haverá sempre um pastor midiático que gostariam de ter ou
geralmente farão referência ao pastor antecessor, deixando claro a rejeição ao atual. Para
piorar, a família do pastor ainda é submetida ao escrutínio dos membros da igreja. Sua
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esposa nem sempre é aceita nos grupos femininos e seus filhos serão continuamente
observados e criticados. Nesse contexto, é difícil o pastor não se sentir ferido!

No entanto, o propósito principal desse artigo é refletir sobre alguns erros comumente
cometidos pelos pastores, especialmente no trato com suas ovelhas. Não serão tratados
os pecados grosseiros que geralmente resultam em despojamento, mas aquelas falhas que
ainda que imperceptíveis aos seus autores, acabam afetando a imagem do pastor,
dificultando sua aceitação no campo e ao final, rompendo os laços ministeriais.
Infelizmente, a lista abaixo não é exaustiva, mas apenas representativa. Há outros erros
que possuem o mesmo efeito cumulativo que não temos condições de abordar aqui. Por
enquanto, nossa atenção recai sobre estes mencionados abaixo.

1. Se esquecer de que as pessoas difíceis na igreja correspondem ao objetivo da


vocação pastoral.

No texto de Efésios 4.11-12, o apóstolo Paulo afirma que pastores são bênçãos do Cristo
glorificado para a igreja terrena, pois quando ele subiu acima de todos os céus, concedeu
uns para “pastores e mestres”. Todavia, isso foi feito “com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos”, ou seja, o objetivo dessa santa vocação é lidar e ajudar irmãos imperfeitos.
Embora algumas situações e pessoas na igreja machuquem o pastor e tornem o seu
ministério mais sofrido e difícil, a existência desses estorvos evidenciam o quanto o
trabalho pastoral é necessário. Deus não enviou pastores para uma igreja glorificada ou
completamente aperfeiçoada. No rebanho terreno o ministro encontra não apenas ovelhas
feridas, mas bodes que chifram e “lobos vorazes que não pouparão o rebanho” (cf. At
20.29). Nesse contexto, o obreiro necessita imensa graça e a convicção de que, de fato,
ele foi vocacionado por Deus para esse ministério de abençoar a igreja consolando alguns,
confrontando outros e amando sacrificialmente aqueles que Cristo lhe confiou.
2. Invocar a autoridade sem primeiro conquistar a credibilidade pastoral.

As Escrituras claramente conferem autoridade ao pastor (cf. Hb 13.17), mas precisamos


considerar também que, na prática, o exercício dessa autoridade implica no
reconhecimento por parte da congregação. Qualquer pastor que precisa lembrar à igreja
de sua autoridade todo o tempo, provavelmente não possui regência sobre o seu rebanho.
Liderança não é imposta, mas é conquistada e cultivada. Somente por relacionamentos
marcados pelo respeito mútuo e amor fraternal poderá a congregação reconhecer a
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autoridade que Deus conferiu ao seu pastor. Credibilidade no ministério pastoral é fruto
da expressão de virtudes cristãs na conduta diária do obreiro em relação a suas ovelhas.
Pastores que procuram colher os lucros da autoridade sem quaisquer investimentos na
credibilidade logo serão lembrados do déficit no seu estilo de liderança.

3. Confundir convicções com preferências pessoais.

Convicção se fundamenta na verdade objetiva da Palavra de Deus, enquanto preferência


resulta da escolha subjetiva de alguém. Todos possuem preferências e isso também ocorre
na igreja! Por exemplo, o estilo da música, o horário do culto, o material utilizado na
Escola Dominical, a maneira de vestir ou até de interagir com outros. Pastores também
possuem suas predileções! Todavia, pode surgir um problema quando o ministro insiste
nessas preferências como se elas fossem verdades bíblicas a serem obedecidas por todos.
Ao cometer tal erro, ele se esquece que suas ovelhas também possuem o Espírito Santo,
o acesso às Escrituras e também estudam e ouvem outros pregadores a ponto de
discernirem o que é predileção do obreiro e o que é uma verdade bíblica a ser obedecida.
O pastor sábio sempre procurará ser honesto com a igreja, deixando claro o que é um
princípio de fé e o que simplesmente reside no campo de suas opiniões e escolhas. Na
verdade, ele será mais respeitado pelos membros de suas igrejas quando assim o fizer.

4. Manter-se apegado emocionalmente à sua igreja anterior. Assim como não é


agradável para o pastor ouvir os membros de sua congregação tecerem contínuas
comparações entre sua pessoa e o pastor predecessor, também é extremamente indelicado
para os membros da igreja ouvirem seu pastor elogiar somente a igreja anterior. A
mensagem transmitida nessas ocasiões é que ele não gostaria de estar ali e que aquelas
pessoas não são quem ele gostaria de pastorear.
Experiências agradáveis no ministério devem ser entesouradas na memória do pastor e de
sua família. Isso não significa, porém, que eles devam sempre fazer propaganda das
igrejas por onde passaram e se esquecerem de expressar sua alegria pelo novo rebanho
receberam de Deus. O pastor sábio procurará conhecer suas novas ovelhas e procurará
conhecer a dinâmica da nova igreja. Além do mais, ele procurará discernir os pontos
positivos de sua nova realidade e comunicará isso ao seu rebanho.

5.Não conseguir receber críticas e processá-las corretamente. Ninguém gosta de ser


criticado, censurado, diminuído ou ter seus defeitos apontados. Porém, a crítica é
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inevitável e, portanto, devemos esperá-la, examiná-la e processá-la. As melhores censuras


vêm daqueles que nos amam, pois “melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto.
Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”
(Pv 27.5-6). Logo, a primeira coisa a fazer ao receber uma crítica é perguntar pela
intenção do seu autor. Se a boca fala do que está cheio o coração, a crítica não revela
apenas os erros do criticado, mas também os sentimentos e os valores do crítico. Ela
evidencia se o censor é amigo amoroso ou adversário avassalador. Discernir o propósito
da crítica é fundamental para processá-la corretamente.
Outra maneira de processar a crítica é lembrar que se Cristo foi injustamente criticado e
zombado, não seria nenhuma surpresa que algo semelhante acontecesse aos seus servos.
Além do mais, Romanos 8.28-29 ensina que Deus usa todas as circunstâncias para refinar
o crente e conformá-lo à imagem de Cristo, até a censura. Portanto, a crítica, ainda que
injusta, pode ser usada por Deus para apontar algo que necessita ser mudado à fim de
parecermos mais com o Redentor.

6. Usar a ira como instrumento de expressar seu zelo pastoral. De fato, nem sempre é
fácil manter o domínio próprio diante dos desafios do ministério. A insistência de irmãos
na prática do erro que já foi abordado, o surgimento de falsos mestres difundindo heresias
entre as ovelhas, a inércia e apatia de muitos em desenvolver sua salvação e tantas outras
coisas, desafiam a paciência de qualquer líder eclesiástico zeloso. Em um sentido, a ira
em algumas dessas ocasiões é até justificada, pois o Senhor Jesus reagiu com tal zelo pela
casa de Deus que expulsou aqueles que contaminavam o templo com suas negociatas (cf.
Jo 2.15-16). Mas o ministério de Cristo não foi caracterizado pelas explosões iracundas.
É possível que alguns no ministério acabem confundindo ira com zelo santo e, por causa
disso, desejam invocar “fogo do céu” para consumir os opositores (cf. Lc 9.54). Mas
provavelmente, esses serão repreendidos pela palavra do Senhor que diz: “vós não sabeis
de que espírito sois” (Lc 9.55). Dessa maneira, diante da tentação de explodir em raiva
em algumas ocasiões do ministério, o pastor deve sempre considerar se sua ira é razoável
(cf. Jn 4.4). Além do mais, devemos sempre lembrar que prestaremos contas de como
tratamos nossas ovelhas ao Supremo Pastor que nos confiou o rebanho (cf. 1Pe 5.1-4).

7.Se esquecer de onde, de fato, reside sua identidade. Uma das maiores bênçãos do
Evangelho da graça está no fato de que a identidade do cristão reside em Cristo. Ou seja,
o que deveria ser mais importante para o crente é como Deus o vê em Cristo, coberto com
a justiça do Redentor, aceito pelos méritos do Salvador e co-herdeiro com o Senhor. No
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entanto, nessa terra, facilmente nos esquecemos disso e depositamos nossa identidade
naquilo que as pessoas pensam de nós ou em nossas próprias realizações. Nesse contexto,
o trabalho excessivo, a busca pelo estrelato midiático, o desejo de agradar (ou não
desagradar) pessoas, se tornam tentativas de mantermos nossa identidade em segurança.
O problema, porém, é que todas as vezes que fundamentamos nossa identidade em
elementos tão vulneráveis como a opinião de pessoas ou nossos próprios feitos,
dificilmente estaremos seguros. Assim como acontece com um ioiô pendurado no dedo
do seu possuidor, nossa identidade experimentará altos e baixos dependendo de onde a
“amarramos”. Portanto, se esquecer que o fundamento da identidade do crente se encontra
na aprovação de Deus em Cristo é essencial para o ministro do evangelho continuamente
avaliado pelas pessoas ao seu redor.

8.Deixar de cuidar de si mesmo e pastorear sua família. Há vários textos nas Escrituras
recomendando que líderes eclesiásticos cuidem de si mesmos (cf. At 20.28 e 1Tm 4.16).
No entanto, devido à natureza do ministério, esses mesmos líderes se entregam para servir
outros e se esquecendo do cuidado próprio. Não é incomum encontrar pastores cansados,
emocionalmente fatigados, com dificuldades para dormir, acima do peso e com vários
problemas de saúde. Além do mais, é comum encontrar pregadores que leem a Bíblica
para seus sermões ou para ensinar outros, mas infelizmente já abandonaram a prática de
leitura devocional, para alimentar sua própria alma.
Semelhantemente, enquanto correm para cuidar da igreja, muitos pastores chegam a
deixar suas famílias em segundo plano. Nesse contexto, o culto doméstico se torna uma
raridade na família pastoral, os filhos passam a receber sermões do pai ao invés de terem
diálogos construtivos e a esposa do pastor se consome em meios às pressões domésticas
e expectativas eclesiástica. Ao final, parece que todos os membros da igreja recebem
pastoreio, menos a família do pastor. O pior de tudo, é que ao final, alguns cristãos ainda
poderão censurar a situação doméstica da família pastoral.

Concluindo, há muitos e variados erros que o obreiro local pode cometer em seu
relacionamento com a congregação. Por isso, o final do relacionamento ministerial não
pode ser tributado somente aos membros da igreja local. Algumas das falhas do pastor
podem parecer imperceptíveis, mas possuem efeito cumulativo. Dessa maneira, é
importante que o ministro reflita sobre sua própria responsabilidade em prol de um
relacionamento saudável com o seu rebanho.
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Rev. Valdeci da Silva Santos

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