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Prefácio
Ponto de partida do historiador
Ponto do qual o historiador deve partir é a distinção fundamental entre fato comprovável e
ficção. Aquilo que o historiador investiga é real. p. 8.
América Latina
A história dos países atrasados nos séculos 19 e 20 é a história da tentativa de alcançar o
mundo mais avançado por meio de sua imitação (ver Borón). p. 15.
2. O sentido do passado
Sociedades tradicionais
A crença de que a sociedade tradicional seja estática e imóvel é um mito da ciência social
vulgar. Até um certo ponto de mudança ela pode permanecer "tradicional": o molde do
passado continua a modelar o presente, ou assim se imagina. p. 25.
O domínio do passado não implica uma imagem de imobilidade social. É compatível com
visões cíclicas de mudanças. É incompatível com a idéia de progresso contínuo. p. 25.
Utopia
A utopia é por natureza, uma situação estável ou auto-reprodutora, e seu a-historicismo
implícito só pode ser evitado por aqueles que se recusam a descrevê-la. p. 31.
O futuro
Pensar sobre o que vem acontecendo: e se a maioria da população não for mais necessária
para a produção? Do que se mantém? Previdência. O centro da questão é a economia de
mercado. p. 45.
Perguntas possíveis
Pergunta-se o que acontecerá, mas não quando acontecerá. p. 62.
5. A história progrediu?
Progressos na história
A história se afastou da descrição e da narrativa e se voltou para a análise e a explicação; da
ênfase no singular e individual, para o estabelecimento de regularidades e generalização. De
certo modo, a abordagem tradicional foi virada de cabeça para baixo. Tudo isso constitui
progresso? Sim, constitui, de um tipo modesto. p. 75.
Defesa do marxismo
Acredito ser o marxismo uma abordagem muito melhor da história porque está mais
visivelmente atento do que as outras abordagens àquilo que os seres humanos podem fazer
enquanto sujeitos e produtores da história, bem como àquilo que, enquanto objetos, não
podem. E, por falar nisso, é a melhor abordagem porque, como virtual inventor da sociologia
do conhecimento, Marx elaborou também uma teoria sobre como as idéias dos próprios
historiadores tendem a ser afetadas pelo seu ser social. p. 77.
7. Historiadores e economistas: 1
Concentração econômica
O mero reconhecimento por Marx de uma tendência secular à livre competição para gerar
concentração econômica foi de enorme fertilidade. p. 120.
8. Historiadores e economistas: 2
Generalizações
As generalidades, apesar de sofisticadas, são insuficientes para compreender qualquer estágio
histórico real da produção ou a natureza de sua transformação. p. 124.
9. Engajamento
Extremos de um cientista
Em um extremo, há a proposição pouco controversa de que o cientista, que é fruto de sua
época, reflete os preconceitos ideológicos e outros de seu ambiente e experiências e
interesses sociais e específicos. No outro, há a concepção de que não devemos meramente
nos dispor a subordinar nossa ciência às exigências de alguma organização ou autoridade, mas
até promover ativamente essa subordinação. p.139.
Intelectuais engajados
O mais decisivo é que os intelectuais engajados podem ser os únicos dispostos a investigar
problemas ou assuntos que (por razões ideológicas, ou outras) o resto da comunidade
intelectual não consegue considerar. p. 148.
Significado de “base”
Quase não é necessário dizer que a “base” não consiste da tecnologia ou economia, mas da
“totalidade dessas relações de produção”, isto é, a organização social em seu sentido mais
amplo quando aplicada a um dado nível das forças materiais de produção.
Contribuição de Marx
A ênfase de Marx na história como dimensão necessária talvez seja mais essencial do que
nunca. P. 163.
• A lista de MPs de Marx não visa constituir uma sucessão cronológica unilinear. P. 179.
Uma boa parte da história dos movimentos populares é como vestígio do antigo arado.
Poderia parecer extinto para sempre com os homens que aravam o campo muitos séculos
atrás. Mas todo aerofotogrametrista sabe que, com certa luz e determinado ângulo de visão,
ainda se pode ver a sombra de montes e sulcos há muito esquecidos. P. 224.
Influência do presente
E quando não escrevemos sobre a Antiguidade clássica ou o século XIX, mas sobre o nosso
próprio tempo, é inevitável que a experiência pessoal desses tempos modelem a maneira
como os vemos, e até como avaliamos a evidência à qual todos nós, não obstante nossas
opiniões, devemos recorrer e apresentar. P. 245.
Banalidade da barbárie
O que torna as coisas piores, o que sem dúvida as tornará piores no futuro, é o constante
desmantelamento das defesas que a civilização do Iluminismo havia erigido contra a barbárie,
e que tentei esboçar nesta palestra. O pior é que passamos a nos habituar ao desumano.
Aprendemos a tolerar o intolerável. P. 279
Responsabilidades do historiador
Essas limitações não diminuem a responsabilidade política do historiador, que repousa, acima
de tudo, no fato, já notado acima, de que os historiadores são produtores básicos da matéria
prima que é convertida em propaganda e mitologia. P. 290.
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