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Sobre História – Eric Hobsbawn

Os ensaios introduzem o leitor a uma das indiscutíveis necessidades do


homem: o pertencimento. A idéia que fazemos de uma sociedade, seja ela qual
for, passa antes por uma inevitável comparação histórica com nossa própria
sociedade. Pois segundo Eric o passado é um elemento essencial para a
formação de nossa identidade cultural e também para as mais diversas
ideologias, sejam elas: nacionalistas, étnicas ou fundamentalistas.

Em outras palavras, falar de identidade é falar daquilo que nos caracteriza ou o


que os antropólogos entendem por etnicidade: traços que exprimem o aspecto
auto-reflexivo de uma cultura e que pode vir a representar um ponto forte de
afirmação de uma coletividade. Esta etnicidade, segundo Poutignat e Streiff-
Fenart, não se manifesta sob condição de isolamento, é, ao contrário, a
intensificação das interações do indivíduo com o mundo que torna salientes tais
identidades étnicas.

Entende-se, então, que a pouca ou total ausência dessas interações podem


ser supridas pela manipulação do passado, capaz de fornecer algo que o
presente não pode proporcionar. Pois, o esquecimento ou mesmo a má
interpretação de tais fatos pode representar um fator essencial na formação de
uma nação. É o que Edgar Deca nos fala em seu artigo, quando se refere às
metáforas utilizadas por Buarque de Holanda na tentativa que se teve de
construir um ideário nacional brasileiro, e o que também é reiterado, inúmeras
vezes, por Eric Hobsbawm.

Conclui-se, portanto, que independentemente de uma identidade étnica ter sido


criada ou inventada, não implica, necessariamente, que não seja autêntica ou
que as pessoas que a reivindicam estejam agindo de má fé. Pois, de acordo
com o que foi visto aqui, tais memórias podem, sim, serem frutos de um
passado glorioso, mas também podem ter sido, tão somente, fruto de um
inigualável sofrimento compartilhado por algum determinado grupo social.

Prefácio
Ponto de partida do historiador
Ponto do qual o historiador deve partir é a distinção fundamental entre fato comprovável e
ficção. Aquilo que o historiador investiga é real. p. 8.

1. Dentro e fora da História

América Latina
A história dos países atrasados nos séculos 19 e 20 é a história da tentativa de alcançar o
mundo mais avançado por meio de sua imitação (ver Borón). p. 15.

História como local para busca de um passado de glória


O passado é um elemento essencial, talvez o elemento essencial nas ideologias. Se não há
nenhum passado satisfatório, sempre é possível inventá-lo. O passado fornece um pano de
fundo mais glorioso a um presente que não tem muito o que comemorar. p. 17.
História como fonte para criação de mito
Mito e invenção são essenciais à política de identidade pelo qual grupos de pessoas ao se
definirem hoje por etnia, religião ou fronteiras nacionais passadas ou presentes, tentam
encontrar alguma certeza em um mundo incerto e instável, dizendo: "Somos diferentes e
melhores do que os outros". p. 19.

2. O sentido do passado

Sociedades tradicionais
A crença de que a sociedade tradicional seja estática e imóvel é um mito da ciência social
vulgar. Até um certo ponto de mudança ela pode permanecer "tradicional": o molde do
passado continua a modelar o presente, ou assim se imagina. p. 25.

O domínio do passado não implica uma imagem de imobilidade social. É compatível com
visões cíclicas de mudanças. É incompatível com a idéia de progresso contínuo. p. 25.

Utopia
A utopia é por natureza, uma situação estável ou auto-reprodutora, e seu a-historicismo
implícito só pode ser evitado por aqueles que se recusam a descrevê-la. p. 31.

3. O que a história tem a dizer-nos sobre a sociedade contemporânea ?

O futuro
Pensar sobre o que vem acontecendo: e se a maioria da população não for mais necessária
para a produção? Do que se mantém? Previdência. O centro da questão é a economia de
mercado. p. 45.

História como autojustificação


A história como inspiração e ideologia tem uma tendência embutida a se tornar mito de
autojustificação. p. 48.

4. A história e a previsão do futuro

Previsão sobre o futuro


Toda a previsão sobre o mundo real repousa, em grande parte, em algum tipo de inferência
sobre o futuro a partir daquilo que aconteceu no passado. p. 49.

Perguntas possíveis
Pergunta-se o que acontecerá, mas não quando acontecerá. p. 62.

5. A história progrediu?

Progressos na história
A história se afastou da descrição e da narrativa e se voltou para a análise e a explicação; da
ênfase no singular e individual, para o estabelecimento de regularidades e generalização. De
certo modo, a abordagem tradicional foi virada de cabeça para baixo. Tudo isso constitui
progresso? Sim, constitui, de um tipo modesto. p. 75.

• Aproximação com as outras ciências também tem havido. p. 76.

Defesa do marxismo
Acredito ser o marxismo uma abordagem muito melhor da história porque está mais
visivelmente atento do que as outras abordagens àquilo que os seres humanos podem fazer
enquanto sujeitos e produtores da história, bem como àquilo que, enquanto objetos, não
podem. E, por falar nisso, é a melhor abordagem porque, como virtual inventor da sociologia
do conhecimento, Marx elaborou também uma teoria sobre como as idéias dos próprios
historiadores tendem a ser afetadas pelo seu ser social. p. 77.

6. Da história social à história da sociedade

História das idéias


A velha moralidade de história das idéias, que isolava as idéias escritas de seu contexto
humano e acompanhava a sua adoção de um escritor para outro, também é possível desde
que se queira fazer esse tipo de coisa. P. 87.

7. Historiadores e economistas: 1

Acumulação capitalista atual


Na visão de uma fase transnacional do capitalismo, a grande empresa, e não o Estado-nação,
é a instituição por meio da qual se manifesta a dinâmica da acumulação capitalista. P. 117

Concentração econômica
O mero reconhecimento por Marx de uma tendência secular à livre competição para gerar
concentração econômica foi de enorme fertilidade. p. 120.

8. Historiadores e economistas: 2

Generalizações
As generalidades, apesar de sofisticadas, são insuficientes para compreender qualquer estágio
histórico real da produção ou a natureza de sua transformação. p. 124.

Modos de produção combinados


Toda transição de uma formação socioeconômica para outra – digamos da sociedade feudal
para a capitalista – deve em algum estágio consistir de uma mistura dessa ordem. p. 134.

9. Engajamento

Extremos de um cientista
Em um extremo, há a proposição pouco controversa de que o cientista, que é fruto de sua
época, reflete os preconceitos ideológicos e outros de seu ambiente e experiências e
interesses sociais e específicos. No outro, há a concepção de que não devemos meramente
nos dispor a subordinar nossa ciência às exigências de alguma organização ou autoridade, mas
até promover ativamente essa subordinação. p.139.

Intelectuais engajados
O mais decisivo é que os intelectuais engajados podem ser os únicos dispostos a investigar
problemas ou assuntos que (por razões ideológicas, ou outras) o resto da comunidade
intelectual não consegue considerar. p. 148.

Historiadores enfiados nos seus gabinetes: em favor do engajamento


É nessa situação que o engajamento político pode servir para contrabalançar a tendência
crescente de olhar para dentro, em casos extremos, o escolasticismo, a tendência a
desenvolver engenhosidade intelectual por ela mesma, o auto-isolamento da academia. p.
154.

10. O que os historiadores devem a Karl Marx?

Erros e acertos de Marx


É correto que o modelo deva ser debatido e, em particular, que os critérios usuais de
verificação histórica sejam aplicados ao mesmo. É inevitável que certas partes, baseadas em
evidência insuficiente ou enganosa, devam ser abandonadas, como, por exemplo, no campo
do estudo das sociedades orientais, onde Marx combina uma visão profunda com posições
equivocadas sobre, digamos, a estabilidade interna de tais sociedades. Apesar disso, o
argumento central deste ensaio é o de que o principal valor de Marx para os historiadores
hoje reside em suas proposições sobre a história enquanto distintas de suas proposições sobre
a sociedade em geral. p. 162.

Significado de “base”
Quase não é necessário dizer que a “base” não consiste da tecnologia ou economia, mas da
“totalidade dessas relações de produção”, isto é, a organização social em seu sentido mais
amplo quando aplicada a um dado nível das forças materiais de produção.

Contribuição de Marx
A ênfase de Marx na história como dimensão necessária talvez seja mais essencial do que
nunca. P. 163.

História como progresso


O conceito de progresso, característico também do pensamento do século XIX, inclusive no de
Marx. P. 163-164.

11. Marx e a história

Em história não existe “se”


O que aconteceu era inevitável porque não aconteceu outra coisa; portanto, o que mais
poderia ter acontecido é uma questão acadêmica. P. 175.

A direção inelutável ao socialismo


Se é possível demonstrar que em outras sociedades não houve nenhuma tendência ao
crescimento das forças materiais, ou que seu crescimento foi controlado, desviado ou de
outro modo impedido, mediante a força da organização social e da superestrutura, de
provocar a revolução no sentido contido no Prefácio de 1859, então por que o mesmo não
deveria ocorrer na sociedade burguesa? P. 178.

Conceitos de sociedade e modo de produção em Marx


“Sociedade” é um sistema de relações humanas, ou, para ser mais exato, de relações entre
grupos humanos. O conceito de “modo de produção” serve para identificar as forças sociais
que orientam o alinhamento desses grupos – o que pode ser feito de múltiplas formas, dentro
de um certo limite, em diferentes sociedades. P. 179.

• A lista de MPs de Marx não visa constituir uma sucessão cronológica unilinear. P. 179.

12. Todo povo tem história

13. A história britânica e os “Annales”: um comentário


14. A Volta da narrativa

Ampliação do campo da história como disciplina


Quanto mais ampla a classe de atividades humanas aceita como interesse legítimo do
historiador, quanto mais claramente entendida a necessidade de estabelecer conexões
sistemáticas entre elas, maior a dificuldade de alcançar uma síntese. P. 204.

Falso debate do micro e do macro


Não há nada de novo em preferir olhar o mundo por meio de um microscópio em lugar de um
telescópio. Na medida em que aceitemos que estamos estudando o mesmo cosmo, a escolha
entre micro e macrocosmo é uma questão de selecionar a técnica apropriada. P. 206.

15. Pós-modernismo na floresta

16. A história de baixo para cima

História oral e memória


A questão é que a memória é menos uma gravação que um mecanismo seletivo, e a seleção,
dentro de certos limites, é constantemente mutável. P. 221.

Uma boa parte da história dos movimentos populares é como vestígio do antigo arado.
Poderia parecer extinto para sempre com os homens que aravam o campo muitos séculos
atrás. Mas todo aerofotogrametrista sabe que, com certa luz e determinado ângulo de visão,
ainda se pode ver a sombra de montes e sulcos há muito esquecidos. P. 224.

17. A curiosa história da Europa

18. O presente como história

Influência do presente
E quando não escrevemos sobre a Antiguidade clássica ou o século XIX, mas sobre o nosso
próprio tempo, é inevitável que a experiência pessoal desses tempos modelem a maneira
como os vemos, e até como avaliamos a evidência à qual todos nós, não obstante nossas
opiniões, devemos recorrer e apresentar. P. 245.

19. Podemos escrever a História da Revolução Russa

20. Barbárie: Manual do usuário

Banalidade da barbárie
O que torna as coisas piores, o que sem dúvida as tornará piores no futuro, é o constante
desmantelamento das defesas que a civilização do Iluminismo havia erigido contra a barbárie,
e que tentei esboçar nesta palestra. O pior é que passamos a nos habituar ao desumano.
Aprendemos a tolerar o intolerável. P. 279

21. Não basta a história da identidade

História nacional construída


As nações são entidades historicamente novas fingindo terem existido por muito tempo. É
inevitável que a versão nacionalista de sua história consista de anacronismo, omissão,
descontextualização e, em casos extremos, mentiras. Em um grau menor, isso é verdade para
todas as formas de história de identidade, antigas ou recentes. P. 285.
Destruidor de mitos nas escolas
A terceira limitação na função dos historiadores como eliminador de mitos é ainda mais óbvia.
No curto prazo, estão impotentes contra os que optam por acreditar no mito histórico,
principalmente se sustentam poder político, o que, em muitos países, e especificamente nos
numerosos Estados novos, envolve controle sobre o que ainda é o canal mais importante para
comunicar informações históricas, as escolas. E convém nunca esquecer que a história –
principalmente história nacional – ocupa um lugar importante em todos os sistemas de
educação pública. P. 290

Responsabilidades do historiador
Essas limitações não diminuem a responsabilidade política do historiador, que repousa, acima
de tudo, no fato, já notado acima, de que os historiadores são produtores básicos da matéria
prima que é convertida em propaganda e mitologia. P. 290.

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