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XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – São Luís - MA – 30/05 a 01/06/2019
Diego Gouveia2
Ayrton Hascemberg3
Carla Nogueira4
Gabriel Pedroza5
Rayanne Elisã6
Sarah Rêgo7
1 Introdução
No Brasil, a televisão está presente, de acordo com o Mídia Dados 2018, nas
casas de 98,2% da população e recebe a maior parte das verbas publicitárias. Nesse
cenário, a TV Globo desponta como a principal emissora comercial do país, com a
maior audiência e faturamento em relação às concorrentes.
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Trabalho apresentado no DT07 - Comunicação, Espaço e Cidadania do XXI Congresso de Ciências da
Comunicação na Região Nordeste, realizado de 30 de maio a 1 de junho de 2019.
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Professor do Núcleo de Design e Comunicação do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: dgmgouveia@gmail.com
3
Estudante do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: hascemberg@gmail.com.
4
Estudante do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: carlanogueira3000@gmail.com.
5
Estudante do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: pedrozagabriel32@gmail.com.
6
Estudante do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: elisayanne@gmail.com.
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Estudante do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco. Email: sarahrebekarego1@gmail.com.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
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De acordo com Lopes (2009), a ação socioeducativa, presente nas tramas das
telenovelas, também chamada de merchandising social,
[...] tem por objetivos: difundir conhecimentos, promover
valores e princípios éticos e universais, por exemplo, a
defesa dos direitos humanos, voto consciente etc.; estimular
a mudança de atitudes e a adoção de novos comportamentos
(inovações sociais) frente a assuntos de interesse público,
por exemplo, o aleitamento materno, uso do preservativo,
quebra de preconceitos etc.; promover a crítica social e
pautar questões de relevância social, incentivando o debate
pela sociedade, por exemplo, o desarmamento, educação
inclusiva etc. (LOPES, 2009, p. 38).
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Este trabalho faz parte da pesquisa do Obitel-UFPE para o biênio 2018-2019 da Rede Obitel de
Pesquisadores.
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à nova forma de consumo, que se tornou um processo conjunto e pode ser considerada
uma nova fonte de poder. A expressão cultura participativa serve para caracterizar o
comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da
condição de receptor passivo. São pessoas que interagem com um sistema complexo de
regras, criado para ser dominado de forma coletiva.
A televisão não fica imune às determinações dessa cultura participativa e, no
Brasil, sua principal “resposta” é a adoção de modelos de produção transmídia. Esse
modelo televisivo de produção transmídia é ditado pela articulação dos conteúdos da
programação com outros disponibilizados em outros meios de comunicação. A
transmidiação é:
[...] um modelo de produção orientado pela distribuição em
distintas mídias e plataformas tecnológicas de conteúdos
associados entre si e cuja articulação está ancorada em
estratégias e práticas interacionais propiciadas pela cultura
participativa estimulada pela digitalização e convergência
dos meios (FECHINE et. al., 2013, p. 26).
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O primeiro passo realizado pelo Grupo Globo, responsável pela TV Globo, foi a
criação, em 2001, do Globo.com, portal e provedor de internet. Os conteúdos giravam
em torno do jornalismo, esporte e entretenimento, incluindo notícias sobre a
teledramaturgia. Os sites das novelas só foram criados anos depois. Em buscas pela
internet no domínio da Globo, foi encontrado site para novelas a partir de Mulheres
Apaixonadas ( 2003).
Antes disso, a emissora já havia criado o seu primeiro perfil em redes sociais.
Em dezembro de 2008, a Globo criou uma conta no Twitter para divulgar sua
programação e interagir com consumidores. Ela chegou a criar perfis oficiais para
personagens de novela como os de Jacques Leclair e Victor Valentim, estilistas da
novela Ti-ti-ti. Depois, a emissora não criou mais perfis para personagens e, atualmente,
mantém apenas o perfil da Rede Globo e de alguns programas específicos31.
As primeiras experiências com blogs, hospedados dentro do site das novelas,
surgiram com Caminho das Índias. O personagem Indra, vivido pelo ator André
Arteche, tinha um blog, mas não havia envolvimento direto com a história.
A partir de 2 de janeiro de 2012, foi criada a página no Facebook da Rede
Globo. A emissora chegou a criar, em 2011, uma página exclusiva para dramaturgia (o
Novelas - TVG), mas tirou do ar, ficando apenas com o da Rede Globo e de alguns
programas específicos. No Instagram, a emissora anunciou sua entrada na rede social de
compartilhamento de fotografias em 12 de março de 2013. Há o perfil da Rede Globo e
de alguns programas específicos.
Em janeiro de 2014, a emissora criou o portal Gshow. Anunciado como o canal
de entretenimento da empresa, nele, é possível encontrar informações sobre os
programas favoritos dos telespectadores. Com a criação do Gshow, todos os sites de
teledramaturgia migraram para o portal. Com ele, pode-se dizer que houve mais uma
mudança, como a que houve em 2010 com Passione. Dessa vez, foram intensificados os
espaços de interação com o público a partir do acionamento de redes sociais, como
Facebook e Twitter, no próprio site da emissora.
Com a cultura da convergência, gera-se uma expectativa diante da audiência de
continuidade dos assuntos nas mídias on-line (JESUS, 2013).
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Ivana: Eu nasci um menino. Eu passei a vida toda brigando com o meu corpo. Mãe, me escuta, por
favor. Você nunca me escuta.
Eugênio: De onde você tirou essa ideia absurda?
Ivana: Eu não sou uma mulher, eu sou um homem, eu nunca fui uma mulher.
Ruy: Então você tá se assumindo lésbica?
Ivana: Não, eu sou um homem num corpo de mulher.
Joyce: É um surto psicótico. Só pode ser.
Simone: Tia, ela é um trans. Eu te expliquei o que é isso, lembra?
Ivana: Passei a vida toda brigando com meu corpo. Eu quis morrer quando começaram a nascer esses
peitos. Passei a minha vida tentando me procurar no espelho, mas não me achando. Vocês sabem o que
é isso? Se sentir num vazio sem identidade nenhuma. Nesse corpo que te incomoda, machuca. Eu
quero ser o que eu sou. E vou tirar esses peitos também.
Joyce: Vai se mutilar, Ivana!
Ivana: Não mãe, eu já nasci mutilada. Só vou concertar o que tem concerto. Quero ser que nem eu sou.
E eu vim aqui perguntar pra vocês se me aceitam e eu tô vendo que não.
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Fonte: Gshow
Na novela Segundo Sol, no dia 17 de julho de 2018, Rosa, irmã de Maura,
personagem bissexual da novela, conversa com os pais.
Rosa: O senhor não pode banir Maura de nossa família, tá certo? Querendo, ou não, ela vai continuar
sendo minha irmã e filha de vocês.
Agenor: Olhe, pra mim, ela tá morta e enterrada, tá bom? E me fez passar a maior vergonha que eu já
passei na minha vida!
Nice: Não fale assim, Agenor.
Rosa: Meu pai, escute uma coisa. Minha mãe também. Maura não escolheu gostar de mulher, ok?
Agenor: Olhe, eu não quero mais ouvir falar dessa sem-vergonhice aqui na minha casa, tá bom?
Rosa: Não tem nada de errado. É da natureza dela.
Agenor: Natureza? Safadeza que você quer dizer.
Rosa: Não, meu pai, safadeza é quem mata, sacou? É quem estupra, é quem rouba, é quem prejudica os
outros. Que mal ela faz, recebendo qualquer pessoa que for na cama dela? Aliás, o que é que o senhor,
ou qualquer outra pessoa no mundo, tem a ver com quem ela coloca na cama dela, vamo pensar sobre
isso.
Agenor: Me admira você, que sempre foi uma boa filha. É! Respeitadora, trabalhadeira. Fica
defendendo essa fanchona.
Rosa: O senhor ainda vai se arrepender de estar sendo tão injusto com Maura.
Nice: Oh, Agenor, perdoe a sua filha...
Rosa: Que perdoar, minha mãe! Como pode perdoar? Maura é quem deveria perdoar meu pai por ele
ser tão ignorante. Maura não cometeu crime nenhum. Ela não tem que perdoar ninguém.
Fonte: Twitter
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Mariana: Otávio, não me leve a mal, mas você não veio até aqui para me ajudar a pôr a mesa, não é?
Otávio: Não. O Luccino. Ele está bem?
Mariana: Por que você mesmo não pergunta a ele?
Otávio: Ah, Mariana! É complicado.
Mariana: Não, não é. Sente-se. O amor é a coisa mais simples que existe, mais simples e mais bonita.
Você não viu quanto tempo eu e o Brandão perdemos por medo?
Otávio: É diferente. Você e o coronel Brandão, vocês podem andar por aí de mãos dadas, trocar beijos,
inventar apelidos carinhosos um pro outro. Eu e o Luccino não. Por algum motivo o nosso amor
desperta o ódio nas pessoas, preconceito.
Mariana: Eu sei. Desculpe, mas é amor. O amor verdadeiro é raro e muito precioso. Otávio, quantas
pessoas passam pela vida e não têm a sorte de encontrá-lo? Então, não deixe, meu amigo, não deixe o
seu amor escapar preocupado com o que os outros vão pensar.
O texto é claro ao afirmar que há amor numa relação homossexual, que é preciso
enfrentar o preconceito e o ódio e também há um pedido de desculpas pela personagem
hétero pela impossibilidade, no ano retratado pela novela de época, de os personagens
poderem andar nas ruas de mãos dadas, trocar beijos.
O beijo dos personagens foi bastante comemorado nas redes sociais e a emissora
vibrou nas redes diante da cena, levando para outras plataformas de mídia o
merchandising social associado ao casal LGBTQIA+ da trama. Nos capítulos finais,
houve um pedido de casamento.
Figura 6 e 7 - Post da Globo no Twitter e no Facebook do beijo e do pedido de casamento,
respectivamente
Fonte: Twitter
5 Considerações Finais
Ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, constatou-se um novo movimento
da emissora, iniciado em Mulheres Apaixonadas, e ampliado com o avanço das redes
sociais on-line. Os conteúdos socioeducativos, potencializados pelas características da
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Referências bibliográficas
BACCEGA, M. A. Narrativa ficcional de televisão: encontro com temas sociais. Comunicação
& Educação, n.26, p.7-16, 2003. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/37468>. Acesso em: 21 mar. 2019.
BERNARDO, A. Infográfico: evolução dos personagens LGBT nas novelas, ano a ano.
Superinteressante, São Paulo, 2018. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/infografico-evolucao-dos-personagens-lgbt-nas-nov
elas-ano-a-ano/?fbclid=IwAR0kDsiY12N-QgpsYfuMkpyhgpolmws_nZci4ubHJEjnHsglHabGq
Cycs68>. Acesso em: 12 mar. 2019.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. 10. ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
FECHINE, Y.; GOUVEIA, D.; ALMEIDA, C.; COSTA, M.; ESTEVÃO, F. Como pensar os
conteúdos transmídias na teledramaturgia brasileira? Uma proposta de abordagem a partir das
telenovelas da Globo. In: LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org.). E stratégias de
Transmidiação na Ficção Televisiva Brasileira. Porto Alegre: Sulina, 2013. p. 19-60.
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SILVA, F. N. da. Bicha (Nem Tão) Má – LGBTs em Telenovelas. 226 fls. Dissertação.
Mestrado em Comunicação Social. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 2015. Disponível em:
<http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7112/1/000467545-Texto%2bCompleto-0.p
df>. Acesso em: 14 mar. 2019.
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