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Elza Corsi 1
Cisele Ortiz2
JUSTIFICATIVA
A alimentação é uma experiência muito intensa na vida humana, é por meio dela que
os homens e, no caso, os bebês iniciam suas descobertas sobre o mundo e si mesmos.
Alimentar-se não é apenas nutrir o corpo, é também inserir-se na cultura, reconhecer
regras de conveniência e, sobretudo, construir uma estética própria vinculada às
práticas sociais da cultura de referencia do grupo em que se está inserida. É, ainda,
exercitar a autonomia e reconhecendo- se como individuo que pertence a um grupo,
portanto, construir identidade.
Norteado por estas concepções os gestores podem determinar diferentes formas de
tratar do momento de alimentação na rotina das creches, pré-escolas e escolas de
ensino fundamental.
A maneira como o serviço é organizado e disponibilizado às crianças e alunos, reflete
os objetivos de aprendizagem deste momento, sejam no campo conceitual, atitudinal
ou procedimental.
As competências a serem construídas por adultos e crianças neste momento precisam
estar muito claras aos gestores, pois estes profissionais que podem criar as condições
para a construção de uma equipe colaborativa e reflexiva, para isso é preciso o
1
estabelecimento de rotinas e espaço que privilegiem a construção de conhecimentos
sobre alimentar-se, tornando toda comunidade interna em profissionais sensíveis à
importância da alimentação.
Uma estratégia da equipe gestora para a reflexão/ação deste importante conteúdo é o
desenvolvimento de um projeto para a rede de ensino, traduzida em projetos
institucionais das unidades escolares, construído em parceria com a equipe escolar e
que crie um conjunto de ações de cuidados objetivando principalmente a construção
da identidade e autonomia das crianças.
1
Bióloga, Nutricionista, Especialista em Saúde Pública , formadora do Instituto Avisa Lá – São Paulo
2
Psicóloga, especialista em educação infantil e coordenadora adjunta do Instituto Avisa Lá – São Paulo
Rua Apinajés, 2032 – Sumaré– CEP 01258-000 – São Paulo – SP – TeleFax (11) 3032.5411 - 3812.4389
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Construir coletivamente um projeto de ação que intervenha na rotina, na
organização do espaço, na estética dos ambientes de alimentação, na postura
dos deferentes profissionais que trabalham cotidianamente com as crianças.
Garantir a infraestrutura e utensílios apropriados para uso infantil e para os
trabalhadores da unidade escolar
Para os Professores
Que construa observáveis, capaz de identificar necessidades especificas
de cada criança.
Que planeje ações para os horários das refeições, criando desafios
tangíveis para as crianças.
Que ajude e oriente as crianças nos horários de alimentação.
Que crie um ambiente harmonioso nos horários de alimentação. 2
Que planeje atividades diversas para degustação e introdução de
alimentos.
Que planeje atividades diversas para construção de conhecimentos por
parte das crianças quanto à produção, manipulação e confecção dos
alimentos.
Que planeje e solicite a participação da criança na organização e
higienização do ambiente de alimentação.
Que reconheça e incentive as iniciativas e escolhas das crianças.
Que incentive as crianças a se servirem de alimentos diversos para
construção de um paladar eclético.
Que promova o aprendizado do uso de diversos utensílios, tais como:
faca, garfo, pinças, conchas etc..
Que construam conhecimentos básicos de nutrição.
Para as cozinheiras
Que diversifique a preparação dos alimentos
Que apresentem os alimentos de forma agradável, de fácil acesso a
criança e com cuidado estético.
Que construam conhecimentos básicos sobre nutrição, valor dos
alimentos e conceitos sobre dietética.
Que possam elaborar preparações para crianças em recuperação, ou
outra situação de fragilidade.
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Que reconheçam que as crianças têm preferências e as atendam.
Que garantam a qualidade, variedade, adequação e quantidade de
alimentos para cada faixa etária atendida.
Que disponibilizem utensílios adequados para as crianças se servirem.
Que as diferentes preparações tenham recipientes adequados para o
consumo.
Que compartilhe com os professores o seu olhar sobre as necessidades
infantis.
Para as faxineiras
Que garantam a higiene dos refeitórios ou dos locais de refeição.
Que garantam organização que facilite a circulação das crianças.
Que participem da decoração e mantenham a beleza do refeitório ou espaço
similar.
Que higienizem o refeitório entre refeições seguindo procedimentos das boas
práticas de higiene.
Que respeitem o ritmo das crianças durante as refeições, aguardando que
terminem as refeições para higienizar os refeitórios.
Que compartilhe com os professores o seu olhar sobre o comportamento das
crianças a mesa.
Para as crianças 3
Possibilitar a construção da identidade por meio da apropriação de bens
culturais.
Possibilitar que as crianças possam se servir sozinhas e exercendo a
possibilidade de escolha e, decidindo o que e quanto comer, onde sentar e com
quem se relacionar.
Conteúdos
Para todos os públicos
Princípios básicos de nutrição.
Alimentação nos seis primeiros anos de vida.
Papel social da alimentação e construção de hábitos.
Relações entre a comida e a arte.
Alimentação como cuidada e como construção de conhecimentos.
Alimentação seu papel na conquista da saúde e bem estar.
Cuidados básicos de higiene na hora da oferta de alimentos.
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Como construir um projeto institucional.
Divisão de funções e atividades.
Como construir um plano de ação.
Estratégias de formação
Registros e documentação.
Infraestrutura , materiais e utensílios adequados a cada faixa etária, garantindo
segurança e higiene.
Professores
Como planejar sequencias de atividades
Como planejar os momentos de alimentação, como um cuidado e construção
de conhecimentos.
Como os hábitos são construídos\ paladar eclético, identidade, autonomia.
Como oferecer alimentos nas diferentes faixas etárias e atender as
necessidades individuais em um ambiente coletivo.
Autosserviço, e outras formas de se servir um desafios para a construção da
independência e socialização das crianças.
Como estabelecer combinados
Fazer pela criança, ajudar, orientar e observar: o necessário,o possível e
desejável.
Planejar a introdução e o uso pelas crianças de diferentes utensílios.
Planejar atividades culinárias de acordo com a faixa etária 4
Planejar sequencias de degustação.
Cozinheiras
Princípios nutricionais e noções básicas de nutrição.
Entender a pirâmide dos alimentos e interpretá-la de acordo comas diferentes
faixas etárias.
Princípios de higiene e segurança alimentar.
Estética, apresentação e distribuição dos alimentos.
Diversificação das preparações dos alimentos.
Organização da distribuição dos alimentos.
Avaliação do serviço de nutrição e alimentação, aceitabilidade do cardápio
pelas crianças.
Alimentação nos 6 primeiros anos de vida.
Noções básicas de desenvolvimento infantil frente a alimentação.
Papel do profissional na construção de hábitos e do paladar.
Faxineiras
Organização do espaço e o papel do faxineiro nesta construção e manutenção.
Princípios universais de higiene do ambiente para a alimentação.
Noções de decoração e estética do refeitório, mesas e demais objetos
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Papel do profissional na construção de conceitos sobre higiene e cuidado com o
ambiente.
Noções básicas de desenvolvimento infantil, frente a alimentação.
Crianças
Princípios básicos de urbanidade a mesa
Cumprir combinados
Conhecer diferentes utensílios e seu uso
Participar de atividades culinárias, de degustação de novos alimentos e
preparações diferenciadas.
Resultados Esperados
Que as crianças dos dois aos seis anos sejam capazes de:-
Escolher o que, o quanto e como comer.
Se servir sozinhas
Utilizar diferentes utensílios conforme a necessidade
Escolher em que mesa e com quem sentar-se.
Identificar o que estão comendo
Expressar suas preferências
5
Gestores
Que os gestores sejam capazes de
Elaborar o diagnóstico específico das concepções de seu grupo sobre
alimentação, autonomia, práticas sociais, cultura alimentar;
Construir um projeto institucional em relação à alimentação priorizando a
formação da equipe de apoio e dos professores quanto às práticas de
alimentação e nutrição dentro do espaço escolar.
Organizar o espaço do refeitório facilitando o acesso das crianças à alimentação
Organizar o ambiente do refeitório garantindo a segurança alimentar
Organizar o ambiente valorizando a nutrição estética possibilitada por este
espaço
Nortear a organização do serviço de alimentação pelas referências das práticas
sociais reais e boa qualidade, oferecendo a comunidade escolar referencias da
cultura local e de outras culturas.
Incluir as famílias no processo de implantação do projeto de alimentação.
Professores
Que o professor seja capaz de
Conhecer as crianças em seu comportamento à mesa, hábitos e preferências
alimentares, para poder identificar as necessidades específicas de seus alunos;
Colaborar e ajudar a criança na construção de conhecimentos, procedimentos e
atitudes relacionados à alimentação.
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Interagir com as crianças, criando desafios que a criança possa responder de
forma positiva.
Desenvolver a postura de orientador e que ajude as crianças que precisem no
momento da alimentação de forma acolhedora;
Desenvolver a postura de incentivador a participação da criança na organização
dos momentos de alimentação.
Planejar sequencias de atividades voltadas ao desenvolvimento de hábitos
alimentares saudáveis, por exemplo, roda de degustação para apreciação e
descoberta de diferentes alimentos nas diferentes faixas etária ; atividades de
horta, culinária, livro de receitas; elaboração de cardápio,etc.
Cozinheiras
Que cozinheira seja capaz de
Elaborar alimentos adequados a cada faixa etária
Conhecer os diferentes utensílios e seu uso e os disponibilize para as
crianças e adultos
Elaborar diferentes receitas para um menos produto e compor e
adequar sua produção em relação à faixa etária, clima e hábitos locais.
Elaborar manual de boas práticas em relação à produção e distribuição
dos alimentos.
Apresentar os alimentos de forma a ser acessível às crianças e
esteticamente agradável e que as crianças identifiquem o que estão 6
consumindo.
Elaborar refeições saudáveis, com baixa quantidade de sal, óleo ou
açúcar, restringindo o uso de frituras.
Elaborar sucos, vitaminas e doces com frutas ou legumes.
Reconhecer-se como educador através de uma boa prática cotidiana de
seu trabalho
Faxineiras
Que as faxineiras sejam capazes de
Elaborar manual de boas práticas e executar diariamente a higiene do
ambiente e dos equipamentos.
Garantir a organização e participar da decoração dos diferentes ambientes e
manter cotidianamente.
Higienizar os ambientes de alimentação seguindo os princípios universais de
higiene.
Reconhecer e respeitar o ritmo das crianças em diferentes faixas etárias, ser
paciente para iniciar a tarefa de higienização dos diferentes ambientes.
Reconhecer que a organização que ela imprime aos refeitórios facilita as
tarefas e a construção de conhecimento das crianças.
Reconhecer que a decoração construída pode vir a ser referencia para as
crianças.
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Reconhecer-se como educador através de uma boa prática cotidiana de seu
trabalho
DESENVOLVIMENTO DA FORMAÇÃO
2- Atividades formativas
2.1 Sensibilização e Mobilização
a) Resgate afetivo da memória alimentar;
b) Construir com o grupo o livro de receitas de “comida da alma” (baseado no
livro Não é Sopa cap.1 de Nina Horta)
c) Resgate das receitas por meio da escritas de crônicas, “causos”, ou histórias das
receitas resgatadas.
d) Elaborar o livro com cada grupo em formação
e) Convidar os artistas locais para realizar oficinas de elaboração artísticas das
capas
f) Planejar com o grupo como reproduzir essa ação em cada escola
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2.2 – Levantamento do conhecimento prévio sobre nutrição;
Sugestão1 : Dividir uma mesa em 3 cores : vermelho, verde e amarelo – levar
diferentes tipos de alimentos e dividir os participantes em grupo para separar os
alimentos nestes 3 grupos pelo valor nutritivo sendo verde alto valor nutritivo,
amarelo médio e vermelho nenhum
Discutir as escolhas, confirmar lendo os rótulos
Sugestão2: Listar com os participantes quais são os alimentos mais importantes para
garantir uma boa alimentação.
Conferir com a pirâmide de alimentos.
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Filmar, fotografar, elaborar um relatório.
Sugestão de roteiro
Horário da alimentação:
Quantas crianças? Quantos adultos ?
O que está sendo servido?
Organização do espaço e materiais
Adequação a diferentes faixas etárias.
Apresentação dos alimentos
Tempo de espera das crianças
O que as crianças comem ou rejeitam
Quanto às crianças comem
Quanto sobra no prato
Como os adultos atuam
Quais as falas mais comuns dos adultos
Equipamentos e utensílios disponibilizados.
Qual o trabalho da cozinha e faxina durante o momento da alimentação.
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2.9- Elaborar plano de Ação 2
Socialização dos diferentes projetos, ou escrita coletiva de partes do projeto.
Elaborar plano de ação para início da implantação das possíveis mudanças.
Formação- análise de bons modelos. Análise das práticas de cada U.E.
Visita a U.E. que já tenha implantado o projeto.
Divisão de tarefas- o que cabe ao diretor e ao coordenador pedagógico
Diretor garantir infraestrutura e formação da equipe de operacionais. Estude as
necessidades de adequar os utensílios garantindo a iniciativa da criança, a higiene e a
segurança .
Coord. Ped. formação da equipe de professores. Organizar os prof. para planejar
diferentes seqüências de atividades para construções de procedimentos junto a
diferentes módulos.
Tematizar filmes sobre o uso do refeitório
Consolidar rotina de formação dentro da U.E.
Questões polêmicas a serem enfrentadas pela equipe técnica, portanto que precisam
ser assumidas pela SME como diretriz para a rede e que ela tenha condições de
prover .
Prato de plástico x prato de vidro
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Tamanho dos talheres
Material e altura da mesa e da cadeira
Número de crianças por mesa
Bufê banho -maria x travessa na mesa
Sobremesa na mão X uso de pratos e talheres adequados
Posicionamento do educador junto à criança
Não comer no carrinho de bebê, no chão ou de forma improvisada.
Uso de toalha na mesa
Uso de guardanapo pelas crianças
BIBLIOGRAFIA
Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil /. Secretaria de
Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.
Referencial curricular nacional para a educação infantil Brasil. Ministério
da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. 1998
OLIVEIRA, ELZA CORSI. Educação Infantil e a alimentação. Caderno de formação Ed.
Infantil Pedagogia cidadã UNESP. 2006. S.P.
HORTA, NINA. Não é sopa, Companhia das Letras , São Paulo
FRANCO, ARIOVALDO. De caçador a gourmet, uma história da gastronomia, SENAC- SP
BOLAFFI, GABRIEL. A saga da comida, ed, record
Muito alem do peso. ; http://www.youtube.com/watch?v=TsQDBSfgE6k
MARCHESINI, GUALTIERO E VERCELLONI, LUCA - A Mesa Posta ,História estética da
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Revista Avisa Lá – número especial Aqui tem Nutrir – Baixe
http://avisala1.tempsite.ws/portal/wp-
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Revista Avisa Lá – número especial – Nutrir e cuidar para um Mundo Melhor – Baixe
http://interactivepdf.uniflip.com/2/42863/291086/pub/document.pdf
Roberto da Matta – O que faz o Brasil, Brasil?– Ed. Rocco
Judit Falk _ Lóczy – educar os 3 primeiros anos , Junqueira e Marins , Araraquara
Talita Prado Barbosa - ANTROPOLOGIA E GASTRONOMIA: A IDENTIDADE DE SER
BRASILEIRO A PARTIR DA ALIMENTAÇÃO, Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília.
FFC/UNESP disponível em :
http://iiiseminarioppgsufscar.files.wordpress.com/2012/04/barbosa_talita-prado.pdf
Instituto Avisa Lá - Silvia Carvalho, Adriana Klisys e Silvana Augusto (org) - Bem Vindo,
Mundo – Editora Peirópolis
Suely da Silva Cândido - ALIMENTAÇÃO: CONSTRUÇÃO/EXPRESSÃO DA IDENTIDADE DE
UM POVO in ANAIS do SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
TRADICIONAIS- Universidade Federal de Sergipe
Disponível em :
http://www.grupam.net/anais-do-i-seminario-sobre-alimentos-e-
manifesta%C3%A7%C3%B5es-culturais-tradicionais/
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ADAPTED FOOD PYRAMID: A GUIDE FOR A RIGHT FOOD CHOICE
Sonia Tucunduva PHILIPPI;Andrea Romero LATTERZA
Ana Teresa Rodrigues CRUZ;Luciana Cisotto RIBEIRO
Disponível em :
http://www.scielo.br/pdf/rn/v12n1/v12n1a06
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