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Revista de Administração Municipal - MUNICÍPIOS - IBAM

Planos municipais de
gerenciamento costeiro
no sistema orçamentário
governamental

Sergio Campos Esteves


Pós-graduado em Sistemas Integrados de Gestão da Universidade Federal
do Rio de Janeiro

E-mail: esteves@coomar-rj.coop.br
Endereço: Av. Rio Branco 31, sala 1903/1904, Centro,
Rio de Janeiro/RJ

Data de recebimento: 07/08/2007


Data de aprovação: 03/10/2007

O artigo contextualiza as Áreas de Preservação Permanente – APP no universo dos cursos d’água que se inter-
RESUMO

relacionam com Zona Costeira. Em seqüência, evidencia a urgência de se incluir o tema na documentação oficial
de planos diretores, nas ações de gerenciamento costeiro do Sistema Orçamentário Governamental e na participação
popular do planejamento, orçamento e gestão pública.

Palavras-chave: Gerenciamento costeiro. Áreas de Preservação Permanente. Plano Diretor. Ecoturismo.

INTRODUÇÃO sabilidades a cada ente federativo ótica da metodologia atualmen-


envolvido com a costa brasileira. te empregada no Sistema Orça-
O tema focado neste trabalho Motiva-o seu objetivo de mentário brasileiro, haja vista
remete à Lei n.º 7.661 que, nos contribuir para a concretização tratar-se a Zona Costeira – o
idos de 1988, instituiu os planos de tais planos de gerenciamen- objeto a ser gerenciado – de Pa-
de gerenciamento costeiro, para as to, tecendo comentários a res- trimônio Nacional, de acordo
três esferas da Administração Pú- peito da viabilização de proje- com o § 4º, do Art. 225 da atu-
blica Nacional, atribuindo respon- tos costeiros municipais, sob a al Constituição Federal.

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Nesse sentido, o raciocínio


conduzir-se-á pelos níveis mundi-
al (dos compromissos internacio-
nais), federal (dos interesses naci- Como todo sistema
onais), estadual (das políticas pú-
blicas), municipal (do planejamen-
orçamentário governamental
to, do orçamento e da gestão) e auto-sustenta-se na busca da
pessoal (mediante participação
popular), até concluir-se pela con- melhoria da qualidade de vida da
centração de esforços nos proces-
sos de capacitação comunitária população à qual serve, é
envolvida com essa matéria do Ge-
renciamento Costeiro Integrado,
indispensável que seus
explorando ao máximo o viés pro- elementos componentes sejam
dutivo existente na prática do
aprender/ensinar – fazendo (... di- compatíveis entre si e estejam
vulgando, sensibilizando, incen-
tivando, mobilizando, reunindo,
plenamente integrados e em
treinando, debatendo, ... com-
promissando).
interação permanente, o mais
harmonicamente possível
O MAR COMO POLÍTICA
DE ESTADO SOBERANO

A Convenção das Nações


Unidas sobre o Direito do Mar, realizada no Rio de Janeiro em mente denominado “Ciências do
internada no País pelo Decreto 1992, oferece seu documento para Mar”. Para estas, o Plano Setori-
Presidencial n.º 99.165/90, foi ra- o século seguinte: a “Agenda 21”, al para os Recursos do Mar
tificada pelo Brasil em 1998. Essa a qual tem seu Capítulo 17 tam- (PSRM), atualmente em sua sex-
Convenção corresponde, em ver- bém prevendo que os países cos- ta versão, dedica especial atenção,
dade, a um “documento de refe- teiros comprometam-se a promo- em seu subitem 9.3, à infra-estru-
rência” no âmbito do Direito ver a gestão integrada e o desen- tura brasileira que estuda o mar,
Marítimo Internacional, dispon- volvimento sustentável das zonas o qual deu origem ao “Comitê
do sobre os espaços marítimos e costeiras e marinhas, soberana- para Consolidação e Ampliação
oceânicos, estabelecendo os limi- mente. dos Grupos de Pesquisa e Pós-
tes da jurisdição nacional dos Es- Reflexo desses compromissos Graduação em Ciências do Mar
tados costeiros, o acesso aos ma- internacionalmente assumidos e (PPG-Mar)” e ao “Programa de
res, a navegação, a proteção e a com as vistas elevadas aos interes- Apoio à Mobilidade Discente em
preservação do meio ambiente ses nacionais de mais alto nível, Pós-Graduação em Ciências do
marinho, a exploração e a conser- nesse setor, o País define as suas Mar (Pró-Amazônia Azul)”,
vação dos recursos biológicos, a Políticas Nacionais: de Defesa como instrumentos de fomento
investigação científica marinha, a (PDN), Marítima (PMN) e para a essa estratégica área do conheci-
exploração dos recursos minerais os Recursos do Mar (PNRM). mento humano.
dos fundos marinhos e de outros Dada a relevância do mar para Não obstante, importa ressal-
recursos não biológicos, e a solu- a soberania nacional, os países de var que a citada multidisciplina-
ção de controvérsias entre os Es- maior expressão na arena interna- lidade também abrange as disci-
tados signatários. cional investem substanciais recur- plinas pertencentes a outros cam-
A Conferência das Nações sos na formação da mão-de-obra pos, além da oceanografia, mete-
Unidas sobre o Meio Ambiente afeta a esse assunto, de ampla orologia e engenharia, como, por
e Desenvolvimento Sustentável, multidisciplinalidade e coletiva- exemplo, aquelas pertencentes às

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ciências humanas/sociais, desta- • a maioria dos municípios cos- pais, estaduais e nacional de ge-
cando-se: direito, economia, ad- teiros não possui planos direto- renciamento costeiro para os en-
ministração, gerência de projetos res municipais ou, quando exis- tes federativos nela definidos, re-
etc. É essa amplitude que enseja tem, nele não estão incluídas as corre-se ao § 4º do Art. 165 da
requerer-se uma maior priorida- suas respectivas ZC – faixa terres- CF/88 “... os planos nacionais, regio-
de, com urgência, para a área te- tre e, muita menos, faixa maríti- nais e setoriais ... serão elaborados em con-
mática do Gerenciamento Costei- ma/Mar Territorial. sonância com o plano plurianual ...” para,
ro Integrado (GCI), no âmbito juntamente com as diretrizes or-
das Ciências do Mar, às quais per- A ZONA COSTEIRA çamentárias e orçamento anual,
tence indubitavelmente. NO PLANO DIRETOR enfim, consolidar o sistema orça-
mentário próprio a cada ente fe-
POLÍTICAS PÚBLICAS Havendo concordância em tra- derado – sendo os municípios
PARA A ZONA COSTEIRA tar-se o Programa de Gerencia- costeiros o presente foco de inte-
mento Costeiro (GERCO) de resse.
Definida como “o espaço geo- matéria pertinente ao Primeiro Como todo sistema orçamen-
gráfico de interação do ar, do mar Setor e, conseqüentemente, sujei- tário governamental auto-susten-
e da terra, incluindo seus recursos ta à sua metodologia de gestão (pú- ta-se na busca da melhoria da qua-
renováveis ou não, abrangendo blica, diga-se de passagem) – para lidade de vida da população à qual
uma faixa marítima e outra terres- a qual poderia concorrer o Segun- serve, é indispensável que seus ele-
tre”, é a Zona Costeira (ZC) esse do Setor, em possíveis Participa- mentos componentes sejam com-
crítico espaço de inter-relações ções Público-Privadas (PPP), po- patíveis entre si e estejam plena-
entre sociedade e natureza, no rém nunca à revelia do planejamen- mente integrados e em interação
qual as origens dos problemas to, do orçamento e da gestão pú- permanente, o mais harmonica-
observados são recorrentes ao qua- blicos – releva registrar a contri- mente possível.
dro geral das Políticas Públicas – buição que se espera dos órgãos Tais instrumentos, ao se com-
ou da falta delas – e são afetas aos com competência sobre a elabora- plementarem, integrarem e arti-
seguintes aspectos, notadamente: ção/atualização de Planos Direto- cularem, mutuamente, contribu-
• insuficiência de infra-estru- res (PD), ao incluir em sua docu- em para promover o planejamen-
tura, principalmente de saneamen- mentação o tema “Zona Costeira”, to governamental em todas as suas
to ambiental; especificamente, a semelhança do fases. Assim, o Sistema Orçamen-
• falta de quadros técnicos ca- que já se faz para a “Zona Rural”. tário caminha para refletir fiel-
pacitados e de pessoal, em geral, Ao fazê-lo, sugere-se referen- mente o conjunto de planos da-
para realização das tarefas necessá- ciar o Decreto n.° 5.300/04, re- quela administração ou governo.
rias à gestão do ambiente costei- gulamentador da retrocitada Lei Por isso, urge-se disseminar a
ro, nos vários níveis de governo. n.° 7.661/88, para que, com mais seguinte obviedade administrati-
• desconhecimento técnico-ci- esse importante passo, avancemos va:
entífico acerca das áreas geográfi- a fim de se ter, coerentemente con- • os Planos Municipais de Ge-
cas de atuação; solidados, todos os diplomas le- renciamento Costeiro (PMGC)
• reduzida participação das gais que, ao fim e ao cabo, nor- serão elaborados de modo que se
Universidades Federais nos traba- teiam os decorrentes instrumen- estabeleçam claramente as orien-
lhos de estudo e de extensão na ZC; tos formadores do Sistema Orça- tações necessárias e suficientes à
• baixa mobilização e envolvi- mentário Governamental: Plano ordenação do uso e ocupação da
mento da sociedade e deficiência de Plurianual, Diretrizes Orçamen- ZC, em suas Faixas Terrestre e
mecanismos participativos, notada- tárias e Orçamento Anual. Marítima, a fim de proporcionar
mente nas questões orçamentárias; melhor qualidade de vida aos res-
• não incorporação dos prin- A ZONA COSTEIRA NO pectivos munícipes;
cípios do PNGC ao Plano Pluri- SISTEMA ORÇAMENTÁRIO • a partir do conjunto harmô-
anual (PPA 2004-2007), conside- nico de planos do Município,
rando a Zona Costeira como uma Tendo a mencionada lei fede- dentre eles o PMGC, os Planos
unidade de planejamento; e ral instituído os planos munici- Plurianuais (PPA) terão suas dis-

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posições sancionadas com o obje- te e transparente, de modo que do e melhorando a qualidade am-
tivo de subsidiar a definição das se integrem todos os sistemas de biental, por meio do disciplina-
metas e das prioridades da admi- gestão envolvidos (orçamentária, mento do uso do solo, o manejo
nistração, as respectivas despesas logística/cadeia de suprimentos, sustentável da biodiversidade e a
de capital2 de cada exercício finan- financeira, contábil, patrimonial conservação das bacias hidrográ-
ceiro e, por sua vez, as orienta- etc.), em busca da melhoria con- ficas, a fim de garantir as caracte-
ções para elaboração das diretri- tínua de seus respectivos proces- rísticas naturais da qualidade de
zes orçamentárias; sos e por intermédio das melho- paisagem;
• a partir do PPA, a Lei de res práticas gerenciais. • promover o desenvolvimen-
Diretrizes Orçamentárias (LDO) to institucional e o fortalecimen-
fornecerá, a seu turno, todas as O PLANO DE AÇÃO to da capacidade de planejamen-
diretrizes adequadas à elaboração FEDERAL DA ZONA to e gestão democrática da ZC.
do Orçamento Anual, em cuja lei COSTEIRA
(LOA) são definidos e detalhados Programas:
programas, projetos de investi- Aprovado em 1998 pela Reso- Programa de Suporte ao De-
mentos e atividades a serem anu- lução n.º 005 da Comissão Inter- senvolvimento do Plano;
almente executados; e ministerial para os Recursos do Programa de Ordenamento
• enfim, é esse ciclo descrito a Mar e atualmente em revisão, esse do Uso e da Ocupação Territori-
base para o desenvolvimento das plano de ação – prevendo desde al da Zona Costeira;
ações governamentais de médio e então, dentre outras ações, execu- Programa de Conservação e
longo prazos, para apoiar a ado- tar uma “Operação Praia Livre” que Proteção do Patrimônio Turísti-
ção e a sua implantação como fun- garanta o pleno e franco acesso co, Natural, Histórico e Cultu-
ção de governo, constitucional- público aos espaços praianos e, ral; e Programa de Controle Ambi-
mente prevista. como resultado desta, a demarca- ental.
Portanto, ao completar vinte ção da “Linha de Proteção Costeira”, a
anos de Plano Nacional de Geren- partir dos critérios de classifica- Estratégias para execução desses Pro-
ciamento Costeiro (PNGC), a ca- ção tipológica das praias – possui gramas:
minho de sua terceira versão, su- os seguintes principais tópicos: • orientação das ações do Go-
põe-se ser chegado o momento de Objetivo Estratégico – melhorar verno Federal, visando ao plane-
estar o GERCO também contem- continuamente a qualidade de vida jamento sustentável e à implemen-
plado no Sistema Orçamentário da população costeira. tação integrada na ZC;
brasileiro, especialmente nos Sis- • identificação das oportuni-
temas Orçamentários Municipais. Macroobjetivos: dades de otimização da capacida-
• promover a sustentabilidade de instalada e promoção da coo-
O GERENCIAMENTO no uso dos recursos naturais de- peração interinstitucional;
COSTEIRO COMO FUNÇÃO mandados pelas diferentes ativida- • incentivo de negócios indu-
GERENCIAL DE GOVERNO des econômicas instaladas na ZC, tores de sustentabilidade ambien-
por meio do incentivo ao planeja- tal e cultural e de geração de em-
Completado o mencionado mento setorial, da capacitação dos prego e renda.
ciclo do planejamento (PMGC / agentes institucionais responsáveis
ZC => PD => PPA => pela gestão nos três níveis de go- Linhas de ação (LA), ordenadas
LDO => LOA), com seu cará- verno, e do reforço da articulação em três grandes blocos:
ter instrumental e suas especifici- dos mesmos com a sociedade civil; LA 1 - Ordenamento ambien-
dades na esfera da Administração • promover o ordenamento ter- tal territorial da Zona Costeira;
Municipal, é que se vão ter as con- ritorial da ZC, conjugando o uso e LA 2 - Conservação e proteção
dições para formulação e coorde- a ocupação do solo em consonância do patrimônio natural e cultural;
nação do ciclo seguinte: acompa- com a preservação dos recursos na- LA 3- Controle e monitoramento.
nhamento, execução, controle, turais e os potenciais econômicos;
avaliação e ajuste de planos, pro- • promover a conservação dos Projetos (P) definidos para cada
gramas e ações, de forma eficien- recursos naturais da ZC, manten- linha de ação, com foco específi-

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n.º 42/99, do ministro de Estado


do Orçamento e Gestão:
Função e subfunção de governo: “18
– Gestão Ambiental e 695 – Turis-
mo”, respectivamente.

UM PROJETO COSTEIRO
SOB A METODOLOGIA
OFICIAL

Diante da situação constatada na


orla – invadida por construções ir-
regulares nas Áreas de Proteção
Permanente (APP) marginais às
praias e perigosamente densas nos
aglomerados periféricos aos centros
urbanos municipais, descreve-se o
exemplo a seguir esboçado, desen-
volvido a partir do produto da
O Plano de Ação Federal da Zona Costeira prevê, dentre outras ações, executar uma “Operação Praia
Livre” que garanta o pleno e franco acesso público aos espaços praianos e demarcação da “Linha de aplicação dos procedimentos do
Proteção Costeira” Projeto Orla (mencionado no item
anterior – P2), durante uma de suas
co, objetivos, atividades, metas e cerias entre os três níveis de go- oficinas de capacitação, em deter-
arranjos institucionais para execu- verno e a sociedade. minado município costeiro, como
ção dos mesmos, em número de uma proposta de participação po-
seis, cabendo aqui destacar os três (P3) Projeto Estratégia para pular na elaboração de um projeto
a seguir: Reserva de Áreas para a Proteção julgado estratégico para o PMGC:
(P1) Projeto de instrumenta- Ambiental Sustentável da Zona Objetivo programático: estabelecer cri-
lização dos três níveis de gover- Costeira e Marinha. térios/parâmetros para os limites da
no para o ordenamento ambien- Objetivo geral - Definir ações para margem não edificável de proteção
tal territorial da Zona Costeira. gerenciamento de áreas estratégi- das praias, evidenciando-os fisica-
Objetivo geral - Propor ações es- cas costeiras e marinhas, em áreas mente por intermédio da implanta-
tratégicas voltadas ao planejamen- de patrimônio da União, confor- ção de uma ecovia rústica, visivel-
to territorial atual, tendencial e me a Lei n.° 9.636/1998 e seu De- mente demarcada, como alternati-
desejado, articuladas com as ati- creto regulamentador n.° 3.725/ va de acesso entre os centros urba-
vidades setoriais, como suporte ao 2001, por meio da indicação de nos costeiros mais próximos, para
processo de tomada de decisão em critérios social, econômico e am- desenvolvimento do turismo ecoló-
diferentes níveis. biental para seleção de áreas a se- gico, ou seja, uma “trilha ecoturísti-
rem reservadas, acrescidos da Lei ca”, não pavimentada e marginal às
(P2) Projeto de gestão integra- n.° 6.513/77, que “dispõe de Áre- praias, cuja existência contribua
da da orla marítima – Projeto Orla as Especiais e de Locais de Inte- para, além da proteção desses espa-
Objetivo geral - Ampliar a capa- resse Turístico”. ços praianos, também “manter assegu-
cidade dos municípios e a articu- rado, no âmbito do planejamento urbano, o
lação com a esfera estadual para Para melhor caracterizar essa livre e franco acesso às praias e ao mar, sem-
aplicação dos procedimentos do metodologia do Orçamento-Pro- pre, em qualquer direção e sentido”.
Projeto Orla, em especial nas áre- grama em descrição, a partir da- Foco específico: elaborar e imple-
as de patrimônio da União, visan- qui utilizar-se-á o exemplo de um mentar o Projeto Executivo
do à ocupação ordenada dos es- projeto executivo para o qual uti- “PRAIA LIVRE”, que consiste
paços e o uso sustentável dos re- lizou-se a seguinte classificação, em impor um limite visível às
cursos ambientais, mediante par- feita em observância à Portaria construções irregulares, por meio

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de uma barreira física, a partir das • Decreto n.° 5.300/2004 (inciso tencentes às órbitas mais distantes de
APP ainda não ocupadas, entre os II, Art. 23 – limites da orla marítima). seu núcleo urbano central, a capaci-
mencionados aglomerados muni- Despesa de capital: R$ 70.000,00. tação em curso agora ganha contor-
cipais e até o(s) centro(s) urbano(s) Fonte de recursos: Programa Naci- nos de inclusão digital, quando exige
costeiro(s) mais próximo(s). onal de Capacitação das Cidades/ recursos de Tecnologia da Informa-
Resultado esperado: demarcação de Programa de Extensão Universitá- ção, de maneira que se dê maior efe-
7km da trilha ecoturística delimi- ria (PROEXT), dos Ministérios das tividade aos imperativos contidos no
tadora da margem de proteção das Cidades e da Educação. mesmo estatuto em referência:
praias, no Município em exemplo. Atividade decorrente: manutenção
Objetivos específicos: delimitar ine- da trilha demarcada, a ser custea- “Art. 45. Os organismos gestores das
quivocamente a margem de pro- da por recursos classificados regiões metropolitanas e aglomerações ur-
teção permanente das praias; con- como despesas correntes. banas incluirão obrigatória e significativa
tribuir para a garantia do pleno participação da população e de associações
acesso público aos espaços praia- A GESTÃO INTEGRADA E representativas dos vários segmentos da co-
nos; e fomentar o ecoturismo nas PARTICIPATIVA DA CIDADE munidade, de modo a garantir o controle
unidades de conservação costeiras. COSTEIRA SUSTENTÁVEL direto de suas atividades e o pleno exercí-
Meta: 7km de trilha ecoturísti- cio da cidadania”.
ca visivelmente demarcada. Ato contínuo à elaboração do
Prazo: 8 meses Projeto Praia Livre, em seu caminho Para tanto, a Lei de Respon-
Arranjo institucional para execução natural por meio do ciclo de planeja- sabilidade Fiscal n.º 101/2000
do projeto: parceria entre as repre- mento e em direção ao ciclo da exe- vem ao encontro desse anseio,
sentações das comunidades envol- cução, sua documentação é protoco- quando destina o seu Capítulo IX
vidas, Prefeitura / Secretaria de lada no órgão municipal competen- ao trato da transparência, controle e
Obras Públicas, GRPU, EM- te, em obediência ao inciso IV, do fiscalização da Gestão Pública:
BRATUR e Ministério Público. Art. 43, da Lei n.° 10.257/2001 – Es-
Legislação específica: tatuto da Cidade – “Para garantir a ges- “Art. 48. São instrumentos de trans-
• Decreto-Lei n.° 2.490/1940 tão democrática da cidade, deverão ser utiliza- parência da gestão fiscal, aos quais será dada
(Art. 3º – distância dos terrenos dos, entre outros, os seguintes instrumentos: ampla divulgação, inclusive em meios eletrô-
de marinha); ... nicos de acesso público: os planos, orçamentos
• Lei n.° 6.513/1977 (Art. 19 IV – iniciativa popular de projeto de e leis de diretrizes orçamentárias; as presta-
– As resoluções do CNTur, que lei e de planos, programas e projetos de ções de contas e o respectivo parecer prévio; o
declararem Locais de Interesse desenvolvimento urbano; ...”. Relatório Resumido da Execução Orçamen-
Turístico, indicarão: I - seus li- tária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as
mites; II - os entornos de prote- Fruto desse processo de aprender/ versões simplificadas desses documentos”.
ção e ambientação; III - os prin- ensinar fazendo, a capacitação da po-
cipais aspectos e características pulação costeira prossegue durante o “Parágrafo único. A transparência será
do Local; IV - as normas gerais acompanhamento da tramitação do assegurada também mediante incentivo à
de uso e ocupação do Local, des- projeto, para melhor proveito do que participação popular e realização de audi-
tinadas a preservar aqueles aspec- prevê o citado estatuto, logo a seguir: ências públicas, durante os processos de ela-
tos e características, a com eles boração e de discussão dos planos, lei de
harmonizar as edificações e as “Art. 44. No âmbito municipal, a gestão diretrizes orçamentárias e orçamentos”.
construções, e a propiciar a ocu- orçamentária participativa de que trata a alí-
pação e o uso do Local de forma nea f do inciso III do art. 4o desta lei, incluirá a A CONFERÊNCIA SOBRE
com eles compatível); realização de debates, audiências e consultas O GERENCIAMENTO
• Resoluções CONAMA n.° públicas sobre as propostas do plano plurianu- DEMOCRÁTICO DA CIDADE
303/2002 (Art. 3º – parâmetros e al, da lei de diretrizes orçamentárias e do orça- COSTEIRA SUSTENTÁVEL
limites de APP) e n.° 369/2006 (in- mento anual, como condição obrigatória para
ciso IV, do Art. 11 – implantação sua aprovação pela Câmara Municipal”. Mesmo resumindo-se o que até
de trilhas para desenvolvimento de Como forma de integrar os dis- aqui se expôs, é possível concluir
ecoturismo, em APP); e tritos litorâneos, inclusive aqueles per- que em virtude do desconheci-

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mento generalizado sobre GER- so de mestrado em gerencia- outros projetos/atividades afe-


CO, os esforços que se conseguir mento costeiro integrado – tos a um PMGC.
amealhar devem, prioritariamen- para pesquisa do modelo inte- Nesse contexto, onde o espa-
te, convergir para as ações volta- grado de planejamento, orça- ço é condição para a consecução
das à capacitação dos atores en- mento e gestão participativa das das ações, e estas resultam das ne-
volvidos com a ZC. Não é de zonas costeira, marinha e oceâ- cessidades naturais ou criadas e
todo impossível, também concluir nica – e, concomitantemente, que podem ser: materiais, ima-
pela inexorabilidade do compo- em seu projeto de extensão uni- teriais, econômicas, sociais, cul-
nente público no gerenciamento versitária – Praia Livre –, por turais e morais, este trabalho in-
desse espaço, considerado patri- intermédio do qual os mestran- sere-se em um contexto de ações
mônio nacional, para o qual é so- dos estenderão os seus conhe- em execução, resultantes de ne-
bejamente incentivada a participa- cimentos a outros multiplica- cessidades culturais, ora direcio-
ção organizada dos munícipes cos- dores representantes da popu- nadas para o emprego das melho-
teiros. lação costeira, desenvolvendo, res práticas de gestão; todas em
Destarte, é com responsável no espaço real das APP praia- busca dos concretos resultados
otimismo que muito se traba- nas, uma aplicação prática in- positivos há muito esperados pela
lha pela aprovação de um cur- trinsecamente catalisadora de população costeira.

NOTAS
1 Áreas de Preservação Permanente – Segundo a Lei n.° 4.771/67, com a redação da Medida Provisória n.° 2.166-67/2001, área de preservação permanente é a “área protegida nos termos dos
art. 2° e 3° desta lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
2 “Grupo de despesas da Administração Pública, direta ou indireta, com intenção de adquirir ou constituir bens de capital que contribuirão para produção ou geração de novos bens ou serviços e
integrarão o patrimônio público”, inclusive aquelas a serem custeadas a partir de recursos extra-orçamentários (PPP, convênios etc.).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-MORAES, A. C. R. (1999). Contribuições para Gestão da Zona Costeira do Brasil: Elementos para uma Geografia do Litoral Brasileiro. São Paulo.
-CICIN-SAIN, Biliana; KNECHT, Robert. W., Integrated Coastal and Ocean Management: Concepts and Practices, Washington DC: Island Press, 1998. 517 p
-DIEGUES, Antonio. Carlos. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª. Ed. São Paulo: NUPAUB/USP, 2001. 225 p.
-SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002.
-LEGISLAÇÃO NACIONAL. Disponível em <https://www.planalto.gov.br/> acessado em agosto de 2006.
-RESOLUÇÕES CIRM. Disponíveis em <http://sidornet.planejamento.gov.br/docs/cadacao/cadacao2004/downloads/0512.PDF#search=%22resolu%C3%A7%C3%B5es%20cirm%22>.
-AGENDA 21 e CNUDM, CONVENÇÕES ONU. Disponíveis em < http://www.un.org/Depts/los/index.htm >.

Municipal plans for coastal management in the English governmental budget system
ABSTRACT

The article contextualizes the Permanent Conservation Areas in the water flows universe which are
inter-related with the Coastal Zone. It highlights the urgent necessity to include the issue in the official
documentation of the master plan, in the coastal management actions of the Governmental Budgetary
System, in the popular participation, in the municipal budgeting and management; and in the
methodological representation of the project.
Keywords: Coastal Management. Permanent Conservation Areas. Master Plan. Ecotourism.
RESUMEN

Planes municipales de ordenación costera en el sistema presupuesto del gobierno


El artículo contextualiza las Áreas de Preservación Permanente – APP en el universo de los cursos de
agua que se interrelacionan con la Zona Costera. En secuencia, evidencia la urgencia de incluir el tema en
el expediente oficial de planos rectores, en las acciones de gerencia costera del Sistema Presupuestario
Gubernamental y en la participación popular de la planificación, presupuesto y gestión pública.
Palabras claves: Gerencia costera. Áreas de Preservación Permanente. Plano Director. Ecoturismo.

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