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Escrita e Redação

Módulo II

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grande sucesso em sua carreira.

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Sumário

Unidade 3 – Tipos de Redação e Textos........................................................................ 3


3.1 – Narração........................................................................................................... 3
3.2 – Descrição ......................................................................................................... 4
3.3 – Dissertação....................................................................................................... 5
3.4 – Crônica............................................................................................................. 8
3.5 – Conto ............................................................................................................. 10
3.6 – Texto Jornalístico ........................................................................................... 13
3.7 – Fábulas........................................................................................................... 15
3.8 – Carta .............................................................................................................. 18
3.9 – Ofício............................................................................................................. 19
3.10 – Relatório....................................................................................................... 21
3.11 – Ata ............................................................................................................... 23
3.12 – Resumo ........................................................................................................ 25
3.13 – Resenha........................................................................................................ 28
3.14 – Poema .......................................................................................................... 32
3.15 – Autorização .................................................................................................. 33
3.16 – Declaração.................................................................................................... 34
3.17 – Redação empresarial e redação para processos seletivos ............................... 35
3.18 – Linguagem da internet .................................................................................. 39
Unidade 4 – Conteúdo Complementar......................................................................... 43
4.1 – É quase igual, mas faz toda diferença ............................................................. 43
4.2 – A escrita de números ...................................................................................... 50
4.3 – Faça as devidas referências............................................................................. 54
4.4 – Perigos evitáveis em uma boa redação............................................................ 55
4.5 – Evite erros comuns ......................................................................................... 57
4.6 – Dicas importantes........................................................................................... 58
4.7 – Como melhorar seu desempenho em processos seletivos ................................ 59
4.8 – Os dez mandamentos de um bom texto........................................................... 61
4.9 – Dicas de redação para o Enem ........................................................................ 63
4.10 – Análise de redações ...................................................................................... 65
Conclusão do Módulo II.............................................................................................. 74
Bibliografia................................................................................................................. 75
Unidade 3 – Tipos de Redação e Textos

Olá, aluno(a)!

A seguir, veremos os tipos de redações e textos existentes e possíveis de serem


pedidos em provas de processos seletivos ou, em outros casos, utilizados diariamente.

Bom estudo!

3.1 – Narração

É uma explanação detalhada sobre um acontecimento ou sobre uma série de


fatos, ou seja, narrar é contar algo. Existem várias formas de narrativas: contos,
crônicas, parábolas, entre outros. A narração engloba seis pontos principais:

• O fato;
• Os personagens envolvidos no fato;
• Como o fato se deu;
• Quando o fato se deu;
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• Porque o fato se deu;
• As consequências do fato.

Estes seis pontos são exatamente o que envolve a narrativa jornalística. Aliás,
que envolve o primeiro parágrafo das matérias de jornais, chamado de lead (ou lide).
Sendo sempre as mesmas perguntas: o que, onde, como, por que e quando. As
consequências geralmente estão expostas no restante da matéria.

Exemplo

Uma menina saiu de casa para ir até a escola em que estudava desde a primeira
série. Todos os dias, ela pegava um ônibus que a deixava em frente a sua escola. Mas,
naquele dia, quando ela desceu do ônibus, havia acontecido um acidente com seu amigo.
O garoto tinha sido atropelado!

3.2 – Descrição

É muito comum as pessoas


confundirem este tipo de redação com a
narração, mas elas têm diferenças
fundamentais que as caracterizam. A
descrição também conta com detalhes
de um acontecimento, porém ela se
preocupa mais com a caracterização de
pessoas, objetos e lugares. No entanto,
é mais do que uma simples
“fotografia”. Os grandes textos descritivos dão uma visão nova daquilo que vemos
todos os dias. Os poetas costumam produzir grandes descrições.
4
Exemplo

A menina saiu de casa para ir à escola. Ela tinha dez anos de idade e estava na
quarta série. Todos os dias, ela prendia seus cabelos negros e longos com elásticos
coloridos. Sua pele era clara e seus olhos grandes e castanhos. Ela adorava ir à escola,
aquele era um ambiente muito agradável. Lá, a luminosidade dava ânimo para cumprir as
atividades do cotidiano. Havia um grande número de salas e todas eram muito bem
organizadas e espaçosas.

3.3 – Dissertação

As dissertações têm sido o


tipo de redação mais pedido em
processos seletivos como vestibulares
e concursos públicos. Este gênero
permite que se desenvolva um tema
sobre os mais variados aspectos. Ela
é baseada principalmente em uma
análise e sempre expõe ideias, motivo
principal pelo qual ela tem sido
utilizada de forma intensa nos
processos seletivos. Afinal, que melhor maneira de saber se alguém domina um assunto
da atualidade do que colocando para escrever sobre ele?

No desenvolvimento da dissertação é necessário ter raciocínio lógico. Eis a


importância de já estarmos informados sobre os aspectos que podem ser abordados em
determinados assuntos. Não podemos esquecer que o tempo é curto e dificilmente

5
teremos o tempo de parar para pensar em diversos aspectos de um mesmo tema. O
raciocínio pode ser de dois tipos: o indutivo ou o dedutivo.

Raciocínio indutivo: é quando se utiliza experiências e observações para se chegar a


um princípio.

Exemplos

• Pessoas idosas que praticam exercícios físicos vivem mais e melhor.


(experiência)

• 93% dos idosos que praticam exercício físico têm 90% menos chances de
um enfarte. (experiência)

• Os exercícios físicos proporcionam uma vida melhor e com menos


chances de infarto. (princípio)

Raciocínio dedutivo: quando você parte de uma norma para um fato específico.

Exemplos

• Para passar no vestibular é necessário estudar muito. (norma)

• Luciana passou no vestibular. (fato específico)

• Luciana estudou muito e passou no vestibular. (fato específico)

Este tipo de redação exige que se tenha opinião. Sejamos coerentes ao transmitir
o nosso ponto de vista, descartando expressões, como: em minha opinião, creio que,
eu acho, acredito piamente, entre outras. Estas expressões, certamente, darão um
aspecto negativo ao texto. Vamos considerar como terminantemente proibido usar a
primeira pessoa (eu) nas dissertações. A menos que seja pedido, o uso do “eu” só vai

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prejudicar a sua redação. Precisamos lembrar de aspectos que deixam a estética do texto
infinitamente melhor, como:

• Dar um espaço na margem para os inícios dos parágrafos;

• Uma dissertação tem no mínimo três parágrafos;

• Não destacar as frases que considerar mais importante. Ao contrário do


contexto de um trabalho escolar, tal conduta não é bem vista em uma
dissertação;

• Nunca se esqueça do título, a menos que o enunciado o exija. Este é um


erro muito comum que pode fazer com que muitos candidatos passem à
nossa frente;

• Nunca começar o texto com a mesma frase do título;

• O tempo verbal deve ser um só. Se começar a escrever no passado, não


mude para o presente no caminho, a não ser que isto seja imprescindível.

A melhor estrutura para se utilizar na construção de um texto dissertativo é a


seguinte:

Introdução + desenvolvimento (argumentação) + conclusão.

Proposta de exercício 5

Faça uma dissertação de 25 a 30 linhas, abordando o seguinte tema:

Redes sociais x direitos humanos

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Quando se fala em direitos humanos, o que nos vem à cabeça é a ideia de sobrevivência
e liberdade. Contudo, nos dias atuais, a questão não é tão simples. Cabe lembrarmos que
entre os direitos humanos está o direito à privacidade, que conforme a Constituição
Federal Brasileira, em seu artigo 5º, inciso X, enfatiza que são invioláveis a intimidade,
a vida, a honra e a imagem das pessoas. Mas se a própria Constituição certifica este
direito, como garantiremos a privacidade e o respeito dentro das redes sociais sem
sermos alvo de calúnia, difamação ou perseguição? Seria uma utopia ou existem meios
de preservarmos a intimidade?

3.4 – Crônica

A crônica é um tipo de
narração que conta os fatos do
cotidiano das pessoas, ou seja, algo
que acontece no dia a dia de cada um
de nós. Porém, dentro dessa narração,
os fatos serão contados de maneira
irônica e bem-humorada. Esse é um
jeito diferente de fazer com que as
pessoas enxerguem o óbvio, pois o
cronista utilizará ângulos e aspectos
distintos, além de abusar da originalidade.

Uma das características que podemos ressaltar sobre a crônica é o objetivismo


que é usado ao escrevê-la. Seu tema sempre gira em torno da realidade política, cultural,
social etc. Os fatos diante das realidades citadas, anteriormente, ganham a opinião de
quem a escreve, ou seja, geralmente o texto da crônica será de protesto ou de
argumentação. Sendo assim, essa crônica poderá ser apenas argumentativa, livre de
narração. O fato é que ela pode ser produzida de duas maneiras, vejamos:

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1. Crônica narrativa: Conta fatos do cotidiano. Possui enredo, personagens,
espaço, tempo etc;

2. Crônica dos textos jornalísticos: forma mais moderna do gênero, ela não narra
e sim disserta, defende ou mostra um ponto de vista diferente do qual se
enxerga.

Os dois tipos de crônica têm caráter social crítico, mostrando a realidade de


maneira sarcástica, humorística ou irônica. Em ambas, para dar realce a essa realidade,
o autor pode fazer uso de personagens tipo, um meio de criticar a sociedade. Na
crônica que faz uso de argumentos, possivelmente haverá a perda de elementos típicos,
como tempo, personagens e espaço.

Abaixo, segue, uma crônica escrita pela escritora Clarice Lispector:

“Chacrinha” – Clarice Lispector

“De tanto falarem em Chacrinha, liguei a televisão para seu programa que me
pareceu durar mais que uma hora.

E fiquei pasma. Dizem-me que esse programa é atualmente o mais popular. Mas
como? O homem tem qualquer coisa de doido, e estou usando a palavra doido no seu
verdadeiro sentido. O auditório também cheio. É um programa de calouros, pelo menos
o que eu vi. Ocupa a chamada hora nobre da televisão. O homem se veste com roupas
loucas, o calouro apresenta o seu número e, se não agrada, a buzina do Chacrinha
funciona, despedindo-o. Além do mais, Chacrinha tem algo de sádico: sente-se o prazer
que tem em usar a buzina. E suas gracinhas se repetem a todo o instante — falta-lhe
imaginação ou ele é obcecado.

E os calouros? Como é deprimente. São de todas as idades. E em todas as idades


vê-se a ânsia de aparecer, de se mostrar, de se tornar famoso, mesmo à custa do ridículo
ou da humilhação. Vêm velhos até de setenta anos. Com exceções, os calouros são de
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origem humilde, têm ar de subnutridos. E o auditório aplaude. Há prêmios em dinheiro
para os que acertarem através de cartas o número de buzinadas que Chacrinha dará; pelo
menos foi assim no programa que vi. Será pela possibilidade da sorte de ganhar
dinheiro, como em loteria, que o programa tem tal popularidade? Ou será por pobreza
de espírito de nosso povo? Ou será que os telespectadores têm em si um pouco de
sadismo que se compraz no sadismo de Chacrinha?

Não entendo. Nossa televisão, com exceções, é pobre, além de superlotada de


anúncios. Mas Chacrinha foi demais. Simplesmente não entendi o fenômeno. “E fiquei
triste, decepcionada: eu quereria um povo mais exigente.”

Crônica publicada em 1967 pelo Jornal do Brasil.

O que podemos perceber nesta crônica de Clarice, escrita em 1967, é como ela
narra sobre a programação da televisão aberta brasileira, daquela época. A
autora censura Chacrinha de uma maneira ácida e sem medo de fazer a sua
critica. Clarice sempre se mostrou autêntica em suas colocações, e suas análises
possuem fundamento e reflexões.

Fonte: http://literatortura.com/2015/01/cronicas-de-clarice-lispector-uma-pequena-viagem-ao-seu-introspecto/

3.5 – Conto

O conto é a narração de um fato inusitado, por


intermédio de uma linguagem direta, simples,
acessível e dinâmica. Este é um tipo de texto muito
aceito pelos leitores por não exigir grande esforço
para ser entendido. Suas características e seus
meios de produção estão descritos nos itens
abaixo:

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• Essa é uma narrativa linear e curta, seja em tamanho ou no tempo em que ela se
passa;

• A linguagem é simples e direta, não se utilizando de figuras de linguagem ou de


expressões com duplo sentidos;

• As ações dentro do conto se encaminham todas para um desfecho;

• Há presença de poucos personagens e todos eles giram em torno de uma única


ação;

• A história se passa em um só espaço, com um só tema e conflito;

• Deve-se ter habilidade com as palavras para utilizar sugestões e alusões na


construção do texto.

Os contos podem ser:

• Alegóricos;

• Fantásticos;

• De fadas;

• Satíricos etc.

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O Gato Vaidoso – Conto de Monteiro Lobato

Moravam na mesma casa dois gatos iguaiszinhos no pelo, mas desiguais na sorte.
Um, amimado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a
leite e comia em colo. O outro, por feliz, se dava com as espinhas de peixe do lixo.

Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:

– Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de
cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo…

– Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo
ninho.

– Sou nobre. Sou mais que tu!

– Em quê? Não mias como eu?

– Mio.

– Não tens rabo como eu?

– Tenho.

– Não caças ratos como eu?

– Caço.

– Não comes rato como eu?

– Como.

– Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois a crista desse
orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens – o que tens é apenas um
bocado mais de sorte…

Fonte: http://contobrasileiro.com.br/?p=586

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3.6 – Texto Jornalístico

Texto jornalístico é a nomenclatura que designa diversos tipos de construções


textuais utilizadas em jornais e revistas. Esse tipo de texto deve prezar a objetividade, a
simplicidade e, na maioria das vezes, a imparcialidade, sem abrir mão de tentar
construir uma relação de empatia com o seu público-alvo, o leitor.

Vejamos abaixo os principais tipos de texto jornalístico:

Notícia

O principal tipo de texto jornalístico é a notícia, que tem como objetivo


informar algum acontecimento recente, cobrindo alguns aspectos deste a partir da
seguinte estrutura:

• Lide (originalmente Lead)

Este é o nome da primeira parte da notícia, que geralmente consiste no parágrafo


inicial e tem como objetivo resumir o fato que está sendo contado. O lide é composto
por algumas questões denominadas “questões fundamentais”, como:

O quê: Explicação sobre a ocorrência em questão. Ex: Acidente automotivo.


Quem: Pessoas envolvidas na ocorrência. Ex: Grupo de jovens embriagados.
Quando: Explica as noções temporais do fato em questão. Ex: Na noite de sábado, dia
23.
Onde: Conta o lugar onde se deu o fato noticiado. Ex: Na região central de São
Paulo.
Como: Em que circunstâncias tal fato ocorreu? Ex: Choque do veículo em um poste.
Por quê: Por que tal fato aconteceu? Ex: Devido à alta velocidade com que dirigiam.

A partir destas perguntas e respostas, é possível construir o lide, resumindo os


principais fatos da notícia. O lide de nossa notícia fictícia ficaria da seguinte forma:
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“Na noite deste sábado, dia 23, um grupo de jovens embriagados se envolveu em
um acidente automotivo na região central da cidade de São Paulo. O motorista
chocou o veículo contra um poste, devido à alta velocidade com que este era
guiado.”

A resposta para todas as perguntas feitas em nossa apuração foi respondida no


breve parágrafo acima, sem necessariamente respeitar a ordem que utilizamos para
realizá-las. Tais perguntas devem ser usadas da melhor maneira possível para que o
resultado final seja informativo e fácil de ler.

• Corpo

O corpo representa o restante da notícia, sendo utilizado para conferir mais


detalhes aos fatos apresentados no lide e também concluindo o texto. Confira a
conclusão do nosso exemplo:

“Assustados com o barulho causado pelo acidente, moradores da região


prestaram os primeiros socorros às vítimas e ligaram para o serviço público de
emergência, que os deslocou desacordados para o hospital mais próximo.
Os jovens passam bem, porém o motorista será indiciado e julgado pelo crime de
embriaguez ao volante, que prevê pena de dois a quatro anos de prisão.”

Observação: Caso a notícia seja curta, irrelevante ou não deva ocupar muito espaço na
diagramação do jornal ou revista, pode-se utilizar apenas o lide. Esse tipo de texto é
chamado de nota.

Reportagem

A reportagem é um texto maior e mais detalhado, que não necessariamente trata


de um fato ou ocorrência recente, e vai além de um simples repasse de informações,
acrescentando opiniões e, frequentemente, diferentes pontos de vista. A estrutura de

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uma reportagem pode utilizar recursos mais sofisticados, como trechos de entrevistas,
fotografias, estatísticas, boxes com informações à parte, gráficos, etc.

Editorial

O editorial é uma seção de jornais e revistas que geralmente ocupa as primeiras


páginas das publicações. Editoriais são textos opinativos, onde o autor mostra usa
própria visão dos fatos e abre mão da imparcialidade. Geralmente, os editoriais vêm
acompanhados de advertências, informando que tal texto não expressa a opinião da
publicação ou da editora, apenas a própria opinião do autor.
A estrutura do texto é livre, podendo ser composta de uma crônica, dissertação,
resenha, ou até mesmo narração seguida de opinião.

3.7 – Fábulas

Nas fábulas, as histórias têm


caráter instrutivo, ou seja, elas
apresentam, em seu contexto, um
ensinamento moral.

Ela é uma narrativa em


prosa (os personagens conversam
entre si) ou poema épico (breve
história). Em uma fábula, o personagem nunca vai ser um humano. O protagonista é
sempre um animal, uma planta ou objetos inanimados. Eles, neste tipo de narração, se
tornam exemplos para os seres humanos, por darem lições de moral de maneira
reflexiva.

Os personagens apresentam características humanas em suas falas, em seu modo


de agir, nos seus costumes etc. Cada animal pode ser a representação de uma qualidade
ou simbolizar um atributo humano, vejamos:

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• Formiga = trabalhadora;
• Coruja = observadora;
• Cão = amigo.

Quando os personagens são seres inanimados ou objetos, a fábula recebe o nome


de apólogo.
Os Dois Burros

Dois burros iam indo – um com carga de aveia,

Outro levando a prata da gabela.

Este, cheio de si com a carga tão bela,


Por nada a quer deixar, por tê-la sempre anseia.

Com largo passo ia a marchar


Fazendo o seu cincerro soar.
Mas surge logo – ó sorte ingrata!
Bando inimigo, e quer a prata.

Contra o burro do fisco esse bando se atira,

Pega-lhe o freio e o faz deter-se.


O burro, então, ao defender-se,

Espancando se vê: geme o pobre e suspira.


"É isto" – então diz ele – "o que foi prometido?"
Do perigo o outro burro isento se retira,

"E morro eu nele, assim batido?"


"Amigo" – respondeu-lhe o companheiro –

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"Nem sempre é bom o ter-se alto emprego no mundo.
Serviste tu, como eu, a modesto moleiro,

Não te acharias quase moribundo."

Moral da Estória:
Sofre maior risco quem tem maior responsabilidade.

Fonte: http://www.astrologosastrologia.com.pt/0=fabulas=laFontaine/lafontaine_fabulas=2.htm

3.8 – Carta

Este também pode ser um


gênero de redação pedido em
vestibulares. Embora não
percebamos, as cartas, muitas
vezes, estão presentes em nosso
dia a dia. Quando escrevemos um
e-mail para um amigo, por
exemplo, contando sobre algum
acontecimento, estamos redigindo
uma carta. Ela também é muito usada em locais de trabalho, contendo características
mais formais para atender às necessidades da empresa como os pedidos burocráticos.

Independente para que ela seja destinada, a carta deve seguir uma estrutura.
Começaremos com o local, a data, depois identificamos a pessoa a quem ela se destina
(destinatário), seguido por vírgula e iniciamos o texto. Após escrevermos o texto,
finalizamos colocando o nosso nome (remetente). Vejamos o exemplo a seguir:

17
São Paulo, 12 de fevereiro de 2015.

Prezado Diretor,

Gostaria de solicitar melhoras no local de trabalho para que minha função possa
ser exercida com maior eficiência. No momento, preciso de consertos em meu
computador, pois seu desempenho tem prejudicado o andamento dos processos
administrativos.

Atenciosamente,
João da Silva.

Proposta de exercício 6

Imagine que você é um cidadão inconformado com a atual situação da ausência


de asfaltamento em seu bairro e resolve mandar uma carta ao vereador, exigindo as
devidas providências junto à prefeitura. Não se esqueça de usar a linguagem padrão da
língua portuguesa, seguindo as características e estruturas exigidas para este tipo de
gênero textual, ou seja, a carta.

3.9 – Ofício

Ofício é o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades,


titulares de unidades, autoridades e secretárias em geral. Usualmente, tem como
objetivo solicitar ou reivindicar algo a um superior. Podemos definir como uma “carta
oficial”. Assim sendo, exige-se uma linguagem estritamente formal, impessoal, clara,
pontual e concisa. Podem ser endereçados também a particulares e se caracterizam não
só por obedecer à determinada estrutura, mas, também, pelo formato do papel (formato
ofício).

Estrutura
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1. Designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

2. Denominação do ato: Ofício;

3. Numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;

4. Vocativo Senhor(a) e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;

5. Texto: exposição do assunto;

6. Fechamento: Atenciosamente, seguido de vírgula;

7. Assinatura;

8. Nome;

9. Cargo;

10. Destinatário: tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/estado.

Observações

• Se o ofício tiver mais de uma folha, numere as subsequentes com algarismos


arábicos, no canto superior direito, a partir do número dois;

• O destinatário deve figurar sempre no canto superior esquerdo da primeira página.

Exemplo:

19
São Paulo, 22 de abril de 2015.

Ofício nº. 012/5829

À
Prefeitura Municipal de São Paulo

Pedido de Autorização

A Casa de Maria, inscrita no CNPJ nº. 00000000, com sede à Rua João Alves, 41 –
Vila Rica, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria, solicitar autorização para
realização da 1ª Festa Beneficente Casa de Maria, na Praça dos Bandeirantes, em 14 de
junho, às 12:00.

O evento se destina à arrecadação de verba para a construção de uma oficina de


música para o entretenimento e educação das menores. Espera-se um público de 1000
pessoas. Certos do deferimento do pedido, aguardamos a autorização.

Atenciosamente,

(assinatura)
Francisca do Amaral
Diretora

3.10 – Relatório

O relatório é um documento em que se relata ao superior imediato a execução de


trabalhos referentes a determinados serviços ou a um período relativo ao exercício de
um cargo, uma função ou desempenho de atribuições. O relatório deve obedecer a uma
linguagem concisa, exata e clara.

20
Estrutura

1. Designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

2. Denominação do ato: Relatório;

3. Numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;

4. Assunto;

5. Vocativo Senhor(a) e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;

6. Texto: exposição do assunto e consta de:

• Apresentação: refere-se à finalidade do documento;


• Desenvolvimento: explanação dos fatos de forma sequencial;
• Conclusão: resultado lógico das informações apresentadas.

7. Fechamento;

8. Assinatura;
9. Nome;

10. Cargo;

11. Destinatário, tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/estado.

Observações

• Se o relatório tiver mais de uma folha, numere-as em subsequência com os


algarismos arábicos (comuns);

21
• Há várias modalidades de relatório: roteiro, parcial, anual, eventual, de
inquérito, de prestação de contas ou contábil, de gestão e administrativo;

• O destinatário deve figurar no canto inferior esquerdo da primeira página,


quando não for encaminhado por um documento.

3.11 – Ata

Ata é o documento que


registra, com o máximo de fidelidade,
o que se passou em uma reunião,
sessão pública ou privada, congresso,
encontro, convenção, assembleias e
outros eventos. Serve para
comprovação, inclusive legal, das
discussões e resoluções tomadas.

Observações

• A redação obedece sempre às mesmas normas, quer se trate de instituições


oficiais ou entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem rasuras e
sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou espaços em branco;

• A linguagem utilizada na redação é bastante sumária e quase sem


oportunidade de inovações, exatamente por sua característica de simples
resumo de fatos. Também, em decorrência disso, os verbos são empregados
sempre no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser evitados os
adjetivos;

22
• A redação deve ser fiel aos fatos ocorridos, sem que o relator emita opinião
sobre eles;

• Sintetiza clara e precisamente as ocorrências verificadas;

• Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as retificações feitas


anteriormente;

• O texto é manuscrito, digitado ou se preenche um formulário existente, como


é usual em estabelecimentos de ensino, por exemplo;

• Para os erros constatados no momento da redação, dependendo do tipo de


ata, emprega-se a partícula retificativa "digo";

• Se forem notados erros após a redação, há o recurso da expressão "em


tempo";

• Os números fundamentais, datas e valores, de preferência são escritos por


extenso.

Exemplo

23
Ata de eleição

No dia sete do mês maio do ano de dois mil e dezesseis, às dez horas da manhã,
ocorreram as eleições do Centro Acadêmico, na Universidade Escolha Certa.
Concorreram, nestas eleições, as chapas “De Braços Abertos” e “De Volta à Luta”.
Durante a eleição, houve trezentos votos de alunos regularmente matriculados nesta
instituição. Entretanto, obteve-se zero voto em branco e cinquenta nulos, digo, cinquenta
e dois nulos. A chapa “De Braços Abertos” recebeu cento e cinquenta votos, a chapa
“De Volta à Luta” teve cem votos. Foi eleita a chapa “De Braços Abertos” para a gestão
de um ano, cujos membros são José Feliciano Filho (presidente), Letícia Sobreira do
Amaral (vice-presidente) e Bruno de Souza Miranda (secretário geral).
Em tempo: o nome correto do presidente é José Feliciano Neto.

Maria Alice Pinheiros (assinatura)


Representante da Comissão Eleitoral

José Feliciano Neto (assinatura)


Representante da Chapa Eleita

Juliana Amorim Cabral (assinatura)


Representante da Gestão Anterior

Proposta de exercício 7

Imagine-se como síndico de um condomínio no qual houve uma reunião para


resolver problemas dos condôminos. Crie situações que foram conversadas e resolvidas
durante esta reunião e escreva uma ata.

24
3.12 – Resumo

O objetivo de um resumo é
apresentar, com fidelidade, ideias
ou fatos essenciais contidos em um
texto. Sua elaboração é bastante
complexa, já que envolve
habilidades como: leitura
competente, análise detalhada das
ideias do autor, discriminação e
hierarquização dessas ideias,
redação clara e objetiva do texto
final. Em contrapartida, dominar a
técnica de fazer resumos é de grande utilidade para qualquer atividade intelectual que
envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias etc.

O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo ao qual se


destina. No sentido exato, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto
original. A ordem como são apresentadas e as articulações lógicas do texto não devem
emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a
uma fração da extensão original, mantendo seus pontos essenciais.

Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser


sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira de fazê-lo é
iniciar com uma frase:

“No texto _____ de _____, publicado em _____, o autor


apresenta/discute/analisa/critica/questiona _____ tal tema, posicionando-se _____”.

Esta forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando,
assim, a compreensão do que segue. Este tipo de síntese valerá se for pertinente, vindo

25
acompanhada de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até
sobre o tema desenvolvido.

Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis:


buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e
fazer uma “colagem”, sob a alegação de buscar fidelidade ao que se está escrito não é
permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de “filtragem”, uma
(re)elaboração. Se for conveniente utilizar algo a mais do que o original (para reforçar
algum ponto de vista, por exemplo), esses devem ser breves. Uma sequência de passos
eficientes para fazer um bom resumo é:

• Ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as ideias que forem
parecendo significativas na primeira leitura;

• Definir o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opinativo,


uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo etc);

• Analisar a ideia principal;

• Identificar a organização, as articulações e o movimento do texto (o modo


como as ideias secundárias se ligam logicamente à principal);

• Reconhecer as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por


exemplo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes
níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se perceberem
subtemas);

• Mencionar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras


vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo
formal, apenas no livre, quando necessário);

• Esquematizar o resultado desse processamento;

26
• Redigir o texto.

Evidentemente que alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros,
dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um
texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível na primeira leitura, apresentará
poucas dificuldades para quem o resume. De todo modo, quem domina a técnica – e
este domínio só se adquire na prática – não encontrará obstáculos na tarefa de resumir,
qualquer que seja o tipo de texto.

Resumos são ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos.


Além disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias
significativas ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir
uma versão resumida de um texto oral.

Proposta de exercício 8

Acesse o site: http://www.releituras.com/biografias.asp

Escolha a biografia de um escritor(a) e escreva um resumo de 15 linhas sobre a


vida e a obra dele(a). Atenção: escreva somente o essencial, não omita informações
importantes, escreva com as suas palavras e não copie do texto da internet.

3.13 – Resenha

Podemos dizer que a resenha é um


resumo crítico no qual é feita uma rápida
análise. Neste tipo de resumo, o autor além
de resumir, irá assumir uma postura crítica
diante daquilo que está relatando. Por isso,
na maioria das vezes, a resenha é escrita
por um especialista no assunto que está sendo tratado. As resenhas de livros, por
27
exemplo, são escritas por quem entende de literatura. O objetivo das resenhas em
jornais e revistas, na grande parte das vezes, é o de divulgar livros, filmes ou eventos. É
também bastante utilizada no meio acadêmico.

Nela deve constar: o título, a referência da obra ou do evento do qual se fala, a


síntese do conteúdo e a crítica. Seu tamanho geralmente se restringe a uma ou, no
máximo, duas páginas, em caso de publicação em revistas e jornais pode ocupar até
metade de uma página.

Quando escrevemos uma resenha, devemos ter em mente que o leitor não
conhece a obra ou o evento de que estamos falando, por isso o resumo é tão importante.
Devemos observar que a nossa opinião deve transparecer e que devemos tentar
convencer o leitor sobre o que estamos falando, entretanto, argumentos também são
importantes, embora não precisemos buscar muitas fontes para isso. A resenha pode
fazer com que o leitor sinta vontade de ler o livro, ou assistir ao filme, a peça, ou o que
quer que estejamos falando ou o/a despreze antes mesmo de conhecer. O mais
importante, geralmente, é despertar a curiosidade do leitor para aquilo que estamos
divulgando.

Importante

1 – Embora tenhamos que deixar bem clara a nossa opinião e posição em relação
ao que está sendo abordado, é importante evitar o uso de termos como: “eu acho”, “eu
penso”, “na minha opinião”, nem qualquer outra marca de primeira pessoa, exceto se
você for alguém muito reconhecido na área. Caso contrário, o melhor a fazer é
generalizar a opinião como se fosse uma verdade universal, isto também é essencial
para que se convença o leitor;

2 – A crítica não deve aparecer no final da resenha após ser feito um resumo. Ela
deve permear em todo o texto.

28
Exemplo
Ensaio sobre a barbárie

Não se pode dizer que Ensaio sobre a Cegueira seja o melhor livro de José
Saramago. No entanto, a obra pode ser considerada especial porque é uma critica ao
egoísmo, ao desprezo humano pela sua própria humanidade, à falta de solidariedade e,
principalmente, ao medo humano.

Saramago trata do sentimento de pavor com extrema ironia, isto é, todos


os personagens no decorrer da história agem por medo, transformando suas atitudes em
ações primitivas. O medo é gerado pela cegueira branca, metáfora inédita que significa
o absoluto, o valor no seu limite e a mudança de condição. Essa brancura coloca em
exposição a pequenez do homem, à mercê de sua mesquinhez escondida sob a capa da
civilidade.

Existe um ditado que diz “em terra de cego quem tem olho é rei”. Na história
esta ideia se concretiza de forma assustadora, pois existe uma única pessoa que pode
enxergar: a mulher do médico. Mas, ao contrário do que reza o dito, nada há de
confortável ou de privilégio em ser o monarca: ela, ao mesmo tempo em que vira uma
válvula de escape para seu grupo, sofre exatamente porque vê as piores
e inimagináveis cenas e fatos que alguém poderia ver. Com maior clareza ela enxerga a
brutalidade, a zoomorfização das pessoas, a barbárie humana em pleno século XX.

29
Esta barbárie humana não é algo novo na história da humanidade: ela já esteve
presente cotidianamente, desde o Egito Antigo, quando Faraós escravizavam pessoas e as
tratavam como animais. Desde então, a situação vem piorando, e um dos exemplos mais
recentes disso é a Guerra do Iraque, na qual os Estados Unidos criou e mantém o
conflito por interesses individuais e em que ações primitivas se mostram quase que sem
constrangimentos pela mídia – estupros, torturas físicas e psicológicas recorrentes. Ensaio
sobre a Cegueira trata desse assunto de uma forma dramática e aterrorizante: o narrador
expõe a animalidade humana sem deixar uma fresta de conforto ao leitor: a cegueira,
súbita e branca contagia, primeiro, um homem que espera um sinal vermelho abrir.
Depois dele, aos poucos, outras pessoas vão ficando cegas e a ”treva branca” se alastra.
Para prevenir que outras pessoas se contagiem, o governo manda um grupo de cegos para
quarentena em um manicômio, onde elas sofrem com a falta de higiene, com a fome, com
a humilhação, com os conflitos internos e externos: de seres civilizados, passam a seres
brutalizados.

Ensaio sobre a Cegueira é uma obra literária que precisa ser lida por reunir a
linguagem filosófica e ao mesmo tempo irônica de José Saramago, que, ao desmascarar o
caráter brutal humano, este a grande desgraça da humanidade, o faz, de forma tocante,
levando o leitor a refletir sobre sua atuação no mundo.

Joana Saar

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/resenhas-finalistas/joana-saar/#comments

Proposta de exercício 9

Faça uma resenha do último livro que você leu ou do último filme que assistiu.
Lembre-se: você deve apresentar o livro ou filme para alguém que ainda não leu ou
assistiu, por isso faça um bom resumo, não omita informações importantes da história.
Sua crítica pode ser negativa ou positiva e deve aparecer desde o começo do texto.

30
3.14 – Poema

O poeta ao produzir uma obra,


normalmente, fundamenta-se em seus
sentimentos e na intenção de expressá-los
para outras pessoas, e escolhe uma forma
que seja ideal. As poesias geralmente são
escritas em versos, passando assim a
serem chamadas de “poemas”, podem ter
rimas e podem se apresentar com
estruturas diferentes em relação à
quantidade de versos.

É importante saber diferenciar a poesia do poema. Podemos dizer que poesia é a arte,
isto é, a capacidade de transformar sentimentos e emoções em linguagem. Já o poema é
uma estrutura, muitas vezes é a poesia colocada em versos. A poesia é muito mais livre
e pode ser encontrada em outros gêneros literários, ela não se restringe a forma de um
poema, podendo estar presente, por exemplo, em uma música, ou ser escrita em prosa
(frases completas, parágrafos, capítulos etc). Assim, também, nem sempre em um
poema encontraremos temas emotivos. Embora a poesia e o poema apareçam, muitas
vezes, ligados um ao outro, e considerados em muitos lugares como sinônimos, é
importante saber que ambos são conceitos diferentes e independentes. Podemos dizer
que poesia é algo abstrato, enquanto que poema é algo concreto, uma maneira da poesia
encontrar forma.

31
Exemplo

Meu Sonho
Parei as águas do meu sonho
Para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
Ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
Não tem coragem de cantar,
Vendo o meu sonho interminável
E a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra
Perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
Porque insisto em te imaginar?
Quando vierem fechar meus olhos,
Talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta
E que vens, se o tempo voltar.

Cecília Meireles

3.15 – Autorização

As autorizações são utilizadas em muitos momentos do cotidiano. Podendo


exercer funções mais complexas como a permissão que um chefe concede a um
funcionário, permitindo a ele determinado ato que influencia no processo de trabalho
dentro de uma empresa. Ou, ainda, pode ter uma função mais simples como a

32
autorização que um pai dá ao filho, menor de idade, para que ele possa fazer algo como
sair mais cedo da escola.

De qualquer forma, as autorizações também devem seguir algumas regras para


que pareçam realmente algo sério e
tenham valor, podendo alcançar o
objetivo a que foram destinadas. Para
tanto, uma autorização deve ter: o
nome do destinatário, o texto, o que o
autor está autorizando, o nome do
autor seguido de sua assinatura, local,
data e identidade.

Exemplo

Autorização

À Diretora da Escola Municipal João Antônio Neto.

Eu, Paulo Menezes, pai do aluno Rafael Menezes da 4ª série do ensino fundamental,
autorizo meu filho a sair da escola, na presente data, uma hora antes do horário
normal, por motivos familiares.

Desde já agradeço,

Paulo Menezes

RG. 25.896.752-8
São Paulo, 20 de maio de 2016.

33
3.16 – Declaração

O próprio nome já diz, usamos uma declaração quando precisamos declarar/


afirmar/comprovar a existência de algo.

Ela se parece com uma autorização no que diz respeito à estrutura. Uma
declaração também deve conter: nome do destinatário; informação que está sendo
declarada, dados do autor; assinatura; data e local.

Exemplo

Declaração

Eu, Paulo Menezes, portador do RG. 25.896.752-8 e do CPF 986.725.745.65,


residente e domiciliado na Av. Cândido do Portinari, 758 – na cidade de São Paulo, na
qualidade de diretor da Escola Paulista de Idiomas, declaro para os devidos fins que
Bruno Ferreira, portador do RG. 45.945.256-3 e do CPF 365.742.684-89, é aluno
regularmente matriculado na Escola de Idiomas Paulista, localizada na Rua Conde
Marachás, 457 – na cidade de São Paulo e frequenta as aulas regularmente.

Atenciosamente,

Paulo Menezes,
São Paulo, 20 de maio de 2015.

3.17 – Redação empresarial e redação para processos seletivos

Como já citamos, na hora de escrever um texto é sempre necessário analisar o


contexto em que ele será redigido, bem como suas funcionalidades e propósitos. Textos
utilizados para fins específicos terão suas características peculiares, buscando sempre
34
atender a função a que se destina. Neste capítulo, vamos falar um pouco a respeito de
textos escritos em ambientes de empresas e, portanto, voltados para o trabalho e textos
escritos em provas de processos seletivos dirigido para noções mais gerais da escrita.

Redação empresarial

Uma redação redigida no interior


de uma empresa certamente tem objetivos
definidos e um assunto específico. Ela
normalmente demanda um vocabulário que
também seja específico e atenda às necessidades
da empresa.

Uma empresa voltada para a administração usará termos desta área, um local de
trabalho ligado ao ramo da saúde, dependerá de palavras específicas deste meio e assim
por diante.

No entanto, apesar das peculiaridades de cada uma, todas as redações devem


continuar seguindo passos e características fundamentais de todo texto, como a
uniformidade, a objetividade, a coerência e a coesão.

Como obter uniformidade

Quando falamos em correspondência na empresa (principalmente nas grandes),


falamos automaticamente em uma quantidade gigantesca de papel, em uma enorme
massa de informações a serem produzidas diariamente, em uma diversidade respeitável
de destinatários: órgãos públicos, empresas coligadas, prestadoras de serviços, revendas
e público interno. Isso, naturalmente, ainda envolve peculiaridades regionais, formações
profissionais distintas, níveis de escolaridade (os mais diversos possíveis), afora o
sempre decantado estilo pessoal.

35
Não há, portanto, outro caminho que não o da busca da uniformidade, sem a qual
os textos produzidos se transformam em verdadeira “Torre de Babel”. Como então obtê-
la?

Uniformidade quanto à seleção do vocabulário

Os textos gerados na empresa devem permitir uma única interpretação. Portanto,


a palavra a ser utilizada deve:

• Ser de uso comum ao conjunto de usuários do idioma;

• Ser simples e menos rebuscada possível;

• Ser capaz de informar com o máximo de precisão e objetividade.

Sendo assim, faz-se necessário que evitemos os seguintes atos:

1. Neologismos (inventar palavras) – A linguagem oral, por sua natureza


dinâmica, incorpora automaticamente todos os tipos de transformações das quais
passam a sociedade. Já a linguagem escrita tem um compromisso de preservar
hábitos culturais, que permitam que os usuários se comuniquem por intermédio
de um único idioma.

É natural, portanto, que a linguagem escrita incorpore as inovações e as


transformações de forma mais lenta, impedindo que a comunicação entre os
falantes fique prejudicada. O neologismo deve ser substituído por palavras
dicionarizadas ou de uso consagrado.

2. Clichês e lugares comuns – Uma redação empresarial não deve incorporar


coloquialismos, cuja repetição transformou algumas expressões em frases feitas,
caricaturais e provincianas. Os clichês só contribuem para tornar o texto pesado,

36
vicioso e, consequentemente, pouco expressivo.

Nem por isso, as redações empresariais devem ser construídas com


vocabulário de difícil acesso ou entendimento. Como já dito, todo texto tem que
ser claro e objetivo.

E-mail empresarial

Assim como na redação, um e-mail


empresarial também deve seguir algumas regras.
A maioria das pessoas está habituada com a
linguagem informal utilizada na internet e, na
hora de escrever um e-mail corporativo, acaba
por pecar em alguns aspectos, usando uma
linguagem inadequada para o ambiente de
trabalho. Pode não parecer, mas escrever um e-
mail também pode exigir cuidados.

Ao escrever um e-mail relacionado ao trabalho, devemos ficar atentos à


linguagem. Não podemos utilizar abreviações, gírias ou recursos da internet como
emoticons. Devemos finalizá-lo com uma saudação (Atenciosamente/Cordialmente),
colocando nosso nome e o setor do qual trabalhamos na empresa.

Redação para processos seletivos

Quanto aos processos seletivos, vamos


continuar utilizando a norma-padrão da língua
portuguesa, porém com vocabulários mais gerais e
menos específicos. Os assuntos abordados para
vestibulares e concursos públicos costumam estar na
mídia e sempre colocados através de uma linguagem
mais universal, para que todos os tipos de leitores possam compreendê-los. Em um

37
processo seletivo, também temos que partir do princípio de que não conhecemos o
nosso leitor e, portanto, torna-se necessário escrever um texto acessível aos mais
diversos públicos.

Sendo assim, o segredo é seguir as regras básicas expostas até o momento, ou


seja, ser claro, objetivo, conciso, coerente e coeso.

3.18 – Linguagem da internet

A internet é um dos meios de


comunicação mais acessados
mundialmente. Sabemos que o uso da
linguagem na internet passa por um
processo de simplificação
exacerbada, já que não há muitos ou
quase nenhum critério sobre o modo
de escrita de nossa língua. Nem ao
menos existem regras estabelecidas
para tal tipo de linguagem presente no Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp, entre
outros meios. O que podemos destacar é que esse modo de escrever interfere até mesmo
na escrita de um simples e-mail.

Muitas vezes, somos analisados pela maneira que escrevemos, seja em um e-


mail, em trabalhos escolares ou acadêmicos, no trabalho, em uma disputa por uma vaga
de emprego ou de vestibular, e estas são as ocasiões onde o problema reside.

O “internetês”, ou melhor, esta linguagem com abreviações, letras trocadas por


números, figuras, símbolos, palavras sem acentuações, frases sem as devidas
pontuações, estão saindo das redes sociais e sendo incorporadas, quando não se deveria,
no cotidiano das pessoas. Devemos estar cientes de que o “internetês” não pode
substituir a norma-padrão da língua quando apenas esta última couber.

38
• Blog

Para manter um blog, é necessário ser o mais criativo possível e, é claro,


escrever muito bem! Tudo que é postado neste espaço deve atrair a atenção do leitor,
sendo que tanto o conteúdo multimídia quanto a parte escrita devem zelar pela
qualidade. Vejamos, abaixo, alguns pontos importantes para quem deseja criar um blog:

1. Planejar e pesquisar os conteúdos que serão inseridos na página. Para isso,


devemos ter em mente qual será o assunto tratado pelo blog.

2. Um post tem que ter um título criativo, assim como subtítulos, links internos ou
externos, imagens, botões de compartilhamentos em redes sociais, entre outras
ferramentas;

3. Focar no público-alvo, em seus interesses, etc;

4. Usar imagens que correspondam com a parte escrita;

5. Escrever sobre o que gosta e, principalmente, conhece.

6. O conteúdo deve ser de autoria própria. Caso seja necessário ou interessante


postar material de terceiros, é imprescindível citar a fonte.

7. Interagir com o público;

8. Fazer revisão do conteúdo (é importante observar sempre a língua portuguesa) e


abastecer o blog com novas informações periodicamente;

9. Zelar por uma boa redação, evitando erros.

• E-mails

39
Devemos estar conscientes que o e-mail é um documento e a boa comunicação
no uso desta ferramenta é fundamental: seja no ambiente corporativo, no qual devemos
escrever de maneira mais formal, ou quando enviamos uma mensagem a um amigo,
escrevendo informalmente.

Na elaboração de um e-mail, em primeiro lugar, devemos ser educados e gentis


com a pessoa que vai recebê-lo. Cabe lembrarmos que e-mails profissionais são
documentos formais e a informalidade pode até existir, se formos muito próximos de
quem irá receber a mensagem, mas agir com bom senso, sem exageros, é fundamental.
Vale destacarmos que em hipótese nenhuma em e-mails formais devemos utilizar a
linguagem da internet – internetês –, comum das redes sociais. Tal conduta denota falta
de profissionalismo.

O e-mail, seja para qual for sua finalidade, deve ser claro e objetivo. Somente
em algumas eventualidades poderemos prolongar o assunto, isso dependerá muito do
assunto em questão. Escrever o texto todo em caixa alta (letras maiúsculas) representa
indelicadeza de quem escreve, por isso, evite escrever desta maneira.

No campo “assunto”, o título deve ser objetivo, e caso haja a presença de


anexos, é de bom tom informar sua existência no corpo do email. Ao final do e-mail,
nós usaremos os termos “Atenciosamente” ou “Cordialmente” como demonstração de
respeito à pessoa que o recebe; logo abaixo coloque seu nome completo, seu cargo, sua
empresa e seu telefone (opcional).

• Redes Sociais

Hoje em dia, é muito comum que as empresas, em seus processos de


recrutamento e seleção, utilizem as redes sociais para saberem informações dos
candidatos através de seus perfis. Obviamente, o que acontece é um prejulgamento
sobre a imagem do candidato, sendo que tudo é analisado: desde as imagens postadas,
sua visão política, o que curte, e até o que escreve ou compartilha.

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A dica é evitar excessos nas redes. Outra maneira de se defender é fazer uso das
ferramentas de bloqueio, evitando que todos saibam o que você posta.

41
Unidade 4 – Conteúdo Complementar

4.1 – É quase igual, mas faz toda diferença

Agora, vamos esclarecer algumas


dúvidas ortográficas que são muito comuns e
que se cometidas podem “sujar” seu texto,
além de poder conferir um sentido diferente
do que desejamos àquilo que foi escrito.
Erros desse tipo são muito malvistos por
quem entende e analisa redação.

1. Por que x Porque/Por quê x Porquê/Porque x Porquê

Usa-se a forma por que:

a) Sempre que for possível acrescentar: motivo, causa, razão, coisa:

• Não sei por que (motivo) eles brigaram.


• Por que (razão) eles saíram?
• Por que (coisa) você se interessa no momento?
• Por que (causa) você luta?

b) Sempre que for possível substituir por uma das expressões: pelo qual, pela qual,
pelos quais e pelas quais:

• Esta é a razão por que (pela qual) eu não saí ontem.

Usa-se a forma porque:

a) Geralmente introduzindo explicação ou causa:

42
• Não reclames, porque é pior.
• Faltou à aula porque estava doente.

b) Nas orações interrogativas em que a resposta já é sugerida:

• Você não veio porque estava doente?

Usa-se a forma por quê:

a) Quando se refere a uma dúvida ou pergunta e antecede pontuação:

• Mário saiu e não disse por quê?


• Por quê? Você não acredita em mim?
• Não sei por quê, mas acho que fui enganado.

Usa-se a forma porquê:

a) Quando é substantivo, pode ser substituído por “motivo” ou “causa”:

• Ele não veio e ninguém sabe o porquê.


• O porquê de sua desistência ninguém ficou sabendo.

2. Senão/Se não:

Usa-se a forma “senão” equivalendo a:

a) Do contrário: Saia daí, senão vai se molhar.


b) A não ser: Não faz outra coisa senão reclamar.
c) Mas sim: Não teve a intenção de exigir, senão de pedir.
d) Defeito, falha: Houve um senão em sua exposição.

Usa-se a forma se não:


43
a) Igual a “caso não”:

• Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora.

b) Introduzindo oração com conjunção integrante:

• Perguntou se não era tarde.

3. Há/a/a/à

a) A forma há equivale ao verbo haver, indicando tempo decorrido. Neste caso, não
existe plural. Pode ser substituída por “faz”.

• Não o vejo há (faz) 15 dias.


• Há quatro anos ele foi eleito como prefeito.

Observação

Não use o advérbio atrás seguido de há. Isto é redundante e é considerado um


erro. A forma há também pode corresponder a “existe”, neste caso não se faz
concordância:

• Há, pelo menos, cinco lojas de roupa nesta rua.

b) A forma a é preposição, indicando futuro ou distância geográfica:

• Sairei de casa daqui a duas horas.


• Moro a dois quilômetros da escola.

A forma a também corresponde ao artigo definido utilizado antes de palavras


femininas no singular:

44
• A Maria não volta mais aqui.

c) Ah é uma interjeição. Esta forma é utilizada quando queremos expressar algum


sentimento ou emoção:

• Ah, que alívio! Pensei que nunca fosse conseguir chegar até aqui.

4. Nenhum/Nem um

a) Nenhum é empregado como antônimo de “algum”, significa “nulo”,


“inexistente”:

• Entrou na casa sem que nenhum morador o notasse.

b) Nem um equivale a “nem um sequer”, nem um único:

• Nem um morador do prédio apareceu para a reunião.

5. Afim/A fim

a) Afim significa “semelhante”, “relacionado”:

• Temos gostos afins.

• Vou à papelaria comprar caderno, lápis e afins.

b) A fim (de) equivale a “para”, “com o propósito (de)”, “com a intenção (de)”:

• Procurei-o a fim de conversar.

Observação
45
A fim (de) também tem sido usado com o propósito de dizer que se está
“interessado” por alguém ou com “vontade” de fazer alguma coisa:

• Jorge está a fim daquela garota que conhecemos semana passada no bar.
• Estou a fim de ir ao cinema.

6. À medida que/Na medida em que

a) À medida que = à proporção que:

• Alfredo construía a casa à medida que recebia as comissões.

b) Na medida em que = considerando que:

• Na medida em que não sou rico, não posso comprar um carro novo.

7. Ao encontro de/De encontro a

a) Ao encontro de indica conformidade, acordo:

• Os governantes deveriam ir ao encontro das necessidades do povo.

b) De encontro a indica oposição, conflito:

• Infelizmente seu pedido vai de encontro a nossas posses.

8. Aonde/Onde

a) Aonde deve ser usado com verbos que indicam movimento:

• Aonde (para onde) você vai?

46
b) Onde refere-se a lugar físico:

• A casa onde mora é bonita.

9. Ao invés de/Em vez de

a) Ao invés = ao contrário de:

• Ao invés de virar à esquerda, virou à direita.

b) Em vez de = no lugar de:

• Em vez de tomar leite, tomou chá.

10. Mal/Mau

a) Mal é antônimo de bem:

• Ele procedeu mal.


• Qual é a origem do mal?

Observação: Também pode ser conjunção temporal (= LOGO QUE):

• Mal deixou a casa, bateram à porta.

b) Mau é antônimo de bom:

• Sempre foi mau pagador.


• O mau tempo atrapalhou.

11. Tampouco/Tão pouco


47
a) Tampouco é advérbio. Significa também não:

• Não realizou a tarefa, tampouco apresentou qualquer justificativa.

b) Em tão pouco temos o advérbio de intensidade tão modificando pouco, que pode
ser advérbio ou pronome indefinido:

• Tenho tão pouco entusiasmo pelo trabalho!

12. Cessão/Sessão/Seção (Secção)

a) Cessão: ato de ceder:

• João fez a cessão dos seus direitos autorais.

b) Sessão: intervalo que dura uma reunião:

• Assistimos a uma sessão de cinema.

c) Seção ou secção: parte de um todo.

• Lemos à notícia na seção (ou secção) policial.

13. Mais bem/Melhor

a) Mais bem: usa-se antes de verbo no particípio:

• São os alunos mais bem preparados do colégio.

b) Melhor: usa-se antes de verbo que não esteja no particípio ou outras


palavras:

48
• São bem melhores do que nós.

14. Demais/De mais

a) Demais é advérbio de intensidade e equivale a muito:

• Elas falam demais.

Também pode ser usado como substantivo, significando “os restantes”:

• Chegaram 11 jogadores para jogar; os demais ficaram no banco.

b) De mais é locução prepositiva e possui sentido oposto a de menos:

• Não haviam feito nada de mais.

15. Mas/Mais

a) Mas é usado para dar sentido de adversidade:

• O menino estava feliz, mas chorou ao se machucar.

b) Mais é usado para dar sentido de intensidade e, como contrário de menos, indica
quantidade:

• O menino pediu que lhe dessem mais chocolate.

49
4.2 – A escrita de números

Em diversas situações nos vemos


obrigados a escrever números. Escrever “2” ou
“dois”? “2 milhões” ou “2.000.000”? Vejamos,
abaixo, algumas regras simples que
padronizam a escrita de números e que
facilitam a leitura:

1. De um a dez, escrevemos por extenso, de 11 em diante, em algarismos, com exceção


em início de frase. Esta regra se aplica também aos numerais ordinais:

• Duzentos estagiários serão demitidos.


• O décimo segundo da lista desistiu.

2. Cem, mil, milhão, bilhão, etc, devem vir por extenso:

• O efeito sobre o balanço foi um custo adicional de US$151 milhões.


• A Petrobras tem uma dívida de R$332 bilhões.

3. Escrevemos em algarismos quando números abaixo e acima de 11 estiverem lado a


lado:

• Serão convidadas de 6 a 15 pessoas.

4. Com mil, milhão, bilhão, trilhão prefira a forma mista:

50
• Já consultamos 3 mil revendas.
• A arrecadação alcançou R$2.362 trilhões. A despesa estimada era de R$760
bilhões, mas o pagamento dos atrasados onerou a folha.

5. Para evitar dúvida, especificar sempre a ordem de grandeza dos números:

• Este mês, as solicitações das revendas de Altamira giraram em torno de 200


mil a 500 mil litros.

6. Com números quebrados usa-se algarismos:

• A média será de R$1 milhão para cada ex-servidor, contra R$133.333,00


dos aposentados e pensionistas do setor privado.

7. Nas datas, número de páginas, horas, não utilizar ZERO antes do número:

Errado Certo
08 horas 8 horas

página 05 página 5
dia 03 dia 3

8. Usar sempre algarismos em:

– Tabelas, relatórios que envolvem cifras e quadros estatísticos.

– Horas, minutos e segundos, exceto quando a hora indica período de tempo:

• A reunião levou quatro horas.

– Datas em geral, inclusive quando forem nomes de logradouros:

51
• 12 de outubro de 1992.
• Avenida 9 de julho.

– Porcentagem, pesos, dimensões, grandezas, medidas e proporções em geral:

• 252, 200 ha, 500 kg...

– Números que indiquem capítulos, folhas ou páginas:

• Folhas 35 e 36, Capítulos 1 e 12.

– Seriação de eventos:

• 3° Simpósio de Revendas, 2° Congresso de Derivados de Petróleo.

– Não existe hífen nos ordinais:

• Vigésimo terceiro.

– Na numeração de cláusula de um acordo ou contrato, de artigos ou parágrafos de leis,


use: de 1 a 9 numerais ordinais; de 10 em diante, numerais cardinais.

• Cláusula terceira.
• Cláusula vinte e nove.

9. Para escrever por extenso 1.000, o correto é “mil”. Alguns bancos exigem a escrita de
“um mil” ou até “hum mil” em cheques, com o intuito de evitar fraudes, porém, este
modo de escrever não é considerado na norma padrão do português:

• Mil reais.
• Dois mil reais.
52
4.3 – Faça as devidas referências

Quando falamos em texto escrito,


existe um perigo muito grande em relação ao
que chamamos de plágio, que nada mais é que
se apropriar de uma produção intelectual
alheia. Tomemos muito cuidado, pois isto é
muito grave! Podemos inclusive ser punidos,
ou em caso de concursos ou provas, sermos desclassificados. Cabe não copiarmos
textos ou partes de textos de alguém sem citarmos o devido autor. Esta medida nos
livrará de possíveis acusações de plágio.

Citações são muito bem-vindas em relação a reforço de argumento, pois


provamos que há base para aquilo que estamos falando, basta utilizá-las corretamente.
No Brasil, foi criada a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que regula e
padroniza as referências. Vejamos algumas dicas simples que devemos sempre seguir
em nossas redações:

• Sublinhar, colocar entre aspas, ou se for digitado, colocar em itálico os títulos de


obras;

• Colocar entre aspas ou em itálico as falas de outras pessoas, seguidas do nome e


sobrenome do autor;

• Em um trabalho acadêmico nunca se esquecer de colocar a bibliografia no fim


do trabalho com as devidas referências de todas as fontes que utilizar;

• Mesmo que não copie literalmente as palavras de um autor, se fizer referência às


ideias de outra pessoa, deve-se citá-la. Toda vez que não se cita um autor fica
subentendido de que aquelas ideias são nossas. Tomemos cuidado;
53
• Se copiar literalmente um texto publicado, use aspas indicando o nome do autor,
fonte e ano de publicação;

• Ao utilizar as ideias de alguém, mas sem copiar exatamente as palavras, não usar
aspas, mas indicar o nome do autor, a fonte e o ano de publicação;

• Em uma citação direta (quando se usa as exatas palavras do autor) com até três
linhas, insira a citação em seu próprio parágrafo, entre aspas. E, entre parêntesis
coloque o sobrenome e nome do autor, seguido do ano de publicação e página.
Exemplo

Segundo Carlos Heitor Cony, “O crime, para o burguês, só não compensa


quando a polícia está contra.” (2000 p.270).

Bibliografia:

“Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, pág.
270.

• Se a citação ultrapassar três linhas, o correto é pular uma linha, destacando a


citação do parágrafo com recuo maior da margem esquerda e fonte menor.

• Modelo de referência bibliográfica:

SOBRENOME, Nome do autor. Título da obra resenhada. Cidade: Editora, ano da


publicação. Número de páginas.

4.4 – Perigos evitáveis em uma boa redação

54
É longo o caminho para se escrever bem,
mas há um conjunto de regrinhas simples que
ajudam a errar menos nesta importante atividade.
Vejamos algumas das coisas que você pode evitar.

1. “Não sei bem o que dizer da especialização


precoce dos jovens, mas a eliminação do juvenil
do Corinthians foi também muito precoce no
campeonato!”

Está aí um bom exemplo de “bola fora”. Comece sua redação lendo com atenção
a todos os elementos que o examinador apresentou para você utilizar. Procure ver se
realmente entendeu o que se pede. Pense em um caminho, faça um esquema se preferir
e veja se você não está forçando ou inventando algo fora do contexto.

2. “Esse tipo de gente merece ser exterminada”

Radical demais, não parece? É até grosseiro. Nas dissertações, como


recomendação geral, evite os riscos desnecessários de posições extremistas. Atente-se
ao fato de que algumas dessas posições podem até mesmo vir a configurar crime, como
injúria ou racismo. Vale a pena procurar desenvolver um texto equilibrado, mostrando
as coisas de forma ampla e assumindo posições sem partidarismos extremos.

3. “De uma perspectiva pedagógica e heuristicamente enviesada, o numerário foi


ínfimo.”

Ao ler esta frase, percebemos que escrever com clareza é muito importante,
afinal, o leitor deve entender o que você escreveu (especialmente os examinadores).
Não use palavras que você acha bonitas, mas não entende o que significam. A frase
acima não é apenas complexa, apesar de usar termos que existem, ela é desprovida de

55
sentido. Uma técnica que poderia ajudar seria colocar-se no lugar do leitor. Ele
entenderia seu argumento?

4. “Fazem muitos anos que eu queria isso/ Se ela quiser deixar isso para mim fazer/
A muito tempo estou afins”

Evite erros básicos. Sugerimos que faça um exercício: corrija os erros que estão
em destaque vermelho nas frases entre aspas. Fuja de palavras de grafia duvidosa,
prefira utilizar termos cujo significado você conhece. Respeite a gramática e as regras
de grafia. Isso é fundamental.

5. Escreva um texto limpo e organizado.

A limpeza é muito importante em um texto. Procure manter uma letra razoável e


não utilizar corretivo líquido e borrachas em excesso; caso contrário, seu texto pode
ficar em segundo plano diante da desorganização e do excesso de correções. Afastar
pedras do caminho não constrói a boa redação, mas certamente evita que você
comprometa seu trabalho.

4.5 – Evite erros comuns

Dentre as falhas mais comuns encontradas


em textos dissertativos, podemos citar o uso de
coloquialismos, ausência de organização das
ideias, ambiguidades, vocabulário impróprio e
conectivos mal utilizados. Vejamos mais algumas
falhas possíveis:

Período longo demais

56
Exceto em situações onde não é possível diminuir seu tamanho, ao escrever
devemos evitar períodos longos demais. Muitas informações em um só período quase
sempre resultam em falta de clareza e ambiguidade.

"É segundo esta noção de projeto que vamos, a partir desta visão humanista da
problemática urbana – sem deixar de levar em consideração as nossas condições de país
de formação colonial – analisar os projetos de cidade expressos nos trabalhos de
diversos órgãos federais." (período mal construído).

Correção: Vamos analisar os projetos expressos nos trabalhos de diversos


órgãos federais, a partir de uma visão humanista da problemática urbana.

Problemas de significado e construção

“Era um belo sábado, uma noite muito agradável onde um lobo uiva no alto da
colina dos Andes, demonstrando estar solidário ou anunciando sua solidão[…]”
(redação de aluno)

O trecho acima, extraído de uma redação de vestibular, apresenta alguns


problemas de significado e de construção:

a) uso inadequado da palavra onde;


b) imprecisão vocabular de solidário em lugar de solitário.

4.6 – Dicas importantes

1. Ler com atenção o tema proposto para não correr o risco de receber uma nota baixa
por ter se afastado do tema.

57
2. Planejar o texto ajuda a desenvolver o
raciocínio, definindo a ideia central e o objetivo,
estabelecendo uma linha de argumentação e uma
conclusão;

3. Evitar usar letra de forma, que dificulta a


distinção entre maiúsculas e minúsculas. Uma
boa grafia – legível e sem floreios – é
fundamental.

4. Não usar expressões como “eu acho”, “eu penso” ou “quem sabe”, que demonstram
dúvidas nos argumentos;

5. Sejamos claros: evitemos usar palavras difíceis que possam prejudicar a compreensão
do texto. Tenhamos em mente que a redação deve se destacar pela unidade, clareza,
coerência e concisão;

6. Procure não utilizar palavras cuja grafia você não tem certeza.

4.7 – Como melhorar seu desempenho em processos seletivos

De nada adianta a “decoreba”,


que pode ser deletada pela memória a
qualquer instante. O lance é encontrar um
bom método de estudo, que valorize o
raciocínio e a associação de ideias. Só
assim, as informações vão desembarcar
em nosso cérebro para ficar
permanentemente. Mas não existem
fórmulas prontas: cada pessoa tem seu

58
estilo, cada um sabe de que forma rende mais. Vejamos a seguir, algumas dicas que
podem melhorar a sua vida:

1. Um pouco de ordem na bagunça não vai fazer mal a ninguém, ao contrário, mantendo
o local de estudo arrumado, nos sentiremos mais animados em estudar, e também
encontraremos mais facilmente a borracha, a régua e tudo mais que precisarmos;

2. Organizar as matérias em pastas, onde também poderemos colocar recortes de jornais


e outros materiais estratégicos;

3. Determinar quantas horas reservaremos diariamente para estudar e fazer uma grade
de matérias de acordo com esse tempo, tentando cumprir este horário;

4. Descobrir em qual período nós estamos mais dispostos e reservar esse horário para
estudarmos;

5. Relacionar pelo menos duas disciplinas diferentes para um mesmo dia e programar
intervalos entre elas. Assim, também, quando cansarmos ou não estivermos entendendo
uma, podemos aproveitar a outra;

6. Reconhecer limites indo até onde render o nosso máximo. Quando precisarmos de
uma pausa, não deixemos que o intervalo ultrapasse 15 minutos, senão a preguiça
aparece ou a concentração vai para o espaço;

7. Quando retomarmos a jornada, cabe recomeçar com uma matéria diferente;

8. Estudar as matérias das quais temos mais dificuldade enquanto estivermos com a
cabeça fria;

9. Depois de uma aula ou de ler um conteúdo, cabe revermos o que foi transmitido;

59
10. É necessário realizar todos os exercícios propostos. Pular exercícios devido a
dúvidas não é uma boa prática, e pode ser que essas dúvidas reapareçam mais à frente.

11. Passe a utilizar o dicionário. Se não soubermos o significado de alguma palavra ou


tivermos dúvidas quanto sua grafia, este é um instrumento muito útil.

12. Ao fazer cursinho, devemos estar atentos às datas do plantão de dúvidas e das aulas
de reforço.

4.8 – Os dez mandamentos de um bom texto

Escrever requer imaginação e


familiaridade com as palavras. Para isso, o
melhor que podemos fazer é praticarmos muito,
adquirindo o hábito de escrever desde bilhetes,
até um diário. Leia abaixo 10 dicas de Francisco
Platão Savioli, coordenador de Gramática e
Redação, e Eduardo Calbucci, professor de
Literatura do Anglo Vestibulares.

1.Não fuja do tema em questão

Toda redação propõe um tema de improviso para debater. Fugir dele é revelar
que não compreendemos o pedido ou arriscar a sorte, reproduzindo um texto decorado.
Ambos os casos são motivos para anular a redação. Por isso, devemos reservar uma
parte do tempo para compreender a proposta. Toda redação começa pela interpretação
das ideias contidas no texto sugerido.

2. Respeite o tipo de texto proposto para abordagem do conteúdo

60
Escrever uma narração em lugar de uma dissertação ou produzir um poema em
vez de um texto em prosa também pode levar à anulação da prova. Como a maioria dos
vestibulares exige uma dissertação em prosa, é essencial conhecermos as características
desejáveis em um texto dissertativo.

3. Opine com argumentos em vez de jurar sinceramente

Todo texto deve revelar a opinião do seu produtor. Mas, além de escrevermos o
que pensamos, será preciso encontrar argumentos para sustentar o nosso ponto de vista.
Aí sim, conseguiremos a adesão dos interlocutores.

4. Leve em conta e comente as opiniões contrárias

Para defender um ponto de vista com eficiência, devemos ter conhecimentos


sobre o tema e sobre as diversas opiniões existentes a este respeito.

5. Não caia em contradição

Devemos evitar incoerências. Se o texto começa defendendo uma determinada


opinião, espera-se que ele continue fazendo esta defesa até o fim.

6. Não permita que as palavras não correspondam com a sua intenção

Em toda cultura existem lugares-comuns, ideias prontas, clichês e preconceitos


que se insinuam no discurso de quem fala ou escreve. Devemos nos policiar, sem jogar
no papel aquilo que não tenha passado antes pelo raciocínio crítico.

7. Respeite as normas da língua padrão

A não ser em casos muito específicos, em que se pode recorrer à variante


informal, espera-se que a redação do vestibular ou de qualquer outro processo seletivo
obedeça aos preceitos da norma-padrão escrita.

61
8. Nunca se esqueça de dar um título ao seu texto

A menos que a prova diga que não é necessário criar um título, sempre devemos
fazê-lo. Uma redação sem título é algo que o corretor percebe de imediato.

9. Tome cuidado com as repetições

Diversifique seu vocabulário e evite utilizar palavras repetidas. Isto representa


um erro de coesão e pouco vocabulário, podendo dar uma visão negativa à redação.

10. Leia constantemente

Não podemos nunca deixar de ler. Leia sempre um livro, uma história em
quadrinhos, revistas ou artigos de jornais. A leitura ajuda a enriquecer o vocabulário,
aumentando cada vez mais a familiaridade com a língua portuguesa em sua forma
escrita.

4.9 – Dicas de redação para o Enem

Fonte: http://enemenem.com.br/

62
Para se sair bem na redação do Enem, é importante que o candidato tenha uma boa
argumentação e que suas informações sejam coerentes e coesas do início ao fim do
texto.

O texto de redação do Enem segue o modelo dissertativo-argumentativo, que deverá


ser elaborado em no máximo 30 linhas. O texto dissertativo é aquele no qual redigimos
sobre um assunto, ao mesmo tempo em que explicamos e descrevemos os fatos. Junto
com a argumentação, precisamos defender uma opinião e tentar convencer o leitor
através de argumentos, usando elementos concretos e contundentes

Abaixo, seguem alguns pontos que podem prejudicar o candidato desatento:

• Fugir da proposta e do estilo de redação proposto pela banca organizadora;

• Entregar a folha em branco;

• Não respeitar a quantidade de linhas pedidas;

• Desenhar, rasurar ou colocar conteúdos impróprios na folha;

• Desrespeitar os direitos humanos (sempre proponha uma solução para os


problemas apresentados);

• Não escreva em 1ª pessoa (eu), o correto é escrever na 3ª pessoa do singular ou


do plural (ele, ela; eles, elas), ou seja, os verbos, pronomes etc, deverão aparecer
desta maneira;

• Não use termos, como: “nós achamos”, “em nossa opinião”, “não estamos certos
que...”, “nós duvidamos”, entre outros. Estes termos, entre outros parecidos,
passam insegurança e falta de domínio sobre o tema;

63
• Coloque o título somente se o enunciado pedir, caso contrário comece a redigir o
texto direto.

Última proposta de exercício

Abaixo, você encontrará seis temas propostos para redações de vestibular,


escolha três deles de sua preferência, elabore seus textos e os envie para correção.

Temas de redação para treino

• Zika, chikungunya e dengue: o impacto dessas doenças na sociedade urbana,


como combatê-las, o que as faz tão fortes;

• Avanços tecnológicos: com a tecnologia avançando a cada dia de maneira mais


rápida, é possível que tal tema seja abordado, bem como a exploração dos lados
bons e ruins da evolução das tecnologias no mundo;

• Mobilidade urbana: problemas com o transporte público, impacto ambiental e a


relação dos táxis com as empresas privadas de transporte;

• A violência contra a mulher na sociedade: tema abordado na prova do ENEM


de 2015, foi amplamente discutido e bastante controverso;

• Homofobia: após surpreender no tema do ENEM 2015, é possível que outros


temas de cunho social sejam abordados daqui pra frente;

• Terrorismo: por que esta prática está em alta novamente? Qual é a sua
implicação na liberdade de expressão e religiosa de diferentes povos no mundo?

4.10 – Análise de redações

Agora, vamos fazer a análise de duas redações para vermos exemplos de bons
textos. Vamos ficar atentos para todos os aspectos estudados até aqui e identificá-los.

64
1. Análise

Esta redação foi retirada de uma prova do Enem, que teve como temática a
“leitura”. Vamos ver os aspectos positivos e negativos nela existentes.

Redação
Quadro Negro

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes


diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória
importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação
histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.

Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-
se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das
anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm,
sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutemberg, muito
devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação
adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.

A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a


reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma
frequente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao
redor não se modifique com essa capacidade adquirida.

Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante,


precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e
gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca
terminamos de transformar e sermos transformados.

A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida,


porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar.

65
Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro
Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, autores,
repleto de transformação e de vida.

Análise

1º Parágrafo

Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes


diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória
importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação
histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.

Perceba que a introdução deste texto foi muito bem escrita. O candidato iniciou
o assunto citando um importante autor da literatura brasileira, foi claro e objetivo, além
de não ter cometido erros gramaticais. O escritor também conseguiu dar uma ideia para
o leitor sobre o que trata o seu texto. Além disso, ele faz uma afirmação a respeito da
relevância da escrita. Fiquemos atentos e vejamos que esta afirmação será defendida no
próximo parágrafo, o que dá coerência e “amarração” ao texto (coesão).

2º Parágrafo

Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-
se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das
anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm,
sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito
devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação
adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.

Aqui o candidato mais uma vez cita o nome de escritores, o que demonstra que
ele é bem informado e tem conhecimento sobre o que está falando. Essas citações ainda
servem para defender a afirmação feita anteriormente sobre a importância da escrita. Ao

66
citar autores renomados, ele se utiliza de um argumento consistente. Neste parágrafo,
ele também continua a ser claro e objetivo, iniciando a parte que corresponde ao
desenvolvimento do seu texto de maneira positiva.

3º Parágrafo

A aquisição de ideias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a


reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma
frequente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao
redor não se modifique com essa capacidade adquirida.

Percebamos que o autor do texto é coerente todo o tempo. Neste parágrafo, ele
acrescenta um elemento (a reflexão) que serve para reforçar a afirmação feita no
primeiro parágrafo sobre a importância da leitura. Ao citar outro benefício trazido pelo
ato de ler, ele mais uma vez defende o seu ponto de vista.

4º Parágrafo

Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante,


precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e
gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca
terminamos de transformar e sermos transformados.

Aqui o candidato reflete sobre outros elementos também ligados à leitura e


prepara o texto encaminhando-o para uma possível conclusão.

5º Parágrafo

A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida,


porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar.
Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro

67
Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, autores,
repleto de transformação e de vida.

Vejamos que na sua conclusão, o autor do texto confere uma “amarração” a tudo
o que foi dito anteriormente e, mais uma vez, cita o nome de autores renomados para
conferir autenticidade às suas afirmações e argumentações.

2. Análise

O texto a seguir foi retirado de uma prova de vestibular da FUVEST, que teve
como temática “a tecnologia e a informação”. Vamos fazer mais uma análise?

Redação

Desregramento Tecnológico

O progresso e as inovações tecnológicas resultaram da necessidade do homem


dinamizar-se através da diminuição das dimensões temporais e geográficas. Para tanto,
o processo de globalização propiciou o surgimento de um mundo digital apto a
disponibilizar toda a informação necessária ao progresso do homem. No entanto, a
mesma tecnologia que informa, aliena; e, à medida que cresce a velocidade das
mudanças, aumenta a massificação e dependência do mundo digital.

Embora a informação seja um direito defendido a todos, é pequeno o número de


pessoas no mundo com total acesso às tecnologias provedoras de notícias e a sua
compreensão. Isso porque o surgimento das novas tecnologias é um bem perpetuador do
conhecimento àqueles que já a acessam e um fator de maior atraso àqueles sem o poder
aquisitivo de acompanhar as inovações. Assim, o louvor incondicional às mudanças e a
celebração da velocidade com que ocorrem, deveriam ser mais criticamente observados
e acompanhados de reformas às tradicionais fontes.

68
Contudo, aos próprios com acesso à digitalização, confere-se outra problemática:
o mal uso dos bens eletrônicos. A exemplo disso tem-se a massificação e a
desinformação causada pela internet, decorrentes da propagandagem e de fontes
imprecisas nela presentes. Nesse contexto, mesmo as boas iniciativas, como a
disponibilização à Biblioteca Nacional Brasileira, são ofuscadas em meio ao excesso de
informações, responsável por conduzir pesquisas à imprecisão e pessoas à crença
incondicional pelos valores nela divulgados. Além da massificação, esse excesso digital
contemporâneo leva à questão do dia. Nesse sentido, a contemplação do progresso
decorre também da necessidade de tornar a vida mais aprazível e desprovida de
motivações e dificuldades na busca de um objetivo. Consequentemente, tem-se o tédio,
como retratado na obra A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, na qual o personagem
Jacinto é retratado infeliz em meio ao progresso e somente reencontrou a felicidade ao
valorizar apenas as poucas tecnologias necessárias à sobrevivência, como a instalação
de rede telefônica na esquecida Tormes de Portugal.

Não há, pois, apenas que se comemorar o progresso do mundo digital, deve-se
usá-lo com precisão e nele contemplar as possibilidades de ampliar o conhecimento
sobre a humanidade. Assim, o questionamento de Drummond sobre “como vencer o
oceano/se é livre a navegação/mas proibido fazer barcos?” valida-se na era digital, pois
não há como haver progresso no mundo digital se são tantos os manipulados e os sem
acesso. Cabe regrar essa informalidade e tecnologia para que toda a humanidade possa
dela ter proveito.

Análise

1º Parágrafo

O progresso e as inovações tecnológicas resultaram da necessidade do homem


dinamizar-se através da diminuição das dimensões temporais e geográficas. Para tanto,
o processo de globalização propiciou o surgimento de um mundo digital apto a
disponibilizar toda a informação necessária ao progresso do homem. No entanto, a

69
mesma tecnologia que informa, aliena; e, à medida que cresce a velocidade das
mudanças, aumenta a massificação e dependência do mundo digital.

O autor deste texto o introduz falando do surgimento do mundo digital, assunto


que será desenvolvido ao longo da redação. Já no primeiro parágrafo, ele coloca
também aspectos negativos acerca da tecnologia, o que também será retomado e
argumentado a partir do próximo parágrafo.

2º Parágrafo

Embora a informação seja um direito defendido a todos, é pequeno o número de


pessoas no mundo com total acesso às tecnologias provedoras de notícias e a sua
compreensão. Isso porque o surgimento das novas tecnologias é um bem perpetuador do
conhecimento àqueles que já a acessam e um fator de maior atraso àqueles sem o poder
aquisitivo de acompanhar as inovações. Assim, o louvor incondicional às mudanças e a
celebração da velocidade com que ocorrem, deveriam ser mais criticamente observados
e acompanhados de reformas às tradicionais fontes.

Aqui o candidato desenvolve um dos aspectos negativos trazidos pela tecnologia


e coloca dois lados distintos de uma mesma questão para desenvolver a sua
argumentação.

3º Parágrafo

Contudo, aos próprios com acesso à digitalização, confere-se outra problemática:


o mal (mau) uso dos bens eletrônicos. A exemplo disso tem-se a massificação e a
desinformação causada pela internet, decorrentes da propagandagem (neologismo) e de
fontes imprecisas nela presentes. Nesse contexto, mesmo as boas iniciativas, como a
disponibilização à Biblioteca Nacional Brasileira, são ofuscadas em meio ao excesso de
informações, responsável por conduzir pesquisas à imprecisão e pessoas à crença
incondicional pelos valores nela divulgados. Além da massificação, esse excesso digital
contemporâneo leva à questão do dia. Nesse sentido, a contemplação do progresso

70
decorre também da necessidade de tornar a vida mais aprazível e desprovida de
motivações e dificuldades na busca de um objetivo. Consequentemente, tem-se o tédio,
como retratado na obra A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, na qual a personagem
Jacinta é retratada infeliz em meio ao progresso e somente reencontrou a felicidade ao
valorizar apenas as poucas tecnologias necessárias à sobrevivência, como a instalação
de rede telefônica na esquecida Tormes de Portugal.

Neste parágrafo, o candidato cometeu alguns erros, que podem ser vistos nos
destaques em vermelho. Um deles foi o emprego da palavra “mau” e outro foi o uso da
palavra “propagandagem”, considerada um neologismo. Vimos que não devemos
utilizar neologismos em redações de processos seletivos. Todavia, se o uso de
neologismo for considerado indispensável, temos que usar aspas. Além disso, o
parágrafo ficou muito longo, podendo até ser dividido em duas partes. Cabe lembrarmos
que parágrafos muito longos dificultam o entendimento do texto e podem prejudicar a
sua clareza. Outro erro cometido pelo aluno foi o de não ter destacado o nome da obra A
cidade e as serras, ele poderia ter feito isto sublinhando ou colocando o título entre
aspas.

4º Parágrafo

Não há, pois, apenas que se comemorar o progresso do mundo digital, deve-se
usá-lo com precisão e nele contemplar as possibilidades de ampliar o conhecimento
sobre a humanidade. Assim, o questionamento de Drummond sobre “como vencer o
oceano/se é livre a navegação/mas proibido fazer barcos?” valida-se na era digital, pois
não há como haver progresso no mundo digital se são tantos os manipulados e os sem
acesso. Cabe regrar essa informalidade e tecnologia para que toda a humanidade possa
dela ter proveito.

Nesta conclusão, o candidato confere “amarração” ao texto ao mencionar


elementos anteriormente discutidos e também demonstra conhecimento sobre o assunto
em questão e sobre assuntos relacionados, ao citar um autor renomado de maneira
correta.

71
Comentários adicionais

Observe que nos dois textos, anteriormente analisados, há elementos de


fundamental importância na escrita de uma redação como a presença do título, a
“amarração” conferida ao texto, a coerência e a estrutura seguida. Além disso, os dois
autores demonstram que possuem conhecimentos e informações sobre os assuntos
tratados, o que reforça a necessidade da leitura diária e constante.

72
Conclusão do Módulo II

Olá, aluno(a)!

Finalizamos aqui o curso de Escrita e Redação, com a certeza de ter tirado as


dúvidas sobre como elaborar uma redação coerente e coesa.

A próxima e última etapa do nosso curso é a avaliação do Módulo II, que se


encontra em sua sala virtual. Faça a avaliação quando se sentir seguro(a) e preparado(a)
para realizá-la.

Boa sorte e sucesso!

73
Bibliografia

ABRAMO, Cláudio - A regra do jogo. São Paulo, Companhia das Letras.

BABIN, Pierre - A era da comunicação. São Paulo: Ed. Paulinas.

BAPTISTA, Maria Luiza Cardinale - Comunicação: trama de desejos e espelhos.


Canoas-RS, Editora da ULBRA.

BELTRAMI, Arnaldo - Pense com sua cabeça! São Paulo, Paulinas.

BENEYTO, Juan - Informação e sociedade. Petrópolis, Vozes.

LIMA, Luiz costa. Teoria da Cultura de Massa. São Paulo, Paz e Terra, Loyola.

McLUHAN, Herbert Marshall: Os Meios de comunicação como extensões do


homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo Ed. Culturix, s/d.

PIGNATARI, Décio. Informação, linguagem, comunicação. São Paulo, Perspectiva.

WEIL, Pierre e TOPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da


comunicação não-verbal. – Petrópolis : Vozes.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença.

http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/como-usar-a-crase-corretamente < Como


usar a crase corretamente? > acessado em 15 de maio 2015.

http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/11/07/1114758/redaco-enem-
2014-confira-segredo-alcancar-nota-1-000.html < Redação no ENEM 2014:
confira o segredo para alcançar a nota 1.000 > acessado em 12 de maio 2015.

http://www.revisoeserevisoes.pro.br/nova-gramatica/hifen/ < Nova gramática >


acessado em 13 de maio 2015.

http://download.uol.com.br/educacao/UOL_Educacao_Conheca_as_novas_regras_da_R
eforma_Ortografica.pdf < Reforma ortográfica: conheça as novas regras > acessado
em 21 de maio 2015.

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