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TURISMO SUSTENTÁVEL E AS EXPERIÊNCIAS EM ESPAÇO RURAL E CRIATIVAS

Eunice Duarte1, Paulo Nunes2


Eunice.duarte29@gmail.com1, paulo.nunes@ese.ips.pt2
1
Universidade de Lisboa - Instituto de Geografia e Ordenamento do Território e
Escola Superior de Hotelaria e Turismo, Setúbal, Portugal.
2
Escola Superior de Edução, Instituto Politécnico de Setúbal, Setúbal, Portugal

Resumo
De acordo com a Organização Mundial de Turismo (1999), o desenvolvimento do turismo na ótica da
sustentabilidade pressupõe ações que sejam socialmente justas, economicamente viáveis e
ecologicamente corretas, isto é, que atendam as necessidades económicas, sociais e ecológicas da
sociedade.
O turismo deixou de ser uma atividade meramente económica, adotando diretrizes do desenvolvimento
sustentável, passando a ser designado por turismo sustentável. A forma de consumir os produtos turísticos
também sofreu alterações, passando a ser pautado pelo consumo de experiências de um local.
O presente artigo pretende fazer uma revisão bibliográfica desses conceitos, procurando entender como é,
e o que é o turismo sustentável, e de que forma contribui para as experiências turísticas, tendo por base a
evolução do conceito de desenvolvimento sustentável e as experiências criativas em espaço rural.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Turismo Sustentável, Territórios de Baixa Densidade,


Experiências, Rural, Criativa.

Abstract

According to the World Tourism Organization (1999), the development of tourism in the perspective of
sustainability presupposes actions that are socially just, economically viable and ecologically correct, that
is, that meet the economic, social and ecological needs of society.
Tourism stopped being a merely economic activity, adopting several guidelines from sustainable
development, being called “sustainable tourism. The way to consume tourism products has also
undergone changes, being based on the consumption of experiences of a place.
This article intends to make a bibliographical review of these concepts, trying to understand how and
what is sustainable tourism, and how it contributes to tourism experiences, based on the evolution of the
concept of sustainable development and creative experiences in space rural.

Keywords: Sustainable Development, Sustainable Tourism, Low Density Territories, Experiences, Rural,
Creative.

Resumen
De acuerdo con la Organización Mundial del Turismo (1999), el desarrollo del turismo en la óptica de la
sostenibilidad presupone acciones que sean socialmente justas, económicamente viables y ecológicamente
correctas, es decir, que atiendan las necesidades económicas, sociales y ecológicas de la sociedad.
El turismo ha dejado de ser una actividad meramente económica, adoptando directrices del desarrollo
sostenible, pasando a ser designado por turismo sostenible. La forma de consumir los productos turísticos
también sufrió alteraciones, pasando a ser pautado por el consumo de experiencias de un local.
El presente artículo pretende hacer una revisión bibliográfica de esos conceptos, buscando entender cómo
es, y qué es el turismo sostenible, y de qué forma contribuye a las experiencias turísticas, teniendo como
base la evolución del concepto de desarrollo sostenible y las experiencias creativas en espacio rural.

Palabras clave: Desarrollo Sostenible, Turismo Sostenible, Territorios de Baja Densidad, Experiencias,
Rural, Creativa.

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INTRODUÇÃO
Em Portugal o turismo tem vindo a assumir-se como uma das principais atividades
económicas, atendendo a informação mais recente divulgada pelo Banco de Portugal relativa à
Balança de Pagamentos, salienta-se o aumento de 23,0% no saldo da rubrica Viagens e Turismo
em 2017, claramente acima do aumento de 12,7% em 2016. Para o aumento do saldo em 2017
contribuiu a aceleração do crescimento das receitas/créditos para 19,5%, face a +10,7% no ano
precedente, as quais totalizaram 15,2 mil milhões de euros, a par de uma subida menos
expressiva das despesas/ débitos: +11,5% em 2017, após +6,6% em 2016, tendo totalizado 4,3
mil milhões de euros (INE, 2018).
De acordo com Beni (2002, p.77), o turismo é uma das atividades económicas mais
importantes, como tal, não existe praticamente nenhum lugar onde não se observe a influência
desse fenómeno. Em 2017 ocorreram 1 323 milhões de chegadas de turistas internacionais em
todo o Mundo, correspondendo a um acréscimo de 84 milhões face ao ano anterior, segundo
dados da Organização Mundial de Turismo (INE, 2018). A Europa continuou a merecer a
preferência dos turistas internacionais, concentrando a maioria (50,7%) das chegadas (671,1
milhões), beneficiando de um aumento de 8,4% em 2017, superior em 6,1 p.p. face ao registo
do ano anterior (INE, 2018).
Na tentativa de minimizar o seu impacto existem vários destinos turísticos no mundo
que procuram desenvolver-se através do turismo sustentável. Como tal, torna-se vital entender o
que é o turismo sustentável, como surgiu e por que é tão relevante para o turismo.
Sendo que a abordagem sustentável é dada pelas dimensões ambiental, económica,
sociocultural e político-institucional, devido aos impactos que a atividade propicia, nos diversos
segmentos, o turismo deve ser sustentável, capaz de satisfazer as necessidades dos visitantes,
turistas e excursionistas, assim como as necessidades socioeconómicas das regiões recetoras,
mantendo a integridade cultural, a integridade dos ambientes naturais e urbanos, dizemos nós, e
a diversidade biológica (OMT, 1999). O aumento da procura de Portugal como destino
privilegiado de experiências únicas, genuínas e elevado valor simbólico e paisagístico, impõe a
que exista a necessidade de pensar as questões da sustentabilidade no turismo.
Sendo que, num destino, pode ser considerada uma experiência tudo o que os turistas e
excursionistas visitam, experimentam ou consomem, pode ser assim descrito, no turismo, como
a experiência e o consumo de um local (Meethan, 2001). Nesse sentido, a experiência turística é
entendida como uma atividade de lazer multifuncional que envolve o indivíduo em atividades
de entretenimento ou em atividades de aprendizagem (Ryan e Deci, 2002). Logo, o turista e/ou
o excursionista viaja para consumir experiências (MacCannell, 2003, p.33).
Se o turismo for baseado em experiências torna-se vital entender se o turismo
sustentável e as experiências turísticas se complementam.
No que concerne à metodologia, a investigação assume um carácter predominantemente
exploratório, implicando uma revisão de literatura de cariz narrativo, de forma a esclarecer
conceitos e compreender o contexto do turismo sustentável e de que forma contribui para as
experiências turísticas de qualidade.
O presente artigo visa compreender de que forma o turismo sustentável contribui para as
experiêncais criativas em espaço rural, esclarecer os conceitos, assim como entender as
experiências turísticas e criativas que ocorrem em espaço rural, na perspetiva do turismo
sustentável.

1. CARACTERIZAÇÃO CONTEXTUAL
1.1 Evolução do Conceito de Desenvolvimento Sustentável
O Desenvolvimento Sustentável foi colocado na agenda política mundial pela
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD), realizada no
Rio de Janeiro em 1992, também designada por Cimeira da Terra. Nessa ocasião foi reafirmado
este conceito, lançado em 1987 pelo Relatório Brundtland “O Nosso Futuro Comum" -
elaborado sob a égide das Nações Unidas na Comissão Mundial para o Ambiente e
Desenvolvimento -, definido como "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes
sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias
necessidades".
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A implementação do desenvolvimento sustentável assentava inicialmente em duas
dimensões fundamentais: o desenvolvimento económico e a proteção do ambiente.
Após a Cimeira Social de Copenhaga, realizada em 1995, foi integrada a vertente social
como terceiro pilar do conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, embora atualmente o
desenvolvimento sustentável mantenha o mesmo desígnio global, a sua implementação é
realizada com base em três dimensões essenciais: o desenvolvimento económico, a coesão
social e o equilíbrio ambiental.
Às três dimensões do desenvolvimento sustentável deve acrescentar-se, ainda, a vertente
institucional, que chama a atenção para as questões relativas às formas de governação, das
instituições e dos sistemas legislativos (flexibilidade, transparência, democracia), nos seus
diversos níveis, e para o quadro da participação dos grupos de interesse (sindicatos e
associações empresariais) e da sociedade civil (Organizações Não Governamentais ONG),
considerados como parceiros essenciais na promoção dos objetivos do desenvolvimento
sustentável.
Como documentos estruturantes de uma abordagem sustentável ao desenvolvimento,
salienta-se a Agenda 21 e a Declaração do Rio, ambas resultantes da Cimeira da Terra, e que
constituem importantes compromissos políticos resultantes da CNUAD, orientadores dos
trabalhos que têm vindo a ser realizados, quer a nível internacional quer no âmbito das políticas
domésticas dos países considerados individualmente.

1.1.1 Contexto Internacional


Dois anos após a Cimeira de Joanesburgo, doze anos decorridos sobre a Conferência do
Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, trinta e dois anos depois da Conferência de Estocolmo
sobre o Ambiente Humano e o despertar da comunidade internacional para os riscos de um
desenvolvimento não sustentável, pode referir-se que os problemas atuais do desenvolvimento,
e necessariamente do ambiente, são muitos deles também globais: os de um mundo em que
progressos económicos e sociais notáveis associadas à globalização foram conseguidos em
partes do mundo. Nomeadamente na Ásia, e coexistem com situações de pobreza e a exclusão
social, sendo de referir o elevado número de pessoas sem acesso a condições mínimas de
subsistência, excluídas do mercado do emprego. Sobretudo em regiões como a África um
acelerado processo de urbanização, se realiza em paralelo a crescente ameaça das alterações
climáticas, escassez de água doce e inerentes consequências na saúde e segurança alimentar;
perda de biodiversidade generalizada, desflorestação acentuada, intensificação dos processos de
desertificação e erosão dos solos aráveis; crescente poluição e degradação dos mares e oceanos,
e destruição dos seus recursos; aumento das situações de risco e acidentes, presença crescente
de substâncias perigosas no ambiente e dificuldade em controlar as fontes de poluição e a
ausência de padrões de produção e consumo sustentáveis.
Por ter uma dimensão global, o desenvolvimento sustentável pode e deve tirar o maior
partido da globalização ("making globalisation work for sustainable development").
Apresentam-se como desafios à sustentabilidade pretendida para o desenvolvimento,
temas globais como a erradicação da pobreza, como a promoção do desenvolvimento social, da
saúde e de uma utilização e gestão racional dos recursos naturais. A promoção de padrões de
produção e consumo sustentáveis, onde se faça uma dissociação entre o crescimento económico
e as pressões sobre os ecossistemas, no sentido de uma maior ecoeficiência da economia; a
conservação e gestão sustentável dos recursos; o reforço da boa governação a todos os níveis,
incluindo a participação pública; os meios de implementação, incluindo a capacitação, a
inovação e a cooperação tecnológica.
Neste enquadramento, a Declaração do Milénio, emanada pelas Nações Unidas em
Setembro de 2000, voltou a afirmar a responsabilidade coletiva de apoiar os princípios da
dignidade humana, igualdade e equidade a nível global, estabelecendo, para isso, metas
concretas ("millenium development goals") que pretendem contribuir para inverter a tendência
para a degradação do ambiente e para a insustentabilidade das condições de vida em grande
parte do planeta (United Nations, 2000).
Na Sessão Especial da Assembleia-geral das Nações Unidas, reunida em Nova Iorque
em 1997 para avaliar o estado do cumprimento dos compromissos assumidos na Cimeira da
Terra (RIO+5), os vários Estados assumiram o compromisso de preparar estratégias nacionais
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de desenvolvimento sustentável e de aprofundar as parcerias para preparar as estratégias
regionais de desenvolvimento sustentável, tendo em vista a preparação da Cimeira Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável, que decorreu em Joanesburgo, em 2002 United Nations.
(2002a).
Apesar dos seus resultados pouco ambiciosos a Cimeira de Joanesburgo deixou em
aberto não apenas a realização do Plano de Implementação, como também o desafio de
implementar a nível mundial estratégias nacionais para o desenvolvimento sustentável na
década (2005/2015) que as Nações Unidas vão dedicar a esse tema decisivo. Nessa medida, a
implementação dos princípios do desenvolvimento sustentável, em estratégias nacionais ou
internacionais, passa pela atualização das preocupações já existentes, em 1992, na Cimeira da
Terra, e que ficaram expressas nos conteúdos programáticos da Agenda 21 e da Declaração do
Rio (United Nations, 2002b).
Não se tratando de problemas novos, a resolução e a inversão das tendências
insustentáveis exige uma vontade política forte e a adoção de um conjunto de linhas de ação,
privilegiando os interesses do bem comum das sociedades sobre os interesses sectoriais e
privados, uma maior integração e coerência de todas as políticas, uma ação coordenada a todos
os níveis, para o qual Portugal deverá contribuir com todo o seu empenho, quer a nível nacional,
quer no âmbito das diversas organizações internacionais das quais faz parte.

1.1.2 Contexto Europeu


O Desenvolvimento Sustentável é também um objetivo fundamental consignado nos
Tratados da União Europeia, e presente como objetivo da União no Projeto de Tratado que
estabelece uma Constituição para a Europa, exigindo uma abordagem integrada das políticas
económicas, sociais e ambientais que promova o seu reforço mútuo.
Sob influência da Conferência do Rio de 1992, onde a EU teve um papel de liderança, e
na sequência da implementação do 5º Programa de Política e Ação em Matéria de Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (1993-2000), os Estados - Membros da UE, no Conselho Europeu
de Cardiff (Junho de 1998), decidiram que as propostas relevantes da Comissão Europeia
deveriam ser acompanhadas de uma avaliação do respetivo impacte ambiental e que as
formações sectoriais do Conselho adotariam e desenvolveriam estratégias para integrar as
questões do ambiente e do desenvolvimento sustentável nas respetivas políticas. Os Conselhos
dos Transportes, da Energia e da Agricultura iniciaram este processo, a que se seguiram os
Conselhos do Desenvolvimento, Indústria, Pescas, Mercado Interno, Economia e Finanças e
Assuntos Gerais. A integração das questões ambientais nas políticas sectoriais como fator
determinante para a sustentabilidade do desenvolvimento passou, assim, a fazer parte da agenda
política da UE ao seu mais alto nível de decisão. A integração destas três dimensões constitui,
muito provavelmente, um dos grandes desafios do nosso tempo (United Nations, 2000).
Em 1999, o Conselho Europeu, reunido em Helsínquia, convidou a Comissão Europeia
a elaborar uma estratégia de desenvolvimento sustentável para ser aprovada sob a Presidência
Sueca, em 2001 (United Nations, 2002a).
Em Março de 2000, foi adotado pelo Conselho Europeu, reunido sob a presidência
portuguesa em Lisboa, um objetivo estratégico para a UE: "tornar a UE no espaço económico
mais dinâmico e competitivo do mundo, baseado no conhecimento, e capaz de garantir um
crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e maior coesão social". A
estratégia para alcançar este objetivo político, conhecida por Estratégia de Lisboa, articula as
vertentes económicas e social do desenvolvimento, e estabeleceu-se que deverá ser avaliada
periodicamente no Conselho Europeu Anual da Primavera através de relatórios baseados em
indicadores.
Para alcançar o objetivo acima enunciado, foi definido igualmente nas conclusões do
Conselho Europeu de Lisboa o caminho a percorrer, designadamente:
a) Preparar a transição para uma economia e uma sociedade baseadas no conhecimento,
através da aplicação de melhores políticas no domínio da sociedade da informação e da I&D,
bem como da aceleração do processo de reforma estrutural para fomentar a competitividade e a
inovação e da conclusão do mercado interno;

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b) Modernizar o modelo social europeu, investindo nas pessoas e combatendo a
exclusão social;
c) Sustentar as sãs perspetivas económicas e as favoráveis previsões de crescimento,
aplicando uma adequada combinação de políticas macroeconómicas.”
d) Cerca de um ano depois, em Junho de 2001, o Conselho Europeu de Gotemburgo, na
sequência de decisão do anterior Conselho Europeu (Estocolmo, Março de 2001), acordou numa
Estratégia Comunitária para o Desenvolvimento Sustentável, que veio completar o
compromisso político de renovação económica e social assumido pela UE, e que acrescentou à
Estratégia de Lisboa uma terceira dimensão, de carácter ambiental, estabelecendo uma nova
abordagem para a definição de políticas (United Nations, 2002b).

2. TURISMO SUSTENTÁVEL E AS EXPERIÊNCIAS


2.1 Turismo Sustentável
A definição adotada pela UICN/PNUMA/WWF (1980) defende que o desenvolvimento
sustentável implica "melhorar a qualidade de vida humana sem diminuir a capacidade de carga
(de recursos turísticos) dos ecossistemas que a sustentam, ou sem degradar ou esgotar os
recursos que o tornam possível". Nesse sentido a UNESCO (1995), publicou a ‘Carta de
Turismo Sustentável’, onde são apontadas várias metas para o desenvolvimento do turismo, no
contexto da sustentabilidade, as quais são repartidas, de maneira equilibrada, numa triangulação
entre o ambiental, o económico e o social.
Relativamente ao desenvolvimento do turismo sustentável, Ruschmann (2008) ressalta
que para prevenir os impactos ambientais do turismo, a degradação dos recursos e a restrição do
seu ciclo de vida, é preciso concentrar os esforços em um desenvolvimento sustentável não
apenas do património natural, mas também dos produtos que se estruturam sobre todos os
atrativos e equipamentos turísticos.
Posteriormente, a Organização Mundial do Turismo (OMT) define turismo sustentável
como sendo “capaz de promover a qualidade de vida das populações locais, oferecer maior
qualidade das experiências turísticas ao visitante e levar a proteção do ambiente visitado,
garantindo a manutenção do património ambiental para as comunidades locais e visitantes que
dele dependem intimamente” (OMT, 1997).
A sustentabilidade turística pressupõe ainda a valorização do presente sem
comprometimento do futuro (Brito, 1999). Importa salientar que o turismo sustentável não é
uma forma de turismo, é um conceito que apresenta os valores a contemplar no
desenvolvimento turístico do destino.
Desta forma, a sustentabilidade no turismo defende a valorização de práticas
alternativas e responsáveis que honrem a sustentabilidade ecológica, económica e sociocultural.
Sendo estas “entendidas como fundamentais para o sucesso das práticas turísticas, com
consequente desenvolvimento: a localidade, o respeito pelas diferenças, a identidade, as
necessidades e aspirações das comunidades locais, a autenticidade das comunidades de
acolhimento e a preservação ambiental” (Brito, 1999, p. 2).
No entanto, para Ioannides (2001) apesar de muitas publicações destacarem os
benefícios provenientes da aplicação da sustentabilidade nos destinos turísticos, existia
ambiguidade no conceito “turismo sustentável”. Nesse sentido, McCool e Moisey (2001, p. 3)
referem que “os significados atribuídos ao turismo sustentável variam muito, com,
aparentemente, pouco consenso entre autores e instituições governamentais”.
Os autores indicam que turismo sustentável é uma definição vaga que permite uma
discussão sobre o assunto, no entanto, oferece poucos auxílios quando os indivíduos procuram
pormenores mais específicos, necessários para guiar as ações. Os autores ressalvam ainda, que
as ações na sociedade obrigam à participação de uma variedade de atores e que o uso de uma
nomenclatura que tem diferentes significados, gera confusão e problemas de entendimento.
Pode-se dizer que, em Portugal, o conceito tem vindo a ser discutido entre os vários
investigadores de turismo, no entanto que a visão dos mesmos sobre o conceito, das instituições
governamentais, ainda não são totalmente consensuais, especialmente no que se refere à
operacionalização do mesmo.

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Existe, ainda, um perigo adicional, para Cohen (2002, p. 268), ou seja, “a natureza vaga
do conceito de sustentabilidade no turismo dá margem ao uso indevido pelas partes
interessadas, particularmente empreendedores do turismo, uma vez que a sustentabilidade se
tornou uma característica desejável aos olhos dos potenciais consumidores”. Por exemplo, o
termo “ecoturismo”, é muitas vezes utilizado nos anúncios dos destinos, sendo que muitas
vezes, não corresponde a iniciativas concretas de aplicação, levando o mesmo a ser
percecionado como ocorrendo da sustentabilidade.
Nesse sentido, Ruschamann (2010), considera que no conceito de turismo tradicional,
as ações são direcionadas muitas vezes, pensando somente no lucro. Como tal, o autor, adverte
que o planeamento do turismo minimiza os custos sociais, económicos e ambientais que afetam
a comunidade preceptora e potenciam os benefícios do desenvolvimento turístico, resultando
num turismo sustentável.
De acordo com Korez-Vide (2012, p. 84), o turismo sustentável tem também a função
de “manter um alto nível de satisfação do turista e garantir uma experiência significativa para os
turistas, aumentar a sua consciência sobre as questões de sustentabilidade e promover práticas
sustentáveis entre eles”. Pode-se perceber que o turismo sustentável apresenta-se como uma
alternativa à forma tradicional de consumir o turismo, através de um planeamento de acordo
com as práticas de sustentabilidade, levando a uma maior satisfação dos turistas.
Dentro dessa perspetiva, a gestão, o planeamento e o desenvolvimento do turismo
sustentável deverão, então, ter em conta os impactos económicos, sociais e ambientais, atuais e
futuros. Sendo visível um aumento de agentes de desenvolvimento turístico alternativo, seja
local ou internacional, assim como uma procura de atividades relativas ao seu desenvolvimento.
(Korez-Vide, 2012).
Entende-se que este conceito considera o desenvolvimento controlado, em harmonia
com os aspetos naturais e socioculturais de um recurso turístico. Dessa maneira, no turismo, os
recursos naturais e socioculturais devem ser desenvolvidos de forma ordenada e planeada, para
que possam ser vistos e apreciados de modo adequado e que garanta a sua originalidade e
consequente atratividade para as gerações futuras.
Contudo, Martínez et al. (2003) considera que para que o turismo sustentável seja bem
implementado é necessário serem criados circuitos e rotas, que incluíam locais turísticos,
associações de diferentes artesãos, creches, jardins, associações que cultivam produtos
orgânicos e restaurantes, conseguindo prestar vários serviços, tendo uma maior distribuição de
recursos obtidos, bem como garantindo uma maior qualidade e gerando um maior compromisso
com a população local sobre a forma como cuidar dos seus recursos, promovendo o
desenvolvimento de novos produtos turísticos sustentáveis.
Pode-se perceber que o conceito do turismo sustentável está, desta forma, intimamente
ligado à sustentabilidade cultural e ambiental. Encontrar o equilíbrio entre os interesses
económicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que proteja o meio
ambiente não é fácil, principalmente porque depende de critérios e valores subjetivos, além da
política ambiental e turística adequada.
No entanto, considera-se que é possível desenvolver a atividade turística de forma
sustentável, favorecendo a utilização e a apreciação dos recursos pelos visitantes atuais,
protegendo a sua originalidade e atratividade para as gerações futuras.
Desta forma, a tentativa de incorporar os princípios da sustentabilidade às práticas do
turismo aparece como uma maneira de minimizar os seus impactos negativos.

2.2. Experiências criativas e a sustentabilidade


É importante, antes de mais, lembrar que o conceito de turismo criativo é relativamente
recente e por isso não existe uma grande quantidade de literatura que defenda o carácter
sustentável da prática de turismo criativo num destino. No entanto, este tema inovador encontra-
se no coração das pesquisas universitárias, e já teve algumas conclusões, confirmando que
existe uma ligação entre turismo criativo e sustentabilidade.

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Richards (2001) explica a sustentabilidade nas experiências criativas, uma vez que a
criatividade é um processo, logo, os recursos criativos são mais sustentáveis porque, em
princípio, são infinitamente renováveis.
Raymond (2007) argumenta que a sustentabilidade do turismo criativo pode ser
discutível, mas que no seu processo de desenvolvimento e na sua oferta, o turismo criativo é
mais sustentável do que muitas outras formas de turismo. Portanto, as experiências vividas
devem levar ao desenvolvimento do destino em termos económicos, sociais e culturais (Yozcu
& İçöz, 2010).
Para Prince (2011) o turismo criativo pode ser usado como ferramenta para encontrar
uma maneira de criar laços mais fortes e mais significativos entre os objetivos sociais,
económicos e ambientais do turismo sustentável.
Segundo o Parc Científic i Tecnològic [PCT] (2011), o turismo criativo ligado à
necessidade de ter novas experiências reais relacionadas com a cultura local, coloca-se entre o
turismo sustentável, responsável, cultural e experimental. Uma vez que o desejo dos turistas é
viver uma experiência, ter um contacto com as tradições locais e usar as suas habilidades
criativas durante a sua visita, este desejo deve ser colocado ao serviço dos objetivos da
comunidade, da preservação natural e cultural, da igualdade, da oportunidade social e do
desenvolvimento económico (Prince, 2011).
Korez-Vide (2012, p. 83) explica que “a criatividade é um processo, como tal, o turismo
criativo utiliza recursos turísticos que são os processos por essência. Por exemplo: dança, canto,
artesanato, culinária, pintura, festivais; os recursos criativos são mais sustentáveis que os
produtos culturais tangíveis”, “sem a necessidade de ter muitas infraestruturas”. Desta forma, a
criatividade é ilimitada e é por esta razão que o turismo criativo pode ser considerado como
turismo sustentável (Zhang, 2013). Pode-se perceber que existe uma relação entre o turismo
criativo e o conceito do turismo sustentável, devido às experiências serem com base nas
diretrizes da sustentabilidade, levando ao conceito de cocriação.
O turismo criativo pode ser usado como solução para alguns problemas e é uma forma
competitiva de turismo (Prince, 2011), configurando-se como um novo modo de
desenvolvimento para as crescentes necessidades espirituais e culturais dos turistas e do
desenvolvimento sustentável do turismo (Zhang, 2013).
A UNESCO (2006) explica que a população local pode melhorar as suas próprias
economias através do turismo criativo: desenvolvendo a criatividade da população local para
criar produtos únicos; desenvolvendo as infraestruturas locais; e reforçando políticas de suporte
ao desenvolvimento do turismo criativo.
Desta forma, o impacto económico deste tipo de turismo é alto porque exige pouco
investimento e não gera externalidades negativas, apenas valor acrescentado (Meritxell, 2010).
De facto, o turismo criativo pode beneficiar uma comunidade, criando empregos e distribuindo
as receitas geradas de forma justa, diretamente na população local e não na mão dos grandes
operadores (Gomes, 2012).
Carvalho, et al. (2014) afirmam que o turismo criativo pode ter um papel inovador ao
agir como motor de desenvolvimento económico dos territórios. Este turismo ajuda, também, a
proteger e valorizar um território, contribuindo para gerar proveitos para a população local, o
que faz dele uma grande expressão de sustentabilidade.
Os defensores do turismo criativo referem que os impactos positivos desta forma de
turismo para a sustentabilidade incidem também sobre o capital cultural, com uma forte relação
entre anfitriões e convidados, na condução de experiências autênticas, e no uso da criatividade
como valor fundamental para o desenvolvimento do destino (Wattanacharoensil e Schuckert,
2014).
Desta forma, entende-se que o turismo criativo tem um papel no desenvolvimento local
porque permite ter proveitos, aumenta postos de trabalho, diversifica a cultura da população,
integra dimensões económicas, culturais, sociais e tecnológicas, desenvolve as indústrias
criativas, promove a inovação e “as políticas que estimulam respostas inovadoras e
multidisciplinares face às exigências impostas por uma economia global competitiva”
(Carvalho, et al., 2014. pp. 638-639).

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Relativamente às experiências “autênticas”, recorda-se que podem surgir a partir do
momento em que os visitantes sentem que elas são autênticas (Wang, 1999), ou seja, a
autenticidade baseia-se na perceção dos visitantes. Isso significa que o turismo criativo é a
forma mais sustentável de turismo, proporcionando uma sensação de autenticidade
personalizada, através de experiências criativas ou de ”workshops” práticos (CTNZ, 2007).
Ao mesmo tempo, a sua riqueza encontra-se no facto de ser um processo de criação
inovador, onde as atividades renováveis são criadas a partir dos recursos já existentes no destino
(Orhidska-Olson e Ivanov, 2010), utilizando o património cultural intangível, que inclui o lugar,
a identidade e os valores da comunidade (D’Auria, 2009).
Esses momentos, realizados em pequenos grupos, permitem aos visitantes a
oportunidade de explorar a sua criatividade e estabelecer um contacto real com as pessoas
locais. De um ponto de vista ambiental, um dos benefícios mais importantes do turismo criativo,
em termos de sustentabilidade, é a sua capacidade de preservar e aumentar o património físico e
cultural de um destino, mas também, poder ajudar a melhorar a imagem do destino, reforçando a
sua identidade como um todo (Fernandez, 2010).
Em outras palavras, “as experiências do turismo criativo têm implicações para o turismo
sustentável, devido aos recursos de criatividade serem mais sustentáveis do que os produtos
tangíveis e, ainda, a criatividade permitir aos fornecedores inovar nos seus produtos de forma
relativamente rápida” (Tan, et al, 2014. p. 249).
Korez-Vide (2012) afirma que a promoção da sustentabilidade do turismo através do
desenvolvimento do turismo criativo trouxe um modelo de turismo criativo sustentável. O autor
concorda com a ideia de o turismo criativo ter raízes no turismo cultural.
Nesse sentido, o modelo defendido, considera que a riqueza cultural é uma dimensão do
turismo sustentável, propondo medidas políticas e incentivos para o desenvolvimento do
turismo criativo sustentável.
Ainda, segundo o autor, o desenvolvimento de políticas para o turismo sustentável tem
por base doze dimensões, que remetem para os impactos económicos, sociais e ambientais: a
viabilidade económica, a prosperidade local, a qualidade do emprego, a equidade social, a
satisfação do visitante, o controlo local, o bem-estar da comunidade, a riqueza cultural, a
integridade física, a diversidade biológica, a eficiência dos recursos e a pureza ambiental.

2.3 As experiências turísticas em meio rural e a sustentabilidade


O turismo rural, para Dann (1977), representa o “paraíso prometido”, onde o turista
recupera um sentimento de pertença, devido ao ambiente rural primitivo, à paisagem
encantadora e ao socializar com pessoas desse meio.
Nesse contexto, o interesse, dos turistas por visitar as pessoas que vivem na ruralidade e
sair do seu quotidiano, surge através de imagens vividas, levando a uma forma de procura pelo
mundo ideal, na procura de repouso e descoberta da diferença, independentemente da
proximidade geográfica (Goossen, 2000).
A procura de emoções e de sensações positivas em locais rurais gera um encontro que,
de certa forma, se revela rudimentar entre o rural e o urbano, integrando os denominados
“espaços rurais” na malha das redes globais, e potenciando a experiência do turismo rural, como
uma procura de “excitação controlada”, (Pereiro, 2012).
Cohen (1979) diferencia, numa perspetiva de conhecimento da essência da experiência
turística, em cinco tipos ou modos, sendo que dois destes modos não se referem a uma
verdadeira procura de um “novo centro” (identitário) “lá fora”, mas antes a uma viagem para
recuperar, “recarregar baterias” para um retorno reforçado ao “centro original”, ou uma viagem
de “distração” de uma vida aborrecida, sem “centro”, sem sentido. O autor interliga, ainda, estes
dois modos à experiência turística na ruralidade.
Ao nível da experiência vivida no próprio destino, tanto os recursos endógenos dos
territórios, como os agentes da oferta e a própria população rural que partilham, condicionam e
“cocriam” essa experiência no contexto do meio rural (Kastenholz e Sparrer, 2009).
Nesse sentido, Lane, (2009) refere que existe uma tendência de uma crescente procura
por experiências turísticas em meio rural. Essa procura revela como motivação dominante a

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“proximidade à natureza”, quer para atividades de lazer, recreativas e desportivas ao ar livre,
quer para uma experiência genuína de contacto com a natureza (Rodrigues e Kastenholz, 2010).
No entanto, para Figueiredo (2013), existe ainda, uma procura também apelidada de
“procura pelo idílio rural” ou de um “repositório da identidade nacional” (Silva, 2009) e, por
vezes, por razões nostálgicas, de regresso às origens (Rodrigues, et al, 2011). A experiência de
turismo rural implica para muitas classes urbanas vivenciar algo das suas origens rurais,
podendo haver alguma distância temporal e social em relação a elas (Kastenholz e Sparrer,
2009).
Todas estas tendências indicam a existência de um grande potencial dos territórios
rurais para o crescimento de diversas experiências adaptadas a distintas motivações e perfis de
visitantes, tendo por base variados recursos endógenos (Todt e Kastenholz, 2010).
Deste modo, a experiência turística deve ser entendida como um fenómeno complexo e
altamente subjetivo, do ponto de vista do visitante, será integradora de uma diversidade de
experiências, antes, durante e após a visita, e de um conjunto de expectativas e desejos, de
experiências concretas no local, com dimensões sensoriais, emocionais, e percetivas
comportamentais e sociais, associadas a significados específicos (Kastenholz et al., 2012).
Desta forma, para conseguir o sucesso económico da atividade turística, de modo
sustentável, a vivência desta experiência por parte do visitante deveria levar à sua satisfação, por
exemplo, a satisfação pode ser o resultado de uma estadia num alojamento rural ou de uma
visita a um restaurante em espaço rural (Loureiro & Kastenholz, 2011). Sendo fundamental que
o cliente se torne fiel a esse produto, queira recomendá-lo a outros e pretenda voltar no futuro
(Kastenholz, 2006).
Estas experiências são, de facto, “cocriadas” por vários atores – visitantes, prestadores
de serviços e residentes locais (Mossberg, 2007), sendo o próprio visitante central na sua
interação com o seu meio envolvente social e físico (Prebensen e Foss, 2011).
Nesse sentido, Kastenholz et al. (2012) apontam, ainda, a pertinência da valorização e
integração dos recursos e das competências endógenos dos territórios / comunidades rurais para
potenciar este tipo de experiências em meio rural, através de uma eficaz articulação dos
diferentes recursos e atores do destino, sendo importante envolver tanto visitantes como
residentes locais no desenho cocriativo das oportunidades de experiências.
De facto, esta experiência é moldada por múltiplos fatores do seu contexto territorial, do
qual retira fatores que são frequentemente atrações primárias, mas no qual também deixa marcas
que devem ser controladas numa perspetiva de turismo rural sustentável (Saxena, et al, 2007). A
comunidade local é um elemento central desta experiência, merecendo uma atenção particular
(Byrd, et al, 2009), uma vez que a interação entre comunidade e visitantes é fundamental para a
experiência vivida, tanto para hóspedes como para anfitriões.
Efetivamente, a comunidade rural assume um papel central na partilha e na cocriação
dessa experiência turística, destacando-se a atitude da população perante o turismo e o visitante,
a sua hospitalidade genuína, a sua vontade e capacidade de se envolver com os visitantes num
convívio, troca de experiências e partilha de vivências. Como tal, configuram-se muito
significativas para a qualidade da experiência vivida pelos visitantes curiosos pelo modo de vida
rural (Kastenholz e Sparrer, 2009).
No seio da comunidade local, muitas vezes os prestadores de serviços representam uma
ligação direta à cultura local, desta forma são elementos muito relevantes na formação da
experiência turística em espaços rurais (Kastenholz e Sparrer, 2009), criando um “ambiente
global acolhedor”, que é procurado em qualquer experiência turística, mas de modo particular
no turismo rural (Kastenholz, 2002), particularmente por aqueles que valorizam um ambiente
personalizado, “intimista” (Trauer e Ryan, 2005).
Contudo, assumindo a diversidade de espaços rurais e também de visitantes, a
experiência do turismo rural não é igual para os visitantes e para os visitados. Desta forma, os
espaços rurais representam para os visitantes um refúgio para a desconexão, o convívio com as
populações, o encontro com as origens, com a natureza e consigo próprios. Para os visitados,
significa uma reconversão, um ajustar e um novo significado para as suas vidas e para os
espaços nos quais estão inseridos os seus projetos.

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As experiências em espaço rural transformam-se, assim, em ainda mais “poliativas e
multifuncionais” (Silva e Figueiredo, 2013), deixando de ser num espaço somente de produção
agrícola, uma vez que é convertido num espaço de produção e consumo paisagístico, alimentar,
contemplativo e identitário. Desta forma, o rural torna-se num objeto, produto que é promovido
em espaços globais e que oferece um pacote de experiências emocionais, o qual é vendido com
base na “tradição”, “natureza” e “cultura”, uma vez que são considerados valores em questão
nos meios urbanos.
Existirá a necessidade de estudar as implicações das experiências turísticas desenhadas
e vividas no meio rural, a transfiguração que o espaço poderá sofrer, sobretudo devido há nova
forma de consumo, ou seja, para fins de turismo e lazer. Tendo em consideração que poderá
transformar esse espaço, de tal forma, que se transforme num espaço semelhante a muitos
outros. Tal como descreve Figueiredo (2013), um “McRural” um espaço já sem identidade e
atratividade para visitantes nem para residentes.
Importa encontrar um equilíbrio entre moderno e tradicional, rural e urbano, global e
local, que permita uma evolução dos territórios e das suas comunidades sem perda de
identidade.

3. DISCUSSÃO
De acordo com os vários autores supracitados, o turismo sustentável pode ser entendido
de três formas (Figura 1), a sustentabilidade da atividade propriamente dita, sobretudo ao nível
económico, a ideia de sustentabilidade nas condições de suporte à realização da atividade
(ambientais e culturais), e sustentabilidade dos recursos (capital natural e social).

Figura 1- Turismo Sustentável

Sustentabilidade da
atividade

Sustentabilidade
Sustentabilidade
nas condições de
dos recusros
suporte

Fonte: Elaboração Própria

Desta forma o turismo sustentável é um modelo de como se deve desenvolver a


atividade turística, por forma a manter equilíbrios. É uma forma diferente de promover o
turismo. Já a sustentabilidade do turismo, é a garantia da prática da atividade a longo prazo, os
dois conceitos tendem a estar interligados entre si.
As experiências criativas adotam na sua base as diretrizes do turismo sustentável, uma
vez que recursos criativos tendem a ser renováveis, levam aos desenvolvimentos económico,
social e cultural, criando laços mais fortes, ao estar ligado à cultura local. Levando à
preservação natural e cultural, não existindo a necessidade de ter muitas infraestruturas. Esse
fator é evidente através dos resultados da pesquisa aualitativa efectuada por Silva (2009), onde
os entrevistados consideram que a paisagem rural/natural é um contraponto com a paisgem
urbana, sendo que é precetivel a importancia dessa paisagem nas experiências, prmitindo parar
para ver a paisagem, tirar fotografías, entre muitas outras.
Existe ainda uma tendência para procurar experiências turísticas no meio rural, segundo
Lane (2009), existindo a integração dos recursos e das competências endógenos dos territórios e
das comunidades rurais para potenciar este tipo de experiências em meio rural. Nomedamente
segundo (Kastenholz e Sparrer, 2009), 56% da sua amostra indica gostar de paisagem com
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árvores ou água, revelando que existe uma oportunidade para destinos com estes recusros.
Sendo que a comunidade local é um elemento central nos dois tipos de experiências
apresentadas, assumindo ainda um papel vital na implementação das diretrizes do turismo
sustentável.
Importa ainda esclarecer que o termo “sustentável” pode ser aplicado quer ao destino
quer à atividade, porém um destino só é sustentável se a prática turística também o for, ou seja,
se os processos em que se desenvolverem as experiencias não forem sustentáveis, dificilmente
as mesmas o serão, independentemente da sua origem ser a criatividade ou de serem
experiências no espaço rural. Nesse sentido, se as experiências num determinado destino forem
sustentáveis, então fará sentido falar-se num destino turístico sustentável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo visa compreender de que forma o turismo sustentável contribui para as
experiêncais criativas em espaço rural, esclarecer os conceitos, assim como entender as
experiências turísticas e criativas que ocorrem em espaço rural, na perspetiva do turismo
sustentável.
Ao longo do presente artigo verificou-se que o conceito do turismo sustentável surge
tendo por base as diretrizes do desenvolvimento sustentável e contribui para as experiências
criativas em espaço rural.
O conceito das experiências turísticas assenta na emergência de novos paradigmas e que
se relacionam com a necessidade de garantía às gerações vindouras, um legado sustentável, pelo
que se torna vital entender se o turismo sustentável e as experiências turísticas se
complementam e de que forma se pode garantir a sustentabilidade das suas práticas.
Em tese se afirma que as experiências criativas, bem como as experiências em espaço
rural estão intimamente ligadas à sustentabilidade cultural e ambiental, pelo que surjem
diretamente relacionadas com o conceito de turismo sustentável, uma vez que se baseiam nas
mesmas premissas.
Da revisão da literatura infere-se que os autores são mais unânimes ao afirmar que
existe uma relação direta entre as experiências criativas em relação ao turismo sustentável, do
que os autores que se referem às experiências em espaço rural. A sustentabilidade tem por base
a cultura e o ambiente, como tal, verifica-se que, nos dois casos, as experiências, têm uma forte
componente, na sua essência, que as liga a estas bases, bem como às pessoas nativas do local,
atendendo ao facto que os visitantes e excursionistas procuram processos de cocriação e
interação com os locais. Estes aspetos levam a que exista uma dinâmica social económica mais
sustentável.
No decorrer do estudo, surgiram inquitações que justificam apresentar sugestões para
futuras investigações sobre o tema, na tentativa de se perceber quais as experiencia criativas que
visam uma maior sutentabilidade.
Estamos em crer que a hipótese levantada no presente artigo, pode servir como base
para entender quais devem ser os indicadores do turismo sustentável para as experiências
criativas.

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