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Parecer nº....

Tema: REMARCAÇÃO DE PASSAGEM DE VOO/VIAGEM

Prezados,

Tendo em vista a consulta que nos foi submetida acerca da REMARCAÇÃO DE


PASSAGEM DE VOO/VIAGEM, cumpre esclarecer que:

1. A contratação de compra passagem de voo/viagem


ocorre via contrato, contudo havendo prévia informação (documentada), como sempre ocorreu e
ocorre, poderá haver o cancelamento ou alteração da passagem com a devolução dos valores pagos;

2. A empresa vendedora pode prever uma multa para o


cancelamento ou alteração da passagem, mas não pode proibir a mudança (previamente noticiada),
nem pode retirar do consumidor o direito à restituição dos valores pagos (total ou parcialmente);

3. São proibidas as cobranças de outros valores e taxas, a


que título for, pela empresa vendedora da passagem aera em caso de cancelamento ou alteração da
passagem, sob pena de cobrança abusiva (e devolução em dobro);

4. Garantem o ressarcimento e reembolso em caso de


cancelamento da passagem, pela não alternativa de remarcação, não só o Código Civil, mas também
o Código de Defesa do Consumidor e outras legislações aplicáveis a relação jurídica voo/viagem;

5. A ANAC prevê o direito ao reembolso pelo passageiro


que não utilizar a passagem, assim terá que ser restituído por tudo que pagou de forma atualizada
(art.7, Portaria 676 da ANAC), mesmo se tratando de “tarifa promocional”, pois ainda que essa
tenha que “obedecer às eventuais restrições constantes das condições de sua aplicação” tais limites
devem estar de acordo com a lei (CDC e CC);

6. Existe ainda uma decisão de processo coletivo (ACP -


0007653-81.2007.4.01.3900), que se aplica em favor de todas as pessoas ordenando que as
empresas vendedoras de passagens aéreas não cobrem (por ser cláusula abusiva) tarifas de
cancelamento superiores a 10% e que proibir alteração/cancelamento e conduta abusiva (constante
indevida e desproporcionalmente em contrato de adesão);

7. Retirar do consumidor o direito de remarcar a passagem


de voo, quando ele motivada e previamente formaliza tal pedido à empresa é uma práticas abusiva,
baseada em cláusula leonina (igualmente abusiva) e que se não for resolvido poderá resultar em
várias medidas administrativas (ANAC, Procon, MP, Consumidor.gov.br e outros) e judiciais
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contra a empresa vendedora, inclusive a cobrança dos danos morais e lucros cessantes, entre outros;
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Rua Manuel Gaya, 954, sl.3. Vl Nova Mazzei, CEP 02313-000, cidade e estado de São Paulo (Brasil)
Fone. +5511 2203 0037 - Site: www.pinheirodealmeida.com.br / mail: contato@pinheirodealmeida.com.br
8. Enfim, por mais que a empresa vendedora declare
existirem restrições (p.ex. a não remarcação e/ou não cancelamento com devolução) que estavam
previstas nas “condições gerais de compra” e que estas teriam sido “lidas e aceitas” pelo
consumidor fato é que isso não tem o condão de afastar o que estabelece a lei, especialmente a
L.8078/90 que – além de ser norma de ordem pública e interesse social (portanto, não renunciável)
– declara nula as cláusulas abusivas e desproporcionais (arts.6º, IV e V; 25; 51 e incs.; e 54 e §§´s,
todos CDC) e até a vedação ao enriquecimento sem causa (a.884, CC);

Conclusão:

Como apresentado nas considerações fáticas e jurídicas acima, apesar da comum resistência
de algumas empresas aéreas – inclusive fundada na argumentação de que o consumidor teria
aderido tais condições via contrato –, deverá sim ser permitida REMARCAÇÃO DE PASSAGEM
DE VOO/VIAGEM, bem como o cancelamento ou alteração outra da passagem – ainda que
aplicando sanções como, p.ex. a multa prevista pela ANAC de 5 a 10% – sob pena de estarem
sendo ceifados direitos do consumidor/cliente e suprimidas garantias previstas em leis, sob a singela
alegação de que foi aceito e aderido pelo comprador via contrato, sem atentar para o fato de que
este não pode se sobrepor a Lei, salvo nas raras hipóteses autorizadas no ordenamento.

É como me parece.

São Paulo, SP, 20 de agosto de 2019.

Cezar Augusto Pinheiro de Almeida

Advogado, consultor, parecerista, professor (graduação e pós) e mestre em Direito (PUC/SP)


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