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All content following this page was uploaded by Marly Monteiro de Carvalho on 26 October 2016.
Gestão de Serviços
Casos brasileiros
Ângela Maria Marx
Cristiano Roos
Daniela Santana Larnbert Marzagão
Edson Pacheco Paladini
Fabiane Flores Surn
lstefani Carísio de Paula
José Luis Duarte Ribeiro
Márcia Echeveste
Maria Auxiliadora Cannarozzo Tinoco
Maria Gabriela Chein Alonso
Marly Monteiro de Carvalho
Paola d'Azevedo Sica
Patrícia Flores Magnago
Roberto Antonio Martins
Sandra Naomi Morioka
Vanderli Correia Prieto
Veridiana Rotondaro Pereira
Vários autores.
Outros organizadores: Edson Pacheco Paladini, José Luis Duarte
Ribeiro, Flávio Sanson Fogliatto, Roberto Antonio Martins.
Bibliografia.
ISBN 978-85-224-8198-9
13-08109
CDD-658.8
Prefácio, xix
1 Visão geral de serviços (Edson Pacheco Paladini, Istefani Carísio de Paula, José Luis
Duarte Ribeiro, Márcia Echeveste, Maria Auxiliadora Cannarozzo Tinoco e Marly
Monteiro de Carvalho), 1
1.1 Introdução, 1
1.2 Gestão estratégica de serviços, 3
1.3 Gestão de operações em serviços, 7
1.4 Serviços compartilhados, 12
1.5 Servitização, 15
Referências, 19
2 Como utilizar este livro (Edson Pacheco Paladini, Istefano Carísio de Paula, José
Luis Duarte Ribeiro, Márcia Echeveste e Marly Monteiro de Carvalho), 23
2.1 Introdução, 23
2.2 Casos de gestão estratégica, 26
2.3 Casos de gestão de operações em serviços, 29
2.4 Casos de serviços compartilhados, 31
2.5 Casos de servitização, 33
Vlll Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e
Martins
7 Alinhamento dos esforços por meio da gestão pelas diretrizes para implantar a
estratégia: caso CCDM/UFSCAR (Roberto Antonio Martins), 109
7.1 Introdução, 109
7.2 Fundamentação teórica, 110
7.3 Descrição da organização, 113
7.4 Considerações finais, 123
Questões para discussão, 124
Referências, 125
Organizadores
É editor associado da revista Produção. É membro do comitê assessor das Engenha- rias
IIIna CAPES. É o representante para a América Latina no IAC- International
Activities Committee do INFORMS. É membro da Câmara de Pós-Graduação da
UFRGS (2012-2014) e membro do CEPE da UFRGS (2012-2014). Autor de
livros
e artigos publicados no Brasil e no exterior.
Autores
Cristiano Roos
(UFSC)
Até há poucos anos, a Gestão de Operações no Brasil estava com foco no setor
industrial. E foi com essa prioridade que se desenvolveram e se consolidaram as mais
diversas ferramentas e os mais diferentes métodos que edificaram de forma muito sólida
a história da produção no Brasil.
O esforço pela excelência moldou um processo gerencial sólido nas empresas
industriais brasileiras, que adquiriu conotação estratégica.
Concretizou-se, assim, um modelo próprio de Gestão Industrial.
A partir, sobretudo, da década de 1990, o setor de serviços começou a se fir- mar
como o ramo de negócios que mais impacta sobre o cenário macroeconômico nacional, a
ponto de gerar níveis de emprego que oscilam em torno de 70% da oferta total do país
neste momento.
Esse desenvolvimento trouxe, naturalmente, efetiva robustez ao processo de
concorrência interna, já que, ao lado da crescente demanda, organizações produ- tivas
dos mais diferentes campos de atuação começaram a investir na oferta de variados
serviços. Como sempre ocorre nesses contextos, a concorrência passou a exigir
qualidade na prestação de serviços. O mercado passou a buscar serviços diferenciados,
os usuários passaram a requerer opções mais bem ajustadas às suas necessidades e às suas
expectativas, o desenvolvimento econômico, sobretudo nos
últimos 15 anos, gerou demandas específicas, com níveis crescentes de exigência em
relação aos serviços disponibilizados.
XX Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Marly Monteiro de
Carvalho Edson Pacheco
Paladini José Luis
Duarte Ribeiro
1
Visão geral de serviços
Edson Pacheco Paladini, Istefani Carísio de Paula, José Luis Duarte Ribeiro,
Márcia Echeveste, Maria Auxiliadora Cannarozzo Tinoco e
Marly Monteiro de Carvalho
1.1 Introdução
Nos países desenvolvidos, há décadas o setor de serviços desponta como gera- dor de
riquezas e empregos. Essa trilha vem sendo seguida por países em desen- volvimento.
Para ilustrar, nos Estados Unidos, os serviços representam 68,9% (IMF, 2012b), na
União Europeia, 70,5% (IMF, 2012a) e 69% na Coreia do Sul (KIM, 2011).
Os BRICS, grupo de economias emergentes que envolve Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul (South Africa), têm seguido essa tendência, aumentado a
participação dos serviços na economia.
De fato, hoje no Brasil, segundo o IBGE (2012), o setor de serviços corresponde a
cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, da soma de tudo o que a atividade
econômica do país produz. Segundo a mesma fonte, o setor de serviços responde por
mais de 75% dos empregos formais dos brasileiros hoje. Na Índia, por exemplo, o setor
de serviços responde por quase 60% do PIB (DATT e SUN- DHARAM, 2009). Dentre
os BRICS, a China é que apresenta o menor percentual.
São muitos os fatores impulsionadores de uma economia centrada em serviços, que
vão desde aspectos relacionados a mudanças demográficas e socieconômicas até
aspectos voltados ao ambiente competitivo como o aumento da terceirização/
outsourcing a partir da concepção de empresa-rede, aumento da sofisticação dos
consumidores, demandando soluções customizadas e mudanças tecnológicas.
2 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Indicadores Alinhamento
(Capítulo 3) (Capítulo 4)
-------------------------------------------
Parte 3 Serviços compartilhados
I
(Capítulo 13) (Capítulo 14)
-------------------------------------------
Parte 4 Servitização
I
Desenvolvimento do portfólio Lógica produto-serviço
(Capítulo 15) (Capítulo 16)
Cada uma dessas partes será aprofundada nas próximas seções deste capítulo.
Em linhas gerais, ações estratégicas são aquelas voltadas para garantir a sobre-
vivência de pessoas e de organizações. Cabe observar, entretanto, o que significa
sobrevivência. Não se trata, como se costuma pensar usualmente, de manter-se vivo
no dia de hoje, resistir às dificuldades ouescapar ileso de determinadas situa-
ções. Sobreviver, no sentido estratégico do termo, significa criar meios para desen-
volver-se continuamente, única forma de garantir que a organização ou a pessoa
mantenha-se viva e em boas condições, em futuro mais próximo oumais distante.
Quando uma pessoa investe em hábitos de vida saudáveis, como alimentação
adequada ou exercícios físicos, o que ela deseja ter é melhor qualidade de vida no
futuro. Da mesma forma, quando uma organização produtiva investe em ações que
determinam uma atuação marcada por diferenciais competitivos, como no caso do
lançamento de produtos novos, mais adequados a determinadas faixas de
consumidores, o que ela deseja ter é melhor posicionamento no mercado, o que lhe
garante benefícios vitais para seu crescimento, como maior solidez financeira, por
exemplo.
Em geral, assim, ações estratégicas estão voltadas para perspectivas futuras de
organizações e de pessoas. Considerando-se que ambas atuam em ambientes
competitivos, ações estratégicas são aquelas que criam diferenciais em relação aos
concorrentes. Assim, além de voltadas para o futuro, ações estratégicas costumam ter
impacto na área de atuação de quaisquer agentes produtivos, influenciando
decisivamente sua presença em ambientes externos nos quais tais agentes se inse- rem.
Neste contexto, investir em serviços pode ser uma ação estratégica de uma empresa
que produz bens industriais e que utiliza serviços agregados a eles como forma de
diferenciar sua atuação no mercado.
No sentido reverso, elementos estratégicos são aqueles dos quais as organiza-
ções dependem para sobreviverem. Se considerarmos um país como uma organi-
zação, por exemplo, vamos observar que do movimento econômico determinado
pelas empresas prestadoras de serviços decorrem indicadores estratégicos, como a
4 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
geração de emprego e de renda para sua população. Por isso, a prestação de ser-
viços pode vir a se transformar em uma opção estratégica para uma organização
produtiva; entretanto, esse mesmo processo é, com certeza, um elemento essen- cial
para a sobrevivência econômica de comunidades, regiões ou mesmo nações.
A busca por diferenciais costuma ser um caminho lógico trilhado por empre-
sas que investem em componentes estratégicos na sua forma de atuação. Ocorre,
contudo, que nem todos os diferenciais transformam-se em vantagens competiti- vas,
essência do esforço estratégico das organizações produtivas.
De fato, a vantagem competitiva só se estabelece quando o mercado consi-
dera que a inovação introduzida, seja de que natureza for, representa algum tipo de
ajuste às suas necessidades, aos seus desejos, às suas expectativas, às suas
conveniências. Se este for o caso, o produto adquire valor aos olhos do consumi-
dor. Agregar serviços a um bem tangível, assim, pode representar um valor para o
consumidor e, em geral, é com esta finalidade que se estrutura a opção estra- tégica
pelos serviços.
Percebe-se claramente que não basta, por si só, o esforço das empresas em
desenvolver serviços agregados aos seus bens ou mesmo a outros serviços. É im-
portante entender os requisitos dos consumidores para justificar o empenho na
concepção dos mesmos. Em outros termos, talvez mais técnicos, constata-se que a
opção estratégica por serviços está associada ao nível de qualidade que eles pre-
tendem atender.
A rigor, não se alteram os conceitos básicos da qualidade quando se fala em
bens tangíveis ou serviços. Já os modelos para a produção da qualidade aplicáveis a
bens tangíveis apresentam algumas diferenças em relação àqueles aplicados aos
serviços e métodos. Um exemplo que costuma ser citado com frequência: em bens
tangíveis, ocorre um elevado número de atividades de suporte e há pequena inte-
Visão geral de ser viços 7
1.3.1 Projetando
serviços
aprimorar os seus serviços internos. Para a melhoria dos serviços internos, podem ser
utilizadas as ferramentas e técnicas de gestão, a capacitação e desenvolvimento dos
funcionários e a melhoria da qualidade de vida no trabalho.
Diversas ferramentas podem ser utilizadas para melhorar a qualidade perce-
bida pelos clientes de serviços. Os princípios e ferramentas do Lean Manufacturing,
bem difundidos no setor industrial, atualmente estão sendo expandidos para apli-
cações no setor de serviços visando a melhoria do fluxo de informações e elimina-
ção de desperdícios nos processos de prestação de serviços. Nesse sentido, Lean
Office surge como uma adaptação do Lean Manufacturing voltada para processos
que envolvem fluxos não físicos e intangíveis como informações e conhecimentos,
característicos das atividades de serviços (McMANUS, 2005).
O Lean Office é considerado um sistema de aperfeiçoamento que busca a
melhoria contínua no atendimento das necessidades do cliente, entregando valor, que
deve ser produzido com o mínimo de desperdícios e com o máximo de econo- mia nos
recursos (MOTWANI, 2003; TISCHLER, 2006). Uma das abordagens para a
implementação do Lean Office nas organizações, mais difundidas em pesquisas
científicas e no contexto empresarial mundial, foiproposta por Tapping, Shuker e
Shuker (2003). A abordagem segue os seguintes passos: (i) comprometimento de
todos com o lean, através do envolvimento na aplicação de conceitos enxutos; (ii)
escolha do fluxo de valor de produto/serviço ou processo mais representativo na
organização; (iii) aprendizado sobre lean, baseado no entendimento sobre os
conceitos e termos do lean; (iv) mapeamento do estado atual, para ter uma clara
visão dos desperdícios e do status atual do processo analisado; (v) identificação de
medidas de desempenho lean; (vi) mapeamento do estado futuro, indicando as
melhorias a serem consideradas; (vii) criação dos planos Kaizen, estabelecendo os
processos e prazos para implementação das melhorias; e (viii) implementação dos
planos Kaizen.
Uma vez que a percepção de qualidade do serviço é altamente dependente da
qualidade da interação cliente-prestador de serviço, e considerando que a mesma está
sujeita a grandes variações em função de o serviço ser uma atividade intensiva em mão
de obra, a gestão dos recursos humanos em serviços torna-se essencial. A utilização
de mecanismos para desenvolvimento e capacitação de funcionários, para motivação
e melhoria da qualidade de vida no trabalho desses funcionários resulta fundamental
para as empresas de serviços.
Um dos fatores importantes da qualidade de vida no trabalho está relacionado
à diminuição de riscos ocupacionais no ambiente de trabalho. Visando a melhor
qualidade de vida dos funcionários, as organizações têm priorizado ações que
evitem riscos ocupacionais.
A gestão de riscos ocupacionais tem como foco o desenvolvimento de ativida-
des nas quais o trabalhador não se expõe a ameaças de qualquer ordem. Em parti-
12 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Existe uma constante pressão sobre líderes corporativos no sentido de adicio- nar
valor para suas organizações racionalizando os processos que não são centrais para as
operações da empresa e concentrando forças naqueles processos que são estratégicos
ouessenciais. Diretores executivos (CEOs) são confrontados com múl- tiplas
Unidades de Negócios (UNs) que representam multiplicidade dos processos de
suporte e de pessoal. Uma forma de reduzir os custos relativos dos processos é o
estabelecimento de um Centro de Serviços Compartilhados (CSC).
Frequentemente as atividades de suporte são percebidas por executivos e
gestores como "não adicionadoras de valor", razão pela qualrecebem pouca aten-
ção e acabam resultando em atividades de alto custo. Quando essas atividades são
tratadas como negócios autossustentáveis, a exemplo do que ocorre em um
esc, elas passam a "adicionar valor", liberando tempo dos gestores e recursos de
gestão ao longo de todas as UNs da corporação. O CSC é, portanto, definido como:
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AVALIAÇÃO
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Caso haja interesse pela estrutura, inicia-se a fase de Planejamento. São con-
siderados fatores como a localização, a infraestrutura necessária, os processos
envolvidos e o retorno financeiro. O resultado dessas análises é denominado de
Business Case. Ao final dessa etapa, é tomada a decisão sobre a implantação do CSC.
Após a decisão pela criação de um CSC, inicia-se a fase de Implantação. Nesse
momento são definidas as parcerias, a estruturação dos processos, a migração dos
serviços, os indicadores de desempenho. Além disso, é realizada uma análise
dos potenciais para atuação no cenário global e a nível virtual.
As informações gerais sobre o CSC descritas neste capítulo servem de partida
para o leitor mergulhar num outro caminho que se apresenta sob a égide do
grande tema que é a gestão de serviços. Se antes a ênfase estava nos serviços que
agregam valor aos bens tangíveis da organização, e que tradicionalmente fazem
parte das publicações de gestão de serviços, agora os serviços internos das orga-
nizações passam a adquirir importância e receber a atenção dos CEOs. Os CSCs,
que normalmente eram reconhecidos apenas como centros de custo, podem efe-
tivamente se converter em centros de lucro (profit centers) que adicionam valor
para as unidades de negócio.
Dois outros capítulos neste livro estão dedicados às peculiaridades de casos de
CSCs ocorridos no Brasil, e convidamos o leitor a visitar os mesmos, em busca
de referências para o desenvolvimento de novos projetos de esc.
1.5 Servitização
1.5.1 Serviços ou
produtos?
Referências
TAPPING, D.; SHUKER, D. Value stream managementfor the lean office: eight
steps to planning, mapping, and sustaining lean improvements in administrative
areas. New York: Productivity Press, 2003.
TISCHLER, L. Bringing lean to the office. Quality Progress, v. 39, n. 7, p. 32-
38,
2006.
VANDERMERWE, S.; RADA, J. Servitization of business: adding value by
adding service. European Management Journal, v. 6, n. 4, p. 314-24, 1988.
WINDAHL, C.; ANDERSSON, P.; BERGGREN, C.; NEHLER, C.
Manufacturing firms and integrated solutions: characteristics and implications.
European Journal of Innovation Management, v. 7, n. 3, p. 218-228, 2004.
WISE, R.; BAUMGARTNER, P. Go downstream: the new profit imperative
inmanu-
facturing. Harvard Business Review, p. 133-141, Sep.-Oct. 1999.
ZEITHAML, V.; BITNER, M. J. Services marketing. NewYork: Irwin
McGraw- Hill,
2000.
ZEITHAM, V. A.; PARASURAMAN, A. Service Quality. Marketing Science
lnstitute
(MSI), Relevant Knowledge Series,
2004.
ZEITHAM, V. A.; PARASURAMAN, A.; BERRY, L. Delivering
QualityService: balan-
cing customer perceptions and expectations. NewYork: Free press, 1990. p. 15-33.
26 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
2
Como utilizar este livro
Edson Pacheco Paladini, Istefano Carísio de Paula, José Luis
Duarte Ribeiro, Márcia Echeveste e Marly Monteiro de Carvalho
2.1 Introdução
Fechamento e Avaliação
Como utilizar este livro
25
Cada capítulo deve ser tratado como um processo de aprendizagem composto por
fases, como explorado na Figura 2.1.
Inicialmente, é preciso fazer uma abertura teórica do tema de Gestão de Ser-
viços explorado no capítulo em análise.
Em seguida, é preciso um tempo de imersão individual. Para obter melhores
resultados aconselha-se uma leitura detalhada de cada caso, realçando os tópicos de
maior interesse, fazendo anotações. Um dos aspectos mais importantes do lei- tor
nesse momento diz respeito à concentração e dedicação ao caso, no intuito de
absorver o texto e levantar o máximo de informações para contribuir na discussão em
equipe que deve ocorrer em seguida. Faça o exercício de articular os conceitos e casos
estudados com a realidade vivenciada em sua organização.
A discussão em equipe permite a socialização do conhecimento, e essa troca
enriquece a análise individual, pois adiciona novas perspectivas de análise. O grupo
deve balizar seu debate pelas questões de discussão propostas em cada capítulo. É
importante que o grupo explore as questões propostas de maneira ampla e depois faça
uma síntese, que representa o consenso do grupo.
Caso seja um grupo de estudo na empresa, o processo encerra e passa-se para um
novo capítulo.
Se a dinâmica estiver sendo conduzida com vários grupos, é a hora da discus- são
em plenária, coordenada pelo professor/facilitador. Essa etapa também tem a lógica
de socialização do conhecimento. O professor/facilitador pode optar por uma
apresentação formal de cada grupo, oupromover o debate menos estruturado coletando
pontos de vista para cada questão.
Uma vez encerrada essa etapa, é preciso fazer um fechamento, estabelecendo uma
síntese dos aspectos-chave debatidos e "amarrando" os conceitos vistos e o caso
analisado, remetendo à etapa de abertura teórica.
Ao fechamento, deve-se mensurar a real absorção dos conceitos pelos envol-
vidos. Não é necessária uma avaliação formal do tipo prova, mas é preciso definir
critérios práticos de mensuração da aprendizagem.
O livro ajudará no desenvolvimento de sua equipe de trabalho ou de seugrupo de
alunos na temática de Gestão de Serviços.
26 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Parte 1
Gestão estratésica Capítulo 3 -Formulação e desdobramento de indicadores estratégicos de
de serviços desempenho através do DFSS: pesquisa-ação no setor de seguros
Parte 2
Capítulo 4- Análise comparativa de modelos de alinhamento estratégico:
Gestão de caso no setor de medicina diagnóstica
operações em
serviços
Parte 1
Gestão estratégica Capítulo 8 - Aplicaçào de témicas de gestào de serviços para
de serviços aprimoramento dos serviços internos de uma empresa
A Parte 2 deste livro apresenta cinco casos que abordam a gestão de operações em
serviços. A seguir será apresentada uma visão geral desses casos.
O Capítulo 8 discute a aplicação de técnicas de gestão de serviços para apri-
moramento dos serviços internos de uma empresa. Esse estudo de caso teve como
objetivo mapear e avaliar os serviços internos prestados pelo setor de compras de uma
empresa metal-mecânica, identificando oportunidades e propondo melhorias. O estudo
foi conduzido através do levantamento do ciclo do serviço e do uso da ferramenta
service blueprint. Além disso, foifeita a análise e avaliação dos serviços na visão dos
clientes internos, através de entrevistas e utilizando o instrumento SERVQUAL.
Isso permitiu propor melhorias que envolveram o redesenho do pro- cesso, apoiado
no service blueprint. O estudo deixa claro que é comum existirem discrepâncias nas
visões dos diferentes agentes envolvidos na prestação do serviço. O uso do service
blueprint orientando as mudanças necessárias e o respectivo plano de ação mostrou-se
uma abordagem simples, que promoveu o envolvimento dos colaboradores e
proporcionou o planejamento eficaz das melhorias no setor de compras da empresa
em estudo.
O Capítulo 9 apresenta um estudo de caso onde é investigado o interesse de um
conjunto de cirurgiões-dentistas em implantar um sistema de certificação da
qualidade em seus ambientes de trabalho. O estudo analisa a viabilidade da im-
plantação de um sistema de certificação da qualidade no ambiente de prestação do
serviço. Foram entrevistados 93 profissionais do Rio Grande do Sul. Verificou-se
que 99% dos cirurgiões-dentistas consideram a certificação da qualidade ouo pro-
grama da qualidade importante em seu ambiente de trabalho, mas apenas 19%
pretendem implantar tais sistemas. Estatísticas detalhadas são apresentadas e
discutem-se as consequências práticas e estratégicas da certificação da qualidade em
serviços prestados por cirurgiões-dentistas.
O Capítulo 10 apresenta uma abordagem para implementação do LeanOffice. O
estudo de caso foiconduzido buscando solucionar um problema prático relacio- nado a
cinco clientes de uma empresa que atua na área de distribuição de com- bustíveis. O
Lean Office foiimplementado, obtendo-se como principais resultados a redução do
lead time, a redução do process time e o aumento da porcentagem de serviços
completos e precisos. De forma geral, a implementação do LeanOffice permitiu
reduzir e eliminar desperdícios em atividades que não agregam valor para o
cliente. Esse estudo contribui para confirmar que o Lean Office constitui um
método de excelência utilizado atualmente na Gestão de Serviços.
O Capítulo 11 aborda a gestão de riscos ocupacionais, apresentando um estudo de
caso que envolve a prestação de serviços de transporte de combustíveis, con-
siderada uma atividade de alta periculosidade. Esse estudo enfatiza a necessidade de
considerar os riscos ocupacionais nos procedimentos táticos e operacionais de
sistemas produtivos. A adequada gestão dos riscos ocupacionais permite planejar
Como utilizar este livro
31
e desenvolver ações para evitar a ocorrência de acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais e incidentes críticos, que afetem o equilíbrio das relações sociais, eco-
nômicas e ambientais. O estudo apresentado oferece um método para considerar os
riscos ocupacionais no mapeamento do fluxo de valor da produção enxuta. O
método proposto é relativamente simples e pode gerar uma análise customizada dos
riscos ocupacionais, um aspecto importante nas aplicações práticas.
O Capítulo 12 discute a medição de satisfação dos clientes em um centro de
ciência e tecnologia. O texto enfatiza a evolução observada nos últimos anos nos
procedimentos de medição da satisfação, visando atender requisitos da NBRJISO
9001, NBR ISO/IEC 17025 e Modelo de Excelência da Gestão do PNQ. A
implan-
tação dos novos procedimentos exigiu a mudança de comportamento dos colabo-
radores da área comercial, que passaram a ter maior responsabilidade e ativida-
des. Os novos procedimentos viabilizaram acesso a informações mais detalhadas
sobre as expectativas e satisfações dos clientes. As dificuldades encontradas nesse
estudo de caso e as soluções propostas podem servir de exemplo para organizações
prestadoras de serviços que atuam no contexto do Business-to-Business.
Em conjunto, a Parte 2 apresenta vários aspectos considerados importantes para
a gestão de serviços, envolvendo: aprimoramento de serviços internos, certi- ficação
da qualidade em serviços, implementação de Lean Office, gestão de riscos
ocupacionais em serviços e avaliação da satisfação de clientes de serviços.
Parte 1
Gestão estratégi ca
de serviços
Parte 2
Gestão de
operações em
serviços
Parte 4
Servitização
Neste livro o leitor encontrará no Capítulo 13 dois casos dedicados ao tema
"Centro de Serviços Compartilhados (CSC)". O Capítulo 13 denomina-se Defin•
ção de diretrW.s para o Business Case de implanmção de um CSCe.o Capítulo 14
Avaliação da oopacidade de uma Central de Arendimenm de um Centro de SerW;os
Compart>lhndos (CSC).Estes foramdestacados na Figtm2 .2 visando siruar ocon·
teúdo de cada caso frente ao referencial teórico. Convidamos o leitor a visitar o
Capítulo 1 para compreensão das fases de Mobilização. Avaliação.Planejamento e
Implantação de wn CSC.
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Clll'fTtn.o 14
Parte 1
Gestão estratégica
de serviços
Parte 2
Gestão de
operações em
serviços
Parte 4
Servitização
34 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
3.1 Introdução
O sucesso na gestão da estratégia, segundo Thain (1990), reside em dois pro- cessos
chaves: o processo de formulação da estratégia e o processo de execução da estratégia.
Segundo Johnston (2004), as estratégias devem ser construídas com o obje- tivo
principal de serem implementadas. No entanto, estudos recentes indicam que
10% a 20% das estratégias formuladas de fato são implantadas e executadas com
êxito (BOSSIDY; CHARAN, 2004).
Considerando a complexidade do ambiente corporativo, existe uma demanda das
empresas para tomar decisões baseadas em fatos e dados, e de compreender quais ações
de fato contribuem para cumprimento da estratégia e seus resultados. Neste contexto, as
empresas adotam sistemas de medição de desempenho que permitem quantificar e
monitorar indicadores estratégicos.
Também na academia o tema de sistema de indicadores de desempenho tem sido
estudado e discutido em diferentes indústrias por diversos autores (KAPLAN;
NORTON, 1992, 1996; NEELY et al., 2001; BITITCI et al., 1997).
Até a década de 1980, os sistemas de medição de desempenho (Performance
Measurement Systems – PMS) eram orientados a medidas financeiras das empresas, o que
foi questionado por vários autores (ECCLES, 1991; JOHNSTON; KAPLAN,
1987; KAPLAN, 1984).
38 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
A partir de então, pode-se dizer que houve um consenso entre os autores com
relação à necessidade de desenvolver sistemas que envolvam tanto métricas finan-
ceiras quanto não financeiras, em geral agrupados emframeworks que propõem
dimensões de mensuração pré-definidas. Dentre os mais difundidos destaca-se o
Balanced Scorecard (BSC) (KAPLAN; NORTON, 1992). Outros frameworks
com repercussão na literatura são o Prisma de Desempenho (NEELY et al.,
2001), a Pirâmide de Desempenho (CROSS; LYNCH, 1991) e Sistemas de
Medição de Desempenho Integrado (BITITCIet al.,1997).
Por outro lado, considerando-se a abordagem fora da academia, dentro das
empresas, muitas delas preferem construir seus próprios sistemas de medição de
desempenho com base em algumas premissas internas, e pode haver o questio-
namento se tais sistemas de medição desenvolvidos sem um modelo teórico de
suporte podem atingir o mesmo resultado que osframeworks mais conhecidos.
Com base nesse questionamento, este capítulo busca compreender o processo de
formulação e desdobramento de sistemas de indicadores de desempenho, que não
adotemframeworks de referência, possibilitando discutir quais foram os pontos
fortes e fracos dessa implementação com relação aos principais construtos teóricos
relacionados aos sistemas de medição de desempenho. Para taladotou-se a abordagem
metodológica de pesquisa-ação, desenvolvida em uma empresa do setor de seguros.
nização possuirá as características descritas dentro do quadro teórico como relevan- tes
para sua utilização exitosa. Considerando-se a complexidade da implantação de um
sistema de medição de desempenho e do contexto da organização no resultado de tal
ação, faz-se necessária a utilização do método de pesquisa qualitativa.
O estudo foiconduzido pela metodologia da pesquisa-ação, que é definida por
Coughlan e Coughlan (2002) como uma abordagem científica para a solução de
questões organizacionais em conjunto com aqueles que as experimentam.
Com o objetivo de obter a anuência da organização da condução da pesquisa e
facilitar a compreensão dos envolvidos nas etapas do desenvolvimento, a empresa
optou por formatar a condução utilizando um método por ela dominado, no caso o
Seis Sigma, uma vez que a empresa utiliza projetos de melhoria de processos
(DMAIC) desde 2000 e em 2006 passou a utilizar o DFSS.
Schroeder et al. (2007), definem Seis Sigma como "uma mesoestrutura para-
lela, organizada para reduzir a variação de processos utilizando-se de especialis- tas
em melhoria, um método estruturado e métricas de desempenho com a meta de
atingir objetivos estratégicos". Eles também sugerem que Seis Sigma seja visto como
um processo de mudança organizacional.
Para que esse processo de mudança organizacional atue não somente na
melhoria de processos existentes, mas também na criação de novos produtos, ser-
viços e processos, é proposto o Design for Six Sigma (DFSS).
Quando um novo processo é requerido, o DFSS é utilizado. O DFSS consiste
de um número de disciplinadas e rigorosas abordagens para produtos, processos e
desenvolvimento de serviços (EL-HAIK; ROY, 2005).
O modelo mais frequentemente mencionado na literatura de DFSS para ser-
viços indica o DMADV como o roteiro mais utilizado em empresas de serviços ou
para projeto de processos transacionais.
Nesse roteiro, as fases indicam os seguintes passos no desenvolvimento do
processo ou serviço (YANG, 2005):
3.3.1 Descrição da
empresa
Figura 3.1-Templae da
••
------
.---- -·
telado :sist»lma oomKPh emuso .... . .......
- - .. - · ·
",'· ,.
- ' ,.
' · -
'
' --
-- · - - -
- "' - '- - ••
=
•r-------------,·
--
.
- ···
Formulação e desdobramento de indicadores estratégicos de desempenho por m eio do DFS S 47
... -...,::-:..:relacionadas
lista de KPis, englobando métricas ::··=··· -·········às·····dimensões
·--
··-·· · financeiras como ren-
--·-----·--:...:--·-···-···-···...·-
.
•
i - -·-···-···-·-········-··- ···-···-·
-
• ...- ••_a..---:·-.
De uma maneira geral, o resultado do projeto pode ser avaliado como posi-
tivo frente aos principais construtos teóricos, ainda que com algumas limitações.
Uma avaliação importante que pode ser feita quanto à aplicabilidade da meto-
dologia no estudo de caso em questão é compará-lo com os principais.frameworks
utilizados, conforme Quadro 3.3.
Sob o ponto de vista da construção do processo e do sistema de suporte de TI, a
metodologia é completamente aderente e aplicável, sendo possível considerar que houve
ganhos no uso de uma estrutura formal e coordenada para a implantação de tais
processos. Com relação à determinação dos KPis, algumas ferramentas do Seis
Sigma mostraram-se úteis, porém existem algumas recomendações adicionais que
podem melhorar a seleção dos indicadores:
Frameworks KPis
Empresa
Critérios SMAR PMQ R&DM BSC CPMP CPMS IPMS DPMS IPMF Estudada
T
Um sistema de medição deve medit:
1. Qualidade Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
2. Flexibilidade Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok -
3. Tempo Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
4. Finanças Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
Satisfação de
5.
clientes Ok - - Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
Re=sos
6.
Humanos Ok - - Ok Ok -
Ok Ok - Ok
Formulação e desdobramento de indicadores estratégicos de desempenho por m eio do DFS S 51
Ligar as opera·
8. ções às metas Ok - Ok - Ok Ok Ok Ok Ok -
estratégicas
Estimular a
9. melhoria - Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
continua
Promover
10. retroalimentação - - Ok - Ok - Ok Ok Ok Ok
rápida e precisa
Propósitos claros e
11.
definidos
- - Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok -
Relevantes e
12. - - -
- Ok Ok Ok Ok Ok Ok
fáceis de manter
Simples de
13.
entender e usar Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
Permitir a identi-
15. ficação de objeti- -
Ok Ok Ok Ok -
Ok Ok Ok -
vos estratégicos
Permitir o
desenvolvimento
16. de métricas de
-
Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
desempenho
Promover uma
17. estrutura de - - -
- Ok Ok Ok Ok Ok Ok
manutenção
Envolver os
18.
usuários chaves Ok - - - Ok Ok Ok Ok - Ok
Possuir supote
19.
dos gestores Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok - Ok
Possuir suporte
20.
dos funcionátios Ok - Ok Ok Ok Ok Ok Ok - Ok
Possuir objetivos
21. claros e explícitos - - Ok Ok Ok - Ok Ok Ok Ok
Ter um
tratamento
22. através do - - - Ok Ok - - - - Ok
tempo
52 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Referências
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Formulação e desdobramento de indicadores estratégicos de desempenho por meio do DFSS 59
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60 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
4
Análise comparativa de modelos de
alinhamento estratégico: caso no
setor de medicina diagnóstica
Vanderli Correia Prieto e Marly Monteiro de Carvalho
4.1 Introdução
estratégia
processos clientes
17
pessoas
Análise comparativa de modelos de alinhamento estratégico: caso no setor de medicina diagnóstica 65
Optou-se pela avaliação dos resultados da empresa a partir do uso das vanta-
gens competitivas, uma metodologia qualitativa proposta por Zaccarelli (2000).
Segundo a proposta do autor, as empresas precisam utilizar as vantagens com-
petitivas para crescer, lucrar e melhorar- vide Quadro 4.2. Caso não o façam, as
vantagens estarão automaticamente sendo desperdiçadas.
1 Lucrar mais por aumento do preço unitário, para distribuir maiores dividendos aos
acionistas
2 Crescer, aumentando a participação no mercado atual da empresa, sem comprar
empresas dos concorrentes
3 Crescer, aumentando a participação no mercado atual da empresa, comprando
empresas concorrentes
4 Expandir, entrando em novos mercados
5 Complementar a participação no mercado atual, introduzindo novos produtos
6 Melhorar a competitividade da empresa
Crescimento:
Melhorar condições
de longevidade:
•
redução do
endividamento
• Significativo aumento do
faturamento, porém vindo de
uma situação defasada. Cresceu
diminuindo o endividamento.
SITUAÇÃO INICIAL
Situação de defasagem em relação
ao mercado e ao próprio potencial
(preços abaixo
do preço do mercado).
Referências
5.1 Introdução
O Modelo de Kano propõe que, para alguns atributos do produto e/ou setviço, a
satisfação do cliente é aumentada drasticamente com somente uma pequena melhoria
no desempenho. Já para outros atributos, a sua satisfação aumenta pou- quíssimo,
ainda que o desempenho seja melhorado ao extremo. Por exemplo: um cliente pode
avaliar o ar-condicionado com um peso de 25% na escolha de um apartamento e
pode não estar totalmente satisfeito com o apartamento mesmo que o ar-
condicionado funcione perfeitamente (SAUERWEIN et al., 1996). Nor-
malmente, o modelo é aplicado para a classificação de atributos da qualidade. A
ideia fundamental do modelo é que os atributos do produto ou setviço podem ser
classificados em categorias conforme criarem satisfação ou insatisfação, com um
correspondente nível de desempenho (HUISKONEN; PIRTIILÃ, 1998).
Kano et al. (1984) e Berger et al. (1993) sugerem que os atributos podem
ser identificados perguntando aos consumidores sobre sua reação (ou satisfação)
quando os atributos têm desempenho superior (questão positiva) e inferior (ques- tão
negativa). Dependendo das respostas para a questão "positiva" e "negativa", o atributo
pode ser identificado como atrativo, obrigatório, unidimensional, neutro ou reverso.
A Figura 5.1 apresenta o Modelo de Kano, cujas legendas estão nas alíneas "a"
até "f'. Esse modelo teórico se baseia na relação do grau de desem- penho (eixo
horizontal) com o grau de satisfação (eixo vertical), sendo que cada atributo
resultante das diferentes relações entre os graus é descrito na sequência (exceção
para o atributo questionável, que não pode ser representado no modelo teórico).
Assim, tem-se:
M«ito ti
/ AtD.tiiiO (A)
'""'
1. Eu gosto disto
Q A A A u
desta maneira
-·v; 2. Eu espero que
o
..o....., seja desta maneira
R N N N o
"@
c 3. Eu fico neutro R N N N o
·oco
4. Eu posso aceitar
i! o
o que seja desta R N N N
>C':l
.. mane1ra
";:l'
Q)
o 5. Eu não gosto
R R R R Q
disto desta maneira
Q: questionável; A: atrativo; U: unidimensional; R: reverso; N: neutro; 0: obrigatório
Atributo
Respondente limpeza Tempo Preço
1 o R N A u o N R Q
2 A R o limpeza Bo/o 72o/o 20o/o Oo/o Oo/o Oo/o
3 u u N Tempo 2o/o lOo/o Oo/o lOo/o 64o/o 14o/o
4 u R u Preço 6o/o 40o/o 14o/o 34o/o Oo/o Oo/o
5 o R N
... ... ... ...
E u R N E: número de entrevistas
(1) CS = A_+_U
A+U+O+N
O número positivo indica que a satisfação do cliente aumenta caso seja viabi-
lizado determinado atributo do produto e/ou serviço; o número negativo indica que
a satisfação do cliente diminui caso o atributo do produto e/ou serviço não seja
fornecido. Um coeficiente próximo a 1 indica grande influência na satisfação do
cliente; um coeficiente próximo a zero significa que certo atributo tem pequena
influência na satisfação do cliente. Na equação 2, o sinal de -1 no Coeficiente de
Insatisfação (CI) serve para reforçar o aspecto negativo da insatisfação que está
sendo medido (SAUERWEIN et al., 1996).
O coeficiente de satisfação do cliente não leva em consideração em seucálculo o
número de clientes que assinalaram o atributo como reverso. Se um atributo
apresentar um índice reverso significativo, o coeficiente de satisfação do cliente
tenderá a classificá-lo como neutro ou atrativo. Assim, certo cuidado deve ser
tomado para se analisar o percentual de reverso de cada atributo.
Inconsistente
1. Criação do 4. Compilação
quetionário dos dados
3. Aplicação do
questionároi
2.Determinação
da amostragem 7.Orientação
estratégica
ciente, não trarão satisfação) deverão ser foco da gestão da qualidade, visto que
podem rotular negativamente o serviço prestado pela organização. Os atributos da
qualidade que forem classificados em neutros (aspectos que não são bons e nem
ruins, ou seja, não resultam em satisfação ou insatisfação do cliente) não devem ser
foco da gestão da qualidade.
Os atributos da qualidade que forem classificados em reversos (alto grau de
desempenho resultando na insatisfação; baixo grau de desempenho resultando na
satisfação) devem ser foco da gestão da qualidade, mas não priorizados. Aqui pode-
se transformá-los em atributos unidimensionais ou, quando possível, elimi- ná-los.
Os atributos da qualidade que forem classificados como atrativos (ponto-chave para
a satisfação do cliente, se tiverem alto grau de desempenho trarão plena satisfação;
não trarão, porém, insatisfação ao cliente se não forem atendidos ) devem ser
considerados como a cereja do bolo, sendo importante uma avaliação detalhada dos
recursos necessários para sua melhoria, uma vez que são atributos fundamentais para
superar as expectativas do cliente.
a origem dos alimentos, onde, como e por quem são produzidos (JONES et al.,
2003). O conceito também apresenta oposição à padronização do sabor dos ali-
mentos processados ou industrializados, típica dofastfood (NOSI; ZANNI, 2004).
Em contrapartida, fast food é a designação dada às refeições que são prepa-
radas, servidas e consumidas em um pequeno intervalo de tempo. Esse modelo
nasceu da necessidade crescente de as pessoas se alimentarem fora de casa, em um
localmais próximo do trabalho e com pouca disponibilidade de tempo, devido ao
ritmo agitado do cotidiano.
A noção defastfood surgiunos Estados Unidos em 1921, no estado do Kansas,
com a White Castle, uma rede de restaurantes especializada em hambúrgueres. O
conceito de alimentação rápida tornou-se popular entre os anos 1930 e 1940, com o
surgimento dos drive-ins. A moda chegou ao Brasil em 1952 com a inauguração da
primeira loja Bob's no Rio de Janeiro, que atualmente é a rede defastfood com maior
cobertura geográfica do país. Posteriormente, a rede McDonald's reduziu o preço
dos seus hambúrgueres, por meio da padronização no preparo, atraindo
consumidores de diversas classes sociais e acelerando sua expansão. Hoje, conta
com mais de 30 mil lojas em 120 países (FERREIRA et al., 2008).
O movimento slowfood surgiu na Itália em 1986, criado pelo jornalista Carlo
Petrinicom o intuito de se opor aofastfood e ao ritmo acelerado da vida moderna, e
prioriza, entre outros objetivos, preservar os produtos artesanais, aproximando os
produtores dos consumidores (NOSI; ZANNI, 2004). Em 1989, o slowfood tor-
nou-se uma associação internacional sem fins lucrativos, com sede em Bra, Itália. Em
2004, o movimento possuía cerca de 70 mil membros e estava presente em
40 países distribuídos nos cinco continentes (JONES et al., 2003). Hoje já conta
com aproximadamente 85 mil membros, escritórios em diversas partes do mundo e
apoiadores do movimento em 132 países (SLOW FOOD BRASIL, 2009).
No Brasil, o movimento slow food teve início em 1999 no Rio de Janeiro, e
atualmente conta com aproximadamente 20 escritórios em diferentes cidades
brasileiras. As atividades da Fundação Slow Food ocorrem no país por intermé-
dio de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo
relacionadas principalmente à preservação da biodiversidade local (SLOW FOOD
BRASIL, 2009).
divisórias em 0,5. Essas linhas levam à classificação dos atributos como atrativo,
unidimensional, obrigatório ou neutro.
Pela Figura 5.4, verifica-se que foram classificados em atributos unidimensio-
nais: (1) a flexibilidade nas opções do cardápio; (2) variedade de bebidas; (3) o
sabor dos pratos servidos; C 4) cordialidade dos atendentes; (5) embalagem dos
talheres; e (6) similaridade do sabor da refeição a um prato correspondente de um
restaurante à la carte.
Enquadram-se na categoria dos atributos neutros: (7) a similaridade do sabor da
refeição a um prato correspondente de um restaurante fast food; (8) o preço da
refeição maior do que um prato semelhante de um restaurante à la carte; (9) o
preço da refeição maior do que um prato semelhante de um restaurantefast food;
(10) o tempo de espera da refeição maior do que um prato semelhante de um
restaurante à la carte; e (11) o tempo de espera da refeição maior do que um prato
semelhante de um restaurantefastfood.
Atributos A u o N R Q Categoria
1. A flexibilidade nas opções do cardápio 23% 39% 21% 14% 2% lo/o u
2. A variedade de bebidas 18% 45% 14% 20% 0% 3% u
3. O sabor dos pratos servidos 11% 80% 8% lo/o 0% 0% u
4. A cordialidade dos atendentes 18% 61% 8% 12% 0% lo/o u
5. A embalagem dos talheres 18% 52% 18% 9% 0% 3% u
6. A similaridade do sabor da refeição a um prato
correspondente de um restaurante à la carte
8% 41% 18% 27% 2% 4% u
7. A similaridade do sabor da refeição a um prato 12% 9% 3% 47% 27% 2% N
correspondente de um restaurantefastfood
8. O preço da refeição maior do que um prato
3% 9% 4% 23% 61% 0% R
semelhante de um restaurante à la carte
9. O preço da refeição maior do que um prato
2% 8% 2% 26% 59% 5% R
semelhante de um restaurante fast food
10. O tempo de espera da refeição maior do que um
2% 3% 0% 30% 61% 4% R
prato semelhante de um restaurante à la carte
11. O tempo de espera da refeição maior do que um
lo/o 8% 3% 29% 53% 6% R
prato semelhante de um restaurantefastfood
12. A disponibilidade de sobremesas no cardápio 9% 30% 18% 39% 0% 4% N
Modelo de orientação estratégica para a gestão da qualidade aplicada a serviços inovadores 85
DIAGRAMA BEITER-WORSE
1
Atrativo Unidimensional
0,9 .3
o 0,8
<<t:
•
V' 5
0,7 .4
•
Cfl 6 1
f-=<: 0,6 •.2
Cfl
•
[.l.J 12
Q 0,5
0,4
•
8
o
r:;:: 0,3
o
[.l.J
u 0,2
11
••9
•7
0,1 •10
Neutro Obrigatório
o
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
1
COEFICIEN1E DE INSATISFAÇÃO
O atributo "sabor dos pratos servidos" (atributo 3), ao ser melhorado, traria
satisfação a 88% dos respondentes e o estado contrário traria insatisfação a 91%. Esse
atributo unidimensionalremete à seguinte orientação estratégica: (1) solicitar
formalmente à unidade franqueadora do restaurante melhoria e aperfeiçoamento
constante no sabor dos pratos servidos; (2) monitorar a estratégia e a tendência de
sabores oferecidos nas refeições dos restaurantes concorrentes no shopping; e (3)
como esse atributo está diretamente relacionado aos ingredientes utilizados e à forma
de preparo dos pratos, é importante garantir-se a qualidade desses dois fatores.
Orienta-se o desenvolvimento de uma política de certificação dos fornece- dores e,
quanto ao preparo dos pratos, propõe-se a manutenção de um ambiente operacional
apropriado ao preparo de refeições de qualidade.
Modelo de orientação estratégica para a gestão da qualidade aplicada a serviços inovadores 87
Referente ao atributo "embalagem dos talheres" (atributo 5), 72% das pessoas
consideram que essa condição traria satisfação, mas, caso os talheres não estives- sem
embalados, 72% dos respondentes ficariam insatisfeitos. A orientação estra- tégica
da gestão da qualidade para esse atributo unidimensionalbaseia-se em dois pontos: (1)
formalizar um contrato com o fornecedor das embalagens dos talheres a fim de não
faltarem embalagens; e (2) buscar parceria economicamente viável com uma
organização que preste o serviço de limpeza de utensílios do restaurante, na qual esteja
incluída a limpeza e embalagem dos talheres.
dor, por meio do sabor e aparência dos pratos setvidos; e (2) explorar estrategi-
camente os pontos fortes e fracos do restaurante em relação aos concorrentes do
mesmo segmento localizados em locais próximos.
dos respondentes e, quando menor o preço, traz insatisfação a 25%. Apesar de ser
classificado como um atributo neutro no diagrama better-worse e como reverso na
teoria original do Modelo de Kano, o preço é um fator importante, principalmente
devido ao ambiente competitivo de uma praça de alimentação de um shopping. Para
tanto, a orientação estratégica fundamenta-se em três pontos: (1) consolidar meios de
manter a oferta de refeições com o diferencial do slowfood com um preço similar a
uma refeição fast food; (2) trabalhar em parceria com o marketing da unidade
franqueadora do restaurante para que seja explicitado o slogan do restau- rante que
oferecefastfood com sabor de slowfood; e (3) monitorar os restaurantes fastfood
concorrentes quanto aos preços praticados.
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94 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
6
Análise multicritério para seleção
de portfólio de projetos: caso no
setor de varejo
Sandra Naomi Morioka e Marly Monteiro de Carvalho
6.1 Introdução
Dada a natureza dos serviços, os gestores tendem a focar seus esforços nos aspectos
intangíveis de sua operação, tais como confiabilidade, empatia e agilidade de resposta
(WALKEFIELD; BLODGETT; 1999). Com isso, muitas vezes podem aca- bar dedicando
menos recursos a elementos tangíveis dos serviços, como relocação e renovação da
infraestrutura física do local (WALKEFIELD; BLODGETT; 1999). Porém, é válido
ressaltar que os aspectos tangíveis da prestação de serviços pos- suem potencial
significativo para influenciar a experiência afetiva do cliente, impac- tando, portanto, a
qualidade percebida do serviço (WALKEFIELD; BLODGETT;
1999). Assim, a decisão sobre alocação de recursos destinados a reforma de lojas do
setor do varejo possui impacto relevante sobre o desempenho da empresa.
Considerando que a problemática da escolha de lojas a serem reformadas é um
problema do tipo de priorização de alternativas na gestão de portfólio, é possível
verificar que há grande complexidade envolvida no processo de tomada de deci- sões
dessa natureza. Kleinmuntz (2007) evidencia a dificuldade de um indivíduo conhecer
suficientemente os diversos candidatos a projeto para garantir esco- lhas racionais e
razoáveis. Uma das formas de abordar problemas de seleção de projetos é por meio da
análise de decisão multicritério. Isso aumenta as chances de se tomarem decisões mais
adequadas ao negócio devido à sua capacidade de elevar a racionalidade do processo,
buscando amenizar eventual viés causado por decisões intuitivas e/ou influências
políticas (MONTIBELLER; FRANCO, 2007).
Nesse contexto, o capítulo segue com um levantamento teórico sobre a gestão de
portfólio, bem como sobre os principais conceitos da análise de decisão focada em
seleção de projetos. Em seguida, é apresentado o problema de uma empresa de
grande porte do setor do varejo, em que é tido como objetivo selecionar lojas para
serem reformadas, dada a restrição orçamentária. Por fim, é discutida a forma como o
problema foiconduzido, bem como os principais resultados da análise.
Keeney (1982) indica que existem diversos fatores que aumentam a comple-
xidade em processo de tomada de decisão: objetivos múltiplos, dificuldade de
identificar boas soluções, intangibilidade de critérios, impactos de longo prazo,
múltiplos grupos impactados, risco e incerteza, riscos de sobrevivência, multidisci-
plinaridade dos assuntos, multiplicidade de decisores, trade offs de valores, atitude
perante o risco e, finalmente, o encadeamento das decisões. Isso porque a natureza das
decisões a serem tomadas, em geral, está relacionada ao fato de que há muito em jogo
(exemplo: alto investimento ou impacto de longo prazo para a imagem da empresa),
sendo que a estrutura dos problemas é complicada, dificultando a existência de
especialistas do assunto. Além disso, uma vez tomada uma deter- minada decisão é
necessário que haja uma justificativa racional para embasá-la (KENNEY, 1982).
Nesse contexto, o próprio Keeney (1982, p. 806) define a análise de decisão como
sendo "aformalização do senso comum para problemas de decisão que sejam
complexos demais para serem solucionados pelo senso comum".
Existem diversos artigos sobre a aplicação prática de análise de multicritério
para seleção de projetos, sendo que alguns deles serão discutidos a seguir. Para
analisar a carteira de projetos do Ministério de Ciência e Tecnologia da Eslovênia,
Bohanec et al. (1995) desenvolveram um software customizado chamado DEX.
Nesse cenário, os projetos são avaliados segundo os critérios de viabilidade e con-
teúdo discutidos com os decisores, formando a figura de uma matriz, onde são
mostrados os resultados do software, conforme mostrado na Figura 6.2. Os eixos da
matriz foram discutidos com os decisores e decompostos em critérios analíti- cos:
viabilidade (interna e externa) e conteúdo (avaliação de metas e avaliação de
objetivos).
98 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Conteúdo
Stars
Necessidade
de demandas
adicionais
Satisf atório
Incomparável Transição
Metodológico
Viabilidade
Fonte: Bohanec et al. (1995).
A quinta e última etapa trata, então, de consolidar o valor de cada alternativa por
meio da somatória ponderada pelas preferências dos decisores em relação aos atributos
dos objetivos fundamentais (BELTON; STEWART; 2002). Assim, no caso da
seleção de projetos, serão aprovadas para execução as alternativas que tiverem maior
valor até que alguma restrição humana ou financeira seja saturada.
Figura 6.4 -Objui.vos tundarrentais para retbrma de lojae tunç6es de valor dos
atributCG. 9Jftware VJ.S.A.
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Após ade1ÚUQ\o da árvore de valores, os interValos dos atributos lbramdeiS.·
nidos com base emdados correspondentes a todas as lojas da e:mpre:oa, de torma a
garantira abran ncia dos atributos. Os atributos levantados toram:
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Análise multicritério para seleção de portfólio de projetos: caso no setor de varejo 105
I _..64Loia 1
p s•Loia2
:46 Loia 10
44 Loia 4
:42Loia3
41loia 7
40Loia6
36 Loia 5
33 Loia 9
31 Loia 8
o t pior
Unis
Dado o orçamento estimado de cada loja, temos como resultado que devem ser
priorizadas para reforma no ano seguinte as lojas: 1, 2, 10, 4, 3, 7 e 6, nessa
ordemde prioridade.
b) Levante pelo menos cinco critérios que você utilizaria para a es colha
dessas cinco lojas.
c) Qual seria a função de valor de cada um dos critérios escolhidos? Para
construir a função de valor, seguir as etapas: levantar valores extremos do
critério escolhido; identificar se a função é crescente (do tipo quanto maior
o valor, mais prioritário) oudecrescente (do tipo quanto menor o valor,
mais prioritário); e finalmente unir os extremos por meio de uma curva
(não necessariamente linear), baseada nas preferências do decisor, ou seja,
baseada nas suas preferências.
Agradecimentos
Referências
7
Alinhamento dos esforços por meio da
gestão pelas diretrizes para implantar a
estratégia: caso CCDM/UFSCAR
Roberto Antonio Martins
7.1 Introdução
Federal de São Carlos (UFSCar), é uma ICT sem fins lucrativos, com estrutura
voltada para projetos de PD&I(Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) e pres-
tação de serviços na área de Engenharia de Materiais. O CCDM tem inúmeros
ensaios acreditados pela NBRISO/IEC 17025, um sistema de gestão da qualidade
certificado em concordância com os requisitos da NBR/ISO 9001 e é participante
do Projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica da ABIPTI, tomando o Modelo de
Excelência da Gestão (MEG) do PNQ como referência para estruturação de seu
sistema de gestão.
O Critério de Excelência 2- Estratégias e Planos- do MEG do PNQ trata do
processo de implantação das estratégias, incluindo a definição de indicadores, o
desdobramento das metas e planos para todos os setores da organização e o
acompanhamento dos ambientes internos e externos. Nesse sentido, a adoção da
Gestão pelas Diretrizes é uma prática de gestão que pode ajudar a implantação
desse critério do Prêmio Nacional da Qualidade.
Dentro desse contexto, este capítulo tem por objetivo apresentar o caso sobre a
prática da Gestão pelas Diretrizes no CCDM/UFSCar. Isso é feito por meio da
apresentação das mudanças que ocorreram nos últimos quatro anos na prática
quando, após uma autoavaliação com base nos Modelo de Excelência da Gestão do
PNQ, foidetectado que a Gestão pelas Diretrizes se assemelhava mais a uma
Administração por Objetivos. Desde então mudanças foram feitas para melhorar a
prática Gestão pelas Diretrizes no CCDM/UFSCar. Contudo, algumas lacunas
ainda persistem e são oportunidades de melhoria.
Passo 1 l
Passo 2I.
l 1
Revisão do ano anterior
I,
Passo 6 Análise do ambiente Determinação das diretrizes
Verificação das diretrizes para o ano corrente
Auditoria do Presidente
de longo prazo
Auditoria da Gerência
Passo 3
l Desdobramento das diretrizes
+
Passo 5
para os departamentos ou
Sistema de Medição de processos
Desempenho
Disseminação das metas e dos
Relatórios de execução e métodos
de problemas Determinação das medidas de
desempenho
Causas/Facilitadores
CEO
Gerente de Divisão - - - - - -
Gerente do _
Departamento
l,2i!e_!rj_z_d!? §tp _
Supervisor Planos de ação e prazos
Alinhamento dos esforços por meio da gestão pelas diretrizes para implantar a estratégia: caso CCDM/UFSCAR 113
Apesar de o nome Gestão pelas Diretrizes ser utilizado no CCOM, o que era
na verdade utilizado era Administração por Objetivos, com enfoque em objetivos e
metas financeiras. A partir de 2007 foidecidido modificar a prática, de forma a
realmente implantar a Gestão pelas Diretrizes.
O primeiro passo foicriar o Manual de Gestão pelas Diretrizes. Ele contém as
definições, as etapas do GPD, as responsabilidades e autoridades dos envolvidos, a
forma do desdobramento das diretrizes, a prática do catchball, o conteúdo dos
planos de ação, a forma de acompanhamento da implementação das diretrizes e os
formulários para registros das diretrizes e acompanhamento.
Alinhamento dos esforços por meio da gestão pelas diretrizes para implantar a estratégia: caso CCDM/UFSCAR 115
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A Figura 7.6 apresentaa tela de acompanhamen1D daimplanta ;io dadiretriz.
Bua 1ela é de fundamentalimportância para que sejam te:itos Chscl< e actio.>t do
POCA do ciclo anualdo GPD. Nessatela, ousuário digi13. as datas reais deirúcio e
término da atividade einlbrmaquanto daatividade foirealizado. A partir dessas
entradas, aplanilhaeletrônicasinaliza o andamento de início e término das ativi·
dades. Bssas in1brm& ;6es s§o impor13ntes parao acompanhamen1D, mas também
paraaretlex§o no início do GPDdo ano seguinteacercadequioe6cien1eee6caz
foio planejamen1D te:ito.
A Figura 7.7 apresenta a CurvaS para o acompanhamento do pro sso da
implan13 §o de uma diret:riz. No grático, pode-se otGervsr, além do progresso, a
aderência entre o planejado (curvaazul) e o realizado (curva rosa).
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119
Bssa planilha eletrônica áca numdiretório da rede de arquivos da organiza·
çio cujo acesso é oontrolado. Dessaforma, somente os resporuáveU pelas diretri-
zes podem acessá-las. hso tr.uuma rest::riçio: dois usuários nio podemeditar o
docwnento ao mesmo tempo. 1bdavia, exUtewnaplanilhasomenteque permite o
cadastro e acompanhamento do GPD. A planilha deveria ser utilizada emreu·
ni6es mensaU de acompanhamento do GPD.
Apesar da solw;ioinformati t:ada parao cadastro e acompanhamento do GPD, a
planilha nio é utilizada pela diretoria nas reuni6e:s. É te:ita wna apre:sentaçio
verbalrápida sobre o andamento das aç6es.
Nas UNs, os gerentes fazemo acompanhamento. Alguns utilizam a planilha e
outros preterem seguir ome:s mo procedimento dadiretoriacoma apre:sentaçio
verbalrápida sobre o andamento das aç6es.
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O resultado do de:sdob'ame:nto das diretrizes tbi:
• 1 diretriz principal;
• 6 diretrizes desdobradas apartirda diretriz principalpara de UN', Se:re·
taria Bxe:utivae Gestio daQualidade; e
• 6 diretrizes de:sdobraW paraníveU de supervUio.
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GestMpelas Olrerm:es tvto: 2008
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começo de um ciclo de GPD sobre os erros e acertos do ano anterior. Essa ativi-
dade é uma etapa importante para realmente tornar a GPD útil para implantar a
estratégia da empresa. No CCDM, a reflexão e o aprendizado levaram a muitas
modificações, principalmente, nos passos 1 a 3 da Figura 7.1 que são referentes
à etapa Plan do ciclo PDCA. Como exposto aqui, existe necessidade de mudanças
nas outras etapas que se referem às etapas Check e Action.
zes. As entradas da Análise Crítica pela direção são parte do processo de geração de
diretrizes nos vários níveis de desdobramento. Observou-se que a medição de
satisfação dos clientes e as auditorias internas e externas serviram de base para a
definição de diretrizes durante o desdobramento, visto que várias diretrizes tra- tam
de problemas apontados, respectivamente, pelos clientes e auditores tanto internos
quanto externos.
A falta de um sistema de medição de desempenho em certos momentos pode
facilitar o surgimento de propostas de diretrizes, durante os desdobramentos, desa-
linhadas. Isso pode minar a sinergia entre as diretrizes desdobradas e pode não
contribuir diretamente com o desempenho esperado, expresso na diretriz prin- cipal.
Todavia, esse problema pôde ser contornado pela disposição em manter o foco na
diretriz a ser desdobrada e pela participação de colaboradores com bom
conhecimento dos serviços e processos. Certamente, isso não resolve o problema, mas
ameniza o seu efeito negativo na Gestão pelas Diretrizes. Contudo, um sis- tema
de medição de desempenho para a etapa Check do PDCA é imprescindível.
Por fim, o que se pode destacar, além dos erros e acertos, é o espírito de uti-
lizar e analisar criticamente um método de gestão de forma a estar sempre apri-
morando-o e utilizando-o dentro da realidade da organização.
Referências
8.1 Introdução
8.2.1 Serviços
internos
5 a 10 por cento desses encontros impactam criticamente o cliente final. Isso per-
mite que a organização concentre-se nos encontros de serviço críticos, analisando o
que deve ser aprimorado nos mesmos.
Da mesma forma que os encontros de serviços experimentados pelos clientes
externos, os encontros de serviços internos podem ocorrer de diversas maneiras, a
partir do momento em que o cliente entra em contato com o fornecedor, seja ao
vivo, por telefone, e-mail ou qualquer outro meio de comunicação. Uma das
maneiras de mapear esses encontros é através do ciclo do serviço. O ciclo do ser-
viço é ativado no momento em que o cliente entra em contato com o prestador de
serviço. Esse ciclo permite uma análise do serviço através do ponto de vista do
cliente (ALBRECHT; BRADFORD, 1992).
Buscar pedido no
Verificar necessidade
almoxarifado
de compra
Fazerfollow-up Buscar
do pedido fornecedores
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136 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
A análise dos serviços, do ponto de vista dos clientes internos, foi realizada
através de pesquisa qualitativa, utilizando entrevistas com alguns clientes do
departamento de compras da empresa. O mapamento do processo de compras
realizado pelos clientes internos confirmou a maioria das atividades mapeadas
pelos compradores no ciclo de serviços e no service blueprint das Figuras 8.1 e 8.2.
Contudo, foram observados alguns pontos de divergência entre as visões dos com-
pradores e dos clientes internos. Dentre os aspectos discrepantes podem ser desta-
cados: (i) o desconhecimento dos compradores em relação ao controle realizado
pelos clientes internos do andamento dos pedidos, o qual é realizado através de
planilha eletrônica; (ii) o desconhecimento dos compradores sobre os processos
produtivos para facilitar o entendimento das necessidades das minifábricas; (iii) a
pouca familiaridade dos clientes internos com o procedimento operacional de
compras, P00019, disponível na Intranet da empresa, o que pode causar distor-
ção entre como o departamento funciona e como os clientes acham que funciona; (iv)
a dificuldade dos clientes em saber qual comprador é responsável por qual
commodity; e (v) a dificuldade dos clientes para conseguir contato com o depar-
tamento de compras, seja por e-mails não respondidos ou por telefonemas não
atendidos (ou não retornados).
A avaliação dos serviços, do ponto de vista dos clientes internos, foirealizada
através de pesquisa quantitativa, utilizando o instrumento SERVQUAL (ver
Apêndice A) para avaliar atributos de qualidade do serviço. Os resultados obtidos
através da análise de Pareto dos dados coletados são mostrados na Figura 8.3.
Analisando a Figura 8.3, pode-se observar que os maiores motivos de desconten-
tamento dos clientes internos são falta de resposta rápida e eficiente e não cum-
primento dos prazos.
Nesse sentido, é importante destacar que um dos pontos observados na entre- vista
qualitativa aos clientes está relacionado à falta de conhecimentos dos clientes internos
em relação ao procedimento operacional do departamento de compras, onde consta o
lead time de compras atual. Assim sendo, há um desencontro entre o que é oferecido
por compras e o que os requisitantes esperam.
Aa.. .;........,a..,.,-.a..,• ......,.,p-...JIIOÔI"''--a..cc•......,••--..,.•U-•....,.....
137
Figura 8.3-Pareto ordenaMo o:s atributo:; de qualidad:l :servi9=1
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Atrib.ltos
138 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Adicionalmente, pode ser observado na Figura 8.3 que, dos 20 itens avaliados, os
11 itens de menor desempenho respondem por 70% da percepção de quali- dade
dos clientes. Portanto, a proposição de melhorias para o processo de com- pras deve
ser norteada para o atendimento desses aspectos importantes para os clientes
internos.
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140 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
5W1H
Formular uma
Informar os requisitantes apresentação em PPT,
Workshop sobre e esclarecer dúvidas sobre Compradores e Auditório da
A definir marcar sala apropriada
o PO 0019 o processo de compras requisitantes empresa e convidar os
requisitantes
Fazer um levantamento
Realocar Revisar e readequar carga Dept. de
Gerente de A definir de valor e quantidade
commodities por de trabalho entre os Compras
compras de Rics por commodity
comprador compradores nos últimos 12 meses
Promover uma fonte de Fazer em ppt e enviar
Fazer uma informação de fácilacesso Estagiária ou para gráficaimprimir.
para os requisitantes Dept. de
cartilha de assistente de A definir Disponibilizar a
consultarem quando Compras informação na Intranet
commodities compras
tiverem dúvidas da empresa
Utilizar o levantamento
Saber quem são os
requisitantes mais de rics por commodity
Conhecer os frequentes de cada e verificar quais setores
principais Dept. de
commodity, identificar Compradores Compras A definir compram o que com
requisitantes S\las maiores necessidades mais frequência e quem
paramelhor orientá-los são os requisitantes
desses setores
Verificar confirmação
Assegurar que o pedido
de leitura do pedido
Follow-up de foirecebido e que Dept. de Uma vez
Compradores por parte do fornecedor e
pedido será enviado no prazo Compras ao dia entrar em contato, caso
acordado necessário
Inserir no
workjlow envio Programar o SAP para
de e-mail com Informar o requisitante de Key user de disparar um e-mail para
número do Dept. TI A definir o requisitante quando o
que o pedido foicriado compras pedido for enviado
pedido para o
requisitante
Inserir no
workjlow envio Programar o SAP para
de e-mail para o Informar ao requisitante disparar um e-mail para
requisitante Keyuser de Dept. TI A definir o requisitante quando o
que o pedido foienviado
confirmando compras pedido for enviado
ao fornecedor
envio de pedido
para fornecedor
Aplicação de técnicas de gestão de serviços para aprimoramento dos serviços internos de uma empresa 141
Referências
Apêndice A
9
Processo de desenvolvimento
de serviços: estudo da concorrência
na fase de verificação e validação do
projeto do serviço
Cristiano Roos e Edson Pacheco Paladini
9.1 Introdução
do Rio 9.14-
Tabela GrandeCruzamento
do Sul (ambiente
entre as da pesquisa),
questões 1 e 7com
e as um erro amostraide
questões 1e8 7%. Com a
análise dos resultados, pôde-se concluir que, de imediato, implantar um siste- ma
de certificaçãoQuestão
da qualidade
7 podeTotal
ser economicamente inviávelpara
Questão 8 a clínica
Total(caso
Questãomas
prático), 1 é, ao1mesmo tempo,
2 Questão
estrategicamente 1
desejável.
1 2
1 43 1 44 1 1 43 44
9.2 Breve revisão da teoria
9.2.2 Certificação da
qualidade
Tabela
a única9.14-
normaCruzamento entre 9000
da família ISO as questões 1 eda
a partir 7 equal
as questões 1e8
uma certificação de terceira
parte poderá ser obtida.
Questão 7 Total Questão 8 Total
No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é responsável
Questão 1 1 Questão 1 1
pela regulamentação da ISO.2 Essa entidade exerce o caráter de Fórum 2 Nacional de
1
Normalização, 43 1
que por meio de suas 1
44 Comissões 1
de Estudo (CE), 43 elabora
44 as
Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR). Essas comissões são formadas por
representantes dos setores envolvidos, como os produtores e consumidores, e seto- res
neutros, como as universidades, laboratórios e organizações (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2000).
A NBR ISO 9001 "é a norma de requisitos usada para avaliar a capacidade
de uma organização em atingir os requisitos do cliente e regulamentares aplicáveis
e, assim, satisfazer a seus clientes" (MELLO et al., 2002). Em outras palavras, é
ela que apresenta requisitos de um sistema de gestão da qualidade com foco em satis-
fazer as necessidades dos clientes. Contudo, para a Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas (2000), "convém que a adoção de um sistema de gestão da qualidade
seja uma decisão estratégica de uma organização".
A NBR ISO 9001 é, por natureza, genérica, ou seja, pode ser implantada em
qualquer tipo de organização (ISO 9000:2000, 2003). Organizações de áreas como
aeroespacial, automotiva, defesa e saúde há anos têm operado com normas do
sistema de gestão da ISO, o que tornou essas práticas eficientes e eficazes, dispo-
níveis para todas as organizações de hoje (MELLO et al., 2002).
Para uma pessoa graduada em Odontologia, o único requisito para poder exer- cer
a profissão de cirurgião-dentista é estar regularmente associada ao Conselho
Regional de Odontologia do estado no qual pretende atuar. Para o cirurgião-den- tista
não é exigida qualquer comprovação da sua capacitação profissional ou da
qualidade do seu serviço, o que ocorre, por exemplo, para o bacharel em Direito, que
para poder atuar como advogado deve ser aprovado na prova da Ordem dos
Advogados do Brasil (JUNQUEIRA, 2006). Os cirurgiões-dentistas, os
técnicos em prótese dentária, os técnicos em higiene dental, os auxiliares de
consultório dentário, os auxiliares de prótese dentária, os recepcionistas e os
administradores formam os profissionais do setor do serviço odontológico no Brasil.
O CRO/RS (Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul), no aten-
dimento de suas finalidades, remissivas aos profissionais de odontologia, exerce as
funções administrativas ou executivas, contenciosas, deliberativas, disciplinares,
regulamentares e as de supervisão. O Conselho Regional de Odontologia do Rio
Grande do Sul, criado pela Lei nQ 4.324, de 1964, regulamentada pelo Decreto
150 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Tabela 9.1-
Tabela 9.14-Valores monetários
Cruzamento e temporais
entre as questões 1relacionados à certificação
e 7 e as questões 1 e 8 ISO 9001
Questão 7
1 profissional Total
2 profissionais 3 profissionais 4Questão 8
profissionais Total
5 profissi
Questão 1
Custo da 1 2 Questão 1 1 onais
2
auditoria para a R$ 3.400,00 a R$ 3.700,00 a R$ 4.000,00 a R$ 4.200,00 a R$ 4.400,00 a
1 43
R$ 5.000,00 1R$ 5.400,00 44 1
R$1 5.800,00 R$ 6.200,00 43 44
R$ 6.600,00
certificação
Validade da Até três anos Até três anos Até três anos Até três anos Até três anos
certificação
Custo das
auditorias Sem custo Sem custo Sem custo Sem custo Sem custo
intermediárias
Intervalo entre
as auditorias Semestral ou Semestral ou Semestral ou Semestral ou Semestral ou
intermediárias anual anual anual anual anual
QUESTIONÁRI
O
1. Há quanto tempo você é formado em odontologia?
D D D D D
menos de 5 anos de 6 a 10 anos de 11 a 15 anos de 16 a 20 anos mais de 20 anos
D D
Slm não
SE VOCÊ RESPONDEU"NÃO"NA QUESTÃO
ANTERIOR, NÃO É NECESSÁRIO RESPONDER AS
PRÓXIMAS QUESTÕES
3. Em qual (ou quais) local (locais) você exerce a odontologia?
D D D D D D
em consultório em consultório em clínica em clínica órgão outros
próprio de terceiro própria de terceiro público
Processo de desenvolvimento de serviços: estudo da concorrência na fase de verificação e validação do prqjeto do serviço 153
Tabela
4. Você9.14- Cruzamento
já ouviu falar em entre as questões
certificação 1 e 7 e asouprograma
da qualidade questões 1 eda8 qualidade?
D D
sim não
Tabela
Tabela 9.6 - Frequências
9.14- Cruzamentodeentre
respostas para a 1questão
as questões e 7 e as5 questões 1 e 8
Referências
10
Implementação parcial do
Lean Office em uma organização
prestadora de serviços
Cristiano Roos e Edson Pacheco Paladini
10.1 Introdução
dessa opção é sustentada pelo fato de que, por suas especificidades, em uma aná- lise
preliminar, o método poderia viabilizar a solução para o problema prático. De
fato, são características desse método as ações de alcançar, manter e melhorar os
resultados no decorrer do tempo, por meio de benefícios como a redução do
processamento de papéis, a redução do trabalho em processo, a redução do tempo de
processamento e o aumento da capacidade de processamento.
Na sequência serão fundamentados o Lean Office e a abordagem de implemen-
tação do Lean Office proposta por Tapping, Shuker e Shuker (2003).
Quando se trabalha com o Lean Office, adotam-se, além dos princípios do Lean
Manufacturing, também seus métodos, que podem ser verificados em referências
bibliográficas tradicionais (KRAFCIK, 1988; WOMACK; JONES; ROSS,
1990; WOMACK; JONES, 1996; LIKER, 1997). O Lean Manufacturing é
mais que uma técnica, é um modo de pensar e um sistema de aperfeiçoamento que cria
uma cul- tura na qual todos na organização melhoram as operações continuamente. O
Lean Manufacturing está alicerçado no Sistema Toyota de Produção e busca a
melhoria contínua no atendimento das necessidades do cliente, entregando valor, que
deve ser produzido com o mínimo de desperdícios e com o máximo de economia
nos recursos (MOTWANI, 2003; TISCHLER, 2006).
As décadas de 1990 e 2000 foram períodos de transformações da manufatura
tradicional para o Lean Manufacturing. Muitas organizações adotaram o sistema
ounele se basearam para criar novos sistemas. Enquanto algumas obtiveram êxito,
outras fracassaram, conforme se pode observar em referências bibliográficas como
Moore e Gibbons (1997); Spear e Bowen (1999); Bamber e Dale (2000);
Emiliani (2001); Ahls (2001); Parks (2002); Alavi (2003); Stamm (2004);
Taj (2005); e Taj (2008).
Nesse mesmo caminho de transformações, o Lean Office apresenta-se como
uma evolução no atendimento das necessidades do cliente sob a óptica lean. Para
Murmanet al. (2002, apud STANKE; MURMAN, 2002), em poucas palavras,
buscar ser lean é um processo de reduzir e eliminar desperdícios com o objetivo de
criar e entregar valor para o cliente. Talvez o principal desafio do Lean Office seja
reduzir e eliminar desperdícios no fluxo de valor de informações e conhecimentos, já
que são variáveis de difícil controle, além do que, historicamente, um baixo percentual
de informações geradas agrega valor (HINES et al., 2000; TAPPING;
SHUKER; SHUKER, 2003; CHANESKI, 2005a; BARBALHO; RICHTER;
ROZENFELD, 2007).
Para McKellen (2005), benefícios típicos de implementar o Lean Office podem
ser resumidos como segue:
6. Mapeamento do -Deve haver uma construção do mapa de tal modo que as propostas
de melhorias estejam incorporadas ao mapa que trará uma visão do
estado futuro
status futuro.
7. Criação dos planos -Deve haver uma criação de planos e processos para
Kaizen implementação das propostas de melhorias.
-Deve haver uma implementação das propostas de melhorias
8. Implementação dos
planos Kaizen incorporadas ao mapa futuro por meio dos planos e processos
criados.
Fonte: Adaptada de Tapping, Shuker e Shuker (2003) e Turati(2007).
liquefeito de petróleo; (4) 5.004 mil m3 de óleo combustível; (5) 44.298 mil m 3
de óleo diesel; (6) 5.428 mil m3 de querosene para aviação; e (7) 16 mil m3 de
querosene iluminante (ANP, 2010).
O departamento de transporte de derivados de petróleo da organização consi-
derada neste estudo apresentava um problema relacionado à distribuição de com-
bustíveis a granelpara grandes consumidores. Cinco clientes estavam insatisfeitos com
o encaminhamento dos resultados das análises laboratoriais dos combustí- veis
distribuídos. Esses cinco clientes são considerados aquicomo casos práticos.
No fluxo de informações em questão, entregar os resultados das análises labo-
ratoriais para cada cliente dentro dos prazos é fundamental para satisfazer as
expectativas desses clientes. Os clientes utilizam os resultados das análises labo-
ratoriais encaminhadas pelo fornecedor para comparar com as análises laborato- riais
realizadas na entrega dos combustíveis. Na entrega, os clientes encaminham análises
laboratoriais para certificar-se que o combustível embarcado é o mesmo que está
sendo entregue, isto é, trata-se de uma espécie de contraprova.
De modo resumido, essas são as ações básicas do processo: o departamento (1)
embarca o combustível no modal ferroviário; (2) retira para análise laborato- rial
uma amostra do combustível embarcado; (3) encaminha a amostra para ser
analisada; C 4) recebe o resultado da amostra analisada; (5) encaminha para o
cliente o resultado da amostra analisada juntamente com as demais informações
relacionadas à compra do combustível. Nesse processo, a principal reclamação
apresentada pelos clientes referia-se ao fato de os resultados das amostras anali-
sadas estarem sendo entregues fora dos prazos acordados. Em 27% das transações
realizadas com esses cinco clientes no ano de 2009 havia não conformidades nos
prazos padrões de entrega dos resultados.
O grupo de pesquisa que conduziu esse trabalho foi procurado para solu-
cionar o problema prático relatado. Para obter informações quanto ao problema de
pesquisa, foram realizadas visitas ao departamento e conduzidas entrevistas,
constando de perguntas abertas, ao gerente e aos representantes dos cinco clien- tes.
Foram compilados dados qualitativos e quantitativos que confirmaram as não
conformidades nos prazos padrões de entrega das informações em questão. Os
principais dados quantitativos estão mostrados na Tabela 10.3.
170 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Tabela 10.3-Dados relacionados aos cinco clientes considerados como casos práticos
limite máximo
17 horas 17 horas 19 horas 16 horas 17 horas
acordado
Média dos dados
16,16 horas 16,37 horas 17,47 horas 15,06 horas 15,99 horas
coletados
Desvio-padrão 1,517670775 1,599659692 1,772427565 1,144031330
1,094173332
Curtose -0,02620615 -0,01009029 - 0,45528456 -0,20276647 -
0,64609090
Assimetria - 0,12494957 0,18738084 - 0,05254842 0,17276945 -
0,14197419
Valor máximo 20,23 horas 20,82 horas 21,83 horas 17,79 horas 18,41
horas Valor mínimo 12,01 horas 11,85 horas 13,04 horas 12,16 horas
13,84 horas Unidades acima do
78 62 32 24
20
limite máximo
% acima do limite
28,78% 33,70% 21,77% 20,51%
19,61%
máximo
Nos dados relacionados aos cinco clientes, na Tabela 10.3, cabe ressaltar: (1) o
número de vendas realizadas a cada cliente; (2) o limite máximo acordado para a
entrega dos resultados; (3) o número de unidades acima do limite máximo (número de
unidades não conformes); (4) a porcentagem acima do limite máximo (não
conformes). A partir da análise desses dados, bem como dos demais dados quali-
tativos, verificou-se que nenhuma causa raiz das não conformidades estava visível,
evidenciando a necessidade de uma análise detalhada do problema. A seguir são
apresentados os resultados da implementação do Lean Office.
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10.4.7 Passo 7: criação dos planos
Kaizen
1O.4.9 Resultados
finais
Tabela 10.5-Dados relacionados aos cinco clientes considerados como casos práticos
Cabe ressaltar, nessa tabela, o número de unidades acima do limite máximo, isto
é, a ausência de não conformidades e a porcentagem zerada acima do limite máximo
(0% de não conformidades). Outro ponto importante a considerar é a redução do
desvio-padrão dos dados considerados nos processos, quando compa- rados à situação
inicial, conforme Tabela 10.3. Em outras palavras, pode-se afir- mar que o processo
ficou mais estável.
Referências
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KRAFCIK, J. F. Triumph ofthe leanproduction system. Sloan Management Review,
v. 30, n. 1, p. 41-52,
1988.
182 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
11.1 Introdução
A Gestão de Serviços será abordada neste capítulo sob o viés da gestão de ris- cos
ocupacionais em um ambiente de trabalho de alta periculosidade. Mais exa- tamente, o
caso prático que será apresentado envolve a prestação de serviços de transporte de
combustíveis. Verificou-se em duas unidades de uma distribuidora de combustíveis a
necessidade de englobar a gestão de riscos ocupacionais nos procedimentos táticos e
operacionais da produção enxuta, a fim de gerenciar os riscos ocupacionais na prestação
do referido serviço. A estabilidade das operações dessas unidades está ligada às sua
capacidade de planejar e desenvolver ações para evitar a ocorrência de acidentes de
trabalho, doenças ocupacionais e incidentes críticos, que afetem o equilíbrio das
relações sociais, econômicas e ambientais.
Assim, o objetivo deste capítulo é desenvolver e implementar um método que
considere a gestão de riscos ocupacionais no mapeamento do fluxo de valor da
produção enxuta.
Apresentar-se-á, nesta seção, breve revisão teórica para a produção enxuta e para a
gestão de riscos ocupacionais, sendo apresentado na sequência o método desenvolvido e
implementado, conforme o objetivo deste capítulo.
184 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
SODT., S O D T S O D
0000 0000 T 0
000
FORMULARIO ALFA
Descrição: Nome I Cargo: Abreviações: Página X de X
Modificado:
Descrição Nome 2/Cargo 0: ocorrência Modificação nº:
Risco
Descrição Nome 3/Cargo D: detecção
Potencial
Efeitos s Causas oNúmero do Formulário:
Controles D
Total: ,. ,.
Média arredondada: ,. ,.
® Severidade nula oumuito baixa ® Ocorrência impossível oubaixa @Detecção certa ou quase certa
improvável
11.2.3.3 AbordagemsisW.nica
(8) proceder com as inspeções gerais após o carregamento dos vagões; (9) retirar os
dutos de carregamento; (10) lacrar e liberar os vagões.
O grupo de trabalho conduziu a implementação do método nos processos de
carregamento de combustíveis. Inicialmente o grupo de trabalho conduziuos ma-
peamentos do fluxo de valor, que foram validados por um terceiro engenheiro de
segurança da distribuidora. Na sequência, o grupo englobou o método desenvol- vido
nos mapeamentos do fluxo de valor, especificamente, nos mapas do estado atual. Os
mapas do estado atual foram construídos pelo grupo, sem limitações de tempo e
recursos. O mapa do estado atual de cada processo de carregamento está apresentado
na Figura 11.5 e na Figura 11.6, respectivamente. Com esses mapas foi possível
ilustrar mais fidedignamente os riscos ocupacionais associados aos processos de
carregamento em questão.
É importante ressaltar que os resultados apresentados nas Figuras 11.5 e 11.6
estão associados à primeira e à segunda atividade chave do método desenvolvido. A
Figura 11.7 exemplifica um formulário alfa. Esse formulário tem relação com o
subprocesso 3 do mapa apresentado na Figura 11.6. Por limitações de espaço físico
deste capítulo, os demais formulários alfa (dos demais subprocessos) não serão
apresentados. De fato, o formulário da Figura 11.7 e os demais documen- tos
desenvolvidos para os outros subprocessos são os resultados da pesquisa-ação
conduzida pelo grupo de trabalho que atuou nas atividades de mapeamento do fluxo
de valor, revisão e discussão sobre os riscos ocupacionais presentes no am- biente de
trabalho.
Figura 11.5-Mapado estad:l atua! doprocesso de carregamento domochlrodoviátio
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194 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
FORMUlÁRIO ALFA
Referências
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prio-
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Gestão de riscos ocupacionais em uma organização prestadora de serviços de transporte de combus tíveis 201
12
Medição da satisfação dos clientes –
a experiência do CCDM/UFSCAR
Roberto Antonio Martins
12.1 Introdução
O foco no cliente é um princípio das normas da série NBR/ISO 9000. Ele foi
adotado na revisão da versão 1994 da norma que foi finalizada em 2001. Sua
implementação ocorre numa organização ao se atender o requisito 8.2.1 "satis-
fação dos clientes", da NBR/ISO 9001. Ele recomenda"[...] a organização deve
monitorar informações relativas à percepção do cliente sobre se a organização atendeu
aos requisitos do cliente. Os métodos para obtenção e uso dessas informações devem
ser determinados" (ABNT, 2000, p. 11).
Ainda no âmbito da NBR/ISO 9001, a medição da satisfação dos clientes, em
termos de atendimento aos requisitos deles, também é uma das entradas para
análise crítica pela direção, requisito 5.6.2, denominado de "realimentação do
cliente" (ABNT, 2000, p. 6). Vale ainda ressaltar que "A Alta Direção deve
analisar criticamente o sistema de gestão da qualidade da organização, a intervalos
planeja- dos, para assegurar sua contínua pertinência, adequação e eficácia"
(ABNT, 2000, p.6). A realimentação dos clientes é um elemento importante nessa
revisão perió- dica que busca a melhoria contínua. Isso pode ser observado na
Figura 12.1, que ilustra o modelo de sistema de gestão da qualidade da NBR/ISO
9001 com base nos processos.
202 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Clientes Clientes
e outras e outras
partes partes
interessadas interessadas
Satisfação
6. Gestão de
Rerursos
Requisitos
7. Realização do
dos clientes 1-------".;,---------H
produto/serviço
Essa sistemática não é prescrita pelas normas NBRJISO 9001 e NBR ISO/IEC
17025. Cada organização deverá procurar estabelecer o procedimento mais ade-
quado. Inclusive é possível utilizar pesquisas periódicas de satisfação de clientes
para atender aos requisitos de ambas as normas. Geralmente, esses esforços são
anuais e geram grande quantidade de dados. Se a análise crítica pela direção ocorrer
em intervalos menores, então, a pesquisa deverá segui-la.
Já o Modelo de Excelência da Gestão do PNQ é um pouco mais abrangente
que os requisitos citados anteriormente das normas NBRJISO 9001 e NBR ISO/
IEC 17025 quando se trata de satisfação dos clientes.
Primeiramente vale destacar que a diferença começa no princípio. Diferente da
NBRJISO 9001, no MEG o Fundamento da Excelência que trata da questão é o
"conhecimento sobre o cliente e o mercado". Para implementá-lo, a organização
precisa de "Conhecimento e entendimento do cliente e do mercado, visando à criação
de valor de forma sustentada para o cliente e, consequentemente, gerando maior
competitividade nos mercados" (FNQ, 2008, p. 11).
Diretamente relacionado a esse Fundamento da Excelência está relacionado o
Critério de Excelência 3- "Clientes"- do MEG. "Este critério examina a gestão do
conhecimento de mercado da organização, destacando a identificação, análise e
compreensão das necessidades e expectativas dos clientes e dos mercados. Tam- bém
examina a gestão da imagem, incluindo a divulgação das marcas e dos pro- dutos, e
como a organização se relaciona com os clientes, incluindo a avaliação da
satisfação, da fidelidade e da insatisfação dos clientes" (FNQ, 2008, p. 25).
O Critério de Excelência "Clientes" é dividido em dois Itens de Excelência, a
saber: "Imagem e Conhecimento de Mercado" e "Relacionamento dos Clientes".
Esse último trata da "[...] implementação de processos gerenciais que contribuem
diretamente para o objetivo de obter a satisfação dos clientes e torná-los fiéis aos
produtos e marcas" (FNQ, 2008, p. 26). Dessa forma, é possível observar que esse
critério é mais amplo que os requisitos apresentados anteriormente das normas
NBRJISO 9001 e NBR ISO/IEC 17025 sobre clientes.
Na realidade, a prática de medir a satisfação dos clientes faz-se necessária
dentro do MEG do PNQ para atender aos marcadores (f) totalmente, (a) e (e)
parcialmente, e dependendo de como a sistemática é realizada também é possível
atender ao marcador (d) do Item de Excelência 3.2, "Relacionamento dos Clientes".
Vale ainda ressaltar que, assim como NBR ISO/IEC 17025, os marcadores
(b) e (c) do Item de Excelência 3.2 também tratam da questão de reclamações de
clientes. Isso não é explícito na NBRJISO 9001.
Pelo exposto anteriormente, a prática de medir a satisfação dos clientes está
presente nos requisitos das normas NBRJISO 9001 e NBR ISO/IEC 17025 e
no Critério de Excelência 3 do PNQ, mais precisamente no Item de Excelência
3.2, "Relacionamento dos Clientes".
204 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Assim sendo, é de suma importância para as ICTs brasileiras que adotam esses
modelos isolados ou integradamente estabelecerem procedimento para essa prá- tica
gerencial que lhes tragam informações importantes para tomada de decisão com
vistas ao aumento da competitividade dessas instituições. Isso depende em boa parte
de como essa sistemática é definida e de como os dados obtidos são processados
para gerarem informação útil para os tomadores de decisão em dife- rentes níveis
hierárquicos e momentos na organização. Isso também vale para outras
organizações que não são ICTs.
A seguir será apresentada a experiência do CCOM com a prática de medir a
satisfação de seus clientes. Entretanto, antes de finalizar esta seção, vale destacar que
o princípio de foco no cliente oumercado não é novo. Ele esteve sempre pre- sente
no pensamento dos principais autores de gestão da qualidade tais como os pioneiros
J. M. Juran e W. E. Deming ou em K. lshikawa ou P. Crosby. Esse prin- cípio
também está presente em vários modelos de Gestão pela Qualidade Total (GQT)
propostos por vários autores durante a década de 90 do século passado
(MARTINS, 2007).
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ICom:"'lMTiicnO·I
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I -.Adminil: trativo
I I
-
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• Empresas
privadas,
• Demandaou
edital .. Ensaios
Certificados
• Empresas,
privadas,
públicas,
universidades,
institutos
• Amostra
.. Consultorias
Relatórios
Projeto de
públicas,
universidades,
institutos de
I pesquisa &
I
de pesquisa, Gestão do Negócio pesquisa,
agências de
fomento A v desenvolvi-
menta
agências de
fomento
Atendimento ao diente
• Fornecedores • Materiais
1->1 R 1>1 Finalizar I
.
de materiais I Negociar :o
• Fornecedores • Revistas e
• Máquinas e Artigos e livros
A
v
de máquinas e A congressos,
equipamentos v
. .
equipamentos pesquisadores
• Fornecedores I Suprimentos I R urs I
Calibração, Humanos Responsabili- • Sociedade
de serviços I
manutenção dade social
• Universidade
.
• Infraestrutura
Conseho
• Políticas
Administrativo
• no questionário;
• na forma e responsabilidade da aplicação do questionário;
• no método e na responsabilidade da análise dos dados;
• no uso de tecnologia de informação.
No campo "Observação do Colaborador", relate a razão de notas menor ou iguala- 2 (dois negativo) e
verifique a necessidade de abrir uma não conformidade seguindo o procedimento CCDM-045.
Ponto Ponto
Expectativa Aspecto da Qualidade do Serviço
Forte Fraco
Atender ou Não há
Prospectar
6
Fazer mntato
durante serviço a prestação
7 7
Cortesia do atendimento durante o serviço ou con-
7 7
Enviar relatório/
certificado
= ==! !==
· V'' \f.
Medição de Satisfação do Cliente
Observação do Colaborador
- 2,0
210 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
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Medição da satisfação dos clientes- a experiência do CCDM/UFSCAR
213
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Medição da satisfação dos clientes- a experiência do CCDM/UFSCAR
213
Referências
Serviços compartilhados
13
Definição de diretrizes para o Business
Case de implantação de um CSC
Fabiane Flores Sum, Istefani Carísio de Paula e Ângela Maria Marx
13.1 Introdução
13.4 Resultados
Todas as práticas citadas pela literatura e pelas empresas formaram as diretri- zes
para decisão de se implantar um CSC. Essas diretrizes estão apresentadas no Quadro
13.2, juntamente com as lições aprendidas nos estudos de caso.
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230 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
BRIDELLI et al. (2005) apresentam alguns fatores chaves que devem ser con-
siderados para o sucesso da implantação de um CSC e que estão citados na seção
13.2.1. O principal fator levantado foio comprometimento da alta direção da em-
presa, o que deve ocorrer desde o início do BC. Implantar um CSC é desgastante se
não houver o apoio da direção da empresa, visto que os resultados esperados podem
não ser atingidos se isso não ocorrer.
Deve-se também considerar a importância do setor de TIda empresa acom-
panhar e possibilitar o andamento do projeto, pois a maior parte dos ganhos de
produtividade está ligada a melhorias de sistemas. Outro fator crítico para a im-
plantação do CSC é a gestão da mudança, que envolve um plano de comunicação
consistente que apoie o projeto. Foilevantado pela pesquisa que as empresas estão
considerando investimentos e despesas em comunicação interna, o que visa faci- litar
a centralização e diminuir os impactos para as UNs. Percebe-se que quanto melhor
for a forma de comunicação interna, mais rapidamente os resultados serão
232 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
atingidos e menor será a resistência encontrada. Por fim, outro fator crítico é a
existência de uma equipe dedicada ao projeto, principalmente seulíder. A implan-
tação de um CSC exige da equipe um alto empenho e pode ser conflitante com as
UNs da empresa. A divisão de atenção da equipe pode dificultar os resultados do
projeto e impactar no cronograma.
Sendo assim, foram propostas 30 diretrizes que devem apoiar empresas em
seuBC, das quais apenas 15 estavam contidas no materialanalisado da literatura. As
demais diretrizes são oriundas das práticas das empresas apresentadas neste
trabalho.
13.5 Conclusão
Referências
14
Análise da capacidade de uma central de
atendimento de um centro de serviços
compartilhados (CSC)
José Luis Duarte Ribeiro, Maria Auxiliadora
Cannarozzo Tinoco e Paola d’Azevedo Sica
14.1 Introdução
mente, esse é o setor da economia que mais cresce em termos de geração de em-
pregos. O crescimento das centrais de atendimento deve-se à evolução tecnológica. A
inclusão da tecnologia digital, contemplando a integração do computador às linhas
telefônicas, proporcionou a conectividade e a interatividade às centrais de
atendimento (TESSLER, 2002).
As centrais de atendimento são compostas por recursos de telecomunicação, bem
como recursos humanos. Os recursos humanos são grupos de pessoas, chama- dos de
agentes ou atendentes, que possuem conhecimentos específicos. Os traba- lhadores
das centrais de atendimento, usualmente, são organizados hierarquica- mente em dois
níveis. O primeiro nível é formado por um grupo maior de agentes que são
generalistas, dessa forma possuem múltiplas habilidades e são capacitados para efetuar
qualquer atendimento que necessite de baixo conhecimento. Já o segundo nível é
formado por um grupo menor de agentes especialistas, que pos- suem uma única
habilidade, portanto efetuam atendimentos mais complexos, que demandam maior
tempo de conversação com o cliente, de maneira mais eficiente. A chamada é sempre
recebida por um atendente do primeiro nível, que analisa o questionamento efetuado
pelo cliente, e se o mesmo não for capacitado para res- ponder, a chamada é
transferida para o segundo nível (OLIVEIRA; JOIA, 2009).
Alguns exemplos de recursos de telecomunicação são Unidade de Resposta
Automática (URA) e Distribuidor Automático de Chamadas (DAC). Existem
dife- rentes tecnologias disponíveis com relação a DAC. A lógica mais moderna é o
Skill-
-Based-Routing (SBR), que conforme a necessidade do cliente distribuia ligação
para o agente mais capaz de responder a solicitação, maximizando o potencial das
centrais de atendimento. O modelo antigo de DAC é baseado na distribuição de
cargas, onde a ligação é repassada para o agente ocioso, tendo como objetivo
esvaziar as filas para garantir menor custo de atendimento através de um rápido
atendimento da ligação. AURA é um sistema que possuivoz sintetizada que guia o
cliente para o serviço de autoatendimento, pois é um dispositivo que fornece
informações ao cliente, bem como opções de saída para que o mesmo possa falar com
atendimento pessoal. Isso só é possível devido à interface entre o sistema tele- fônico e
o banco de dados da central de atendimento/computador (CONCEIÇÃO et al.,
2009; ARAÚJO et al., 2003).
Com o aumento das exigências dos clientes por maior economia, rapidez e
comodidade, as empresas precisam ganhar mais agilidade, cobertura e interati-
vidade com custos operacionais baixos. Dessa forma, a implementação de uma
central de atendimento pode ser considerada uma necessidade de sobrevivência para
as empresas. Porém, essa implementação deve estar alinhada com os objeti- vos de
negócio e estratégicos da empresa (MANCINI, 2001).
Análise da capacidade de uma central de atendimento de um centro de serviços compartilhados (CSC) 239
Estratégicos Custos
Libera tempo dos executivos para Aumento de produtividade
atividades-fim Reduz custos de mão de obra
Acelera fusões e aquisições Reduz despesas
Plataforma de crescimento Reduz custos de infraestrutura de sistemas
Alinha a cultura da empresa
Promove padronização de processos, Introduz disciplinas
plataforma e sistemas
Qualidade Velocidade
Promove sistema único de gestão Permite maior escalabilidade Reduz
tempo de fechamento, autorizações,
Reduz substancialmente taxa de erros de avaliação de crédito, faturamento e
processamento e de informação suprimento
Clarifica os custos
Incrementa serviço aos clientes internos e
externos
Melhora informação para tomada de
decisões
Fonte: Accenture do Brasil (2009).
14.4 Resultados
Hora do Dia 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Fator de Carga 0,8 1,0 1,2 1,2 0,8 0,8 1,2 1,2 1,2 1,0
2'tS
deRecursos Humanos daempresae, apartir dos resultados obtidos na simulaçio,
foram calculados os indicadores depflff'jorYIUlna.
Os resultados do sistema atual mitiram ident:iácar que no intervalo das
12hàs 13hos a ntes possuemmaiores taxas de o:upa!;io.Bm deconênciadisso,
nesse mesmo íodo de tempo incidemas maiores concentra 6es de chamadas
abandonadas. A variaçio da taxa de OCUJ)SI;io dos atendentes ao londo dia e o
percentualde chamadas abandonadas estãorepresen13.dos naFigura 14.2 e na Tabela
14.4, respectivamente. AFigura 14.3 mostra como varia o tempo médio
de espera do clien1e até ser atendido ao longo das horas do dia.
o 100%
6
•
•
•
80%
•• .... 60%
ie
o 20%
•
' 0.
o•
•
0%
9 10 11 12 1S 14 15 16 17
Bons do di;,
9 10 11 12 1S 14 15 16 17
llondo di
Figura 14.4 -Análise dos tempos de espera e ociosidade acumulado no mês com a
variação da demanda
14000
12000
- Temp:> ocioso
- Tempo de espera
250
o 200
150
-ll
100
o
[IJ
,§ 50
z
o
9000 10500 12000 14000 16500
Número de chamadas
140
120
o
100
§
-ll 80
60
o
[IJ 40
,§
z 20
o
1 1.1 1.2 1.3 lA 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9
2
Ní\•à de compa:Ê!lcia
1. Imagine uma operação que você conheça e que poderia optar pelo uso de uma
CSC. Descreva brevemente os serviços envolvidos nessa operação e, a seguir,
descreva quais serviços poderiam ser atendidos pela esc.
2. Considerando o cenário anterior, enuncie vantagens e desvantagens que o uso de
uma CSC iria implicar. Após, conclua sobre a pertinência de implantar a
esc neste caso.
3. Análises mais aprofundadas, conforme o estudo de caso apresentado neste capí- tulo,
exigem uma série de informações disponíveis. Imagine uma operação de serviços
que você conheça (pode ser a mesma descrita na questão anterior). Descreva
brevemente os serviços envolvidos nessa operação e, a seguir, dis- cuta as
informações que deveriam ser coletadas regularmente para permitir análises
quantitativas dos serviços realizados. Sumarize os resultados dessa discussão
no quadro a seguir, que apresenta um exemplo na primeira linha.
250 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Referências
QUINN, B.; COOKE, R.; KRIS, A. Shared services: mining for corporate
gold. Financiai Times Prentice Hall, London 2000.
RAMOS, L. Serviços Compartilhados como forma de estruturação organizacional.
Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade Federal da Bahia. Sal-
vador, 2005.
TESSLER, J. Macroergonomia em call center de ambiente universitário. Porto Ale-
gre: Mestrado Profissionalizante em Engenharia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 2002.
YONAMINE, J. O setor de call centers e métodos quantitativos: uma aplicação
da simulação. Dissertação (Mestrado em administração), Instituto COPPEAD de
Administração, UFRJ. Rio de Janeiro, 2006.
254 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
Parte 4
Servitização
15
A servitização e o processo de
desenvolvimento de serviços: como as
empresas configuram seus portfólios?
Patrícia Flores Magnago e Márcia Echeveste
15.1 Introdução
Gestão
Estratégia Estratégia Estratégia Engmh:.ia Markdi.ng dos Processos Administração st:ão
em M arketing em Serviço naManufatura do Proõ.J.to Sustw.tabilidade Inovação aos Clientes de Serviços Pred.fiClÇão ck Soviços
1975 Serviço
ao Qiente
(LALCND
E;
ZINZER, 1976) Conceti o
de Serviço
Des- (SASSEL&tal.,
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Serviços MtLVEY, 1981)
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1985 ;ndas
KARMARKAR, 193 Agregação
(<JULTINAN, 19!'1 7)
Servitização
(VAN'.'lERMHRWE;
Em-até gia RADA, 1988)
199)+---------< de
Orientação em
Serviços
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SA".SHR,1990)
1995
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262 Gestão de Serviços • Carvalho, Paladini, Ribeiro, Fogliatto e Martins
pelos negócios da empresa. Uma suposição para isso é o aproveitamento dos bens
domésticos para um novo uso ou ainda para um novo usuário.
Referências
16
Servitização: estudos de caso
Veridiana Rotondaro Pereira e Marly Monteiro de Carvalho
16.1 Introdução
Atualmente, grande parte dos empregos nas economias industrializadas encon- tra-se
no setor de serviços, que concentra cerca de 70% das vagas disponíveis (NEELY,
2007; MAGLIO; et al., 2009). No entanto, o crescimento dos serviços não se limita
apenas ao desempenho do próprio setor. Nas últimas décadas, tem se observado que
empresas tradicionalmente de manufatura têm agregado serviços a seus produtos, como
uma forma de sobreviver às novas tendências das economias desenvolvidas (OLIVA;
KALLENBERG, 2003; BAINES; et al., 2007).
Essa transição também é influenciada por questões relacionadas à dinâmica entre
clientes, produtores, prestadores de serviços e governos. Os desenvolvimentos sobre esse
tema podem ser divididos em duas áreas de interesse, sendo uma com foco no esquema
estratégico adotado pelas empresas de manufatura (OLIVA; KAL- LENBERG, 2003;
BAINES; LIGHTFOOT et al., 2007) e outra que visa os possíveis benefícios ambientais
associados à oferta de um sistema único de solução, Product-
-service system – PSS ou Integrated Product-service system – IPS2 (GOEDKOOP; VAN
HALER et al., 1999; MORELLI, 2002; MANZINI; VEZZOLI, 2003; MONT, 2003;
BAINES; LIGHTFOOT et al., 2007).
No primeiro caso, as empresas adotam essa transição por uma série de mo- tivos,
por exemplo, como forma de criar barreiras de entrada, ou uma maneira de estarem
mais próximas de seus clientes (SCHMENNER, 2009), ou ainda para atender à
demanda de seus consumidores que optam por ter um fornecedor único
Servitização: estudos de caso 273
Este capítulo está estruturado em seis seções. A próxima seção apresenta uma
síntese da discussão teórica sobre serviços na manufatura. Em seguida, apresenta-se uma
análise das proposições para o processo de transição produto-serviço. A seção
4 trata do modelo da pesquisa de campo. Na seção 5 apresentam-se as análises do
estudo de caso. Finalmente, a seção 6 traz as conclusões e limitações do estudo.
sobre outros recursos. A ideia é cultivar relações que envolvam os clientes para um
desenvolvimento personalizado, criando proposições de valor competitivamente
atraentes que atendam a necessidades específicas (VARGO; LUSCH, 2004). Assim,
a estratégia de mercado passa de "orientada" ao cliente (lógica G-D) para "centra- da"
no cliente (lógica S-D) (SHETH; SISODIA; SHARMA, 2000).
Considerando-
-se ainda a orientação de mercado, é possível fazer um paralelo entre as lógicas
de transição e a história de evolução do marketing (LUSCH; VARGO;
O'BRIEN,
2007). Nesse contexto, a lógica G-D adotaria uma filosofia "para o mercado" e a
lógica S-D, "com o mercado".
A evolução do marketing
Para o mercado I Do mercado para I Com o mercado
Lógica baseada em Produto (G-D) Lógica baseada em Serviço (S-D)
A B
Indústria Automotiva Tecnologia da Informação
Número de empregados
3.500 16.400
(Brasil)
Origem JaJXJnesa Americana
Receita anual (US$) (Brasil) 1.5 bi 22 bi
Conti11Ilum PSS Orientada a produto Orientada a resultado
Caso A
Caso B
o cliente quer estar, para assim oferecer uma solução que atenda às suas neces-
sidades. Algumas empresas oferecem o que é chamado na literatura de serviti- zação
centrada no produto, onde o produto em sié central para a prestação de um
conjunto integrado de serviços (BAINES; LIGHTFOOT et al., 2009). Assim,
seria difícil classificar a Caso B com um único tipo de orientação, pois o braço de
hardware seria considerado como orientado a produto, já as unidades de negó- cio
da área de serviços poderiam ser classificadas como orientadas ao uso ou a
resultado, levando-se em consideração diferentes estágios de maturidade dentro
dessas orientações.
Empresa de TI
Unidade de Empresa
análise Automotiva Unidade de negócios Unidade de negócios
de produtos de serviços
Unidade básica de Carro Hardware Serviço
troca
Suporte a venda Suporte a venda de
de carros hardware (vendas Unidade principal de
Papel dos serviços (manutenção de técnicas e troca
veículo) manutenção)
Customizado (onde o
Processos Padronizado Padronizado cliente quer estar?)
Recursos
Operadores Recursos Operadores Recursos Operantes
Papel dos clientes (destinatário dos (destinatário dos bens) (coprodutor do
bens) serviço)
empresa automotiva (orientada ao produto) tem no carro seu foco principal e usa
o serviço como uma ferramenta para maximizar o valor de seu produto. Por outro
lado, a organização de TI(orientada ao uso) adota o produto como um item adicional
da solução oferecida ao cliente, o que muda completamente o foco do negócio
dessas empresas, bem como a participação do cliente no ciclo de vida do produto.
No entanto, é importante colocar que a empresa de TIfoilevada pelo mercado a
agregar serviços a seus produtos e, apesar de ter um extenso portfólio de serviços,
ela ainda possuiuma unidade de negócio dedicada exclusivamente à venda de
hardware (orientada ao produto).
O modelo proposto tornoupossívela compreensão do nível de maturidade das
empresas no processo servitização, no entanto, para negócios complexos, como o da
empresa de TIque fornece produtos, serviços e soluções complexas, o modelo
exigiria o estabelecimento de métricas, a fim de torná-lo mais objetivo.
No entanto, mais dados empíricos seriam necessários para validar os resulta-
dos atuais e o modelo proposto.
Agradecimentos
Referências
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ORI!m.
llal;o di!! """'=i..,.,....: -------------------- Est.. Civi.: 'lil:ll.tl!im o
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DR/SioPalAo
CARTA- RESPOSTA
Não é necessário seill.r