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Índice

1. Introdução

2. Integração do episódio na estrutura da obra

3. Resumo do episódio

4. Caracterização das personagens

- Carlos da Maia

- Craft

- Dâmaso Salcede

- Jacob Cohen

- João da Ega

- Tomás de Alencar

5. Temas tratados

. A literatura e a ciência literária

. Finanças

. História Política

6. Aspectos criticados

- Naturalismo/Realismo

- Finanças

- História Política

7. Conclusão

8. Bibliografia
1. Introdução

No âmbito da disciplina de Língua de Portuguesa, relativamente ao estudo d’ Os Maias, foi-nos proposta a realização de um estudo
aprofundado sobre o capitulo VI do Jantar no Hotel Central ( pág.149-189), com o qual vamos trabalhar e sobre o qual temos por objectivos:

- integrar o episódio na estrutura da obra;

- resumir o excerto que nos foi entregue, de modo a que todos possam entender o assunto do trabalho;

- apresentar e caracterizar as personagnes (Carlos da Maias, Craft, Dâmaso Salcede, Jacob Cohen, João da Ega e Tomás de Alencar);

- expor os principais temas e assuntos tratados no jantar;

- identificar/esclarecer os aspectos que criticam e retratam a sociedade lisboeta (portuguesa) da segunda metade do séc.XIX.
2. Integração do episódio na estrutura da obra

O jantar no Hotel Central, integrado no capítulo VI, insere-se na acção principal e deste modo identifica-se como um episódio da crónica de
costumes.
Marcado, pelo aparecimento de uma admirável mulher (Maria Eduarda) que despertou a Carlos grande interesse. Foi para este o primeiro
jantar de apresentação à sociedade lisboeta.. Deste modo, deram entrada as principais figuras e os principais problemas da vida política,
social e cultural da alta sociedade.
3. Resumo do episódio

Carlos planeava visitar Vila Balzac, casa de Ega, mas teve muita dificuldade em encontrá-la e, quando, por fim, o conseguiu, Ega não
estava em casa. Mais tarde, encontrou Ega, que lhe disse que voltasse no dia seguinte. Carlos assim o fez, e foi muito bem recebido. Era
uma casa muito exuberante e bem decorada, à semelhança do temperamento do proprietário.

Ega perguntou-lhe como tinha corrido o encontro em casa dos Gouvarinhos. Carlos falou-lhe da noite: “ O conde o maçara-o
indescretamente com a política , ...”(pág.153). A condessa estava constipada , ele que perdera o interesse na condessa : “-Mas agora , mal
a conhecia , o capricho foi-se...” (pág.154). Aliás, estes desejos instantâneos – porque logo se extinguiam – eram, até, bastante frequentes
por parte de Carlos. Era um verdadeiro Don Juan, dizia Ega (pág.156) “ ...hás-de vir a acabar desgraçadamente como ele , numa tragédia
infernal” (pág156). Mas era também este Ega quem tranquilizava Carlos e falava em destinos cruzados – dizia ele que cada homem tinha
uma mulher que lhe era destinada: “Tu estás aqui, na Cruz dos Quatro Caminhos, ela está talvez em Pequim: mas tu, aí a raspar o meu
repes com o verniz dos sapatos, e ela a orar no templo de Confúcio, estais ambos insensìvelmente, irresistìvelmente, fatalmente,marchando
um para o outro!...”.(pág.156)
Sairam de Vila Balzac e no caminho encontraram Craft ,”... homem baixo , loiro, de pele rosada e fresca , e aparência fria.” (pág.157). Ega
apresenta-o a Carlos , e combinam um jantar para o dia seguinte no Hotel Central às seis horas.(pág.157) Para Carlos e Craft se
conhecerem melhor. Este jantar acabou por ser adiado (pág.158) e Ega decidiu torná-lo numa festa de cerimónia em honra de Cohen.
Ora, no dia em que aconteceria o jantar, por volta das seis, Carlos avistou Craft dentro da loja do tio Abraão e impediu que Craft fosse
intrujado. Carlos dizia que Abraão não tinha nada de jeito, mas Craft discordava, tinha a filha, dizia. Craft falou ainda a Carlos sobre a sua
“coleção”, de que se iria desfazer.
Carlos e Craft encontram-se no peristilo do Hotel Central, antes do jantar, quando vêm chegar uma deslumbrante mulher.” Carlos e Craft
afastaram-se , ela passou diante deles , com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita , deixando atrás de si como uma
claridade , um reflexo de cabelos de oiro , e um aroma no ar.(pág161) A primeira vez que Carlos vê Eduarda. Subiram até um gabinete, onde
Carlos foi apresentado a Dâmaso, este conhecia aquela mulher, pertencia à família Castro Gomes. Dâmaso falava sobre a sua preferência por
Paris, “aquilo é que é terra”, até lá tinha um tio, o tio Guimarães, quando apareceu “o nosso poeta”, Tomás de Alencar. Por intermédio de Ega
foi apresentado a Carlos. Tomás de Alencar conhecia o pai de Carlos , Pedro da Maia : “...ao íntimo de Pedro da Maia, do meu pobre , do
meu valente Pedro “ ( pág.163). Eram muito amigos , Alenar tinha visto Carlos nascer , “ Que eu vi-te nascer , meu rapaz ! Trouxe-te muito ao
colo! “ (pág.164).
Pouco tempo depois, porta abriu-se e Cohen desculpando-se pelo atraso foi apresentado, por Ega, a Carlos.
Deu-se início ao jantar, com ostras e vinho, falava-se do crime da Mouraria, que “parecia a Carlos merecer um estudo, um romance”. Isto levou
a que se falasse do Realismo. Alencar suplicou que se não discutisse “literatura «latrinária»”, [...] que se não mencionasse o «excremento»”.
“Pobre Alencar!” Homem que tivera em tempos uma vida carregada de adultérios, tornava-se agora num defensor da Moral, no entanto a
sociedade não o ouvia, via-se apenas confrontado com ideias absurdas defendidas pelos Naturalistas/Realistas.
Carlos posiciona-se na conversa contra o realismo. Ega reage às críticas e defende arduamente os princípios do Realismo. Cohen mantinha-
se superior a esta conversa, vendo isto, Ega muda de assunto. “Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não se
faz?” ao que Cohen respondeu ser imprescindível, pois o empréstimo constituía uma fonte de receita, aliás a “única ocupação mesmo dos
ministérios era esta – «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo».

Do ponto de vista de Carlos, assim o “país ia alegremente e lindamente para a bancarrota”. Cohen concordava, mas isso era inevitável. Por
oposição, Ega defende que o que convinha a Portugal era uma revolução, para eliminar “a monarquia que lhe representa o «calote», e com
ela o crasso pessoal do constitucionalismo.”
Ega imbatível, aposta numa invasão espanhola, deste modo recomeçava-se “uma história nova, um outro Portugal, um Portugal sério e
inteligente, forte e decente, estudado, pensado e fazendo civilizações como outrora...”. Os restantes já planeavam a resistência, porém
Alencar era um “patriota è antiga”, totalmente contra esta ideia.
Esquecida a bancarrota, a invasão e a pátria, o jantar estava prestes a terminar, quando Alencar e Ega entraram em conflituo a propósito da
poesia moderna de Simão Craveiro. Mas Cohen chama a atenção de Ega e ambos fazem as pazes e brindam com um copo de champanhe,
esquecendo o que aconteceu.
Terminou assim, com bom censo, o episódio do Jantar no Hotel Central !
Alencar e Carlos vão juntos , e à porta do ramalhete Carlos ainda convida Alenacar para entrar , mas este agradeçe de coração e diz :”
-Obrigado , rapaz ...agradeço-te isso porque sei que vem do coração...Todos vocês têm coração ...Já o teu pai tinha...tens aqui um
amigo ...”(pág.185).
Já no quarto, Carlos lembrou-se da história dos pais, que Ega um dia lhe tinha contado, durante uma bebedeira, a mãe que tinha fugido com
outro e o suicídio do pai. Antes de dormir Carlos recorda aquela visão deslumbrante de Eduarda ! “...diante das suas pálperas cerradas, uma
visão surgiu , tomou cor , encheu todo o aposento .(pág.188)

https://www.youtube.com/watch?v=vLgUhWjTIlU#action=share
É o filme onde Carlos vê Eduarda pela 1ª vez , minutos 4:30-6:12
4. Caracterização das personagens

-Carlos da Maia
Apresenta-se pela primeira vez à sociedade, no entanto, distancia-se da conversa, apenas comenta alguns aspectos. Afirma-se também
como defensor das ideias românticas, criticando que “o mais intolerável no realismo eram os seus grandes ares científicos” (pág. 168), e
talvez, também um pouco patriota quando defende que “ninguém há-de fugir, e há-de-se morrer bem” (pág. 173).

- Craft
Eça identifica nesta personagem o “homem ideal”. Neste episódio pouco se sabe sobre ele, apenas que é inglês, e como tal, pressupõe-
se que recebera uma educação à inglesa (pág. 163). Não tem muito importância na acção, quase não participa nas conversas, reage de
forma “impassível” (pág. 164), contudo é a favor da resistência aos espanhóis, quando concorda em organizar um guerrilha com Ega
(pág.172).

- Dâmaso Salcede
Interveniente que representa os defeitos da sociedade. “Um rapaz baixote, gordo, frisado como um noivo da província, de camélia ao peito e
gravata azul-celeste”.
Procura aparentar um “ar de bom senso e de finura” (pág.173), é considerado provinciano, tacanho e apenas com uma preocupação, que seja
“chique a valer”. Dá asas à sua vaidade e futilidade falando dos pormenores das suas viagens e exibindo uma predilecção pelo estrangeiro,
“...é direitinho para Paris! Aquilo é que é terra! Isto aqui é um chiqueiro...” (pág.162). Acompanha todos os movimentos de Carlos dando-lhe
grande importância, de modo a que possa imita-lo e assim assumir perante a sociedade um estatuto social digno e respeitável.

- Jacob Cohen
Representante das Finanças, “respeitado director do Banco Nacional, marido da divina Raquel”, homem de estatura baixa, “apurado, de olhos
bonitos, suíças tão pretas e luzidias” (pág.165) e com “bonitos dentes” (pág. 171). Neste jantar conheceu Carlos e destacou a posição superior
que toma perante a sociedade.
- João da Ega
Personagem que mais intervêm no episódio do Hotel Central, acérrimo defensor das ideias Naturalistas /Realistas, provocava
o seu opositor, Alencar . Exagerado nos argumentos que fundamentam as suas opiniões e na defesa das suas ideias
revolucionárias . Advoga que “ à bancarrota seguia-se uma revolução” (pág.170) e que desta forma, Portugal seria um grande
beneficiário.
As posições tomadas por Ega, face aos temas discutidos, espelham e assimilam-se à Geração Revolucionária de Coimbra.
Pois, tais atitudes traduzem uma vontade insaciável de modificar Portugal e torná-lo num país melhor, próprias desta geração.

- Tomás de Alencar
Um “indivíduo muito alto, todo abotoado numa sobrecasaca preta, com uma face escaveirada, olhos encovados”, “calvo na
frente” (pág. 163), “dentes estragados” (pág. 165).
“Camarada”, “inseparável” e “íntimo” de Pedro da Maia (pág.163), apresentado no jantar do Hotel Central, a Carlos da Maia, o
poeta possuía um ar “antiquado”, “artificial” e “lúgubre”. Alencar tivera antes de seguir o caminho da literatura uma vida “de
adultérios, lubricidades e orgias” (pág. 167).
personagem que representa o típico poeta português, autor de “Vozes de Aurora”, “Elvira”, “Segredo do Comendador” e outros.
Símbolo do Ultra-Romantismo. Contudo vê-se confrontado com os princípios Naturalistas/Realistas defendidos por Ega.
5. Temas tratados

A literatura e a crítica literária.

Estes dois movimentos literários divergem frequentemente ao longo do jantar, tomamos como exemplos as páginas 164-168.
Naturalismo / Realismo – João da Ega defensor deste movimento , exagera defendendo o cientificismo na literatura (não distingue ciência e
literatura).
Ultra-Romantismo – Tomás de Alenquer defensor deste movimento ,preocupado com os formalismos da literatura , condena o realismo por
ser imoral , desfasado do seu tempo, incoerente.Falso moralista , refugia-se na moral por não ter outra arma de defesa , acha o
Realismo/Naturalismo imoral.

Finanças

A bancarrota é um dos assuntos polémicos, que critica de forma irónica o país (pág.169-170). Identificámos como principais interveniente e
que geram uma maior desordem (neste assunto), João da Ega e Cohen.

História política

Segundo Ega, uma invasão seria a solução para a bancarrota e deste modo Portugal sairia revolucionado.

Tomás de Alencar teme a invasão espanhola, que vê como um perigo para a independência nacional.Defende o romantismo político .
6. Aspecto criticados

- Naturalismo/Realismo

Tomás de Alencar fora o principal e mais contínuo crítico deste tema. Vejamos algumas dessas críticas:
- designa o realismo/naturalismo por: “literatura «latrinária»”; “excremento”;
- culpabiliza o naturalismo de publicar “rudes análises” que se apoderam “da Igreja, da Burocracia, da Finança, de todas as coisas santas
dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a lesão”(pág. 166), e deste modo destrói a velhice de românticos com ele;
- acusa o naturalismo de ser uma ameaça ao pudor social (pág.167);

Carlos da Maia considera que “o mais intolerável no realismo era os seus grandes ares científicos” (pág.168) e Ega apesar de defender o
realismo concordava com esta crítica;
Craft desaprova o realismo, pelo facto de estatelar a realidade feia das coisas num livro , defende a arte como idealização do que há de
melhor na natureza , defende arte pela arte.

Narrador- recusa o ultra-romantismo de Alencar mas também a distorção do Naturalismo contido nas afirmações de Ega , afirma uma
estética próxima da de Craft “estilos novos tão preciosos e dúcteis” (tendência parnasiana).

CRÍTICA: estagnação da cultura em Portugal.


- Finanças

Este assunto espelha a crise financeira que o país passava nesta época (séc.XII). Eça descreve-o de forma irónica através de Cohen, o
representante das Finanças ao afirmar que os “empréstimos em Portugal constituíam uma das fontes de receita, tão regular, tão
indispensável, tão sabida como o imposto”, aliás era «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo» a única ocupação dos ministérios
(pág.169). Cohen é um calculista cínico , tendo responsabilidades pelo cargo que desempenhava , lava as mãos e aceita que o País
caminha direitinho para a bancarrota , como diz Carlos.

Desta forma concordavam que assim o país iria “alegremente e lindamente para a bancarrota”. No entanto, Ega não aceitara baixar os
braços e logo dera a solução revolucionária para o problema de finanças que o país atravessava – a invasão espanhola! (pág.169).

- História Política

Dada a sugestão perfeita para a bancarrota, Ega delira com a ideia e pretende “varrer a monarquia” e o “crasso pessoal do
constitucionalismo”. Ega defende o afastamento da monarquia e aplaude a instalação da república.
A invasão espanhola leva Ega a criticar a raça portuguesa, afirma que esta é a mais covarde e miserável da Europa, “Lisboa é Portugal!
Fora de Lisboa não há nada.” (pág.174) todos iriam fugir quando se encontrassem perante um soldado espanhol (pág. 173). A sociedade
tinha receio de perder a independência, mas só uma sociedade tão estúpida como a do Primeiro de Dezembro pensaria que a invasão traria
esta consequência.
Ega é a principal personagem que satiriza a história política, e isso pode ser confirmado ao longo das conversas em que Ega discute este
tema (pág170-174)
Tomás teme a invasão espanhola , sendo um perigo para a independência nacional.
Para Cohen Ega é um exagerado. Dâmaso afirma que se houvesse uma invasão espanhola ele “raspava-se” para fora do País.
7. Conclusão

Após a conclusão do estudo, análise e organização dos conteúdos pedidos para a realização do trabalho sobre capitulo do jantar no
Hotel Central, podemos reconhecer como principais criticas ao país/sociedade os seguinte assuntos:

-O jantar no Hotel Central é o primeiro exemplo dos “episódias da vida romântica. Tem por objectivos retratar a sociedade
lisboeta(portuguesa)da segunda metade do séc.XIX e apresenta Carlos a essa sociedade.
-O tema central discutido é a literatura , ou seja , a oposição entre Romantismo e Naturalismo. A opinião de Carlos e Craft é
possivelmente a do autor , nesta fase da sua evolução literária.
- o Naturalismo/Realismo (João da Ega) e o Romantismo (Tomás de Alencar) defendem princípios totalmente diferentes, como se
pode observar nas discussões sobre literatura entre Ega e Alencar;
-Carlos vê pela primeira vez aquela que para sempre ficará gravada na sua consciência. Era ele que tinha o papel de focalizar este
episódio e por isso , não pode deixar de observar a “sua deusa”.
- o país caminha em direcção à bancarrota, pois “os empréstimos em Portugal constituíam uma das fontes de receita, tão regular,
tão indispensável”;
- Ega avança com mais uma das suas ideias revolucionárias – a invasão espanhola, que como vimos se identifica com o período da
Geração de 70, pois esta, tal como acontece com Ega caracteriza-se pelas ideias inovadoras;

Por outro lado, com a execução deste trabalho conseguimos compreender melhor o episódio e a crítica que Eça pretendia fazer à
sociedade através do episódio do jantar no Hotel Central.
8. Bibliografia

QUEIROZ, Eça, Os Maias, Lisboa, Livros do Brasil,Agosto 2016

REIS, Carlos, Introdução à Leitura d’ Os Maias, Coimbra, Almeida, 5ª edição, 1991

FERREIRA, José Tomaz, Eça de Queirós Os Maias, Europa – América, 4ª edição s.d.

JACINTO, Conceição; LANÇA Gabriela, Eça de Queirós Os Maias, Porto, Porto Editora, s.d.

VALÉRIO, Elisa, Para uma leitura de Os Mais de Eça de Queirós, Editorial Presença, Lisboa, 1997

GUERRA, Augusto da Fonseca; VEIRA, José Augusto da Silva, Aula Viva 12 A, 1º vol., Porto, Porto Editora, 2000, pp.127 – 128
Trabalho realizado por:
- João Miguel
- Rafaela Oliveira
- Sara Paz

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