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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

FACULDADE DE MEDICINA DE JUIZ DE FORA

Resumos da 2ª Etapa

PROPEDÊUTICA E TERAPÊUTICA
FARMACOLOGIA

Elio Moratori Teixeira


Medicina XXIX

JUIZ DE FORA – MG
2018
Resumos de Farmacologia – 2ª Etapa

Farmacologia do Sistema Nervoso Central


Antes de iniciar o estudo desse segmento, é importante ter bem claro alguns conceitos
necessários a seu entendimento.
Tolerância (ou taquifilaxia) – fenômeno que acontece quando o fármaco é utilizado
com dosagem repetida. Mais comum com fármacos do Sistema Nervoso Central. O
organismo gera mecanismos para diminuir a resposta ao fármaco.
Na tolerância inata, o indivíduo nasce com uma maior “resistência” ao efeito da
substância, enquanto na tolerância adquirida se dá por uso repetitivo – através de
tolerância (mecanismo) farmacocinética (como no etilista, que desenvolve mais indução
enzimática para eliminar o álcool do organismo), sobretudo na etapa de
METABOLISMO; ou na tolerância (mecanismo) farmacodinâmica – em que há perda de
receptores para a substância ou se tornam inativos ante a presença da droga. Há
também a tolerância (mecanismo) aprendida – que se desenvolve de modo involuntário
–, em que o paciente tem estímulos de compensação mesmo antes de utilizar a
substância.
Dependência – necessidade de usar determinada substância, podendo ser física ou
psíquica. A dependência física se dá quando o organismo se adapta a presença da
substância e cessa a produção do agonista endógeno, desse modo, quando há
interrupção no uso, há manifestação sintomática no paciente – mal-estar físico. A
dependência psíquica é explicada pela teoria dopamínica: a dopamina é um
neurotransmissor que age no sistema límbico (vulgarmente conhecido como “sistema
de recompensa”); quando há o uso da substância, ocorre a liberação do
neurotransmissor, sendo necessário o aumento da dose a cada uso para se obter o
mesmo nível de recompensa.
Alostase – na presença da substância, o organismo irá gerar uma pseudo-homeostase.
Quando há interrupção do uso, o corpo passa para um estágio de alostase, causando
manifestação sintomática do paciente.
Adicção (Vício) – quanto maior a capacidade de alostase do paciente, maior a
tendência à adicção. É influenciada por fatores comportamentais, psicológicos,
genéticos, farmacocinéticos e da droga. Quanto mais lento o pico máximo e
metabolismo e excreção da droga, menor o risco de adicção.
↑ 𝐴𝑑𝑖𝑐çã𝑜 = ↑ 𝑃𝑖𝑐𝑜 𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜+ ↑ 𝐸𝑥𝑐𝑟𝑒çã𝑜

Principais transtornos do SNC


 Depressão e Ansiedade
 Distúrbios de Humor
 Epilepsia
 Esquizofrenia
 Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
 Parkinson e Alzheimer
 Outros

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Depressão
Acomete, em dado subestimados, 10 a 15% da população. Transtorno de humor que
implica em distúrbios de humor e estados de desânimo. Pode variar em grau (de leve à
grave – sendo a última com possibilidade de haver alucinações e delírios).
Síndrome do Cadáver Ambulante (ou de Cotard) – oriunda de um quadro de
depressão grave, que deixa o paciente em aparência cadavérica. Pode levar o paciente
à inanição.
Pode levar ao suicídio e aumenta risco de cardiopatias e câncer. Uma das principais
doenças incapacitantes, na atualidade.

TIPOS DE SÍNDROME DEPRESSIVA


1). Depressão Unipolar (Depressão Maior)
As oscilações de humor ocorrem sempre para um humor deprimido. Relacionada aos
indivíduos que sofreram perda, acometidos por doenças ou por uso de drogas. Íntima
relação ao estresse, ansiedade e agitação.
Um quarto dos casos não se relacionam a esses gatilhos, mas sim à influência genética,
sendo esse quadro mais comum ao sexo feminino.
Ao longo do tratamento, no período de 6-12 semanas (Aguda) e 4-9 meses
(continuação), se o paciente apresentar um episódio depressivo isso é chamado de
Recaída; quando acontece após os 9 meses (ponto no qual há uma recuperação
completa) é chamada de Recorrência – ocorre na fase de Manutenção. O tratamento
farmacológico deve ser tratado em concomitância à terapia psicológica, sendo essa
conduta muito importante para a boa evolução do prognóstico do paciente.
Gera sintomas emocionais e biológicos, sendo prevalente em adultos, mas podendo
acontecer com adolescentes e crianças na proporção 5:2:1.
2). Depressão Bipolar (Doença Maníaco-Depressiva)
As oscilações de humor ocorrem de modo mais marcante, possuindo uma fase
depressiva e uma fase de mania ou euforia – superestímulo causado por acúmulo de
neurotransmissores no paciente.
Tipo 1 – indivíduo eufórico.
Tipo 2 – indivíduo depressivo.
É menos comum, de incidência igual em homens e mulheres, manifestando-se no início
da vida adulta.

TEORIA DA DEPRESSÃO
Hipótese das Monoaminas – Se dá pelo desequilíbrio, ou seja, diminuição dos
neurotransmissores: Serotonina (5HT), Dopamina (DA) e Noradrenalina (NA).
A fase de Mania se dá por um aumento de 5HT.

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Anti-Depressivos
MECANISMO DE AÇÃO
Autorreceptores: quando há um excesso de neurotransmissores na fenda sináptica,
ocorre a ligação desse neurotransmissor nesse sítio, emitindo ao neurônio pré-sináptico
um sinal para que interrompa a produção e liberação.
Para a Serotonina – quando ativado, inibe a atividade da enzima Triptofano
Hidroxilase – triptofano é o precursor da 5HT.
Para a Dopamina e Noradrenalina – são os autorreceptores alfa-2 que atuam
na abertura de canais de K+ e despolariza o neurônio.
Recaptação: ação de proteínas na membrana sináptica do neurônio que re-captará o
excesso de neurotransmissores da fenda sináptica e será metabolizado pelo neurônio
pré-sináptico. É específico – um para cada tipo de nt.
Enzimas MAO (Monoaminoxidase) e COMT (Catecol-O-Metil Transferase) – são
capazes de quebrar as monoaminas (NA, DA e 5HT). Estão presentes tanto na fenda
sináptica quanto no interior do neurônio.
O Tratamento Anti-depressivo visa o equilíbrio das taxas de monoaminas aos níveis de
normalidade.

CLASSES DE MEDICAMENTOS
 Inibidores da MAO (iMAO)
 Anti-depressivos Tricíclicos
 Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS)
 Inibidores não-seletivos de capturas de monoaminas (5HT e NA) – (ICSN)
 Estabilizantes de Humor
 Atípicos

iMAO
Inibidores da Monoaminoxidase são responsáveis pela inibição dessa enzima,
aumentando a concentração das monoaminas 5HT, DA e NA. Usados, atualmente, em
depressões mais graves, pois possuem efeitos colaterais menos vantajosos que o uso
dos ADTs (anti-depressivos tricíclicos).
Esse aumento propicia ao paciente uma sensação de euforia e excitação, reduzindo o
quadro depressivo do paciente.
A MAOa é o tipo enzimático que tem preferência pela Serotonina e pode ser encontrada
no intestino, fígado, placenta e no SNC.
A MAOb tem preferência por Dopamina, sendo explorada no tratamento do Parkinson.
Metaboliza também a Feniletilamina (chamado de hormônio do Amor).
Fenelzina, Pargilina, Moclobemida e Iproniazida.
Podem causar quadros de hipotensão, tremores, excitação, insônia e convulsões (efeito
excitatório), boca seca, visão turva, retenção ourinária (aumento de noradrenalina –
efeito anticolinérgico), aumento de apetite e ganho de peso. Em casos raros, pode haver
hepatotoxicidade.

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Ação farmacológica rápida, entretanto, possui efeito clínico tardio, levando de 2 a 6
semanas para que ocorra o acúmulo que mude o quadro clínico do paciente. A retirada
deve ser gradual – desmame.
INTERAÇÕES – mais grave com alimentos que contenham a TIRAMINA (que também
é uma amina, logo é metabolizada pela MAO). Seu uso provoca um aumento de
concentração de NA e, por consequência, provoca ação simpaticomimética.

ANTI-DEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
São mais utilizados por possuírem baixo custo (são disponibilizados pelo SUS).
Impedem o mecanismo de re-captação dos três neurotransmissores.
São usados em quadros de depressão moderada a grave, em quadros de dores
neuropáticas, no TDAH e na enurese noturna (micção involuntária durante o sonos
para crianças maiores de 5 anos).
Podem ter como reação adversa o bloqueio de receptores – de histamina (receptores
do estômago – reduzindo secreção ácida – e sonolência), muscarínicos (espera-se
xerostomia, visão embaçada, tonturas, glaucoma, constipação intestinal e retenção
urinária) e de serotonina.
São medicamentos de baixo índice terapêutico – atentar-se às superdosagens. Alto
risco de letalidade.
Amitriptilina, Nortriptilina, Clomipramina, Imipramina, Desipramina

INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA


Impedem a receptação da 5HT da fenda sináptica, o que promove um aumento de sua
concentração. São úteis tanto para o tratamento da depressão quanto para o da
ansiedade.
Fluoexetina, Paroxetina, Sertralina, Citalopram, Escitalopram
FLUOXETINA – possui um efeito anorexígeno, desse modo, é prescrita para pacientes
que desejam emagrecer. Entretanto, possui efeitos indesejados como xerostomia, perda
de libido – diferente da Paroxetina.
PERDA DE LIBIDO – é causada pela elevação de serotonina. O aumento
promove um estágio de bem-estar que desestimula o desejo sexual.
Medicamento mais seguro, pois, possui menor Toxicidade Aguda e menos efeitos
colaterais relacionados às ações anticolinérgicas – comparados aos ADTs.
Podem causar insônia, ansiedade, anorexia e outros.
INTERAÇÕES – em uso concomitante a iMAO: causam um excesso de serotonina e
monoaminas. Causa a Síndrome de Serotonina, com sintomas de tremores, hipertermia
e colapso cardiovascular.

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INIBIDORES NÃO-SELETIVOS DE CAPTURA DE MONOAMINAS
Impedem a receptação de neurotransmissores (NA e 5HT), com ação semelhante aos
ISRS, podendo ser usado na ansiedade.
Efeitos adversos são oriundos da combinação do acúmulo dessas duas substâncias,
causando insônia ou sedação.
Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina

ATÍPICOS
Bupropriona – pode ser usada na depressão refratária e no TDAH (ambos os usos não
são de primeira escolha). Pouco específica, impede a receptação de serotonina e
noradrenalina – em menor grau.
Erva de São João (Hiperforina) – potente inibidor de Citocromo P450 (CYP450).
Podem causar sedação, efeitos anticolinérgicos e inibição CYP450.
Bupropiona, Trazodana, Nefazodona, Mirtazapina, Mianserina, Maprotilina,
Amoxapina, Erva de São João.

ESTABILIZANTES DO HUMOR – tratamento da Mania


Impedem que o paciente desenvolva oscilações de humor na doença maníaco-
depressivo. O fármaco principal é o Carbonato de Lítio. São usados por longos períodos,
embora apresentem toxicidade alta.
Por possuir carga positiva, semelhante ao sódio, compete com esse íon e impede que
ocorra despolarização celular, alterando toda a bioquímica celular dependente de sódio.
Por conta disso, deve-se ter um monitoramento fármaco-terapêutico no paciente que
trata com esse tipo de medicação.
É um fármaco preventivo, não pode ser usado para reverter a fase de mania.
No tratamento da mania pode-se usar Antipsicóticos atípicos (olanzapina) e
Anticonvulsivantes (carbamazepina e valproato de sódio).

Anti-Depressivos – Usos Clínicos


 Depressão – todas as classes.
 Distúrbios de ansiedade – ISRS e ICSN.
 Transtornos de Alimentação – ISRS (Fluoxetina).
 Dores Crônicas (neuropáticas) – ADTs
 TDAH – ADTs e Bupropionas (não são drogas de escolha).
 Enurese noturna – ADTs.

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Antidepressivos
Classe Mecanismo de Ação Exemplos Interações ou Malefícios Uso Peculiaridades
Ação Farmacológica
Alimentos que possuem
Inibe a ação de enzima rápida
Tiramina, metabolizada pela
Mono-aminoxidase (MAO), Fenelzina Anti-depressivo X
iMAO MAO  Aumento da
que é responsável por Iproniazida Parkinson (MAOb) Efeito Clínico Tardio (2-6
concentração de NA (efeito
degradar a 5HT, DA e NA. semanas para acúmulo
anticolinérgico)
ser suficiente)
Anti-depressivo
Impedem a re-captação dos Inibição de Receptores São mais Baratos (SUS).
Amitriptilina Enurese Noturna
ADTs neurotransmissores (5HT, Muscarínicos, Histamínicos e Baixo Índice Terapêutico
Imipramina TDAH
DA e NA) de Serotonina.
Dores Neuropáticas
Fluoexetina Anti-depressivo
Inibem a re-captação de Paroxetina Combinados à iMAO  Anorexígeno Fármaco seguro e com
ISRS serotonina pelo neurônio Sertralina Síndrome da Serotonina (FLUOXETINA) maior índice terapêutico.
pré-sináptico Citalopram (efeito anticolinérgico) Distúrbios de
Escitalopram Ansiedade
Venlafaxina Acúmulo dessas substâncias Anti-depressivo
Impedem a re-captação de
ICSN Desvenlafaxina podem causar insônia ou Distúrbios de ---
5HT e NA.
Duloxetina sedação. Ansiedade
Lítio possui mesma carga
que o sódio, desse modo, TRATAMENTO DA
compete com ele para entrar Compromete a bioquímica MANIA (DISTÚRBIOS
Doença Maníaco-
Estabilizante de na célula. O aumento da celular por alterar as ações DO HUMOR)
Carbonato de Lítio Depressivo.
Humor concentração de lítio em dependentes do sódio 
(Preventivo)
detrimento da de Sódio Altamente tóxico. Fármaco preventivo, não
impedem a despolarização pode durante a crise.
do neurônio.
Erva de São João
Bupropiona: impede a re-
Hiperforina (Hiperforina)  inibidor da Anti-Depressivo
Atípicos captação de serotonina e ---
Bupropiona CYP450. TDAH (Bupropiona)
noradrenalina.
Insônia e anticolinergia.

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Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos
A ansiedade, apesar de ser doença que acomete o sistema nervoso central, apresenta
repercussões sistêmicas, afetando o sistema cardiovascular, trato gastrointestinal e
hormonal. Surge a partir de uma hiperatividade de sistemas adrenérgicos ou por
desregulação do sistema serotoninérgico, sendo assim, as primeiras escolhas de
drogas para o tratamento os inibidores seletivos de receptação de serotonina
(ISRS).
As drogas de primeira linha para o tratamento da ansiedade são: ISRS e Inibidores não
seletivos da captura de monoaminas.
Após mais de uma semana de tratamento, sem uma melhora considerável sugere-se a
adição de uma segunda linha farmacoterápica. Os medicamentos de segunda linha são:
Benzodiazepinas.
Há também o uso de tratamentos alternativos – como uso de anti-histamínicos (quando
afeta o sono), fitoterápicos, outras classes de antidepressivos (buspirona), antipsicóticos
e outros.
O uso de fitoterapia deve ser feito com muito cuidado. Deve-se levar em conta
que pode ocorrer interações indesejadas, quando associada à terapia
alopática, uma vez que o fitoterápico pode interagir com o citocromo P450,
alterando o comportamento da ação do medicamento alopático.

Os ISRS são drogas de primeira escolha pois agem diretamente nos mecanismos que
provocam o quadro de ansiedade. Avaliando-se as evidências, trata-se de uma droga
segura (pois não causa dependência) e confirmação na literatura que indica o uso dessa
classe de medicamento.
O Benzodiazepínico possui um efeito mais imediato quando comparado aos ISRS – que
levam de 4 a 12 semanas -, agindo em poucas horas. Entretanto, pode causar
dependência, gera efeito rebote – necessitando um desmame adequado – e sedação
do paciente.

Benzodiazepinas
São exemplos o Alprazolam (FRONTAL), Clorazepato, Clonazepam (RIVOTRIL),
Diazepam (VALIUM) e outros.
Oscilam muito no preço, podendo chegar até R$ 70,00 por caixa, dependendo do
fármaco utilizado. São de segunda linha no tratamento de ansiedade pois possuem risco
de dependência, incerteza de eficácia a longo prazo, efeitos colaterais (como exemplo
a tontura, o que aumenta risco em idosos, ou de lesão cognitiva em infantes). É mais
utilizada em situações de crise, dado seu efeito mais imediato.
Seu uso é muito banalizado, uma vez que é associado ao seu efeito sedativo. É muito
prescrito pela comunidade médica e figura na lista dos medicamentos mais vendidos no
Brasil.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Podem ser empregados como anticonvulsivantes, hipnóticos, sedativos, relaxantes
musculares e ansiolíticos. É uma das classes de fármacos empregados na
preparação do indivíduo para a anestesia geral.

MECANISMO DE AÇÃO
Atuam nos receptores de GABA A, mantendo-o aberto por mais tempo, aumentando a
entrada de íons Cloreto (Cl-), aumentando a negatividade intracelular – dificultando
o processo de despolarização.
Esses receptores são pentaméricos – isto é, são compostos por 5 subunidades – e
formam um canal que conduz a entrada do cloreto. Essas subunidades podem ser Alfa
(1, 2, 3, 4, 5, 6), Beta (1, 2, 3), Gama (1, 2, 3), Delta, Pi e Mi.
Os benzodiazepínicos têm afinidade pelas subunidades alfa que compõem o receptor
de GABA A. Os sítios benzodiazepínicos estão presentes apenas nas unidades alfa-1
(que possui propriedades amnésicas e hipnóticas), alfa-2 (que possui propriedade
ansiolítica) e alfa-3.
Deve-se lembrar sempre que o receptor só irá se abrir se houver presença de GABA. O
benzodiazepínico NÃO ABRE o canal, apenas o mantém aberto por mais tempo.
SÍNTESE DO GABA – é sintetizado a partir do Glutamato;
A Glutamina sofre ação da enzima Glutaminase, que a cliva em Glutamato. Por
sua vez, o Glutamato sofre ação da enzima Ácido Glutâmico Descarboxilase que
formará o GABA.
A enzima Ácido Glutâmico Descarboxilase precisa de um cofator para seu
funcionamento, a Vitamina B6 – piridoxal fosfato (forma ativa).
𝑮𝒍𝒖𝒕𝒂𝒎𝒊𝒏𝒂 − 𝐺𝑙𝑢𝑡𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑠𝑒 → 𝑮𝒍𝒖𝒕𝒂𝒎𝒂𝒕𝒐 − Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐺𝑙𝑢𝑡â𝑚𝑖𝑐𝑜 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑥𝑖𝑙𝑎𝑠𝑒 → 𝑮𝑨𝑩𝑨
Podem ser administrados por via ORAL (também sublingual), INTRA-MUSCULAR e
INTRA-VENOSA.
A existência de inúmeros fármacos dessa classe se mostra vantajosa pela formação de
metabólitos ativos e tempo de meia vida diferentes, de um para outro.
São fármacos de característica Lipofílica – metabólitos lipossolúveis se armazenam por
mais tempo no tecido adiposo, o que aumenta o tempo de meia vida do fármaco.
Além disso, as taxas de ligação às proteínas plasmáticas podem variar de 70-99%.
Sendo assim, aqueles que possuem maior taxa de ligação são mais facilmente
excretados na via renal – durante a fase de secreção, o fármaco é “arrancado” da
proteína plasmática, na depuração – quando comparados aos de menor taxa, uma vez
que estes possuem tendência de armazenar uma parte no tecido adiposo adjacente,
prolongando sua permanência no organismo.

EFEITOS ADVERSOS
 Sonolência e Sedação, com queda de produtividade.
 Redução de Reflexos – perigoso para motoristas, operadores de máquinas e
atividades físicas.
 Amnésia – relacionada à dosagem utilizada pelo paciente.
 Síndrome de Abstinência – interrupção necessita de desmame, podendo causar
insônia, ansiedade e efeito rebote. A interrupção abrupta do uso pode culminar

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em sintomas de dependência física e química (confusão mental, visão borrada,
diarreia, perda do apetite, perda de peso, ansiedade rebote, insônia rebote).
 Risco aumentado de quedas e fraturas.
Em caso de intoxicação por benzodiazepínicos deve-se usar o FLUMAZENIL, que atua
bloqueando os sítios de ligação dos BZD. Há também os agonistas inversos, as Beta-
Carbolinas (presentes em várias plantas medicinais).
Podem interagir com outros fármacos que atuam no SNC – principalmente as
depressoras: sedativo-hipnóticas e anti-ansiedade –, álcool, medicamentos como a
Cimetidina (da família da Ranitidina), Nefazodona (antidepressivo) e Carbamazepina.

BETA-BLOQUEADORES: propranolol. São utilizados em ansiedade situacional, em


pacientes que tem sintomas momentâneos de ansiedade – tremores.

Barbitúricos
Não são usados atualmente como ansiolíticos, mas já foram com esse propósito, assim
como para o tratamento de insônia – isso se dá por possuírem estreito índice
terapêutico, o que faz com que o paciente corra risco de se intoxicar quando faz uso
dessa medicação. Há também o risco de dependência pelo uso dessa medicação.
Desse modo, atualmente são utilizados para situações controlados, como anestésicos
gerais (sedação – manutenção do coma e indução de anestesia) e anti-
convulsivante.
GARDENAL (FENOBARBITAL) – uso no tratamento da epilepsia, sendo o
fármaco mais comum à população dessa classe.
Alguns tipos possuem ação rápida, levando cerca de 30 segundos para induzir o
paciente a um quadro de sedação. Desse modo, podem ser utilizados para iniciar a
anestesia, impedindo que o paciente possa ter algum problema de
refluxo/broncoaspiração no processo de anestesia (em casos de cirurgias de
emergência, nos quais o paciente pode chegar ao centro cirúrgico sem esvaziamento
gástrico).
A dosagem tem fator determinante para o efeito, quanto maior a dose mais profundo é
o efeito de sedação para o paciente. Em alguns países, onde a eutanásia é legalizada
ou se aplica a pena de morte, os barbitúricos são utilizados para fins letais. Baixas doses
possuem efeito ansiolítico.

MECANISMO DE AÇÃO
Possuem afinidade pelos receptores de GABA, mantendo os receptores abertos por
mais tempo, permitindo maior influxo de íons Cloreto para o interior da célula.
Apesar de ter ação parecida com os Benzodiazepínos, se diferencia por não precisar
do GABA para abrir e manter o canal aberto – os barbitúricos se ligam em outro sítio
e realizam essa função de abertura e manutenção.
Por aumentar a concentração de íons cloreto, o neurônio reduz sua carga, o que dificulta
sua despolarização – o que impede a liberação de neurotransmissores capazes de
excitar o cérebro (ACH, 5HT, DA, NA).

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Podem ser administrados por via Oral, Intra-Muscular, Retal e Intra-Venosa (permite
ação muito rápida – cerca de 30 segundos). Possuem capacidade de atravessar a
barreira hematocefálica. Circulam ligadas às proteínas plasmáticas – taxa de ligação de
70% (o restante nos indica que o fármaco já atravessou a barreira).

TIOPENTAL
Fármaco de ação ultracurta, com altíssima lipossolubilidade (oriunda da presença de
um enxofre – S) que o permite ter essa ação rápida. Usado de forma mais restrita, como
indutor de anestegia geral.
Não é utilizado na manutenção da anestesia pois causa forte ressaca no paciente se
o uso for contínuo.
A característica de ação rápida faz com que o paciente passe pelo estágio II da indução
anestésica (no qual há maior risco de broncoaspiração do conteúdo gástrico – causado
por um refluxo desse estágio) de modo mais rápido, sendo assim, usado como indutor
de anestesia em pacientes que serão submetidos à cirurgia emergencial.
Possui pouco efeito anticonvulsivante e é depressor do SNC, Sistema Cardiovascular
(paciente submetido a esse medicamento pode apresentar taquicardia reflexa) e
Sistema Respiratório (diminui a sensibilidade do paciente ao CO2).

PENTOBARBITAL
Fármaco de duração curta (maior que a do tiopental), pode ser utilizado para a
manutenção do estado de coma e para episódios convulsivos (tanto da epilepsia
como de outras doenças). Também utilizado para tratamento da hipertensão
intracraniana – associada à Síndrome de Reye (acontece em crianças que sofrem de
quadro de infecção viral e utilizam AINE, como o AAS; pode levar a um quadro de
encefalopatia hepática).
Pode ser usado em casos de eutanásia e pena de morte, assim como o tiopental.

FENOBARBITAL
Usado em crises convulsivas, ataques epilépticos e quadros de insônia. Também
como pré-anestésico e sedativo.
Além de abrir os canais de cloreto por mais tempo, atuam na redução de Glutamato no
cérebro (neurotransmissor que é excitatório e um dos substratos para a produção de
GABA).
Durante o regime nazista na Alemanha, foi amplamente usado no Holocausto para fins
letais dos chamados indesejados.

Crises Convulsivas – Outros Fármacos


Crise convulsiva – sobrecargas dos neurônios em que há uma sobremaneira no
funcionamento dessas células. É normal ter ao menos uma crise convulsiva ao longo da
vida.
Estado Epiléptico – paciente apresenta inúmeras crises convulsivas, que podem ser
iniciadas por motivos externos ou internos.

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A Epilepsia Refratária ao Tratamento não responde aos fármacos aqui apresentados, o
paciente tem boa resposta apenas sob ação de medicações e tratamentos alternativos.
Estuda-se a ação do CANABIDIOL, que em testes tem se apresentado como bom
fármaco para esse tipo de epilepsia.
FENITOÍNA
Seu mecanismo é responsável por bloquear os canais de sódio pós-sinápticos, o
que impede a despolarização desse neurônio pós e a sinapse – cessa a comunicação
entre os neurônios (efeito inibidor).
É um fármaco que possui longo tempo de meia vida e apresenta uma alta
hepatotoxicidade.

CARBAMAZEPINA
É bloqueadora dos canais de sódio pré e pós-sinápticos e potencializadora de
ação do GABA. É um potente indutor do CYP450 (diminui o efeito de anticoncepcional
oral). É empregada também no tratamento do distúrbio bipolar, enxaqueca, insônia
refratária ao tratamento.
OXCARBAMAZEPINA
Mesma ação da carbamazepina, entretanto não interfere no metabolismo (CYP450) – e
consequentemente mais cara que a irmã.
VIGABATRINA
Bloqueia a enzima que degrada o GABA, aumentando sua concentração no SNC, o
que promove a inibição do neurônio pela abertura do canal de Cloreto. Pode alterar
o campo visual. Deve-se orientar o paciente do mesmo modo que o uso de
benzodiazepínicos.
LAMOTRIGINA
Altera a condutância de sódio, potássio e cálcio, diminui a liberação do glutamato
e aumenta a concentração de GABA. Não pode ser usado na gestação por reduzir a
disponibilidade de Ácido Fólico, sendo um agente teratogênico.
GABAPENTINA E PREGABALINA
Mecanismo não bem conhecido, mas é sabido que há aumento da ação do GABA. São
vantajosos por não interferirem no CYP450.
TOPIRAMATO
Altera condutância de sódio, diminui a liberação de glutamato e aumenta a
concentração de GABA.
Usado no tratamento de enxaqueca e dor neuropática.
VALPROATO DE SÓDIO/ÁCIDO VALPROICO
Diminui a degradação de GABA e a condutância de alta frequência de sódio. Usado
no tratamento de enxaqueca e dor neuropática.

NO USO DESSES MEDICAMENTOS – DEVE-SE ATENTAR:


 Monitoramento da Função Hepática.
 Interações com anticoncepcionais orais (cortar o efeito) e etanol (aumentar a
depressão do sistema nervoso central).
 Aumento da glicemia sanguínea e de peso.
 Distúrbios hematopoiéticos (ácido fólico).

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Anestésicos Gerais

ESTADO DE ANESTESIA
Estado em que o paciente encontra-se sem percepção. Caracterizado por perda de
consciência, relaxamento muscular e perda de sensação corporal mediante
administração de um fármaco anestésico.
Para que esse estágio de anestesia seja atingido de modo seguro há a necessidade de
combinação de fármacos – apenas um não é capaz de trazer segurança ao paciente.
São necessárias alterações em inúmeros mecanismos para atingir os três níveis de
anestesia.
Combina-se mais fármacos para atingir o efeito desejado – isso se dá por
sinergismo (em que a combinação de dois ou mais fármacos, em doses não
muito altas, faz amplificar o efeito desejado) – mais seguro para o paciente (por
conta de uso de fármacos com baixo índice terapêutico).

CARACTERÍSTICA DOS FÁRMACOS USADOS NA ANESTESIA


Tríade do Medicamento Anestésico
 Relaxamento Muscular.
 Perda de consciência.
 Amnésia do Evento.
Essas características são atingidas a partir da combinação de drogas hipnóticas,
analgésicos (pode ser analgesia pré-empitiva também, através de uso prévio de anti-
inflamatórios no paciente, reduzindo a dor no pós-operatório), relaxantes musculares.
Precisam ter:
 Indução rápida e confortável.
 Rápida alteração na profundidade da anestesia.
 Relaxamento muscular adequado.
 Ampla margem de segurança.
 Ausência de toxicidade e eventos adversos.
Dado essas características, não há possibilidade de se obter a partir do uso de apenas
um fármaco. Também é impossível garantir que não possa existir eventos adversos
como o caso de NVPO (náuseas e vômitos pós-operatórios).
ESTÁGIOS DA ANESTESIA
Estágio I – Analgesia: indivíduo consciente, mas sonolento e com resposta dolorosa
diminuída.
Estágio II – Excitação: paciente inconsciente, sem resposta a estimulação não
dolorosa. Pode ocorrer vômitos e agitação do paciente, sendo esse um estágio
perigoso para o paciente (risco de broncoaspiração). Fármacos indutores seguros
passam por esse estágio de modo muito rápido.
Estágio III – Anestesia Cirúrgica: controle autonômico das funções corporais
encontra-se suspenso, entretanto ainda resta (em anestesia branda) alguns reflexos e
parte do tônus muscular do paciente – que são perdidos no aprofundamento da
anestesia.
Estágio IV – Paralisia Bulbar: cessa controle vasomotor e respiratório, culmina na
morte do paciente em poucos minutos.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Fármacos anestésicos seguros são aqueles que passam rapidamente do estágio I ao
III.
MECANISMOS DE AÇÃO
Teoria Lipídica – fármacos alteram a lipossolubilidade e a físico-química das
membranas, sendo assim capazes de inibir a transmissão dos impulsos e deprimir o
SNC.
 Altera a permeabilidade da membrana – alterando a condutância de
sódio, potássio e cálcio.
 Lipossolubilidade facilita o acesso ao SNC.
 Expansão de volume e fluidez de membrana – modificação da entrada e
saída de íons.
Teoria das Proteínas – engloba a capacidade de se ligar a receptores proteicos (como
o do GABA e Glutamato), alterar canais receptores e canais proteicos – estruturalmente
e de sua permeabilidade.
Os anestésicos gerais se explicam através da união de ambas as teorias, pois há tanto
alteração de solubilidade e permeabilidade quanto de alterações nos canais proteicos
que permite a passagem dos íons para as células neuronais.
A partir disso se dá:
 Redução de liberação de neurotransmissores.
 Inibição da ação do neurotransmissor.
 Redução da excitação pós-sináptica.
Os anestésicos gerais precisam manter as atividades autonômicas e funções
cerebrais em geral, ao mesmo tempo que precisam promover amnésia, supressão de
atividades reflexas e função respiratória (alguns fármacos reduzem a sensibilidade
ao CO2 ou promovem a apneia).
Atinge-se esses efeitos a partir da combinação de baixas doses de diversos tipos de
fármacos.
CLASSIFICAÇÃO
Agentes inalatórios – responsáveis pela manutenção do quadro anestésico.
Divididos em voláteis (isoflurano, sevoflurano, halotano) e gases (óxido nitroso e
xenônio). Péssimos indutores em adultos, mas é possível o uso indutório em crianças.
Depende da idade do paciente, de sua função pulmonar, da pressão parcial de gás e
concentração, temperatura (expansíveis ou não) e presença de outros agentes
depressores do SNC – são variáveis farmacocinéticas que podem alterar seu
funcionamento.
Alguns deles são:
 Éter – de indução e recuperação lenta, muitos efeitos adversos, como
irritação respiratória, náusea, vômito – por essas características não é
mais utilizado.
 Halotano – indução e recuperação média.
 Óxido Nitroso – indução e recuperação rápida.
 Enflurano – recuperação e indução média.
 Isoflurano – recuperação e indução média.
 Sevoflurano – recuperação e indução rápida.
Sua farmacodinâmica apresenta mecanismos complexos, resultantes em ação
amnésica e analgésica, entretanto não é hipnótico – não consegue induzir sono.
Pode exercer ação hilariante (óxido nitroso) por deprimir regiões que tem papel inibitório.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Agem na sinapse e não na condução axonal.
Existem riscos cardiovasculares e respiratórios associados ao uso dessas
substâncias. Por exemplo, o Óxido Nitroso pode aumentar a PA por acumular NA; o
halotano tem efeito oposto.
Riscos respiratórios não são marcantes pelo uso intravenoso de ketamina ou por NO.
Outros deprimem o centro respiratório e aumentam a PCO2 na corrente sanguínea.
Agentes intravenosos – responsáveis pela indução da anestesia geral – induz até o
estágio II. São os barbitúricos, benzodiazepínicos, etomidato, ketamina e propofol.
O uso desses agentes geralmente é associado aos inalatórios.
Os agentes barbitúricos, como o TIOPENTAL, e o Etomidato e Propofol –
que possuem todos o mesmo mecanismo – são indutores de ação muito rápida.
Midazolan – atua nos receptores de GABA, causando anestesia superficial
(endoscopias, por exemplo).
Quetamina – é bloqueadora de receptores NMDA (Glutamato) – é droga de
abuso, tem ação alucinógena. Não interfere tanto nas funções
cardiorrespiratórias.

ANESTÉSICOS – USO SITUACIONAL


1). Paciente com obstrução intestinal: paciente com acúmulo de alimento no TGI
superior – risco de broncoaspiração no estágio II (vômito). Carece fármacos de
sequência rápida – que levem ao estágio III rapidamente. Nesse caso, barbitúrico
TIOPENTAL.
2). Paciente com câncer de laringe, sinal de estridor evidente e insuficiência
respiratória – precisa ser traqueostomizado: uso de agentes inalatórios é indicado
pois diminui o risco de interferências cardiorrespiratórias (NO, por exemplo).
3). Paciente extensamente queimado que carece troca de curativo: uso de
Quetamina e propofol pois é um procedimento rápido e preservará os reflexos de via
aérea do paciente.
4). Paciente com histórico de insuficiência cardíaca necessita de anestesia geral:
monitoração invasiva de PA e sugestão de uso de Quetamina.
5). Paciente desidratado e hipovolêmico: paciente com repercussões
cardiovasculares extensas, uso de Quetamina é recomendado.
6). Paciente com Porfiria: não podem ser utilizados tiopental e o etomidato pois pioram
os acúmulos das porfirias.
7). Âmbito pré-hospitalar: Quetamina, pois não altera a função cardíaca e não requer
monitoramento.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Antipsicóticos
A psicose pode ser uma doença crônica, de inflamação do SNC, bem como pode ser
induzida por estresse, depressão, medicamentos e outros fatores (por exemplo,
alucinações pós-parto). Pode ser um evento ou um mal repetitivo.
O tratamento é baseado em fármacos clássicos – são atuantes na fase positiva da
doença, em que ocorrem as alucinações, manias de perseguição e outros fenômenos
de ilusão – e nos atípicos – eficientes na fase negativa: paciente se isola, fica mais
deprimido.
Bloqueio dos receptores Dopaminérgicos do tipo D2.
Diminui a ação da dopamina no SNC – efeito colateral:
Parkisonismo (tremores de extremidades, dificuldade de fala e
memorização) e acatisia (movimento involuntário das pernas).
Clássico
Podem causar impregnação no paciente, culminando no
movimento em pêndulo.

Clorpromazina, Haloperidol, Supirida e Levopromazida.


Aumenta os efeitos da Serotonina, através do 5HT2A.
Por interferirem pouco na DA, não há Parkinsonismo.
Atípicos
Clozapina, Quetiapina e Risperidona.

Tratamento de Insônia – SNC – Inibidores do Sono


Alguns fármacos como os anti-histamínicos, melatonina, agonistas dos receptores de
melatonina podem ser utilizados como indutores do sono, além dos benzodiazepínicos.
Zolpidem (benzodiazepínico) – usado no tratamento de transtornos do sono pois
seu tempo de meia vida é relativo ao necessário para o indivíduo dormir,
mantendo-o no sono profundo (relaxamento muscular).

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
FARMACOLOGIA DA DOR – “O ALÍVIO DA DOR É UM PODER DIVINO”
(HIPÓCRATES)

Anti-inflamatórios
A dor pode ser nociceptiva (causada por estímulo externo, oriundo da periferia), no
processo inflamatório os mediadores produzidos pela resposta são capazes de
estimular os nociceptores, emitindo ao SNC um sinal doloroso que será interpretado
pela córtex. Pode ser somática (bem localizada) e visceral (mal localizada).
Na dor neuropática, temos como causa as lesões ou compressões de partes do SNC,
que gerem o sinal doloroso.
Pode-se existir uma dor mista – composta por ambas as situações.
Por existir esses dois tipos de dor, e pela existência de dois mecanismos de sinalização
(sendo um causado por ativação de nociceptores periféricos e outro pela interpretação
compressiva como sinal) os medicamentos usados para tratar a dor são diferentes
para cada tipo de dor.
Desse modo, temos três tipos de fármacos:
 Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINE) – inibem a Ciclo-oxigenase (COX)
 Analgésicos opioides
 Anti-Inflamatórios Esteroidais (AE) – suprimem a resposta imune

AINES
São os mais utilizados e de mais fácil acesso (não necessitam de prescrição para serem
vendidos – entretanto, não são isentos de efeitos adversos). Existem cerca de 50 tipos
diferentes.
Possuem efeitos anti-inflamatório, analgésico e antipirético.
Alguns fármacos, como paracetamol ou dipirona, apresentam-se com excelente efeito
antipirético e analgésico, mas pobre em efeito anti-inflamatório.
MECANISMO DE AÇÃO
São inibidores da COX (Ciclo-oxigenase) – no processo inflamatório.
Ao iniciar um processo inflamatório ocorre um aumento na concentração de
citocinas (IL-6, IL-1, TNF-alfa), fazendo com que as células envolvidas na
inflamação expressem enzimas (fosfolipase A2 e COX).
Fosfolipase A2: quebra os fosfolipídeos da membrana celular para
formar o Ácido Araquidônico (ARAQUIDONATO), que é substrato para
outras enzimas (como a COX).
 Quando sofre ação da COX, forma Prostaglandinas.
 Quando sofre a ação da 5-lipoxigenase, formando Leucotrienos
(mediadores relacionados a processos alérgicos e
broncoconstrição).

Consumo alto de ômega 6 favorece a formação de prostaglandinas da série par (mais


inflamatórias).
Consumo alto de ômega 3 favorece a formação de prostaglandinas da classe ímpar
(menos inflamatórias, mais benéficas).

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Existem 3 tipos de COX, que criam prostaglandinas com ações diferentes:
Prostaglandinas protetoras do organismo. É formada no intuito de
manter a homeostase.
COX 1
Esse tipo de enzima é constitutiva, está presente em todas as células
(ubíqua).
Inflamação (sinais cardinais).
COX 2
É induzível: só aparecem em células que recebem sinalização de
citocinas pró-inflamatórias.
É encontrada no SNC e relaciona-se ao controle da temperatura
corporal.

COX 3 Em infecções e inflamações, atua no hipotálamo – febre.

Estabelece condição de analgesia e antipirética ao ser bloqueada –


impede formação de prostaglandinas que induzem sinalização de dor.

As prostaglandinas são os sinalizadores que vão permitir a formação dos sinais


cardinais da inflamação – rubor, calor, dor, edema e perda de função.  COX 2.
Dipirona e Paracetamol inibem a COX-3.
Ao se bloquear a COX-1 há a implantação dos efeitos adversos dos medicamentos
AINE:
 Distúrbios gastrointestinais – no estômago há receptores para a COX-1 que
diminui a secreção ácida, o que pode causar úlceras, gastrite e outros. Por isso
prescreve-se ranitidina ou IBPs ou recomenda-se tomar o medicamento após
fazer uma refeição leve (que irão assumir um caráter protetivo para o estômago).
 Efeitos Renais – as prostaglandinas controlam a vasodilatação glomerular,
ao fazer uso dos AINES há redução desses mediadores.
 Distúrbios na medula (dipirona) – granulocitose e neutropenia.
 Distúrbios hepáticos (paracetamol) – no metabolismo de primeira passagem
forma um reagente ativo que, se não houver conjugado para estabilizá-lo,
causará dano hepático.
 Asma – o bloqueio da COX gera um acúmulo de araquidonato, desviando a rota
para a formação de Leucotrienos (que tem caráter broncoconstritor).

Analgésicos não-opioides – inibidores da Cox-3


DIPIRONA
Foi proibido nos EUA, Canadá e Inglaterra. Muito utilizado no Brasil, principalmente na
pediatria, pois apesar dos distúrbios de medula é um fármaco bastante seguro.
Em tratamentos prolongados é necessário que seja acompanhado por hemograma para
que não haja displasias de medula.
Restrições:
Evitar nos 3 primeiros meses de gestação e nas 6 últimas semanas.
Pacientes com distúrbios hematopoiéticos.
Pacientes asmáticos e com alergia aos componentes.
Condições circulatórias instáveis (PA abaixo de 10 mmHg)
Crianças menores de 3 meses (ou com menos de 5kg).

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
PARACETAMOL - ACETAMINOFENO
As intoxicações por paracetamol acontecem quando há ingesta de cerca de 8
comprimidos (4g/dia). Isso acontece porque esgota-se a quantidade de conjugado no
fígado para estabilizar as moléculas que geram lesão – acumulando reagentes tóxicos
para o cérebro.
Em situações em que o citocromo p450 a intoxicação pode acontecer mais rápido. O
antídoto é Acetilcisteína – que fornece a cisteína para formar o conjugado. Deve-se
avaliar pacientes que têm comprometimento hepático antes da prescrição desse
medicamento.
CLONIXINATO DE LISINA
Amplamente utilizado para dores de cabeça, musculares, derivadas de processo
inflamatórios, pós-traumáticas e menstruais. Não utilizada em pediatria, gestantes,
pacientes com úlcera, asma e alergia à lisina.
Muito associada à Ciclobenzaprina – que é relaxante muscular.

Aines com forte potencial anti-inflamatório


ÁCIDO ACETILSALICÍLICO – AAS
Além de anti-inflamatório e analgésico, possui funções protetoras: inibe agregação
plaquetária (como prevenção à formação de trombos), retarda aparecimento da
Doença de Alzheimer, reduz cânceres retal e de cólon.
Por que inibe a agregação plaquetária?
A plaqueta é formada dos megacariócitos e, por não possuírem núcleo, possui
uma quantidade pré-determinada de COX-1 – envolvida na produção de
tromboxanos e na ativação dessa plaqueta. Quando o AAS inibir a COX-1, as
plaquetas não podem sintetizar novas enzimas.
Baixas doses (sub-doses) de AAS têm preferência pelas COX-1, e geram baixo risco
renal ou de outras complicações.
Tempo de vida da plaqueta gira em torno de 8-10 dias, excluindo a necessidade de sub-
doses diárias de AAS, substituindo-as por sub-doses semanais. Em pacientes que serão
submetidos a procedimentos cirúrgicos devem suspender o uso cerca de 7 dias antes
do procedimento.
Efeitos adversos são sangramentos no TGI, hemorragias, tonteira, zumbido e surdez
(salicismo) e acidose respiratória. Crianças com infecções virais (Síndrome de Reye –
encefalopatia hepática) não fazer uso.
OUTROS TIPOS
Aspirina, Indometacina, Piroxicam – agregação
Relativamente Seletivos para
plaquetária (não explora outros recursos de COX-
COX-1
1)
Ibuprofeno, paracetamol e dipirona (antipiréticos
Menos Seletivos para COX-1
– COX em nível de SNC)
Equipotentes COX-1 e COX-2 Naproxeno, Diclofenaco

Relativamente mais seletivos Nimesulida e Coxibes (muitos seletivos para


e seletivos para COX-2 COX-2, exemplo Vioxx)

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Risco dos inibidores COX-2 seletivos
Aspectos positivos – efeito anti-inflamatório mais específico, sem a perda de
prostaglandinas homeostáticas, sintetizadas pela Cicloxigenase-1 (que não sofre
bloqueio pelo fármaco).
Aspectos negativos – inibição da produção de Prostaglandina-2 (PGL2) que possui
ação vasodilatadora, favorecendo a vasoconstrição. Diminui-se a produção de
prostaglandinas renais, sintetizadas pela COX-2. Retém mais sódio, favorece edema,
aumento de PA, agrava insuficiências renal e cardíaca congestiva, além de aumento de
produção de tromboxanos, que aumenta a ativação plaquetária e risco de trombose.
Desse modo, não devem ser prescritos seletivos COX-2 para pacientes com risco
cardíaco e doença renal.
Prescreve-se ao paciente com risco de úlceras gástricas e risco hemorrágico
no TGI.

Anti-inflamatórios esteroidais
Divididos em duas classes: glicocorticoides (cortisol e hidrocortisona) e
mineralocorticoides (aldosterona e fludrocortisona).
Atuam mimetizando o Cortisol (hormônio do estresse). É produzido na glândula supra-
renal, seus níveis aumentam durante a resposta ao estresse, em preparo para situações
de Luta ou Fuga: aumenta a PA, glicemia, quebra de proteínas, gordura e metabolização
de glicose no fígado – liberação energética. Possui alta capacidade de supressão da
resposta imune. É sintetizado a partir de colesterol, compartilhando o núcleo CPPF.
Possuem feedback negativo – quando os níveis séricos de cortisol se elevam, o
hipotálamo para de secretar Hormônio Liberador de Corticotropina, que por sua vez
impede a secreção, pela hipófise, de Corticotropina – que atuaria na adrenal para
liberar cortisol.
Os medicamentos esteroidais alteram essa rota por mimetismo ao cortisol,
desequilibrando a taxa sérica – obtida pela produção endógena do hormônio – e
suprimindo a resposta imune do indivíduo, culminando no efeito anti-inflamatório.
Por conta desse feedback, é necessário o desmame do medicamento, uma vez que a
introdução dos glicocorticoides paralisa a produção endógena de cortisol.
MECANISMOS DE AÇÃO
GENÔMICO – estimula a produção de sequências de DNA de caráter anti-inflamatório
e supressão de genes pró-inflamatórios.
NÃO-GENÔMICOS – interage com as membranas fosfolipídicas, impedindo que a
fosfolipase-A2 forme ácido araquidônico a partir da quebra da membrana ou inibir
diretamente a fosfolipase-A2.
Glicocorticoides possuem receptores nucleares! – ação de mudança genômica.

Ao se ligar ao seu receptor, o corticoide produz uma a proteína ANEXINA-1, que para
a produção de Fosfolipase-A2.
Os efeitos colaterais e farmacológicos se originam da supressão da resposta imune:
 Diminuição dos Leucotrienos (redução da broncoconstrição)

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
 Supressão de Citocinas
 Inibição de macrófagos e APC.
 Diminuição de PG, Fosfolipase-A2 e COX-2.
 Inibe degranulação de mastócitos.
INDICAÇÕES
 Doenças autoimunes
 Reações alérgicas
 Doenças inflamatórias intestinais
 Patologias osteoarticulares
 Sepse
 Transplante de Órgãos
 Doenças Pulmonares
 Síndrome Nefrótica

Os glicocorticoides possuem como efeitos colaterais alterações metabólicas, a


exemplo de alterações glicêmicas e redistribuição de gordura corporal – formação do
Pescoço de Búfalo. Além disso, efeitos catabólicos podem levar a osteoporose, perda
de massa muscular e pele fina. Alterações no balanço eletrolítico (aumento da retenção
de sódio e excreção de potássio e prótons). Insônia, ansiedade, psicose e depressão.
Hipertensão arterial e sensível a vasoconstritores. Imunossupressão (susceptibilidade a
infecções). Supressão do eixo H-H-A (desmame em uso maior que duas semanas) 
esses sintomas assemelham-se à Síndrome de Cushing.

Analgésicos Opióides
Realizam o bloqueio do estímulo doloroso em nível de SNC. São fármacos derivados
do ópio (Papaver somniferum).
Morfina, Codeína, Tebaína – e derivados semi-sintéticos.
Causam efeito de estupor, sedação e liberação de beta-endorfinas. Possuem potencial
narcótico e eram utilizados para induzir o sono.
São usados no controle da dor, na preparação para procedimentos cirúrgicos.
RECEPTORES
Receptores Mi, Delta e Kappa – receptores mi, quando estimulados possuem potência
analgésica maior que o kappa, que por sua vez é maior que o delta. Desse modo, a
maioria dos fármacos, sob baixas dosagens são preferenciais aos receptores do tipo mi.
Podem causar efeito depressor-respiratório (menor no Kappa). Redução de motilidade
do TGI, Euforia, Disforia (mal-estar físico, mais comum em kappa), Sedação e
Dependência Física.
São fármacos agonistas-inversos (ao se ligar ao receptor que esteja envolvido com
sensação de euforia, promove ação de sedação).
A naloxona é antagonista da morfina – reverte a ação nos três receptores, com tempo
de ação curto (1-2h).
Naltrexona – semelhante à naloxona, porém, com duração maior (10h).
Nalorfina é antídoto apenas para a morfina, pois é agonista do receptor mi.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
MECANISMO DE AÇÃO
Os receptores mi, kappa e delta são acoplados à proteína G. Ao se ligarem em seus
sítios de ação, reduzem a produção de AMPcíclica. Desse modo, há a abertura de
canais de potássio e inibem os canais de cálcio.
Essa ação diminui a carga da célula e impede a despolarização, diminuindo a atividade
neuronal e liberação de neurotransmissores.
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
Analgesia – dores agudas e crônicas.
Anestesia – preparação para a anestesia.
Efeito antinoceptivo e no componente afetivo – pode se tornar droga de abuso (uso
recreacional pela euforia).
Nalorfina, pentazocina e codeína menos afetam o componente psicológico.
EUFORIA – Receptor mi (onda)
DISFORIA – Receptor Kappa (mal-estar)

Depressão Respiratória (receptor mi): não há depressão cardiovascular. Diminui


sensibilidade do centro respiratório aos aumentos da pCO2.
Depressão do Reflexo da Tosse: inibidor do centro da tosse, pode ser usado como
anti-tussígeno  Codeína.
Constrição Pupilar: mi e kappa estimulam núcleo óculomotor. Abuso de opióide causa
miose no paciente, diferente de drogas como a cocaína, que causam midríase.
TGI: pode causar constipação – para a motilidade. Pode ter efeito visceral, causando
tônus e dor (atropina pode corrigir – bloqueador muscarínico).
Degranulação de mastócitos – risco aumentado para pacientes alérgicos.
Associado ao itch center (centro da coceira) – pode causar prurido no paciente, sem
liberação de histamina pelo mastócito. Acontece muito em aplicações epi e subdurais.
Náuseas e vômitos pós-operatórios – principal complicação no uso operatório de
opióides.
Retenção urinária. Imunossupressão com uso crônico. Broncoconstrição e hipotensão.
TOLERÂNCIA
Acontece rapidamente, exigindo aumento da dose cerca de 12-24h após início da
aplicação da dose. Receptores se tornam dessensibilizados para responder a dose
anterior de opióide.
Abstinência é causada pela dependência química gerada pelo antibiótico pelo aumento
da atividade do núcleo accumbens – centro de recompensa – e leva a repercussões
físicas  Síndrome de Abstinência.
A dependência estão mais relacionados ao receptor mi, por conta dos efeitos de
EUFORIA (bem-estar) para o paciente.
FARMACO CINÉTICA
Maioria administrada por intravenosa, sendo a codeína melhor na via oral. Sofrem
efeitos de primeira passagem, meia-vida de 3-6h. Formam metabólitos ativos, que vão
agir mesmo depois do metabolismo hepático. São fármacos lipossolúveis.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
USOS
 Dores agudas e severas.
 Dores médias, de origem inflamatórias.
 Dores severas crônicas.
 Dores neuropáticas – refratária aos ADTs.

Farmacologia do Trato Gastrintestinal


O TGI tem funções principais, relacionadas à manutenção da homeostase corporal, a
exemplo da secreção ácida, vômito, motilidade intestinal e expulsão das fezes,
formação e excreção da bile que, se alteradas, podem comprometer funções vitais do
organismo humano.
Tanto Hormônios quanto SNAS/SNAP são responsáveis pelo controle do TGI – seja na
musculatura lisa, vasos sanguíneos e glândulas presentes por todo o trato.
As fibras Parassimpáticas são as responsáveis por excitar a motilidade do TGI,
geralmente a partir de vias colinérgicas. Enquanto as fibras Simpáticas inervam vasos
sanguíneos, alguns músculos e glândulas. Secretam ACH, 5HT, NA, NO e outros
peptídeos ativos.
O controle hormonal do TGI se dá a partir de três substâncias principais – Gastrina,
Histamina e Acetilcolina. Essas substâncias são estimulantes da secreção ácida. Em
oposição a esse efeito, as Prostaglandinas Constitutivas são responsáveis por
reduzir a produção de secreção gástrica e promover a produção de muco protetor da
parede gástrica.
O Suco Gástrico é formado tanto por ácido clorídrico (HCl) quanto por fator intrínseco
(importante para absorção de vitamina B12).
O Muco Gástrico é importante fator de proteção da parede gástrica, pois promove a
adesão de íons bicarbonato o que aumenta o pH – impedindo contato do ácido com a
parede. Algumas substâncias, como o etanol e bile, podem destruir essa camada e
promover lesões ulceradas.
O ácido clorídrico é formado a partir das células parietais, pelo seguinte processo:
As células parietais (ou oxínticas) utilizam água e gás carbônico para formar
ácido carbônico, que por sua vez, é degradado por uma enzima – chamada
anidrase carbônica – em um próton (H+) e em íon bicarbonato.
O íon bicarbonato sairá da célula para o plasma por bombeamento em
simultânea passagem de íon cloreto (Cl-) para o interior da célula.
A partir da bomba cloro-potássio, o íon cloro é transferido à luz do estômago,
onde se encontrará com o próton, lançado pela bomba próton-potássio para o
exterior, e formará o ácido clorídrico.
Alguns fármacos são capazes de inibir a anidrase carbônica, entretanto são utilizados
no tratamento do glaucoma, e não do controle da secreção ácida.
A intervenção para o tratamento nas disfunções da secreção ácida ocorre na bomba de
próton-potássio.

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“Tentar é o primeiro passo para o fracasso” (Simpson, Homer J)
Gastrina Atua sobre os receptores de gastrina
Acetilcolina Atua sobre os receptores muscarínicos
Histamina Atua sobre os receptores H2

Em processos alérgicos, de maneira teórica, haveria um aumento de secreção ácida


estomacal. Entretanto, a histamina liberada pela degranulação do mastócito
(desconsiderando a circulação sistêmica, presente no choque anafilático) fica contida
ao sítio onde há o estímulo do alérgeno, não caindo em quantidade suficiente para atuar
nos receptores estomacais.
Em nível farmacológico, o receptor de gastrina é pouco explorado.
São mais explorados, no ponto de vista farmacológico os receptores histamínicos, as
bombas de próton-potássio e o receptor de prostaglandina.
Os receptores muscarínicos não são muito utilizados pois sua inibição seria pouco
específica e poria em risco outras funcionalidades no TGI do paciente, a exemplo de
redução da motilidade gerando constipação.
RECEPTORES
Receptor/Sítio de Ação Agonista Antagonista
R. Muscarínico Acetilcolina Atropina
Antagonistas de Receptor
R. H2 Histamina
de Histamina (Ranitidina)
R. Gastrina Gastrina Proglumida
Inibidores da bomba de
Bomba Próton-Potássio -
Prótons
Prostaglandinas (ou
R. Prostaglandinas AINE (inibição da COX)
Misoprostol - Citotec)

Função abortiva do Citotec – análogo a prostaglandina, promove contrações uterinas.


TRATAMENTO
 Úlcera Péptica
 Esofagite de Refluxo
 Síndrome de Zollinger-Ellison (tumor produtor de gastrina)
 Erradicar Helicobacter pylori

Secreção Gástrica – Fármacos


ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H2
Inibem os receptores H2, reduzindo a secreção de ácido clorídrico nas células parietais.
Auxiliam na cicatrização de úlceras. Podem ser administrados por via oral ou
intravenosa.
Podem causar tontura, diarreia, dor muscular e inibem o CYP450. A ranitidina é a que
menos causa reações adversas.

Cimetidina, Ranitidina, Famotidina e Nizatidina.

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INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTON - IBP
Inibem de modo irreversível a bomba de próton-potássio – as células parietais têm taxa
de renovação muito alta, exigindo que o paciente faça uso da medicação todos os dias.
Apesar de a bomba de próton-potássio estar presente em outras partes do corpo, os
IBPs agem apenas sobre pHs baixos (alta acidez).
Depois de 5 dias de uso do fármaco, obtêm-se um platô de inibição da bomba, o que
promove a inibição das células neoformadas do epitélio gástrico de modo constante.
Inibem a CYP450. Podem ser administrados via oral ou via intravenosa.
Podem causar cefaleia, diarreia, erupção cutânea, tonteira, sonolência e diarreia.
Segundo indícios, podem propiciar a formação de placas amiloides, que são base da
Doença de Alzheimer.
Omeprazol, Lansoprazol, Pantoprazol, Esomeprasol, Rabeprazol.
ANTIÁCIDOS
Neutralizam o ácido gástrico, elevando o pH gástrico.
São os fármacos:
 Hidróxido de Magnésio – diarreia.
 Trissilicato de Magnésio
 Hidróxido de Alumínio – constipação.
 Bicarbonato de Sódio
O uso ao longo prazo pode prejudicar a absorção de vitaminas e nutrientes, causar
efeito rebote - a liberação de gases pela reação de neutralização pode promover um
aumento do volume gástrico que promoverá mais secreção ácida pelo aumento da
pressão sobre as células parietais.
Podem causar eructação – por conta da formação de CO2 pela reação de
neutralização.
DROGAS PROTETORAS DA MUCOSA
São similares ao muco gástrico.
QUELATO DE BISMUTO – ajuda a eliminar a H. pylori, inibindo a adesão do bacilo à
mucosa e elimina suas toxinas. Ajuda a aumentar a prostaglandina na área de lesão
ulcerativa.
SUCRAFALTO – hidróxido de alumínio + sacarose sulfatada, que promover a secreção
de PG e muco. Pode reduzir a absorção de medicamentos.
MISOPROSTOL – análogo estável das prostaglandinas (geralmente, uso hospitalar).

Vômitos – Fármacos
Drogas Eméticas – xarope de Ipeca, diluição da água oxigenada.
Agentes anti-eméticos – podem atuar em receptores:
 H1 – cinazirina, ciclizina, dimenidrinata (dramin), prometazina.
 Muscarínicos (reduzir motilidade) – Hioscina (Escopolamina)

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Antagonistas de 5HT (5HT3) – Ondasetron (Vonau).
Outros – metoclopramida (plasil) e canabinóides (nabilona – controlam o vômito em
nível de SNC).

Motilidade do TGI – Fármacos


AUMENTO DA MOTILIDADE – PURGATIVOS
Formadores do bolo fecal – à base de fibras, que auxiliam na absorção de água pelo
TGI. Metilcelulose, Ágar, Fibras
Osmóticos – aumentam a quantidade de água para o intestino. Lactulose
Emolientes fecais – agem como detergentes, a fim de amolecer a consistência das
fezes. Docusato de Sódio
Estimulantes – aumento o peristaltismo (causam cólica). Bisacodil (Lactopurga), Sene
Aceleradores da motilidade – aceleram o esvaziamento gástrico. Domperidona  não
recomendado a pacientes com úlcera duodenal, pois aumenta também a secreção
gástrica. Muito usado em pacientes com refluxos.
DIMINUIR A MOTILIDADE
Antagonistas dos Receptores Muscarínicos – Codeína, Difenoxilato e Loperamida
(Imosec).
Adsorventes – podem eliminar microorganismos e toxinas que causam a diarreia.
Carvão Ativado (pouco efetivo para intoxicações por metais), Metilcelulose,
Atapulgita Ativada, Caulim, Pectina.
O melhor tratamento para a diarreia está na reidratação e dieta branca.

AGENTES ANTIESPASMÓDICOS
Importantes para tratamento de espasmos, sobretudo de alças intestinais. Propantelina
e Diciclomina  relaxam a musculatura lisa.

Antialérgicos
Receptor H2 controla a secreção ácida, enquanto o Receptor H1 (acoplado à ptn G,
metabotrópico) é o de interesse para a reação alérgica.
Quando estimulado, H1 pode causar broncoconstrição.
H3 – auxilia na liberação de neurotransmissores excitatórios – quando usa-se anti-
histamínicos a sonolência é oriunda da interferência desse receptor.
ANTI-HISTAMÍNICOS
Competem com a histamina pelos sítios H1 (são antagonistas dos efeitos
FARMACOLÓGICOS da histamina).
A alergia continuará acontecendo – não interferem na produção de histamina –,
entretanto, não haverá sintomatologia.

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1ª Geração – causam sonolência pois são menos específicos. Podem sofrer interações
com o etanol, havendo potencialização do efeito depressor no SNC  deve-se evitar o
uso desses fármacos associados a outras drogas depressoras do SNC.
 Etanolaminas – Difenidramina, Dimenidrato (dramin, atua na cinetose),
Carbinoxamina.
 Etilenodiaminas – tripelenamina, metapirileno, fenbenzamina.
 Alquilaminas – Ferniramina, Clorfeniramina, Dexclorfeniramina.
 Piperazina – ciclizina, clorciclizina, hidroxizina.
2ª Geração – são mais específicos para H1, não causam sonolência.
 Loratadina, Cetirizina, Ebastina.
As moléculas desses fármacos de segunda geração possuem modificações
moleculares que impedem sua passagem na barreira hematocefálica, o que justifica a
ausência de sedação promovida por esses fármacos.
Podem causar taquicardia, agitação.

Corticoides são importantes no tratamento da alergia.


AINES bloqueiam apenas a COX, formando LEUCOTRIENOS  pioram as alergias
de caráter respiratório.

Não interferem em quadros de Gripe, desse modo, seu uso nessa doença se mostra
pouco eficaz.

ANTAGONISTA DOS RECEPTORES DE LEUCOTRIENOS


Bloqueiam os receptores de leucotrienos, impedindo a ação pró-alérgica dessa
substância. Montelucaste de Sódio  age na prevenção da crise, pouco eficaz nas
crises agudas.

ESTABILIZADORES DA MEMBRANA DOS MASTÓCITOS


Bloqueiam os canais de cálcio, essenciais à degranulação dos mastócitos. Impedem a
liberação de histamina. Cromoglicato de Sódio e Nedocromil.

AÇÃO MISTA
Bloqueia o receptor H1 e estabiliza o mastócito. Azelastina, Olopatadina e Cetotifeno.

Em casos mais graves, pode-se utilizar antagonistas de IgE  Omalizumabe. Atua na


porção FC do anticorpo, impedindo que ele se ligue à membrana do mastócito.

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