O solo é composto por elementos minerais formado através dos
processos químicos e físicos que atuaram na decomposição da rocha matriz, e de compostos orgânicos advindos da decomposição de resíduos vegetais e animais, caracterizando uma das maiores complexidades dos ecossistemas. Por sua vez, o solo é um fator do meio que influi diretamente na regeneração e estabelecimento da vegetação, proporcionando a produção de alimentos para todas as espécies de seres vivos. Portanto, o uso da terra e o sistema de manejo adotado devem ser praticas restauradoras e conservacionistas e não extratoras dos recursos. O uso do solo, se deu a partir do momento que o homem deixou de ser nômade e passou a cultivar alimentos. No entanto, com a evolução da humanidade ocorreu um processo desenfreado com a ampliação de novas áreas para o cultivo, ou seja, a derrubada da mata nativa, queimadas, intensificação da produção agrícola, consequentemente o surgimento de agroquímicos, formação de pastagens, fez com que o solo começasse a exaurir os seus recursos devido ao uso indiscriminado do mesmo (Schumacher, 1999). Com o uso excessivo do solo, surgiu a necessidade de implementar novas táticas de cultivo, visando a otimização da produção, a agregação de riqueza ao solo e consequentemente estruturação do mesmo. Para que se possa melhorar a eficiência do uso das terras e conservar a biodiversidade, é necessário conhecer o funcionamento de todos os processos envolvidos em ambientes naturais e cultivados, com isso, “nova agricultura” está sendo cada vez mais difundida no meio rural, com técnicas de ciclagem de nutrientes, consorciação de culturas, adubação verde, agricultura orgânica entre outras práticas (Andrade et al., 1999). A ciclagem de nutrientes resulta de um conjunto de processos de sistemas interligados, cuja matéria e os fluxos de energia são trocados como organismos de alimentação, ou seja, recursos nutricionais contínuos de fixação de energia (Delitti, 1995). Em sistemas florestais, a ciclagem de nutrientes ocorre pela senescência foliar das árvores, com a grande população de vegetal, forma-se uma camada sobre o solo denominada serapilheira, de decomposição lenta, desempenha um importante papel para a sustentabilidade do ecossistema (Andrade et al., 1999). A ciclagem de nutrientes desempenha importante papel na fertilidade do solo, no entanto, fluxo de decomposição e a quantidade de elementos que será incorporado ao solo, dependera exclusivamente de cada ecossistema (Delitti, 1995), além disso, o clima também é um fator par a agregação de minerais ao solo (Andrade et al., 1999). A decomposição da serapilheira, dependerá exclusivamente do ambiente a qual a mesma está inserida, ou seja, regiões que apresentam alta pluviosidade e temperaturas elevadas, são regiões que apresentam maior decomposição desses materiais, por outro lado, locais que apresentam baixas pluviosidades e clima temperado ou, mais secos como o serrado, a decomposição é mais lenta, com isso, baixa agregação do solo, porém proporciona a cobertura do solo criando um microclima no solo (Delitti, 1995). A produção e decomposição da serapilheira são processos fundamentais, e mais comumente mensurados, do fluxo de matéria orgânica e nutrientes da vegetação para a superfície do solo, sendo vitais para o funcionamento do ecossistema, principalmente, nas florestas tropicais situadas em solos com baixa fertilidade natural (godinho et al., 2013). A camada de nutrientes que são depositadas sobre o solo, constitui a dinâmica do ambiente florestal e representa o critério mais importante na distinção entre solos ocupados com florestas ou com culturas agrícolas. Essa por sua vez, é fornecedora permanente de alimentos para a microflora e fauna (Schumacher, 1999). Visando a conservação do solo, a retirada desse material da superfície do solo, acarreta na perda de nutrientes, estruturação do solo, assim com diminuição de fertilidade do solo, além de deixar a superfície mais susceptível aos impactos das gotas de chuva, da erosão e da diminuição de infiltração (Schumacher, 1999), além disso, atua na superfície do solo como um sistema de entrada e saída de nutrientes (Arato et al., 2003). Em cultivos agrícolas em toda a área de cultivo, tendem a existir espécies vegetais que surgem de forma espontânea, geralmente consideradas como plantas daninhas, invasores e consequentemente sendo retiradas da área. No entanto, essas espécies podem ser de grande utilidade em alguns cultivos, pois estas promovem cobertura de solo, produção de biomassa, podendo ser utilizadas como adubação verde (Favero et al., 2000). Além da serapilheira, a permanência da palhada do cultivo de grandes culturas, tais como, milho, aveia, sorgo, milheto entre outros, proporciona ao solo uma proteção e agregação de nutrientes, diminuindo os danos direto pela chuva, erosão eólica, (Teixeira, 2012). como adubo verde, pois deve se avaliar o estádio fenológico que melhor se adequa para o corte da planta, pois alem da cobertura que esse vegetal possa fornecer ao solo, os nutrientes que o compõe também são de suma importância, logo, o corte deve ser feito no estádio ao qual a planta possui maior quantidade de nutriente em sua composição. Para a adução verde, faz se necessário a utilização de plantas que possuem bom desempenho no acumulo de biomassa, logo esse acumulo de matéria seca, varia de espécie para espécie e de região para região (Teodoro et al., 2011). Além das táticas comentadas, a adubação verde, por sua vez, é muito difundida na agricultura orgânica, tendo como objetivo a estruturação física, a química e biológicas do solo (Embrapa, 2011). As leguminosas são as espécies mais usadas na adubação ver, pois estas possuem a capacidade de trabalhar em simbiose com bactérias, agregando nutrientes às plantas e ao solo (Embrapa, 2011). No entanto, a palhada de leguminosas de alto porte, como a leucina entre outras, também são utilizadas em cultivos agroflorestais (Arato et al., 2003). O uso de leguminosas como adubos verdes, faz com que os custos de produção sejam reduzidos além de proporcionar ao solo componentes benéficos com a ciclagem dos nutrientes (Teodoro et al., 2011). Além disso, nem sempre se faz necessário uma aquisição de sementes para a adubação verde pois, as espécies utilizadas podem ser encontradas em todo o território brasileiro, são consideradas leguminosas espontâneas (Wutke, 2014). As leguminosas adicionam nitrogênio ao solo. Os adubos verdes auxiliam na ciclagem dos nutrientes ao trazer para a superfície do solo nutrientes que estão em maior profundidade. Além disto, os adubos verdes favorecem a manutenção da matéria orgânica do solo tornando o mesmo mais estruturado, além do mais, são auxiliadoras no sequestro de carbono da atmosfera (Tivelli et al., 2010). Além das leguminosas e serapilheira, o uso de espécies perenes, como Brachiaria brizantha e B. ruziziensis, que apresentam tolerância ao déficit hídrico tem sido difundido para serem implantadas durante a safrinha, no entanto, a composição de biomassa é inferior quando compara a outras culturas, (Pacheco et al., 2011). A adoção de rotação de cultura, é outro mecanismo de ciclagem de nutrientes que agrega grandes benefícios ao solo, pois usam de espécies com sistema radicular agressivo e pelos aportes diferenciados de matéria seca, acarretando na modificação física do solo, além de criar galerias para aporte de agua e ar (Stone, 2011). O presente trabalho teve como objetivo a avaliação da importância da ciclagem de nutrientes na conservação do solo, visando as táticas de incorporação de nutrientes no solo e a decomposição do mesmo. Portanto, a ciclagem de nutrientes, proporciona beneficies imensuráveis ao solo, melhorando as suas condições físicas para o cultivo, a proteção contra a erosão, lixiviação, perdas eólicas. Essa incorporação de nutriente no solo tanto de serapilheira quanto adubação verde, ou rotação de culturas, a decomposição e disponibilidades do nutriente depende exclusivamente das condições edafoclimáticas da região. Além disso, quando há a adoção desses métodos de incorporação de material morto ou verde ao solo, acarreta na redução de custos da produção, pois, usa-se menos fertilizantes ou defensivos agrícolas, alem do mais, quando o produtor opta por um sistema do tipo agroflorestal este, possui sempre produto para comercializar e com baixo custo de produção e beneficiando o ambiente ao qual utiliza e consequentemente, levando a população um alimento mais saudável para o consumo. REFERENCIAS ANDRADE, A.G., CABALLERO, S.S.U., FARIA, S.M. Ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais. Embrapa Solos, 1999ISSN 1517-2627. Rio de Janeiro, Dezembro, 1999.
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