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DEPARTAMENTO DE QUíMICA
Tecnologia das Análises Microbiológicas- Turma: T01
Saulo Ramos
Clostridium perfringens
Belo Horizonte - MG
Maio, 2019
1. Introdução
2. Toxicidade
A toxicidade consiste na capacidade de um organismo causar uma doença, por meio de uma
toxina pré- formada que inibe a função ou mata as células hospedeiras. Exotoxinas são
proteínas tóxicas liberadas pela célula do Patogeno, à medida que ele cresce. Essas toxinas
deslocam-se de um sitio de infecção e causam danos em regiões afastadas. As toxinas
citolíticas destroem a integridade da membrana citoplasmática, promovendo a lise celular.
As exotoxinas produzidas pelos Clostridium perfringens são classifica como toxinas citolíticas.
Um subconjunto das exotoxinas são as enterotoxinas, cujas atividades afetam o intestino
delgado, geralmente provocando uma maciça secreção de fluidos para o lúmen intestinal, o
que resulta em vômitos e diarréia. Geralmente adquiridas pela ingestão de alimentos ou
água contaminados, as enterotoxinas são produzidas por uma variedade de bactérias,
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incluindo o Clostridium perfringens, causador de intoxicação alimentar. Como acontecem
com as exotoxinas, as enterotoxinas podem ser toxinas citoliticas.
As Citotoxinas, também chamadas de toxinas citoliticas, são proteínas extracelulares
solúveis, secretadas, produzidas pelo patógeno. Devido a atividade lítica destas toxinas,
estas são mais facilmente observadas nos ensaios que utilizam celulas vermelhas do sangue
(eritrócitos), sendo freqüentemente denominadas hemolisinas.
No entanto, as hemolisinas também conseguem lisar células diferentes de eritrócitos. A
produção de hemolisinas e demonstrada em laboratório por meio do estriamento do
patogeno em uma placa de Agar de sangue (um meio enriquecido contendo 5% de sangue
esteril). Durante o crescimento das colônias, a hemolisina e liberada, provocando a lise das
celulas vermelhas circundantes do sangue, liberando hemoglobina e criando uma area clara,
chamada de zona de hemólise, em torno das colônias em crescimento.
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Tabela1 – Toxinas produzidas pelos diferentes tipos de Clostridium perfringens (VARNAN
& EVANS, 1992)
TOXINA
TIPO
α β ε ι
A + - - -
B + + + -
C + + - -
D + - + -
E + - - -
VARNAN & EVANS (1992)
3. Patologias
3.1. Intoxicação alimentar por Clostridium perfringens ( Gastrenterite)
3.1.1. Meio de transmissão
A intoxicação alimentar por este organismo é resultante da ingestão de uma grande dose de
células de C. perfringens (.108 células),presente em alimentos cozidos ou crus contaminados,
especialmente alimentos com alto teor de proteínas, como carnes, aves domésticas e peixes.
O microrganismo pode crescer em carnes, quando cozidas em grandes pedaços, onde a
penetração de calor é frequentemente insuficiente. C. perfringens cresce rapidamente na
carne, especialmente se o alimento for deixado para esfriar a temperatura ambiente.
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horas após o consumo do alimento contaminado, mas geralmente desaparece em 24 horas;
fatalidades decorrentes de a intoxicação alimentar por perfringens são raras.
3.1.3. Tratamento
O diagnóstico de intoxicação alimentar por perfringens é realizado pelo isolamento de C.
perfringens das fezes ou, de maneira mais confiável, por um imunoensaio visando detectar a
presença da enterotoxina de C. perfringens nas fezes.
3.1.4. Profilaxia
A prevenção de a intoxicação alimentar por perfringens requer a adoção de medidas para
evitar que alimentos crus contaminem os alimentos cozidos, assim como o controle dos
procedimentos de cocção e enlatamento, garantindo que todos os alimentos sejam
submetidos a um tratamento térmico adequado. A enterotoxina perfringens é termolábil e,
dessa forma, qualquer toxina que possa ter se formado em um produto alimentar é
destruída pelo aquecimento apropriado (75°C). Os alimentos cozidos devem ser refrigerados
o mais breve possível a fim de reduzir as temperaturas rapidamente e inibir o crescimento
de C. perfringens.
3.2.3. Profilaxia
Realizar assepsia nas feridas profundas e evitar a exposição ao ar afim de evitar deposição de
esporos.
3.2.4. Tratamento
A terapia com antibióticos é apresentada como uma medida preventiva em casos de
gangrena, adicionalmente ao tratamento característico, embora drástico: a amputação do
membro infectado. Os tecidos gangrenosos estão mortos e não serão regenerados, dessa
forma, a amputação impede que a infecção alcance os tecidos saudáveis. O tratamento do
membro infectado com oxigênio hiperbárico é testado em alguns casos na tentativa de
salvá-lo, com os níveis elevados de O2 inibindo o crescimento dos clostrídios anaeróbios
obrigatórios. No tratamento hiperbárico, o paciente é acomodado em uma câmara fechada
contendo 100% de O2 a cerca de duas vezes a pressão atmosférica. Isso enriquece o sangue
com O2 e auxilia os vasos sanguíneos ainda vivos na formação de um novo tecido. Vários
tratamentos hiperbáricos são administrados e podem ser acompanhados de uma remoção
cirúrgica de parte do tecido morto. Se um fornecimento de sangue adequado puder ser
estabelecido nos tecidos danificados, um enxerto de pele também pode ser realizado a fim
de auxiliar na conexão e regeneração dos tecidos comprometidos.
4. Boletim epidemiológico dos surtos de dta no estado de santa catarina de 2012 a 2016
4.1. Aspectos Clínicos
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA): Síndrome geralmente constituída de anorexia,
náuseas, vômitos e/ou diarréia, acompanhada ou não de febre, relacionada à ingestão de
alimentos ou água contaminados. O quadro clínico das DTA depende, portanto, do agente
etiológico envolvido e varia desde leve desconforto intestinal até quadros extremamente
sérios com desidratação grave, diarréia sanguinolenta e insuficiência renal aguda (síndrome
hemolítica urêmica).
As DTA podem ser causadas por:
Toxinas: produzidas pelas bactérias Staphylococus aureus, Clostridium spp, Bacillus cereus,
Escherichia coli, Víbrio spp etc.
Bactérias: Salmonella spp, Shiguella spp, Escherichia coli, etc.
Vírus: Rotavírus, Norovírus, etc.
Parasitas: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium parvum, etc.
A suscetibilidade para adquirir DTA é geral, mas crianças, idosos e imunodeprimidos têm
suscetibilidade aumentada. O período de incubação varia conforme o agente etiológico e pode
durar de frações de hora a meses. As Doenças Transmitidas por Alimentos podem originar
surtos. Segundo a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), surto de DTA é o episódio
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em que duas ou mais pessoas apresentam doença semelhante após ingerirem alimentos,
inclusive água, da mesma origem e onde a evidência epidemiológica ou análise laboratorial
apontam os alimentos e/ou água como veículos da doença. Surtos de DTA constituem
Eventos de Saúde Pública que são de notificação compulsória imediata (24h), segundo a
portaria 204 do Ministério da Saúde, de 17 de fevereiro de 2016.
Gráfico 1: Número de Surtos de DTA segundo ano de notificação, Santa Catarina 2012-2016*
Gráfico 2: Número de Surtos de DTA segundo Local de Ocorrência, Santa Catarina 2012-
2016*
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Fonte: SINAN/DIVE/SES/SC* dados atualizados em 15.02.2017
Gráfico 3: Número de Surtos de DTA segundo Agente Etiológico, Santa Catarina 2012-
2016
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Fonte: SINAN/DIVE/SES/SC* dados atualizados em 15.02.2017
O elevado número de surtos notificados em que não foi possível determinar o alimento
implicado aponta falhas na investigação epidemiológica. Elas precisam ser corrigidas por
meio da notificação e da investigação oportuna dos surtos e da maior integração nas ações das
vigilâncias sanitária e epidemiológica nas investigações de surto.
Gráfico 4: Número de Surtos de DTA segundo Alimento incriminado, Santa Catarina 2012-2016*
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• Embalar adequadamente os alimentos antes de colocá-los na geladeira;
• Higienizar frutas, legumes e verduras com solução de hipoclorito a 2,5% (diluir uma
colher de sopa de água sanitária para um litro de água por 15 minutos), lavando-os em
água corrente em seguida, para retirar resíduos;
• Lavar os utensílios de cozinha, especialmente depois de ter lidado com alimentos crus;
• Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente após utilizar o sanitário
e antes de se alimentar, preparar ou manipular alimentos.
No período analisado, entre 2012 e 2016, em Santa Catarina, houve 242 surtos de DTA
notificados, com 5.661 doentes e 818 hospitalizações.
As notificações e investigações dos surtos de DTA, além de compulsórias, são de grande
importância para a saúde pública, pois nos permitem identificar e analisar possíveis falhas
na cadeia alimentar para interromper a trans- missão e prevenir a ocorrência de novos
casos.
A detecção precoce de epidemias e surtos é essencial para que medidas de controle sejam
adotadas oportunamente, prevenindo um grande número de casos e óbitos. O
preenchimento completo das informações constantes na notificação é imprescindível na
determinação de fatores de risco e direcionamento das análises, conduzindo as ações de
vigilância sanitária e análises laboratoriais. Uma investigação de qualidade otimiza
recursos e agiliza resultados.
A divisão de DTHA (Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar) da Diretoria de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina realiza,
periodicamente, capacitações com as Gerências Regionais de Saúde e com as secretarias
municipais de saúde de todo o estado, com o objetivo de instrumentalizar os profissionais.
Foram realizadas, nos últimos dois anos, 21 capacitações em investigação de surto de DTA
para as equipes de vigilância epidemiológica e sanitária das 20 Regionais de Saúde e dos
295 municípios, totalizando 772 profissionais capacitados. Além dessas capacitações, estão
sendo promovidos seminários macrorregionais de vigilância das DTHA, com o objetivo de
atualizar os profissionais das equipes de vigilância epidemiológica das Regionais de Saúde
e dos municípios.
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5. Referências Bibliográficas
[ Michael, T. M.; John, S.M.; Kelly, S. B.; Daniel, H. B.;David,A. S. Microbiologia De Brock. Ed.
14ª Ed. Artmed, 2016
Scielo
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
93322004000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acesso em 22/05/2019
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