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CREFITO 3 - Gestão 2016 - 2020

Câmara Técnica de Saúde Mental

Guia de Referência de Terapia Ocupacional em Saúde Mental

Organizadoras:
Cristina Maria Quaggio
Jamile Cristina Albiero Silva
Mariane Aparecida Terssoni da Conceição
Talita Cristina de Moraes

ILUSTRAÇÃO DA CAPA

Desenho da capa (aquele em azul com gaiolas)

Titulo: Manicômios nunca mais


Suzana Pêgo dos Santos
Terapeuta Ocupacional
Especialista em Saúde Mental
LISTA DE SIGLAS
AB Atenção Básica
AVDs Atividades de Vida Diária
AVPs Atividades de Vida Prática
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CR Consultório na Rua
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
PTS Projeto Terapêutico Singular
RAPS Rede de Atenção Psicossocial
RT Residência Terapêutica
SRT Serviço Residencial Terapêutico
UAA Unidade de Acolhimento Adulto
UAI Unidade de Acolhimento Infantil

LISTA DE TERMOS
Acolhimento É o momento de escuta inicial, a partir da
queixa, para formular a demanda de
atendimento; requer técnicas, posturas e
reorientação dos profissionais na organização do
processo de trabalho, permitindo o acesso e o
acompanhamento de cada pessoa em seu PTS.
Assembleias Uma das modalidades de grupos oferecidas nos
CAPS semanalmente, sendo um espaço de
convivência e de discussão de questões
referentes ao serviço, favorecendo o
protagonismo dos usuários e familiares.
Busca Ativa Ação que tenta identificar o motivo da ausência
dos usuários ao serviço e resgatar o vínculo e a
continuidade do acompanhamento, de acordo
com seu PTS.
Clínica Ampliada A clínica ampliada é uma das diretrizes que a
Política Nacional de Humanização propõe para
qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a
clínica é aumentar a autonomia do usuário do
serviço de saúde, da família e da comunidade. É
integrar a equipe de trabalhadores da saúde de
diferentes áreas na busca de um cuidado e
tratamento de acordo com cada caso, com a
criação de vínculo com o usuário. A
vulnerabilidade e o risco do indivíduo são
considerados e o diagnóstico é feito não só pelo
saber dos especialistas clínicos, mas também
leva em conta a história de quem está sendo
cuidado.
Cuidadores de SRT São os profissionais que trabalham nos Serviços
Residenciais Terapêuticos, englobando ações no
domicílio, na comunidade local, no lazer, na
família, e outros, de acordo com o PTS de cada
morador, acompanhando-o nas Atividades de
Vida Diária (AVDs) e Atividades de Vida
Prática (AVPs) e favorecendo a autonomia e
independência possíveis para cada um nessas
atividades.
Desempenho ocupacional Participação do indivíduo no contexto da vida
diária, como resultado de interações entre a
pessoa, o ambiente e a ocupação. É formado por
contextos de desempenho (cultural, social, físico
e institucional), por áreas de desempenho
(autocuidado, produtividade e lazer) e
componentes de desempenho (afetivo, cognitivo
e físico).
Ecomapa Consiste na representação gráfica dos contatos,
das relações, ligações e interações entre os
membros da família e também com os outros
sistemas sociais.
Genograma Diagrama que detalha a estrutura e o histórico
familiar fornecendo informações sobre os
vários papéis de seus membros e das diferentes
gerações; fornece as bases para a discussão e
análise das interações familiares e os laços de
afetividade.
PTS Conjunto de propostas e condutas terapêuticas
articuladas para os usuários dos serviços,
direcionadas às suas necessidades. Dispositivo
potencial para o planejamento das ações em
saúde, especialmente nos serviços onde o
trabalho está organizado na lógica de Apoio
Matricial e Equipe de Referência, como CAPS,
por exemplo. A elaboração do PTS deve ser
coletiva, ou seja, feita pelos técnicos da equipe,
pelo usuário e familiares.
Técnico ou terapeuta de referência Profissional da equipe responsável pelo
acompanhamento do usuário, pelo seu PTS, pelo
contato com a família e demais
serviços/profissionais da rede e pela avaliação
dos objetivos traçados inicialmente.
Território Espaço delimitado não só geograficamente, mas
também pelas relações ali estabelecidas como as
relações de poder, trocas sociais e materiais, por
exemplo.
INTRODUÇÃO

A proposta desse Manual é apresentar possibilidades de ações do terapeuta


ocupacional no campo da Saúde Mental, bem como apoiar esses profissionais no
desenvolvimento de estratégias de cuidado de famílias, indivíduos e comunidade em
geral.

Além disso, pretende contribuir na qualificação do cuidado e amenizar as


angústias quando nós, profissionais, nos deparamos com pessoas, familiares, amigos e
vizinhos que convivem e/ou possuem problemas relacionados à saúde mental.

A Lei 10.216, de 06 de abril de 2001, implanta a Reforma Psiquiátrica para


garantir a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, além de buscar
novas formas de cuidar, mudando o modelo de internação asilar (BRASIL, 2001).

A mudança de um Paradigma Psiquiátrico, hospitalocêntrico e médico-centrado,


para o Paradigma da Atenção Psicossocial, está implicada no cuidado em liberdade, no
território, garantindo direitos e proteção das pessoas com transtornos mentais.

Amarante (2007) ressalta que na Saúde, poucos são os campos de conhecimento


e atuação tão complexos, plurais, intersetoriais e com tanta transversalidade de saberes,
pois não se baseia apenas na psiquiatria e tampouco é exercida por apenas um
profissional.

Portanto, o cuidado em saúde mental não está mais relacionado somente à


remissão dos sintomas, mas também a reconstrução dos vínculos, da autonomia e do
protagonismo do sujeito social.

Neste contexto, a Atenção Básica aparece como eixo estruturante no cuidado


em Saúde Mental, através do Apoio Matricial, além dos CAPS (Centros de Atenção
Psicossociais) e dos demais pontos de atenção da RAPS (Rede de Atenção
Psicossocial), como os SRTs (Serviços Residenciais Terapêuticos) nos processos de
Desinstitucionalização, entre outros, conforme tabela 1.

Além da Política Nacional de Saúde Mental, observamos que os terapeutas


ocupacionais têm realizado ações e projetos em outros locais, como ONGs e serviços
privados, também com enfoque na saúde mental. Se considerarmos dados oficias que
apontam para o crescimento de transtornos mentais no país, como é o caso do
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA), por exemplo, podemos afirmar que os terapeutas ocupacionais têm outras
possibilidades de atuação nesse campo, bastante complexo e diversificado, para além
das políticas públicas vigentes e a partir de diferentes referenciais teóricos.

Em anexo estão, como sugestão, exemplos de instrumentos para avaliação das


pessoas com sofrimento mental. Essas ferramentas podem ser utilizadas pelas equipes
de saúde mental, incluindo-se os terapeutas ocupacionais.

Iniciaremos com a apresentação do tema “Desinstitucionalização” e os pontos de


atenção da RAPS (BRASIL, 2011) que devem ser implantados em cada município, a
depender de seu porte populacional e demandas de atenção em Saúde Mental, indicando
minimamente a cartografia das políticas públicas na área e as possibilidades de atuação
dos terapeutas ocupacionais na abordagem da Atenção Psicossocial.

Em seguida, outras possibilidades para os terapeutas ocupacionais da Saúde


Mental serão brevemente citadas, devendo ser objeto de futuras publicações, tanto em
apresentação digital como impressa.

Ressaltamos que essa primeira publicação tem a proposta de ser um guia inicial
para indicar alguns caminhos para os colegas terapeutas ocupacionais inseridos em
serviços que realizem o cuidado às pessoas em sofrimento mental.

Segue a tabela 1 para apresentar cada ponto de atenção da RAPS,


contextualizando o cenário que será abordado:

Tabela 1: Rede de Atenção Psicossocial


(BRASIL, 2011)
Componentes Pontos de Atenção
Atenção Básica em Saúde  Unidade Básica de Saúde;
 Núcleo de Apoio a Saúde da
Família;
 Consultório na Rua;
 Apoio aos Serviços do
componente Atenção Residencial
de Caráter Transitório;
 Centros de Convivência e Cultura.
Atenção Psicossocial Estratégica  Centros de Atenção Psicossocial
nas suas diferentes modalidades.
Atenção de Urgência e Emergência  SAMU 192;
 Sala de Estabilização;
 UPA 24 horas e portas hospitalares
de atenção à urgência/Pronto
Socorro, Unidades Básicas de
Saúde.
Atenção Residencial de Caráter  Unidade de Acolhimento (Adulto e
Transitório Infantil);
 Serviços de Atenção em Regime
Residencial.
Atenção Hospitalar  Enfermaria especializada em
Hospital Geral;
 Serviço Hospitalar de Referência
para Atenção às pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e
com necessidades decorrentes do
uso de crack, álcool e outras
drogas.
Estratégias de Desinstitucionalização  Serviços Residenciais
Terapêuticos;
 Programa de Volta para Casa.
Estratégias de Reabilitação Psicossocial  Iniciativas de Geração de Trabalho
e Renda;
 Empreendimentos Solidários e
Cooperativas Sociais.

1. O que é Desinstitucionalização?

A partir da Reforma Psiquiátrica brasileira, iniciada no final dos anos 70, com a
mobilização de profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com
transtornos mentais, esse movimento se inscreve no contexto da redemocratização do
país e na mobilização político-social que ocorre na época. Já no final da década de 80
os hospitais psiquiátricos começam a fechar, sendo a primeira experiência em São Paulo
o encerramento das atividades da Casa Anchieta em Santos.

A partir disso, a desinstitucionalização passa a fazer parte do cotidiano do


Movimento da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica brasileira como um dos
seus pilares.

Sendo assim, entendemos desinstitucionalização como o modo pelo qual se


trabalha com novas possibilidades de vida das pessoas que por anos ou décadas viveram
em espaços confinados ditos Hospitais Psiquiátricos. Um processo de singularização
que tem como propósito a invenção ou reinvenção de um outro modo de se viver, sendo
esta oportunidade impossível de se viabilizar com alguém que mora dentro de
instituições fechadas.

Trata-se da produção de vida e reprodução social, sendo uma engenharia de


reconstrução de sentidos, de produção de valores, tempo, espaço, responsabilizar-se, de
identificação de situações de sofrimento e de opressão, reingressar no corpo social,
consumo de produção, trocas, novos papéis, outros modos materiais de ser para o outro,
aos olhos do outro como discute Franco Rotelli na publicação "A Instituição Inventada"
de 1988 que, apesar de ser antiga, apresenta colocações importantes que ainda condiz
com nossa realidade.

Vale lembrar que no cenário brasileiro, esse processo tem papel importante na
vida das pessoas institucionalizadas e se inicia dentro do Hospital Psiquiátrico, pois é
intramuros que as equipes de desinstitucionalização iniciam o trabalho em conjunto com
os moradores para impedir a continuidade do sufocamento de um lugar social que os
mesmos não escolheram pra si.

Ressalta-se ainda a importância dos terapeutas ocupacionais nessas equipes, pois


para se construir o Projeto Terapêutico Singular (PTS), é necessário avaliar as
Atividades de Vida Diária (AVD), Atividades de Vida Prática (AVP) e funcionalidade –
objeto de intervenção da profissão, bem como coletar dados pessoais, história clínica,
psíquica e familiar nos prontuários e escutar os moradores, familiares e profissionais
para construção de um PTS significativo pautado no resgate de cidadania, desejos e
novas possibilidades de vida.

Além desta imprescindível avaliação, o terapeuta ocupacional pode oferecer


apoio técnico aos acolhimentos de familiares dos moradores e nas visitas domiciliares
para resgate de vínculos e verificação de possibilidades para retorno do morador para
sua família ou se deve ser encaminhado para um SRT. Participar de discussões de casos
com as equipes do Hospital Psiquiátrico, articular e acompanhar o processo de pré e
pós-alta e articular com serviços de referência o início da reabilitação psicossocial no
território, seguindo o propósito da Lei n. 10.216, de 06 de abril de 2001, são também
funções dos terapeutas ocupacionais nas equipes de Desinstitucionalização.

Após a alta hospitalar, os egressos dos hospitais psiquiátricos devem ser,


preferencialmente, encaminhados para os SRTs, respeitando-se os critérios que
definirão para qual município eles irão. Temos verificado na prática que alguns
moradores perderam totalmente o contato com os familiares durante o período de
internação. Outros ainda recebem esporadicamente visitas dos familiares ou pelo menos
sabe-se onde encontrá-los. Porém, tem sido comum nesses casos o encaminhamento dos
egressos para um SRT para que se inicie um processo de reconstrução de vínculos com
a família. Se ao longo do tempo for verificado que é possível e de desejo das pessoas
envolvidas, a pessoa pode voltar a morar com sua família.

Eles também deverão continuar seu tratamento nos CAPS de referência em seu
novo território e nos demais pontos de atenção da RAPS, de acordo com seu PTS.

Portanto, a Desinstitucionalização é um processo cuidadoso na tentativa de


garantir uma transição gradual dos moradores que há muito tempo perderam suas
referências no mundo externo ao hospital. Muitos municípios tem feito esse processo
em várias etapas, inclusive levando os moradores para conhecerem a casa, os serviços
que frequentarão e as novas pessoas com quem conviverão em várias visitas antes da
alta. Sendo assim, esse processo não deve ser confundido com Desospitalização, ou
seja, apenas retirar as pessoas dos hospitais e transferi-las para outros locais.

A seguir, abordaremos os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), suas


modalidades e possibilidades de atuação do terapeuta ocupacional nesse local.

Leia mais em:

Lei Federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001 que dispõe sobre a proteção e os


direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental.

Portaria MS/GM nº 2.840, de 29 de dezembro de 2014, que Cria o Programa de


Desinstitucionalização integrante do Componente Estratégias de
Desinstitucionalização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), e institui o respectivo incentivo financeiro de custeio mensal.
2. Serviço Residencial Terapêutico (SRT), você conhece?
Desinstitucionalizar e reinserir as pessoas com transtornos mentais graves na
sociedade não é uma tarefa tão simples e fácil de realizar, como vimos anteriormente.
Mas é a partir desse processo que os egressos dos hospitais psiquiátricos devem ser
encaminhados para os SRT.

Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), também conhecidos como


Residência Terapêutica (RT), são casas localizadas em pontos urbanos, destinadas às
pessoas com transtornos mentais que permaneceram institucionalizadas longos períodos
em Hospitais Psiquiátricos. As residências foram instituídas pela Portaria MS/GM nº
106, de 11 de fevereiro de 2000 e fazem parte da Política Nacional de Saúde Mental do
Ministério da Saúde.

São os pontos de atenção da RAPS no Componente das Estratégias de


Desinstitucionalização.

As residências são centrais no processo de Desinstitucionalização e reinserção


dos egressos dos Hospitais Psiquiátricos na sociedade. Essas casas são mantidas, entre
outros repasses, por recursos financeiros que anteriormente eram destinados aos leitos
psiquiátricos. Assim, para cada morador de Hospital Psiquiátrico transferido para uma
Residência Terapêutica, deve ter o descredenciamento do leito pelo SUS, sendo os
recursos que o mantinham, realocados para a manutenção da Residência. Além desse
recurso, existe um repasse de custeio mensal para os SRT habilitados pelo Ministério da
Saúde, que pode variar de acordo com o tipo de SRT (tipo I ou tipo II) e número de
moradores, de acordo com a Portaria MS/GM nº 3.090, de 23 de dezembro de 2011.

Os municípios com moradores institucionalizados ou com interesse em


implantar uma Residência Terapêutica com vagas solidárias, ou seja, para moradores de
outros municípios, recebem inicialmente um repasse de incentivo para a implantação e,
posteriormente, deve realizar o cadastro para a continuidade dos repasses dos custeios
mensais.

Pensando nesse contexto, a Desinstitucionalização reordena as ações no campo


da Saúde Mental a outro objeto, que é a pessoa com sofrimento psíquico e não mais a
doença mental. É preciso reconhecer essa pessoa como sujeito de direitos e deveres,
pressupondo mudanças culturais e subjetivas na sociedade, transformando a visão
pragmática da loucura, do Modelo Psiquiátrico e Hospitalocêntrico para o modelo da
Atenção Psicossocial.

As moradias, como já citado, são divididas em 2 (dois) tipos e devem ser


organizadas de acordo com as necessidades e gostos de seus residentes.

Os modelos atuais de acordo com a Portaria MS/GM nº 3.090, de 23 de


dezembro de 2011 são:

 SRT tipo I: o foco é a inserção dos moradores no contexto social existente


(educação, lazer, trabalho, entre outros), o acompanhamento ocorre de acordo
com o PTS e também pelos agentes comunitários do programa PSF (Programa
de Saúde da Família), quando houver. A proposta é ser uma moradia voltada
para portadores de transtornos mentais com maior autonomia que não
demandam cuidados específicos de saúde, podendo acolher até 08 (oito)
moradores.

 SRT tipo II: nessa moradia o foco são os cuidados com a população mais
dependente devido aos longos períodos de institucionalização. Nesse caso, a
proposta é favorecer a reapropriação do espaço residencial e a inserção dos
moradores na rede territorial. Nesse tipo de moradia a demanda de cuidados com
a saúde, especialmente de um técnico de enfermagem é recomendada, podendo
acolher até 10 (dez) moradores.

As RTs devem ter acompanhamento dos CAPS ou de outro serviço/equipe de saúde


mental de referência ou também de Equipes de Saúde da Família, com o Apoio
Matricial em Saúde Mental. A equipe deve ser compatível com a necessidade dos
moradores: no SRT tipo I deve ter um cuidador de referência, que deve ser avaliado pela
equipe técnica de responsável. No SRT tipo II para cada residência com 10 (dez)
moradores deve-se contar com, no mínimo, 05 (cinco) cuidadores em regime de escala e
01 (um) técnico de enfermagem diário.

Os critérios para encaminhamento dos moradores para as Residências Terapêuticas


devem ser:

1) Município de escolha da pessoa;


2) Município de origem ou onde a família mora, se localizada, para tentar-se o
resgate de vínculos;
3) No mesmo município dos amigos vinculados no hospital.

É importante ressaltar que as pessoas egressas das internações de longa duração têm
direito a receber um benefício chamado Programa “De Volta para Casa” (PVC). Esse
Programa é um dos pontos de atenção do Componente de Estratégias de Reabilitação
Psicossocial da RAPS.

Para ser concedido o município que acolherá o morador deverá aderir ao Programa
junto ao Ministério da Saúde.

O Programa “De Volta para Casa” dispõe sobre a regulamentação do auxílio-


reabilitação psicossocial, instituído pela Lei 10.708, de 31 de julho de 2003. Seu
objetivo é contribuir para a assistência, o acompanhamento e a integração social, fora do
hospital, de pessoas com transtornos mentais, com internações psiquiátricas de longa
duração, ou seja, com dois anos ou mais de internação.

Saiba mais em:


 Lei Federal n° 10.708, de 31 de julho de 2003, que institui o auxílio-
reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais
egressos de internações.
 Portaria MS/GM nº 2.077, de 31 de outubro de 2003, que regulamenta a
Lei nº 10.708.
 Portaria MS/GM n° 2.078, de 31 de outubro de 2003, que institui a
Comissão de Acompanhamento do Programa "De Volta para Casa"
 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prog_volta_para_casa.pdf

A atuação do terapeuta ocupacional na RT é de grande importância, englobando


ações no domicílio, na comunidade local, no lazer, na família, e outros, de acordo com o
PTS de cada morador. Nesse serviço temos a possibilidade de intervir em todos esses
aspectos, apoiando os moradores no processo de retomada da identidade social, dos
vínculos, da autonomia, assim como em sua própria casa.

Portanto, como terapeutas ocupacionais podemos auxiliar os moradores na


organização da rotina pessoal e da própria casa, intervindo nas áreas de desempenho
ocupacional como as AVDs, AVPs, atividades de lazer e sociais e retomada de projetos
de vida interrompidos devido aos longos períodos de internação.

Importante destacar que o terapeuta ocupacional pode participar desse processo


sendo o técnico de referência do SRT pelo CAPS de origem ou como gerente de SRT, já
que esse ponto de atenção da RAPS não deve se caracterizar como um serviço típico de
saúde e sim como a casa dessas pessoas, como a nossa casa.

Além da nova casa, os egressos dos hospitais psiquiátricos devem continuar seu
tratamento, mas agora no CAPS e nos demais serviços da Rede, como citado
anteriormente. A seguir, apresentaremos os CAPS nas diferentes modalidades, formas
de funcionamento, suas atribuições e atividades que podem ser realizadas pela equipe e
pelos terapeutas ocupacionais.

3. Vamos entender o que é o CAPS?


Quando ocorreram as mudanças na psiquiatria brasileira, baseadas no modelo da
Reforma Psiquiátrica Italiana, logo surgiram os serviços substitutivos aos Hospitais
Psiquiátrico, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Os CAPS devem ser serviços abertos e de caráter comunitário, voltados


àquelas pessoas que apresentam um quadro de sofrimento psíquico, seja ele decorrente
de uso problemático de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas) e/ou decorrentes
de transtorno mental grave e persistente.

Esses serviços são os pontos de atenção da RAPS do Componente da Atenção


Psicossocial Especializada.

Nesse modelo destaca-se também o trabalho em equipe multidisciplinar, que


pode ser composta por profissionais como: médicos, psicólogos, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, entre outros.

Com essa gama de profissionais entende-se que esse trabalho permite promover
ações que englobam a interação no processo de educação, assistência, esporte, cultura,
lazer, a partir da elaboração dos projetos terapêuticos singulares.

As equipes podem ser divididas em mini-equipes, de acordo com a extensão do


território de referência do CAPS. Os profissionais são considerados técnicos ou
terapeutas de referência para um determinado grupo de usuários, podendo ser divididos
por territórios ou outra estratégia definida.

Sabe-se que a realidade varia de lugar para lugar, mas o CAPS tem ações que
permitem atender esses diferentes contextos, nas seguintes modalidades:

CAPS I : CAPS II:


Apenas funciona em municípios com É referência para uma população
população entre 15 mil e 70 mil acima de 70 mil habitantes e pode
habitantes, deve funcionar de 8h às funcionar em um terceiro turno até as
18h, nos cinco dias úteis da semana. 21h, ao longo dos dias úteis da
semana

CAPS III:
Atendimento diurno e noturno,
durante sete dias na semana, finais de
semana e feriados, para população
adulta de referência, para municípios
com 150 a 300 mil habitantes.

CAPS i:
Atendimento diário de crianças e adolescentes
CAPS ad e CAPS ad III:
Atendimento diário de usuários de álcool e outras drogas

3.1 Você conhece os diferentes tipos de CAPS?

Público alvo Funcionamento Porte Equipe


populacional mínima
para
implantação
Pessoas de todas Diurno, de Municípios 1 médico com
as faixas etárias, segunda a sexta- com população formação em
respeitando-se o feira, das 8h às acima de 15 mil saúde mental;
Estatuto da 18h, em 2 habitantes. 1 enfermeiro;
Criança e do turnos. 3 profissionais
Adolescente, com de nível
CAPS I intenso sofrimento superior;
psíquico e/ou 4 profissionais
necessidades de de nível médio.
cuidados clínicos
decorrentes do uso
de álcool ou outras
drogas, com
dificuldades na
realização de suas
atividades
cotidianas.

Público alvo Funcionamento Porte Equipe


populacional mínima
para
implantação
Pessoas de Diurno, de Municípios 1 médico
todas as faixas segunda a sexta- com população psiquiatra;
etárias, feira, das 8h às acima de 70 1 enfermeiro
respeitando-se 18h, em 2 mil habitantes. com formação
o Estatuto da turnos, podendo em saúde
Criança e do comportar um mental;
Adolescente, terceiro turno 4 profissionais
com intenso até às 21h. de nível
CAPS II sofrimento superior;
psíquico e/ou 6 profissionais
necessidades de nível médio.
de cuidados
clínicos
decorrentes do
uso de álcool
ou outras
drogas, com
dificuldades na
realização de
suas atividades
cotidianas.

Público alvo Funcionamento Porte populacional


para implantação
Pessoas com Diariamente, Municípios com
intenso sofrimento durante 24 horas, população entre
psíquico e/ou inclusive aos finais 150 e 300 mil
necessidades de de semana e habitantes
CAPS III cuidados clínicos feriados, com 5
decorrentes do uso leitos para
de álcool ou outras acolhimento
drogas, com noturno.
dificuldades na
realização de suas
atividades
cotidianas.
Período Diurno 2 médicos
2ª a 6ª feira psiquiatras;
1 enfermeiro com
formação ou
experiência em
saúde mental;
6 profissionais de
nível superior;
8 profissionais de
nível médio;
Período Noturno 3 técnicos de
Equipe mínima 2ª a 6ª feira enfermagem, sob
supervisão do
enfermeiro; 1
profissional de
nível médio (área
de apoio).
Finais de semana e 1 profissional de
feriados nível superior; 3
técnicos de
enfermagem, sob
supervisão do
enfermeiro; 1
profissional de
nível médio (área
de apoio).

Público alvo Funcionamento Porte Equipe


populacional mínima
para
implantação
Pessoas de todas Diurno, de Municípios 1 médico
as faixas etárias, segunda a sexta- com população psiquiatra; 1
respeitando-se o feira. acima de 70 mil enfermeiro
Estatuto da habitantes. com formação
Criança e do em saúde
Adolescente, com mental;
CAPSad intenso sofrimento 1 médico
psíquico e/ou clínico;
necessidades de 4 profissionais
cuidados clínicos de nível
decorrentes do uso superior;
de álcool ou outras 6 profissionais
drogas, com de nível médio.
dificuldades na
realização de suas
atividades
cotidianas.

Público alvo Funcionamento Porte populacional


para implantação
Pessoas de todas as Diariamente, Municípios com
faixas etárias,
durante 24 horas, população entre
respeitando-se oinclusive aos finais 150 e 300 mil
Estatuto da Criança de semana e habitantes
e do Adolescente, feriados, com 8 a
com intenso 12 leitos para
sofrimento psíquico acolhimento
CAPSadIII e/ou necessidades noturno.
de cuidados
clínicos decorrentes
do uso de álcool ou
outras drogas, com
dificuldades na
realização de suas
atividades
cotidianas.
Período Diurno 60 horas de médico, psiquiatra e clínicos
2ª a 6ª feira com formação ou experiência em saúde
mental, tendo no mínimo 1 psiquiatra;
1 enfermeiro com formação ou
experiência em saúde mental;
5 profissionais de nível superior;
4 técnicos de enfermagem;
4 profissionais de nível médio;
Equipe mínima 1 profissional de nível médio para a
função administrativa.
Período Noturno 1 profissional de saúde de nível superior,
2ª a 6ª feira preferencialmente enfermeiro; 2 técnicos
de enfermagem; 1 profissional de nível
médio (função administrativa).
Finais de semana e 1 enfermeiro; 3 técnicos de enfermagem;
feriados 1 profissional de nível médio (função
administrativa).

Público alvo Funcionamento Porte Equipe


populacional mínima
para
implantação
Crianças e Diurno, de Municípios 1 médico
adolescentes que segunda a sexta- com população psiquiatra
estejam, feira. acima de 70 mil neurologista ou
prioritariamente, habitantes. pediatra com
em intenso formação em
CAPSi sofrimento saúde mental;
psíquico decorrente 1 enfermeiro;
tanto de transtornos 4 profissionais
mentais graves e de nível
persistentes e/ou de superior;
uso de substâncias 5 profissionais
psicoativas, de nível médio.
inclusive com
complicações
clínicas que exijam
cuidados
intensivos.

As categorias profissionais que podem compor os CAPS são:


Profissionais de nível superior: assistente social, educador físico, fonoaudiólogo,
pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional ou outro profissional necessário ao
projeto terapêutico.
Profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional, artesão/oficineiros.

3.2 Conheça as atribuições comuns aos diferentes tipos de CAPS:

 Responsabilizar-se, sob a coordenação do gestor local, pela organização da


demanda e da rede de cuidados em saúde mental em seu território;

 Possuir capacidade técnica para ser o regulador da porta de entrada da rede


assistencial em seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma
Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), conforme determinação do gestor
local;

 Coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de


unidades hospitalares com leitos de Saúde Mental no âmbito do seu território;

 Supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de


saúde mental em seu território e/ou do módulo assistencial, através do Apoio
Matricial, por exemplo;

 Oferecer apoio aos Serviços Residenciais Terapêuticos de seu território de


referência;
 Realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam
medicamentos essenciais para a área de saúde mental e medicamentos
excepcionais, dentro de sua área assistencial.

Esses usuários apresentam


comprometimentos quanto aos
padrões sensórios motores, Como a equipe é importante
emocionais , motivacionais.... nesse processo...., pois tem a
responsabilidade de auxiliá-
los no reaprender ....
Barros e Rodrigues (2011)

3.3 O que a equipe pode realizar no CAPS?

 Acolhimento, considerando que o CAPS funciona como “porta aberta”, sem


necessidade de prévio agendamento;
 PTS de cada usuário;
 Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre
outros, a depender da especificidade de cada profissional);
 Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte
social, entre outras, a depender da especificidade de cada profissional);
 Atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível
superior ou nível médio;
 Visitas domiciliares;
 Busca Ativa;
 Atendimento à família;
 Assembleias de usuários, familiares e trabalhadores;
 Atividades comunitárias e sociais;
 Acompanhamento nas internações nos leitos de saúde mental em hospital geral;
 Projetos de geração de trabalho e renda;
 Apoio aos Serviços Residenciais Terapêuticos;
 Apoio matricial para a Atenção Básica e demais pontos da Rede;
 Reuniões de equipe: nas passagens de plantão, reuniões gerais e de
planejamento;
 Supervisão clínico-institucional;
 Educação Permanente.
Os terapeutas ocupacionais que trabalham em CAPS são, como os demais
profissionais da equipe, técnicos ou terapeutas de referência. Isto é, são responsáveis
pelo acompanhamento de usuários de sua referência, são escalados para os plantões,
realizam acolhimento nos plantões de sua responsabilidade e todas as demais atividades
citadas anteriormente. E, quanto ao seu papel específico no serviço, podem desenvolver
atividades voltadas a reorganização da vida diária dos usuários e reinserção social
através, principalmente de atividades em grupo, tais como: Oficinas de Auto-Cuidado,
Oficinas de Geração de Renda, Oficinas de Trabalho Corporal, Oficinas de Culinária,
Oficinas de Leitura e Escrita, atividades sociais e outras, de acordo com as necessidades
de cada grupo, a partir de uma cuidadosa avaliação do perfil do mesmo e análise de
atividades.

Os CAPS são considerados serviços para acompanhamento dos casos graves e


persistentes. Após estabilização dos sintomas ou, mesmo os casos de transtornos
mentais leves e moderados podem ser atendidos na própria Atenção Básica, com apoio
das equipes de NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) e CAPS, através das
atividades de matriciamento. Essa consideração é importante já que devemos tomar
cuidado para que os CAPS não se transformem em locais que também institucionalizem
cronificando as pessoas, mas devendo ser um lugar de passagem e cuidado para os
momentos críticos e de crise. O tema do Apoio Matricial será apresentado a seguir.

Consulte também:

 Portaria MS/GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002


Define as modalidades de CAPS.

 Portaria MS/GM nº 245 de 17 de fevereiro de 2005


Destina incentivo financeiro para implantação de CAPS.

 Portaria MS/GM nº 3089, de 23 de dezembro de 2011


Dispõe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, sobre o financiamento dos
CAPS.

 Portaria MS/GM nº 130, de 26 de janeiro de 2012


Redefine o CAPS AD III e os respectivos incentivos financeiros.

Portaria MS/SAS nº 854, de 22 de agosto de 2012


Trata das alterações nos procedimentos dos CAPS e da RAAS.

 Portaria MS/GM nº 1996, de 10 de setembro de 2013


Altera valor de custeio mensal de CAPS III e CAPS AD III.
 Manual “Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial”
(http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf)
4. Agora vamos falar de Apoio Matricial em Saúde Mental?
O Apoio Matricial acontece como uma articulação que cria possibilidades de co-
responsabilização do cuidado entre diversos serviços que em geral acompanham
indivíduos e/ou famílias, tendo como foco o modelo integral de cuidado.

Surge como um novo modelo de cuidado, num processo de construção


compartilhada a partir de intervenções técnico pedagógicas que produzem:

 Educação Permanente
 Cuidado compartilhado e colaborativo
 Horizontalização do cuidado
 Clínica Ampliada

O desenvolvimento das ações do Apoio Matricial acontece através de discussões


de casos, visitas compartilhadas, construção do PTS, atendimentos compartilhados,
Genograma e Ecograma.

Os serviços ou instâncias que participam deste cuidado compartilhado podem


ser: profissionais da Atenção Básica (AB), equipes de apoio para a saúde mental na AB
ou NASF, CAPS, escolas, Conselho Tutelar, bem como Instituições especializadas,
Conselhos Municipais (Saúde, Idoso, Álcool e Drogas e outros), Vigilância Sanitária,
usuários, parentes e vizinhos.

Fonte: Ministério da Saúde (2004)


Os profissionais que participam do Matriciamento em Saúde Mental na Atenção
Básica podem ser: assistentes sociais, enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos,
psiquiatras, terapeutas ocupacionais. Sendo assim, o processo de saúde-doença-
intervenção em Saúde Mental passa a pertencer a todo campo da saúde, num processo
interdisciplinar com práticas que envolvem ampliação do saber, construção do
aprendizado conjunto e permanente, qualificação do cuidado, fortalecimento da rede
assistencial, comunitária e/ou familiar, deixando de ser campo exclusivo de determinada
especialidade.

A seguir, serão abordados resumidamente os seguintes pontos de atenção da


RAPS: Consultório na Rua, Unidades de Acolhimento, Atenção Hospitalar,
Cooperativas de Trabalho e Geração de Renda/Empreendimentos Solidários e Centros
de Convivência e Cultura.

Outras informações em:

Caderno de Atenção Básica nº 34 – Saúde Mental


(http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf )

Guia Prático de Matriciamento em Saúde Mental


(https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3231.pdf)

5. Outros pontos da RAPS

5.1 Consultório na Rua (CR) e a atuação da Terapia Ocupacional – O


que é Consultório na Rua?

A Estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional de Atenção


Básica, em 2011, visando ampliar o acesso da população em situação de rua aos
serviços de saúde, ofertando atenção integral à saúde para esse grupo populacional, que
se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares rompidos ou
fragilizados.

É um ponto de atenção da RAPS no Componente da Atenção Básica em


Saúde.

As equipes do Consultório na Rua (eCR) desenvolvem ações de Atenção Básica


de acordo com as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental. As atividades das
eCR incluem a busca ativa e o cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas in
loco, de forma itinerante e integral, envolvendo questões físicas e mentais. Realiza
ações compartilhadas e integradas aos outros equipamentos da RAPS (UBS/ESF,
CAPS, entre outros) e a rede local como CRAS, CREAS e outros equipamentos do
SUAS (Sistema Único de Assistência Social).
O terapeuta ocupacional é profissional habilitado para compor as eCR que
podem ser de 3 modalidades e se diferenciam somente na quantidade de profissionais, e
na modalidade III pode incluir o profissional médico.

Modalidade 1 Modalidade 2 Modalidade 3


•4 •4 • Modalidade 2
profissionais, profissionais, + 1 médico
sendo 2 do sendo 2 do
item 1 e os item 1 e os
demais do demais do
item 1 e 2. item 1 e 2.

Item 1: Enfermeiro, Psicólogo, Assistente Social e Terapeuta Ocupacional


Item 2: Agente Social, Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, técnico em Saúde Bucal,
Cirurgião Dentista, profissional de Educação Física e profissional com formação em
Arte e Educação.

Vale ressaltar que o funcionamento deverá se adequar às demandas das pessoas


em situação de rua do município, podendo ocorrer em período diurno e/ou noturno e em
qualquer dia da semana.

Segundo o Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em situação de rua


(BRASIL, 2012), apesar de os transtornos mentais significativos não estarem presentes
na maioria da população em situação de rua, são muito prevalentes e os mais graves
necessitam que a equipe desenvolva ações a fim de possibilitar o maior nível de
autonomia possível. É neste sentido que a atuação dos terapeutas ocupacionais pode
ser de grande relevância para essa equipe.

Na intervenção terapêutica ocupacional é possível que a pessoal cuidada se


redescubra, se reconecte, podendo alcançar desejos, realizar projetos e produção de
vida, rever e valorizar suas histórias e saberes, bem como encontrar possibilidades
concretas de participação e identidades grupais, a partir do uso de grupos terapêuticos
como recurso, por exemplo.
De modo geral, o principal objetivo do CR é atuar de forma a preservar direitos
e promover vínculos positivos e saudáveis, repercutindo de forma satisfatória nas
condições de saúde individual e coletiva e no resgate da cidadania. Pode ser também
uma possibilidade para que essas pessoas procurem o tratamento para o sofrimento
mental decorrente do uso problemático de álcool e outras drogas, podendo ser
encaminhados ao CAPS, por exemplo, se esse for seu desejo.

Os princípios da Redução de Danos são norteadores para a atenção psicossocial


dessas pessoas, sendo as internações indicadas quando necessárias, cuidando para que
as mesmas sejam de curta duração e no território, conforme será comentado mais
adiante.

Para mais informações acesse:

 Portaria MS/GM nº 122, de 25 de janeiro de 2012


Define as diretrizes de organização e funcionamento das Equipes de
Consultório na Rua.

 Portaria MS/GM nº 123, de 25 de janeiro de 2012


Define os critérios de cálculo do número máximo de equipes de Consultório
na Rua (eCR) por Município.

 Portaria MS/GM nº 1.922, de 5 de setembro de 2013


Altera dispositivos da Portaria nº 122/GM/MS, de 25 de janeiro de 2012, que
define as diretrizes de organização e financiamento das equipes dos
Consultórios na Rua.

 Portaria MS/GM nº 1.029, de 20 de maio de 2014


Amplia o rol das categorias profissionais que podem compor as Equipes de
Consultório na Rua em suas diferentes modalidades e dá outras providências.

 Portaria MS/GM nº 1.238, de 6 de junho de 2014


Fixa o valor do incentivo de custeio referente às Equipes de Consultório na
Rua nas diferentes modalidades.

 http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_consultorio_rua.php
5.2 Unidades de Acolhimento como possibilidade para momentos de
maior vulnerabilidade

Unidades de Acolhimento para pessoas com necessidades decorrentes do uso de


Crack, Álcool e outras Drogas são parte do Componente de Atenção Residencial de
Caráter Transitório da RAPS.

As UAs funcionam 24 horas nos 7 dias da semana e têm caráter residencial


transitório, acolhendo voluntariamente e ofertando cuidado contínuo das pessoas que
estejam em situação de vulnerabilidade social e/ou familiar, demandando
acompanhamento terapêutico e protetivo.

Os adultos ou crianças e adolescentes são encaminhados pelo CAPS de


referência que é o responsável pelo PTS dessas pessoas que podem ficar na UA até 6
meses.

O terapeuta ocupacional pode ser um dos técnicos de nível superior da equipe


de uma UA. O objetivo da equipe deve ser voltado para a reinserção social e retorno à
sua família, ao trabalho, à escola e demais grupos sociais.

O terapeuta ocupacional nesse contexto pode ter como finalidade:

* Aumentar a capacidade das pessoas para viverem de modo mais independente e com
autonomia, ressignificando seus papeis sociais e produtivos;

* Propor atividades em grupos que favoreçam as habilidades pessoais, sociais e de


comunicação;

* Orientar quanto à reorganização da rotina diária, ou seja, organizar as atividades de


vida diária e atividades de vida prática;

* Identificar interesses de trabalho/estudo e lazer e habilidades necessárias;

* Favorecer o autocuidado.
UAs

Adulto Infanto-
Juvenil

Crianças e
Pessoas maiores adolescentes entre
de 18 anos de 10 - 15 vagas 10 e 18 anos 10 vagas
ambos os sexos incompletos, de
ambos os sexos

Leia mais em:

 Portaria MS/GM nº 121, de 25 de janeiro de 2012


Institui a Unidade de Acolhimento para pessoas com necessidades decorrentes
do uso de Crack, Álcool e Outras Drogas (Unidade de Acolhimento), no
componente de atenção residencial de caráter transitório da Rede de Atenção
Psicossocial.

5.3 Atenção Hospitalar e as internações breves

Em 05 de junho de 2012, a Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas


do Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica nº 25/2012 e afirmou que os Leitos de
Saúde Mental/Enfermaria Especializada em Hospitais Gerais e os Serviços Hospitalares
de Referência (SHR):

1) São Componentes da Atenção Hospitalar da Rede de Atenção Psicossocial,


devendo-se articular com demais pontos e não ser pontos isolados; é um ponto
estratégico para fortalecimento da RAPS.

2) As articulações devem incluir os componentes da Rede de Urgência e


Emergência, considerando a regulação, a atenção longitudinal e a transferência
de cuidado, superando o modelo asilar dos Hospitais Psiquiátricos e a lógica da
internação de longa duração, de forma isolada, no campo da saúde mental, com
práticas de cuidado mais transparentes.
3) Devem ser geograficamente bem localizados, de fácil acesso, com intervenções
breves até a estabilidade clínica, de acordo com a especificidade de cada caso e
com apoio de recursos clínicos multidisciplinares, ao contrário dos hospitais
psiquiátricos;

4) Devem ofertar suporte hospitalar para situações de urgência e emergência


decorrentes do consumo ou abstinência de álcool, crack e outras drogas, bem
como comorbidades psiquiátricas ou clínicas.

5) Seu funcionamento é em regime integral, 24 horas por dia, 7 dias da semana,


finais de semana e feriados, sem interrupção entre os turnos.

6) A estratégia de redução de danos deve ser a norteadora do PTS.

A distribuição dos leitos hospitalares de Saúde Mental deverá ser de 1 leito para
cada 23 mil habitantes, de acordo com a Portaria nº 1.101/GM/MS, de 12 de junho de
2002 e não deverá exceder o percentual de 15% do número total de leitos do hospital
geral, até o máximo de 30 leitos.

As equipes técnicas serão definidas a partir do número de leitos, mas sempre


contado com um profissional de nível superior que pode ser o terapeuta ocupacional.

O terapeuta ocupacional, além de ser um profissional que poderá fazer a


mediação entre o hospital e o serviço de referência que encaminhou a pessoa para a
internação, poderá oferecer o acolhimento e a escuta necessários durante esse período,
com apoio em sua rotina e possíveis procedimentos hospitalares, favorecendo o contato
com familiares e pessoas da rede social, realizando orientações na alta hospitalar e
garantindo que a internação seja compreendida como um tempo necessário para
estabilização clínica com continuidade do tratamento nos demais pontos da RAPS.

Encontre mais dados em:

 Portaria Nº 148, de 31 de janeiro de 2012


Define as normas de funcionamento e habilitação do Serviço Hospitalar de
Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, do
Componente Hospitalar da Rede de Atenção Psicossocial, e institui incentivos
financeiros de investimento e de custeio.

 http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/cuidado/leitos-enfermarias-
especializadas.html

5.4 Iniciativas de trabalho e geração de renda, empreendimentos


solidários e cooperativas sociais
É comum vermos pessoas com transtorno mental ou que fazem uso problemático
de álcool ou outras drogas afastadas do trabalho ou desempregadas. Cuidar desse
aspecto da vida torna-se muitas vezes um dos objetivos da atenção em saúde mental.

Sendo difícil a inserção no mercado formal de trabalho, cada vez mais distante da
realidade dessas pessoas, seja porque nunca tiveram essa vivência, seja porque o
preconceito permeia o retorno ao trabalho anterior, as cooperativas e demais
empreendimentos solidários têm se tornado uma alternativa de inclusão ao trabalho,
podendo devolver o direito à cidadania, através da inserção em atividades produtivas e
geradoras de renda.

As iniciativas de trabalho e geração de renda, os empreendimentos solidários e as


cooperativas sociais fazem parte do Componente Reabilitação Psicossocial da RAPS e
tem caráter intersetorial. Elas têm a finalidade de promover a inclusão produtiva, a
formação e a qualificação para o trabalho de pessoas com transtorno mental e
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Devem ainda garantir a ampliação da autonomia, contratualidade e inclusão social


desses usuários e de seus familiares.

Terapeutas ocupacionais têm coordenado diversos projetos de empreendimentos


solidários em conjunto com outros profissionais, consolidando essa área como uma
relevante possibilidade de atuação.

O terapeuta ocupacional segundo Bregalda e Lopes (2011), contribui muito nos


processos de reinserção de pessoas que se encontram excluídos de suas atividades de
trabalho, seja por consequência do adoecimento ou acidente, cujo afastamento tende a
dar novos contornos à participação social, às atividades e aos papéis exercidos
cotidianamente.

5.5 Centros de Convivência e Cultura

Os Centros de Convivência e Cultura são unidades públicas, articuladas às Redes


de Atenção à Saúde e às Redes de Atenção Psicossocial, com o foco em atividades
voltadas para a sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na comunidade. Estão
no Componente da Atenção Básica da RAPS.

São pontos estratégicos para a inclusão social dos usuários da RAPS, através da
construção de espaços de convívio e sustentação das diferenças no território,
considerando que a atenção em saúde mental nesse novo modelo passa a visar, como
finalidade permanente, a vida habitada com saúde na cidade, combatendo modelos
asilares de assistência.
Os primeiros Centros de Convivência e Cultura surgem no final da década de 1980
em São Paulo, como parte da rede de saúde mental com serviços territoriais. Tinham
como principal objetivo estabelecer comunicações e relações entre o que comumente
denominamos de clínica e social, isto é, permitir que usuários de saúde mental e
também a população com problemáticas sociais e de saúde, tivessem acesso aos espaços
públicos como os parques, centros esportivos, centros comunitários, num caminho mais
espontâneo e mais coletivo pela cidade, permitindo a circulação pelos espaços do
território.

Diferenciam-se de outros serviços, pois seu foco não é oferecer assistência


(médica, de enfermagem, terapêutica, etc) à patologia do indivíduo, mas sim
proporcionar espaços de conexão entre as pessoas não por sua doença, mas pela
possibilidade através da arte, trabalho e lazer.

Eles nascem na intersetorialidade, compondo a rede de saúde, mas se colocando


em relação aos outros setores como meio ambiente, cultura, lazer, esporte, operando
desse modo na rede de saúde e no território como um serviço de articulação da rede
intersetorial.

A convivência proposta pelo CECCO não se dá somente entre as paredes do


dispositivo. É uma convivência que se expande para além dos muros e acontece nos
espaços territoriais como um dispositivo de redes, mas alocado no território.

Nos CECCOs encontramos profissionais das mais diversas áreas de formação,


com propostas de atividades através de oficinas com enfoque no coletivo. O terapeuta
ocupacional pode compor essa equipe, considerando que tem como enfoque da sua
prática habilitar ou reabilitar os indivíduos para que sejam capazes de modificar
aspectos pessoais, tais como, as Atividades de Vida Diária (AVD´s), as Atividades de
Vida Prática (AVP´s) e os aspectos ambientais, ampliando sua autonomia e
independência nos mais variados contextos de vida, melhorando assim seu desempenho
ocupacional.

O terapeuta ocupacional utiliza as atividades como recurso terapêutico, mas


nos diferenciamos de outros profissionais pela competência técnica em realizar a análise
das mesmas, oferecendo ao indivíduo orientações quanto às possibilidades de
participação nas atividades, não apenas para estar incluído, mas proporcionando a ele
uma perspectiva de reorganização de sua rotina, melhor qualidade de vida, e até mesmo
de geração de renda, lembrando que as pessoas com transtornos mentais costumam estar
alijadas do mercado de trabalho, como apresentado anteriormente.

Podemos afirmar que a habilidade do terapeuta ocupacional em trabalhar com


grupos é de relevância para os CECCO´s, visto a natureza da proposta desses serviços e
a formação desse profissional, destacando-se nas equipes dos Centros de Convivência,
contribuindo para as atividades de reconstrução dos laços sociais dos usuários da RAPS.

Esse Componente da RAPS ainda não tem custeio do governo federal, mas tem
se mostrado uma importante estratégia para inserção dos usuários da RAPS,
principalmente quando as demandas pelo cuidado da saúde já foram encaminhadas e,
passam a precisar de outros espaços de convívio social e ampliação das redes de apoio.

6. O que mais podemos fazer na Rede de Atenção Psicossocial?

Lembramos que a RAPS ainda é composta pelos seguintes pontos de atenção:


Unidades Básicas de Saúde, Núcleo de Apoio à Saúde da Família, SAMU 192, Sala de
Estabilização, UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/Pronto Socorro
e Comunidades Terapêuticas.

Os terapeutas ocupacionais podem compor as equipes das UBSs e NASFs. Quanto


aos quatro pontos da Rede de Urgência e Emergência suas equipes são formadas por
profissionais da área médica e enfermagem. E com relação às Comunidades
Terapêuticas, temos começado a verificar a inserção de terapeutas ocupacionais nesses
locais. Entretanto, esse é um ponto da RAPS que ainda é muito discutido no que se
refere à sua caracterização e alinhamento com a Política Nacional de Saúde Mental,
visto que muitos desses serviços funcionam em uma lógica de exclusão e isolamento
dos usuários da RAPS, assemelhando-se ao modelo manicomial.

Mas, independente do ponto de atenção que o terapeuta ocupacional esteja


inserido, ele poderá:
 Participar de fóruns intersetoriais para discussão de casos e dos fluxos com a
Educação, Assistência Social, Trabalho, Habitação, Cultura, Lazer, Justiça,
Conselho Tutelar, entre outros;

 Apoiar ações na mídia com campanhas, eventos de Educação Permanente, cine


debates, entre outras, que divulguem a atuação do profissional e as ações da área
da saúde mental e promovam a desmistificação do usuário da saúde mental;

 Participar em conselhos municipais e demais movimentos sociais.

7. E o que mais os terapeutas ocupacionais podem fazer na Saúde


Mental?
O terapeuta ocupacional é o responsável por compreender o processo de saúde-
doença a partir do seu objeto de intervenção, ou seja, o fazer humano. Com isso, em
suas ações preconiza-se o foco na reorganização da vida diária, garantindo melhora
no desempenho ocupacional dos usuários, através de atividades como, por exemplo:
corporais, musicais, manuais, de estimulação cognitiva, sociais e outras, a depender das
demandas de cada grupo e a partir da análise das mesmas, independente do Ponto de
Atenção da RAPS ou de outros serviços que esteja inserido.

Quanto às diferentes abordagens teóricas utilizadas pelos terapeutas


ocupacionais em sua clínica no campo da Saúde Mental temos, de acordo com
Cavalcanti & Galvão (2007):

 Reabilitação Psicossocial
 Psicanálise e a Terapia Ocupacional Psicodinâmica
 Abordagem Junguiana
 Referencial de Rui Chamone Jorge
 Abordagem Sistêmica e Complexa

São referenciais que ainda embasam o trabalho dos colegas terapeutas


ocupacionais em nosso país, ou seja, ancorando o núcleo da profissão no campo da
Saúde Mental.

De acordo com Campos (2000):

Núcleo é compreendido como a área do saber e da prática profissional e campo


como a área comum a um determinado grupo de profissionais (ex.: Saúde Mental), onde
cada um busca em outros o apoio para cumprir seus objetivos teóricos e práticos.

Outra abordagem para falarmos do trabalho em equipe multidisciplinar em


Saúde Mental e Terapia Ocupacional refere-se ao Pensamento Complexo de Edgar
Morin.

O Pensamento Complexo compreende relações que não evitam um desafio, mas


que ajudam a revelá-lo e até ultrapassá-lo. (Morin, 2015).

De acordo com Feriotti (2009), o momento histórico atual é de transição de


paradigmas, implicando em mudanças também das concepções de saúde e doença,
baseadas na interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

Essa autora ainda afirma que as equipes de saúde mental vivenciam essa
transição em suas práticas diárias, com contradições entre o novo paradigma
transdisciplinar e as velhas concepções centradas na doença, com equipes assistenciais e
saberes fragmentados, por exemplo. A abordagem complexa das demandas de saúde
atuais exige das equipes e serviços novas formas de trabalho com trocas criativas entre
as diferentes especialidades, enfrentando, entre outros desafios, a cisão entre os saberes.
Portanto, o pensamento complexo também tem se destacado com um dos
referenciais teóricos importantes para a prática da Terapia Ocupacional em Saúde
Mental.

Outros referenciais são utilizados por terapeutas ocupacionais do campo da


Saúde Mental, como já citado anteriormente, destacando-se também as abordagens
psicodinâmicas desenvolvidas por Método Terapia Ocupacional Dinâmica, de Jô
Benetton, baseado na relação triádica – paciente, terapeuta e atividades. E ainda, Rui
Chamone, que alicerça sua prática a partir do modelo analítico junguiano. Esse
referencial de Terapia Ocupacional considera que a relação terapêutica ocupacional será
construída a partir de cinco elementos: material, ferramenta, objetos concretos,
terapeuta e paciente. (CAVALCANTI & GALVÃO, 2007)

Cada vez mais temos acompanhado o crescimento do número de terapeutas


ocupacionais em serviços não ligados ao sistema público de saúde, realizando ações de
saúde mental.

São eles: ONGs (Organizações Não Governamentais), Associações, Clínicas e


Consultórios, Entidades Privadas e Filantrópicas, Escolas de Educação Especial e
Escolas Regulares, Instituições de Longa Permanência.

Nesses locais são atendidas pessoas em todas as faixas etárias, com diferentes
necessidades de saúde e sofrimento mental.

No caso das crianças, é cada vez mais comum o atendimento em casos de TEA
(Transtorno do Espectro do Autismo), entre outros transtornos mentais.

Já na população de adultos, muitas pessoas com transtornos relacionados à


depressão e à ansiedade, por exemplo, estão sendo encaminhadas aos terapeutas
ocupacionais.

Além dos atendimentos individuais e em grupos, o terapeuta ocupacional pode


realizar orientações a pais e familiares, apoiar escolas no processo de inclusão,
participar de ações para divulgação e esclarecimentos sobre as diferentes patologias,
contribuindo para desmistificação do transtorno mental entre a população geral.

Vale também destacar que os terapeutas ocupacionais têm, com frequência,


assumido papeis na gestão dos serviços de saúde mental, destacando-se com excelência
na condução administrativa e das equipes de cada local e na articulação da RAPS em
diferentes municípios.
Bibliografia:

ALMEIDA, M. C. de, BARROS, D. D., GALVANI, D., REIS, T. de A. M. Terapia


ocupacional e pessoas em situação de rua: criando oportunidades e tensionando
fronteiras. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 19, n. 3, p. 351-360, 2011.

AMARANTE, Paulo. Saúde mental e atenção psicossocial. 4ª ed. Rio de Janeiro:


Editora Fiocruz, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 106. 11 de fevereiro de 2000.


Cria os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental. Disponível em: <
http//www.conselho.saude.gov.br.comissao/documentos. Decreto-lei106/2000>.
Acesso em 05 de março 2017.

BRASIL. Presidência da República. Lei 10216, de 06 de abril de 2001. Dispõe


sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm>. Acesso em 13 de
abril de 2017.

BRASIL. Presidência da República. Lei Federal n° 10.708, de 31 de julho de 2003.


Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de
transtornos mentais egressos de internações. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.708.htm>. Acesso em 13 de
abril de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Residências terapêuticas: o que são, para que


servem. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/120.pdf>. Acesso em 05
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BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção


psicossocial. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. - Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Disponível em http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf. Acesso
em 13 de abril de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 122. 25 de janeiro de 2011.


Define as diretrizes de organização e funcionamento das Equipes de
Consultório na Rua. Disponível em
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0122_25_01_2012.html
Acesso em 13 de abril de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 3088. 23 de dezembro de 2011


(republicada em 21 de maio de 2013). Institui a Rede de Atenção Psicossocial
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html
Acesso em 05 de março de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 3.090. 23 de dezembro de 2011.


Altera a Portaria nº 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000, e dispõe, no
âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, sobre o repasse de recursos de
incentivo de custeio e custeio mensal para implantação e/ou implementação e
funcionamento dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). Disponível em: <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3090_23_12_2011_rep.html
Decreto-lei106/2000>. Acesso em 13 de abril de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 121. 25 de janeiro de 2012.


Institui a Unidade de Acolhimento para pessoas com necessidades decorrentes
do uso de Crack, Álcool e Outras Drogas (Unidade de Acolhimento), no
componente de atenção residencial de caráter transitório da Rede de Atenção
Psicossocial. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0121_25_01_2012.html>.
Acesso em 13 de abril de 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras
Drogas. Nota Técnica nº 25/2012. Serviço Hospitalar de Referência para
atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental incluindo aquelas com
necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, do
Componente de Atenção Hospitalar da RAPS. Disponível em: <
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/mentalsaude/NotaTecnicaPT1482012Leit
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em situação
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Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BREGALDA, M. M.; LOPES, R. E. O programa de reabilitação profissional do


INSS: apontamentos iniciais a partir de uma experiência. Cadernos de Terapia
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CAMPOS, G. W. de S. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e


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CAVALCANTI, A., GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: fundamentação e


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CHIAVERINI, D. H. (org.). Guia prático de matriciamento em saúde mental.


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FERIOTTI, M. de L. Equipe multiprofissional, transdisciplinaridade e saúde:


desafios do nosso tempo. Vínculo [online]. 2009, vol.6, n.2, pp. 179-190.
LAW, M. et al.; CARDOSO, A.; MAGALHÃES, L. V.; MAGALHÃES, L. de C.
(org. e trad.). Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM). Belo
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(org.). Saúde da Pessoa Idosa - A Terapia Ocupacional e o desempenho
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MARIOTTI, M. C. WACHHOLZ, S. M. S. A participação do Terapeuta


Ocupacional na reforma psiquiátrica e nos novos serviços de saúde mental.
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MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Editora Sulina,


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NOGUEIRA, A. M.; RUZZI-PEREIRA, A. Ações de terapeutas ocupacionais na


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ROTELLI, F. A instituição inventada. In: ROTELLI, F.; LEONARDIS, O.;


MAURI, D. (Org.). Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec, 2001.
ANEXO

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL


Cartão Babel de Saúde Mental na Atenção Básica:

1) Exame das funções psíquicas


2) Triagem para depressão
3) Avaliação de risco de suicídio
4) Triagem para ansiedade
5) Uso nocivo de álcool (CAGE)
6) Dependência ao tabaco (Teste de Fagerstrom)
7) Mini-exame do estado mental
8) Roteiros para Avaliação Integral: Princípios da Saúde da
Família; Etapas do Atendimento Centrado na Pessoa; Roteiro
para discussão de casos em Apoio Matricial de Saúde Mental

COMUNICAÇÃO: ESSE CARTÃO BABEL ESTÁ TODO


DISPONÍVEL NO LINK ABAIXO:

http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/constructore/objetos/Cart%e3oBabel.pdf

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