Vous êtes sur la page 1sur 25

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A visão do professor do ensino regular em relação à depressão: Uma formação


necessária

Autora: Izovania Aparecida Andrade¹


Orientador: Prof. Dr. Flávio Rodrigo Furlanetto²

RESUMO

O presente artigo relata o projeto que foi desenvolvido em 2016 para o Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, intitulado “A visão do professor do ensino regular em relação à depressão:
Uma formação necessária”. O projeto teve como objetivo principal, apresentar aos
educadores a “depressão na adolescência” e seus possíveis sinais de risco,
contribuindo na formação e no esclarecimento desses profissionais. Através dos
encontros de formação e das trocas de experiências, os professores adquiriram
novos conceitos e informações a respeito do transtorno depressivo que lhes
proporcionaram condições para identificar esses sintomas mais cedo em seus
alunos e ajustar o atendimento às suas necessidades. Como método, foi utilizado
encontros de formação, subsidiado por materiais teóricos e atividades práticas auto
avaliativas com temas referentes à depressão na adolescência: desenvolvimento
humano na visão de Freud; transtornos depressivos e os sinais de risco na
adolescência; saúde mental e o papel do professor diante da depressão. Portanto,
como resultado, entende - se que o objetivo foi alcançado no momento em que os
professores se sensibilizaram a refletir sobre a depressão, e a buscar nos encontros
de formação instrumentos de capacitação, na ânsia de desenvolver um trabalho de
identificação precoce da doença mental, em prol da saúde deste aluno.

Palavras- chave: aluno; professor; formação; depressão.

Graduada em Pedagogia (UEL-1994), Especialização em Educação Especial: “Deficiência Mental” (UEL-1997), “Atendimento Educacional
Especializado” (UEM-2012), “Mídias na Educação” (UNICENTRO-2015). Professora de Educação Especial, atuando no Colégio Conselheiro
Carrão - Assai-Pr. ²Graduado em Ciências (1991-Atual UENP), Licenciado em Matemática (1993-Atual Unifil), Licenciado em Pedagogia
(UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no curso de Pedagogia na
área de Docência, Coordenador do Curso de Pedagogia e Coordenador Institucional do (PIBID).
INTRODUÇÃO

É de fundamental importância explicar que este projeto foi desenvolvido


com o intuito de apresentar aos professores da rede publica estadual de ensino, o
transtorno depressivo na adolescência e seus possíveis sinais de risco. Objetivando
contribuir com a informação e formação dos professores a respeito dos sintomas da
depressão como transtorno psiquiátrico, para intervenção nos problemas de saúde e
de aprendizagem dos alunos. Em consequência o trabalho foi desenvolvido em
encontros de formação, subsidiado por materiais teóricos e atividades práticas
reflexivas inerentes a ação pedagógica do professor. Este trabalho teve por
finalidade a identificação precoce dos sinais dessa doença mental que muitas vezes
inicia com a apresentação do transtorno do humor para somente então encaminhar
para a depressão, com a intervenção necessária o professor oportuniza ao aluno
condições melhores no desenvolvimento escolar e no desempenho emocional,
proporcionando assim melhor qualidade de vida.

A ideia de desenvolver um trabalho envolvendo os professores do ensino


fundamental nasceu da convivência no interior das escolas por onde passei. Neste
longo período de atuação na educação em escolas públicas, desenvolvendo
trabalhos com crianças e adolescentes que apresentavam dificuldades diversas de
aprendizagem, foi possível verificar problemas de várias ordens na alfabetização, na
área da deficiência e dos transtornos psiquiátricos; todos esses problemas
comprometiam diretamente a aprendizagem destes alunos. Nos últimos anos foram
vários os atendimentos a adolescentes com comportamentos de auto agressividade,
tentativa de suicídio, sintomas psiquiátricos graves, dificuldades de aceitação de si
próprio, etc. Grande parte desses adolescentes sofriam calados outros se
expressavam na rebeldia e na indisciplina por medo de serem descobertos e de não
serem aceitos ou compreendidos pelos seus pares e professores. Na maioria das
vezes este era o quadro que se apresentava, e o pior é que apesar de tudo, hoje em
grande parte das escolas ainda é o mesmo quadro que se apresenta. Tendo
professores que ainda não compreendem o diferente, apresentando sérias
dificuldades em atender aquele aluno que foge do comportamento padrão, faltando a
habilidade para distinguir preguiça de apatia, indisciplina de pedido de ajuda. É difícil
estabelecer padrão para as pessoas, uma vez que se trata de seres inteligentes que
carregam consigo uma bagagem de conhecimentos e crenças singulares, adquiridas
em seu meio social antes de chegarem à escola, além do que, agem e reagem
conforme suas emoções e seu adiantamento moral; essa dificuldade é explícita com
maior intensidade para com as crianças e adolescentes que estão na fase das
descobertas, da formação de conceitos a respeito de si mesmo e do mundo que os
rodeia.
As normativas que orientam a Educação Especial enfatiza a importância
dos professores obterem informações a respeito do desenvolvimento humano para
assim poderem identificar alterações comportamentais que comprometam a
aprendizagem e o desenvolvimento intelectual e psicológico dos alunos. Porém, a
realidade percebida no dia-a-dia da escola se destoa completamente daquela que
deveria estar sendo vivenciada.
Segundo Boarati (2011), alguns estudos tentam demonstrar o que é
peculiar na depressão do adolescente, que estes apresentam sintomas mais
acentuados que as crianças, assim como sono exagerado e dificuldades de
concentração.
Por isso, a grande necessidade de profissionais atuantes na educação que
queiram ser mais que meros transmissores de conteúdos, que queiram se envolver
com a educação e compreender melhor o ser humano em formação e o seu
desenvolvimento; esse conhecimento é essencial ao professor para o sucesso deste
trabalho que não é somente pedagógico, mas um processo de humanização do
indivíduo para ser desenvolvido em conjunto, almejando o bem estar e a dignidade
dos seres humanos envolvidos nesta ação. Não há aqui pretensão de tornar o
professor um avaliador capaz de diagnosticar a doença mental, mas sim de torná-lo
bem informado, em condições de identificar sinais que reclame o encaminhamento
para avaliação por profissionais da saúde mental. Se o professor recebe informação
de qualidade, pode contribuir no combate à medicamentação desregrada e ao
preconceito, focando a atenção nos sintomas do transtorno depressivo para aplicar a
intervenção necessária de acordo com cada caso no intuito de prevenir o
desenvolvimento da doença mental e os prejuízos na aprendizagem desses alunos.
Atualmente pesquisas demonstram que no Brasil, o número de crianças e
adolescentes que sofrem com algum tipo de transtorno psiquiátrico vem aumentando
consideravelmente, embora se fale de depressão e ansiedade, a maioria dos
educadores não percebe que se trata de quadros de doença mental, que necessitam
de acompanhamento e tratamento para não se agravar. Estudos científicos
demonstram que os fatores que envolvem a aprendizagem, a evasão escolar e o
envolvimento precoce com drogas, afetam psicologicamente tanto a criança quanto
o adolescente, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos transtornos
mentais. Segundo pesquisas e apontamento da Organização Mundial de Saúde, a
questão relacionada a problemas psiquiátricos na infância e adolescência chega a
10% da população mundial. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de
Psiquiatria, aproximadamente 12,6% de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos
de idade, apresentam algum tipo de transtorno mental. Estudos epidemiológicos
brasileiros apontam que 1 a cada 8 alunos apresentam algum tipo de dificuldade
relacionada à saúde mental e que necessita do atendimento educacional
especializado nesta área. O transtorno psiquiátrico é considerado, entre as doenças
de incapacidade, a mais nociva entre a população de 10 a 24 anos; a demanda de
crianças e adolescentes com algum tipo de problema comportamental ou emocional
vem aumentando cada vez mais a ponto de causar preocupação e desconforto aos
professores que não sabem o que fazer. Esse contexto demonstra que falta ao
professor informações e orientações que o ampare no trabalho a ser desenvolvido,
porém, essa falha acaba acarretando um olhar distorcido do professor em relação ao
transtorno mental.
Porém, se devidamente preparado, o professor terá condições melhores
que qualquer outro profissional para detectar os problemas que envolvem as
crianças e os adolescentes na escola. Por isso, o professor é um personagem
essencial para que essas questões sejam abordadas e trabalhadas no interior da
escola, mas é preciso que tenha preparo e sensibilidade para realizar intervenções
que venham contribuir com o desenvolvimento escolar e psicológico desses alunos.
Para estanislau & Bressan (2014, p. 25).

O educador tem importante papel e real responsabilidade em


relação ao processo de aprendizagem de seus alunos, torna-se
extremamente importante que ele esteja atento para identificar
o mais rápido possível qualquer problema que possa
comprometer o aprendizado da criança e do adolescente.
O espaço escolar é o ambiente propício para a avaliação emocional dos
alunos por se tratar de um espaço de interação, mediador entre a família e a
sociedade. Por isso é importante compreender o aluno na sua singularidade como
pessoa única na maneira de ser e desenvolver sua personalidade.
Cabe à escola o dever de iniciar um trabalho consciencioso a respeito do
transtorno mental, evitando em seu meio à segregação e a exclusão social que
colocam essas pessoas à margem de tudo que a Lei propõe como direito,
desrespeitando-as como sujeito integrante da sociedade em que vive e também
como ser humano.

REVISÃO DE LITERATURA

Em detrimento a um movimento universal, o Brasil vem trabalhando na


questão de um modelo educacional inclusivo onde o conhecimento seja uma
construção coletiva, com respeito à diversidade, por isso, independente da condição
que esse aluno apresente para a aprendizagem, deve ser aceito pela escola. A ideia
atual de educação especial na perspectiva inclusiva é a universalização da
educação com reconhecimento e valorização das diferenças, sem discriminação,
partindo do principio de que qualquer aluno que necessite de atenção especial seja
atendido, tendo como panorama os Direitos Humanos, garantindo a todos o acesso
e a participação. Para que esta etapa se realize, são necessárias
aprovações/mudanças de leis que contemplem os direitos dos educando e a
formação do educador. Neste trajeto histórico vivenciado pela educação especial e
pela saúde mental, as histórias são análogas, principalmente no que diz respeito ao
preconceito à pessoa deficiente ou com transtorno mental. Atualmente é
presenciado resquícios dessa exclusão no meio escolar devido ao conservadorismo
reincidente dos serviços públicos educacionais, que mantém a escola aprisionada a
mecanismos elitistas de promoção dos melhores alunos em desigualdade aos que
apresentam problemas de aprendizagem e de comportamento. Segundo o Ministério
da Educação, é preciso que os professores desenvolvam a capacidade de
observação para perceberem nos alunos os indícios de um comportamento
inadequado, portanto:
Uma avaliação funcional dos problemas de comportamento
pode ajudar os professores a lidar com a avaliação do
comportamento e adequações curriculares. Esta avaliação
funcional envolve o estudante, pais, outros profissionais, para
os quais serão questionados os aspectos de ambiente físico,
interações sociais, ambiente educacional e fatores não
acadêmicos. (MEC/SEEP, 2002, p.25).

No contexto educacional, as dificuldades de aprendizagem do aluno é o


fator mais complexo e marcante que existe independente da causa, mas são os
comportamentos inadequados que muitas vezes impedem esse aluno de ter acesso
aos conteúdos; por isso, só saber a causa de tal comportamento não resolve o
problema, pois, o que vai contribuir para o sucesso do trabalho do professor é
aprender a observar e lidar com tais comportamentos, tendo claro o objetivo
pedagógico para assim intervir em cada situação, quando necessário.
É sabido que qualquer pessoa independente da idade, em qualquer
época da vida, pode vir a apresentar sinais de um transtorno mental, porém, os mais
acometidos são as crianças e os adolescentes. Nenhuma pessoa possui saúde
mental perfeita o tempo todo, mas, para algumas pessoas, em especial para os
adolescentes, controlar o humor para garantir o bem estar é algo muito difícil,
podendo aí ter inicio uma série de problemas escolares, como dificuldade de
concentração, fraco rendimento, agressividade ou apatia; são sinais que tanto
professores como familiares confundem com desinteresse, má vontade, preguiça,
entre outros. Neste contexto, Estanislau & Bressan (2014) colocam que “a falta de
informações confiáveis e de orientação especializada vem causando insegurança,
que, por sua vez, é um fator relevante para a distorção do olhar do professor, que
passa a considerar como transtorno mental o que não é, e vice-versa”. Portanto,
cabe a todos os professores o repensar seus paradigmas e sair em busca de novos
conhecimentos, de atitudes inovadoras, que auxiliem uma reflexão sobre o a ação
docente diante da diversidade de alunos inseridos atualmente nas escolas, podendo
assim abordar essas dificuldades, para melhorar o jeito de ensinar, alcançando
todos os sujeitos sem distinção.
Transtorno Mental

Segundo Estanislau & Bressan (2014), transtorno mental se caracteriza


pela perturbação clinicamente significativa da cognição, da regulação emocional ou
do comportamento do indivíduo, produzindo disfunção nos processos psicológicos,
biológicos, genéticos, sociais e ambientais que, nem sempre, necessita de uma
situação específica para se desencadear.
Neste contexto estão incluídas as doenças depressivas, muitas vezes
encaradas de certo ponto vista como algo comum na adolescência. Período que
podem apresentar humor deprimido ou irritabilidade, podendo ganhar ou perder
peso, apresentar insônia ou sono excessivo, desinteresse pelas coisas que gostam
e grande probabilidade ao uso de drogas.
Em Estanislau & Bressan (2014) apud CID-10 (1993), “o termo
“transtorno” tem sido utilizado em detrimento do termo “doença”. Essa escolha
reflete uma mudança do sistema classificatório que se concentrava mais nas causas
das “doenças” e passou a concentrar-se mais na descrição dos “transtornos”.
Os transtornos mentais se apresentam em condições diversas, podendo
acontecer de alguém passar por um transtorno mental e prosseguir com a vida, se
adaptando aos sintomas, pois, um transtorno mental pode oscilar o suficiente para
apresentar um período de ausência de sintomas entre as crises. Há também os
transtornos incapacitantes que geram prejuízos não só ao indivíduo, mas também à
família e à comunidade onde vive; por serem os transtornos mentais uma complexa
interação de fatores, podem surgir sem nenhuma causa aparente de stress ou de
acontecimento traumático na vida do indivíduo, por isso não necessita de uma
situação específica para ocorrer.

Transtorno Depressivo

Para compreender melhor o transtorno depressivo é preciso entender o


que é humor, palavra utilizada para demonstrar o estado emocional de uma pessoa.
São diversos tipos de humor e cada individuo pode identificá-lo em si e nos outros
dependendo do sentimento aparente. Quando uma pessoa fica triste por algo ruim
que aconteceu, seu humor não se entristece para sempre, o cérebro é quem
mantém as emoções em equilíbrio, por isso, depois de um tempo, devolve o seu
humor ao estado normal; se o cérebro apresentar problemas para devolver o humor
ao seu estado normal, a pessoa pode se tornar triste por muito tempo e/ou oscilar
entre euforia e tristeza, o que acarretará sérios danos para a vida pessoal com a
família, com os amigos e na escola, neste caso, a pessoa poderá estar passando
por período de depressão.
Para definir melhor o que é depressão, Teodoro (2010, p.20) faz a
seguinte colocação: “Depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa
interação entre fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais,
caracterizado por angústia, rebaixamento do humor e pelas perdas de interesse,
prazer e energia diante da vida”.
A depressão pode surgir numa pessoa em qualquer momento da sua
vida, desaparece e ressurge durante esses momentos, é um transtorno comum que
pode afetar qualquer pessoa, independente da idade ou sexo; em proporção, ela
afeta mais os adolescentes, e cerca de duas vezes mais, nas meninas. Quando a
depressão afeta as crianças, estas apresentam tristeza, às vezes acompanhada de
irritação e/ou apatia, demonstrando desinteresse a qualquer estímulo, inclusive para
as atividades extracurriculares.
Quanto ao adolescente deprimido, este, na maioria das vezes sabe
relatar seus sentimentos de tristeza, inclusive o desânimo, a dificuldade em se
concentrar, e misturado a esses sentimentos ainda podem apresentar irritabilidade e
hostilidade. A crença e a sensação de que nada mais vai dar certo em sua vida
podem levar esses adolescentes a intentar contra a própria vida, em busca de uma
forma para sanar a dor. Com pouca expectativa para a vida e o futuro, muitas vezes
buscam o álcool e outras substâncias narcóticas ou psicoativas para aliviar o
sofrimento depressivo.

Adolescência

A palavra “adolescência” é derivada do verbo latino adolescere que


significa crescer ou crescer até a maturidade, seu conceito social é relativamente
recente, porém, esse período de transformações que separa a infância da vida
adulta existe desde os tempos mais remotos em uma diversidade de culturas. É um
período de transformação na vida do indivíduo que ultrapassa a esfera biológica,
causando mudanças no psiquismo que reflete nuances diferentes, ou seja,
peculiares a cada época, sociedade, cultura e família. Neste período de
transformação os comportamentos manifestados podem ser confundidos como
transtorno mental ou comportamento inadequado. Para tanto, é necessário
conhecimento e cautela para avaliar o comportamento na adolescência; exemplo
disso é o uso de drogas que pode ser um refugio para o sofrimento de transtorno
depressivo ou simplesmente curiosidade e o desejo de experimentar. Na
adolescência a pessoa se descobre como um ser independente dos pais, o que gera
por um lado o desejo de novas descobertas e bem estar, e pelo outro o sentimento
de medo do desconhecido; não é fácil se tornar adulto, para tanto, é preciso se
preparar e assumir as responsabilidades específicas, por isso, o adolescente busca
um modelo ideal, alguém em quem ele possa se espelhar para construir seu caráter
e comportamento.
Albuquerque (2014), apud Aberastury e Knobel (1986) apresenta que
essa fase diz respeito à construção de sua nova identidade, pois, o adolescente se
encontra exposto à angústia decorrente da necessidade de sua independência e da
determinação de suas aspirações, movimentos esses que ocorrem em um meio que
não domina e não conhece e que, muitas vezes, considera ameaçador. Nessas
condições, surgem as demandas internas que operam sobre todas as manifestações
de conduta do adolescente; a perda dos privilégios da infância o segura em seu
avanço e a aventura e o desafio da vida adulta o impulsiona.
Na busca pela identidade e autonomia, o adolescente se sente
impulsionado a romper esse elo que o liga aos seus pais, nesta tentativa
desenfreada de ser diferente acaba demonstrando um comportamento opositor ao
dos pais, discordando das ideias e opiniões (conselhos) que lhe são dadas,
causando uma imensa confusão em seus sentimentos e comportamentos, ao ponto
de não saber mais como agir. Por isso, cabe destacar a importância da ajuda da
família e da escola durante este processo que vive o adolescente em busca de sua
identidade e de ser adulto, porque mesmo não sendo uma constituição de transtorno
mental, ainda assim, pode trazer muito sofrimento para o adolescente.
Teodoro (2010, p.46-47), afirma que:
Trata-se de uma fase carregada de conflitos provocados por
fatores que envolvem alterações biológicas, psicológicas e
sociais. Tais conflitos têm bases prováveis na relação de
dependência com os pais, nas transformações corporais, no
despertar da sexualidade, nas alterações hormonais, na
insegurança diante do mundo, nas cobranças sociais pelo
amadurecimento e aquisição de responsabilidades, além do
reflexo que essas questões têm sobre a auto-estima.

Para o autor, o resultado de tantas mudanças corporais e psicossociais


em uma fase delicada de transformações, entre a infância e o ser adulto, é chamada
de “crise de identidade”, a qual ele define como sendo um conjunto de conceitos,
percepções e crenças que o individuo tem acerca de si próprio.
Durante todo esse processo vivenciado pelo adolescente em busca de
uma identidade pessoal, ele busca também uma identidade grupal, pois tem a
necessidade de pertencer a algum grupo que tenha características específicas;
neste período de busca e conflitos internos é preciso que o adolescente saiba
suportar as pressões internas e externas da vida para não desenvolver um
transtorno depressivo.

Papel do Educador diante do Transtorno Depressivo

O trabalho desenvolvido pelo professor no caso de alunos em risco no


desenvolvimento psíquico é de suma importância uma vez que, segundo Rabelo
(2013), a obra educativa, contexto desse ensaio, deve oportunizar o
desenvolvimento psíquico saudável e ser capaz de ofertar apoio à criança, ao
adolescente e ao jovem integrando-o e acolhendo-o no mundo escolar por meio da
atenção a diferentes instâncias facilitadoras do processo de socialização: confiança,
autonomia, iniciativa empatia e autoestima.
Atualmente no Brasil, o número de crianças e adolescentes que sofrem
com algum tipo de transtorno psiquiátrico vem aumentando consideravelmente,
embora se fale de depressão e ansiedade, a maioria dos educadores não se dá
conta de que se trata de quadros de doença mental, que necessitam de
acompanhamento e tratamento para que não se agrave a situação. Segundo
pesquisas, os fatores que envolvem a aprendizagem, a evasão escolar e o
envolvimento precoce com drogas, afetam psicologicamente tanto a criança quanto
o adolescente, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos transtornos
mentais. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria,
aproximadamente 12,6% de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos de idade,
apresentam algum tipo de transtorno mental. Estudos epidemiológicos brasileiros
apontam que 1 a cada 8 alunos apresentam algum tipo de dificuldade relacionada à
saúde mental e que necessita do atendimento educacional especializado nesta área.
O transtorno psiquiátrico é considerado, entre as doenças de incapacidade, a mais
nociva entre a população de 10 a 24 anos; a demanda de crianças e adolescentes
com algum tipo de problema comportamental ou emocional vem aumentando cada
vez mais a ponto de causar preocupação e desconforto aos professores que não
sabem o que fazer. Esse contexto demonstra que falta ao professor informações e
orientações que o ampare no trabalho a ser desenvolvido, porém, essa falha acaba
acarretando um olhar distorcido do professor em relação ao transtorno mental.
Porém, se devidamente preparado, o professor terá condições melhores
que qualquer outro profissional para detectar os problemas que envolvem as
crianças e os adolescentes na escola, podendo agir antecipadamente na busca do
beneficio emocional de seu aluno. Por isso, o professor é um personagem essencial
para que essas questões sejam abordadas e trabalhadas no interior da escola, mas
é preciso que tenha preparo e sensibilidade para realizar intervenções que venham
contribuir com o desenvolvimento escolar e psicológico desses alunos. Para
Estanislau & Bressan (2014, p. 25).

O educador tem importante papel e real responsabilidade em


relação ao processo de aprendizagem de seus alunos, torna-se
extremamente importante que ele esteja atento para identificar
o mais rápido possível qualquer problema que possa
comprometer o aprendizado da criança e do adolescente.

O espaço escolar é o ambiente propício para a avaliação emocional dos


alunos por se tratar de um espaço de interação, mediador entre a família e a
sociedade. Por isso é importante compreender o aluno na sua singularidade como
pessoa única na maneira de ser e desenvolver sua personalidade.

Estanislau & Bressan (2014, p.140,141,142). Apresentam sugestões de


como o professor pode agir em sala de aula.

1. Utilize um tempo do seu contato com os alunos para perguntar “como vão
vocês?”. Dessa maneira, você abre a porta para a interação afetiva.
2. Se desconfiar de algo não está indo bem com algum aluno, não tenha
receio de perguntar. De preferência, faça isso individualmente.
3. Não menospreze o sofrimento do aluno. Para ele, uma desilusão amorosa
ou uma briga em casa podem assumir uma proporção maior do que para você.
Escutar com atenção, afeto e sem julgamentos é fundamental para ajudar.
4. Não deduza que um aluno quieto não está com problemas.
5. Tente compreender a irritabilidade do seu aluno. Ela pode ser um sinal de
diversas coisas, entre elas tristeza ou até depressão.
6. Durante os momentos difíceis, enalteça as qualidades do aluno, visando
manter sua autoestima. Seja criativo e valorize as habilidades dele (saber
editar filmes ou gostar de musica são habilidades que podem ser utilizadas na
sala de aula ou em trabalhos de casa). Estimule os pais a fazerem o mesmo.
A postura de critica e cobrança que se estabelece em períodos de dificuldade
sempre prejudica o dialogo, enfraquecendo a parceria com o professor, que
passa a ser identificado de forma negativa.
7. Em casos em que o aluno está isolado, proponha atividades em grupo, com
alguns cuidados. Estabeleça os grupos a serem formados (não sorteie ou
deixe a vontade da classe) e insira o aluno em questão em um grupo de
colegas mais receptivos. Se possível, incentive os colegas a recepcionarem o
aluno. O acolhimento do grupo de iguais tem grande impacto de autoestima do
jovem.
8. Esteja alerta para sinais de evasão escolar. Caso isso ocorra, entre em
contato com os pais para compreender o que está acontecendo.
9. Considere que muitas vezes os pais do aluno podem estar necessitando de
suporte também. O bom vinculo entre a escola e a família é sempre o caminho
mais rápido para a resolução das dificuldades.
10. Em casos em que o aluno foi diagnosticado com depressão, avalie a
necessidade de adaptações das atividades, favorecendo o bom desempenho
(p.ex., propor, por um período, tarefas mais curtas ou com nível de dificuldade
adaptado). Lembre-se de que a capacidade de atenção e concentração da
criança está prejudicada em episódios depressivos mais graves.
11. Elogie os passos que o aluno da em direção a uma meta e recompense as
tentativas de resolução de tarefas e trabalhos.
12. Tente conciliar o currículo aos interesses do aluno, quando possível.
13. Identifique atividades extracurriculares em que o aluno possa conviver com
colegas que tenham interesses em comum.
14. Estabeleça uma hierarquia de pessoas que o aluno possa contatar em
casos de necessidade (como em caso de pensamentos suicidas).
15. Incentive as atividades físicas na escola.
16. Encoraje a criança a pedir esclarecimentos sobre as atividades que não
tenha compreendido e evite a competição e a comparação entre trabalhos.
17. Se a criança ou o adolescente afirmar que ninguém gosta dela, ofereça a
responsabilidade de ajudar algum colega com mais dificuldade.
18. Reforce positivamente os alunos que demonstram comportamento de
apoio em relação ao colega em dificuldade.
19. A criança ou o adolescente com depressão tende a fazer avaliações
negativas das situações. Encoraje-a a observar aspectos positivos dessas
mesmas situações. Raciocínios mais positivos vão ser de modo geral,
acompanhados de sentimentos e comportamentos mais positivos.
20. Auxilie o aluno a contestar pensamentos negativos. Utilize perguntas como
“será que isso é verdade?”, “que provas você tem de que o que está pensando
é verdade?”, “será que existe uma explicação diferente para isso que você
está pensando?”. Reflita com o aluno sobre as respostas.
21. É comum que o aluno deprimido tenha uma percepção aumentada de
possíveis consequências negativas de suas ações. Isso se chama
catastrofização. Nesses casos discuta com ele qual a probabilidade de esse
desfecho negativo realmente acontecer sempre oferecendo dados de
realidade para que o jovem possa desenvolver um raciocínio mais realista
sobre os fatos (fale das vezes em que ele já passou pela situação com
sucesso, por exemplo).

INTERVENÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

Com o intuito de informar e formar os professores da escola


estadual Walerian Wrosz a respeito do transtorno depressivo na vida de crianças e
adolescentes e os prejuízos causados pelo mesmo no campo emocional e de
aprendizagem, considerando também que qualquer um de nós pode desenvolver a
depressão e que os índices de sofrimento psíquico no meio escolar vêm crescendo
gradativamente, é que se pensou como proposta para o PDE utilizar se de encontros
para formação dos professores a respeito da depressão em adolescentes e as
intervenções que cada um pode realizar diante de tais ocorrências. Esta formação
contou com carga horaria de 32 (trinta duas horas) presenciais, distribuídas em 10
(dez) encontros, com a participação efetiva de 9 (nove) professores contando com a
pedagoga da escola, que oportunizaram a implementação do projeto de forma
bastante satisfatória. Para a efetivação real dos encontros, foram utilizados os
seguintes recursos: Palestras, textos, trabalhos em equipe, filmes, vídeos, slides e
questionários, subsidiada por materiais teóricos e atividades práticas auto-avaliativas
referentes ao tema proposto, em auxilio ao professor, contribuindo também para a
sensibilização deste a respeito dos sintomas da depressão como transtorno
psiquiátrico. A apresentação do projeto ocorreu na primeira quinzena de fevereiro no
período vespertino, os professores aprovaram o tema que seria desenvolvido no
decorrer dos dias, fazendo destaques a respeito do mesmo e a importância deste
em trazer a tona um assunto que é tão pouco discutido no interior das escolas e que
tem causado grandes prejuízos à vida emocional e acadêmica de muitos jovens.
Destaca-se que, no inicio dos trabalhos os professores participaram de uma
pesquisa em forma de questionário para investigar o conhecimento que estes tinham
sobre a depressão na adolescência e assim, fosse programada as intervenções
necessárias na formação que ocorreria a seguir, com as respostas foi possível
detectar que a maioria tinha dúvidas em relação ao tema como também muito
interesse em saber como intervir em casos como este. Para lançar esses
professores a luz do conhecimento sobre a depressão em um ambiente dinâmico
com a participação efetiva e critica dos caros colegas que passariam a interagir
entre eles e mais tarde com o meio que os rodeia, é que se dividiu os trabalhos da
seguinte forma:
- Elaboração do caderno pedagógico com todo o conteúdo trabalhado na
formação, contendo a fundamentação teórica com ilustrações, atividades com
indicações de vídeos, textos, sites e livros para o aprofundamento do tema
abordado. O caderno pedagógico teve os conteúdos divididos em três unidades.
Unidade I: Desenvolvimento da personalidade humana; Unidade II: O educador
frente à identificação de indicadores de risco no desenvolvimento do transtorno
depressivo; Unidade III: Promoção à saúde mental e prevenção do transtorno
depressivo.
- Os conteúdos do caderno foram transmitidos através de palestras com a
participação de um psicólogo, atividades para reflexão referentes ao tema proposto,
e ao final outro questionário desta vez para avaliar o quanto cada participante havia
compreendido ou aprimorado com os encontros de formação.
A seguir uma síntese do caderno pedagógico que foi utilizado na formação
dos professores.

SÍNTESE DO CADERNO PEDAGÓGICO


Unidade I: Desenvolvimento da Personalidade Humana

Freud apresentou o inconsciente como o primeiro conceito a ser


desenvolvido por ele, instância esta onde se acumula a energia fundamental para o
desenvolvimento humano, reduzindo mais tarde essa grande potência energética em
impulso sexual. Freud explica que todo evento mental é influenciado por uma
intenção do consciente ou do inconsciente. Desta forma Freud explora o
inconsciente através da teoria psicossexual e nos apresenta as fases do
desenvolvimento humano, considerando a importância da primeira infância nas
questões afetivas e cognitivas como instrumentos fundamentais para a adaptação
psíquica do individuo no mundo exterior.
Segundo Freud, para desenvolver a sexualidade, o homem busca aquilo
que lhe promove o prazer e a satisfação de maneiras diversificadas, demonstrando
não ser uma função simplesmente instintiva e que supera as necessidades
fisiológicas fundamentais, pois a sexualidade tem seu inicio no nascimento do
individuo que a utiliza como fonte de prazer não como o adulto que foca na genital, a
criança se compraz com partes distintas de seu corpo. A sexualidade segundo a
psicanálise é necessária para o desenvolvimento psíquico do ser na apropriação do
meio que o cerca e nas relações emocionais, nas trocas afetivas, porém na fase
adulta, o individuo a tem voltada totalmente ao órgão genital.
A fase oral inicia com o nascimento e tem duração até por volta de um
ano de idade, neste estágio a zona erógena é a boca a criança sente prazer no ato
de degustar e chupar, sentindo amparada por quem cuida e confortada pela
estimulação oral. Neste período a maior dificuldade ou conflito vivenciado pela
criança é o desmame, se nesta fase o ser se tornar afixado, segundo Freud o
indivíduo pode vir a ser uma pessoa dependente ou agressiva.
A fase anal tem inicio no primeiro ano de vida e se encerra no terceiro
ano, nesta fase a zona erógena está no esfíncter, o maior conflito para a criança é
aprender a controlar os esfíncteres, ter o controle de suas necessidades demonstra
independência inclusive em relação ao outro.
Na fase fálica, a faixa etária está entre 3 a 6 anos de idade e a zona
erógena são as genitais. È nesta fase que a criança percebe as diferenças básicas
entre o sexo feminino e o sexo masculino, gerando caminhos distintos tanto para a
menina quanto para o menino, onde cada um protege seu narcisismo. Por isso a
forma como vão enxergar e viver o meio em que vive, é através de seu próprio corpo
e se algo abalar ou ameaçar sua integridade, isso poderá perturbar a maneira que a
criança tem de perceber a realidade a sua volta. È nesta fase que surge o complexo
de Édipo, ou seja, período em que o menino passa a desenvolver um sentimento de
atração pela mãe e de rivalidade com o pai.
O período de latência vai dos 6 anos de idade até a puberdade, zona
erógena os impulsos sexuais são inativos, é neste período que a criança inverte o
foco do convívio prevalecendo o interesse pelos seus pares em vez de um convívio
restrito a família. Os interesses da libido são anulados, passam a se importar mais
com as relações entre os colegas principalmente os da escola, com os hobbies e
outros, o amor reprimido que sentia pelos pais como sendo as únicas figuras
amorosas da vazão a um sentimento mais brando, mais sereno, por tanto a energia
sexual é direcionada para outras áreas.
Esta fase inicia na puberdade e segue até a vida adulta do ser humano, a
zona erógena é o amadurecimento de interesses sexuais, esta é a ultima fase do
desenvolvimento psicossexual é aqui que inicia um grande interesse do sujeito pelo
sexo oposto, enquanto que aumenta também o interesse pelo bem estar do próximo,
nesta fase o individuo busca um equilíbrio entre as diferentes áreas da sua vida.
Enquanto na adolescência, vai à busca de tornar ativa a sexualidade que
estava inativa na fase da latência, procura ampliar suas relações com o mundo
externo, se afastando um pouco mais do convívio familiar, neste momento o
adolescente procura fora do convívio familiar um novo amor. Na adolescência o
período de mudanças e transformações é intenso no sentido da perda da identidade
infantil e do amor incondicional dos pais, tendo que assumir de uma vez por todas
uma identidade adulta.
Em cada fase do desenvolvimento psicossexual o indivíduo deve aprender
a conviver e a resolver os conflitos que surgirem em cada etapa da vida, conflitos
estes que não passam de situações originadas no convívio com o meio e no
desenvolvimento natural do ser, seja ele, físico ou emocional. O elemento mais
importante de cada fase é a superação, só assim o individuo poderá seguir para a
próxima fase, se isso não acontecer, a pessoa poderá ficar presa a uma situação de
fixação. Podendo também sofrer uma regressão, voltando à fase anterior. A pessoa
pode vencer todas as fases psicossexuais e desenvolver uma personalidade
saudável ou ficar presa fixada em uma das fases do desenvolvimento psicossexual.

Unidade II: O Educador Frente à Identificação de Indicadores de Risco no


Desenvolvimento do Transtorno Depressivo

Para melhor compreensão do tema, faz-se necessário uma abordagem dos


conceitos sinal e fatores de risco. De acordo com o dicionário Michaelis (2014), sinal
é tudo o que faz lembrar ou representar uma coisa, um fato ou um fenômeno
presente, passado ou futuro, é a característica de uma doença ou de um estado. No
conceito médico, sinal é aquilo que pode ser percebido por outra pessoa sem o
relato ou comunicação do paciente.
Para o melhor entendimento dos educadores, fatores de risco são
ameaças à saúde de uma pessoa. Eles podem aumentar as chances de uma
pessoa desenvolver um transtorno, assim como podem piorar o quadro de alguém
que já tem um transtorno. (Estanislau & Bressan, 2014, p.39).
Para compreender melhor o transtorno depressivo é preciso entender o
que é humor, palavra utilizada para demonstrar o estado emocional de uma pessoa.
São diversos tipos de humor e cada individuo pode identificá-lo em si e nos outros
dependendo do sentimento aparente. Quando uma pessoa fica triste por algo ruim
que aconteceu, seu humor pode entristecer por um período curto ou longo de tempo,
o cérebro é quem mantém as emoções em equilíbrio, por isso, depois de um tempo,
devolve o seu humor ao estado normal; se o cérebro apresentar problemas para
devolver o humor ao seu estado normal, a pessoa pode se tornar triste por muito
tempo e/ou oscilar entre euforia e tristeza, o que acarretará sérios danos para a vida
pessoal com a família, com os amigos e na escola, neste caso, a pessoa poderá
estar passando por período de depressão.
Para definir melhor o que é depressão, Teodoro (2010, p.20) faz a
seguinte colocação: “Depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa
interação entre fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais,
caracterizado por angústia, rebaixamento do humor e pelas perdas de interesse,
prazer e energia diante da vida”.
A depressão pode surgir numa pessoa em qualquer momento da sua
vida, desaparece e ressurge durante esses momentos, é um transtorno comum que
pode afetar qualquer pessoa, independente da idade ou sexo; em proporção, ela
afeta mais os adolescentes, e cerca de duas vezes mais, nas meninas. Quando a
depressão afeta as crianças, estas apresentam tristeza, às vezes acompanhada de
irritação e/ou apatia, demonstrando desinteresse a qualquer estímulo, inclusive para
as atividades extracurriculares.
Quanto ao adolescente deprimido, este, na maioria das vezes sabe relatar
seus sentimentos de tristeza, inclusive o desânimo, a dificuldade em se concentrar,
e misturado a esses sentimentos ainda podem apresentar irritabilidade e hostilidade.
A crença e a sensação de que nada mais vai dar certo em sua vida podem levar
esses adolescentes a intentar contra a própria vida, em busca de uma forma para
sanar a dor. Com pouca expectativa para a vida e o futuro, muitas vezes buscam o
álcool e outras substâncias narcóticas ou psicoativas para aliviar o sofrimento
depressivo. A depressão não tem apenas uma causa aparente, a genética exerce
um papel fundamental, em crianças cujo, os pais apresentam depressão terão maior
chance de serem acometidas pela doença; há outros fatores como situações de
estresse, meio familiar conturbado, entre outros. A depressão nos adolescentes é
diferente dos adultos na maneira de expressá-la, o humor triste geralmente é
demonstrado com irritabilidade, exemplo disso é que muitos adolescentes
deprimidos não recebem auxilio por serem considerados “aborrecentes”. Outro fator
intrigante que leva algumas pessoas a confundir ou a criar certos preconceitos é o
fato dos adultos e adolescentes deprimidos, demonstrarem períodos de melhoras do
humor em ocasiões positivas, mascarando assim a depressão, o que pode ser um
risco. Por isso é de extrema importância à compreensão do professor em relação ao
aluno que sofre com a doença mental, por tanto a proposta deste trabalho é ofertar a
oportunidade de sensibilização para aqueles que se dedicam a tarefa de ensinar, ao
mesmo tempo propondo uma reflexão ao professor diante dos fatos expostos para
perceber as mudanças comportamentais dos seus alunos, no sentido de se
atentarem a possíveis alterações no desenvolvimento psíquico.

Unidade III: Promoção da Saúde Mental e Prevenção do Transtorno Depressivo

Vamos nesta unidade, apresentar alguns caminhos para prevenção e


promoção em saúde mental que podem ser aproveitados pela escola como subsidio
para desenvolver um trabalho de intervenção junto aos alunos com objetivo de
prevenir, orientar e sensibilizar a comunidade escolar a respeito da saúde mental e
da prevenção do transtorno depressivo.
Conforme Estanislau & Bressan (2014 apud World Health Organization, 2005), a
Organização Mundial da Saúde definiu saúde mental na infância e na adolescência
como:
[...] a capacidade de se alcançar e se manter um
funcionamento psicossocial e um estado de bem estar em
níveis ótimos. [...] Ela auxilia o jovem a perceber, compreender
e interpretar o mundo que está à sua volta, a fim de que
adaptações ou modificações sejam feitas em caso de
necessidade [...].
Por outro lado, os transtornos mentais também foram comparados com a
dificuldade da criança em poder alcançar um estágio ótimo de competência e
funcionamento. Para tanto não se pode pensar em saúde e transtornos como coisas
totalmente opostas, sendo que um indivíduo tido como saudável pode demonstrar
sentimentos e pensamentos negativos a qualquer época de sua vida, enquanto que
a pessoa que apresenta um transtorno pode se apresentar com bom estado de
saúde, impossibilitando assim o ato de se rotular essa condição.
A promoção de saúde mental acontece em ações que
estimulam as potencialidades de uma pessoa (ou de um grupo
de pessoas) em busca de fortalecimento de aspectos
saudáveis. Como todos, temos núcleos de saúde, a promoção
da saúde mental pode ser realizada inclusive com quem está
convivendo com um transtorno mental. Alguns exemplos de
iniciativas de promoção da saúde mental podem incluir
treinamentos de habilidades sócioemocionais ou campanhas
de estímulo à atividade física, já que a saúde do corpo está
diretamente ligada à saúde da mente. (ESTANISLAU &
BRESSAN, 2014).
Segundo pesquisas na área da saúde mental o espaço escolar tem sido
visado como um espaço privilegiado para se implementar as políticas de saúde
pública para jovens, adolescentes e crianças, sendo cogitado até mesmo como
espaço fundamental de promoção e prevenção de saúde mental, cabendo assim à
escola destaque especial para o desenvolvimento de trabalhos sistematizados e
contínuos que possibilita uma flexibilização para adaptação, por nela se concentrar a
maior parte da parcela juvenil de nossa população, por pelo menos um período do
dia, onde o professor tem o privilégio de observar o comportamento de seus alunos
nas diversas situações, podendo intervir em relação à criatividade, ao bom senso e
outros temas relacionados à saúde mental.
Algumas sugestões do autor para a escola que quer ser
promotora de saúde entre seus alunos:

1. Ter visão ampla de todos os aspectos da escola, promovendo um ambiente


saudável e que favorece a aprendizagem.
2. Dar importância à estética da escola, assim como ao efeito psicológico
direto que ela tem sobre professores e alunos.
3. Fundamentar-se em um modelo de saúde que inclua a interação dos
aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e ambientais.
4. Promover a participação ativa de alunos e alunas.
5. Reconhecer que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente
incluídos nas diferentes áreas curriculares.
6. Entender que o desenvolvimento da autoestima e da autonomia pessoal é
fundamental para a promoção da saúde.
7. Valorizar a promoção da saúde na escola para todos.
8. Ter visão ampla dos serviços de saúde que tenham interface com a escola.
9. Reforçar o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida que ofereçam
opções viáveis e atraentes para a prática de ações que promovam a saúde.
10. Favorecer a participação ativa dos educadores na elaboração do projeto
pedagógico da educação para a saúde.
11. Buscar estabelecer inter-relações na elaboração do projeto escolar.
Fonte: Estanislau & Bressan (2014, p.18)

Todo o esforço é no sentido de viabilizar a escola condições para que


desenvolva um trabalho preventivo de orientação aos alunos e de auxilio àquele que
apresenta transtorno depressivo, cuja identificação precoce possa amenizar os
sintomas do problema e possibilitar ao aluno o devido encaminhamento a um
atendimento especializado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho do professor frente à depressão e as intervenções necessárias


ao educando é um processo, uma conquista diária, que vai exigir de cada envolvido
disciplina e compromisso incessantes, na busca de caminhos que possam ser
percorridos para o êxito do trabalho mesmo que signifique a transformação de sua
prática, pois na área educacional é preciso aprender sempre. É imprescindível
também que o sistema proporcione aos professores, espaço e tempo para essas
reflexões e para formação profissional. Esse encontro de formação proporcionou ao
grupo de professores participantes condições para analisarem sua ação diária e a
forma de ver o aluno, esse tempo dedicado ao estudo foi de muita importância para
iniciar um processo de sensibilização do professor em relação ao aluno que
apresenta sinais de depressão, tudo isso reflete a melhoria na qualidade do ensino.
Afinal, o enfrentamento as situações vividas no cotidiano escolar exige por parte dos
envolvidos, reflexão, análise, fundamentação teórica e troca de experiências.
Durante os nossos encontros trocas de experiência foi o que não faltou,
enriquecendo nossos dias com exemplos da vida real, foram ótimas as experiências
compartilhadas tanto no grupo de formação da escola Walerian Wrosz quanto no
Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
No GTR as participações foram excelentes, contribuindo
maravilhosamente com o meu trabalho de intervenção escolar e também com as
minhas reflexões sobre o tema do projeto, além da participação enquanto cursista, o
mais importante foi às experiências compartilhadas e as sugestões de sites e vídeos
que podem ser utilizados na escola pelos professores. O diário como a 5ª atividade
do GTR foi a que mais contribuiu com o meu trabalho, foram ótimas sugestões de
trabalho que pode ser desenvolvido por qualquer professor. Pela participação dos
cursistas do GTR e pela participação dos professores da escola onde houve os
encontros de formação, acredito que o objetivo do projeto inicial foi alcançado,
levando a informação aos professores enquanto que se trabalhava essa formação
de opinião e de conceitos formados com o conhecimento anterior e com as
informações que foram repassadas, desta junção subtraímos sujeitos que se
sensibilizaram com os acontecimentos diários das escolas, com uma diferença
significante, agora todos os participantes sejam da escola ou do GTR, sabem o que
pode e o que deve ser feito para auxiliar o aluno com sofrimento psíquico.

REFERENCIAS

ALBUQUERQUE, E. K. O olhar do educador para alunos com risco no


desenvolvimento psíquico. PDE - Universidade Federal do Paraná, p.11-12.
Curitiba, 2014.

ALVES, H. C. de O. Educação inclusiva de alunos com transtorno mental: uma


exclusão velada. 2015 . Disponível em http://www.portaleducacao.com.
br/pedagogia/artigos/67703/educacao-inclusiva-de-alunos-com-transtorno-mental-
uma-exclusao-velada. Acesso em: 5/6/2016.

BASSOLS, A. M. et al. Saúde mental na escola: uma abordagem multidisciplinar


Porto Alegre: Mediação, 2003. 2v.

CHERRY, K. As 5 fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud


Postado em 27, abril de 2016.
http://psicoativo.com/2016/04/as-5-fases-do-desenvolvimento-psicossexual-de-freud.html
Acesso em 04/08/2016.

BOARATI, M. Depressão na Adolescência – Postado em 17, janeiro de 2011.


http://www.viversaude.com.br/depressao-na-infancia-e-adolescencia/ Acesso em
03/07/2016.

BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Estratégias e


Orientações para Educação de Alunos com dificuldades Acentuadas de
Aprendizagem Associadas às Condutas Típicas. Brasília: MEC/SEESP, 2002.

ESTANISLAU, G. M.; BRESSAN, R. A. (Org). Saúde mental na escola: O que os


educadores devem saber. Porto Alegre: Artmed, 2014.

KOCH, A. S.; ROSA, D. D. Transtornos Mentais na Adolescência. ABC da Saúde


https://www.abcdasaude.com.br/profissional.php?568 – Acesso 22/04/2016.

LIRA, S. A. Saúde mental na educação especial: abordagem para educadores.


PDE - UEM, P.17-19. Loanda, 2011.

PORTAL EDUCAÇÃO. Inclusão escolar um desafio entre o ideal e o real. 2008.


Disponível em http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/ - Acesso em
06/06/2016.
PORTAL EDUCAÇÃO. Teoria de Sigmund Freud acerca do Desenvolvimento
Humano. Disponível em 2013.
https://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/26809/teoria-de-sigmund-freud-acerca-
do-desenvolvimento-humano - Acesso em 08/11/2016

RABELO, M. K. O. Saúde mental na escola: “Na experiência do diálogo


constitui-se entre mim e o outro um terreno comum”. Artigo. 2013. Acesso em
03/07/2016.
http://download.rj.gov.br/documentos/10112/1453344/DLFE-61901.pdf/ArtigoJulho2013.pdf

RIBEIRO, M. C. F. Teorias psicológicas do desenvolvimento – UNIP.


Universidade Paulista Interativa. 2011
http://unipvirtual.com.br/material/2011/licenciatura/teorias_psic_des/unid_1.pdf

SIQUEIRA, C. M.; GIANNETTI, J. G. Mau desempenho escolar: uma visão atual.


Belo Horizonte, MG. Revista Associação Medica Brasileira, 2011. (P. 80). Acesso em
06/06/2016.

SOARES, A. G. S. et al. Percepção de professores de escola pública sobre


saúde mental. Revista Saúde Pública vol.48 nº.6 São Paulo Dec. 2014
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004696 Artigos Originais. Acesso em
05/06/2016.

TEODORO, W. L. G. Depressão: corpo, mente e alma. Uberlândia –MG, 2010.


(p. 20-46- 47) ISBN: 978-85-61353-01-8. 3ª Edição.

Vous aimerez peut-être aussi