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MIGNOLO, Walter.

Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de


identidade em polit́ ica. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, liń gua e
identidade, Rio de Janeiro, N. 34, P. 287-324, 2008

Desobediência epistêmica: sem tomar essa medida e iniciar esse movimentos, não será
possível o desencadeamento espistêmico e, portanto, permaneceremos no domínio da
oposição interna aos conceitos modernos e eurocentrados, enraizados nas categorias
de conceitos gregos e latinos e nas experiências e subjetividades formadas dessas
bases, tanto teológicas quanto seculares. (p. 288)

I.

Não, não estou falando de “polit́ ica de identidade”, mas de “identidade em polit́ ica”. Não
há, pois, necessidade de argumentar que a polit́ ica de identidade se baseia na
suposição de que as identidades são aspectos essenciais dos individ ́ uos, que podem
levar à intolerância, e de que nas polit́ icas identitárias posições fundamentalistas são
sempre um perigo. (p. 289)

A identidade em polit́ ica é crucial para a opção descolonial, uma vez que, sem a
construção de teorias polit́ icas e a organização de ações polit́ icas fundamentadas em
identidades que foram alocadas por discursos imperiais, pode não ser possiv́ el
desnaturalizar a construção racial e imperial da identidade no mundo moderno em uma
economia capitalista. (p. 289)
A opção descolonial é epistêmica, ou seja, ela se desvincula dos fundamentos genuin ́ os
dos conceitos ocidentais e da acumulação de conhecimento. A opção descolonial
significa, entre outras coisas, aprender a desaprender, já que nossos cérebros tinham
sido programados pela razão imperial/ colonial. (p. 290)

Uma das realizações da razão imperial foi a de afirmar-se como uma identidade superior
ao construir construtos infe- riores (raciais, nacionais, religiosos, sexuais, de gênero), e
de expeli-los para fora da esfera normativa do “real”. (p. 291)

Concordo que hoje não há algo fora do sistema; mas há muitas exterioridades, quer
dizer, o exterior construído a partir do interior para limpar e manter seu espaço imperial.
É da exterioridade, das exterioridades pluriversais que circundam a modernidade
imperial ocidental (quer dizer, grego, latino, etc.), que as opções descoloniais se
reposicionaram e emergiram com força. (p. 291)
Na verdade, temos dois grupos de palavras-chave aqui: desenvolvimento, diferença e
nação e interculturalidade e descolonialidade. O primeiro grupo pertence ao ima ginário
da modernidade ocidental (nação, desenvolvimento) e pós-modernidade (diferença),
enquanto o segundo pertence ao imaginário descolonial. (p. 292 e 293)

II.

Hoje, a opção descolonial opera pelo mundo, além das crit́ icas que avançam
diariamente, na civilização capitalista e neoliberal. (p. 295)

Opções descoloniais estão mostrando que o caminho para o futuro não pode ser
construid ́ as e memórias da civilização ocidental e de seus aliados internos.
́ o das ruin
(p. 295)

Essa é a opção descolonial que alimenta o pensamento descolonial ao imaginar um


mundo no qual muitos mundos podem co-existir. (p. 296)
́ guas marginalizadas e denegridas, religiões e formas de pensar estão sendo re-
Lin
inscritas em confrontação com as categorias de pen- samento do ocidente. Pensamento
de fronteira ou epistmologia de fron- teira é uma das conseqüências e a said
́ a para
evitar tanto o fundamentalismo ocidental quanto o não-ocidental. (p. 297)

Ao ligar a descolonialidade com a identidade em polit́ ica, a opção descolonial revela a


identidade escondi- da sob a pretensão de teorias democráticas universais ao mesmo
tempo que constrói identidades racializadas que foram erigidas pela hegemonia das
categorias de pensamento, histórias e experiências do ocidente. (p. 297)

III.
A “consciência mestiça”, de Kusch. uma forma de substituir a geografia da razão e de
revelar a regionalidade da consciência sem qualificação porque se assume que é
universal. uma questão de sentir a fratura entre ser e estar; uma sensação de estar fora
do lugar. Assim, consciência mestiça é um conceito filosófico e não biológico. (p. 303)

Os conceitos na história da filosofia européia são mono-tópicos e universais, não pluri-


tópicos e pluri-versais. (p. 303)

A consciência mestiça é diversa e diversificada. (p. 304)

Descolonial significa pensar a partir da exterioridade e em uma posição epistêmica


subalterna vis-à-vis à hegemonia epistêmica que cria, constrói, erege um exterior a fim
de assegurar sua interioridade. (p. 304)

Oferecer o esboço de um modo de pensar americano (paralelo, co-existente e


sobreposto), e obviamente diferenciado do modo de pensar do ocidente. O conceito
chave aqui é estar ao invés de ser. (p. 306)

Descolonização, ou melhor, descolonialidade, significa ao mesmo tempo: a) desvelar a


lógica da colonialidade e da reprodução da matriz colonial do poder (que, é claro,
significa uma economia capitalista); e b) desconectar-se dos efeitos totalitários das
subjetividades e categorias de pensamento ocidentais (por exemplo, o bem sucedido e
progressivo sujeito e prisioneiro cego do consumismo). (p. 313)

“La versant de-colonial” (ou a opção descolonial) que está acontecendo em escala
global pela simples razão de que a lógica da colonialidade (ou seja, capitalismo,
formação de Estado, educação de universidade, informação e mid
́ ia como mercadoria,
etc.) tem e continua “nivelando o mundo”. (p. 315)

A interculturalidade deve ser entendida no contexto do pensamento e dos projetos


descoloniais. Ao contrário do multiculturalismo, que foi uma invenção do Estado-
nacional nos EUA para conceder “cultura” en- quanto mantém “epistemologia”, inter-
culturalidade nos Andes é um conceito introduzido por intelectuais indig ́ enas para
reivindicar direitos epistêmicos. A inter-cultura, na verdade, significa inter-epistemologia,
um diálogo intenso que é o diálogo do futuro entre cosmologia não ocidental (aymara,
afros, árabe-islâmicos, hindi, bambara, etc.) e ocidental (grego, latim, italiano, espanhol,
alemão, inglês, português). (p. 316)

IV.

Visão de modernidade não é definida como um perió do histórico do qual não podemos
escapar, mas sim como uma narrativa (por exemplo, a cosmologia) de um perio ́ do
histórico escrito por aqueles que perceberam que eles eram os reais protagonistas. (p.
316)
Hoje em dia, e num futuro previsiv́ el, a luta é para a obtenção de direitos epistêmicos, a
́ ios em que a economia, a polit́ ica e a educação estarão organizadas,
luta pelos princip
deliberadas e promulgadas. (p. 319)

O sistema comunitário, o poder não está localizado no Estado ou no proprietário


individual (ou corporativo), mas na comunidade. (p. 320)

O pensamento descolonial rejeita, desde o início, qualquer possibilidade de novos


resumos universais que irão subs- tituir os existentes (liberais e seus “neos”, marxista e
suas “neos”, cris- tãos e seus “neos”, ou islâmicos e seus “neos”). A era da abstração
“uni- versal” chegou ao fim. (p. 321)

A opção descolonial demanda ser epistemicamente desobediente. O caminho para o


futuro é e continuará a ser, a linha epistêmica, ou seja, a oferta do pensamento
descolonial como a opção dada pelas comunidades que foram privadas de suas “almas”
e que revelam ao seu modo de pensar e de saber. (p. 323) Ou seja, estamos
testemunhando um ato de desobediência epistêmica que afeta o estado e a economia.
(p. 324)

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