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DO CALVINISMO E DO
ARMINIANISMO
Jeverson Nascimento2
RESUMO
1
O artigo foi recebido em 22 de dezembro de 2017 e aprovado em 12 de abril de 2018
com base na avaliação dos pareceristas ad hoc.
2
Possui Licenciatura em Filosofia - Faculdades Entre Rios de Piauí (2016) e G
raduação em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2014). Mestre em
Teologia - Faculdades Batista do Paraná (2017). Atualmente é professor visitante do
Centro de Teologia de Santa Catarina. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase
em Práticas ministeriais, atuando principalmente nos seguintes temas: divergências e
convergências, Deus, métodos de interpretação bíblica, Bíblia sagrada e filosofia e teologia
prática.
Jeferson Nascimento 82
ABSTRACT
The present article has the objective of presenting reflections on the doctrinal differences
Calvinism (defended by Calvinism), and Arminian (from the point of view of
Arminianism), conceptualizing them, addressing the main doctrines that support these
theological lines, their divergences, their main followers and reflections on them.
Calvinism bears this name because of its forerunner John Calvin, and its main doctrines
are Total Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace and
Perseverance of the Saints. Already Arminianism was the name given to the theological
and doctrinal line coming from the followers of Jacob Arminius, whose main doctrines
are: Free Will, Conditional Predestination, Universal Atonement, Grace can be prevented
and Decay of Grace. The divergences between these two lines theological doctrines
circulate between these main doctrines presented and in the conceptualization of each of
them. It is concluded that both Calvinism and Arminianism constitute two theological
systems that attempt to explain the relationship between God’s sovereignty and human
responsibility for salvation and that both are based on biblical texts, a fact that has
generated divergences since 1610 and still reflects in the Christian life of society.
INTRODUÇÃO
3
BERKHOF, Louis. A história das doutrinas cristãs. São Paulo: Publicações Evangé-
licas Selecionadas, 1992. p. 10.
4
SILVESTRE, Armando. Calvino: o potencial revolucionário de um pensamento. São
Paulo: Vida, 2009. p. 16.
5
SILVESTRE, 2009, p. 7.
6
SILVESTRE, 2009, p. 18.
7
SILVESTRE, 2009, p. 7-8.
8
SILVESTRE, 2009. p. 10.
9
FEINBERG, John. et al. Predestinação e livre-arbítrio. 3. ed. São Paulo: Mundo
Cristão, 2000. p. 14.
10
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994. p. 10.
11
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Atos 13: 48. Revista e atualizada no
Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
12
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Efésios 1:11. Revista e atualizada
no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
13
DELFSTRA, Gerrit. A doutrina da predestinação de Calvino até Armínio. Monografia
apresentada para o Mestrado em Teologia, 1984. p. 21.
14
HANKO, Herman. João Calvino: O reformador suíço. Disponível em: <http://
monergismo.com/herman-hanko/joao-calvino-o-reformador-suico/>. Acesso em: 19 dez.
2017. p. 2.
15
HANKO, 2017, p. 3.
16
GEORGE, 1994, p. 21.
17
HANKO, 2017. p. 3.
18
DUDUS, Gérson. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994. p. 39.
Ao contrário do que muitos pensam, não foi João Calvino quem escreveu
“Os Cinco Pontos do Calvinismo”. No entanto, a pergunta que se faz é: se não
foi Calvino, quem foi então? Estes cinco pontos foram formulados pelo Sínodo
de Dort. Portanto, é incorreto afirmar que João Calvino é o autor destes cinco
pontos, porque na verdade, a afirmação correta é que estes “pontos” foram
fundamentados tão somente nas doutrinas ensinadas por ele. Aliás, este sistema
doutrinário, se assim podemos chamá-lo, foi elaborado somente 54 anos após
a morte do grande reformador que viveu de 1509 a 1564.24
Entre os principais discípulos de Calvino, estão Teodoro de Beza
(1519 – 1605 – teólogo protestante francês que desempenhou um papel
importante no início da Reforma Protestante), Zacharias Ursinus (1534 –
1583 – teólogo, pregador e reformador alemão), Ashbel Green Simonton
(1833 – 1867 – fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil), e José Manoel
da Conceição (1822 – 1873 – primeiro pastor evangélico do Brasil).25
24
CALVINO, 2006. p. 59.
25
HANKO, 2017. p. 4.
26
DELFSTRA, 1984, p. 39.
27
DELFSTRA, 1984, p. 41.
28
DELFSTRA, 1984. p. 41- 42.
29
FEINBERG, 2000, p. 22.
30
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. João 3:16. Revista e atualizada no
Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
31
OLSON, Roger. Teologia arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Reflexão, 1992. p. 86.
e negava que Deus tem algum plano. Armínio dedicou-se com afinco ao
estudo das doutrinas calvinistas, a fim de combater mais eficazmente as
ideias pelagianas. Entretanto, o calvinista Armínio surpreendentemente
chegou à conclusão de que o calvinismo estava errado, e passou a defender
a posição que vinha atacando. Simon Episcopius (1583-1643) é quem
sistematizou o arminianismo.32
Feinberg conta que, em 1610, após a morte de Arminius, quarenta e
quatro pregadores da igreja reformada da Holanda escreveram cinco artigos
contra a radicalidade da doutrina da predestinação: Deus destinou para a
bem-aventurança aqueles que creem; Cristo morreu por todos; A fé
salvadora não advém da livre vontade humana, mas de Deus; Esta graça
não é irresistível; e Fica aberta a questão se os cristãos podem novamente
decair. Estes arminianos foram chamados de Remonstrantes. O armianismo
pode ser representado pelo acrônimo FACTS:
• Freed by Grace (to Believe) – Livre pela graça (sustenta que o
homem é dotado de vontade livre e que a graça é resistível);
• Atonement for All – Expiação para Todos (a morte de Cristo
oferece a Deus base para salvar a todos os homens, contudo, cada
homem deve exercer sua livre vontade para aceitar a Cristo);
• Conditional Election – Eleição Condicional (a eleição baseada
no pré-conhecimento de Deus em relação àquele que deve crer);
• Total Depravity – Depravação Total (O homem é tão depravado
que a graça divina é necessária para a fé ou para qualquer boa
obra);
• Security in Christ – Segurança em Cristo (Cristo morreu por todos
e cada um dos homens, embora só os crentes sejam salvos).33
32
FEINBERG, 2000, p. 24.
33
FEINBERG, 2000, p. 35.
34
OLSON, 1992, p. 88.
35
CULTURA CRISTÃ. Os cânones de Dort. 3. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2016. p. 63.
36
HORTON, Michael. Calvino e a vida cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2017. p. 101.
37
HORTON, 2017, p. 103.
38
HORTON, 2017, p. 104.
39
BERKHOF, 1992, p. 19.
40
BERKHOF, 1992, p. 20.
41
HORTON, 2017, p. 104.
42
OLSON, 1992, p. 91.
a) Comparação do Ponto 1
b) Comparação do Ponto 2
43
DELFSTRA, 1984, p. 41-44.
44
GEORGE, 1994, p. 65.
45
GEORGE, 1994, p. 67.
46
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Romanos 16:27. Revista e atualiza-
da no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
47
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Romanos 16:27. Revista e atualiza-
da no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. II Coríntios 4:6.
48
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Romanos 16:27. Revista e atualiza-
da no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. I Pedro 5:10.
49
TILLICH, Paul. Teologia sistemática. São Paulo: Paulinas; São Leopoldo: Sinodal,
1984. p. 70.
50
TILLICH, 1984, p. 71.
51
TILLICH, 1984, p. 72.
52
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
53
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Salmos 33:12.
54
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Mateus 11:27.
55
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Mateus 22:14.
56
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Lucas 18:7. Revista e atualizada no
Brasil. 2 ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
57
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Romanos
8:28.
58
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Romanos
8:29-30.
59
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Romanos 8:33.
60
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Colossenses
3:12.
61
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e atua-
lizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. I Tessalonicenses 5:9.
62
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. I Pedro 2:9.
63
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Apocalipse
17:14.
Deus fez a escolha: “Mas nós devemos sempre dar graças a Deus
por vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o
princípio para a santificação do espírito e a fé na verdade”.64
Segundo Tillich, a eleição não é a salvação, mas é para a salvação.
Assim como o presidente eleito não se torna o presidente de fato até o dia
da sua posse (instalação), assim aqueles que são eleitos para a salvação
não são salvos até que sejam regenerados pelo Espírito e justificados pela
fé em Cristo.65
Paulo mostra que os homens foram eleitos “em Cristo” antes que o
mundo existisse.66
Tillich (1984), afirma que a eleição foi baseada na misericórdia
soberana e especial de Deus. Não foi a vontade do homem, mas a vontade
de Deus que determinou que pecadores seriam salvos da misericórdia e ser
salvos. As Escrituras não apenas ensinam que Deus predestinou certos
indivíduos para a vida eterna, mas que todos os eventos, grandes ou
pequenos, acontecem como o resultado do eterno decreto de Deus. O Senhor
Deus reina sobre os céus e a terra com absoluto controle. Nada acontece
fora do Seu eterno propósito.67
A exposição agostiniana da graça, por exemplo, desemboca na
doutrina da eleição. Agostinho cria que aquilo que Deus faz na história do
homem pecador que é regenerado, é na verdade algo que o Senhor já havia
decretado na eternidade. Sendo assim, a eleição só pode ser incondicional,
pois se Deus escolhesse o homem tendo por base o conhecimento que tais
64
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Deuteronômio 10:14-15. Revista e
atualizada no Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. II
Tessalonicenses 2:13.
65
TILLICH, 1984, p. 67.
66
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada. Efésios 1:4. Revista e atualizada no
Brasil. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
67
TILLICH, 1984, p. 69.
c) Comparação do Ponto 3
68
BERKHOF, 1992, p. 81.
d) Comparação do Ponto 4
e) Comparação do Ponto 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
expiação universal, afirmando que Cristo morreu por todos. Por outro lado,
a partir do mesmo texto, a doutrina calvinista afirma que o mundo aponta
para os eleitos.
Por fim, conclui-se que é dever do cristão examinar as Escrituras e
buscar aquilo o que elas trazem. Nem sempre as respostas podem coadunar-
se a um sistema teológico previamente estabelecido. Faz-se necessário estar
aberto ao diálogo e às considerações diferentes, pois na mesma Bíblia,
dependendo da abordagem, pressupostos, espaço-tempo e subjetivismo,
podem surgir diferentes interpretações. Não é aconselhável considerar o
diferente errado, mas apenas diferente, aprendendo a viver e conviver
fraternalmente buscando o alvo que é viver Cristo e fazê-lo conhecido.
REFERÊNCIAS