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ARTIGO DE REVISÃO

Efeitos secundários potencialmente desejáveis


dos anestésicos locais
Potentially desirable secondary effects of local anesthetics

Estela Maris Freitas Muri1, Maria Matilde de Mello Sposito2, Leonardo Metsavaht3

RESUMO
Apesar do uso dos anestésicos locais (ALs) ter a finalidade principal de Palavras-chave: Anestésicos Locais/farmacologia, Canais de Sódio,
produzir bloqueios nervosos pela inibição dos canais de Na+, a literatura Literatura de Revisão como Assunto
tem mostrado que esses agentes podem ter ações farmacológicas
adicionais, afetando também, os canais de potássio e de cálcio e agindo
em mecanismos intracelulares. Os ALs podem, além de causar anestesia,
agir diretamente sobre outros receptores e suas vias de sinalização que
estão envolvidos nos processos de inflamação, ativação plaquetária,
nocicepção, dor periférica e arritmias, dentre outras, buscando cada
vez mais, uma melhor eficácia e segurança clínica, além de novas e
potencialmente úteis propriedades para os ALs. Assim, o objetivo deste
estudo foi pesquisar em literatura científica e descrever uma revisão da
farmacologia e dos efeitos adicionais potencialmente desejáveis dos
principais anestésicos locais usados na clínica médica.

ABSTRACT
Despite the use of local anesthetics (LAs) having the primary purpose of Keywords: Anesthetics, Local/pharmacology, Sodium Channels,
producing nerve blockages by the inhibition of Na+ channels, the literature Review Literature as Topic
has shown that these agents may have additional pharmacological
actions, also affecting the potassium and calcium channels and acting
on intracellular mechanisms. Besides causing anesthesia, the LAs may
act directly on other receptors and their signaling pathways which are
involved in processes of inflammation, platelet activation, nociception,
peripheral pain and arrhythmias, among others, increasingly seeking
better clinical efficacy and safety, in addition to new and potentially
useful properties for the LAs. Therefore, the aim of this study is to search
the scientific literature and review the pharmacology and the additional
potentially desirable effects of the LAs used in medical clinic.

1 Farmacêutica, Professora e Pesquisadora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense.


2M édica Fisiatra, Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Coordenadora de Ensino e Pesquisa do Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde.
3 Médico Ortopedista e Fisiatra, CSO do Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA


Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde • Dr. Leonardo Metsavaht • Rua Visconde de Pirajá, 407/307 • Rio de Janeiro / RJ • Cep 22410-003

« Recebido em de 22 de Dezembro de 2009, aceito em 28 de Janeiro de 2010 »


Muri EMF, Sposito MMM, Metsavaht L.
ACTA FISIATR. 2010; 17(1): 28 – 33 Efeitos secundários potencialmente desejáveis dos anestésicos locais

Medline, base Bireme (Biblioteca Virtual em O uso de formulações tópicas de ALs pode
saúde), Scopus e Cochrane Library, além de li- ser uma alternativa eficaz para sistemas de li-
INTRODUÇÃO vros didáticos. Todos os anos disponíveis foram beração sistêmica no tratamento da dor crôni-
O primeiro anestésico local (AL), descoberto pesquisados, sendo usadas as seguintes palavras- ca. Tais formulações são amplamente usadas
por acaso, foi a cocaína no século XIX. A co- chave e frases relevantes: Local anesthetics, side como anestésicos tópicos em pequenos pro-
caína foi primeiramente isolada em 1860 por effects of local anesthetics, secondary effects of cessos cirúrgicos e no tratamento da neuralgia
Albert Niemann. Depois Sigmund Freud es- LAs, lidocaine, procaine, bupivacaine, ropivacai- pós-herpética (NPH), principalmente em ido-
tudou suas ações fisiológicas e Carl Koller in- ne, uses for local anesthetics. sos os quais são mais susceptíveis as reações
troduziu a cocaína na pratica clínica, em 1884, adversas sistêmicas.11,12
como um anestésico de uso tópico em cirur- Efeitos indesejados dos ALs Vários trabalhos descrevem a eficácia do
gias oftalmológicas. Devido a sua toxicidade Os ALs interferem com a função de vários órgãos uso tópico de adesivos de lidocaína 5% no tra-
e propriedades aditivas, iniciou-se a pesquisa nos quais ocorrem a transmissão do impulso tamento da NPH. O mecanismo de ação pro-
para a descoberta de substituintes sintéticos nervoso. Os principais efeitos tóxicos dos ALs posto para a lidocaína consiste na redução da
da cocaína, resultando na síntese da procaína, são decorrentes de sua absorção sistêmica, após geração e condução dos impulsos periféricos
a qual se tornou o protótipo para os ALs por administração regional, e pode levar à neuroto- da dor através do bloqueio dos canais de Na+
aproximadamente meio século. Em 1943, a xicidade e/ou cardiotoxicidade. Os ALs podem dos nociceptores lesados situados diretamente
lidocaína foi sintetizada originando, assim, a causar estímulo do SNC, produzindo agitação, abaixo do sítio de aplicação.12-14
classe das aminoamidas.1 nervosismo e tremor. Altas concentrações po- A síndrome complexa da dor regional
O mecanismo de ação dos ALs está ligado dem provocar depressão do SNC e insuficiência (SCDR) pode ser tratada com o bloqueio re-
ao bloqueio reversível dos canais de Na+ de- respiratória, levando à morte. A toxicidade cardí- gional anestésico para promover analgesia e
pendentes da voltagem, impedindo o influxo aca é caracterizada pela redução da excitabilidade possibilitar a medicina física e reabilitação. O
de Na+ necessário para início e propagação dos elétrica, condução, força e contração do miocár- bloqueio simpático pelo uso da lidocaína en-
potenciais de ação, mantendo a célula em es- dio. Os ALs deprimem as contrações intestinais e dovenosa que, atuando no fenômeno de wind
tado de repouso. A anestesia local atua parali- também relaxam o músculo liso vascular e bron- up, auxilia na dessensibilização do segmento
sando as terminações nervosas sensitivas peri- quial. Eles também afetam a transmissão na jun- acometido, tem sido utilizado a bastante tem-
féricas, ou então, interrompendo a transmissão ção neuromuscular. Assim, o risco de toxicidade po no tratamento da SCDR.15
da sensibilidade à dor entre terminações (no- pode ser minimizado de acordo com as seguintes A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é
ciceptores) e o encéfalo. Esses agentes podem premissas: i) usar a menor concentração possível, uma das causas mais comuns de dor múscu-
afetar também, os canais de potássio e de cál- se necessário diluir; ii) evitar injeção direta no lo-esquelética. Um estudo foi realizado para
cio e agir em mecanismos intracelulares.2 espaço intravascular; iii) usar epinefrina para re- comparar os efeitos de adesivos de lidocaína,
Os ALs, em geral, são bases fracas, com duzir a absorção do AL pela corrente sanguínea placebo e infiltração de bupivacaína 0,5% so-
valores de pka em torno de 8-9, por isso estão e prolongar os efeitos anestésicos. iv) modificar bre os sintomas da SDM, em termos de dor, in-
parcialmente ionizados no pH fisiológico. Eles a dosagem para pacientes com maiores riscos de capacidade e hipersensibilidade tecidual local.
apresentam em sua estrutura uma ligação éster toxicidade sistêmica.1,7,4 Todos os sintomas foram aliviados com o uso
ou amida, a qual leva a uma maior ou menor dos adesivos de lidocaína e infiltração de bupi-
susceptibilidade à hidrólise metabólica. As dro- Lidocaína (Xilocaína, Lignocaína) vacaína em comparação ao placebo, enfatizan-
gas contendo a função éster, por exemplo, a pro- A lidocaína representa o AL protótipo da clas- do uma terapia preferencial com os adesivos
caína, são normalmente inativadas no plasma se das amidas. Produz anestesia mais rápida de lidocaína em pacientes cujo desconforto
ou tecidos por estearases.3 As drogas contendo e intensa comparada a igual concentração de causado pela infiltração seria particularmente
a função amida são mais estáveis e geralmente procaína. Suas ações simpaticolíticas somadas grande.16 Sabe-se também que a lidocaína é ca-
possuem tempo de meia-vida maior.4,5 a sua ação anestésica podem substituir a proca- paz de controlar a dor, muitas vezes lancinante,
As características desejáveis para uma mo- ína nos pacientes que tenham contra-indicação nas contraturas musculares das dorsalgias.17
lécula anestésica incluem, além de longa du- com os derivados do grupo do ácido p-amino- A injeção nos tecidos moles com corticos-
ração de ação reversível e da seletividade para benzóico (PABA) ou ésteres, mas é 50% me- teróides e anestésicos locais pode propiciar alí-
o bloqueio sensorial em relação ao bloqueio nos vasodilatadora que a procaína. Não deve vio da lombalgia crônica associada a síndrome
motor, a diminuição da toxicidade local e/ou ser utilizada em casos de hipersensibilidade ao miofascial ou fibromialgia.18 Um ensaio clínico
sistêmica. Além disso, não deve ser irritante grupo amida, em pacientes com transtornos com 25 pacientes foi realizado com o objetivo
aos tecidos e também não causar lesão perma- neurológicos, cardíacos, hepático e com hiper de demonstrar os resultados iniciais obtidos,
nente às estruturas nervosas.6 ou hipotensão arterial severa. utilizando-se a técnica de injeção de pontos de
Nas últimas décadas novos estudos têm reve- Os ALs, em baixas concentrações, são gatilho com lidocaína 1%, sem vasoconstritor,
lado outros efeitos potencialmente desejáveis dos capazes de suprimir a descarga espontânea no tratamento da dor lombar crônica de ori-
ALs, além do efeito anestésico, mostrando um fu- em neurônios sensoriais responsável pela dor gem miofascial. Os resultados confirmaram a
turo promissor para essa classe de compostos. neuropática. Assim, eles têm sido longamente efetividade da técnica nas algias lombares crô-
usados para analgesia na neuropatia diabética, nicas que se mostraram resistentes às outras
neuralgias, lesões periféricas de nervos e dis- formas de tratamento, enfatizando a inativação
trofia simpática reflexa. Entretanto, apesar da dos pontos de gatilho como uma modalidade
MÉTODO sua eficácia no tratamento da dor, ALs sistê- terapêutica eficiente.19
A estratégia de busca bibliográfica foi realizada micos têm seu uso limitado pelas suas reações O creme EMLA (lidocaína 2,5% + priloca-
utilizando as seguintes bases de dados: Pubmed, adversas no sistema nervoso central.8,9, ína 2,5%) é uma das formulações tópicas mais

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conhecidas contendo lidocaína. Ele fornece para situações onde há necessidade de intuba- podendo ser encontrada no músculo em até
benefício máximo depois de aplicado com um ção traqueal rápida. Nesse estudo, a lidocaína cinco dias após a injeção. A presença da pro-
curativo oclusivo, para melhorar a absorção, em administrada previamente ao rocurônio não caína também torna a injeção menos dolorosa
30-60 minutos. EMLA é muito utilizado em foi capaz de encurtar o início de ação deste devido ao seu efeito anestésico.42,43
anestesia da pele para pequenos procedimentos BNM, porém prolongou sua duração farmaco- A infiltração com procaína 0,5% é um re-
vasculares e tratamentos a laser superficial.20,21 lógica sem prolongar o tempo para a recupera- curso terapêutico eficiente na SDM. O uso
O creme ELA-Max, comercializado no ção completa da função neuromuscular. da procaína se justifica pela vantagem de se
Brasil com o nome de Dermomax (lidocaína Uma alternativa para o uso da lidocaína conseguir um efeito rápido e pela sua menor
4%), também é uma formulação tópica bas- baseia-se em seus efeitos neuroprotetores em toxicidade muscular local. Também a baixa
tante utilizada no alívio temporário da dor casos de isquemia cerebral.32 Lei et al33,34 estu- concentração do anestésico reduz o risco de
associada a pequenos cortes que atingem so- daram os efeitos neuroprotetores de pequenas reações adversas sistêmicas.44,45
mente a epiderme, pequenas queimaduras (1º doses (10μmol/L) de lidocaína em um mode- Jin et al descreveram um trabalho sobre o
grau), irritações e picadas de insetos. Também lo de isquemia cerebral em ratos e concluíram desenvolvimento de novas formulações de pro-
é usado antes de procedimentos como veno- que o pré-tratamento com o AL reduziu signi- caína em gel com propriedades bioadesivas ade-
punção, injeções intradérmicas, subcutâneas ficantemente tamanho da necrose isquêmica, quadas. Foram estudados diferentes potenciali-
ou intramusculares ou tratamento da pele a melhorou os resultados neurológicos e inibiu a zadores da permeabilidade, tais como, os glicóis
laser. É um anestésico tópico com uma tecno- perda de peso pós-isquêmica. Apesar dos bons e os surfactantes não-iônicos, na tentativa de
logia que potencializa a absorção do produto resultados em modelos animais, testes em hu- otimizar a velocidade de permeabilidade através
na pele e promove rápido início de ação, com manos são ainda necessários para futura inclu- da pele. O gel de procaína contendo oleil éter de
efeito prolongado. O medicamento possibilita são na prática clínica. polioxietileno apresentou o dobro da atividade
a dispersão das substâncias ativas graças às es- A lidocaína, dentre outras drogas antiinfla- analgésica comparado ao controle, enfatizando
feras fosfolipídicas de múltiplas camadas, que matórias e anticoagulantes testadas, apresen- a eficácia do uso de potencializadores em for-
imitam os lipídeos cutâneos e incorporam-se tou melhores resultados quanto a diminuição mulações bioadesivas de gel de ALs.46
ao extrato córneo da pele.22,23 da incidência da doença da descompressão A procaína e seus derivados também têm
Uma outra forma farmacêutica usada no tra- neurológica em um teste com ratos, tendo uma sido estudados com agentes anticâncer agin-
tamento da NPH consiste no uso de spray dose- melhor chance de sucesso em uma terapia ad- do pela inibição da DNA metiltransferase e
mensurada de lidocaína 8% (Xylocaine pump juvante para esta doença.35 inibindo o crescimento de células cancerí-
spray®, XPS). Testes clínicos randomizados, Vários estudos mostram que o uso de in- genas de mama. Vários trabalhos têm enfati-
duplo-cegos, controlados por placebo foram fusão intravenosa de lidocaína diminui o tem- zado a procaína como um promissor agente
realizados em pacientes com NPH, sendo que po de estadia hospitalar, melhora a analgesia para uma futura terapia anticâncer baseada na
79% dos mesmos mostraram-se satisfeitos com e a motilidade gastrointestinal pós-operatória epigenética.47-49 O cloridrato de procaína tem
a terapia, devido a imediata analgesia, falta de (íleo pós-operatório). A ação antiinflamatória demonstrado aumentar a atividade antitumo-
reações adversas sistêmicas e conveniência do da lidocaína pode ser o mecanismo potencial ral bem como reduzir a nefro e hemotoxicida-
uso do spray.24 O mesmo spray de lidocaína foi responsável por esses efeitos benéficos.36,37 de da cisplatina, uma droga bastante utilizada
usado com sucesso em um teste clínico no trata- Os ALs também apresentam atividade an- no tratamento de carcinomas de ovário e testí-
mento da neuropatia periférica pós-traumática, tiviral descrita em vários trabalhos. Um estudo culo, em testes com ratos. Os efeitos protetores
resultando em uma redução da escala análoga duplo-cego controlado por placebo em pacien- e potencializadores da procaína e seus meta-
visual para a dor contínua.25 tes com vírus herpes simplex apresentou bons bólitos podem ser atribuídos aos seus efeitos
Drogas antiarrítmicas constituem a princi- resultados com a aplicação tópica de um cre- diretos e indiretos sobre a farmacocinética e
pal terapia para a supressão da fibrilação atrial. me de lidocaína/prilocaína. Esse tratamento farmacodinâmica da cisplatina.50 A atividade
A classe I desses agentes antiarrítmicos são, ge- resultou em redução de 50% dos sintomas e antitumoral de um complexo cloridrato de
ralmente, anestésicos locais, que agem sobre as erupções resultantes da infecção viral.38,39 platina (DPR) formado entre a procaína e a
membranas do nervo e miocárdio por redução cisplatina também é descrita. Este estudo suge-
na condução inibindo a fase zero do potencial Procaína (Novocaína) re que o DPR age pela indução da apoptose e
de ação. A lidocaína intravenosa é especifica- A procaína foi o primeiro AL sintético inje- apresenta um mecanismo de ação seletivo con-
mente indicada nas arritmias ventriculares rela- tável introduzido em 1905. Hoje em dia só é tra dois tipos de tumores, o neurobastoma e o
cionadas com isquemia miocárdica.26,27 Os rea- utilizada em infiltrações de partes moles, blo- SCLC (small-cell lung cancer). O DPR, apesar
ções adversas incluem as propriedades eméticas queio de pontos de gatilho e mesoterapia. A de ser um composto de platina monofuncio-
e convulsivantes que envolvem predominante- procaína pode ser usada como um AL alter- nal, é capaz de formar um aducto bifuncional
mente o SNC e coração.28 nativo para casos de reações alérgicas aos ALs pela liberação do resíduo de procaína.51,52
Diversos estudos demonstraram a inte- do grupo amida.40,41 A procaína, quando em uma mistura com
ração sinérgica dos anestésicos locais com os A procaína é utilizada nas preparações outros medicamentos, diminui a absorção vas-
bloqueadores neuromusculares (BNM) in vi- de penicilina G, pois o pico de concentração cular e aumenta o tempo de ½ vida, permitin-
tro e in vivo por via venosa e peridural.29,30 A plasmática desta, após injeção intramuscular, do uma difusão rápida, completa e prolongada
associação de um BNM e um anestésico local declina rapidamente devido ao seu tempo de dos medicamentos, apesar da sua potência
resulta em potencialização dos efeitos bloque- meia-vida que é de 30 min. A penicilina G pro- anestésica ser cinco vezes menor que a da lido-
adores neuromusculares. Cardoso et al31 des- caína libera lentamente a penicilina G a partir caína e seu tempo de ação ser bastante curto.
creveram os efeitos da lidocaína sobre a farma- do local de injeção e produz concentrações Admitindo-se que a eficácia de um produto so-
codinâmica do rocurônio, um BNM indicado baixas, mas contínuas do antibiótico no corpo, bre uma patologia local seja função de seu tem-

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po de presença perto da lesão, a procaína pode analgesia intra-operatória e aumentar a duração alternativa à bupivacaína e, por ser um com-
ser considerada como um vetor terapêutico do bloqueio sensorial e motor. Ela potencializa posto isomericamente puro, parece apresentar
eficaz. Ela é muito menos tóxica que a maio- os efeitos dos opióides e dos ALs, atuando nos menos efeitos cardiotóxicos e sobre o SNC,75
ria das lidocaínas.53 Todas essas características receptores acoplados aos canais de K+, aumen- sendo útil na administração epidural, infiltra-
provavelmente fazem da procaína uma droga tando a condutância extracelular do K+.66,67 ção e alívio da dor pós-operatória.76,77
atrativa no método mesoterápico.17,54 Um estudo objetivando diferenciar a efi- Apesar do uso dos ALs ter a finalidade de
cácia das propriedades analgésicas da levobu- produzir bloqueios nervosos pela inibição dos
Bupivacaína (Marcaína, pivacaína sozinha ou em combinação com a canais de Na+, torna-se claro que esses agentes
Sensorcaína) clonidina,68 quando administradas como uma podem ter ações terapêuticas adicionais, afe-
A bupivacaína está disponível para uso clínico infusão epidural, foi realizado para o tratamen- tando também, os canais de potássio e de cál-
em sua forma racêmica de enantiômeros. O to da dor pós-operatória em pacientes que cio e agindo em mecanismos intracelulares.2,78
enantiômero S, a levobupivacaína (Chirocaí- sofreram substituição completa dos quadris. O uso da anestesia e analgesia peridural
na), é menos cardiotóxica e parece apresentar A terapia em combinação das duas drogas foi está associado à significativa redução da inci-
menor potência anestésica. O uso da levobu- bem tolerada e apresentou melhor analgesia dência de trombose venosa profunda (TVP)
pivacaína é descrito para anestesias epidural, comparada ao uso do AL sozinho.69 e tromboembolismo pulmonar (TEP) após
caudal e espinhal, também em bloqueios ner- Levando-se em conta que um AL deve cirurgia ortopédica ou urológica. A anestesia
vosos periféricos, para anestesia oftálmica e apresentar como características desejáveis peridural exerce efeitos protetores sobre o
dentária, em diferentes indicações pediátricas uma longa duração de ação, seletividade e bai- sistema da coagulação ao prevenir o estado de
e anestesia regional intravenosa.55 xa toxicidade local e/ou sistêmica, uma alter- hipercoagulabilidade perioperatória.79 Höne-
Os ALs mais amplamente utilizados na tera- nativa que atualmente tem se mostrado capaz mann et al demonstraram a inibição da via de
pia da dor aguda e crônica são os do tipo amino- de promover estes efeitos é a liberação modi- sinalização da tromboxana A2 (TXA2) com o
amida. A bupivacaína é um potente anestésico ficada, através de formação de complexos de uso da ropivacaína, bupivacaína e lidocaína,
capaz de produzir anestesia prolongada. Essa inclusão com ciclodextrinas ou lipossomas.70,71 em modelo recombinante, com interferência
característica, mais a sua tendência de fornecer Moraes et al71 descreveram um trabalho sobre sobre a agregação plaquetária, o que pode ex-
um bloqueio sensorial maior que motor, fez da a formação de complexos de inclusão de levo- plicar, em parte, as ações antitrombóticas da
mesma uma droga popular para analgesia pro- bupivacaína com ciclodextrinas, enfatizando a analgesia peridural e infusão venosa de AL.79,80
longada no período pós-operatório.42,56 liberação e caracterização desses complexos. Os ALs têm também apresentado ações
Diversos autores descrevem a redução Esse trabalho mostrou que a complexação do antiinflamatórias influenciando várias funções
substancial da dor pós-operatória após colecis- AL causou mudanças nas propriedades do fár- celulares como fagocitose e produção de supe-
tectomia laparoscópica com o uso de anestesia maco, como aumento de solubilidade e modi- róxido, as quais são relevantes nos processos
local intraperitoneal.57-59 Em um desses testes ficação no perfil de liberação. inflamatórios.39 Nesse contexto, o trabalho
clínicos, levobupivacaína 0,5% foi administra- A bupivacaína forma estruturas estáveis realizado por Blumenthal et al81 descreveram
da em pacientes pós-cirúrgicos, resultando em com plasmídeos de DNA encapsulados com os efeitos antiinflamatórios de doses baixas e
diminuição significativa da dor e necessidade lipossomas. Dentro dessas estruturas o DNA clinicamente relevantes de ropivacaína sobre
do uso de opióides, enfatizando a eficácia e se- é protegido da degradação pela nuclease. A os neutrófilos e células pulmonares endoteliais
gurança da técnica.59 administração intramuscular e intradérmica e epiteliais in vitro e in vivo.
Anestésicos locais podem ser usados intra- de misturas de DNA e bupivacaína gera uma A administração intravenosa de ALs é des-
articularmente para a prevenção da dor após melhor resposta imune quando comparada ao crita para pacientes com hiper-reatividade bron-
cirurgia artroscópica de joelho, em uma terapia uso do DNA sozinho. O complexo bupivacaí- quial como método para suavizar a broncocons-
de analgesia preemptiva, a qual permite atenu- na-DNA serve como um sistema de liberação trição durante intubação traqueal. Groeben et
ar ou prevenir o desenvolvimento da sensibi- de DNA em vacinas e terapia genética.72,73 al concluíram que a lidocaína e a ropivacaína
lização central induzida pela cirurgia.60,61 En- Alguns ALs, incluindo a lidocaína, tetraca- atenuaram significantemente o broncoespasmo
tretanto, a duração da analgesia fornecida por ína, prilocaína e bupivacaína, têm a capacidade induzido por histamina, enfatizando que outras
estes anestésicos é curta e os pacientes podem de inibir o crescimento da Candida albicans. propriedades dos ALs, além do efeito anestésico
necessitar de uma analgesia com opióides.62 El- Um estudo com a lidocaína e bupivacaína somente, foram responsáveis pela atenuação da
sharnouby et al 63estudaram a influência da adi- mostrou que esses agentes apresentaram ação hiper-reatividade bronquial.82,83
ção de sulfato de magnésio, um antagonista de fungistática em pequenas concentrações de- Alguns estudos sugerem uma atividade
receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA). vido ao dano metabólico do fungo, enquanto microbiana para os ALs contra um grande es-
na injeção intra-articular de bupivacaína em que, em maiores concentrações, apresentaram pectro de patógenos humanos. O mecanismo
pacientes pós-cirúrgicos, na tentativa de me- ação fungicida devido a danificação direta da de ação para a atividade anti-bacteriana ainda
lhorar e prolongar a analgesia causada por este membrana citoplasmática.74 não está totalmente esclarecido, mas acredi-
anestésico local. Sabe-se que os receptores de ta-se que essa atividade se deva à um rom-
NMDA localizados nas vias da dor periférica Ropivacaína (Naropin) pimento da membrana celular, levando ao
e visceral têm importante papel na nocicepção. A ropivacaína e a levobupivacaína são dois ALs extravasamento dos componentes celulares
Esse estudo revelou uma melhor analgesia pós- de longa ação introduzidos recentemente no e conseqüente morte da célula.84,85 Os efeitos
operatória com a terapia bupivacaína-sulfato mercado. A ropivacaína possui início de ação anti-bacterianos não dependem somente do
de magnésio em comparação ao placebo.65 moderada, longa duração, bloqueio da condu- comprimento da cadeia alquílica do AL, mas
A clonidina, um agonista α2 adrenérgico, é ção e separação significante entre o bloqueio também da configuração química do com-
adicionada aos ALs intratecal para melhorar a sensorial e motor. Foi desenvolvida como uma posto, apresentando uma maior potência para

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