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PROPOSTA DE ANTROPOLOGIA

PALAVRAS-CHAVE: CONSUMO, COLECIONAVEIS, COMPORTAMENTO,


SIMBÓLICO, RITUAL
Possíveis referências: Douglas, Dumont, Sahlins e Turner
Perguntas:
É possível falar no colecionismo como um ritual?

Estruturado sob o intuito de compreender as dimensões do potencial


simbólico do consumo colecionista segundo área de comportamento, este
trabalho recorreu ao método quantitativo de pesquisa e técnicas estatísticas por
meio da elaboração de um questionário anônimo, através da plataforma Google,
passível de ser respondido por todos aqueles que se auto intitulam
colecionadores. Para a elaboração de uma análise coerente, foi usado como
principal referencial teórico o livro “Uso Dos Bens”, da antropóloga Mary Douglas,
bem como publicações mais recentes na revista de antropologia no que diz
respeito ao comportamento ritualístico na contemporaneidade.

Desde os primeiros questionamentos que motivaram a elaboração deste estudo, a


relação entre ciclos de vida e práticas de colecionismo carecia de uma investigação
empírica. Buscou-se realizar tal investigação, de forma exploratória, realizando
entrevistas com colecionadores, institucionalizados ou não, através de uma rede de
contatos com ex-alunos e orientandos.16 Solicitou-se aos mesmos que identificassem e
entrevistassem colecionadores em suas redes de sociabilidade, seguindo um roteiro
semiestruturado de questões. Simultaneamente, procedeu-se a uma coleta de
depoimentos e informações em sítios na web, utilizando-se da ferramenta de busca da
plataforma Google.17

NOTAS:\

O ato de colecionar, ou colecionismo é definido como o processo de adquirir e possuir


coisas de forma ativa, seletiva e apaixonada, que fazem parte de um conjunto de objetos
não idênticos e que não são utilizadas na sua forma usual.
Ao vislumbrarmos registros históricos de todas as épocas, percebemos que, ao menos
aparentemente, todos os objetos existentes em nosso mundo, desde tempos remotos aos
atuais, podem se tornar parte de uma coleção, bastando-lhes que lhes sejam imputada
uma capacidade testemunhal (POTENCIAL SIMBOLICO DO OBJETO)
Uma imensa gama de artefatos pode compor uma coleção, sendo esta uma instituição
universalmente difundida e assentada na oposição entre o visível e o invisível. A
dimensão ordenadora do colecionismo opera de tal maneira que os objetos perdem sua
utilidade (DESTITUÍDOS DE SUA FUNÇÃO DE USO) e sob nova disposição são
“expostos ao olhar”.

Isso implica em cuidados dos mais diversos – confecção de álbuns, fotos, vitrines –
além disso, revela um movimento duplo: ao privilegiar determinados objetos, os
homens são de certa maneira moldados por eles, uma vez que os objetos impõem
comportamentos aos colecionadores. (SILVA, OLIVEIRA, 2011, p. 169)

A ideia de serialidade nos é apresentada por Baudrillard (1973) ao afirmar que “a


coleção é feita de uma sucessão de termos” (BAUDRILLARD, 1973, p. 98), termos
estes que se complementam historicamente entre si e que, por fim, remetem ao
colecionador.

A serialidade e a complementaridade imbricam-se, pois que, cada novo objeto


adquirido detém uma porção de tempo que lhe permite completar a historicidade
testemunhal de um outro anterior. A incompletude da coleção na prática colecionista,
se caracteriza, em outras palavras, pela aquisição constante de itens.

A ideia é deslocar a definição da posse de bens em si para uma concepção de rede social
de pobreza. Ou seja, o mais importante são as relações sociais que os bens sustentam.
Em síntese, é possível afirmar que o consumo relaciona-se diretamente com o poder.

Douglas e Isherwood (2009) destacam que os bens de consumo não são meras
mensagens; eles constituem o próprio sistema. “Os bens são neutros, seus usos são
sociais, podem ser usados como cerca ou como pontes.” (DOUGLAS; ISHERWOOD,
2009, p. 36). Ou seja, os usos sociais que é feito dos bens são determinantes para
entender as especificidades das relações sociais.

O campo de estudo do comportamento de consumidor sofre uma queda de paradigma


em meados dos anos 1980, quando o aspecto racional do consumidor na tomada de
decisão de compra passou a ser questionado, tendo em vista pesquisas relacionadas aos
aspectos subjetivos do consumo. Assim, passou-se a considerar os aspectos hedônicos
no momento de compra. Observou-se que, na tomada de decisão de compra, os clientes
passam por processos cognitivos e emocionais, além de valorizarem as experiências
que lhe são oferecidas (Pine II & Gilmore, 1998). Sob essa perspectiva, os benefícios
identificados são psicológicos e isentos de objetivos utilitarista ou funcional, e que a
simples satisfação das necessidades básicas do consumidor não é o único fator
determinante que motiva a compra (Hirschman & Holbrook, 1982)

Ainda sob a ótica ampliada, pode-se considerar colecionismo como um comportamento


do consumidor, o qual utiliza o produto de forma diferenciada. O colecionador
empreende esforços para pesquisar, localizar, negociar, comprar, vender, trocar e
guardar um produto sem consumi-lo. A manutenção e o descarte também fazem parte
desse “consumo”. Para algumas empresas, a colecionação reforça a lealdade dos
consumidores para com sua marca. Estima-se que de cada três americanos um se
autodenomina colecionador de alguma coisa. As vendas de produtos de coleção
atingiram 8,2 bilhões de dólares, em 1995, nos Estados Unidos (Slater, 1999). O autor
explica que o colecionar está ligado ao ato de adquirir alguma coisa, que, por sua vez,
significa ganhar ou ter a posse de algo. O colecionador utiliza o produto para outros
fins que não o consumo, e muitas empresas vêem como uma oportunidade esse tipo de
comportamento. do passado.

O colecionador adquire e retém objetos do passado para relembrar os momentos


agradáveis pelos quais passou; por exemplo, uma lembrança de viagem é uma forma
tangível da experiência do turista. O sentimento nostálgico relativo ao objeto
colecionado permite ao colecionador reconstruir e reviver o seu passado. A nostalgia
ocorre a todos os seres humanos, isto é, todos são, em maior ou menor grau, suscetíveis
a esse sentimento.

O hábito de colecionar coisas é tão antigo quanto a consciência humana. Bataille (1987)
já afirmava que, para ganhar um sentido de permanência, os homens começaram a
exteriorizar a sua existência em objetos, em ambientes, ou a relacioná-la a fenômenos
e sentimentos regularmente produtores de um bem-estar físico e espiritual. A ideia do
autor é que, frente à visão e à experiência da morte, da degeneração, o homem buscou
a exuberância e descobriu o erotismo. Seguindo o pensamento desse autor, pode-se
correlacionar a suposição de que, nesse processo, os homens passaram a discriminar,
ordenar e classificar os objetos, buscando um sentido de permanência, em que alguns
objetos começaram a se repetir na experiência, e aí, talvez, se tenha a primeira noção
de uma coleção, mais propriamente dita, no sentido como se conhece hoje.

Uma concepção complementar à ideia de Bataille pode ser encontrada em Debray


(1995), quando afirma que as primeiras imagens figuradas exteriorizadas por humanos
foram grafadas em urnas funerárias. Assim, desde que a imagem surge figurada,
associada com as urnas funerárias, ela submete-se a representar uma ausência ou a
figurar algo invisível. O homem passa a figurar o morto quando descobre a morte e,
nesse jogo entre o real e o imaginário, produz transposições que restauram perdas ou
instauram uma dimensão além do real.

E aqui se encontra um elo para pensar como a prática de exteriorizar sentidos de


permanência dos objetos e das pessoas adquire um sentido relacional entre as próprias
e o ambiente. Seguindo essas referências iniciais pode-se supor que as urnas funerárias
- e depressa o costume de enterrar os mortos em um mesmo lugar, os primeiros
cemitérios - foram uma primeira forma exteriorizada coletivamente de coleção, que se
projetava como sentimento ou representação de finitude humana, ou ciclo vital
completo.

Nesse sentido, a definição de colecionismo, embora pareça simples, guarda uma


complexidade que carece ser desvelada. Os indícios dessa complexidade já foram
identificados por vários cientistas sociais: Durkheim e Mauss (1954), com o estudo das
formas primitivas de classificação e a construção de representações coletivas
desdobradas das mesmas; Edmund Leach (1974), com suas análises dos tipos diferentes
de experiência temporal (repetição e não repetição, ou irreversibilidade) e a oscilação
produzida no e pelo "eu" que vivencia esses estados opostos, como ciclos; Evans-
Pritchard (1978, p. 25), com sua análise de como as relações entre homem e gado, na
cultura nuer, produzem desdobramentos genealógicos, inventários dos agrupamentos
bovino-familiares, categorias dietéticas, padrões vocabulares das espécies animais e
dos ambientes e, principalmente, "marcam a mudança dos status etários" e entre
cônjuges/filhos.

Esses e diversos outros estudos - a antropologia está repleta deles - permitem constatar
o caráter universal do ato de colecionar, referindo-se a juntar coisas e dar-lhes sentidos
compartilhados entre os humanos, ao evidenciar que as práticas sociais de colecionar
são orientadas por princípios e valores definidos em contextos de endoculturação. Esse
caráter antropológico subjacente ao colecionismo permite generalizar a raiz das práticas
sociais do colecionismo, mas necessita ser mais bem explorado, contemporaneamente,
no que respeita ao fato das coleções variarem individualmente nos motivos, assumindo
idiossincrasias estranhas aos padrões partilhados coletivamente.

Nessa orientação, pode-se perceber que as pessoas projetam um sentimento de


afetividade às suas coleções, no sentido de preservação. Na medida em que se separa
certos objetos do seu contexto "natural", se transforma esses objetos, atribuindo-lhes
uma sequência que os distancia de outros objetos, com propriedades distintas;
atribuindo-lhes sentido, passa-se a tratá-los como coleção e a dedicar certo cuidado
necessário à sua manutenção. Esse processo cria uma familiaridade com eles. Trata-se
de uma forma de extrair o objeto de seu contexto e de aproximá-lo de um contexto
pessoal, metamorfoseando suas propriedades a partir do sentido de familiaridade, o que,
acrescido de uma perspectiva de duração, adquire valoração. Esse afeto é uma forma
de valorização decorrente da familiaridade que se estabelece com as coleções.

E como as referências anteriores não explicam essa diferença - o fator que separa o
sentido de familiaridade da coleção que se "guarda" do sentido das coleções que se
expõem - esse sentido deve ser explorado em uma nova perspectiva. Buscando essa
passagem, pode-se pensar uma aproximação das práticas de colecionar com as teorias
do desenvolvimento da inteligência, de Jean Piaget (1976, 1983, 1993, 2003) e de
George Herbert Mead (1982), e suas imbricações com a teoria dos ciclos de vida de
Erik Erikson (1976, 1998).

A correspondência entre os quadros teóricos explicativos iniciais e os depoimentos dos


colecionadores foi se explicitando de maneira consistente, nos casos coletados, até que
algumas descontinuidades se apresentaram. Expõem-se, aqui, dois casos que mostram
continuidade com os referenciais explicativos, e dois que mostram descontinuidades,
visando apresentar, a seguir, algumas anotações conclusivas sobre os limites e
possibilidades dos quadros explicativos elaborados.

FONTES:
(1) http://anais-comunicon2018.espm.br/GTs/GTPOS/GT7/GT07_SILVA.pdf
(2)http://sistema.semead.com.br/9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/3
20.pdf

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