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Luíza Moura Costa Spínola | 187

CRIMINAL COMPLIANCE E A RESPONSABILIDADE DOS


COLABORADORES DA EMPRESA

Luíza Moura Costa Spínola


Advogada formada pela Faculdade de Direito da Universidade
Federal da Bahia

RESUMO

O compliance tem sido um tema recorrente no


âmbito empresarial. O Estado, incapaz de fiscalizar
totalmente a atividade das empresas, transfere para
as organizações a responsabilidade de verificar se
seus colaboradores estão atuando de acordo com
a lei no exercício de suas funções. Trata-se de uma
preocupação a nível internacional: o criminal compliance
objetiva impedir condutas ilícitas na empresa e, por
conseguinte, prevenir a responsabilidade penal de
seus colaboradores. A responsabilidade criminal de
administradores e compliance officers pode ser analisada
por meio do estudo de jurisprudência e doutrina
estrangeiras em temas como a teoria da cegueira
deliberada e da participação criminal por meio das
ações neutras. Conclui-se que, se o programa de
compliance for devidamente implementado, nem
o administrador nem o responsável pelo setor
de conformidade devem ser responsabilizados
por eventuais condutas criminosas cometidas na
empresa.
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Palavras-chave: Direito Penal. Direito Penal


Econômico. Compliance. Autorregulação. Corrupção.
Lavagem de capitais.

1. INTRODUÇÃO

O tema compliance está bastante em voga nos meios jurídico e


empresarial atualmente. O termo refere-se a uma prática empresarial
que tem por escopo colocar parâmetros internos de cumprimento
normativo, questão que passou a ser abordada também pelo Direito
Penal Econômico. É necessário, contudo, ressaltar que o conceito de
compliance não é novo no cenário internacional.
Desde a década de 1970, com a criação do Foreign Corrupt
Practices Act (FCPA), lei estadunidense que busca combater a corrupção
de funcionários públicos estrangeiros, já se demonstrava uma tendência
de estabelecer a autorregulação para as empresas a nível mundial. Outro
sinal da preocupação dos atores internacionais em combater a corrupção
e, por conseguinte, exigir das organizações uma atuação em conformidade
com as boas práticas empresariais, foram o estabelecimento de tratados
internacionais e a criação de legislações internas sobre a matéria em
diversos países.
Um dos objetivos do compliance, além de estabelecer uma cultura
de integridade na empresa, é preservar a responsabilidade civil e penal de
seus colaboradores, principalmente dos administradores e responsáveis
pelo setor de conformidade da organização. Neste artigo, trataremos
do criminal compliance, um conjunto de práticas de controle interno para
prevenir condutas criminosas no ambiente empresarial passíveis de
colocar em risco a liberdade dos seus dirigentes. Avaliaremos como tal
política pode ser adotada em relação a crimes como a corrupção e a
lavagem de capitais.
Finalmente, verificaremos como se dá a responsabilização dos
administradores e dos responsáveis pelos programas de conformidade
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das empresas, também chamados de compliance officers, abordando


questões como a aplicação da teoria da cegueira deliberada e das ações
neutras, por meio do estudo de doutrina nacional e estrangeira, bem
como do exame da jurisprudência de países como Alemanha, Estados
Unidos e Espanha.

2. CRIMINAL COMPLIANCE

A palavra compliance é originária do verbo inglês to comply, que


significa cumprir ou satisfazer aquilo que lhe foi imposto, de acordo
com Coimbra e Manzi (2010, p. 2). Compliance, em suma, significa o
dever de cumprimento, de estar em conformidade com as leis, diretrizes
e regulamentos internos e externos, com o intuito de diminuir o risco
ligado à reputação e o risco regulatório. O compliance consiste em um
conjunto sistemático de esforços realizados pelos integrantes da empresa
para assegurar que todas as ações executadas pela pessoa coletiva não
violem a legislação, de acordo com Artaza Varela (2014, p. 237).
Neste estudo, vamos nos deter às medidas que um programa
de compliance pode adotar para mitigar riscos à empresa relativos a crimes,
como, por exemplo, a lavagem de dinheiro e a corrupção. Esse ramo
específico é conhecido como criminal compliance ou compliance penal.
Benedetti (2014, p. 86) destaca que, com a globalização e a evolução
da sociedade, as relações empresariais passaram a demandar uma maior
transparência das pessoas coletivas e de seus administradores, baseadas,
principalmente, na legislação concernente à sua área de atuação. Diante
da sociedade atual, em que emergem com frequência novos riscos
tecnológicos, econômicos e sociais, e com o fenômeno da expansão do
Direito Penal, surge a necessidade de regular esses riscos por meio de
uma política de gestão eficiente, que seria o instituto do criminal compliance.
O objeto de estudo do criminal compliance confunde-se com o
do Direito Penal Econômico, conforme destaca Saavedra (2011). O
surgimento desse fenômeno, por outro lado, está ligado de forma direta
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aos crimes econômicos e à persecução penal de empresários e instituições


financeiras, pois, apenas quando os diretores de empresas e dessas
instituições passaram a ser investigados e processados criminalmente,
manifestou-se, também, a necessidade de prevenção criminal durante o
desenvolvimento de suas atividades.
Esse cenário estabelece uma nova conjuntura ao Direito
Penal, uma vez que apresenta uma proposta de prevenção e que, por
conseguinte, acaba por estabelecer novos paradigmas (SILVEIRA,
2014). Há uma dificuldade para aceitar esse novo paradigma por parte
de muitos penalistas que tiveram sua formação considerando apenas
a situação posterior à ocorrência do delito. Contudo, trata-se de uma
mudança absolutamente necessária, ainda que não se aceitem algumas
das premissas que parecem trazer nova dimensão ao cenário penal.
O criminal compliance, para Dib e Lima (2015, p. 242), determina uma
autorregulação regulada, na qual a figura do compliance officer, funcionário
responsável pelo setor de conformidade, ganha destaque à medida que
o controle da prevenção de crimes passa ser não apenas do Estado, mas
também da empresa, que adquire normas de condutas internas e o dever
de apresentar programas de compliance efetivos para prevenir condutas
ilícitas.
Silveira (2014) destaca que é preciso esclarecer que a
preocupação com o compliance diz respeito próximo, porém não exclusivo,
à área criminal. Em diversos países, como Alemanha e Itália, a lógica
que rege o sistema anticorrupção, estabelecendo responsabilidades para
empresas envolvidas com atos corruptores, é manifestamente de ordem
penal. Ainda que não haja, como ocorre no Brasil, uma lei de caráter
explicitamente penal, as noções de cumprimento de deveres específicos,
estabelecidos em programas de compliance, seguem um raciocínio penal.
Ademais, com a inflação legislativa que orienta o Direito Penal Moderno,
os riscos de infrações a normas penais aumentaram significativamente,
especialmente no que tange aos colaboradores de certos seguimentos
empresariais.
Assim, entendemos que a autorregulação é uma das bases
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do criminal compliance, uma vez que se trata da ideia de a empresa criar


mecanismos de controle internos para estar em conformidade com a lei
e, por conseguinte, evitar a prática de crimes. Silveira e Saad-Diniz (2015,
p. 118) consideram que a autorregulação regulada tem como finalidade,
inicialmente, a prevenção da ocorrência de crimes como corrupção e
lavagem de dinheiro.
De acordo com a página oficial da United Nations Office on Drugs and
Crime, a corrupção é um complexo fenômeno social, político e econômico
que atrapalha o desenvolvimento econômico e causa a instabilidade
política. As consequências da corrupção acarretam o afastamento de
investidores e desestimulam a criação e o desenvolvimento de empresas
no país. Para que uma empresa estabeleça um programa de compliance
efetivo, inicialmente deve atentar para a legislação anticorrupção do país
em que pretende desenvolver as suas atividades.
Conforme mencionado, uma das legislações mais antigas
relativas à corrupção transnacional e que incentivou a implementação
de programas de compliance em empresas multinacionais foi o FCPA,
lei estadunidense criada em 1977, por conta da descoberta de diversos
esquemas de corrupção global generalizada, com a finalidade de
criminalizar a corrupção de funcionários públicos estrangeiros. Décadas
depois, houve um empenho internacional de um conjunto de entidades
governamentais e não-governamentais para combater a corrupção a
nível transnacional, conforme elucida Hayashi (2015, p. 67). É possível
citar algumas convenções, como a Convenção Interamericana contra
a Corrupção da Organização dos Estados Americanos (1996), a
Convenção sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos
Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais da Organização
de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (1997), a Convenção
das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (2000) e
a Convenção da Organização das Nações Unidas contra a Corrupção
(2003).
Uma das mais relevantes novidades, quanto às medidas de
conformidade no cenário empresarial brasileiro, é a Lei nº 12.846/13,
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também conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa,


que versa sobre a responsabilidade civil e administrativa das pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
ou estrangeira. Embora não se trate de uma lei formalmente penal, para
Silveira e Saad-Diniz (2015, p. 308), há nela elementos que apresentam
uma “lógica penal”, como o combate prévio de situações de corrupção.
Sobre os programas de conformidade relativos à lavagem de
capitais, inicialmente explicaremos no que consiste esse crime, também
conhecido como lavagem de dinheiro ou branqueamento de capitais.
De acordo com Badaró e Bottini (2013, p. 23), trata-se, em suma, do
movimento de afastamento dos bens de sua origem ilícita, que começa
com uma ocultação simples e termina com a introdução no circuito
comercial ou financeiro com aparência legítima.
No ano de 1989, foi criado pelo G7 o grupo dos sete países
mais ricos do mundo à época, o Grupo de Ação Financeira (GAFI), um
órgão intergovernamental de elaboração de políticas que trabalha para
promover a realização de reformas legislativas e regulatórias no âmbito
dos países (CARLI, 2013, p. 33). Em 1990, o GAFI elaborou e publicou
um relatório com 40 Recomendações, fornecendo, assim, um plano
abrangente de ação a ser seguido por todos os países para combater a
lavagem de dinheiro. A lei que dispõe sobre o crime de branqueamento
de capitais no Brasil é a Lei nº 9.613/1998, e o órgão responsável
por receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividade
ilícitas relacionada à lavagem de dinheiro e pela aplicação de penas
administrativas é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(COAF).
“Lavar dinheiro” não é uma conduta simples, conforme destaca
Grandis (2013, p. 153). Uma operação contábil complexa aumenta as
chances de impunidade. Assim, em diversos casos, são empregados
profissionais de distintas áreas, como advogados e contadores, para
colaborar com a causa criminosa. Essa situação acarretou dois efeitos: a
necessidade de uma atuação uniforme dos países para prevenir e reprimir
a lavagem de dinheiro e a convocação de determinados profissionais para
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colaborarem no combate ao branqueamento de capitais por intermédio


da imposição de deveres de informação de atividades suspeitas às suas
respectivas Unidades de Inteligência Financeira (UIFs), segundo Grandis
(2013, p. 154).
A Lei nº 9.613/1998, principalmente depois das modificações
que sofreu com a Lei nº 12.683/2012, estabeleceu quais são os entes
privados que devem cooperar na prevenção e repressão a esse crime
mediante a estipulação do dever de prestar informações sobre operações
que podem configurar lavagem de dinheiro. Benedetti (2014, p. 76)
afirma que a Lei de Lavagem de Capitais trouxe como verdadeiros
deveres de compliance as obrigações previstas em seus artigos 10 e 11,
que devem ser cumpridas pelas pessoas físicas ou jurídicas indicadas no
artigo 9º. Concordamos com Cardoso (2015, p. 131) no sentido de que
houve uma modificação no paradigma de apuração das infrações penais,
tornando também responsabilidade das instituições financeiras o zelo
no seu cumprimento da lei. O compartilhamento de responsabilidade,
segundo a autora, atende a dois pontos fundamentais: o primeiro está
ligado à utilização de instituições financeiras no processo de lavagem de
capitas; enquanto que o segundo, decorrente do primeiro, é o fato de
que o setor bancário está envolvido diretamente na prática do crime de
lavagem, pois dispõe de melhores condições para diferenciar condutas
lícitas de ilícitas.

3. A RELEVÂNCIA DO CRIMINAL COMPLIANCE NA


RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DOS ADMINISTRADORES
E RESPONSÁVEIS PELO PROGRAMA DE CONFORMIDADE

Para que os programas de compliance alcancem seus objetivos, é


necessário que se inverta a concepção simplista de que, se houve alguma
falha na estrutura implantada e um fato delituoso ocorreu, isso se deu
necessariamente porque não houve suficiente organização (SARCEDO,
2016, p. 65). Segundo esse raciocínio, o funcionário responsável pelo
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setor de conformidade, ou mesmo o proprietário da empresa, pode vir


a ser responsabilizado, o que não nos parece razoável. A existência do
criminal compliance em uma empresa pode solucionar algumas indagações
concernentes a assuntos como a autoria, o dolo eventual e a teoria da
cegueira deliberada.
Para Feijoo Sanchez (2012, p. 26), as teorias tradicionais do ilícito,
da autoria e da participação são por demais apegadas à criminalidade de
natureza individual. A teoria tradicional do crime, com as suas categorias
habituais de imputação, parece ter caído num tipo de armadilha no que
tange à responsabilidade penal resultante da atuação empresarial. A
empresa configura um problema central para a moderna teoria jurídica
do crime, principalmente, organizações empresariais multinacionais, que
apresentam grandes proporções e maior complexidade. A dogmática
jurídico-penal, por sua vez, só faz sentido se conseguir proporcionar
respostas adequadas às condições sociais existentes e aos novos
fenômenos das sociedades contemporâneas.
Em virtude da descentralização das grandes empresas e da
crescente diferenciação funcional, em muitos casos não é possível
considerar que a informação está concentrada em qualquer nível da
organização empresarial. De acordo com as lições de Feijoo Sanchez
(2012, p. 29), a distribuição de competências e funções dentro de
uma organização complexa acarreta sérios problemas quanto à
imputação do fato ilícito a uma pessoa. Entretanto, isso não deve ser
considerado como produto da criação deliberada ou fraudulenta de
espaços de irresponsabilidade, mas como um problema estrutural de
qualquer organização complexa, sempre que não tenham sido adotados
procedimentos especiais para minimizar essa tendência.
Entendemos que tais procedimentos especiais mencionados
por Feijoo Sanchez (2012) são os mecanismos de compliance. Uma
organização empresarial que possui uma cultura pautada na integridade
tem menos problemas com fraudes, pois todos os colaboradores são
orientados a proceder conforme padrões éticos, o que evita a criação
dos chamados espaços de irresponsabilidade. A adoção de um programa
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de cumprimento adequado demonstra uma conduta dirigente dos


administradores quanto à prevenção de ilícitos, reduzindo, assim, o risco
de responsabilização por condutas de colaboradores da empresa, ou, ao
menos, a atenuação da pena em eventuais condenações criminais.
Em algumas empresas, o administrador também pode
assumir a função de responsável pelo compliance, em vez de delegar o
cargo a outro colaborador, o que ocorre em organizações maiores.
O colaborador responsável pelo setor de conformidade da empresa
é chamado de compliance officer. Em relação à responsabilidade penal
individual desse funcionário, há algumas possibilidades, segundo elucida
Robles Planas (2013, p. 328-329). Em uma situação em que o compliance
officer determine um erro invencível no qual realiza o comportamento
executivo constitutivo do delito, será considerado autor mediato. Isso
pode acontecer, por exemplo, quando o compliance officer se reportar
ao órgão de administração fornecendo uma informação falsa que
determine uma atuação delitiva do órgão. Nesse caso, o responsável
pelo setor de conformidade também se situa na posição de componente
do órgão diretivo. Ademais, a coautoria será possível em situações em
que o compliance officer tiver competências diretas para evitar a conduta
delitiva de um membro da empresa. Em outras palavras, sempre que
a posição que o compliance officer ocupe na empresa se caracterize pela
predominância em processos de direção, gestão ou decisão interna, de
modo que o equipare, em termos técnicos, a um alto diretor ou membro
do Conselho de Administração, com amplas faculdades para definir os
acontecimentos legais e ilegais da organização.
A situação que ocorre com maior frequência é aquela em
que a contribuição do responsável pela conformidade se limita à não
adequada transmissão da informação ao órgão que lhe delegou a função
de vigilância e controle ou em que se configure a incorreta avaliação de
riscos à empresa. À medida que se trate de informações que o órgão
poderia ter obtido por outras vias ou situações de risco que poderiam
ter sido igualmente advertidas por meio do cumprimento dos deveres
de vigilância e controle que correspondem à direção da empresa, a
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conduta do compliance officer deverá ser qualificada como cumplicidade.


Também haverá cumplicidade quando o bloqueio da informação
ao órgão diretivo se referir a uma atividade delitiva cometida por um
subordinado, normalmente afastado da cúpula, de maneira que a direção
da empresa não pode chegar a conhecer nem exercer adequadamente
suas correspondentes faculdades de vigilância e controle (ROBLES
PLANAS, 2013, p. 328-329).
Sobre a possibilidade de responsabilizar os agentes de compliance
pelo crime de lavagem de capitais, Aras (2011, p. 378) entende que
eles respondem tanto na condição de coautores quanto de partícipes,
em caso de descumprimento das normas e diretrizes. O autor destaca
o artigo 13, §2º, do Código Penal, que versa sobre a responsabilidade
penal por omissão, criminalmente relevante quando o agente tem o
dever de impedir o resultado. Trata-se da questão dos crimes omissivos
impróprios. Se o agente, na condição de garantidor, que tem, de acordo
com a lei, a obrigação de conhecer, registrar e informar a operação
suspeita não proceder dessa maneira, poderá ser responsabilizado por
omissão no dever de compliance.
Greco Filho e Rassi (2015, p. 85-86), no que tange à
responsabilidade criminal individual do compliance officer quando descumpre
os deveres de sua função, especialmente no que diz respeito aos deveres
impostos pelas resoluções do COAF e pela Lei de Lavagem de Capitais,
consideram que essa questão está inserida no contexto das chamadas
ações neutras. Os autores elucidam que tais ações são consideradas
condutas que, malgrado consistam em contribuições socialmente
rotineiras, profissionalmente adequadas e conforme o convívio social,
ao se relacionarem com o autor de um crime, ocasionam dúvidas acerca
de sua licitude. De acordo com a ótica da teoria da imputação objetiva,
aplicável à participação criminal, a ação neutra representa para o fato
do autor um aumento, mas não a criação, do risco permitido. Apenas
haverá participação se o incremento ultrapassou o risco permitido.
O questionamento mais significativo é verificar quando uma conduta
aparentemente rotineira transcende o limite do risco permitido e passa a
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ser conceituada como criminalmente relevante.


De forma simplificada, Ambos (2001, p. 200) leciona que
na doutrina existem duas correntes com respostas distintas para essa
questão. Uma delas sustenta que as ações cotidianas não devem sequer
ser colocadas sob o tipo objetivo da cumplicidade, tratam-se de condutas
penalmente irrelevantes e, portanto, não podem ser criminalizadas pelo
fato de que um terceiro autor responsável tenha abusado delas para
cometer o delito. Um dos expoentes dessa teoria é Jakobs, que, com base
no critério de proibição de regresso, considera que quem presta ajuda
pode se desvincular das consequências de sua contribuição, quando
seu comportamento também tem sentido sem a ação de quem comete
o crime propriamente dito (apud AMBOS, 2001, p. 200-201). Nesse
contexto, faz-se relevante a objeção do curso causal hipotético, segundo
a qual se argumenta que o autor principal poderia ter recebido a ajuda
em questão de outra pessoa (AMBOS, 2001, p. 202).
Já a outra corrente situa o critério de distinção determinante
no âmbito subjetivo, conforme Ambos (2001, p. 203), e tem como
representante Claus Roxin. A punibilidade, para Roxin, dependeria,
primeiramente, do dolo daquele que presta ajuda em relação à conduta
principal (apud AMBOS, p. 203). Se ele atua com dolo direto, quer
dizer, se conhece o plano do autor, é mais provável que se considere
uma cumplicidade punível do que no caso em que apenas considere o
aproveitamento delitivo de sua contribuição como dentro do possível, no
sentido do dolo eventual. Se a conduta tem um valor para o ato principal
e o partícipe sabe disso, então, seria considerada uma cumplicidade
punível.
A jurisprudência alemã distingue as condutas neutras em
função da parte subjetiva da ação, conforme Ambos (2001, p. 203-204),
o Bundesgerichtshof, Tribunal de Justiça Federal da Alemanha, entende que
se a ação do autor principal é dirigida exclusivamente ao cometimento
de uma ação punível e se aquele que lhe presta ajuda está ciente disso,
então, sua contribuição ao feito deve ser considerada como uma conduta
de cumplicidade. Para o órgão alemão, nesse caso, a conduta perde seu
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caráter de “cotidiana” e será considerada uma solidarização ao autor, já


não podendo ser considerada socialmente adequada.
Já Greco Filho e Rassi (2015, p. 86) entendem que a resposta
para o questionamento sobre quando uma conduta neutra excede o
risco permitido depende de outra: por que se perguntar se uma ação
neutra extrapolou o risco permitido se justamente por ela ser neutra
ela representa um risco permitido? Para os autores a solução está no
princípio da solidariedade humana. Uma ação solidária deve ser positivada
de forma a não englobar um conjunto de atores por demais abrangente.
Caso contrário, a tutela penal poderá se transformar em um “dever de
vigilância”, em que há uma punição generalizada daquele que se omite,
em uma “cultura do controle”, o que, e nesse ponto concordamos com
os autores, deve ser veementemente combatido. Assim, a positivação do
dever de solidariedade dependerá do preenchimento de certos requisitos
e condições, sem os quais se caracterizaria um movimento expansivo
ilegítimo.
Ademais, nos parece acertado o posicionamento dos autores
segundo o qual a conduta do compliance officer é neutra e deve permanecer
impune, uma vez que não há um dever específico que o obriga a evitar
crimes no âmbito corporativo (GRECO FILHO; RASSI, 2015, p. 90).
A mesma afirmação é válida para as disposições contidas na Lei de
Lavagem de Capitais (Lei n° 9.613/98) e na Lei do Colarinho Branco
(Lei nº 7.492/86), pois deveres genéricos de informação para órgãos
estatais de controle não significam que há um dever específico de evitar
o resultado.
Analisaremos, nesta seção, ainda, a compreensão da teoria
da cegueira deliberada nos crimes de lavagem de dinheiro, e como a
existência de um programa de compliance na organização pode influenciar
na responsabilização dos colaboradores da empresa. Essa teoria está
fundada na seguinte premissa: aquele que, desejando cometer um delito
ou presumindo que poderia fazê-lo, escolhe, para evitar uma futura
responsabilidade, por não aprimorar a compreensão sobre a ocasional
subsunção da conduta a um tipo penal, demonstra um grau de indiferença
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tão grande que pode ser equiparada ao dolo eventual, motivo pelo qual
ambos receberiam a mesma reprimenda (PRADO, 2013, p. 295).
No ano de 1899, a Suprema Corte dos Estados Unidos aplicou
pela primeira vez essa doutrina na sentença do caso Spurr v. United States,
segundo Ragués i Vallès (2013, p. 13). Revisava-se a condenação de um
bancário considerado culpado por ter certificado os cheques emitidos
por um cliente cuja conta carecia de fundos. Em grau de recurso, a defesa
questionou que o juiz não informou que o delito aplicável exigia que o
acusado atuasse “intencionalmente”. A Suprema Corte estadunidense
indeferiu o recurso ao considerar que o propósito específico de violar
a lei pode ser presumido quando o funcionário do banco se mantém
voluntariamente em estado de ignorância acerca do fato de se o sacador
tem ou não dinheiro no banco. Já na Espanha, a primeira resolução
do Tribunal Supremo que se referiu à teoria da cegueira deliberada
ocorreu no ano 2000. No referido julgamento, o réu foi condenado por
receptação por ter transportado elevadas quantidades de dinheiro em
efetivo a um paraíso fiscal e o mesmo afirmou em sua defesa que não
estava consciente de que tais quantidades tinham sua origem no tráfico
de drogas (RAGUÉS I VALLÈS, 2013, p. 19). O Tribunal Supremo
entendeu que, em virtude da quantidade de dinheiro e da natureza
clandestina das operações, estava claro que o capital transportado era de
natureza ilícita, configurando-se a teoria da cegueira deliberada.
Prado (2013, p. 295-296) destaca que um dos principais campos
de aplicação dessa teoria é o da lavagem de dinheiro, sendo a aplicação da
teoria da cegueira voluntária em julgamentos de crimes como esse uma
questão pacífica na Justiça Federal dos Estados Unidos. Na Espanha,
o Tribunal Supremo consagrou a tese de que a ignorância deliberada
poderia ser equiparada ao dolo eventual na lavagem, sob o argumento de
que há um dever de conhecimento que impede que o sujeito se mantenha
em estado de ignorância frente às circunstâncias suspeitas.
Silveira (2016, p. 1) menciona que a teoria da cegueira
deliberada tem sido aplicada com frequência nas decisões condenatórias
dos julgamentos derivados da Operação Lava Jato. De acordo com a
200 | ARTIGO

página oficial do Ministério Público Federal na internet dedicada ao caso,


trata-se da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que já
houve no Brasil. Boa parte das decisões condenatórias dos julgamentos
derivados da operação Lava Jato, especialmente no que diz respeito às
imputações de lavagem de capitais, respalda-se na utilização do instituto
da cegueira deliberada como substituto ou complemento do dolo
eventual (SILVEIRA, 2016, p. 1).
A doutrina ainda diverge se é possível ou não o cabimento
do dolo eventual no crime de lavagem. Badaró e Bottini (2013, p. 97)
entendem que o agente deve ter plena consciência da procedência ilícita
dos bens, na forma do caput do artigo 1º, mesmo que a Exposição de
Motivos da Lei original admita de forma expressa o dolo eventual, uma
vez que a exposição de motivos que acompanha a lei não tem qualidade
de interpretação autêntica e pode ser suplantada pela interpretação
sistemática ou normativa. Por outro lado, Moro (2010, p. 69) considera
que aquele que habitualmente se dedica à lavagem costuma ser
indiferente à origem e natureza dos bens, direitos ou valores envolvidos.
O conhecimento pleno da origem e naturezas criminosas é até não
quisto, pois pode prejudicar a alegação de desconhecimento em futura
e eventual persecução penal, e o cliente também não tem interesse em
compartilhar as informações sobre a origem e a natureza do rendimento
do crime. Dessa forma, o autor considera que, ainda que não haja
previsão expressa, o dolo eventual é cabível no crime de branqueamento
de capitais.
Como é possível perceber, trata-se de uma questão ainda
bastante discutida pela doutrina. Entendemos que os integrantes de uma
organização que queiram se prevenir da responsabilização por crimes de
lavagem de dinheiro, seja a título de dolo direto ou eventual, necessitam
implementar um programa de compliance nesse sentido, observando
alguns deveres. Nesse sentido, concordamos com Coimbra e Manzi
(2010, p. 71) que as instituições financeiras não apenas devem estabelecer
um procedimento de aceitação dos seus clientes e contrapartes, como
também devem envolver nesse processo os correspondentes no exterior,
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com o escopo de prevenir seu aproveitamento como veículo para a


realização de atos ilícitos.
Consideramos que se uma empresa com um programa efetivo
de criminal compliance, que inclui uma política de combate à lavagem
de capitais e à corrupção, porventura tiver seu nome mencionado em
uma suposta situação criminosa, não será possível considerar que seus
funcionários agiram com dolo direto, uma vez que foi assegurada uma
política de prevenção a esses crimes. Ademais, não seria possível falar em
dolo eventual por parte dos colaboradores da empresa que observaram
os procedimentos de conformidade com as leis e diretrizes vigentes e
buscaram as devidas informações a respeito de seus clientes. Tampouco
se pode supor uma situação que caracterize a teoria da cegueira deliberada,
pois os funcionários levantaram os dados necessários para verificar se a
organização está sendo utilizada como veículo para lavagem de capitais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar os tratados e legislações vigentes em alguns
países, pudemos constatar que o mundo dos negócios no século XXI
apresenta preocupações claramente penais. A ideia de autorregulação
surge, nesse contexto, como resultado da evolução da forma como o
Estado regula o mundo empresarial. O progressivo e constante aumento
da complexidade social, os níveis de desenvolvimento tecnológico
somados ao processo de globalização tiraram do Estado a capacidade de
regular de forma adequada as organizações empresariais.
Assim, o criminal compliance se mostra como um instrumento
preventivo bastante útil, que impede a prática de crimes e permite que se
verifique a devida responsabilização individual ou coletiva nas situações
em que a prevenção não se mostrou suficiente. Isso demonstra uma
mudança de paradigma, tanto do cenário empresarial quanto em relação
ao Direito Penal.
Durante muito tempo, a conduta das empresas foi voltada
totalmente para a busca pelo lucro, de modo que sua função consistia
somente na satisfação dos seus sócios ou acionistas. Ocorre que se
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verificou o enfraquecimento desse modelo, e o surgimento de uma


nova cultura corporativa na qual a ética passou a ser considerada como
uma característica importante nas organizações. Ao Direito Penal,
por sua vez, é estabelecida uma nova função: não mais se trata de um
direito voltado para a repressão de fatos delituosos, mas apresenta
uma proposta preventiva, estabelecendo novos padrões. Embora ainda
persista uma dificuldade em virtude de muitos operadores do direito não
compreenderem essa visão ex ante do delito, trata-se de uma conjuntura
da qual não se pode desviar.
Consideramos que o estabelecimento de uma política de
compliance deve ser entendido como a medida razoável daquilo que é
esperado tanto por parte dos administradores das empresas quanto dos
compliance officers, sendo vedado ao Direito fazer exigências irrazoáveis,
como o dever de impedir que funcionários da empresa cometam
crimes. Se forem adotadas as medidas necessárias para que a atuação
da empresa esteja em conformidade com a lei, não há que se falar em
responsabilidade penal dessas pessoas.

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CRIMINAL COMPLIANCE AND THE RESPONSIBILITY OF


THE COMPANY’S CONTRIBUTORS

ABSTRACT
208 | ARTIGO

Compliance has been a recurring theme in


business. The State, unable to fully supervise the
business activity, transfers to the organizations
the responsibility to verify if its employees are
acting in accordance with the law in the exercise
of their functions. Criminal compliance aims at
preventing unlawful conduct in the company
and, therefore, preventing the criminal liability
of its employees. The criminal responsibility
of administrators and compliance officers
can be analyzed through the study of foreign
jurisprudence and doctrine on such topics as
the theory of deliberate blindness and criminal
participation through neutral actions. It is
concluded that if the compliance program is
duly implemented, neither the administrator
nor the compliance officer should be held
liable for any criminal conduct committed in
the company.

Keywords: Criminal Law. Economic Criminal


Law. Compliance. Self-Regulation. Corruption.
Money Laundering.

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