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MESTRADO EM LIDERANÇA PASTORAL URBANA

TIAGO HENRIQUE DE ARAÚJO

REJEITADOS PELA RELIGÃO, ACEITOS PELA GRAÇA:


UM ESTUDO DE EVANGÉLICOS QUE DEIXARAM A IGREJA

Londrina-PR.
2019
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TIAGO HENRIQUE DE ARAÚJO

REJEITADOS PELA RELIGIÃO, ACEITOS PELA GRAÇA:


UM ESTUDO DE EVANGÉLICOS QUE DEIXARAM A IGREJA

Dissertação de mestrado apresentado ao


curso de Mestrado em Liderança Pastoral
Urbana, como requisito à obtenção do
Título de Mestre em Teologia Pastoral.
Orientador: Prof. Romio da Silva Cardoso

Londrina-PR
2019
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ARAÚJO, Tiago. Rejeitados pela religião, aceitos pela graça, 2019, Dissertação de
Mestrado. Londrina-PR: UniFil, 2019.

RESUMO

O objetivo desta dissertação é analisar o grande êxodo dos indivíduos das


instituições religiosas cristãs, substituindo o ajuntamento coletivo, por reuniões
menores em ambientes “neutros” comumente conhecido como “igreja orgânica”,
ou seja, desvinculados das denominações, por meio do instrumental teórico do
historiador cultural Roger Chartier, a partir dos conceitos analíticos “prática” e
“representação”, verificando os discursos dos entrevistados e suas justificativas
para tornarem-se desigrejados, e da posição oficial da denominação.

Palavras-chaves: Desigrejados, prática, representação, igreja;

ABSTRACT
The objective of this thesis is to analyze the wide exodus of people from Christian
religious intitutions, replacing the collective gathering, by smaller meetings in
“neutral” environments commonly known as “organic church”, that is, unrelated
to denominations, through theoretical instruments of the cultural historian Roger
Chartier, from the analyctical concepts “practice” and “representation, verifying
the discourses of the interviewees andtheir justifications to become unchurched
people, and the oficial position of the denomination.

Key words: unchurched people, practice, representation, church.


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DEDICATÓRIA

À Élita Araújo, a qual me uni há 13 anos, e nos tornamos uma só


carne, esposa dedicada e paciente, auxiliadora, que em todos os momentos de
minha vida estava e está ao meu lado intercedendo, alguém que me conhece
como ninguém.
Aos meus pastores, Rev. Osni Ferreira e Rev. Rafael Jacomini, que
por dádiva divina me fez conhecê-los. Tenho crescido muito observando as
atitudes destes nobres e amados pastores.
Aos meus amigos e amigas de ministério, que de forma pacienciosa
e amorosa me incentivaram a continuar nos estudos teológicos.
Em especial, ao amigo que sem ele este trabalho não sairia de jeito
nenhum, Rev. Diogo Crotti.
5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus Pai, ao Filho e ao Espírito


Santo, por me proporcionar esta grandiosa oportunidade de estudar. Se não
fosse pela ação da Trindade, de forma direta, eu não teria sequer terminado este
mestrado. Agradeço pela força e motivação.
Ao Dr. Mário Antônio da Silva, pelas valiosas sugestões e pelo grande
incentivo, pela paciência e pelo profissionalismo que nos tem tratado.
Ao meu orientador, professor e Mestre Romio da Silva Cardoso, que
por sinal, foi muito paciente comigo, dando-me ótimas sugestões para que o
trabalho fosse concretizado.
Aos colegas de classe, que durante estes dois anos tivemos a
oportunidade de caminhar juntos, e fazer amizades que perdurarão para a vida.
Que o Deus Altíssimo abençoe a todos. Amém!
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7
1.1. Revisão da Literatura ...................................................................................................... 8
1.1.1. Casas que transformam o mundo: igrejas nos lares, de Simson Wolfgang.
..................................................................................................................................................... 14
1.1.2. Caminho da graça para todos, de Caio Fábio. .................................................... 15
1.1.3. Feridos em Nome de Deus, de Marília de Camargo César ............................... 16

2. FUNDAMENTAÇÃO METODOLOGICA ......................................................................... 18


2.1. Contextualizando a pesquisa ...................................................................................... 22
2.2. Problemas encontrados................................................................................................ 23

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ................................................................. 25

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 41

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 45


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INTRODUÇÃO (ele não quer a introdução como capitulo)

(Me orientaram para colocar a minha experiência como parte introdutória)

Este projeto nasceu da dura experiência de ser ferido, de acabar se


frustrando em meio a caminhada, de alguém que deixou sonhos para traz por
causa da religiosidade. Eu tinha treze anos quando meu pastor da igreja a qual
eu estava frequentando disse para mim, se você quiser batizar aqui nesta igreja,
que por sinal era a mesma igreja que meu pai e minha mãe participavam, ele
conclui que era necessário eu parar de jogar bola. Eu estava na época na melhor
escola de base do Paraná, no quesito de preparação para os times profissionais.
Tinha um sonho de ser jogador, para ajudar minha família.

Na realidade este sonho é o de muitos meninos da classe pobre. Mas


a realidade que eu estava vivendo dava para mim a oportunidade de seguir
carreira, mas meu pastor acabou tirando de mim este sonho. Como eu estava
muito envolvido com os jovens e gostaria muito de ser batizado, comecei a ficar
desanimado com o mundo da bola. Meus amigos me diziam que eu estava
perdendo a oportunidade da minha vida, mas por decisão pessoal eu resolvi
parar de jogar.

Logo após que eu decidi parar de jogar bola e contei a todos da minha
família, alguns diziam que eu estava ficando doido, sem noção nenhuma. Mas
esta era minha decisão naquele momento. Passados alguns anos, vendo as
dificuldades enfrentadas, sem a possibilidade de ajudar minha família do jeito
que gostaria, acabei caindo no real, que eu tinha jogado para o alto meus
sonhos. E esta leitura foi por causa da falta de sabedoria de um pastor, que na
realidade também foi uma vítima de uma hermenêutica baseada na
religiosidade.

Fiquei vários anos remoendo tudo isto, não conseguia entender como
que Deus permitiu que isto acontecesse. Mas acabei amadurecendo no decorrer
da caminhada, e senti profunda necessidade de realizar um projeto de missão
na área que acabei sofrendo. A minha experiência vivida e a leitura de alguns
livros, como (Feridos em Nome de Deus, de Marília de Camargo César. 2009)
me despertaram para me dedicar a estas pessoas que precisam de muita
atenção, que precisam ser abraçadas.
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A partir destas experiências por mim relatadas, abriu os meus olhos


para a importância deste tema (Rejeitados pela religião aceitos pela graça), por
este motivo me propus ao desafio.

O objetivo deste projeto é em primeiro lugar expor as característica da


Pós-Modernidade como base de apoio a compreensão da evasão de membros
das igrejas evangélicas, e para tanto ao observar as entrevistas e bem como o
questionários teremos uma compressão sobre os vários motivos que levaram os
evangélicos a saírem da igreja.

O segundo objetivo é identificar a espiritualidade vivenciada pelos


desigrejados, e nas considerações finais eu apresento a espiritualidade que está
sendo vivida pelos entrevistados, toda esta análise se deu por meio de
observação, que faz parte do método por mim escolhido para me basear neste
projeto.

O terceiro objetivo é propor uma alternativa de alcance aos


desigrejados e a liderança Pastoral.

1. Revisão da Literatura (AQUI ELE QUER QUE SEJA O 1 CAPITULO)

A Pós-Modernidade enfatiza a humanidade autocentrada


desconstruindo toda representação de autoridade constituída, seja o Estado, ou
no nosso caso desta pesquisa, as denominações evangélicas.

Houve um processo de transição entre a Modernidade e a Pós-


Modernidade em relação às questões cultural e epistemológica. A fragmentação
do projeto da Modernidade baseou-se na ingênua ideia da supervalorização da
bondade humana e estabeleceu a razão como norma de interpretação da
existência e o fundamento do bem-estar coletivo. O filósofo Immanuel Kant, em
sua obra, “A crítica da razão pura” (2001), e os subsequentes filósofos
iluministas, descontruíram, por meio de argumentos estritamente racionais,
pelos menos em tese, a cosmovisão cristã relegando a ideia de Deus ao
obsoleto. Neste sentido, a teologia foi esvaziada do seu caráter espiritual, e
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reduzida à mera moralidade e à ética, permanecendo como uma nota de roda


pé nos tratados de filosofia.

Essa supervalorização da humanidade, como já citado, determinou a


ciência como a norma de interpretação da vida como um todo, de tal forma que
a sociedade era vista apenas como parte de um processo mecanicista da
evolução, isto é, Deus havia perdido o controle da sua soberania, e a vida em si
era determinada por eventos aleatórios. Tratando, especificamente da Teologia,
o Iluminismo, estabeleceu a distinção entre religião natural e religião revelada. A
religião natural era dedutiva, ou seja, um código de ética e moral. Ela poderia ser
inferida a partir da vida e dos costumes dos povos, sem base na Escrituras, que
é a religião revelada.

O primeiro a interpretar racionalmente a vida-em-si foi o filósofo John


Locke. O desdobramento natural foi a sistematização do conjunto filosófico
conhecido como “deísmo”, que disparou o último golpe na fé cristã,
desconsiderando a realidade dos milagres e os principais dogmas da teologia,
como o nascimento virginal de Jesus, sua ressurreição e ascensão, tido como
mitos.

Porém, mesmo diante de toda a cosmovisão racionalista o Iluminismo


não foi capaz de trazer respostas ou suprir existencialmente os anseios do
coração, devido a ingênua crença na bondade humana, a religião voltou a ganhar
força, e a falsa ideia de progresso social proposto por uma vida estritamente
racional, fora desmerecida com as grandes guerras mundiais, e a constante
maldade humana. A racionalidade foi um paliativo em gerar esperança ao
mundo. Sobre isto, Stanley Grenz afirmou:

A perspectiva iluminista supõe que o conhecimento não somente é


exato (e, portanto, racional) como também objetivo. A suposição da
objetividade faz com que o modernista reivindique o acesso ao
conhecimento apaixonado. [...] O otimismo iluminista, juntamente com
o enfoque dado à razão, intensifica a liberdade humana. São suspeitas
todas as crenças que pareçam reduzir a autonomia ou que se baseiam
em alguma autoridade externa e não na razão (e na experiência). O
projeto do Iluminismo compreende a liberdade, em grande parte, em
termos individuais. Na verdade, o ideal moderno defende a autonomia
do eu, o sujeito auto determinante que existe fora de qualquer tradição
ou comunidade (GRENZ, 2008, p. 16).
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Diante deste contexto cultural, inicia-se a transição da Modernidade


para a Pós-Modernidade. Segundo Lyotard (2000, p. 15), a era Pós-moderna é
caracterizada por alterações culturais exercidas nas artes, ciências e a literatura.
Ou seja, toda a realidade da cultura humana foi significativamente suplantada, e
para fins deste trabalho, será tratado apenas três aspectos pós-modernos que
afetam diretamente a cosmovisão cristã.

O primeiro aspecto pós-moderno é a reação ‘natural’ a qualquer


afirmação considerada absoluta. Diante de todas as questões ocorridas, a Pós-
Modernidade, é a reação “natural” a qualquer narrativa tida como absoluta, seja
o cristianismo ou o Iluminismo racionalista. Portanto, diante da impossibilidade
de reproduzir qualquer um dos modelos, o homem pós-moderno, propõe a
relatividade de verdade, como meio de criticar as instituições religiosas ou
estatais, sob a afirmação de incoerência e moralismo. Obviamente, não
podemos ser ingênuos e não reconhecer que a crítica à igreja institucional, é
legitima e correta, pois a própria História demonstrou claramente seus
conchavos políticos e as alianças com governos corruptos, como manutenção
de poder, e benefícios econômicos. Diante de tal estrutura corrupta, a verdade
foi relativizada. Hoje em dia, a verdade de cada um é determinada pela própria
compreensão da vida, e não mais por valores eternos apresentados pela Palavra
de Deus. Devido a isso os desigrejados propuseram sua própria hermenêutica
eclesiológica, como alternativa às instituições religiosas, que em menor ou maior
grau, não apresentam coerência bíblica com a práxis de vida, por exemplo: a
Teologia da Prosperidade, que reforça a ganância humana e o sistema
capitalista.

E, se não há uma verdade como norma de conduta, o desdobramento


lógico é a ênfase no indivíduo e não mais no todo – classificando assim o
segundo aspecto da pós-modernidade. A ética pós-moderna enfatiza o
individualismo e não mais a sociedade ou o Corpo de Cristo, a Igreja. Enquanto
a Escritura afirma o negar a si mesmo, o individualismo aponta para a satisfação
do próprio ego, cuja busca primeira é o consumo de objetos sem utilidades
práticas, e até mesmo os bens simbólicos produzidos pela religião mercantilista.
Sob este aspecto, os sociólogos classificam as igrejas como Shoppings ou
Mercados religiosos, onde o cliente (fiel) pode comprar o produto do seu
11

interesse. Essa espiritualidade pragmática centrada no “Eu” conduziu os


membros de várias denominações a vivenciaram a fé em pequenos
ajuntamentos, resgatando princípios da Igreja em Atos 2:44 (“todos tinham tudo
em comum), contrabalançando a espiritualidade evangélica pós-moderna.

O terceiro aspecto apontado por esta pesquisa é a potencialização da


espiritualidade mística. Tem-se afirmado que o Iluminismo fracassou no projeto
de desconstrução da religiosidade, e hoje mais do que nunca, o mundo pós-
moderno está vivenciando múltiplas espiritualidades, tais como: as esotéricas as
carismáticas, as pentecostais e as reformadas. O sociólogo da religião Peter
Berger afirmou: “a espiritualidade não morrerá, e no que tange às comunidades
religiosas, poderemos esperar uma reação aos extremismos mais grotescos de
autodestruição das tradições sobrenaturalistas” (BERGER, 2003, p. 52). Timothy
Keller corrobora a análise de Berger apresentando dados interessantes em
relação ao crescimento do cristianismo, como segue:

Os demógrafos nos contam que o século 21 será menos secular do


que o anterior. Têm ocorrido mudanças religiosas de proporções
sísmicas voltadas para o cristianismo na África subsaariana e na
China, enquanto na América Latina o evangelicalismo e o
pentecostalismo têm tido um crescimento exponencial. Mesmo nos
Estados Unidos, o crescimento dos “sem religião” tem ocorrido
sobretudo entre pessoas de postura mais nominal em seu
relacionamento com a fé, e os religiosos fervorosos nos Estados
Unidos e na Europa estão crescendo (KELLER, 2018, p.23).

O CENSO de 2010 aponta considerável aumento numérico dos


evangélicos, especificamente 22,2% (REVISTA VEJA, 2010). E, ao mesmo
tempo, constata-se um alto fluxo deixando as denominações, estimados em 4
milhões (GOSPELMAIS). Essa dubiedade entre crescimento/decrescimento,
justifica-se a partir da insatisfação com as instituições religiosas tradicionais, que
não se aculturaram o suficiente para conectar o Evangelho à mente pós-
moderna, ou aculturam-se consideravelmente, a ponto de tornaram-se
irrelevante socialmente e influenciadas pelo espírito pós-moderno. Um exemplo
deste tipo de aculturação é a Teologia da Prosperidade, que apoia o capitalismo
e não percebe que ele é per se excludente.

Há algumas razões pelas quais as pessoas deixam a igreja. David


Kinnaman cunhou três categorias, quais sejam:
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1. Nômades. Se afastaram do compromisso com a igreja,


mas ainda se consideram cristãos; 2. Pródigos. Perdem
sua fé e não se consideram mais cristãos; 3. Exilados.
Ainda investem em sua fé cristã, mas sentem-se perdidos
entre a cultura e a igreja. (KINNAMAN, 2014, p. 25)

Para esta pesquisa, o interesse recai sobre os “nômades”, que


também chamaremos de desigrejados, pois é a parcela relacionada aos jovens
adultos, ou seja, acima de 25 anos, nascido na geração dos “millennials”, cuja
cosmovisão em relação à instituição religiosa considera a igreja como
“superproterora”. Esta geração considerada a igreja incapaz de permitir o diálogo
saudável, “superficial”, expressa numa teologia raquítica sem profundidade
intelectual, que desdobra-se no “anticientificismo”, cujo discurso demoniza a
ciência ao invés de enfatizar sua contribuição à sociedade, tornando-se
“repressora”, carregada de ditos morais esmagadores sem expor a razão das
regras, e “exclusivista” advogando a salvação intra eclessia apenas, e excluindo
o diferente (KINNAMAN, 2014, p. 25).

Considerando as razões acima, pode-se acrescentar elementos


relacionados à pastoral que vão “desde a decepção com pastores, com outros
membros, pecado ou isolamento. Atualmente, existe uma grande quantidade de
pessoas feridas, insatisfeitas com a igreja e separadas das suas congregações”
(LINHARES, 2017).

É obvio que as instituições como um todo, e especialmente as


religiosas deixaram de se reinventarem ao longo do tempo, e acomodaram no
status de detentora da verdade absoluta, conformando-se a própria condição
que gozavam, abrindo precedentes para o surgimento de questionamentos, que
reduziram a Teologia a proposições meramente éticas e racionais, ou seja, a
Teologia serviria apenas para fundamentar a moralidade, e não mais determinar
a realidade existencial da sociedade, não demorando para que a modernidade
tardia relegasse Deus ao esquecimento, e decretasse sua morte como fez
Friedrich Nietzsche, propondo a fragmentação e a metanarrativa como
fundamento da nova ordem cultural que estava surgindo conhecida como Pós-
Modernidade, como já dito.
13

É considerável o crescimento da igreja e, ao mesmo tempo, também


percebe-se o aumento dos desigrejados, que vivem a espiritualidade alternativa
como confronto às religiosidades tradicionais.

Reitera-se que as igrejas ao longo do tempo deixaram seu propósito


primevo e desvirtuaram-se por caminhos estranhos ao evangelho de Jesus.
Todavia, inúmeras denominações permaneceram cientes do seu chamado
inicial, e o vivem constantemente em sua práxis eclesiológica, o que são
alternativas interessantes aos desigrejados, não sendo necessário criarem
novos núcleos, ou pequenos grupos, ou ajuntamentos para experimentarem a
espiritualidade. Deste modo, os desigrejados criticam as igrejas
institucionalizadas e suas placas denominacionais, mas acabam criando suas
próprias instituições religiosas, mesmo que afirmem que não há nomes que os
classificam, ou digam que são de “Jesus”. Na prática, a identificação sociológica
da instituição está estabelecida, obviamente sem os apetrechos burocráticos das
leis, pois é na “Igreja sem nome” ou na “Igreja de Jesus nas casas”, ou “Igreja
Orgânica” que sua identificação foi subjetivamente construída, e igualmente à
própria teologia será reinterpretada e um novo corpus hermenêutico brotará
diante das possíveis indagações dos seus “membros”.

No primeiro momento realizaremos a revisão bibliográfica de obras


escritas por líderes que se intitulam desigrejados, com o intuito de expor a
hermenêutica fundamental da sua teologia e delimitar o essencial do seu
pensamento. As três obras principais são:

a) SIMSON, Wolfgang. Casas que transformam o mundo: igrejas


nos lares. Curitiba: Esperança, 2008.

b) FABIO. Caio. Caminho da graça para todos. Ebook, disponível


no site do autor.

c) CÉSAR, Marilia de Camargo. Feridos em Nome de Deus. São


Paulo: Mundo Cristão, 2009.

d) BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento.


Tradução de João Ferreira de Almeida. 1969. Texto (Lucas 15. 11-32)

A justificativa para estas obras baseia-se na relevância e influência


que elas tratam no cenário evangélico contemporâneo propondo alternativas
14

eclesiologias não convencionais, embora reconheçamos que outros autores de


igual importância, relacionados à temática desta pesquisa, serão utilizados
perifericamente durante a investigação.

1.1. Casas que transformam o mundo: igrejas nos lares, de Simson


Wolfgang.

Simson expõe sua máxima tese a partir da descentralização dos


templos para as casas. O cristianismo não deve focar em eventos dentro de
templos, mas viver a fé cristã no dia a dia, propondo substituir a categoria de
templo como único lócus de culto, permitindo que as casas sejam habitações da
igreja, a igreja não é o templo, se sim pessoas. Nas casas outra pedagogia seria
desenvolvida, como por exemplo aquilo que chama de “palestras professorais”,
um diálogo com as pessoas, e não mais um monólogo como no tempo, e ainda
afirma que nas casas, pode-se batizar os novos convertidos. Outra justificativa
do autor para a igreja nos lares é a falta de comunhão nas grandes igrejas. O
autor a denomina de “comunidades sem comunhão”, já nas casas tal
relacionamento estreito ocorre com naturalidade entre um grupo de 15 a 20
pessoas.

Ele propõe a substituição da figura do pastor como gestor da igreja, e


indica “um dono de casa sábio e atento à realidade”, embora admita a
necessidade do pastor como mais um integrante da equipe, e não o centro da
mesma, pois o ministério quíntuplo, pode ser exercido por todos aqueles
chamados para isso. Na prática propõe a completa descentralização, que outrora
estava na figura do sacerdote/pastor, para o povo, no clássico “sacerdócio de
todos os santos”. Afirma que “a burocracia é a mais diabólica de todas as formas
de administração”, desdobrando, obviamente, na completa substituição da
“organização eclesiásticas”, “formas orgânicas de cristianismo”, indicando a
necessidade de um mínimo de organização.

Outra proposta do autor é levar a igreja ao povo e não o povo à igreja,


indicando novamente a crítica à igreja institucional, que fora capaz de
transformar a “Ceia do Senhor” em atos totalmente ritualísticos, e não mais
celebrativos. Caminhando para o final das apresentações das teses, Simson
15

aponta que é necessário desenvolver o movimento cristão da cidade e não


denominações dentro da cidade. A justificativa é que Jesus “jamais pediu aos
seres humanos que se organizassem em denominações” que fragmentou o
protestantismo, fazendo-o perder a voz e deixando de ser relevante na cidade.
Em termos claros: são guetos culturais-religiosos em busca de suprir suas
próprias demandas. Nesse sentido “Casas que transformam o mundo” estariam
presentes em todos os bairros da cidade! (SIMSON, 2014, p.1-17). Todo o
restante do livro é o aprofundamento das teses mencionadas.

1.2 Caminho da graça para todos, de Caio Fábio.

A proposta de Caio Fabio em seu opúsculo para sua “igreja” é


entender o termo “Ekklesia” como “o ser Igreja” (FÁBIO, p. 37) que sai do templo
e relaciona-se com as pessoas de fora do “clube santo”. O “clube santo” seria a
igreja institucionalizada e burocratizada com excessivo nível de organização.
Para ele “Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos das existências” (p.
39).

Caio diz que o “Caminho da Graça” o qual fundou não, “não é uma
reforma!” ( p. 47), isto é, propor uma nova reforma e tão simplesmente, colocar
pano novo em veste velha. Sua proposta então é a “desconstrução” da
religiosidade, pois a “Revolução do Evangelho não se atém a nenhuma
preocupação com a construção de nada” (p. 49), como um fixação neurótica por
construir prédios chamados de igrejas. Em relação a isso, Caio afirma:

E não nos reuniremos mais? é a pergunta angustiada de alguns. É


claro que nos reuniremos sempre. Mas tais encontros não visam
centralizar as forças, organizar as ações de poder, coordenar a
produção dos ‘frutos’ e ‘divinizar’ a visão’ e a pregação do ‘método’;
mas apenas renovar as alegrias da fé e da esperança, fortalecer o
amor, e devolver as pessoas à vida com a simplicidade do sal e da luz.
(p.54)

Neste sentido, Caio nunca propôs a destruição da igreja local, mas


tão somente a reinterpretou como acreditar que ela consta nas páginas do Novo
Testamento, indicando que haverá formas organização eclesiásticas: “Ora,
ninguém que vive no tempo e no espaço pode crer que as formas sejam
16

evitáveis.” (p. 61), afinal: “Toda instituição que existe para servir aos homens é
boa e útil.” (p. 67).

A proposta do Caio Fabio é usar a instituição em prol do evangelho e


não condicionar o evangelho à instituição religiosa. Suas críticas referem-se à
religiosidade presente em tais ambiente eclesiásticos e, por conta disso, não é
possível classifica-lo como “desigrejados”, pois o “Caminho da Graça” é a Igreja
(pessoas reunidas em nome de Cristo), onde a organização serve o evangelho.

1.3 Feridos em Nome de Deus, de Marília de Camargo César

Marília de Camargo César é uma mulher que nasceu em um lar cristão


tradicional e que depois de muitos anos passou a frequentar uma denominação
pentecostal com a qual teve um relacionamento dúbio. De um lado, ela passa a
ter uma vivência com o Espírito Santo e um crescimento exponencial no
conhecimento da Bíblia, e, por outro lado, passou por amargas situações de
abuso espiritual com esta denominação que a levou a escrever o livro em
questão.

Ela, como jornalista por formação, conseguiu escrever um livro, que


relata histórias de vítimas e da própria escritora de abuso espiritual. Quem lê o
livro sem uma mente critica pode ficar um pouco assustado devido a
profundidade de sua dor.

Quando se lê os primeiros capítulos, dá-se início ao conhecimento


das histórias de vítimas do abuso espiritual. Percebe-se que a autora ainda está
muito magoada com sua antiga denominação e com a igreja em geral.

Este livro acaba por narrar histórias reais de pessoas que tiveram sua
fé abalada devido ao convívio desvirtuado com líderes e outros membros da
própria igreja.

Trata-se de uma denúncia que a jornalista faz ao falso evangelho que


tem sido pregado nas igrejas, evangelho este que acaba usando Deus como
desculpa para se cometer tantos abusos. Este livro tem sido libertador e curador.
17

1.4 A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira


de Almeida. 1969. Texto (Lucas 15. 11-32) A Parábola do Filho Pródigo

(Não sei se tem que colocar o texto ou fazer tipo um resumo... Me ajuda
nesta kkk)
18

2. FUNDAMENTAÇÃO METODOLOGICA

Como apresentado na introdução, percebe-se a acentuada


porcentagem de pessoas se dizendo que são cristãs, mas ao mesmo tempo uma
grande quantidade de pessoas saindo da igreja. Parece que está havendo um
paradoxo, isto é, o crescimento e o descrescimento.

O Departamento de Pesquisas do ministério Servindo Pastores e


Líderes (Sepal) divulgou uma estimativa, em 2011, segundo a qual os
evangélicos representariam mais da metade da população brasileira já em 2020.
“Eles serão aproximadamente 109,3 milhões, para uma população de 209,3
milhões,” previu o teólogo e pesquisador Luis André Bruneto. O entusiasmo era
corroborado por grandes manifestações, como a Marcha para Jesus (que, em
2009, levou às ruas de São Paulo quase 2 milhões de pessoas), pela maciça
presença midiática dos pastores e pela crescente influência evangélica em
setores como a política partidária, entre outros. “O Instituto Superior de Estudos
da Religião fez, na década de 90, uma extensa pesquisa sobre a abertura de
templos. Eram cinco por semana, só no Rio de Janeiro”, observa o pastor
presbiteriano André Mello, na época integrante da equipe do Iser.

Acontece que, se a matemática é uma ciência exata, a dinâmica


demográfica, muitas vezes, caminha na direção oposta, e aí não há fé capaz de
fechar a equação. Os números relativos à religiosidade do povo brasileiro do
Censo 2010 só foram fechados e divulgados mais de dois anos depois, e o
festejado crescimento dos evangélicos, que se acelerou de maneira sem
paralelo no mundo contemporâneo entre os anos 1980 e 2000, caiu bastante.
Os números ainda são ascendentes, mas tendem à estabilização – e até ao
encolhimento, como especulam alguns pesquisadores –, o que contraria
frontalmente as previsões mais ufanistas. “Entre 1991 e 2000, o aumento médio
foi de 120%”, lembra o bispo emérito da Igreja Metodista Paulo Ayres Mattos.
Dali em diante, o avanço caiu pela metade. “Isso não pode ser ignorado de forma
alguma para quem trabalha com rigor e seriedade as mutações no campo
religioso brasileiro”. Doutor em Teologia e professor da Universidade Metodista
de São Paulo, Ayres é estudioso do movimento pentecostal brasileiro e avalia
19

que o fato mais importante dos dados religiosos do último Censo é a diminuição
comparativa do crescimento evangélico.

Há diversas razões para essa perda do ímpeto de crescimento, que


pôde ser sentida no dia 4 de junho (2015), quando apenas cerca de 200 mil
pessoas, na avaliação da Polícia Militar, prestigiaram a mesma Marcha para
Jesus nas ruas da capital paulista. “As pesquisas atuais falam em fechamento
de templos e dissolução de associações evangélicas por divergências ou luta
por poder”, acrescenta André Mello. Tal fragmentação das igrejas, e seu
consequente enfraquecimento, é apenas um dos motivos do quadro atual. Ela
se verifica tanto na igrejinha da esquina, da qual o pastor assistente saiu para
abrir seu próprio empreendimento religioso, até grandes grupos, como a Igreja
Universal do Reino de Deus (Iurd). Nadando de braçada na explosão evangélica
dos anos oitenta e noventa, a denominação de Edir Macedo começou a sofrer a
concorrência – é, o termo usado pelos estudiosos é este mesmo, que remete à
ideia de disputa por mercado – de grupos saídos de suas entranhas, como a
Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada e liderada por Valdemiro Santiago,
ex-pastor da Universal e atual desafeto do antigo chefe. O estrago é um dos
motivos do encolhimento da Iurd, de 2,1 milhões de fiéis, há quinze anos, para
os cerca de 1,8 milhão encontrados em 2010. De maneira análoga, diversas
denominações têm sofrido fraturas e cizânias que, no médio prazo, acabam
dificultando as coisas tanto para a igreja que fica como para aquela que se forma.

“As pessoas, hoje, têm mais liberdade para escolher e combinar


diversas opções em seu próprio cardápio religioso, como num balcão de comida
a quilo”, continua Paulo Ayres. Para ele, o quadro sinaliza as transformações
sociais que melhoraram a situação econômica de boa parte da população nos
últimos anos, como as classes C e D. “Isso possibilitou às pessoas resolverem
seus problemas mediante meios mais racionais, sem buscar o recurso de
soluções milagrosas”. Além disso, o bispo metodista aponta outros fatores, como
o aparecimento mais visível dos evangélicos sem igreja e o aumento percentual
de pessoas sem religião, ateus e agnósticos no cenário nacional. De fato, o IBGE
encontrou 9.218.000 brasileiros que se enquadram na difusa categoria
“evangélica não determinada”, que inclui os chamados desigrejados – gente que,
20

apesar da origem evangélica, em determinado momento da vida assumiram uma


fé “não institucional”, para usar o termo moderninho. “Tudo isso confirma um
dado já identificado anteriormente, trabalhado com bastante competência por
sociólogos da religião como Paul Freston”, cita.

Autor de um artigo polêmico, publicado na revista Ultimato em 2011 e


no qual questionava as previsões entusiasmadas que anunciavam a quebra da
antiga hegemonia religiosa do catolicismo, Freston cunha uma expressão para
se referir ao esvaziamento da ideia de pertencimento religioso, antes tão cara
aos evangélicos que era comum se ver, nos bancos das igrejas, sucessivas
gerações de crentes. “Vários fatores podem estar por trás dessa
‘desdenominacionalização’. São aspectos negativos – como o individualismo e
a falta de compromisso – e outros positivos, como a melhora econômica e a
consequente diminuição da necessidade de uma relação clientelista numa igreja
com liderança forte”. Inglês naturalizado brasileiro e colaborador nos programas
de pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos, Freston, que
atualmente leciona no Canadá, chama a atenção para os subgrupos do universo
evangélico brasileiro, lembrando que o fenômeno os atinge em diferentes graus.
“As análises se complicam com as mudanças internas do segmento. Segundo o
Censo, 60% dos evangélicos são pentecostais; 18% são de missão (ou seja,
integrantes de igrejas históricas ou tradicionais); e 22% estão entre os
‘evangélicos não determinados’.”

Ele considera que o espantoso o aumento desta última categoria


atrapalha as comparações com os Censos anteriores. Quem seriam eles? “Será
que são neopentecostais decepcionados com as suas igrejas, mas que ainda se
consideram evangélicos? Ou pentecostais clássicos, de terceira ou quarta
geração, em processo de ‘despentecostalização’? Ou crentes de igrejas
históricas que perderam a sua identidade denominacional? Ou uma soma de
tudo isso e muito mais? De qualquer forma, diminui a porcentagem do mundo
evangélico que se diz pentecostal ou que declara adesão a uma denominação
categorizada como tal”, descreve o professor. Por outro lado, o Censo anuncia
mudanças demográficas no Brasil que não favorecem o movimento, como o
21

acelerado envelhecimento da população e a redução da taxa de fecundidade.


Numa coisa, porém, Freston é categórico: “Os dados desmentem claramente as
previsões absurdas que circularam de que haveria uma maioria evangélica até
2020. Estas previsões fazem um grande desserviço à comunidade evangélica.”

O avanço da Igreja Evangélica brasileira, alavancado pela explosão


pentecostal e neopentecostal de vinte anos atrás, estará perto de bater no teto?
“No momento, parecem precoces e arriscadas quaisquer conjecturas desse
tipo”, comenta Ricardo Mariano, doutor em Sociologia e professor da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Em seu trabalho Mudanças no
campo religioso brasileiro no Censo 2010, ele menciona que os sem religião,
demograficamente insignificantes até 1970, já chegam a 15,3 milhões de
brasileiros. “Eles quintuplicaram de tamanho entre 1980 e 2010, formando o
terceiro maior ‘grupo religioso’ do país”, diz no estudo. Ao mesmo tempo, a
expansão dos pentecostais na última década pesquisada, de 44%, não chega
nem à metade das médias de crescimento obtidas nos dois decênios anteriores,
como em 1991 (aumento de 111%) e em 2000, da ordem de 115,4%. O que
parece certo, ainda conforme Mariano, é a perda de musculatura de grandes
igrejas. “Em 2000, cinco denominações concentravam 85% dos pentecostais.
Uma década depois, essa cifra declinou para 75,4%. Tal desconcentração
denominacional é decorrente tanto da queda numérica de igrejas como
Congregação Cristã no Brasil e Universal quanto do aumento da diversificação
institucional do pentecostalismo.”

A característica metodológica deste projeto é de pesquisa etnográfica


é de natureza qualitativa e também quantitativa. O estudo faz uso de técnicas
etnográficas bem como: observação, entrevista e questionário. Esta pesquisa foi
aplicada na cidade de Londrina, Estado do Paraná, tanto a entrevista bem como
os questionários foram realizados por pessoas denominadas desigrejados.

Esta pesquisa visa identificar os vários fatores que acabaram levando


as pessoas a saírem de suas respectivas igrejas. Mediante o desafio, o estudo
a campo deu-se em busca de pessoas que se sentiram de alguma forma ferida
em meio a sua caminhada cristã. Pessoas que se tornaram vítimas de abuso em
vários aspectos dentro da igreja, que por sua vez não tem mais sequer forças
22

para retomar suas vidas com Deus, dentre as quais algumas conseguem se
superar outras não. Com isto, verificou-se não só os abusados, mas também os
abusadores que muitas vezes sequer têm consciência que estão abusando, na
verdade estes também são vítimas no processo religioso.

Para a realização das pesquisas que compõem o referencial teórico,


foram também utilizados livros, sites, além das entrevistas e questionário feito
com pessoas denominadas desigrejados.

2.1. Contextualizando a pesquisa

Para esta pesquisa utilizou-se como instrumento de coleta de dados


uma entrevista que contém 10 perguntas abertas. E ao mesmo tempo, foi
utilizado um questionário com 7 perguntas mais fechadas. Tanto as entrevistas
bem como o questionário foram realizados na cidade de Londrina, Estado do
Paraná.

Em relação as entrevistas, optei por faze-las aos sábados, visto que


era meu dia de folga, todas as entrevistas duraram em média de 20 a 30 minutos
não mais do isto, só a entrevistada N 6 demorou mais ou pouco, visto que a
mesma começou a chorar e tive que dar um tempo de mais ou menos uns 10
minutos para ela se compor.

Em relação ao entrevistado N 1 acabei agendando com ele no dia 13


de outubro as 8:00 horas da manhã. Ele achou bem mais tranquilo fazer na casa
dele, o mesmo mora na região do Cinco Conjunto.

O entrevistado N 2 me atendeu no seu apartamento no dia 27 de


outubro de 2018 as 8.20 da manhã, ele mora na região central de Londrina.

O entrevistado N 3 foi entrevistado no dia 03 de novembro de 2018 na


sua casa as 8;00, pois o mesmo mora na região do Cinco Conjunto.

O entrevistado N 4 me recebeu no seu apartamento as 8;00, ele mora


na região oeste da cidade, a entrevista foi realizada no dia 10 de novembro de
2018.
23

Em relação ao entrevistado N 5, eu marquei com ele no dia 24 de


novembro de 2018 as 8;15 na sua casa que também é localizada na região do
Cinco Conjunto.

A entrevistada N 6 me recebeu na sua casa no dia 16 de fevereiro de


2019 as 11;00 visto que a mesma trabalha a noite, ela mora na região do Cinco
Conjunto.

Todas as entrevista foi agendada via telefone, só a entrevistada N 6


eu agendei pela Whatsapp.

2.2. Problemas encontrados

A problemática maior foi encontrar as pessoas que se abram ao ponto


de compartilhar as suas experiências. Para tanto foi necessário fazer uso das
técnicas etnográficas bem como: observação, entrevista e questionário,
apresentadas no curso para criar um ambiente propício para esta abertura.

Em relação às entrevistas, não foi fácil encontrar pessoas que


estivessem disponíveis para tal. Foram realizadas ligações telefônicas para 15
pessoas, com apresentação formal, mencionando que tratava-se de um projeto
de pesquisa para o curso de mestrado, e que a ajuda das pessoas para
responder algumas perguntas seria muito útil. Das 15 pessoas contatadas, só 6
deram retorno das ligações. Logo, as entrevistas foram realizadas com essas 6
pessoas. O agendamento das entrevistas foi sempre aos sábados. Os
candidatos N2 e N5 sempre apresentaram uma desculpa, entretanto, a
entrevista conseguiu ser realizada. As entrevistas duraram em média de 20 a 30
minutos cada.

Em relação aos questionários, cerca de 500 pessoas foram


contatadas. Foi utilizado o aplicativo Whatsapp, cujo formato de texto foi o de um
convite para participar de um questionário para o curso de mestrado. A referida
mensagem que foi enviada foi esta:

“Prezado (a) participante:


24

Sou estudante no curso de Mestrado em Liderança Pastoral Urbana da


UNIFIL, Londrina-PR. Estou desenvolvendo um estudo sobre os
(REJEITADOS PELA RELIGIÃO, ACEITOS PELA GRAÇA), estou
sendo orientado pelo professor: Dr. Romio da Silva Cardoso, cujo
objetivo é identificar e saber o que o levou a sair da igreja, ou o que
acabou entristecendo seu coração. Peço sua contribuição, sua
participação é voluntária e sua identidade será mantida em sigilo,
assim, serão omitidas todas as informações que permitam identificá-
lo(a). Muito Obrigado!
Tiago Henrique de Araújo”

Das 500 pessoas, 101 preencheram o questionário.


25

3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A proposta deste capítulo é apresentar os resultados alcançados com


a pesquisa de campo, analisando-os à luz dos autores que se debruçaram sobre
o tema proposto.

Segue abaixo os gráficos e suas analises:

Ao observar este gráfico e bem como a pergunta que fora feita, nos
chama a atenção o fato que na opinião de 35,6% das pessoas as regras, ou
poderíamos chamar de doutrinas evangélicas, é o maior fator de opressão. Outro
fator interessante é que 23,8% das pessoas disseram que a igreja é opressora
por causa da imaturidade dos membros, no sentido de julgamentos. E 22,8%
disseram que é por causa dos pastores, ou líderes.
26

Nesta questão de numero 2, as respostas são interessantes, 49% das


pessoas responderam que sairam da igreja por problamas diversos com a
liderança local, e 39,8% disseram que o mau testemunho dos membros da igreja
contribuiram para os mesmo sairem. E apenas 10,2 disseram que o problema
que contribuiu para a saida dos mesmos estava com eles mesmos.
27

Em relação a questão numero 3, sobre as vantagens de não


frequentar uma igreja, 40,4 das pessoas responreram que as vantagens é que
ninguem fica cuidando da vida delas. 35,4% das pessoas disseram que não
existe vantagens e sim ilusões. 16,2% disseram que não precisam se subordinar
a uma liderança. E 8,1% disseram que não existe regras para seguir.
28

A questão numero 4, quando se fala sobre os problemas que aparecia


na igreja, o que as pessoas faziam em relação isto, 43% das pessoas
responderam que recorria aos pastores, logo percebemos que a liderança tem
um papel preponderante em relação aos problemas na igreja, as pessoas
recorrem a liderança. 29% das pessoas não recorria a ninguém. E 21% das
pessoas disseram que recorria ao Senhor. E somente 7% recorria a bíblia.
29

Na questão se a igreja esta deixando de pregar o evangelho 86,6%


das pessoas disseram que sim. E 13,4% disseram que não.

Na questão número 6, que fala sobre se existe uma possibilidade


destas pessoas voltarem para a igreja, 84% das pessoas disseram que sim, e
somente 16% disseram que não, isto é muito interessante, pois acaba nos
30

mostrando que as pessoas não estão ressentidas com a igreja, mais sim com a
Instituição.

Na questão 7, sobre as igrejas que estas pessoas participavam, 44%


delas eram de igrejas tradicionais, 22% das pessoas eram de igrejas
neopentecostais, e 18% de igrejas pentecostais e uma parcela de 14% de igrejas
católicas, é interessante notar a participação em massa dos neopentecostais e
dos católicos.

Segue abaixo as perguntas e suas respectivas respostas, que serão


analisadas uma por uma.

Entrevistado nº 1
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Tiago posso dizer que sim, já tive várias experiências boas com vários
cristãos. Consigo me lembrar de algumas vezes, e digo não foi só uma,
mas foram várias as vezes que precisei de cesta básica, por estar
desempregado e foi muito bem atendido pela igreja, mais precisamente
pelo pastor da igreja que eu participava. E não só isto, já tive bons
momentos com os jovens da igreja, me recordo das vigílias, da
comunhão que tínhamos, saiamos para comer lanche, pastel, era muito
divertido.
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Como eu disse a você que tentaria ao máximo ser sincero nas respostas.
Das experiências ruins que me marcaram, tem uma em especial que
não consigo tirar da cabeça, você conheceu um pouco da minha história
31

e sabe que participei de uma determinada igreja dita como pentecostal,


e nesta igreja havia muita liberdade em relação aos dons do Espirito,
tinha muita profecia, visões e coisa do tipo, foi num destes cultos onde
estava tendo muita manifestação do Espirito que o pastor tomou o
microfone da minha mão quando estava pregando, e começou a falar
várias coisas referentes a minha pessoa, falou que eu estava querendo
roubar a posição dele, falou que eu estava fazendo tipo uma divisão na
igreja, e eu não estava fazendo nada disto, até me acusou de coisas
graves como adultério. A partir deste dia nunca mais fui a mesma
pessoa, não consigo esquecer isto.
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Eu tive que sair Tiago justamente por isto, eu ficava pensando como as
pessoas me olhariam depois deste dia em diante. Fiquei muito mal, até
fiquei com depressão.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 Não sei te responder, só sei te dizer que a experiência que eu tive
gostaria que ninguém tivesse. Só acho que o pastor daquela igreja
começou a crescer demais, a igreja que ele pastoreava estava com
muitas pessoas, acho que ele se inchou um pouco, e por este motivo ele
começou a oprimir as pessoas, até porque sempre fui um obreiro fiel, o
povo gostava de mim, acho que causou inveja nele, acho que foi isto,
não sei ao certo.
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 As vantagens são muitas, hoje ninguém fica mais cuidando da minha
vida, da minha família, eu ando com a roupa que eu quero, antigamente
eu tinha que andar só de social, e minha esposa só de saia, agora eu
ando como quero, e outra antes não tinha liberdade para fazer nada,
nem ir à praia, hoje estou mais feliz assim, pois tenho liberdade. Meus
filhos podem jogar bola, eu também até jogo com eles, antes eu não
podia.
P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?
R6 Acho te tenho este conceito de vida porque me feriram muito, eu sinto
até hoje, na verdade quando digo que estou mais feliz, digo por causa
da liberdade que agora tenho, mais no fundo perece que falta algo, mais
eu não consigo voltar, tenho raiva, para mim não por enquanto.
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
R7 Hoje digo que não, mais quem sabe mais para a frente, como eu te disse
sinto que falta algo, eu sei muito bem o que falta, mais sinto que ainda
não é a hora, mais sei que pode chegar o momento, mais um dia acho
que volto sim.
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Para ser sincero ela sempre fala que temos que voltar, principalmente
por causa dos nossos filhos, ela reclama que este mundo está perdido,
e sem Jesus os nossos filhos passarão dificuldades, as vezes começo
a pensar sobre isto, mais quando lembro do que passei meu coração se
fecha.
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 Na verdade, já tive muita raiva dele, hoje nem tanto, depois até fiquei
sabendo que ele entrou num processo de depressão profunda, até me
32

disseram que talvez ele tenha feito isto comigo porque estava com
depressão, mais eu acredito que ele estava muito lucido.
P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Acho que seria mais fácil de perdoar talvez, mas não sei ao certo, porque
o que senti não tem como explicar em palavras, foi muita decepção, eu
confiava naquele homem, fazia tudo o que estava ao meu alcance, e ele
fez isto comigo e com minha família, na realidade não sei qual seria
minha reação.

Análise das respostas do Entrevistado nº 1

As respostas coletadas deste entrevistado, que pediu para não


colocar o nome dele na entrevista, pode-se perceber que ele está ainda muito
ressentido com a experiência negativa que teve. Por mais que este membro teve
várias experiências boas na igreja, esta última o marcou profundamente. Pelo
depoimento, o coração fica na mão, até porque trata-se de uma pessoa amada
do Senhor. Devido ao acontecimento ser um assunto pessoal, só o tempo e a
graça do Pai para restaurá-lo.

Obviamente, o conflito do pastor com ele, resultou na saída do mesmo


da igreja. A impossibilidade de participar de outra denominação demonstra a
compreensão infantil da fé cristã, ao inviabilizar sua ida a outra igreja,
generalizando todas. Um cristão maduro, poderia vivenciar momentos de raiva,
como exposto, porém superaria e voltaria a comunhão com a igreja em outra
denominação.

Entrevistado nº 2
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Sim, por sinal, várias experiências. Posso citar as experiências que tive no
tempo que estive afastado da presença de Deus, onde pessoas cristãs usadas
por Deus se aproximavam para me ajudar a me levantar, me fortalecer e me
recompor para voltar a estar no centro da vontade dele e voltar para sua
presença. Pessoas que nesse tempo me aconselharam, que lutaram minhas
lutas, que compraram minha causa, oraram por mim e comigo, e que se hoje
estou firme em Cristo, e graças primeiramente a Deus, e segundo a essas
pessoas.
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Quando decidimos viver com Cristo e para Cristo é certo de que lutas e
provas virão, investidas do inimigo para nos fazer perder o foco e parar.
E para mim, a única experiência ruim que o cristianismo pode nos
33

proporcionar são essas aflições às quais Jesus mesmo disse que


teríamos de passar.
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Creio que pelo mesmo motivo que muitas pessoas saem e continuarão
a sair. Por levante de pessoas da própria igreja contra mim e minha
família. Resumindo a história. Fazíamos parte dessa igreja a
aproximadamente 6 anos, meu pai segundo pastor, minha mãe dirigente
de alguns departamentos, eu era baterista oficial, tínhamos bastante
afinidade com pessoas daquela congregação, tudo ia bem até pela
segunda vez ser trocado nosso pastor. E quando esse novo pastor
assumiu a igreja, juntamente com sua família começou as perseguições.
Começou as calúnias, as fofocas, a inveja, eu fui tirado da bateria,
(nessa época com 15 anos, e o que eu mais amava era tocar),
aguentamos tudo por 2 anos, até que um dia após um culto minha mãe
foi falar com a mulher do pastor dentro da igreja e a mesma avançou na
minha mãe, eu corri para socorrer, outras pessoas entraram pra nos
defender e virou um verdadeiro ‘ringue’ dentro da igreja. Após reunião,
pastor presidente pediu para que minha família congregasse em uma
cidade próxima (o que era totalmente contra nossa vontade, pois
consideravam aquela igreja nossa segunda casa, pessoas daquela
igreja como de nossa família). E eu senti como se tudo isso tivesse sido
arrancado de mim, pessoas se afastaram, também saíram da igreja, e
eu me vi revoltado, foi onde me afastei completamente da igreja e da
presença de Deus.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 Apesar de muitas pessoas verem a igreja dessa forma, eu não vejo
assim. Infelizmente há sim muitas “igrejas” e muitos “líderes” que
oprimem e dominam seus fiéis, seja financeiramente, seja
psicologicamente. E por esse motivo, pessoas generalizam e taxam as
igrejas como “opressoras” e seus fiéis como “alienados”. Mas na
verdade a igreja é o contrário de tudo isso, a igreja serve para aliviar o
oprimido, trazer consolo ao angustiado, e dar domínio ao dominado.
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 No meu ponto de vista não existe vantagens e sim ilusões.
P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?
R6 Porque sei que tudo que passei foi permissão, e serviu de aprendizado.
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
R7 Graças a Deus foi essa vontade que prevaleceu, e por isso hoje estou
firme com Cristo.
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Não sou casado.
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 Hoje eu tenho dó, e oro por ele, porque hoje quem está afastado e ele,
e sei que assim como pessoas oraram por mim pra que hoje eu
estivesse onde estou, ele também precisa de pessoas que orem por ele.
P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Há fatores pra se levar em consideração, minha idade, a época em que
aconteceu, e experiência por mim adquirida (apesar de que os meios
não justificam os fins). Mesmo assim creio que se naquela época com
34

minha idade e experiência, eu soubesse que ele tinha depressão, eu


reagiria da mesma forma. Mas se o tempo fosse hoje, pediria a Deus
mais paciência e orava pela vida dele, para que Deus o libertasse e
evitasse tudo isso.

Análise das respostas do Entrevistado n° 2

O entrevistado n° 2 apresenta ótima compreensão do evangelho e da


sua identidade guardada em Jesus. Embora, houve a raiva momentânea em
relação ao ocorrido, o mesmo foi capaz de superar a adversidade, e conectou-
se a outra igreja local.
O entrevistado faz clara distinção entre a instituição religiosa (igreja)
com suas normas e regras, do Corpo de Cristo, que acolhe, ama e ajuda, em
detrimento da instituição, que muitas vezes, deixa a desejar nesse quesito.

Entrevistado nº 3
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Sim! Das amizades e quando íamos pregar em várias igrejas!
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Bom! Com o cristianismo não! E sim com pessoa que dizem ser cristão.
Pois pregam uma coisa e vive outra!
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Fiquei desempregado em uma época, pois o pastor nem para ir à minha
casa para ver se precisaria de algo! Seria em momentos assim que,
tiraríamos uma conclusão de como é que funciona de verdade o sistema
implantado em igrejas! Mas tudo isso foi uma aprendizagem na minha
vida!
Obs: Só lembrando que, tudo o que disse acima, foi por se tratar de uma
pesquisa. Pois hoje vejo tudo isso de uma forma diferente.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 Talvez por ensinar uma coisa e praticar outra!
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 Não vejo necessidade de estar em uma igreja para ser feliz ou algo do
gênero etc.
P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?
R6 Porque hoje, vejo que tudo quanto foi ensinado, não tem a ver com a
realidade!
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
R7 Não!
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Ela ainda acredita em tudo quanto é dito nas igrejas. Mas sempre tento
passar a ela que não é assim o funcionamento do universo!
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 Ele deveria ir em busca de conhecimentos!
35

P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Caso ele estivesse ou não, isso não seria uma justificativa. Mas nem por
isso deixaria de liberar o perdão, tendo em vista de que o “AMOR” é algo
fundamental na vida do ser humano!

Análise da resposta do Entrevistado nº 3

O pesquisado n° 3 apresenta incoerência em suas respostas em


relação à crítica feita à igreja. Ele diz: “Pois hoje vejo tudo isso de uma forma
diferente”, mas logo em seguida afirma que não retornaria à igreja local. Não há
representação diferente e sim um desejo por descontruir todo o sistema religioso
que considera opressor, expresso na tentativa de tirar a cegueira espiritual da
esposa. O entrevistado utiliza da máxima clássica dos desigrejados, ao indicar
que “liberou perdão”, porém sem reconciliação, pois não consegue fazer parte
de nenhuma igreja local. Jesus disse que é necessário ir até o outro e resolver a
situação.

Entrevistado nº 4
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Sim, tenho grande amigos e tivemos experiências muito proveitosas,
pessoas que estiveram ao meu lado quando precisei, souberam
entender minhas falhas e nem por isso me abandonaram, antes não
desistiram de mim, não viraram as costas, oraram por mim, intercedendo
a Deus pela minha vida, cumprindo aquele versículo chorai com os que
choram. Recentemente contei a um amigo que estava passando por
necessidades de alimentos, ele me emprestou dinheiro para comprar
alimentos, isto também é uma ótima experiência cristã, saber que
existem pessoas que se preocupam com vc e seu bem estar.
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Em relação ao cristianismo não, mas com as pessoas que são cristã
sim, foram algumas experiências difíceis, que trouxe na minha vida
lições de aprendizado, maturidade e crescimento, mas tem uma que
marcou bastante minha vida, isso foi em 2011. Eu estava passando por
momento muito crítico em meu ministério, havia recentemente
adulterado e estava em disciplina na Igreja Assembleia de Deus, e
passados alguns meses o Pastor local juntamente com os obreiros me
colocaram em comunhão, estava muito feliz, animado.
Houve uma troca de pastores, o recém pastor chegado foi em casa fazer
uma visita, fiquei feliz em recebe-lo em casa juntamente com sua
esposa, mas essa visita não foi muito agradável não, sentamos no sofá
na sala, ele disse que veio para ajustar, arrumar, consertar algumas
coisas que o antigo pastor deixou de herança pra ele. Eu era Presbítero
36

na Igreja sentava na plataforma da Igreja, era um auxiliar do Pastor,


então ele me disse que eu deveria sair da plataforma ou púlpito e sentar
no banco novamente, por que o meu caso em relação ao adultério não
tinha sido resolvido nada não, ai eu contei pra ele que o antigo Pastor e
juntamente com os Obreiros me chamaram em uma reunião e todos me
colocaram em comunhão na Igreja, mesmo assim ele disse que não iria
aceitar a concordância dos Obreiros, fiquei surpreso, arrasado, triste,
confuso etc. Eu estava passando por um momento muito difícil com
minha ex esposa ela sempre jogava na minha cara que eu era um
prostituto, adultero, estava disposto a jogar tudo pro alto não aguentava
mais toda situação que estava vivendo, então eu falei pra ele que eu iria
me separar, por que ela não havia me perdoado, ai ele me falou sou um
homem de Deus se você se casar novamente você vai pro inferno.
Quando minha e esposa ouviu que eu queria me separar, ela
furiosamente veio até a sala e contou todos os meus pecados para o
Pastor, que vergonha eu fiquei, a reação da esposa do Pastor foi
surpreendente ficou pasmada. Então ele me disse por sua causa a Igreja
está sofrendo, por causa dos seus pecados, então lhe respondi é por
minha causa tá bom, vou fazer como Jonas vou me lançar no mar e a
tempestade vai cessar, disse a ele nunca mais piso meu pés nesta
Igreja. Após esse momento difícil na minha vida, não consegui ser a
mesma pessoa que era, acabei me afundando no mundo, me separei e
estou frequentando Igreja.
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Por que os líderes dela em vez de estimular, apoiar, aconselhar, orar,
incentivar a você a não desistir, são os primeiros a te crucificar pelos
seus pecados, pelos erros cometidos, te jogam no lixo como um copo
descartável que depois de usados não presta pra mais nada, não se
importam com você, se importam com o dizimo, e não com as almas,
não estou me referindo que todos são assim, mas, uma boa parte, não
buscam a ovelha perdida e colocam sobre os ombros, deixa ela morrer
no deserto de fome, água ou o lobo devora-la.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 Eu não vejo a minha Igreja como uma instituição opressora, eu a vejo
com algumas normas certas e outras erradas, mas existem sim
instituições que colocam um jugo muito pesado sobre as pessoas, mas
o problema está na sua liderança que são radicais demais e extremistas,
Jesus por diversas vezes reprovou os fariseus por práticas abusivas que
eles colocavam sobre as pessoas, o evangelho é liberdade e não
fanatismo e fanatismo leva a prisões emocionais, físicas e espirituais.
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 Nenhuma vantagem, não posso generalizar as coisas também por que
estou decepcionado e sai da minha igreja e tomar uma atitude radical e
não ir em mais nenhuma igreja, cada igreja é diferente, os líderes são
diferentes, o que aconteceu de experiência ruim me servirá em outro
local de aprendizado, é claro que existem pessoas que não querem
frequentar mais igrejas por tamanha decepção que passaram, só Deus
pode curar com seu bálsamo o coração ferido dessas pessoas.
P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?
37

R6 Esse conceito que tenho hoje é por que eu passei por circunstancias
difíceis na igreja, isto me fez fazer, percebi que pessoas podem nos
decepcionar, nos machucar etc. Judas discípulo de Jesus o traiu,
acredito que Deus está me ensinando que ser cristão é um desafio, e o
meu conceito hoje é viver para a Glória de Deus.
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
R7 Sim estou voltando novamente, não na mesma Igreja em outra, não que
estou ainda traumatizado com o acontecido na Igreja, é por que esta eu
me sinto bem comigo mesmo, com as pessoas, e também é mais perto
de casa.
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Eu estou em outro relacionamento, ela é uma pessoa que não conhecia
a Cristo, está frequentando comigo a Igreja, aceitou Jesus recentemente
e irá logo batizar, está sendo uma novidade pra ela, Deus está
transformando sua vida e está disposta a ir comigo aonde eu for.
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 No meu ponto de vista ele foi infeliz da forma que tratou do assunto
sobre mim, deveria antes saber o que aconteceu antes de tomar
decisões precipitadas, agiu sem misericórdia sem compaixão, foi
imprudente nas suas palavras e julgamento, que Deus possa perdoa-lo,
mesmo ele não estando mais aqui na terra.
P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Bom acredito que o tempo e o perdão é o melhor remédio para curar
qualquer ferida que causarem em nós, assim como Deus nos perdoou,
devemos também perdoar as pessoas que causam em nós algum dano,
assim estaremos sendo imitadores de Cristo.

Análise das respostas do Entrevistado n° 4

O entrevistado n° 4 apresentou coerência bíblica em sua


representação da figura do pastor, e desfez-se da generalização demonizante,
comum nos decepcionados com a igreja, e vivenciou nova prática de retorno à
igreja local. O confronto com o pastor citado, embora gerou mal-estar, não o
levou a colocar todas as denominações na mesma compreensão. Como era de
se esperar, o Evangelho está proporcionando possibilidade de recomeço a esse
irmão.

Entrevistado nº 5
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Já e muitas experiências boas, lembro muito bem de quando me casei
com minha digníssima, quem fez meu casamento foi o pastor da igreja
que eu congregava, eu gostava muito deste pastor, ele era muito
amável. Logo após o casamento foi marcado pelo período que estava
38

desempregado e os irmãos se reuniram para fazer uma vaquinha para


me ajudar na compra, isto me marcou demais.
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Com o Cristianismo não tive experiência ruim, mais tive uma decepção
com muitas pessoas, e principalmente com o pastor, pensei que seria
diferente o tratamento, eu sei que pequei, e reconheço, mais algumas
atitudes exclusivistas por parte de muitas pessoas da igreja.
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Eu saí da igreja quando acabei pecando e acabei me separando da
minha esposa, foi neste tempo que eu mais precisava de apoio, mais
infelizmente as pessoas da igreja me excluía, passava de largo, eu fiquei
muito triste com tudo isto, espera que o pastor me apoiasse, não o meu
pecado, mais que me abraçasse, mais isto não aconteceu. Ai eu acabei
me entristecendo e sai da igreja.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 Não sei ao certo a resposta a esta pergunta, mais em relação a
instituição a partir da hora que o homem começa a liderar, e quando esta
liderança não se encontra sob orientação Divina, aí sim a opressão se
torna uma realidade.
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 Ao me ver, pelo menos quando não tenho compromisso de ir na igreja
as pessoas não ficam cuidando da minha vida, antes eu tinha que ficar
explicando para todo mundo o que eu estava fazendo, com isto perdi a
liberdade.
P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?
R6 Acho que mudou sim, a partir desta experiência com a igreja, eu me
fechei muito, não consigo mais confiar nas pessoas como eu confiava
antes, acho que piorou desde então, não consigo ser a mesma pessoa.
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
R7 Gostaria de ter força para voltar, acho que está seria minha resposta,
queria muito que Deus me desse força para retornar com minha família
para a igreja, mais também gostaria que as pessoas mudassem em
relação ao amor, pra você entender gostaria que tivesse mais amor.
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Agora que voltamos, pois conforme disse anteriormente que tinha me
separado, depois deste processo todo, minha esposa me aconselha a
voltar, mais ela mesmo não tem força também para voltar, ai ficamos
nesta situação em cima do muro.
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 Eu acho que ele deveria repensar suas atitudes, não sei como está a
igreja que ele toma conta, pois eu perdi todo o contato que tinha
anteriormente com os membros, assim não sei dimensionar se ele
mudou ou não, mais falta amos nestes crentes.
P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Sei lá, não sei te dizer, achei um descaso da parte dele, mais não sei te
dizer.

Análise das respostas do Entrevistado n° 5


39

O entrevistado n° 5 apresenta a frustação não somente com a


liderança central (o pastor) mas com líderes intermediários e até mesmo com os
membros da igreja. Os líderes intermediários e os membros são colocados na
mesma posição de responsabilidade do pastor, pois segundo ele, o contato foi
perdido. Algo interessante percebido neste e nos demais entrevistados é a
sensatez e a força das esposas no incentivo ao retorno à igreja local. Isto
demonstra a maturidade espiritual delas, que pensam mais com o coração,
contrapondo a racionalidade masculina, que analisa tudo pelo viés da lógica.

Entrevistado nº 6
P1 Você já teve alguma boa experiência com algum cristão?
R1 Sim, já tive boas experiências com os cristãos, e posso lhe confessar
que foram várias, como te disse que morei boa parte da minha vida no
sitio, a igreja que eu participava era muito legal, não tinha muitos jovens,
mais era muito divertido, fazíamos muitas vigílias, muitos piqueniques,
era uma diversão total. Não tínhamos falta, visto que os irmãos e irmãs
eram muito unidos.
P2 Que experiência ruim você teve com o cristianismo?
R2 Em relação a experiência ruim que tive, teve uma em especial que me
marcou muito. Como gostava de orar, sempre ia a igreja no período da
tarde para estar buscando mais intimidade com Deus, eu tinha vinte e
dois anos na época, mais algo aconteceu que me marcou, a mulher do
pastor sempre ficava de olho quando eu ia a igreja, e certa feita o pastor
estava na igreja no mesmo horário que eu tinha ido, foi a conta d’água
para a esposa do pastor dizer que eu estava de olho no pastor, mais
Tiago eu estava numa das melhores fazes da minha vida espiritual, e
ela me acusou de algo totalmente sem cabimento. Depois desta
situação eu nunca mais fui a mesma pessoa.
P3 Por que você saiu da igreja?
R3 Eu saí justamente por causa desta situação, fui muito difícil para mim.
P4 Por que a igreja é uma Instituição opressora?
R4 A igreja para mim não é opressora, mais as pessoas que são difíceis de
se lidar. E principalmente quando a liderança da igreja não está na visão,
e isto inclui as esposas de pastor também.
P5 Quais as vantagens de não frequentar mais uma igreja?
R5 Eu acho que não existe vantagens, eu só parei de ir devido esta
situação, o problema na minha opinião está em mim, e não na igreja.

P6 Por que você tem este conceito de vida hoje?


R6 Acho que devido as minhas experiências que vivi, é uma situação que
só eu sei como foi difícil, eu ainda não consegui digerir algumas
situações mais a vida continua.
P7 Você gostaria de ter vontade de voltar para a igreja?
40

R7 Eu penso que sim, gostaria de voltar sim, existe esta necessidade no


ser humano né Tiago, mais ainda ao meu ver não é tempo, até porque
as coisas de Deus são muito serias, e se for para voltar e não fazer o
que é certo eu não quero. Eu vejo muitos que ficam brincando com as
coisas de Deus, acho que não funciona assim.
P8 A sua esposa o que diz sobre tudo isto?
R8 Ela é solteira.
P9 O que você acha do pastor que fez isto?
R9 Na hora que fiz a pergunta ela não respondeu, só chorou.
P10 O que você faria se soubesse que o pastor estava com depressão
naquela época?
R10 Nesta pergunta ela também não respondeu, ficou mais ou menos uns
dez minutos olhando para baixo e quieta. Ai como percebi que ela não
me dava uma resposta disse para ela: o seu silencio já falou muita coisa.

Análise das respostas do Entrevistado n° 6

Percebesse que a referida entrevistada ainda está muito ressentida


com a liderança da igreja, em especial com a esposa do pastor, ela ainda não
conseguiu se superar, e na entrevista pude observar que nas respostas 9 e 10
ela não conseguiu sequer responder, abaixou a cabeça e ficou pensativa e com
muitas lagrimas nos olhos.
41

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao chegar à conclusão deste projeto os objetivos proposto foram


alcançados.

O primeiro objetivo diz respeito sobre as característica que acabaram


levando os evangélicos a saírem da igreja. E a pesquisa me deu base para
identificar os vários motivos que levam as pessoas a saírem da igreja, dentre os
motivos percebemos pela pesquisa que 35;6% das pessoas acham que a igreja
é opressora por causa das regras que são impostas, 39;8 saíram porque se
decepcionaram com o testemunho dos crentes. Dentre os motivos que indicam
porque não frequentar uma igreja, 40;4% disseram que ninguém fica cuidando
da vida deles. Quando se percebia um problema na igreja, 43% das pessoas
recorria aos pastores. 86;6% das pessoas dizem que a igreja está deixando de
pregar a Palavra. Em relação às pessoas que responderam o questionário, 84%
das pessoas disseram que gostaria de voltar à igreja. Observando sobre as
igrejas que as pessoas frequentavam, 44% delas são de igreja tradicional.

O segundo objetivo que era identificar a espiritualidade vivenciada


pelos desigrejados, também foi alcançado visto que tanto na entrevista bem
como nos questionários acabamos percebendo que as pessoas não estão
ressentidas com a Igreja de Cristo, mais sim com a Instituição, logo os mesmos
por mais que não estejam na igreja, eles ainda continuam exercitando a
espiritualidade. Nas entrevista sem exceção de nenhuma, todas as casas que
eu fui acabei observando bíblias, livros, e uma certo cuidado em falar da igreja
como corpo de Cristo.

O terceiro objetivo que era propor uma alternativa de alcance aos


desigrejados e a liderança Pastoral se dá neste momento da conclusão.

A princípio é importante dizer que a conversão é uma experiência


espiritual também denominada “novo nascimento” (João 3.5). Assim como um
bebê não tem condições de sobreviver sozinho e precisa de uma família, também
o recém-convertido necessita do auxílio de pessoas mais experientes na
condução de sua nova vida em Cristo. A igreja é a família de Deus (Ef.2.19), que
acolhe e cuida. Embora cada um de nós precise ter experiência pessoal com o
42

Senhor, ele não quer que sejamos individualistas, isolados e independentes em


nossa espiritualidade. A igreja é uma instituição divina.

A igreja de Jesus Cristo não é a construção, o prédio ou salão onde os


crentes se reúnem, embora muitas vezes chamemos assim o local dos cultos. A
igreja é o conjunto dos salvos. É um grupo de cristãos que se reúnem em nome
de Jesus (Mt.18.20), havendo entre eles um líder ou líderes capazes de orientar
os demais e alimentá-los espiritualmente.

Deus estabeleceu alguns procedimentos que promovem a comunhão


entre os irmãos:

Ele nos mandou fazer discípulos, e isto exige relacionamento


(Mt.28.19).

Jesus estabeleceu o batismo (Mc.16.16). Portanto, todo cristão


precisa de outro para batizá-lo, assim como o próprio Cristo foi batizado por João
Batista (Mt.3.13).

A ceia do Senhor é outro fator de comunhão. Não existe ceia


individual. Ela é sempre coletiva (ICo.11.25). “Como é bom, como é agradável
habitar todos juntos como irmãos” (Salmos 133.1). Comunhão Cristã é
comunhão por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo (Vida em Comunhão,
Dietrich Bonhoeffer. 2011). E na ceia podemos desfrutar desta plena comunhão.

A imposição de mãos, como forma de transmissão da bênção e


comissionamento ministerial, é também um elemento relacional (Heb.6.1-2).

Cada pessoa pode orar por si mesma, mas a bíblia também


recomenda que oremos uns pelos outros, sendo este mais um motivo para nos
reunirmos (Tg.5.14).

O cenário evangélico apresenta uma infinidade de denominações


cristãs, mas Jesus Cristo tem apenas uma igreja universal, formada pelos salvos
de todas as épocas e lugares.

Logo é necessário dizer que tudo começa em pelo resgate da


importância da igreja como corpo de Cristo. É necessário conseguirmos
transmitir isto aos evangélicos que saíram das suas respectivas igrejas, que elas
afinal fazem parte da verdadeira e universal igreja de Cristo. Como disse
43

Bonnhoeffer; “apenas através de Cristo alguém é irmão de outrem. Sou irmão de


outra pessoa através do que Cristo fez para mim e em mim; a outra pessoa
tornou-se meu irmão através daquilo que Cristo fez nela e para ela” ((Vida em
Comunhão, Dietrich Bonhoeffer. 2011). E por este motivo podemos fazer parte
desta igreja como corpo de Cristo, a comunhão entre irmãos não está baseada
naquilo que a pessoa é em si mesmo, nem na sua espiritualidade, mais única e
exclusivamente a partir de Cristo, Nele somos verdadeira igreja.

Como igreja de Cristo estamos diante de um grande desafio, como


levar o Evangelho de Cristo para uma geração pós-moderna que não crê no
absoluto, que é pragmática, pluralista e mística? ]

Este estudo revelou que é necessário em primeiro lugar o


desenvolvimento de projetos de re-alcance, ou seja, uma nova modalidade de
alcance, não baseada em evangelização, mas sim em resgate dos desigrejados,
ou ainda, dos decepcionados com a igreja e para tanto estes projetos devem ter
uma nova abordagem, precisa ser algo mais leve, e necessita ser direcionado
para todos os públicos de forma distinta um do outro, um exemplo seria um
espaço aberto voltado para os jovens solteiros, eu proponho encontros mensais,
e que cada encontro seja trabalhado um tema diferente, com autoridades
convidadas para falarem, como psicólogos, pedagogos, coaching. E será
necessário ter muita música de boa qualidade, e após ou mesmo no decorrer do
evento alguns petiscos com refrigerante e suco. Em relação ao público casado
dos desigrejados eu proponho almoços entre família sempre com um viés do
resgate do tempo de qualidade entre a família, visto que hoje está muito em voga
a questão do tempo de qualidade, isto será uma estratégia muito interessante
para resgatar as famílias para estarem juntas, e com isto segue uma grande
oportunidade de se falar de temas diversos centralizando em Cristo e na
importância da comunhão, com isto os líderes que estarão direcionando estes
eventos, já podem ir descontruindo aquela crença distorcida da igreja como
instituição.

Neste sentido, a geração considerada pluralista (ou pós-moderna)


precisa também ser ouvida, esta é a segunda proposta, e há de se ter uma
Palavra direcionada a eles. Tal mensagem precisa levar em consideração os
sonhos, as inquietações, as amarguras e, principalmente, o elo que cada um
44

deles tem com o Senhor Jesus. Ao ouvi-los, cada um poderá ser compreendido
em suas especificidades e, dependendo a liderança da igreja local, cada um
deles será direcionado para o envolvimento com a missão. Eu proponho que a
célula seja este lugar onde as pessoas podem ser ouvidas, tenho visto por
experiência própria que a célula tem um poder transformador, é necessário por
parte da liderança esta sensibilidade para criar este momento, não só isto, mais
é preciso uma estratégia para traze-los para a célula, e para isto a melhor forma
de convidar as pessoas, é dizendo a elas que iram participar de um momento de
um café entre amigos, ou uma janta, ou dizer que vamos nos reunir para um
trabalho social, as pessoas estão disposta e se interessam sempre em ajudar o
próximo, principalmente que já teve uma experiência religiosa, que neste caso
estamos falando dos desigrejados, eu tenho usado esta estratégia e tem dado
muito certo.

Há que se dizer também algo sobre a liderança pastoral, esta é a


terceira proposta, mais precisamente sobre os modelos de crescimento de
igreja e as estratégias de alcance arquitetadas por estes modelos. É claro que
há modelos mais simples e que a figura do líder é descentralizada. Todavia, as
crises e os maus resultados são de responsabilidade do pastor, uma vez que ele
é o que cuida do rebanho. Neste sentido, os líderes precisam estar em contínuas
e constantes reciclagens e/ou aperfeiçoamentos, tanto na área de gestão,
crescimento e aconselhamento. Nenhum crescimento justifica a perda de
ovelhas. Que este trabalho traga maior conscientização e ajuda à liderança
pastoral de igrejas urbanas.
45

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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46

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expansao-evangelica-no-brasil

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