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MECÂNICA QUÂNTICA II
Capa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
1 Spin 1
1.1 O que é um Spin? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Natureza Quântica do Spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1.1 Sistema de partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Momentum angular intrínseco: spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Evidências experimentais do spin do elétron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Descrição quântica: os postulados de Pauli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Postulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.6 Propriedades especiais para partículas de spin s = 1/2 . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.7 Matrizes de Pauli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.8 Propriedades do operador de spin S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.9 Descrição não-relativística de uma partícula de spin 1/2 . . . . . . . . . . . . . . 10
1.9.1 Observáveis e vetores de estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.10 Representação {|r, εi} . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.11 Operadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.11.1 Operadores de spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.11.2 Operadores Orbitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.11.3 Operadores mistos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.11.3.1 Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.12 Cálculos das probabilidades para uma medida física . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.12.1 Medindo a componente Sx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 Spin - Rotação 17
2.1 Operadores de rotação para uma partícula de spin 1/2 . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.1 Momentum angular total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.2 Produto tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.3 Rotação do estado de spin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.4 Operador associado com uma rotação de 2π . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.5 Natureza vetorial versus rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.6 Rotação de um spinor com duas componentes . . . . . . . . . . . . . . . 22
i
Sumário
4 Teorema de Wigner-Eckart 65
4.1 Operadores escalares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2 Operadores vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.1 Definição dos operadores vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3 O teorema de Wigner-Eckart para operadores vetores . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3.1 Elementos de matriz não-nulos de V na base padrão . . . . . . . . . . . 67
4.3.2 Proporcionalidade entre os elementos de matriz J e V dentro de um
subespaço E(k, j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3.2.1 Elementos de matriz de V+ e V− . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3.2.2 Elementos de matriz de Vz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.3.2.3 Generalização para uma componente arbitrária de V . . . . . . 70
4.3.2.4 Cálculo da constante de proporcionalidade: O teorema da projeção 70
4.3.2.5 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.4 Aplicação: Cálculo do fator de Landé gj de um nível atômico . . . . . . . . . . . 72
4.4.1 Degenerescência rotacional: Multipletos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.4.2 Remoção da degenerescência por um campo magnético . . . . . . . . . . 73
Spin
Apesar do spin possuir as mesmas dimensões de momentum angular, ele deve ser considerado
como uma propriedade intrínseca do elétron sem análogo clássico, ou seja, um “momentum
angular intrínseco”. Note que toda e qualquer tentativa de fazer uma analogia clássica traz mais
problemas do que benefícios para a compreensão deste conceito.
Example 1.1. Mostre que no modelo clássico que trata o elétron como uma pequena bolinha
que gira em torno de um eixo próprio, a velocidade superficial do elétron tem de ser mais de
60 vezes a velocidade da luz, para produzir um momentum angular de (1/2)~. Por isso, esse
modelo não é adequado.
1
L = Iω = me vs re = ~,
2
1
1.1. O que é um Spin?
+ =
Figure 1.1: Modelo clássico para o elétron, o qual o trata-o por uma pequena bolinha que gira com
uma velocidade angular ω em torno do seu eixo.
na qual usou-se o fato de que o raio de Bohr cujo valor é a0 = 0.52917724924 × 10−10 m também
é expresso por:
~2 4π0 ~2
a0 = (CGS) e a0 = (M KSA) (1.1)
me e2 me e 2
e que em termos da contante de estrutura fina α = 1/137, 035989561 ele também pode ser
expresso por
~ ~
a0 = (CGS) e a0 = (M KSA) (1.2)
αme c αme c
e2 1
α= = (M KSA)
4πε0 ~c 137, 035989561
Então temos que
~ 1 ~ c 1 c 1
vs = = 2
= αa0 2 = c ≈ 68, 52 · c
2me re 2 m e c α a0 2 α a0 2α
Portanto, a velocidade superficial é da ordem de 68 vezes a velocidade da luz.
S N
e−
e−
N S
m = + 21 m = − 12
Figure 1.2: A analogia do momentum angular intrínseco de uma bolinha girando em torno do seu
eixo com o spin é insatisfatória.
A existência do spin está na inclusa mecânica quântica relativística, elaborada por Dirac [9, 10].
Na equação de Schrödinger, o spin é incorporado de forma a parte ao formalismo da mecânica
quântica de Schrödinger.
De acordo com Landau [2], a lei de conservação do momentum angular, tanto na mecânica
clássica quanto na mecânica quântica, é uma consequência direta da isotropia espacial em
um sistema fechado, e isso, é uma evidência direta da relação entre o momentum angular e
as propriedades de simetria com relação as rotações. Na mecânica quântica, essas relações
de simetria com relação as rotações constituem a essência do conceito de momentum angular
de uma partícula, já que a sua definição clássica, como o produto vetorial r × p, perde seu
significado direto pois não se pode medir simultaneamente a posição e o momentum.
Foi mostrado que as relações de comutação do momentum angular orbital de uma partícula
podem ser vistas como uma consequência da estrutura não-comutativa do grupo de rotações
geométricas. Estabeleceu-se também que os números quânticos l e mL determinam a dependência
angular da função de onda de uma partícula, e portanto, todas as suas propriedades de simetria
com relação às rotações. A conservação do momentum angular, de forma geral, estabelece
a lei de transformação dos autoestados do momentum angular nas rotações do sistema de
coordenadas.
Para um sistema de partículas, os autoestados do momentum angular |l, mL i, com os valores
específicos do momentum angular l e de sua projeção m, não serão alterados apenas no caso de
rotações do sistema de coordenadas em torno do eixo Oz. Qualquer rotação que mude a direção
do eixo z terá como consequência que a projeção do momentum angular sobre o eixo Oz não
será mais um valor bem determinado. Pois no novo sistema de coordenadas, os autoestados
|l, m0L i em geral se transformam em uma superposição dos 2l + 1 autoestados |l, mL i da seguinte
forma,
i
X
|l, m0L i = CL,τ e− ~ L·û |l, τ i (1.3)
τ
em combinações lineares uns nos outros. A lei que governa essas transformações, isto é, os
coeficientes Cl,τ da superposição dos autoestados (como funções do ângulo de rotação do sistema
de coordenadas), é determinada completamente ao especificarmos o valor de l. Desse modo,
o momentum angular adquire o significado de um número quântico, o qual classifica o estado
do sistema de acordo com suas propriedades de transformação sobre uma rotação do eixo de
coordenadas do sistema.
Note que esse aspecto do conceito de momentum angular na mecânica quântica é particu-
larmente importante porque ele não está diretamente relacionado com a dependência angular
explicita dos autoestados do sistema, (as funções de onda): a lei de transformação mútua desses
autoestados pode ser expressa de modo independente, sem se fazer referência a essa dependência
angular.
Consideremos uma partícula composta, como por exemplo um núcleo atômico, o qual está
em repouso como um todo (ou seja seu CM está em repouso) e encontra-se em um estado interno
bem definido. Além disso, ela tem uma energia interna e um momentum angular de magnitude
l, devido ao movimento das partículas que compõem o núcleo. Esse momentum angular pode
ter 2l + 1 diferentes orientações no espaço.
Nota
Portanto, ao considerarmos o movimento de uma partícula complexa
como um todo devemos, além de suas coordenadas, atribuir a ela uma
variável discreta: a projeção do seu momentum angular interno sobre
uma direção qualquer do espaço.
Nota
O momentum angular intrínseco de uma partícula é chamado de spin da
partícula, em distinção ao momentum angular da partícula associado
ao movimento da partícula no espaço, denominado de, momentum
angular orbital.
Quanto a partícula em si, tanto faz se a partícula concebida é elementar ou composta, o que
importa é que ela se comporta como uma partícula elementar no fenômeno em questão (por
exemplo, o núcleo atômico).
Quanto ao spin da partícula temos:
• O efeito Zeeman.
Em 1925 George Eugene Uhlenbeck e Samuel Abraham Goudsmit [4, 6], para explicarem os
resultado experimentais do experimento realizado por Stern-Gerlach em 1922, propuseram a
seguinte hipótese: o elétron possui um momentum angular intrínseco chamado spin, identificaram
o grau de liberdade extra do elétron proposto por Pauli como sendo o spin. Além disso, para
interpretar corretamente os resultados experimentais propuseram que o momentum magnético
MS associado a este momentum angular intrínseco S fosse dado por
µB µB
M S = gs S e ML = gl L (1.4)
~ ~
Nota
A razão giromagnética do spin é duas vezes a razão giromagnética
orbital.
Em 1927, Wolfgang Pauli [1, 4] enunciou mais precisamente essa declaração e forneceu
uma descrição quântica para o spin, a qual era válida no limite não-relativístico. Seu trabalho
influenciou Paul A.M. Dirac na descoberta da equação de Dirac para o elétron relativístico.
1.5 Postulados
Para uma partícula como o elétron, associamos respectivamente a sua posição r e ao seu
momentum linear p, os observáveis R e P que atuam no espaço de estados Er , o qual é isomórfico
ao espaço das funções de onda F.
Todas quantidades físicas são funções das variáveis fundamentais r e p, e a regra de
quantização nos permite associarmos a elas observáveis que atuam no espaço de estados Er .
Agora iremos chamá-lo de o espaço de estados orbital Er .
A essas variáveis orbitais adicionaremos as variáveis de spin, as quais satisfazem os seguintes
postulados:
iv) O elétron é uma partícula de spin 1/2, (s = 1/2) e o seu momento magnético intrínseco
é dado por:
µB
MS = 2 S. (1.10)
~
Portanto, para o elétron o espaço Es é bidimensional.
h+ | −i = 0; h+ | +i = h− | −i = 1, (1.12)
Como S é por definição um momentum angular, ele possui todas as propriedades gerais de
um operador momentum angular. Portanto, a ação do operador
S± = Sx ± iSy (1.16)
Qualquer operador atuando em Es pode ser representado, na base {|+i , |−i} por uma matriz
2 × 2.
σx σy + σy σx = 0, σy σz + σz σy = 0, σz σx + σx σz = 0, (1.22)
Essas relações anteriores podem ser escritas em uma forma mais compacta, como
Nota
Qualquer matriz 2 × 2 pode ser escrita como uma combinação linear,
com coeficientes complexos, das três matrizes de Pauli e da matriz
identidade.
(σ · A)(σ · B) = A · B + iσ · (A × B) (1.28)
em que A e B são dois vetores arbitrários, ou dois vetores operadores cujas três componentes
comutam com aquelas do spin S, ou seja,
[Ai , Sj ] = 0 i, j = x, y, z. (1.29a)
[Bi , Sj ] = 0 i, j = x, y, z. (1.29b)
[Ai , Bj ] = 0 i, j = x, y, z. (1.29c)
~2
Sx2 = Sy2 = Sz2 = , (1.30)
4
Sx Sy + Sy Sx = 0, Sy Sz + Sz Sy = 0, Sz Sx + Sx Sz = 0, (1.31)
{X, Y, Z, S2 , Sz }
{Px , Py , Pz , S2 , Sz }
{H, L2 , Lz , S2 , Sz }
Note que como todos os kets de E são autovetores de S2 com o mesmo autovalor, então pode-se
omitir S2 desse conjunto de observáveis.
Usando o primeiro conjunto, e usaremos como base de E uma na qual o ket |ri = |x, y, zi ∈ Er
e a outra |εi ∈ Es , logo podemos escrever
e a relação de completeza
Xˆ ˆ ˆ
d r |r, εi hr, ε| = d r |r, +i hr, +| + d3 r |r, −i hr, −| = 1
3 3
(1.38)
ε
O vetor de estado |ψi pode ser representado por uma função de onda
Essas duas funções, geralmente são escritas na forma de um spinor de duas componentes
!
ψ+ (r)
[ψ](r) = (1.42)
ψ− (r)
[ψ † ](r) = (ψ+
∗ ∗
(r) ψ− (r)). (1.45)
Com essa notação, produto escalar de dois vetores de estado |ψi e |ϕi pode ser escrito como:
Xˆ
hψ | ϕi = d3 r hψ | r, εi hr, ε | ϕi
ˆε
= ∗
d3 r [ψ+ ∗
(r)ϕ+ (r) + ψ− (r)ϕ− (r)] (1.46)
em que ˆ
|ϕi = d3 r ϕ(r) |ri ∈ Er (1.50)
1.11 Operadores
Seja A um operador tal que
Agora vamos obter cada elemento do spinor. Primeiro vamos projetar o ket |ψ 0 i em |r, +i, assim
Xˆ
0 0
ψ+ (r) = hr, + | ψ i = d3 r hr, + | A | r, εi hr, ε | ψi (1.57)
ε
Portanto, de acordo com os resultados anteriores |ψi e |ψ 0 i podem ser representados por um
spinor de duas componentes [ψ](r) e [ψ 0 ](r).
Agora mostraremos que podemos associar com o operador A uma matriz 〚A〛 2 × 2, tal que
Note que o operador S+ aniquila todos os kets |r, +i e transforma os kets |r, −i em ~ |r, +i.
As componentes de |ψ 0 i na base {|r, εi} são:
hr, + | ψ 0 i = ψ+
0
(r) = ~ψ− (r) (1.61)
hr, − | ψ 0 i = ψ−
0
(r) = 0. (1.62)
pois,
Os spinores [ψ 0 ](r) e [ψ 00 ](r) foram obtidos do spinor [ψ](r) por meio das matrizes 2 × 2:
! ∂
x 0 ~ 0
〚X〛 = e 〚Px 〛 = ∂x ∂ . (1.67)
0 x i 0
∂x
Note que, ! ! !
x 0 ψ+ (r) ψ+ (r)
[ψ 0 ](r) = 〚X〛[ψ](r) = =x (1.68)
0 x ψ− (r) ψ− (r)
e que
∂ ! !
~ 0 ψ+ (r) ~ ∂ ψ+ (r)
[ψ 00 ](r) = 〚Px 〛[ψ](r) = ∂x = (1.69)
i ∂ ψ (r) i ∂x ψ− (r)
0 −
∂x
1.11.3.1 Notas
• Obviamente que há também a representação {|p, εi} cujos vetores da base são autovetores
comuns do C.S.C.O {Px , Py , Pz , S2 , Sz }. A definição do produto escalar em E produz:
1
hr, ε | p, ε0 i = hr | pi hε | ε0 i = eip·r/~ δε,ε0 (1.72)
(2π~)3/2
com
ψ̄+ (p) = hp, + | ψi e ψ̄− (p) = hp, − | ψi (1.74)
Spin - Rotação
J=L+S (2.1)
17
2.1. Operadores de rotação para uma partícula de spin 1/2
(σ · A)(σ · B) = A · B + iσ · (A × B) (2.9)
(−1)p α 2p
(S) 1 α 2
Rû (α) = 1 − + ... + + ...
2! 2 (2p)! 2
(−1)p α 2p+1
α 1 α 3
− iσ · û − + ... + + ...
2 3! 2 (2p + 1)! 2
ou seja,
α α
(S)
Rû (α) = cos − iσ · û sen (2.12)
2 2
Posto dessa forma, agora é fácil calcular a ação do operador (S)
Rû (α) sobre um estado de spin
qualquer.
(1/2)
Usando essa expressão, podemos escrever a matriz de rotação Rû (α) explicitamente na
base {|+i , |−i}, como
!
(1/2) cos α2 − iuz sen α2 (−iux − uy ) sen α2
Rû (α) = (2.13)
(−iux + uy ) sen α2 cos α2 + iuz sen α2
(S)
Rû (0) = 1 e com (S)
Rû (2π) = −1 (2.14)
Portanto, o operador associado com uma rotação de 2π não é o operador identidade, mas o
negativo desse operador. Logo, as leis de transformação de grupo, são conservadas somente
somente uma rotação de 4π é igual a unidade. Isso seria equivalente a estar sobre a superfície
de uma Fita de Möebius.
Figura 2.1: Analogia da invariância por rotação de 4π do spin, (S) R (4π) = 1, com a fita de Möebius.
û
O fato de que o estado de spin muda o sinal durante uma rotação através de um ângulo de
2π não é perturbador, já que os dois vetores de estado diferem somente por um fator de fase
global, tendo as mesmas propriedades físicas. É mais importante estudarmos e compreendermos
como um observável se transforma durante uma rotação como essa.
Considere os autovetor |χn i é submetido a uma rotação tal que
(S)
Rû† (α)A0(S) Rû (α) |χn i = an (S) Rû† (α)(S) Rû (α) |χn i = an |χn i (2.18)
ou ainda que
A =(S) Rû† (α)A0(S) Rû (α) (2.20)
ou ainda
A0 =(S) Rû (α)A(S) Rû† (α). (2.21)
Esse resultado é totalmente satisfatório, já que uma rotação através de 2π não pode modificar
o dispositivo de medida de A. Portanto, o espectro de A0 deve permanecer o mesmo de A.
Note que já mostramos anteriormente que
(r)
Rû (2π) = 1 (2.23)
θ θ
|χi = e−iϕ/2 cos |+i + eiϕ/2 sen |−i (2.25)
2 2
o que significa que |χi é um autovetor associado com o autovalor +~/2 da componente S · v do
spin S ao longo do vetor unitário v definido pelos ângulos polares θ e ϕ.
com
v0 = Rv (2.27)
Aqui iremos simplesmente fazer uma verificação desse resultado, para um caso bem específico.
Portanto, considere o caso em que o vetor v é um vetor unitário ao longo do do eixo Oz , ou
seja, ele é dado por v = êz e que por sua vez o vetor v0 é um vetor unitário arbitrário, com
ângulos polares θ e ϕ.
O vetor v0 é obtido a partir do vetor v = êz por uma rotação através de um ângulo θ em
torno do vetor unitário û, o qual é fixado pelos ângulos polares:
π π
θû = e ϕû = ϕ + (2.28)
2 2
Portanto, devemos mostrar que:
(S)
Rû (θ) |+i ∝ |+iv0 (2.29)
θ θ
(S)
Rû (θ) = cos − iσ · û sen (2.31)
2 2
θ θ
= cos − i (−σx sen ϕ + σy cos ϕ) sen (2.32)
2 2
θ 1 θ
σ+ e−iϕ − σ− eiϕ sen (2.33)
= cos −
2 2 2
com
σ± = σx ± iσy (2.34)
Entretanto como
σ+ |+i = 0 e que σ− |+i = 2 |−i (2.35)
θ θ
(S)
Rû (θ) |+i = cos |+i + eiϕ sen |−i (2.36)
2 2
O qual, a menos de um fator de fase, é o ket |+iv0 :
(S)
Rû (θ) |+i = eiϕ/2 |+iv0 (2.37)
Se realizarmos uma rotação geométrica arbitrária R sobre esta partícula, seu estado torna-se:
|ψ 0 i = R |ψi (2.39)
com
R =(r) R ⊗ (S)
R (2.40)
Agora, desde que os vetores da base {|r, εi} são dados por um produto tensorial, então os
elementos de matriz do operador R nessa base pode ser decomposto na seguinte forma:
e introduzindo a notação
(1/2)
hε|(S) R |ε0 i = Rε,ε0 (2.45)
temos que
(1/2)
ψε0 (r) = Rε,ε0 ψε0 (R−1 r) (2.46)
P
ε0
r4 r5
ri
r1 r
r2 3
y
x
Figura 3.1: Aqui temos um sistema composto por n partículas, e cada uma com o vetor posição ri e
velocidade vi dados em relação a origem do sistema de coordenadas.
n
X n
X
L= ri ×pi = mi ri ×vi (3.1)
i=1 i=1
23
3.1. Adição de Momenta Angulares: Caso clássico
n
1 X m1 r1 + m2 r2 + · · · + mn rn
R= mi ri = (3.2)
M i=1 m1 + m2 + · · · + mn
Se r0i e vi0 são os vetores posição e velocidade da partícula i em relação ao CM, temos então que
n
X
ri = r0i + R =⇒ mi r0i = 0, (3.3)
i=1
n
X n
X
vi = vi0 + V =⇒ mi vi0 = p0i = 0, (3.4)
i=1 i=1
n
X dR
P=V mi = M V = M , (3.5)
i=1
dt
na qual V é a velocidade do CM. A eq. (3.4) significa que o momentum linear do movimento
interno, ou seja, o momentum resultante em relação ao CM, se anula. Já a eq. (3.5) nos diz que
o CM move-se como se o momentum total P do sistema estivesse concentrado todo nele.
Para ver o que ocorre com o momentum angular total L, basta substituir (3.3) e (3.4) em
(3.1):
n
X
L = mi (r0i + R) × (vi0 + V)
i=1
n n
!
X X
= mi r0i × vi0 + R× mi vi0 +
i=1 i=1
n
! n
X X
mi r0i ×V+ mi R × V
i=1 i=1
em que,
n
X n
X
L =0
mi r0i × vi0 = r0i × p0i (3.7)
i=1 i=1
dL
τ = r×F = , em que L = r×p, (3.9)
dt
logo
n n
dL X dvi X
= mi ri × = mi ri × ai . (3.10)
dt i=1
dt i=1
n
X
mi ai = FExt.
i + Fij (i = 1, 2, . . . , N ) (3.11)
j=1
j6=i
mi Fij
rij = ri − rj
ri
Fji
O rj mj
Figura 3.2: Força de interação entre duas partículas de massas mi e mj , cuja a linha de ação está
dirigida segundo a linha que une as duas partículas.
Considerando que as forças internas de interação entre partículas são tais que sua linha de
ação está dirigida segundo a linha que une as duas partículas, ou seja, Fij é paralela ao vetor
(ri − rj ) o que implica (ri − rj )×Fij = 0, então
n X
n n n
X 1X X
ri ×Fij = (ri − rj )×Fij = 0 (3.15)
i=1 j=1
2 i=1 j=1
j6=i j6=i
Logo, o resultante interno dos torques internos do sistema é nulo. Este resultado permanece
válido em condições mais gerais, sem que seja preciso fazer a hipótese acima sobre a linha de
ação das forças de interação.
Substituindo (3.15) em (3.12), obtemos
n n
dL X X
= ri ×FExt.
i = τiExt. = τ Ext. (3.16)
dt i=1 i=1
que é a lei fundamental da dinâmica das rotações para um sistema de partículas: a taxa de
variação com o tempo do momento angular total do sistema em relação a um ponto O (num
referencial inercial) é igual à resultante de todos os torques externos em relação a O que atuam
sobre o sistema.
A restrição a um referencial inercial decorre de termos usado a 2a¯ lei de Newton em (3.11).
O referencial do CM não é necessariamente inercial: se a resultante das forças externas não se
anula, o CM tem uma aceleração A dada por
dP
= M A = FExt. (3.17)
dt
Apesar disto, vamos mostrar que (3.16) permanece válida quando referida ao CM, mesmo que
ele esteja acelerado. Para isto voltemos à (3.10), que vale em qualquer referencial, e apliquemo-la
ao referencial do CM: n n
dL0 X dv0 X
= mi r0i × i = mi r0i × a0i . (3.18)
dt i=1
dt i=1
Se ai é a aceleração da partícula i num referencial inercial, dada por (3.11), temos, por (3.4),
ai = a0i + A, (3.19)
Note que o último termo de (3.20) se anula pelo mesmo argumento empregado para obter a eq.
(3.16). Portanto, por (3.3), r0i − r0j = ri − rj , de modo que a demonstração permanece válida.
Obtemos então n n
dL0 X 0 X Ext.
= ri ×FExt.
i = τi0 Ext. = τ 0 (3.21)
dt i=1 i=1
em que τ 0Ext. é a resultante dos torques externos em relação ao CM. Vemos portanto que a eq.
(3.16) permanece válida com relação ao CM, mesmo que este esteja acelerado.
ou seja, se a resultante dos torques externos em relação a um dado ponto se anula, então o
momentum angular do sistema em relação a esse ponto se conserva.
Os principais resultados vistos foram:
• A eq. (3.22) é uma lei de conservação vetorial. Isto significa que a conservação de L
implica na:
Sabe-se da mecânica clássica que as lei de conservação do momentum angular está a uma
simetria espacial, ou seja, com a isotropia espacial. Portanto, em um sistema físico cujo o espaço
é isotrópico o momentum angular do sistema é conservado.
Como o comutador
1 Rj
n
, Pj = −i~ n+2 , (3.26)
R R
segue então que
1
, Lj = 0. (3.27)
Rn
Dessas relações de comutação segue-se imediatamente, que as três componentes do operador
Li comuta com Hi , ou seja,
portanto, cada uma das três componentes Li do operador momentum angular L são constantes
do movimento.
Agora considere o caso clássico em que as duas partículas interagem e que a correspondente
energia potencial da interação U (r1 , r2 ) depende somente da distância entre elas, ou seja,
no qual
(3.30)
p
|r1 − r2 | = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 .
o qual em geral é diferente de zero. Note que para a componente Liz , em coordenadas cartesianas
temos:
~ ∂U ∂U
[Liz , H] = [Liz , U (|R1 − R2 |)] = xi − yi . (3.33)
i ∂yi ∂xi
Em geral temos que
L = L1 + L2 (3.35)
∂U ∂U ∂r ∂U x1 − x2
= =
∂x1 ∂r ∂x1 ∂r r
∂U ∂U ∂r ∂U x1 − x2
= =− .
∂x2 ∂r ∂x2 ∂r r
Portanto,
~ ∂U y1 − y2 x1 − x2 y1 − y2 x1 − x2
[Lz , H] = x1 − y1 − x2 + y2
i ∂r r r r r
~ 1 ∂U
= [(x1 − x2 )(y1 − y2 ) − (y1 − y2 )(x1 − x2 )]
i r ∂r
= 0. (3.36)
Portanto, pode-se concluir que as componentes do momentum angular total são constantes do
movimento.
3.2.1 Considerações
Note que:
2. Se considerarmos uma partícula com spin s num campo de força central U (R), cujo
Hamiltoniano é H e o seu momentum angular orbital é L, temos que
Nessa expressão ξ(R) é uma função conhecida e de uma única variável, o operador R.
Ao introduzirmos essa correção, devido ao acoplamento spin-órbita, na Hamiltoniana H do
sistema, vemos que os operadores L e S não comutam mais com o Hamiltoniano H.
Por exemplo, observe que,
J = L + S, (3.41)
vemos que
[Jz , H] = [Lz + Sz , H] = 0. (3.42)
Logo como as componentes do operador J comutam com o Hamiltoniano, então ele é uma
constante do movimento.
Portanto, escolher os operadores J1z , J21 , J2z e J22 como C.S.C.O não é uma boa escolha apesar
de formarem uma base de autovetores comuns. Note que nem J1 e nem J2 são constantes do
movimento, porém o operador
J = J1 + J2 , (3.45)
Portanto, usando a base formada pelos autovetores comuns dos operadores J1z , J21 , J2z e J22 ,
tentaremos construir uma nova base formado pelos autovetores comuns dos operadores de Jz e
J2 , ou seja,
• Como [Jz , H] = [J2 , H] = 0, a matriz H pode ser ser dividida em blocos associados aos
auto-subespaços dos vários conjuntos de autovalores de Jz e J2 .
• A estrutura da matriz H é mais simples nessa base do que na base dos autovetores comuns
de J1z , J21 , J2z e J22 , já que em geral nem J1z e nem J2z comutam com H.
e
Siz |si , mi i = ~mi |si , mi i com (i = 1, 2). (3.48)
O espaço de estado desse sistema, será constituído pelo produto tensorial do espaço de estado
de cada partícula, assim
|s1 , m1 ; s2 , m2 i ≡ |s1 , m1 i ⊗ |s2 , m2 i (3.49)
Note que o spin da cada partícula pode ser si = 1/2, logo o spin total será s = 0, 1. Nessa
notação os possíveis valores para ε1 e ε2 são:
ε1 = ±1 e ε2 = ±1 (3.53)
S = S1 + S2 (3.57)
Sabendo que tanto S1 quanto S2 são momenta angulares regulares, mostrar que S também o é,
é simples. Basta mostrar que suas componentes satisfazem as mesmas relações de comutação
que S1 e S2 .
Devemos lembrar que:
k = 1, 2
[S1 , S2 ] = 0 e [Skα , Skβ ] = i~α,β,γ Skγ com
α, β, γ = x, y, z.
já que [S1 , S2 ] = 0. O produto escalar S1 · S2 pode ser expresso em termos das componentes dos
respectivos operadores,
S1 · S2 = S1x S2x + S1y S2y + S1z S2z (3.59)
mas como
S
kx = 21 (Sk+ + Sk− )
Sk± = Skx ± iSky (3.60)
1
S
ky = 2i
(Sk+ − Sk− )
então podemos escrever
1
S1 · S2 = [(S1+ + S1− )(S2+ + S2− ) − (S1+ − S1− )(S2+ − S2− )] +
4
S1z S2z
1
= [S1+ S2+ + S1+ S2− + S1− S2+ + S1− S2− −
4
S1+ S2+ + S1+ S2− + S1− S2+ − S1− S2− ] + S1z S2z
1
= (S1+ S2− + S1− S2+ ) + S1z S2z
2
Portanto, podemos escrever
S2 = (S1 + S2 )2 = S21 + S22 + 2S1z S2z + S1+ S2− + S1− S2+ (3.61)
Além disso, S2 não comuta com S1z e nem com S2z , assim
Note que S2 não comuta nem com S1z e nem com S2z , porém ele comuta com Sz = S1z + S2z ,
que é a soma dos dois.
3
S21 |S, M i = S22 |S, M i = ~2 |S, M i
4
2 2
S |S, M i = S(S + 1)~ |S, M i (3.71)
Sz |S, M i = M ~ |S, M i
3.3.6 Diagonalização de S2
Tudo que resta a ser feito é diagonalizar a matriz que representa S2 na base |ε1 , ε2 i. Já
sabemos que ela não é diagonal.
Logo,
2 3 2 3 2 1
S |+, +i = ~ + ~ |+, +i + ~2 |+, +i = 2~2 |+, +i
4 4 2
2 3 2 3 2 1
S |+, −i = ~ + ~ |+, −i − ~2 |+, −i + ~2 |−, +i = ~2 (|+, −i + |−, +i) .
4 4 2
(3.80)
2 3 2 3 2 1
S |−, +i = ~ + ~ |−, +i − ~2 |−+i + ~2 |+, −i = ~2 (|−, +i + |+, −i) .
4 4 2
2 3 2 3 2 1
S |−, −i = ~ + ~ |−, −i + ~2 |−, −i = 2~2 |−, −i
4 4 2
3.3.6.2 Matriz S2
h+, +|S2 |+, +i h+, +|S2 |+, −i h+, +|S2 |−, +i h+, +|S2 |−, −i
h+, −|S2 |+, +i h+, −|S2 |+, −i h+, −|S2 |−, +i h+, −|S2 |−, −i
2
(S ) = ~
h−, +|S2 |+, +i h−, +|S2 |+, −i h−, +|S2 |−, +i h−, +|S2 |−, −i (3.81)
h−, −|S2 |+, +i h−, −|S2 |+, −i h−, −|S2 |−, +i h−, −|S2 |−, −i
2 0 0 0
0 1 1 0
2 2
(S ) = ~
(3.82)
0 1 1 0
0 0 0 2
Comentários:
• Os zeros já eram esperados, pois os autovetores |+, +i e |−, −i não possuem autovalores
degenerados para Sz .
• Como S2 comuta com Sz , ela portanto, terá elementos de matriz não-nulos somente entre
os autovetores de Sz associados com o mesmo autovalor, ou seja, os degenerados.
A matriz (S2 ) pode ser dividida em três submatrizes, como mostradas, sendo duas delas
unidimensionais, pois os vetores |+, +i e |−, −i são autovetores de S2 , e ambos possuem o
mesmo autovalor 2~2 .
Para encontrarmos os outros dois autovetores de (S2 ), devemos diagonalizar a submatriz
2 × 2: !
1 1
(S2 )0 = ~2 (3.83)
1 1
a qual representa S2 no subespaço bidimensional expandido pelos vetores |+, −i e |−, +i, isto é,
o subespaço de Sz correspondendo aos autovalores com M = 0. Os autovalores da submatriz
(3.83) são obtidos resolvendo a equação (S2 )0 |ψiλ = ~2 λ |ψiλ , ou na forma matricial
! ! !
2 1−λ 1 a 1−λ 1
~ = 0 =⇒ det =0 (3.84)
1 1−λ b 1 1−λ
Portanto, os autovalores de S2 são 0 e 2~2 . Bom agora devemos encontrar seus respectivos
autovetores. Para isso Considere inicialmente o caso em que λ = 0, para o qual
a+b=0 =⇒ a = −b (3.88)
Nesse caso, precisamos de uma condição extra, que é o fato de hψ | ψi = 1, ou seja, a normalização
de |ψi. Essa condição leva a
|a|2 + |b|2 = 1 (3.89)
1
Sz |ψiλ=0 = √ (Sz |+, −i − Sz |−, +i)
2
1 1 1 1 1
= √ + ~ |+, −i − ~ |+, −i + ~ |−, +i − ~ |−, +i
2 2 2 2 2
=0. (3.92)
1 1
a= √ e b= √ (3.96)
2 2
Portanto,
1
|ψiλ=2 = √ (|+, −i + |−, +i) Autovalor 2~2 (3.97)
2
Note que, este também é um autovetor Sz = S1z + S2z e que o seu autovalor é dado por
1
Sz |ψiλ=2 = √ (Sz |+, −i + Sz |−, +i)
2
1 1 1 1 1
=√ ~ |+, −i − ~ |+, −i − ~ |−, +i + ~ |−, +i
2 2 2 2 2
= 0. (3.98)
• O autovalor 0 de S2 é não-degenerado.
|1, 1i = |+, +i
1
|1, 0i = √ (|+, −i + |−, +i) (3.101)
2
|1, −1i = |−, −i
• que S2 e Sz constituem um C.S.C.O. no qual poderia ser incluído os operadores S21 e S22 ,
embora não seja necessário.
Quando adicionamos dois spins 1/2 (s1 = s2 = 1/2) o número quântico S que caracteriza os
autovalores S(S + 1)~2 dos autovetores |S, M i do observável S2 , pode ter dois valores: 0 ou 1.
Com cada um desses valores de S está associado uma família de (2S + 1) vetores de estado
ortogonais (três para S = 1 e um S = 0) correspondendo aos (2S + 1) valores de M , os quais
são compatíveis com S.
3.3.8 Comentários
1. A família dos três vetores |S = 1, M i, com M = −1, 0, 1, constitui os estados tripletos,
enquanto o vetor |S = 0, M = 0i é chamado de um estado singleto.
2. Os estados tripletos são simétricos com relação a troca de dois spin, enquanto o estado
singleto é anti-simétrico. Isso significa que se cada vetor |ε1 , ε2 i for trocado pelo vetor
|ε2 , ε1 i, os estados tripletos na base {|SM i} permanecerão invariantes enquanto, o estado
singleto irá trocar de sinal.
(3.103)
p
J± |k, j, mi = j(j + 1) − m(m ± 1)~ |k, j, m ± 1i .
Seja E(k, j) o espaço de estado vetorial expandido pelo conjunto de vetores da base padrão
a qual corresponde aos valores de k e j fixos. Existem (2j + 1) desses vetores, e de acordo com
(3.102) e com (3.103) eles podem ser transformados uns nos outros pela ação dos operadores
J2 , Jz , J+ e J− . Esse espaço de estado pode ser considerado como sendo uma soma direta dos
subespaços ortogonais E(k, j) os quais possuem as seguintes propriedades:
4. Dentro de um subespaço E(k, j), os elementos de matriz de uma função qualquer F (J) de
J são independentes de k.
E = E1 ⊗ E 2 (3.105)
Os espaços de estado E1 e E2 podem ser considerados como sendo a soma direta dos subespaços
E1 (k1 , j1 ) e E2 (k2 , j2 ), os quais possuem as propriedades relatadas anteriormente. Assim
X X
E1 = E1 (k1 , j1 ) e E2 = E2 (k2 , j2 ), (3.107)
⊕ ⊕
e consequentemente
X
E= E(k1 , k2 ; j1 , j2 ), com E(k1 , k2 ; j1 , j2 ) = E1 (k1 , j1 ) ⊗ E2 (k2 , j2 ).
⊕
J = J 1 + J2 (3.109)
Como os operadores J1 e J2 são momenta angulares regulares, pois satisfazem todas as relações
de comutação que caracterizam um momentum angular. Agora mostraremos que J também é
um momentum angular, pois suas componentes satisfazem as mesmas relações de comutação
que J1 e J2 .
Como J1 e J2 comutam com J21 e J22 , então J também irá comutar com eles,
k = 1, 2
[J1 , J2 ] = 0 e [Jkα , Jkβ ] = i~α,β,γ Jkγ com
α, β, γ = x, y, z.
mas não com J2 , já que esse operador pode ser escrito em termos de J1 e J2 na forma:
Como [J1 , J2 ] = 0. O produto escalar J1 · J2 pode ser expresso em termos das componentes
dos respectivos operadores,
mas como
J
kx = 21 (Jk+ + Jk− )
Jk± = Jkx ± iJky (3.117)
1
J
ky = 2i
(Jk+ − Jk− )
então podemos escrever
1
J1 · J2 = [(J1+ + J1− )(J2+ + J2− ) − (J1+ − J1− )(J2+ − J2− )] + J1z J2z
4
1
= [J1+ J2+ + J1+ J2− + J1− J2+ + J1− J2− −
4
J1+ J2+ + J1+ J2− + J1− J2+ − J1− J2− ] + J1z J2z
1
= (J1+ J2− + J1− J2+ ) + J1z J2z
2
Portanto, podemos escrever
J2 = (J1 + J2 )2 = J21 + J22 + 2J1z J2z + J1+ J2− + J1− J2+ (3.118)
Como,
Além disso, J2 não comuta com J1z e nem com J2z , assim
Note que J2 não comuta nem com J1z e nem com J2z , porém ele comuta com Jz = J1z + J2z ,
que é a soma dos dois.
Mostrou-se que essa base é muito boa para estudarmos os momenta angulares individuais J1
e J2 de dois subsistemas.
Foi mostrado que os quatro observáveis,
···
···
···
. .. .. ..
. ..
. . . . .
···
Figura 3.3: Ilustra a forma da matriz Jz e J2 , que são blocos diagonais.
• Por isso, diz-se que adiciona-se os momenta angulares j1 e j2 , sem especificarmos os outros
números quânticos.
3.7 Autovalores de J 2 e Jz
• O espaço de estados E = E(1/2, 1/2) deve ser uma soma direta dos subespaços E(k, S) de
(2S + 1)-dimensão.
j1 ≥ j2 .
M = m1 + m2 . (3.132)
• Todos esses pontos estão situados dentro, ou sobre os lados de um retângulo cujo os cantos
são: (j1 , j2 ), (j1 , −j2 ), (−j1 , −j2 ) e (−j1 , j2 ).
• Todos os pontos situados sobre a mesma linha pontilha vermelha correspondem aos mesmos
valores de M = m1 + m2 .
• O número de tais pontos é portanto, igual a degenerescência gj1 ,j2 (M ) deste valor de M .
3.7.3 Degenerescência de Jz
Quanto a degenerescência de Jz , note que:
gj1 ,j2 (j1 + j2 ) = 1 na figura gj1 ,j2 (3) = gj1 ,j2 (−3) = 1 (3.133)
enquanto para
gj1 ,j2 (j1 + j2 − 1) = 2 na figura gj1 ,j2 (2) = gj1 ,j2 (−2) = 2
gj1 ,j2 (j1 + j2 − 2) = 3 na figura gj1 ,j2 (1) = gj1 ,j2 (−1) = 3
gj1 ,j2 (j1 + j2 − 3) = 3 na figura gj1 ,j2 (0) = 3
m2
M
M
M
=
=
=
=
−
2
m1
0
1
1
(-2,0) (-1,0) (0,0) (1,0) (2,0)
M
=
−
2
Figura 3.4: Par de possíveis valores (m1 , m2 ) para os kets |j1 , j2 ; m1 , m2 i. Aqui j1 = 2 e j2 = 1.
Os pontos associados com um dado valor de M = m1 + m2 estão situados sobre uma linha reta de
inclinação −1 (linha pontilhada vermelha).
g2,1 (M )
M
0
−3 −2 −1 0 1 2 3
Figura 3.5: Valores do grau de degenerescência gj1 ,j2 (M ) como uma função de M . Aqui j1 = 2 e
j2 = 1. Os graus de degenerescência gj1 ,j2 (M ) são obtidos simplesmente pela contagem do número de
pontos sobre as correspondentes linhas pontilhadas vermelhas da figura 3.4.
• O valor máximo alcançado por M foi j1 + j2 , e nenhum dos valores de J, maiores do que
j1 + j2 são encontrados em E(j1 , j2 ) e portanto não aparecem na soma direta,
X
E(j1 , j2 ) = E(k, j). (3.134)
⊕
JX
max
Note que a soma dos termos de uma progressão aritmética é dada por
nf
X (nf − ni + 1) · (anf + ani )
ai = , (3.137)
i=ni
2
J2
J2
J2
J1 +
2
J1 + J
J2
−J2 J1 J1
J1
2
J1 + J
J2
J1 −
Alinhamento qualquer Alinhamento com Alinhamento com
soma máxima soma mínima
Figura 3.6: Classicamente os valores mínimo e máximo de soma de dois vetores, satisfazem a
desigualdade do triângulo: |J1 − J2 | ≤ |J1 + J2 | ≤ J1 + J2 .
(j1 − j2 )2 = Jmin
2
isto é, o número de diferentes valores de k para esse valor de J, mantendo-se fixo os valores de
j1 e j2 . Note que há uma relação muito próxima entre os pj1 ,j2 (J) e os gj1 ,j2 (M ). Considere o
particular de M . Para ele corresponder a um e somente um vetor em cada sub-espaço E(k, J)
tal que J ≥ |M |. O seu grau de degenerescência gj1 ,j2 (M ) em E(j1 , j2 ), pode portanto ser escrito
como:
Invertendo ela, obtemos pj1 ,j2 (J) em função de gj1 ,j2 (M ), assim
Temos que,
pj1 ,j2 (J) = 0 para J > j1 + j2 (3.142)
já que gj1 ,j2 (M ) é zero para |M | > j1 + j2 . Além disso, para J = j1 + j2 e M = J = j1 + j2 ,
temos
Aqui S = 1 e M = 1, 0, −1.
O ket |+, +i é, no espaço de estado E(1/2, 1/2), o único autovetor de Sz associado com o
valor M = 1. Como [S2 , Sz ] = 0 e o valor M = 1 é não-degenerado, então o ket |+, +i deve
ser um autovetor de S2 . Assim |S = 1, M = 1i = |1, 1i, e portanto podemos escolher a fase do
vetor |1, 1i de modo que
|1, 1i = |+, +i . (3.151)
Agora é fácil encontrarmos os outros estados do tripleto, pois da teoria do momentum angular
sabemos que:
(3.152)
p
S± |S, M i = S(S + 1) − M (M ± 1)~ |S, M ± 1i ,
logo
p
S− |1, 1i = 1(1 + 1) − 1(1 − 1)~ |1, 1 − 1i
√
= ~ 2 |1, 0i
Consequentemente,
1
|1, 0i = √ S− |1, 1i (3.153)
~ 2
Para calcular |1, 0i explicitamente na base {|ε1 , ε2 i} é suficiente lembrar que S− = S1− + S2− ,
logo temos que
1
|1, 0i = √ (S1− + S2− ) |+, +i
~ 2
1
= √ [~ |−, +i + ~ |+, −i]
~ 2
1
= √ [|−, +i + |+, −i]
2
3.8.3 O estado |S = 0, M = 0i
De fato, esse último resultado poderia ter sido obtido diretamente usando um argumento
análogo ao aplicado para |+, +i.
O único vetor do subespaço E(S = 0), o vetor |S = 0, M = 0i, é determinado a menos de
um fator constante, pela condição de que ele deve ser ortogonal aos três vetores |S = 1, M i, os
quais acabamos de construir.
Desde que ele é ortogonal a |1, 1i = |+, +i e |1, −1i = |−, −i, portanto |0, 0i deve ser uma
combinação linear dos kets |+, −i e |−, +i, assim
Agora veremos como determinar os vetores |J, M i que expandem esses subespaços.
• Desde que J2 comuta com Jz e o valor M = j1 +j2 é não degenerado, então |j1 , j2 ; m1 = j1 , m2 = j2 i
também deve ser um autovetor de J2 .
|J = j1 + j2 ; M = j1 + j2 i = |j1 , j2 ; m1 = j1 , m2 = j2 i
= |j1 + j2 ; j1 + j2 i
= |j1 , j2 ; j1 , j2 i .
Aplicações repetidas do operador J− sobre este vetor de estado, fornece toda a família de
vetores |J, M i, para os quais J = j1 + j2 . Portanto, de (3.103) temos, que
(3.160)
p
J± |k, j, mi = ~ j(j + 1) − m(m ± 1) |k, j, m ± 1i .
logo
(3.161)
p
J− |j1 + j2 ; j1 + j2 i = ~ 2(j1 + j2 ) |j1 + j2 ; j1 + j2 − 1i
então
1
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 1i = p J− |j1 + j2 ; j1 + j2 i . (3.162)
~ 2(j1 + j2 )
Agora aplicando J− = J1− + J2− ao vetor |j1 + j2 ; j1 + j2 i, obtemos que
1
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 1i = p J− |j1 + j2 ; j1 + j2 i
~ 2(j1 + j2 )
1
= p (J1− + J2− ) |j1 , j2 ; j1 , j2 i
~ 2(j1 + j2 )
1 hp p i
= p ~ 2j1 |j1 , j2 ; j1 − 1, j2 i + 2j2 |j1 , j2 ; j1 , j2 − 1i
~ 2(j1 + j2 )
isto é
s s
j1 j2
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 1i = |j1 , j2 ; j1 − 1, j2 i + |j1 , j2 ; j1 , j2 − 1i (3.163)
j1 + j2 j1 + j2
De fato, obtivemos uma combinação linear dos dois vetores bases os quais corresponde a
M = j1 + j2 − 1, e essa combinação está normalizada diretamente. Pois
j1
hj1 + j2 ; j1 + j2 − 1 | j1 + j2 ; j1 + j2 − 1i = hj1 , j2 ; j1 − 1, j2 | j1 , j2 ; j1 − 1, j2 i + (3.164)
j1 + j2
j2
hj1 , j2 ; j1 , j2 − 1 | j1 , j2 ; j1 , j2 − 1i (3.165)
j1 + j2
j1 j2
= + = 1. (3.166)
j1 + j2 j1 + j2
isto é
s
j1 (2j1 − 1)
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 2i = |j1 , j2 ; j1 − 2, j2 i +
(j1 + j2 )[2(j1 + j2 ) − 1]
s
j2 (2j2 − 1)
|j1 , j2 ; j1 , j2 − 2i . (3.167)
(j1 + j2 )[2(j1 + j2 ) − 1]
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 3i
|j1 + j2 ; j1 + j2 − 4i
...
|j1 + j2 ; −(j1 + j2 )i
com,
J = j1 + j2 − 1 e M = j1 + j2 − 1 (3.169)
Portanto, podemos usar um raciocínio análogo ao anterior.
Uma forma de ver o procedimento como um todo é lembrar que:
|j1 − j2 | ≤ J ≤ j1 + j2
J M
Além disso, esse vetor deve ser ortogonal ao vetor |j1 + j2 , j1 + j2 − 1i o qual pertence a E(j1 +j2 ),
e é dado por (3.163). Portanto,
hj1 + j2 , j1 + j2 − 1 | j1 + j2 − 1, j1 + j2 − 1i = 0 (3.172)
s s
j1 j2
α +β =0 (3.173)
j1 + j2 j1 + j2
logo s
j2
α=− β (3.174)
j1
Substituindo, na expressão da normalização obtemos que:
j1
2
|α| 1 + =1 (3.175)
j2
A menos de um fator de fase, podemos determinar α e β, escolhendo α com sendo real e positivo,
obtemos que s s
j1 j2
α= =⇒ β=− (3.176)
j1 + j2 j1 + j2
Com isso temos
s s
j1 j2
|j1 + j2 − 1; j1 + j2 − 1i = |j1 , j2 ; j1 , j2 − 1i − |j1 , j2 ; j1 − 1, j2 i (3.177)
j1 + j2 j1 + j2
Aqui basta aplicar J− = J1− +J2− , sobre esse estado para obtermos os outros 2(j1 +j2 −1)+1
vetores |J, M i correspondentes a
J = j1 + j2 − 1 e M = j1 + j2 − 1, j1 + j2 − 2, . . . , −(j1 + j2 − 1)
|J = j1 + j2 − 2; M = j1 + j2 − 2i . (3.179)
Para calcularmos ele na base {|j1 , j2 ; m1 , m2 i} é suficiente notarmos que ele deve ser dado pela
seguinte combinação linear:
hj1 + j2 ; j1 + j2 − 2 | j1 + j2 − 2; j1 + j2 − 2i = 0 (3.183)
hj1 + j2 − 1; j1 + j2 − 2 | j1 + j2 − 2; j1 + j2 − 2i = 0, (3.184)
M = m1 + m2
|j1 − j2 | ≤ J ≤ j1 + j2 . (3.186)
|j1 − j2 | ≤J ≤ j1 + j2 (3.187)
|J − j1 | ≤j2 ≤ J + j1 (3.188)
|J − j2 | ≤j1 ≤ J + j2 . (3.189)
Além disso, as propriedades gerais dos momenta angulares impõe que o ket |J, M i, e portanto,
os coeficientes hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i existam somente se M tiver um dos seguintes valores:
Desiguladade do triângulo
J
J2 |J1 − J2 | ≤ J ≤ J1 + J2
|J − J1 | ≤ J2 ≤ J + J1
|J − J2 | ≤ J1 ≤ J + J2
J1
Figura 3.7: Regra de seleção do triângulo: o coeficiente hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i pode ser diferente de
zero somente se for possível forma um triângulo com os três segmentos de reta de comprimentos j1 , j2 e
J.
Se esse não for o caso, os coeficientes de Clebsch-Gordan não são definidos. Entretanto, no que
segue, será conveniente considerar que eles existem para todos os valores de m1 , m2 e M , mas
que os coeficientes serão nulos se um deles não satisfazer as condições (3.191) anteriores.
Desde que os vetores |J, M i também formam uma base ortonormal do espaço E(j1 , j2 ),
podemos expressar um vetor |j1 , j2 ; m1 , m2 i em termos dos vetores |J, M i como
j1 +j2 J
X X
|j1 , j2 ; m1 , m2 i = |J, M i hJ, M | j1 , j2 ; m1 , m2 i . (3.192)
J=|j1 −j2 | M =−J
Desde que escolhemos todos os fatores de fase para os coeficientes de Clebsch-Gordan de modo
que eles fossem reais, então segue que:
nos obtemos
j1 j2
X X
hJ, M | j1 , j2 ; m1 , m2 i hj1 , j2 ; m1 , m2 | J 0 , M 0 i = δJ,J 0 δM,M 0
m1 =−j1 m2 =−j2
na relação de ortogonalidade
obtemos
j1 +j2 J
X X
hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i hJ, M | j1 , j2 ; m01 , m02 i = δm1 ,m01 δm2 ,m02 ,
J=|j1 −j2 | M =−J
(3.198)
p
J± |J, M i = J(J + 1) − M (M ± 1)~ |J, M ± 1i .
Portanto, podemos aplicar o operador J− a expressão (3.185). Desde que J− = J1− + J2− ,
obtemos (se M > −J):
p
J(J + 1) − M (M − 1) |J, M − 1i =
j1 j2
X X
hj1 , j2 ; m01 , m02 | J, M i ×
1 m0 =−j1 m0 =−j2
2
hp
j1 (j1 + 1) − m01 (m01 − 1) |j1 , j2 ; m01 − 1, m02 i +
i
j2 (j2 + 1) − m02 (m02 − 1) |j1 , j2 ; m01 , m02 − 1i (3.199)
p
Multiplicando a esquerda essa expressão pelo bra hj1 , j2 ; m1 , m2 |, e usando o fato de que:
e
hj1 , j2 ; m1 , m2 | j1 , j2 ; m01 , m02 − 1i = δm1 ,m01 δm2 ,m02 −1 (3.201)
com isso obtemos que:
p
J(J + 1) − M (M − 1) hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M − 1i =
p
j1 (j1 + 1) − m1 (m1 + 1) hj1 , j2 ; m1 + 1, m2 | J, M i +
j2 (j2 + 1) − m2 (m2 + 1) hj1 , j2 ; m1 , m2 + 1| J, M i (3.202)
p
Se o valor de M for igual a −J, então temos que J− |J, −Ji = 0, e a relação (3.202) permanece
válida, e devemos notar que:
0 se |M | > J,
hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i = (3.203)
Diferente de zero se |M | ≤ J.
Analogamente, podemos aplicar o operador J+ a expressão (3.185). Desde que J+ = J1+ +J2+ ,
obtemos (se M < J):
p
J(J + 1) − M (M + 1) |J, M + 1i =
j1 j2
X X
hj1 , j2 ; m01 , m02 | J, M i ×
m0 =−j1 m0 =−j2
1 2
hp
j1 (j1 + 1) − m01 (m01 + 1) |j1 , j2 ; m01 + 1, m02 i +
i
j2 (j2 + 1) − m02 (m02 + 1) |j1 , j2 ; m01 , m02 + 1i (3.205)
p
Multiplicando a esquerda essa expressão pelo bra hj1 , j2 ; m1 , m2 |, e usando o fato de que:
e
hj1 , j2 ; m1 , m2 | j1 , j2 ; m01 , m02 + 1i = δm1 ,m01 δm2 ,m02 +1 (3.207)
com isso obtemos que:
p
J(J + 1) − M (M + 1) hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M + 1i =
p
j1 (j1 + 1) − m1 (m1 − 1) hj1 , j2 ; m1 − 1, m2 | J, M i +
j2 (j2 + 1) − m2 (m2 − 1) hj1 , j2 ; m1 , m2 − 1| J, M i (3.208)
p
Se o valor de M for igual a J, então temos que J+ |J, Ji = 0, e a relação (3.208) permanece
válida, e devemos notar que:
0 se |M | > J,
hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i = (3.209)
Diferente de zero se |M | ≤ J.
o radical do lado direito nunca será zero, e nem infinito. Portanto, se o coeficiente hj1 , j2 ; m1 , J − m1 | J, Ji
for zero, então todos os outros coeficientes que o sucede também serão nulos. Mas isso não é
possível, pois o ket |J, Ji é normalizado e diferente de zero. Portanto, todos os coeficientes são
diferentes de zero.
Em particular se o coeficiente hj1 , j2 ; j1 , J − j1 | J, Ji, para o qual m1 tem o seu valor máximo,
for não nulo, então para fixarmos a fase do ket |J, Ji requeremos que esse coeficiente satisfaça a
seguinte condição:
a qual não é necessariamente equivalente, a priori, a (3.212) [(3.212) e (3.213) podem definir
diferentes fases para o ket |J, Ji].
hj1 , j2 ; j1 , j2 | j1 + j2 , j1 + j2 i
seja real e positivo, e além disso, que ele seja igual a 1. Fazendo M = J = j1 + j2 em (3.202),
vemos então que os coeficientes hj1 , j2 ; m1 , m2 | j1 + j2 , j1 + j2 − 1i são positivos. Por recorrência
então é fácil provar que
hj1 , j2 ; m1 , m2 | j1 + j2 , M i ≥ 0. (3.216)
Os coeficientes nos quais m1 tem seu valor máximo: Considere o coeficiente hj1 , j2 ; m1 , m2 | J, M i.
Em princípio o valor máximo de m1 = j1 . Entretanto, temos que m2 = M − j1 , o que de acordo
com (3.191b) é possível somente se M − j1 ≥ −j2 , isto é
M ≥ j1 − j2 (3.217)
Com a convenção escolhida a fase do ket |J, Ji depende da ordem na qual os dois momenta
angulares j1 e j2 estão arranjados nos coeficientes de Clebsch-Gordan. Se eles estão na ordem
j1 , j2 a componente do ket |J, Ji ao longo do ket |j1 , j2 ; j1 , J − j1 i é positiva, o que significa que
o sinal da componente ao longo do ket |j1 , j2 ; J − j2 , j2 i é (−1)j1 +j2 −J como indicado por (3.220).
Por outro lado, se escolhermos a ordem j2 , j1 a relação (3.213) mostra que a última componente
é positiva. Portanto, se invertermos j1 e j2 o ket |J, Ji será multiplicado por (−1)j1 +j2 −J . O
mesmo é verdade para os kets |J, M i, os quais são construídos a partir do ket |J, Ji pela ação
de J− de tal modo que a ordem de j1 e j2 não tem efeito algum. Finalmente a troca da ordem
de j1 e j2 conduz a relação:
Teorema de Wigner-Eckart
Se fixarmos os valores de k e j, teremos (2j+1) kets |k, j, mi com m = −j, −j+1, . . . , j−1, j,
portanto temos uma matriz (2j + 1) × (2j + 1), a qual é diagonal com todos os elementos iguais,
ou seja,
hk, j, m| A |k, j, m0 i = a(k, j)δm,m0 (4.2)
P (k, j)BP (k, j) = λ(k, j)P (k, j)AP (k, j), (4.3)
A seguir iremos estudar os operadores vetores que possuem propriedades análogas aos
operadores escalares.
65
4.2. Operadores vetores
e W ao subespaço E(k, j), então os seus elementos de matrizes serão proporcionais, ou seja,
P (k, j)WP (k, j) = µ(k, j)P (k, j)VP (k, j). (4.5)
Exemplo 4.1. Trocando V por J em (4.6), obtemos as relações de comutação que definem o
momentum angular J.
Exemplo 4.2. Para uma partícula sem spin, cujo espaço de estado é Er , temos que J = L, logo
é imediato mostrar que R e P são operadores vetores pois:
R × S; (L · S) P; etc. (4.9)
Exemplo 4.4. Considere um sistema W formado pela união de dois sistemas W1 e W2 , no qual
W1 está no espaço de estados E1 e W2 está no espaço de estados E2 . Se V1 é um operador que
atua somente em E1 , e se este operador é vetor, então extensão de V1 em E1 ⊗ E2 também é um
vetor. Por exemplo, para um sistema de dois elétrons, os operadores L1 , R1 , S2 , etc, são vetores.
V± = Vx ± iVy (4.10a)
J± = Jx ± iJy (4.10b)
então
e segue que
logo
Jz (V± |k 0 , j 0 , m0 i) = V± Jz |k 0 , j 0 , m0 i ± ~V± |k 0 , j 0 , m0 i
Jz (V± |k 0 , j 0 , m0 i) = (m0 ± 1)~ (V± |k 0 , j 0 , m0 i) (4.15)
Essa relação indica que V± |k 0 , j 0 , m0 i é um autovetor de Jz com autovalor (m0 ± 1)~, logo
XX
V± |k 0 , j 0 , m0 i = Ck,j |k, j, m0 ± 1i . (4.16)
k j
Vz =⇒ ∆m = m − m0 = 0 (4.17a)
V+ =⇒ ∆m = m − m0 = +1 (4.17b)
V− =⇒ ∆m = m − m0 = −1. (4.17c)
temos
X
hk, j, m + 2| J+ |k 0 , j 0 , m0 i hk 0 , j 0 , m0 | V+ |k, j, mi =
k0 ,l0 ,m0
X
hk, j, m + 2| V+ |k 0 , j 0 , m0 i hk 0 , j 0 , m0 | J+ |k, j, mi . (4.20)
k0 ,l0 ,m0
obtemos que
hk, j, m| Vz |k, j, mi = m~α− (k, j) (4.33)
Da igualdade das relações (4.30) e (4.33), temos que
Como qualquer uma das componentes do vetor V, pode ser escrita como uma combinação
linear de Vz , V+ e V− , ou seja
1 1
Vx = (V+ + V− ) e Vy = (V+ − V− ) . (4.36)
2 2i
Portanto, podemos escrever de forma geral que
portanto, dentro do espaço de estados E(k, j), todos os elementos de matriz de V são proporcio-
nais aqueles de J. Esse resultado expressa o teorema de Wigner-Eckart, para um caso especial.
Introduzindo as “restrições” de V e J em E(k, j), podemos escrever:
Note que,
X
P (k, j) = |k, j, mi hk, j, m| (4.39)
m
logo
= P (k, j).
Assim
P (k, j)J · VP (k, j) = j(j + 1)~2 α(k, j)P (k, j) (4.43)
hJ · Vik,j
P (k, j)VP (k, j) = P (k, j)JP (k, j)
j(j + 1)~2
hJ · Vik,j
= P (k, j)JP (k, j) (4.46)
hJ2 ik,j
ou ainda
hJ · Vik,j hJ · Vik,j
V= 2
J= J. (4.47)
hJ ik,j j(j + 1)~2
Este resultado é chamado de “teorema da projeção”. Deste modo, todo o sistema físico, no
qual tratamos com estados pertencentes ao mesmo subespaço E(k, j), podemos considerar que
todos os operadores vetores são proporcionais a J.
4.3.2.5 Comentários
1. Não pode ser deduzido de (4.47) que, no espaço de estados total (a soma direta de
todos os subespaços E(k, j)), V e J são proporcionais. Deve-se notar que a constante de
proporcionalidade α(k, j) ou hJ · Vik,j depende do subespaço E(k, j)) escolhido. Além
disso, qualquer operador vetor V pode possuir elementos de matriz não-nulos entre os
kets pertencentes a diferentes subespaços E(k, j)), enquanto os correspondentes elementos
de J são sempre zero.
2. Considere um segundo operador vetor W. Assim como V a sua restrição em E(k, j) é que
ele é proporcional a J. Portanto, dentro de um subespaço E(k, j), todos os operadores
vetores são proporcionais.
hJ · Vik,j
V= W (4.50)
hJ · Wik,j
J = L + S. (4.53)
Esta hipótese é válida para um certo número de átomos leves para os quais o acoplamento
do momentum angular é do tipo L · S. Entretanto, para os átomos que possuem um outro
tipo de acoplamento este não é mais o caso. Cálculos baseados no teorema de Wigner-Eckart,
similares aos que faremos aqui, podem ser feitos, e a ideia física central permanecerá a mesma.
Por questão de simplicidade consideraremos que L e S são bons números quânticos, para os
sistemas atômicos que iremos estudar.
(4.60)
p
J± |E0 , L, S, J, M i = ~ J(J + 1) − M (M ± 1) |E0 , L, S, J, M ± 1i
A degenerescência essencial
Este é um multípleto.
H = H0 + H1 , (4.62)
com
H1 = ωL (Lz + 2Sz ) (4.63)
−qB µB q~
ωL = = − B, com µB = . (4.64)
2m ~ 2m
hJ · Li hJ · Si
L= J e S= J (4.65)
J(J + 1)~2 J(J + 1)~2
~2
hL · Ji = L(L + 1)~2 + (J(J + 1) − L(L + 1) − S(S + 1)) (4.67a)
2
~2
hS · Ji = S(S + 1)~2 + (J(J + 1) − L(L + 1) − S(S + 1)) (4.67b)
2
Substituindo as equações (4.67) em (4.65), e o resultado em (4.63), obtemos que
H1 = gj ωL Jz (4.68)
3 S(S + 1) − L(L + 1)
gj = + . (4.69)
2 2J(J + 1)
E1 (M ) = gj M ~ωL . (4.70)
M
E
+ 52
+ 32
+ 12
5
E0
J= 2 − 12
− 32
− 52
Figura 4.2: Diagrama de energia mostrando a remoção das (2J + 1) degenerescências de um multipleto
(aqui J = 5/2) por um campo magnético B. A distância entre dois níveis de energias adjacentes são
proporcionais ao campo B e ao fator de Landé gJ .
[1] Supriyo Bandyopadhyay and Marc Cahay. An Introduction to Spintronics. CRC Press INC,
2008.
[2] Lev Davídovitch Landau and L. M. Lifshitz. Quantum Mechanics, Third Edition:
Non-Relativistic Theory (Volume 3). Butterworth-Heinemann, 1981. URL: http://www.
amazon.com/Quantum-Mechanics-Third-Edition-Non-Relativistic/dp/0750635398%
3FSubscriptionId%3D0JYN1NVW651KCA56C102%26tag%3Dtechkie-20%26linkCode%
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[3] Herch Moysés Nussenzveig. Física Básica: Eletromagnetismo, volume 3. Editora Edgard
Blücher, 1 edition, 1997.
[4] Sin-Itiro Tomonaga. The story of spin. The University of Chicago Press, Ltd., London,
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[5] Bretislav Friedrich and Dudley Herschbach. Stern and gerlach: How a bad cigar helped
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conta a historia real do experimento de Stern-Gerlach.
[6] Samuel Abraham Goudsmit. The discovery of the electron spin. Electronic, 1971. URL:
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[10] P. A. M. Dirac. The quantum theory of the electron. Proceedings of the Royal Society
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