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KABENGELE MUNANGA

Algumas
consideracões
sobre “raça”,
ação afirmativa
e identidade
negra no Brasil:
fundamentos
antropológicos
KABENGELE
MUNANGA é professor
do Departamento de
Antropologia da FFLCH-USP
e autor de, entre outros,
Estratégias e Poéticas
de Combate à
Discriminação Racial
(Edusp/Estação Ciência).
A história das sociedades e culturas
modernas foi sempre acompa-
nhada de uma certa idéia de humanidade, de
uma apreensão do ser humano pensado essen-
cialmente através das noções de igualdade e de
liberdade. À medida que a significação e o alcan-
ce dessa idéia moderna de humanidade foram
se aperfeiçoando, ela se viu atravessada por
uma tensão muito forte entre duas exigências
comparativamente opostas (Mesure & Renaut,
1999, p. 18).
A primeira exigência corresponde à convicção
constitutiva de um primeiro humanismo mo-
derno, conforme o qual a humanidade é uma
natureza ou uma essência. Na lógica desse
humanismo chamado essencialista (tal como se
desenvolveu na filosofia das Luzes), a humani-
dade define-se pela posse de uma identidade
específica ou genérica, por exemplo, a que faz
do homem um animal racional. No horizonte
dessa primeira exigência afirmam-se com clareza
os valores do universalismo ou do humanismo
abstrato e democrático, tal como foi concebi-
do pela afirmação segundo a qual existe uma
natureza comum a todos os homens, idêntica
em cada um deles, em virtude da qual eles têm
os mesmos direitos, quaisquer que sejam suas
características distintivas (de idade, de sexo,
de etnia, etc.).
A segunda exigência se fez presente desde
o fim do século XVIII na Alemanha, depois na
França e na Inglaterra, na medida em que al-
guns efeitos perversos da primeira exigência se
deixaram perceber. Essencialmente, a represen-
tação da humanidade em termos de identidade
indiferenciada podia também desembocar na
perspectiva de uma tirania do universal, e o
conceito essencialista do homem podia
igualmente servir de pretexto para discrimi-
nar, do resto da humanidade, os indivíduos
ou grupos de indivíduos não corresponden-
do à identidade específica e para excluí-los,
em direitos e em fatos, da humanidade plena
e inteira. O romantismo alemão colocou
severamente em questão, em sua crítica con-
tra a Revolução Francesa, as virtualidades
inquietantes de toda a política dos direitos
do homem, acusado de abrir o caminho ao
despotismo que se contenta com algumas
máximas universais e sacrifica totalmente
a riqueza e a diversidade das tradições. À
afirmação universalista da identidade in-
trínseca da humanidade veio se sobrepor
uma nova convicção: existe, é certo, uma
identidade humana, mas essa identidade é
sempre diversificada, segundo os modos de
existência ou de representação, as maneiras
de pensar, de julgar, de sentir, próprias às
comunidades culturais, de língua, de sexo,
às quais pertencem os indivíduos e que são
irredutíveis às outras comunidades.
Vê-se que os dois princípios, isto é, o eu e
o outro, o universal e o particular, a unidade
e a diversidade, o ego e o alter, se combi-
nam no coração da antropologia enquanto
disciplina que pretende estudar o homem
no mesmo momento em sua unidade e em
sua diversidade. A questão da alteridade
percorre todo o pensamento antropológico,
dos ancestrais fundadores aos contemporâ-
neos; percorre todas as correntes e grandes
paradigmas que contribuíram na construção
da disciplina, do evolucionismo ao chamado
pós-modernismo. Mas a antropologia não
é unicamente filha do relativismo cultural,
ela é também herdeira do universalismo tal
como se expressa de modo particularmente Sahlins universalista a um Sahlins relativis-
nítido na ideologia do direito natural, ou ta, no Ilhas de História, em que ele adota
mais geralmente na ideologia dos direitos respectivamente as duas posturas. A antro-
do homem (Amselle, 1996, p. 21). Com póloga Margaret Mead ilustra ainda melhor
efeito, entre os maiores antropólogos, esses essa oposição binária entre o universal e
dois fatores aparecem concorrentemente, o diferente no pensamento antropológico.
permitindo distinguir, por exemplo, um Filha do culturalismo americano, ela pode
Lévi-Strauss estruturalista, portanto uni- ser vista como defensora do relativismo
versalista, no Estruturas Elementares de cultural. No entanto, torna-se universalista
Parentesco, e um Lévi-Strauss culturalista, no famoso diálogo travado com o escritor
portanto relativista, no Raça e História, afro-americano James Baldwin na década
da mesma maneira que podemos opor um de 70 (Mead & Baldwin, 1973).

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Prefaciando a tradução do livro nascido em vista da satisfação de necessidades so-
do diálogo em questão, Roger Bastide co- ciais, no qual cada elemento é ligado ao resto
loca claramente o problema e identifica as e permanece condicionado por ele, implica
posições de ambos. Tanto Baldwin como a necessidade de dar uma consideração mais
Mead estão preocupados com a questão da séria a instituições indígenas dos povos não
integração do negro na sociedade america- civilizados do que se tinha feito antes”.
na, mas não a concebem da mesma maneira. Mas o que interessaria a nossa proposta
Mead tenta encontrar fora das diferenças de relacionada à problemática da identidade
cor um campo cultural comum entre brancos é a “conivência“ entre o funcionalismo e o
e negros, um campo cultural que ela con- indirect rule. Sabemos que, para assegurar
cebe segundo o modelo de miscigenação. a dominação, nenhum sistema colonial no
Baldwin, embora aceite ser americano e continente africano contou apenas com a
não africano, não defende simplesmente a força bruta e com o aparelho ideológico
integração, porque ela é unilateral e exige apoiado em discursos justificativos da
do negro tornar-se branco… Bastide define “missão civilizadora”. Outras estratégias
a posição de Mead como ideologia profis- inicialmente não previstas nos primeiros
sional do etnólogo liberal ou progressista, esboços dos sistemas oficialmente im-
portanto uma visão universalista oposta à plantados em 1885, após a conferência de
perspectiva etnopluralista de Baldwin (apud Berlim, que sacralizou a mundialização da
Taguieff, 1988, pp. 16-8). colonização do continente africano, foram
Constata-se que todas as correntes e pa- se desenvolvendo e aperfeiçoando-se no
radigmas que marcaram o desenvolvimento decorrer do processo de administração dos
da antropologia, cada um à sua maneira, territórios coloniais. Entre elas, o direct
trataram das questões de identidade sem e o indirect rule, dos quais resultaram os
utilizar essa palavra, através dos conceitos sistemas de assimilação e de associação,
de unidade e de diversidade. Esquemati- que, apesar das particularidades, têm um
zando grosseiramente, podemos dizer que denominador comum e serviram para
o evolucionismo antropológico pretendia, fins semelhantes. No entanto, se todos os
no seu projeto, reconstruir a história cultural países lançaram mão do indirect rule, os
da humanidade a partir do estudo das socie- britânicos foram os únicos a lhe dar uma
dades não-ocidentais, na época chamadas forma teórica precisa e a amplitude de uma
primitivas. Nesse projeto, a oposição primi- teoria geral das sociedades colonizadas.
tivo/civilizado prefigura a posição binária Isso só foi possível graças à colaboração
“nós” e “outros”, que podemos considerar da antropologia social na sua fase de
como o primeiro esboço da idéia de diver- constituição da antropologia aplicada aos
sidade e de identidade atual. Pela segunda territórios africanos.
vez, a todas as sociedades não-ocidentais, A esse respeito, escreve Lucy Mary em
foi atribuída uma identidade coletiva de 1935 que a razão pela qual os especialistas
“povos primitivos”, substituindo a iden- da antropologia crêem no sistema do indi-
tidade anterior de “selvagens” dada pelos rect rule não é o fato de que esse sistema
ancestrais iluministas. preserve as sociedades indígenas em sua
Por seu lado, o funcionalismo britânico, forma original. Para os antropólogos a
cuja monografia pretendia superar o etno- questão é permitir que as mudanças que
centrismo vitoriano, que via nas sociedades modificam as condições das sociedades
não-européias apenas gêneros de vida ul- africanas possam operar sem deslocação
trapassados pela evolução, não descreveu desnecessária das estruturas (Lucy Mary,
apenas um gênero de vida, mas sim um 1937 apud Leclerc, 1972). Estamos diante
verdadeiro mundo de existência. Como de duas filosofias coloniais aparentemente
disse Lucy Mary (1937, apud Leclerc, 1972, opostas, mas que visam aos mesmos re-
p. 119), “a interpretação da cultura humana sultados. Por um lado, o direct rule ou a
concebida como mecanismo de cooperação administração direta francesa, que visa à

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assimilação dos povos colonizados dentro sobre elas um julgamento que mais tarde
do modelo racista universalista destruidor se tornaria um julgamento de valor.
das identidades não-ocidentais, por outro O alcance prático dessas teses é ilustra-
o indirect rule ou a administração indireta do pela tomada de posição pública de uma
britânica, que visa à aculturação dos povos parte dos antropólogos americanos sobre
colonizados, num processo que declarada- o problema colonial. Em 1947, o Bureau
mente pretendia conservar as identidades executivo da American Anthropological As-
tradicionais para não criar choques desne- sociation submete à Comissão dos Direitos
cessários que poderiam prejudicar o proces- do Homem das Nações Unidas um projeto de
so aculturativo. A aculturação, que, segundo declaração, “A Statement on Human Rights”
George Balandier, levaria a um processo (in American Anthropologist, 1947):
inverso de déculturation, pois praticada no
contexto colonial caracterizado pelas rela- “Considerando o grande número de socie-
ções políticas assimétricas, e a assimilação dades que entram em estreito contato no
constituem somente dois lados da mesma mundo moderno, e a diversidade de seus
moeda colonial na qual tanto a antropologia modos de vida, a tarefa encontrada pelos
francesa, quanto a antropologia britânica que desejam redigir uma Declaração dos
e outras que se inspiraram nelas tiveram Direitos do Homem consiste essencial-
politicamente uma grande conivência. mente em resolver o seguinte problema:
Num caminho totalmente divergente, como a declaração proposta pode ser
a antropologia cultural americana, ou o aplicável a todos os seres humanos, se
culturalismo americano, vai desenvolver foi concebida unicamente nos termos dos
o relativismo cultural cujos representantes valores dominantes nos países da Euro-
mais autênticos produzirão teses antico- pa Ocidental e da América? O texto em
lonialistas defensoras das identidades dos que se sente a presença determinante de
povos oprimidos. Se, do ponto de vista Herskovits faz um apelo aos resultados
de Malinowski e de Radcliffe-Brown, a das ciências humanas, isto é, às teses da
universalidade e a identidade dos povos antropologia cultural, propondo a elabo-
oprimidos forneciam a base de uma teoria ração de uma ‘Declaração dos Direitos
comparativa, para Ruth Benedict as institui- do Homem’ nos seguintes termos: 1o) O
ções constituem apenas um quadro formal indivíduo realiza sua personalidade pela
e vazio do qual é fácil demonstrar em vão cultura; o respeito das diferenças indi-
a universalidade quando se deixa escapar viduais conduz então a um respeito das
o sentido concreto e efetivo que elas têm diferenças culturais; 2o) O respeito das
para e numa dada cultura. Para ela, as ins- diferenças entre culturas é válido pelo fato
tituições são interpretadas em função dos científico que mostra que nenhuma técnica
valores próprios e específicos (das escolhas) de avaliação das culturas foi descoberta.
de uma dada sociedade e não mais como Por isso, os objetivos que guiam a vida de
respostas a necessidades fundamentais, ou um povo são evidentes por si mesmos na
como expressão das estruturas universais sua significação para esse povo e não de-
da vida social (apud Leclerc, 1972, pp. 152- vem ser ultrapassados por um outro ponto
3). Foi dentro desse espírito que se forjou o de vista, incluído o das pseudoverdades
conceito de relativismo cultural, que já se eternas; 3o) Os padrões e os valores são
encontrava no estado de esboço entre nume- relativos à cultura da qual são resultados,
rosos antropólogos americanos. Indo mais de tal modo que todas as tentativas para
longe que o funcionalismo, o relativismo formular postulados que derivam das
cultural não apenas coloca entre parênteses a crenças ou dos códigos morais de uma
questão de saber se as sociedades estudadas cultura devem, nessa medida, ser retira-
pela antropologia são sociedades “primiti- das da aplicação de toda Declaração dos
vas”, como nega à antropologia o direito Direitos do Homem à humanidade inteira”
de qualificar essas sociedades, de fazer (Leclerc, 1972, pp. 162-3).

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Como se vê, a ideologia veiculada pelo reivindicações dos grupos nas sociedades
culturalismo americano condena o univer- poliétnicas. W. Kymlicka lembra que, de-
salismo dos vitorianos que consideravam pois da Segunda Guerra Mundial, muitos
a cultura ocidental como instrumento de liberais esperavam que a ênfase colocada
avaliação das outras culturas. Nesse sentido, sobre os direitos do homem (notadamente
a antropologia cultural, ou o culturalismo em 1948, pela Declaração Universal da
americano, foi uma das correntes antropo- ONU) resolveria por si os problemas das
lógicas a defender as identidades dos povos minorias. Pensavam eles que, em vez de
não-ocidentais, embora saibamos que a ques- proteger os grupos diretamente através dos
tão da integração dos negros e dos índios na direitos especiais dados a seus membros, as
sociedade americana é sempre atual. minorias culturais seriam numa certa medida
Quando acontece um encontro entre protegidas indiretamente através das garan-
culturas, as atitudes preconceituosas de uma tias dadas a todos os indivíduos quanto a
em relação à outra podem ser interpretadas seus direitos civis e políticos fundamentais,
como uma defesa global de uma sociedade sem consideração do seu pertencimento a
contra qualquer intrusão estrangeira ressen- qualquer grupo. Um raciocínio implícito
tida como uma ameaça. Atitude essa que sustentava essa esperança: os direitos fun-
Claude Lévi-Strauss considera universal damentais reconhecidos à pessoa humana,
e necessária, embora represente o preço como a liberdade de expressão, a liberdade
a pagar para que os sistemas de valores de associação, a liberdade de consciência,
de cada comunidade sejam conservados. embora atribuídos a indivíduos, são de fato
A desconfiança em relação ao “outro” até sempre exercidos em comunidade com outros
a sua rejeição condiciona a presumida so- indivíduos, e nesse sentido o reconhecimento
brevivência das comunidades. Os povos e de tais direitos individuais protege, ipso fac-
as etnias teriam de escolher entre a morte to, a “vida do grupo”. Enquanto os direitos
cultural por excesso de abertura aos ou- individuais forem firmemente protegidos,
tros e a preservação do seu “ser” distinto não será necessário atribuir outros direitos
em oposição aos outros, começando pelo aos membros de uma comunidade qualquer
fechamento em torno de si (Lévi-Strauss, (Kymlicka, apud Mesure & Renaut, 1999,
apud Taguieff, 1988, pp. 246-7). pp. 211-2).
Pierre-André Taguieff critica esse po- Kymlicka defende a idéia de que esse
sicionamento de Lévi-Strauss e de outros modelo, que havia permitido ao Estado
etnólogos que, ao naturalizarem as atitudes moderno nascente regular os problemas
preconceituosas, conferem um fundamento das guerras de religião, não poderia mais
legítimo ao etnocentrismo e à xenofobia. ser aplicado hoje ao problema das minorias
Taguieff se pergunta se Lévi-Strauss não culturais. Pois, se o Estado se colocar como
estaria reforçando hoje a posição dos de- neutro perante as questões provocadas pela
fensores da funcionalidade do preconceito diversidade dos grupos étnico-culturais,
racial. Ele acha difícil não ver nessa posição será estruturalmente incapaz de resolver
do etnólogo um discurso legitimador do as questões resultantes da controvérsia
imperativo cultural de excluir o estrangei- concernente às minorias (Kymlicka, apud
ro e de evitar qualquer mistura com suas Mesure & Renaut, 1999, pp. 212-3).
maneiras de ser e de pensar defendida hoje A dificuldade se deve ao fato de que
na França pelo nacional-populismo e pela as doutrinas tradicionais dos direitos do
nova direita (Taguieff, 1988, pp. 246-7). homem respondem mal às questões de
Apesar da crítica, Lévi-Strauss, como os práticas efetivas da democracia. Na maioria
melhores defensores das identidades cul- dos casos, por si mesmas, não fornecem
turais particulares, rejeita todo apelo a um respostas. Por exemplo, o direito de livre
sujeito humano universal. expressão nada diz quando se trata de saber
A defesa do ensino da diversidade nas o que deveria ser uma política lingüística
escolas formais resulta do debate sobre as adaptada a uma situação de coexistência

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entre diversas línguas num mesmo espaço É dentro dessa preocupação, entre outras,
social. Da mesma maneira, o direito de ir que as críticas vêm sendo dirigidas contra
e vir não responde às interrogações sobre as políticas de cotas rotuladas como raciais.
o que deve ser uma política de imigração e Segundo o antropólogo Peter Fry, um dos
de naturalização. Dessa dificuldade surge a protagonistas intelectuais dessas críticas
necessidade de reconstruir a teoria liberal no Brasil,
dos direitos do homem de modo a atender
a um imperativo de justiça em relação aos “[…] a ação afirmativa não veio somente
grupos culturais em si, aos quais os indiví- para compensar negros pelo passado de
duos se identificam, ou seja, de buscar uma escravidão e pelo presente da discrimina-
transformação complementar do liberalis- ção. Veio desfazer a ‘mistura racial’ para
mo para integrar uma exigência de justiça produzir só duas raças. Antes uma sociedade
que Kymlicka (apud Mesure & Renaut, de classes que recusa reconhecer as iden-
1999, pp. 214-5) designa como “justiça tidades raciais, o Brasil é agora imaginado
etnocultural”. como uma sociedade de ‘raças’ e ‘etnias’
O debate sobre políticas de ação afir- distintas. As políticas de ação afirmativa
mativa e sobre o multiculturalismo na racial terão a conseqüência de estimular os
educação surge desse contexto universal e pertencimentos ‘raciais’, assim fortalecendo
está na pauta de muitos países do mundo a crença em raças” (Fry, 2005, p. 336).
contemporâneo. O Brasil, um país que
justamente nasceu do encontro das cultu- Em primeiro lugar, todos os brancos e
ras e das civilizações, não pode fugir dele. negros no Brasil acreditam na “mistura ra-
Paralelamente aos programas e projetos cial” como fundante da sociedade brasileira,
de mudanças desenvolvidos nas instâncias geneticamente falada. A pesquisa do geneti-
governamentais como no Ministério da Edu- cista Sérgio Danilo Pena mostra que todos os
cação, no Ministério da Saúde, na Secretaria brasileiros, mesmo aqueles que aparentam
Especial de Políticas de Promoção da Igual- fenotipia européia, têm em porcentagens
dade Racial (Seppir), etc., e nas instâncias variadas marcadores genéticos africanos
não-governamentais, creio que devemos ou ameríndios, confirmando o princípio já
aprofundar o debate intelectual e crítico conhecido da inexistência de raças puras
num duplo sentido, aproveitando a luz das ou estancas. Não vejo como, salvo numa
práticas experimentadas e devolvendo a imaginação criativa, a ação afirmativa possa
essas práticas um olhar crítico construtivo desfazer a “mistura racial”, desafiando as
e renovador. O melhor debate, a meu ver, leis da genética humana e a ação voluntarista
é aquele que acompanha a dinâmica da so- dos homens e das mulheres, que continua-
ciedade através das reivindicações de seus rão a manter os intercursos sexuais inter-
segmentos e não aquele que se refugia numa raciais. Se as leis e barreiras raciais contra
teoria superada de mistura racial, que por relações sexuais inter-raciais nos Estados
dezenas de anos congelou o debate sobre a Unidos e na África do Sul (apartheid) não
diversidade cultural no Brasil, que era visto conseguiram desfazer a “mistura racial”,
como uma cultura sincrética e como uma como é que isso pode ser possível somente
identidade unicamente mestiça. no Brasil por causa das cotas? Isso seria
Alguns indagam se as políticas de reco- atribuir à ação afirmativa um poder mágico
nhecimento das identidades “raciais”, em que na realidade não possui.
especial da identidade negra, não ameaça- Em segundo lugar, sabemos todos que o
riam a unidade ou a identidade nacional, por conteúdo da raça é social e político. Se para
um lado, e se não reforçariam a exaltação o biólogo molecular ou o geneticista huma-
da consciência racial, por outro. Ou seja, no a raça não existe, ela existe na cabeça
se não teriam um efeito “bumerangue”, dos racistas e de suas vítimas. Seria muito
criando conflitos raciais que, segundo difícil convencer Peter Botha e um zulu da
eles, não existem na sociedade brasileira. África do Sul de que a raça negra e a raça

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branca não existem, pois existe um fosso O problema fundamental não está na
sócio-histórico que a genética não preenche raça, que é uma classificação pseudocien-
automaticamente. Os mestiços dos Estados tífica rejeitada pelos próprios cientistas da
unidos são definidos como negros pela lei área biológica. O nó do problema está no
baseada numa única gota de sangue. Eles racismo que hierarquiza, desumaniza e jus-
aceitaram e assumiram essa identidade ra- tifica a discriminação existente. Há cerca de
cial que os une e os mobiliza politicamente 40 anos geneticistas e biólogos moleculares
em torno da luta comum para conquistar afirmaram que as raças puras não existem
seus direitos civis na sociedade americana, cientificamente (cf. Jean Hiernaux, J. Ruf-
embora conscientes da mistura que corre fié, A. Jacquard, F. Jacob, etc.). Chegaram
em seu sangue e também da negritude que mesmo até a preconizar a eliminação do
os faz discriminados. conceito de raça dos dicionários, enciclo-
Consciente de que a discriminação da pédias e livros científicos como medida
qual negros e mestiços são vítimas apesar de combate ao racismo. Não demoraram a
da “mistura do sangue” não é apenas uma concluir que essa proposta era uma inge-
questão econômica que atinge todos os nuidade científica, dando-se conta de que a
pobres da sociedade, mas sim resultante ideologia racista não precisava do conceito
de uma discriminação racial camuflada de raça para se refazer e se reproduzir. O
durante muitos anos, o Movimento Negro apartheid existia como demonstração da
vem tentando conscientizar negros e mesti- radicalização do racismo sem lançar mão da
ços em torno da mesma identidade através palavra raça. Com efeito, o apartheid é uma
do conceito “negro” inspirado no “black” palavra do afrikans e recebeu a definição
norte-americano. Trata-se, sem dúvida, de ideológica de um projeto de desenvolvimen-
uma definição política embasada na divisão to separado, com a finalidade de preservar
birracial ou bipolar norte-americana, e não a riqueza cultural e as identidades étnicas
biológica. Essa divisão é uma tentativa que dos povos da África do Sul. Em nome do
já tem cerca de trinta anos e remonta à fun- respeito às identidades e às diversidades
dação do Movimento Negro Unificado, que culturais, foi implantado na África do Sul
tem uma proposta política clara de construir um regime segregacionista que durante meio
a solidariedade e a identidade dos excluídos século confiscou os direitos fundamentais,
pelo racismo à brasileira. Ela é anterior à dis- políticos e sociais da maioria da população.
cussão sobre as cotas ou ação afirmativa, que Da mesma maneira que o Brasil criou seu
tem apenas uma dezena de anos. Mais do que racismo com base na negação do mesmo,
isso, ela correu paralelamente à classificação os racismos contemporâneos não precisam
popular cromática baseada justamente na mais do conceito de raça. A maioria dos paí-
multiplicidade de tons e nuanças da pele dos ses ocidentais pratica o racismo antinegros
brasileiros, resultante de séculos de miscige- e antiárabes sem mais recorrer aos conceitos
nação. Afirmar que a definição bipolar dos de raças superiores e inferiores, servindo-se
brasileiros em raças negra e branca nasce das apenas dos conceitos de diferenças culturais
políticas de ação afirmativa ainda em debate e identitárias.
é ignorar a história do Movimento Negro As propostas de combate ao racismo
brasileiro. Pensar que o Brasil sofre pressões não estão mais no abandono ou na erradi-
internacionais ou multilaterais para impor cação da raça, que é apenas um conceito e
as políticas de cotas é minimizar a própria não uma realidade, nem no uso dos léxicos
soberania nacional e ignorar as reivindica- cômodos como os de “etnia”, de “identi-
ções passadas e presentes do Movimento dade” ou de “diversidade cultural”, pois o
Negro, que, mesmo sem utilizar as palavras racismo é uma ideologia capaz de parasitar
cota e ação afirmativa, sempre reivindicou em todos os conceitos. Benjamin Isaac,
políticas específicas que pudessem reduzir num livro recente baseado numa pesquisa
as desigualdades e colocar o negro em pé de de cerca de 15 anos, sustenta a existência
igualdade com o branco. do proto-racismo entre os antigos gregos

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e romanos. Porém, os antigos não usavam to, nada indica que esse sentimento fosse
o conceito moderno de raça. Eles usavam vivido como uma diferença racial ou que
os conceitos de ethnos ou natio, que não pudesse ir além da distinção normal que
são sinônimos de raça. A lei da pureza de um grupo humano manifesta diante de um
sangue vigente em Portugal e na Espanha outro. Sobre o problema específico da cor,
dos séculos XIV-XV, que deu origem ao a literatura árabe antiga é mais instrutiva.
anti-semitismo, que é uma subvariante do Os primeiros poetas utilizavam toda uma
racismo, não precisou da raça no sentido gama de termos diferentes para descrever as
moderno da palavra. No entanto a lei da cores dos seres humanos, gama muito mais
pureza de sangue na Península Ibérica não vasta que aquela utilizada habitualmente
era tão diferente das leis de Nuremberg em nossos dias. Esses termos não corres-
durante o regime nazista. pondem exatamente aos que utilizamos
No seu livro Race et Couleur au Pays hoje e revelam um sentido das cores mais
d’Islam, Bernard Lewis oferece um outro ligado à claridade, à intensidade, e mais à
exemplo de construção do racismo sem tonalidade do que à cor. Os seres humanos
recorrer ao uso da raça. são freqüentemente descritos utilizando-se
Numa análise magistral baseada em termos que podemos traduzir como preto,
farta documentação (textos sagrados, insti- branco, vermelho, verde, amarelo e por dois
tuições, comportamentos sociais e práticas tons de moreno, claro e escuro. Esses termos
sexuais), ele amplia o espaço geo-histórico são geralmente empregados num sentido
do racismo, incluindo nele os países do Islã pessoal e não étnico e corresponderiam
e desfazendo o monopólio ocidental desse mais (no sentido ocidental) a termos tais
fenômeno (Lewis, 1982). como moreno (trigueiro), loiro ou corado,
Logo na introdução dessa obra, ele apre- do que a preto ou branco. Algumas vezes
senta duas imagens contraditórias sobre o são utilizados num sentido étnico, mas com
racismo no mundo islâmico. A primeira conotação em valor relativo e não absoluto.
imagem provém da obra A Study of History Os árabes, por exemplo, diziam-se às vezes
de A. J. Toynbee (1939), que descreve o vermelhos ou brancos em relação aos afri-
mundo do Islã como uma sociedade iguali- canos que são pretos. A cor característica do
tária e desprovida de qualquer discriminação beduíno é ora verde-azeitona, ora moreno.
racial. A segunda imagem vem dos contos Mas quando os árabes passaram a dominar,
as Mil e Uma Noites e revela um quadro os papéis se inverteram, pois a expressão
familiar de fantasmas sexuais, de discri- “povo vermelho” foi atribuída aos espa-
minação social, de divisão dos papéis e de nhóis vencidos, aos gregos e outros povos
uma identificação inconsciente positiva com mediterrâneos de pele mais clara que a dos
o que é claro, e negativa com o que é mais árabes (Lewis, 1982, pp. 18-9).
escuro. De fato, nos contos as Mil e Uma Quanto às relações entre árabes e afri-
Noites, os negros aparecem freqüentemente canos, a situação é mais difícil de discer-
nas funções subalternas, como carregado- nir. Existe um grande número de versos
res, empregados domésticos, escravizados, atribuídos aos poetas pré-islâmicos ou aos
cozinheiros, responsáveis pelos banhos, primeiros tempos do Islã sugerindo fortes
etc., elevando-se raramente acima dessa sentimentos de ódio e menosprezo em rela-
condição social. Isso é bem ilustrado pela ção às pessoas de nascimento ou de origem
história de um bom escravizado negro que, africana. A maior parte, se não a totalidade
depois de uma vida de fé e virtude, foi re- desses versos, foi redigida com quase cer-
compensado depois da morte ao tornar-se teza em períodos posteriores e é reflexo de
branco (Lewis, 1982, pp. 11-6). problemas, atitudes e preocupações mais
Tanto na poesia árabe antiga como no tardios. Durante o período que se seguiu
Alcorão aparece uma consciência da dife- imediatamente à morte do profeta Maomé,
rença, ou seja, o sentimento de ser árabe em 632 da nossa era, as grandes conquistas
por oposição ao grego ou outro. No entan- islâmicas transportaram a nova fé para a

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as vastas zonas da África e da Ásia. Com da história –, o mundo civilizado era por
essa situação, muitas mudanças podem definição o deles. Eles se consideravam
ser observadas na literatura da época. Em como os únicos que possuíam a iluminação
primeiro lugar, os termos descrevendo a divina e a verdadeira fé; o mundo exterior
cor dos seres humanos se tornaram menos a eles era povoado de bárbaros e de infiéis.
numerosos, específicos ou especializados. No mundo exterior, que se estendia além
Com o tempo, quase todos desapareciam, das vastas fronteiras do universo islâmico,
à exceção do “negro”, do “vermelho” e do os muçulmanos faziam algumas distinções.
“branco”, que tomam uma conotação étnica, No leste se encontravam a Índia e a Chi-
absoluta, em vez de pessoal e relativa. O ne- na, países pagãos, no entanto, respeitados
gro designa globalmente os nativos africanos porque possuíam provas de alguns traços
do sul do Saara e seus descendentes; o branco de civilização. No oeste estendia-se a Cris-
– e às vezes o vermelho (claro) – designa tandade, antes bizantina e depois européia,
os árabes, os persas, os gregos, os turcos, reconhecida como rival por sua religião,
os eslavos e os povos vivendo ao norte e ao sua cultura e sua visão do mundo. Fora
leste das terras habitadas pelos negros. Às disso, havia os bárbaros do norte e do sul
vezes, para opor esses povos aos árabes e – brancos no norte (turcos, eslavos e outros)
persas brancos, atribuem-se-lhes os qualifi- e negros no sul, na África negra (Lewis,
cativos significando alabastros, azul pálido 1982, p. 52).
ou diversos tons de vermelho. Em alguns Essas sociedades eram principalmente
contextos, o adjetivo “negro” é estendido consideradas como reserva de escravizados
de modo a incluir os indianos, mas não é o a serem importados no mundo islâmico,
seu uso habitual (Lewis, 1982, p. 26). A essa e, como eles não dispunham também de
especialização e especificação dos termos nenhuma religião digna de nome, deveriam
descrevendo as cores da pele, acrescenta-se ser convertidos ao Islã.
uma conotação muito nítida de inferioridade Nas Américas (do Norte e do Sul), existe
associada com peles mais escuras e mais uma identificação absoluta entre a popula-
particularmente com peles negras. ção negra e a escravidão. Mas no mundo
A conquista e a criação de um vasto muçulmano houve sempre escravizados
império árabe fizeram aparecer distinções negros e escravizados brancos. No entanto,
inevitáveis entre povo conquistador e povos a diferença entre ambas as categorias se dá
conquistados. Com a conversão dos povos na terminologia, no valor de compra e venda,
conquistados ao Islã, uma distinção de classe no tipo de atividade e na mobilidade social
se estabeleceu entre muçulmanos árabes e atribuídos aos dois tipos de escravizados
muçulmanos não-árabes, numa situação bem (Lewis, 1982, pp. 63-4). Geralmente, na
semelhante à dos autóctones cristãos nos época medieval, dava-se aos escravizados
impérios coloniais dos séculos XIX e XX. brancos o nome de “Mamluk”, termo árabe
Apesar de a doutrina do Islã reafirmar incan- que significa “possesso” e aos escravizados
savelmente que os convertidos não-árabes negros dava-se o nome de “Abd”. Com o
eram iguais aos árabes e podiam até pretender tempo, o termo “Abd”, que designava os
a um estatuto superior graças à sua maior fé, escravizados negros, tomou, em numero-
os árabes, como os conquistadores de todos sos dialetos árabes, o sentido de “homem
os tempos, eram pouco dispostos a conceder negro”, fosse ele escravizado ou não. Os
a igualdade aos povos conquistados e man- escravizados brancos, em particular as
tiveram sua posição privilegiada sempre que mulheres, custavam mais caro; além disso,
puderam. Os muçulmanos não-árabes eram os escravizados negros eram utilizados em
considerados como inferiores e sujeitos a uma certas atividades a eles especificamente re-
série de restrições fiscais, sociais, políticas, servadas, e sua mobilidade social era mais
militares e outras (Lewis, 1982, p. 46). limitada que a dos brancos.
Para os muçulmanos – como para todos A naturalização da escravidão negra
os povos das outras civilizações conhecidas encontra sua fonte de legitimação na lenda

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muçulmana segundo a qual Ham, filho de vam funções mais elevadas, tanto no plano
Noé, e ancestral dos negros, foi condena- doméstico quanto no administrativo. Negros
do a ser negro por causa do seu pecado. A e brancos eram utilizados como eunucos,
maldição do “ser negro” foi transmitida a mas os negros predominaram rapidamente.
todos os seus descendentes. Essa história Uma descrição árabe da corte dos califas de
dá um exemplo interessante dos objetivos e Bagdá, no início do século X, fala de 7.000
utilização ideológica dos mitos. A origem da eunucos negros e 4.000 brancos. Depois os
maldição de Ham é evidentemente bíblica eunucos brancos se tornaram raros e mais
(Gen. IX, 1-27) e rabínica. Mas, na versão caros (Lewis, 1982, p. 72).
judaica, a maldição diz respeito à escravidão Como em outras sociedades onde os
e não à cor da pele, e se abate em Canaã, o estereótipos existem, encontra-se, no mundo
mais jovem filho de Cam e não sobre seus islâmico, uma série de acusações clássicas
outros filhos, entre os quais Kush, presumi- dirigidas contra os negros. As mais fre-
do ancestral dos negros. A lógica da história qüentes são que os negros são estúpidos,
é clara e transparente: os escravizados dos cheios de vícios, mentirosos, desonestos,
israelitas eram os cananitas, seus parentes sujos em sua maneira de viver, emitem um
próximos. Daí a maldição de Canaã, uma cheiro insuportável; são descritos como
justificativa religiosa (de outro modo ideo- feios, disformes e monstruosos (Lewis,
lógico) para legitimar sua escravização. Os 1982, p. 114).
escravizados árabes não eram cananitas, Esse quadro racista no Império Islâmico
mas sim negros cuja maldição compreendia em relação ao mundo negro-africano, mi-
tanto a cor da pele quanto a escravização, nuciosamente documentado por Bernard
que passou a ser um peso de sua heredita- Lewis e aqui sinteticamente esboçado, exis-
riedade (Lewis, 1982, p. 67). tiu sem dúvida antes do uso do conceito de
Apesar dos argumentos e decretos favo- raça na modernidade ocidental. Ele oferece
ráveis à emancipação, a escravização dos um conteúdo racista legitimador da domi-
negros e sua exportação nos países medi- nação e da exclusão idêntico ao elaborado
terrâneos e do Oriente Médio continuaram, na modernidade ocidental. O que corrobora
justificadas pelo argumento discutível de nosso ponto de vista de que a raça não cria
que eram idólatras e que a guerra contra problema, mas sim a diferença fenotípica
eles era Jihad, guerra santa, e que os pri- por ela simbolizada. A solução não está na
sioneiros podiam ser escravizados (Lewis, negação das diferenças ou na erradicação
1982, p. 71). da raça, mas sim na luta e numa educação
Os escravizados brancos eram raramente que busquem a convivência igualitária das
destinados às tarefas penosas; eles ocupa- diferenças.

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