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Rio de Janeiro
jul./set. 2012
Ceará colonial, memória e o Instituto Histórico
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Resumo: Abstract:
O Instituto Histórico, Geográfico e Antropológi- The Historical, Geographical and Anthropolog-
co do Ceará, criado em 1887, teve um papel pio- ical Institute of Ceará, founded in 1887, played
neiro na escrita da história do Ceará no período a pioneering role in the written history of Ceará
colonial. Imerso no pensamento social de fins during colonial times. Immersed in the social
do século XIX e início do século XX, os mem- thoughts of the late nineteenth and early twenti-
bros e sócios efetivos do Instituto Histórico do eth centuries, members and effective associates
Ceará compactuavam-se com os alicerces teóri- of the Historical Institute of Ceará allied them-
cos e metodológicos da historiografia produzida selves with the theoretical and methodological
pelo IHGB, na sua primeira fase, que primava foundations of the historiography produced by
por escrever a História colonial, ressaltando e the IHGB in its first phase; they excelled in writ-
enaltecendo a atuação dos “grandes homens” e ing about the colonial history highlighting and
sobre os principais fatos e datas sobre a coloni- glorifying the actions of “great men”, and the
zação do território. Este artigo visa estabelecer main facts and dates involving the colonization
uma relação da escrita da história colonial do of the territory. The purpose of this article is to
Ceará realizada por membros do Instituto His- establish the relationship between the written
tórico em três períodos distintos, com o intuito history of colonial Ceará undertaken by mem-
de perseguir rastros de uma dada memória. Isto bers of the Historical Institute in three different
é, a escrita histórica na fase pioneira da Primeira periods, with the purpose of following the tracks
República, passando pelas décadas de 40 e 50 of a given memory. That is, historical writings
do século XX, e, posteriormente, com as inova- during the pioneer phase of the First Republic,
ções metodológicas ocorridas em fins da década through the 1940s and 1950s of the twentieth
de 70 e os anos 80 do século passado. century and, later, with the methodological in-
novations that occurred in the late 1970s and
80s of the last century.
Palavras-chave: Instituto Histórico; Ceará co- Keywords: Historical Institute; Colonial Ceará;
lonial; história; memória. history; memory.
7 – Cf. GIRÃO, Valdelice, op. cit, p. 31. João Capistrano de Abreu nasceu no Ceará em
1853 e foi reconhecido como um dos maiores historiadores brasileiros. Fez os estudos
primários e secundários em Fortaleza e no Recife, mudando-se para o Rio de Janeiro em
1875. Na sede da capital brasileira trabalhou como caixeiro na Livraria Garnier, colabo-
rou com o periódico Gazeta de Notícias e foi nomeado oficial da Biblioteca Nacional em
1879. Capistrano de Abreu morreu no Rio de Janeiro em 1927.
8 – Cf. AZEVEDO NIREZ. M. A. “A Herança do Barão”. In: Arquivos do Barão de
Studart. Instituto do Ceará. Fortaleza/ Ministério da Cultura, 2010, p. 23.
9 – COSTA, Maria Clélia Lustosa. op. cit., p. 94.
15 – Carta Patente de Nomeação de Martim Soares Moreno em atenção aos seus Servi-
ços. Cf. Gizafran Jucá. Barão de Studart. Documentos para a História de Martim Soares
Moreno. Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza, Tomo XIX, 1905, pp. 81-82. O docu-
mento em referência no texto é apenas um dos inúmeros documentos selecionados por
Gisafran Nazareno para ilustrar o seu texto sobre os Arquivos do Barão, op. cit., p. 37. Os
documentos selecionados como ilustração no texto deste historiador contemplam desde a
primeira metade do XII até a segunda metade do século XIX.
16 – STUDART, Barão de. “Documentos para a História de Martim Soares Moreno”. In:
Revista do Instituto do Ceará. Tomo XIX. Fortaleza, 1905, pp. 81-82.
guindo o sistema dos ventos, das correntes marítimas, bem como me-
diante o desenvolvimento do comércio no Atlântico Sul, ao longo dos
séculos XVI e XVII. Segundo esta perspectiva, especialmente no que diz
respeito ao desenvolvimento do comércio açucareiro e escravocrata nos
séculos XVI e XVII, o Estado do Grão-Pará e do Maranhão, – que faziam
parte as capitanias anexas do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e a Amazônia
propriamente dita, isto é a Costa Leste-Oeste –, acabaram permanecendo
dissociados deste comércio, que estava em franco desenvolvimento no
Atlântico Sul17.
24 – Cf. MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Influência da ocu-
pação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. Prefácio de Gilberto Freyre. 1ª
Ed. 1947. Prefácio de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Topbooks, 5ª Ed., 2007, pp. 210-
211.
É lógico que deixa para trás uma concepção de História como “mes-
tra da vida” com fins utilitários e pragmáticos. Atualmente, não tem mais
o apego pela escrita de sínteses históricas que invocam o passado mais
remoto da colonização da capitania do Ceará e, sobretudo, a escrita da
história não procura mais resgatar um passado colonial glorioso para o
Ceará e os cearenses.
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