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Universidade de Brasília

Arquitetura e Urbanismo
Brasil Colônia Império

O traçado urbano no período colonial brasileiro

Amilton Vali Duarte Filho


18/0115596
Resumo
Caracterização do desenho urbano das principais cidades e regiões brasileiras no
período colonial,com foco maior na região de Minas Gerais. A partir das referências
bibliográficas se estabelece relações com o desenvolvimento das vilas e arraiais e
grandes cidades com o modo de se viver dos brasileiros daquela época. A importância
de Minas Gerais para o entendimento do desenvolvimento das primeiras cidades
brasileiras impulsionadas pelo ciclo do ouro. O estudo de alguns casos de cidades e
suas malhas.

Introdução

Este artigo tem por objetivo estabelecer uma relação entre o período histórico do Brasil
colônia e as características arquitetônicas e urbanas de cidades litorâneas e
principalmente, de cidades das regiões auríferas em Minas Gerais e brevemente em
Mato Grosso do Sul. O Brasil colônia teve forte influência da cultura portuguesa no que
toca às características estéticas e urbanas de cidade e edificações.

Não somente as questões religiosas se impuseram na sociedade da época, mas


também os costumes portugueses e ideais arquitetônicos que aos poucos foram se
transformando e se adaptando à realidade da colônia. A organização das cidades, num
primeiro momento, era determinada pelas edificações mais importantes e por questões
defensivas e comerciais, porém à princípio, sem planejamento prévio de um traçado
regulador.

Em momentos posteriores, influenciados por ideais renascentistas e iluministas


europeus, a pré-concepção de uma malha regular começou a ser adotada para as
vilas, arraiais e novos assentamentos que surgiam. Mas os traçados desenhados
previamente não eram apenas jogado no terreno, mas sim eram implantados
respeitando as características do terreno.

Uma importante região a ser estuda é Minas Gerais, onde a extração de ouro culminou
em diversas novas cidades. Dessas cidades pode-se estudar algumas características
importantes como a implantação das estradas principais ao longo dos morros, as ruas
sinuosas e a relação de alguns casos com rios e cursos de água que se localizavam
próximos às cidades.
Fases do traçado das cidades coloniais

A virada do século (17 para o 18) trouxe mudanças importantes no desenvolvimento


brasileiro. O brasil se tornava uma grande produtora de matérias primas e se
encontrava num momento onde havia grande aceleração de processos, transporte e
informações. Essa nova etapa culminou no surgimento de novas cidades onde se
implementavam conceitos urbanísticos e arquitetônicos europeus e havia uma
preocupação maior em relação a organização e higiene dos espaços.

Também, a descoberta do ouro em Minas Gerais na transição do século fez com que a
coroa portuguesa ampliasse seu controle sob o território colonial a partir da tentativa da
organização de povoados, obedecendo à princípios renascentistas sobre traçados
reguladores. Tais princípios eram estudados pelos engenheiros militares da época e
que são de grande importância para esse momento histórico.

O urbanista do século 18, influenciado por ideias iluministas, trazia consigo princípios
de traçados uniformes com, por exemplo, a implementação de praças quadradas,
gabarito e alinhamento do casario uniforme e planos urbanos previamente
desenvolvidos. Brevemente, pode-se estudar os traçados urbanos do período,dividindo
o estudo em três fases: Primeira fase (1500-1706), Segunda fase (1706-1750) e
Terceira fase (1750 -1808).

Na ​primeira fase​, o governo português investiu fortemente na fundação de cidades e é


possível observar aqui a grande influência no medievalismo português em relação ao
traçado urbano dessas novas cidades. A cidade e sua rede urbana se desenvolviam a
partir da edificações necessárias e suas localizações. No caso de Salvador (BA),por
exemplo, existiam valores a serem considerados para o seu traçado como : defesa do
território, ordem social e higiene.

Salvador - 1629
Neste caso a cidade era dividida em duas partes: Parte alta e parte baixa. Na parte alta
se destinavam edificações institucionais e religiosas. Na parte baixa se desenvolviam
atividades comerciais e portuárias. A rede urbana se desenvolvia em torno de
edificações e vias principais. No caso de Sumidouro em Minas Gerais, elementos como
a praça, igreja e uma via determinavam um fluxo do aglomerado populacional e
organizavam a pequena cidade. Serão estudados esses elementos e sua recorrente
presença no traçado colonial das cidades na sequência deste artigo.

Sumidouro - 1730

Na segunda fase, a figura do engenheiro militar surge e os conhecimentos científicos


são mais aplicados e valorizados.A cidade começa a obedecer à princípios
geométricos e à planos pré-definidos de traçados que resultavam num traçado mais
regular da rede urbana. Começa a ser um espaço previamente desenhado, à princípio

Na Vila de São João da Parnaíba, o traçado previamente definido foi implementado em


1761. Nota-se alguns elementos marcantes como a praça central, igreja, instituições
públicas e lotes residenciais em linha reta. (Fig 3).

No caso de Vila Boa (MT), fundada sob o arraial de Santa Ana, pode-se verificar a
presença de linhas principais que formam vilas e comunidades, obedecendo à um
modelo de traçado imposto pela Coroa (Fig 4). Mas posteriormente foi elaborado um
novo plano diretor para a mesma cidade para correção do existente pelo não
cumprimento de algumas indicações (Fig 5).
Em Vila Bela da Santíssima Trindade, é possível notar a semelhança com o código de
planejamento de Vila Boa observando a simetria das ruas em linha reta, com larguras
uniformes e etc (Fig 6).

Fig 3 Fig 4

Fig 5
Fig 6
Na terceira fase já é possível notar a adaptação dos planos e traçados pré-definidos à
condicionantes locais principalmente devido aos desafios topográficos. No caso de São
José do Macapá nota-se um planejamento detalhado devido ao rígido traçado imposto
e as dificuldades do terreno sujeito à enchentes (Fig 7).Já na planta de Nova
Mangazão é possível notar a adaptação da malha proposta ao terreno (Fig 8).

Fig 7 Fig 8
Fig 9

Mesmo após a terceira fase é possível notar como a influência do pensamento do


planejamento de traçado e uma correta implementação pôde influenciar a
implementação e desenvolvimento de novas cidades. No caso de Petrópolis é possível
notar as principais vias que acompanham os rios da cidade e como elementos
simbólicos geram a hierarquia de importantes regiões da cidade (Fig 9).

O desenvolvimento das cidades Mineiras e seus traçados.

Ao observar um pouco os diferentes desenhos urbanos coloniais, nota-se a importância


de estudar um pouco mais sobre as cidades mineiras e como as relações humanas,
comerciais e políticas da época influenciaram fortemente o desenvolvimento das
cidades e também como o contexto das épocas alteravam os traçados das cidades. O
modo de viver dos primeiros colonizadores,sua cultura , sua moradia, a vinda de
imigrantes e o especial o ciclo do ouro são informações históricas que ajudam a
entender as diversas particularidades físicas e sociais da região.
Os núcleos rurais que se desenvolveram em Minas no século 18 estão diretamente
ligados ao processo de exploração do ouro. Alguns deles: Vila Rica (atual Ouro preto),
Vila Albuquerque (Mariana), Vila Real de Sabará (Sabará), São João d’El - Rei, Vila do
Príncipe (Serro), São José d’El - Rei (Tiradentes), Arraial do Tejuco (Diamantina)
dentre outros.

As cidades mineiras se desenvolveram ao longo das topografias dos morros, contendo


uma configuração linear e paralela às curvas de nível. “Estas cidades, de acordo com a
hierarquia da organização administrativa colonial, se transformavam de pequenos
arraiais em vilas, com o aglomerado usual da Igreja Matriz, com o Pelourinho nas
proximidades. Desse modo apresentavam um conjunto urbano específico, com
edifícios oficiais – que constituíam o centro dominante da dinâmica cultural – balizando
a imagem urbana.” (PESTANA, 2001).

Fig 10

Do desenho medieval de cidade até aos modelos renascentista e iluministas, os


portugueses adotavam o que consideravam mais adequado às circunstâncias da
cidade.A participação social no desenvolvimento das cidades e as suas diferentes
classes também influenciaram no crescimento e ordenamento das cidades.

O modelo das cidades mineiras setecentistas é representado por ruas tortuosas e


intrincadas, conforme tradição medieval portuguesa, definindo um sistema de padrão
irregular, com arruamentos transversais à encosta, atravessados perpendicularmente
por ruas paralelas, travessas e becos. Com as casas amoldando e determinando o
traçado das ruas, foram se estabelecendo espaços sinuosos, com alargamentos e
estreitamentos, com as mais tortuosas forma( Pestana, 2001).
Os arraiais e vilas que deram origem às cidades do ouro mineiras foram criadas em um
curto espaço de tempo e obedeciam uma lógica própria de organização espacial,
diferente das cidades litorâneas que seguiam traçados defensivos e militares. As
cidades mineiras oscilavam entre uma cultura religiosa e uma vida rural durante a
semana e o estilo de vida da região muitas vezes influenciado pelos interesses
econômicos da coroa e dos senhores de escravos.

“A cidade​ ​portuguesa é o resultado de várias influências e de várias concepções de


espaço, que nela confluem e se sintetizam. Por um lado, uma concepção de espaço de
natureza mediterrânica, vernácula e muito ligada à estrutura do território, que pode ser
verificado nas cidades gregas, em que o elemento essencial, são os edifícios
localizados em posições dominantes, que dão sentido e estruturam os espaços
urbanos envolventes. Por outro lado, uma concepção de espaço racional, intelectual e
abstrata, que embora presente nas cidades romanas de colonização não é
especificamente mediterrânica”. (TEIXEIRA,2000)

As cidades portuguesas construídas no Brasil, em geral, possuem características


morfológicas da tradição portuguesa. Algumas características de destaque são a
relação da cidade com o território, a lógica das localizações, as linhas estruturantes ,
na arquitetura vernácula, na estrutura dos quarteirões e etc. Da tradição vernácula é
possível notar algumas características marcantes como a relação com o território, a
escolha da implantação de edifícios institucionais, a definição de vias estruturantes e
espaços urbanos com suas particularidades.

Uma das principais características do urbanismo português é a sua capacidade de


síntese destas duas vertentes, que pode ser observada ao longo da história. Não
existem tipos puros de traçados nas cidades de origem portuguesa. A cidade
portuguesa caracteriza-se sempre pela síntese destas duas concepções de espaço,
harmonizando num todo coerente estas duas formas de fazer cidade, aí residindo, em
grande parte, a sua especificidade ( TEIXEIRA, 2000).

“As cidades romanas dos séculos I e II, as cidades medievais planejadas dos séculos
XIII e XIV, e os traçados regulares quatrocentistas e quinhentistas evidenciam as novas
concepções de espaço renascentista. A partir do século XV começam também a
construir-se nas ilhas atlânticas, e a partir do século XVI no Brasil, traçados urbanos
regulares, evidenciando as influências daqueles modelos planeados. Os traçados
urbanos quinhentistas e seiscentistas brasileiros vão afirmando a crescente
regularidade e geometrização do urbanismo de origem portuguesa. Os traçados
setecentistas que se desenvolvem quer no Brasil quer em Portugal representam o
aparente triunfo e predomínio da racionalidade sobre os outros princípios vernáculos de
estruturação urbana. Mas só aparentemente.” (TEIXEIRA, 2000)

“A cidade portuguesa constrói-se sempre de acordo com um plano, ou uma idéia de


ordenamento pré-definido, mas tendo em consideração as particularidades do sítio e
explorando-as quer no que se refere ao ordenamento do traçado quer à localização dos
principais edifícios e funções urbanas.” (TEIXEIRA, 2000).

“As (cidades brasileiras) que se desenvolvem junto ao mar situam-se geralmente em


terrenos de encosta, mais ou menos acidentados, pendendo para o mar. As que
desenvolvem junto a rios situam-se geralmente em pendentes suaves. Os seus
traçados – seja de cidades costeiras seja de cidades de interior – apresentam
princípios idênticos. Uma e outra são variantes de um modelo mais geral. O ponto
topograficamente dominante do território é ocupado geralmente pelo castelo, ou por
qualquer outra situação defensiva, desenvolvendo em torno de si um pequeno núcleo
construído. A primeira grande via estruturante da cidade desenvolve-se no entanto a
uma cota mais baixa, ao longo do mar, ou do rio.” (TEIXEIRA, 2000).

Em Minas Gerais, resulturam cidades construídas à beira de rios, riachos ou ribeirões


onde a primeira via dos povoados se desenvolviam paralelas ao curso d’água.
Importante notar como a rua se desenvolvia de acordo com a estrutura do terreno,
resultando num formato orgânico de cidades muitas vezes edificadas sobre encostas e
morros.

Formação urbana de Mariana/MG


Fonte: Fundação João Pinheiro
As povoações mineiras se desenvolveram a partir das relações comerciais que
aconteciam nas estradas nas regiões auríferas. A consolidação do surgimento de uma
nova povoação era em geral marcada pela construção de capelas nos extremos da via
principal onde dessas capelas se constituíam praças. Ao longo desse primeiro
caminho, os primeiros lotes eram construídos aos poucos.

Os espaços associados à estas capelas muitas vezes tinham características


diferentes.O fato de que em Minas não havia congregações religiosas que em geral era
responsável pela arquitetura das igrejas da época, colocava na mão do povo as
questões religiosas e consequentemente isso afetava características urbanas e
arquitetônicas.

Uma vez ocupada a via estruturante, se desenvolviam as vias paralelas e


posteriormente vias perpendiculares.”De forma gradual, estrutura-se um sistema de
duas vias principais cruzando-se um ângulo reto, com uma praça no seu cruzamento.
Trata-se da estrutura urbana básica que os romanos haviam racionalizado e de
geometrizado”(TOLEDO, 2000).

Ouro Preto MG
Fonte : Vila Rica - Sylvio de Vasconcelos
Em Formação de cidades no Brasil colonial, o arquiteto Paulo Ferreira Santos
identificou algumas características das cidades lusas em contraste com cidades
hispanoamericanas. A diferença , segundo Paulo Ferreira Santos, seria a ausência de
leis rígidas de implaNtação por parte dos portugueses comparado aos vizinhos
hispânicos.

Ao invés de adotar um traçado fixo para ser adotado e repetido várias vezes sob os
territórios, os portugueses preferiam a flexibilidade na implantação de acordo com o
terreno e fatores locais. Haviam apenas recomendações da coroa aos engenheiros
militares e aos governadores através de cartas régias. O traçado , então, deveria ser o
mais retilíneo e regular quanto possível, mas sem corresponder a um padrão fixo e
imutável.

Segundo Sylvio de Vasconcelos, “a configuração espontânea e longilínea dá às


povoações uma configuração mais orgânica, uma adaptação maior às condições do
terreno e um agenciamento natural bastante diverso do racional partido preconizado
pelas “Leis das Índias”. O traçado fica mais dinâmico e, frequentemente, permite
arranjos plásticos que funcionam como cenários, em perfeita harmonia com a
paisagem circundante. O povoado cresce como lhe convém, espicha e encolhe
conforme seu estágio de desenvolvimento, ameniza os aclives com traçados
coleantes, absorve os terrenos mais favoráveis e rejeita os impróprios, participando da
vida de seus habitantes como uma entidade também viva e livre das contenções
determinadas por regras fixas ou tentativas de racionalização divorciadas da
realidade”.

Algumas malhas urbanas e exemplos no Brasil colonial

Malhas labirínticas : São malhas formadas espontaneamente, típico de assentamentos


urbanos, reguladas pela adaptação local. No caso do Arraial do Tejuco em MG,
observa-se nas imagens um levantamento do arraial de desenvolvido na sua malha
irregular. A cidade foi importante no processo de exploração de diamantes após a
descoberta de diamantes na região da comarca de Serro Rio. Por carta régia, a coroa
demarcou o Distrito Diamantino e regulamentou a exploração de diamantes na região.
A malha é consequência da adaptação ao local e do desenvolvimento gradual das
ruas. As ruas são quebradas e inclinada e possuem larguras diversas.As praças
surgem sem forma pré-determinada. Os elementos primários são as igrejas.
Malhas reticulares : são malhas que se cruzam em diferentes ângulos e é predominante em
cidades litorâneas e ribeirinhas. A deformação da malha possui relação com o terreno e a
necessidade de adaptação ao mesmo e com outros fatores como questões defensivas.

No caso da Vila de Cuiabá (MS), importante região de mineração da época, o sítio é o vale um
ribeirão onde se localiza o porto pluvial. Da praça se estrutura a vila e se estabelece uma
articulação com duas estradas. A malha se mostra reticular, resultante do cruzamento das ruas,
onde as ruas paralelas ao curso do rio se mostram como principais. As ruas principais são mais
largas enquanto as ruas secundárias são mais curtas. Na praça se localiza elementos
organizadores e importantes como a igreja, a cadeia e a casa do governador.
Conclusão

O importante estudo das cidades coloniais brasileiras e seus traçados reguladores


mostra as diferentes fases da colonização e períodos importantes que alteraram não
somente a história do território brasileiro mas também alteraram as relações sociais.
Por outro lado, compreender os períodos econômicos e as relações humanas da época
tanto nas regiões litorâneas quanto nas regiões auríferas, por sua vez, mostra como
esses elementos influenciaram a história do urbanismo e da arquitetura.

Referências Bibliográficas

Ana Aparecida Barbosa​. Nomads : Cidade e habitação em minas nos séculos XVIII -
XVI. Disponível em <​http://www.nomads.usp.br/disciplinas/SAP5846/mono_Ana.htm​>

Claudia Damasceno Fonseca. Scielo : Urbs e civitas: A Formação dos espaços e


territórios urbanos nas Minas setecentistas. Disponível em
<​http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v20n1/v20n1a04.pdf​>

João Sêco Carmona. Joaosecocarmona : ​O traçado urbano das cidades coloniais


brasileiras: legados para a formação das cidades no período imperial. Disponível em
<​http://www.joaosecocarmona.com/2015/08/o-tracado-urbano-das-cidades-coloniais.ht
ml​>

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