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I. Introdução.
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/ No caso específico do Brasil, essa exigência de realizar cursos de formação profissional (matrícula em
um curso com um mínimo de 160 horas) já é uma realidade para os que requerem o benefício pela
segunda vez em 10 anos (Decreto nº 7.721, de 16 de abril de 2012) e já existia para o terceiro pedido.
A primeira seria uma rotatividade “boa”, produto de uma continua
realocação da força de trabalho em função de choques tecnológicos,
alteração da distribuição geográfica da demanda de trabalho,
mudanças na matriz de oferta, etc. O processo de desenvolvimento
econômico pode até ser definido como uma constante alteração no
padrão tecnológico, setorial e espacial da produção. No caso do
mercado de o trabalho apresentar alguma limitação à movimentação,
a fronteira de crescimento se reduz. Ou seja, “azeitar” essa
rotatividade via um eficiente sistema de informação, formação ou
contemplando um marco legal adequado deveria seria um objetivo de
política.
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/ A “multa” sobre o saldo do FGTS é, em realidade, de 50%, mas só 40% são creditados para o
assalariado dispensado sem justa causa e o restante 10% é uma “contribuição social” ao Governo
Federal para financiar os expurgos inflacionários dos planos de estabilização. Os 40% são um dispositivo
constitucional (Constituição Federal/88 em seu artigo 7º, inciso I) e o 10% está vigente desde 2001,
existindo,porém, uma controvérsia judicial sobre a mesma.
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/ O Ministério de Trabalho seria capaz de fiscalizar o pagamento do seguro concomitantemente ao
emprego com carteira mediante o sistema CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Dessa forma, está descartado o trabalho formal concomitantemente ao recebimento do seguro.
Nosso diagnóstico diverge dessa interpretação e, nesse sentido, a MP
665 com certeza terá impactos positivos sobre o déficit público e
poderá ostentar um marginal desdobramento sobre o horizonte dos
vínculos, mas ficará como mais um dispositivo ad-hoc quando avaliada
como um instrumento imaginado para outorgar mínima racionalidade
à regulação do mercado de trabalho no Brasil. Nos próximos
parágrafos tentaremos justificar nossa argumentação.
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/ Com o tempo, diversas janelas foram abertas (compra da casa própria, doenças como câncer e aids,
etc.) para a retirada dessa poupança ainda mantendo o vínculo empregatício.
Ou seja, em março de 1986, por ocasião do lançamento do Plano
Cruzado, foi instituído o seguro-desemprego, que se justapôs ao FTGS.
Por que foi instituído um seguro-desemprego no bojo da
regulamentação legal do primeiro plano heterodoxo de estabilização ?
Simplesmente porque se temia que o congelamento geral de preços e
a conversão dos salários pela média provocasse recessão e, diante
dessa perspectiva (que na prática se mostrou falsa), o seguro-
desemprego seria um sinal, dentre outros, à procura de apoio social e
político a essa experiência.
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/ Fonte: CAGED e Seeguro-Desemprego, MTE.
como uma colcha de retalhos com pouca racionalidade. Nos próximos
parágrafos vamos fundamentar esta avaliação.
IV. A Pergunta que Falta: por que as empresas não “fidelizam” seus
assalariados ?
bem-estar. Keynes, na sua Teoria Geral, levantou este suposto, que podemos assumir com uma certa
dose de realismo. Por outra parte, a deterioração dos salários das faixas intermediárias (ou seja, dos
retornos da educação para os que terminaram sua acumulação de capital nessas faixas) pode
comprometer a viabilidade financeira de ter investido em educação.
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/ Em ambos os casos as informações estão restritas aos assalariados com carteira.
Ou seja, a formalização do mercado de trabalho que se operou a
partir de fins dos anos 90 incorpora um contingente de jovens com
escolaridade média, no setor serviços, com salários relativos em
deterioração e poucas perspectivas de ganhos ao longo de sua carreira
profissional.
V. Comentários Finais.
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/ A esse fator poderíamos agregar os custos fixos (custos de contratação e desligamento) que tornam a
rotatividade onerosa para o empregador.
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/ Estamos nos referindo aos Modelos de Salários de Eficiência nos quais os salários pagos são
superiores aos vigentes no mercado concorrencial a fim de reduzir os desembolsos provocados pela
rotatividade, dispêndios oriundos, por exemplo, dos custos fixos.
A verdadeira explosão de despesas com o seguro se deve a uma
combinação de diferentes variáveis: formalização, aumento do salário
mínimo, elevação do emprego em atividades que não oferecem
perspectivas de crescimento profissional, incorporação de um
contingente de jovens com escolaridade média que vêem suas
credenciais educacionais se deteriorarem, etc. Nesse contexto, os
benefícios aos desligados sem justa causa são assumidos, pela
população, simplesmente como um complemento de renda em uma
estratégia de vida profissional onde os ganhos de vínculos mais
duradouros parecem ser inferiores aos proporcionados por um
verdadeiro “rodízio” entre postos de trabalho.