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Universidades Lusíada

Cruz, Inês Pinto da, 1993-


Setúbal : memória e identidade urbana
http://hdl.handle.net/11067/4465

Metadados
Data de Publicação 2018
Resumo A presente investigação pretende estudar a evolução do núcleo urbano
de Setúbal, entre o século XIV e XXI, particularmente a área outrora
delimitada por muralhas. Pretendemos estudar a possível relação entre
a memória, a consolidação urbana e a identidade, articulando o estudo
em três momentos fundamentais: a construção das fortificações, a
implantação da indústria e a cidade do século XX e XXI. Na leitura da
cidade, procuramos ter um olhar crítico sobre o desenvolvimento da
malha urbana e da f...
The following investigation intends to study the evolution of the urban
nucleus of Setúbal, between the forteenth and twenty-first century,
specifically the area that was before delimited by the walls. We intend
to establish the relationship between memory and urban consolidation,
articulating the study of the three fundamental moments for the
constitution of its identity: the construction of fortifications, the industry
implantation and the city of the twentieth century to the present. While r...
Palavras Chave Planeamento urbano - História - Portugal - Setúbal, Fortificações
- Portugal - Setúbal, Frentes marítimas - Portugal - Setúbal,
Industrialização - Portugal - Setúbal
Tipo masterThesis
Revisão de Pares Não
Coleções [ULL-FAA] Dissertações

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http://repositorio.ulusiada.pt
UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA
FACULDADE DE ARQUITECTURA E ARTES
Mestrado Integrado em Arquitectura

Setúbal: memória e identidade urbana

Realizado por:
Inês Pinto da Cruz

Orientado por:
Prof. Doutor Arqt. Bernardo d'Orey Manoel

Constituição do Júri:

Presidente: Prof. Doutor Horácio Manuel Pereira Bonifácio


Orientador: Prof. Doutor Arqt. Bernardo d'Orey Manoel
Arguente: Prof. Doutor Arqt. Rui Manuel Reis Alves

Dissertação aprovada em: 8 de Março de 2019

Lisboa

2018
U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A

Faculdade de Arquitectura e Artes

Mestrado Integrado em Arquitectura

Setúbal: Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz

Lisboa

Dezembro 2018
Inês Pinto da Cruz

Setúbal: Memória e Identidade Urbana

Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitectura e


Artes da Universidade Lusíada de Lisboa para a
obtenção do grau de Mestre em Arquitectura.

Orientador: Prof. Doutor Arqt. Bernardo de Orey Manoel

Lisboa

Dezembro 2018
Ficha Técnica
Autora Inês Pinto da Cruz
Orientador Prof. Doutor Arqt. Bernardo de Orey Manoel
Título Setúbal: Memória e Identidade Urbana
Local Lisboa
Ano 2018

Mediateca da Universidade Lusíada de Lisboa - Catalogação na Publicação

CRUZ, Inês Pinto, 1993

Setúbal : Memória e Identidade Urbana / Inês Pinto da Cruz ; orientado por Bernardo de Orey
Manoel. - Lisboa : [s.n.], 2018. - Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, Faculdade de
Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa.

I - MANOEL, Bernardo de Orey, 1969-

LCSH
1. Planeamento urbano - Portugal - Setúbal - História
2. Fortificações - Portugal - Setúbal
3. Frentes marítimas - Portugal - Setúbal
4. Industrialização - Portugal - Setúbal
5. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Teses
6. Teses - Portugal - Lisboa

1. City planning - Portugal - Setúbal - History


2. Fortification - Portugal - Setúbal
3. Waterfronts - Portugal - Setúbal
4. Industrialization - Portugal - Setúbal
5. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Arquitectura e Artes - Dissertations
6. Dissertations, Academic - Portugal - Lisbon

LCC
1. NA9226.S48 C78 2018
Aos meus pais.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por me incentivarem a seguir o meu sonho. Por me ensinarem a não
desistir, apesar dos desafios e adversidades que a vida coloca no caminho. Pelo vosso
amor no final de cada dia. Aos meus irmãos, Rui e Gonçalo, por todo o vosso apoio e
carinho.

Aos meus avós, por partilharem comigo as memórias da cidade de outros tempos. As
vossas histórias foram essenciais para o desenvolvimento do estudo. Aos meus
padrinhos, Rosário e Fernando, pelo interesse e ajuda na procura de elementos sobre
a nossa cidade. O vosso apoio foi fundamental.

Ao meu maior amigo, Filipe. Por me incentivares a ser melhor. Agradeço por me
direcionares para o tema da cidade onde cresci, a cidade da minha família. Por todo o
apoio incondicional, muito obrigada.

Às amizades criadas no decorrer deste percurso. Pelo espírito de equipa, partilha de


conhecimentos e por todos os momentos de brincadeira.

Ao professor Bernardo d’Orey Manoel, por todas as oportunidades que me


proporcionou, por guiar-me com entusiasmo num tema que é bastante importante para
mim.

Às entidades camarárias, em particular ao Dr. Joaquim Moreira, por disponibilizar


elementos sobre a cidade de Setúbal.

A todos, muito obrigada.


“Um objecto arquitectónico pode ser
reportado a um tempo: um tempo de desejo
e encomenda, um tempo de concepção e
um tempo de materialização. […] A cidade
não resulta de uma sucessão de acções tão
claramente delimitadas desde a sua
fundação. Neste sentido, nunca podemos
datar integralmente uma cidade pois esta
não possui uma única data mas pelo
contrário nela coincidem todos os tempos e
todos são contemporâneos na sua
experimentação.”

COELHO [et al.] (2014) – O tempo e a Forma. Lisboa :


Argumentum. ISBN 978-972-8479-79-4. p. 14.
APRESENTAÇÃO1
Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz

A presente investigação pretende estudar a evolução do núcleo urbano de Setúbal,


entre o século XIV e XXI, particularmente a área outrora delimitada por muralhas.
Pretendemos estudar a possível relação entre a memória, a consolidação urbana e a
identidade, articulando o estudo em três momentos fundamentais: a construção das
fortificações, a implantação da indústria e a cidade do século XX e XXI.

Na leitura da cidade, procuramos ter um olhar crítico sobre o desenvolvimento da malha


urbana e da frente ribeirinha, destacando a sua influência no traçado dos bairros.
Paralelamente estudamos as consequências do rápido crescimento urbano em função
da implementação das indústrias.

Identificamos os fragmentos e elementos arquitectónicos, que subsistem apesar das


transformações urbanas. Lemos a memória, como parte integrante da identidade deste
lugar – Setúbal.

Palavras-chave: Setúbal, Memória, Muralha, Espaço Urbano, Frente Ribeirinha,


Indústria.

1 Este trabalho é escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico.


PRESENTATION
Setúbal : Memory and Urban Idetity

Inês Pinto da Cruz

The following investigation intends to study the evolution of the urban nucleus of Setúbal,
between the forteenth and twenty-first century, specifically the area that was before
delimited by the walls. We intend to establish the relationship between memory and
urban consolidation, articulating the study of the three fundamental moments for the
constitution of its identity: the construction of fortifications, the industry implantation and
the city of the twentieth century to the present.

While reading the city, we try to have a critical look at the development of the urban
network and the riverfront, highlighting its influence in the layout of the neighborhoods.
Simultaneously we study the consequences of the rapid growth caused by the industry.

We identify the fragments and architectural elements that survived the urban
transformations. We read the memoryas an integral part of the identity of this place -
Setúbal.

Keywords: Setúbal, Memory, Wall, Urban space, Riverfront, Industry.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Espaço urbano medieval. [Adaptado a partir de:] Tomé, 2014, p.69)
.......................................................................................................................... 34

Ilustração 2 - Esquema da muralha medieval. (Ilustração Nossa, 2017)........... 34

Ilustração 3 - Evolução do espaço urbano medieval. ([Adaptado a partir de:]


Braga, 1998, p.39) ............................................................................................. 36

Ilustração 4 – Traçado urbano medieval. (Ilustração Nossa, 2017) .................. 37

Ilustração 5 - Fortificação militar abaluartada. [(Adaptado a partir de:] Parreiras,


1820) ................................................................................................................. 39

Ilustração 6 – Viagem de Cosme de Médicis por Espanã y Portugal 1668-1669.


(MAGALOTTI, 1933, p.55) ................................................................................. 42

Ilustração 7 - Evolução esquemática desde o século XII a XVIII (Ilustração Nossa)


.......................................................................................................................... 44

Ilustração 8 - Eixos principais do traçado urbano. ([Adaptado a partir de:)] J. Dinis,


1928) ................................................................................................................. 46

Ilustração 9 – “Ribeira do Livramento, junto à capela da Ordem terceira de


S.Francisco […]” ([Adaptado a partir de:] Lopes et al., 1992, p.25) .................... 49

Ilustração 10 – “Trecho do ribeiro do Livramento, década de 1930.” ([Adaptado a


partir de:] Lopes et al, 2006, p. 60) .................................................................... 49

Ilustração 11 - “Cobertura da Ribeira do Livramento na zona do Bonfim, 1936. De


notar, as ainda visíveis Cruzes que integravam a Via Sacra […]” ([Adaptado a partir
de:] Lopes et al., 1992, p.96) ............................................................................. 49

Ilustração 12 – “Pormenor da cobertura do ribeiro do Livramento junto à Quinta


das Palmeiras, vulgo Quinta dos Padres, 1936.” ([Adaptado a partir de:] Lopes et
al, 2006, p.61) .................................................................................................... 49

Ilustração 13 - Fotografia da Doca Delpeut, DIM.: 11.5x8.5, suporte a preto e


branco. ([Adaptado a partir de:] Museu Virtual do Porto de Setúbal, 2017) ........ 49

Ilustração 14 - “Doca Delpeut que, após as obras de aterro, deu origem à actual
Rua Ocidental do Mercado. Reconhece-se no canto superior esquerdo, um trecho
do baluarte do livramento, 1928.” ([Adaptado a partir de:] Lopes et al., 2006, p.63)
.......................................................................................................................... 49

Ilustração 15 - Planta de Setúbal, 1928. ([Adaptado a partir de:] J. Dinis, 1928)


.......................................................................................................................... 50

Ilustração 16 – “Teatro Luísa Todi (inaugurado em 1897 com a denominação de


teatro Rainha D. Amélia) na Avenida Luísa Todi, 1945.” ([Adaptado a partir de:]
Lopes et al., 2006, p.51) .................................................................................... 53
Ilustração 17 – “Grande Salão Recreio do Povo na Avenida Luísa Todi, com
quadros publicitários dos filmes em exibição, 1953” ([Adaptado a partir de:] Lopes
et al, 2006, p.53) ................................................................................................ 53

Ilustração 18 – Mercado do Livramento, 1920. ([Adaptado a partir de:] Quintas,


1998, p.130) ...................................................................................................... 53

Ilustração 19 - “Vista parcial da cidade de Setúbal, reconhecendo-se o Parque


das Escolas (actual Largo José Afonso) e os panos da segunda linha de muralhas
(séc. XVII), 1941” ([Adaptado a partir de:] Lopes et al., 2006, p.78) ................... 53

Ilustração 20 - Jardim General Luís Domingues e ao fundo o jardim do Quebedo.


([ Adaptado a partir de:] Rita, 2015, p. 45) ......................................................... 53

Ilustração 21 - Jardim General Luís Domingues. ([ Adaptado a partir de:] Rita,


2015, p.45) ........................................................................................................ 53

Ilustração 22 - Localização dos bairros operários e burgueses. ([Adaptado a partir


de:] J. Diniz, 1928) ............................................................................................. 58

Ilustração 23 – “Casas abarracadas no Bairro da Monarquina, 1951” ([Adaptado


a partir de:] LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2012, p.46) .................................... 61

Ilustração 24 – “Bairro do Casal das Figueiras, primeira metade da década de


1950. Uma das habitações existentes nos chamados <<bairros da folha>>.”
([Adaptado a partir de:] Lopes, 2006, p.77) ........................................................ 61

Ilustração 25 – “Rua João Vaz, no Bairro da Conceição, 1950” ([Adaptado a partir


de:] Lopes, 1992, p.90) ...................................................................................... 61

Ilustração 26 – “Colocação de esgoto na Rua D. Pedro Fernandes Sardinha,


1938.” ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2012, p.58) ...... 61

Ilustração 27 – “Obras de repavimentação na Rua Dr. Paula Borba (vista do lado


poente e nascente), 1959.” ([Adaptado a partir de:] Lopes, 2006, p.37) ............. 61

Ilustração 28 – “Distribuição espacial tipo <<casa térrea>> dos novos bairros em


Setúbal, 1910-1920” ([Adaptado a partir de:] Guimarães, 1994, p.574) ............. 62

Ilustração 29 – Planta de uma casa, 1935. ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M.;
PEREIRA, A. M., 2012, p.81) ............................................................................. 62

Ilustração 30 - Evolução esquemática desde o século XIX a XX (Ilustração nossa,


2018) ................................................................................................................. 66

Ilustração 31 - Nova frente Ribeirinha. (Ilustração Nossa, 2018) ...................... 68

Ilustração 32 - Planta do porto de Setúbal, A. Cid Perestrello, 1933. (Museu Virtual


do Porto de Setúbal, 2018) ................................................................................ 71

Ilustração 33 – "Panorâmica do porto de Setúbal, década de 1940” ([Adaptado a


partir de:] LOPES, J. M.; PEREIRA, A. M., 2012, p.95)...................................... 71
Ilustração 34 – Vista parcial das docas. Ao centro, edifício do Clube Naval
Setubalense. ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M.; PEREIRA, A. M., 2012, p.63)
.......................................................................................................................... 71

Ilustração 35 - Fábrica da Secil. ([Adaptado a partir de:] SECIL, 2016) ............ 71

Ilustração 36 - Cronologia dos Planos de Urbanização. (Ilustração Nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 74

Ilustração 37 - Setúbal, 1860. ([Adaptado a partir de:] Tomé, 2014, p.294) ...... 75

Ilustração 38 – Planta Geral de Urbanização da cidade de Setúbal, 1944.


([Adaptado a partir de:] Faria, 1981, p.140) ....................................................... 75

Ilustração 39 - Bairros do processo SAAL em Setúbal. (Ilustração nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 77

Ilustração 40 - Planta do bairro Casal das Figueiras. ([Adaptado a partir de:]


Bandeirinha, 2007, p.359) .................................................................................. 79

Ilustração 41 - O bairro Casal das Figueiras durante a Construção. ([Adaptado a


partir de:] Byrne, 2018) ...................................................................................... 79

Ilustração 42 – Casal das Figueiras (Ilustração Nossa, 2018) .......................... 79

Ilustração 43 – Composição do alçado, Casal das Figueiras. (Ilustração Nossa,


2018) ................................................................................................................. 79

Ilustração 44 – Escadas públicas, Casal das Figueiras. (Ilustração Nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 79

Ilustração 45 – Bairro do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018) ....................... 81

Ilustração 46 – Bairro do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018) ....................... 81

Ilustração 47 – Bairro da Liberdade. (Ilustração Nossa, 2018) ......................... 81

Ilustração 48 – Bairro da Liberdade. (Ilustração Nossa, 2018) ......................... 81

Ilustração 49 – Bairro dos Pinheirinhos. (Ilustração Nossa, 2018) .................... 81

Ilustração 50 – Bairro dos Pinheirinhos. (Ilustração Nossa, 2018) .................... 81

Ilustração 51 - Terroa de Baixo. (Ilustração Nossa, 2018) ............................... 81

Ilustração 52 - Terroa de Baixo. (Ilustração Nossa, 2018) ................................ 81

Ilustração 53 – Bairros do Plano Integrado de Setúbal. (Ilustração Nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 83

Ilustração 54 – Bairro Amarelo, Bela Vista. (Ilustração Nossa, 2018) ............... 83

Ilustração 55 – Escadas, Bairro Amarelo (Ilustração Nossa, 2018) .................. 83


Ilustração 56 – Bairro Azul, Bela Vista. (Ilustração Nossa, 2018) ..................... 83

Ilustração 57 – Bairro Rosa, Bela Vista. (Ilustração Nossa, 2018) .................... 83

Ilustração 58 - Evolução cronológica esquemática, século XIII a XX (Ilustração


nossa, 2018) ...................................................................................................... 85

Ilustração 59 - Evolução urbana, século XIV a XXI. (Ilustração nossa, 2018) ... 89

Ilustração 60 - Constituição Urbana ([Adaptado a partir de:] SETÚBAL, 2018). 91

Ilustração 61 – Troços existentes da muralha medieval. ([Adaptado a partir de:]


GOOGLE INC., 2018) ........................................................................................ 95

Ilustração 62 – Muralha na Rua de Santa Clara. (Ilustração Nossa, 2018) ....... 95

Ilustração 63 – Porta de São Sebastião.(Ilustração Nossa, 2018) .................... 95

Ilustração 64 – Postigo do Cais. (Ilustração Nossa, 2018) ................................ 95

Ilustração 65 – Porta do Sol. (Ilustração Nossa, 2018) ..................................... 95

Ilustração 66 – Postigo das Fontainhas. (Ilustração Nossa, 2018).................... 96

Ilustração 67 – Porta da Ribeira. (Ilustração Nossa, 2018) .............................. 96

Ilustração 68 – Troço da muralha na Av. 22 de Dezembro. (Ilustração Nossa,


2018) ................................................................................................................. 96

Ilustração 69 – Troço da muralha incorporado em fachada de edifício, Praça


Almirante Reis. (Ilustração Nossa, 2018) ........................................................... 96

Ilustração 70 - Troço da muralha incorporado em fachada de edifício, Av. 5 de


Outubro. (Ilustração Nossa, 2018) ..................................................................... 96

Ilustração 71 – Arte urbana em troço da muralha, Av. 5 de Outubro. (Ilustração


Nossa, 2018) ..................................................................................................... 96

Ilustração 72 – Cronologia do Baluarte da Conceição. (Ilustração Nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 97

Ilustração 73 - Troços existentes da fortificação abaluartada. ([Adaptado a partir


de:] GOOGLE INC., 2018) ................................................................................. 99

Ilustração 74 – Baluarte da Nossa Sra. da Conceição. (Ilustração Nossa, 2018)


.......................................................................................................................... 99

Ilustração 75 – Entrada Principal do baluarte da Nossa Sra. da Conceição.


(Ilustração Nossa, 2018) .................................................................................... 99

Ilustração 76 – Ruína do baluarte da Nossa Sra. do Livramento. (Ilustração


Nossa, 2018) ..................................................................................................... 99
Ilustração 77 – Detalha do Baluarte da Nossa Sra do Livramento. (Ilustração
Nossa, 2018) ..................................................................................................... 99

Ilustração 78 - Baluarte de Santo Amaro. (Ilustração Nossa, 2018)................ 100

Ilustração 79 - Baluarte da N. Sra. da Saúde. (Ilustração Nossa, 2018) ......... 100

Ilustração 80 - Hornaveque de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018) ..................... 100

Ilustração 81 – Hornaveque de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018) .................... 100

Ilustração 82 – Baluarte de Santo António. (Ilustração Nossa, 2018) ............. 100

Ilustração 83 - Baluarte de São João. (Ilustração Nossa, 2018) ..................... 100

Ilustração 84 – Baluarte de São Domingos. (Ilustração Nossa, 2018) ............ 100

Ilustração 85 – Ruína do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018) ..................... 100

Ilustração 86 - Edifícios classificados. ([Adaptado a partir de:] GOOGLE INC.,


2018) ............................................................................................................... 103

Ilustração 87 – Casa do Corpo Santo, século XIX. ([Adapatado a partir de:] DGPC,
2016) ............................................................................................................... 103

Ilustração 88 - Casa do Corpo Santo. (Ilustração Nossa, 2018) ..................... 103

Ilustração 89 – Hospital João Palmeiro, 2014. ([Adaptado a partir de:] Google Inc,
2018) ............................................................................................................... 103

Ilustração 90 – Ruína do hospital João Palmeiro. (Ilustração Nossa, 2018) ... 103

Ilustração 91 – Convento de Brancanes (Postal). ([Adaptado a partir de:]


PORTUGAL. Portugal em Postais Antigos, 2018) ............................................ 105

Ilustração 92 – Convento de Brancanes. (Ilustração Nossa, 2018)................. 105

Ilustração 93 – Convento de São João, 1996. ([Adaptado a partir de:] DGPC,


2016) ............................................................................................................... 105

Ilustração 94 – Convento de São João. (Ilustração Nossa, 2018)................... 105

Ilustração 95 - Palácio Feu Guião, 1996. ([Adaptado a partir de:] DGPC, 2016)
........................................................................................................................ 105

Ilustração 96 – Reabilitação do Palácio Feu Guião. (Ilustração Nossa, 2018) 105

Ilustração 97 - “Troço de Aqueduto” ([Adaptado a partir de:] DGPC, 2016) ... 105

Ilustração 98 – Aqueduto dos Arcos. (Ilustração Nossa. 2018) ....................... 105

Ilustração 99 – Convento de Jesus, 1946. ([Adaptado a partir de:] LOPES,


Madureira [et al.], p.26, 2006) .......................................................................... 107
Ilustração 100 – Convento de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018) ...................... 107

Ilustração 101 – Claustro do Convento de Jesus, 1930. ([Adaptado a partir de:]


LOPES, Madureira [et al.], p.87, 1992) ............................................................ 107

Ilustração 102 – Claustro do Convento de Jesus. ([Adaptado a partir de:] RITO,


2015) ............................................................................................................... 107

Ilustração 103 – Igreja de Jesus, 1940. ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira
[et al.], p.23, 1992) ........................................................................................... 107

Ilustração 104 – Igreja de Jesus, 2013. ([Adaptado a partir de:] SIPA, 2016) . 107

Ilustração 105 – Paços do Concelho, depois do incêndio de 1910. ([Adaptado a


partir de:] LOPES, Madureira [et al.] ,p.16, 1992) ............................................ 109

Ilustração 106 – Paços do Concelho. (Ilustração Nossa, 2018) ...................... 109

Ilustração 107 – Antigo banco de Portugal, visto da porta da Ribeira velha.


([Adaptado a partir de:] Roteiro de Setúbal, 2014) ........................................... 109

Ilustração 108 - Galeria Municipal. (Ilustração Nossa, 2018) .......................... 109

Ilustração 109 - Forte de São Filipe, 1949. ([Adaptado a partir de:] DGPC, 2016)
........................................................................................................................ 109

Ilustração 110 – Forte de São Filipe. (Ilustração Nossa, 2018) ....................... 109

Ilustração 111 – Casas adoçadas ao Forte de São Filipe. ([Adaptado a partir de:]
DGPC, 2016) ................................................................................................... 109

Ilustração 112 – Interior do Forte de São Filipe. (Ilustração Nossa, 2018) ...... 109

Ilustração 113 – Edifício Balnear na antiga Rua da Praia. ([Adaptado a partir de:]
PINHO, 2010). ................................................................................................. 110

Ilustração 114 – Avenida Luísa Todi. ([Adaptado a partir de:] Herrmann, 2018)
........................................................................................................................ 110

Ilustração 115 – Aspecto do interior do Teatro Luísa Todi, demolido em 1956.


([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et al.], 2006, p.51,) ...................... 110

Ilustração 116 – Interior do Fórum Municipal Luísa Todi. ([Adaptado a partir de:]
FÓRUM MUNICIPAL LUÍSA TODI, 2018)........................................................ 110

Ilustração 117 - “O elegante café La Violette – Casa das Águas (com a fachada
em azulejos), na Avenida Luísa Todi, entretanto demolido para dar Lugar à actual
Caixa Geral de Depósitos, 1939.” ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et
al.], 2006, p.57,) ............................................................................................... 110

Ilustração 118 - Caixa Geral de Depósitos. (Ilustração Nossa, 2018) ............. 110
Ilustração 119 - Descobertas Arqueológicas. ([Adaptado a partir de:] LOPES,
Madureira [et al.], p.45, 2006 ; SOARES, Joaquina ; SILVA, Carlos Tavares da,
pp. 17 – 18, 2018 ; GOOGLE INC., 2018)........................................................ 115

Ilustração 120 – Edifícios Classificados nos limites da ARU. (ARU, 2015 ;


TRIPADVISOR, 2018 ; SETÚBAL. Câmara Municipal, 2018) .......................... 119

Ilustração 121 – A imagem urbana de Setúbal. (Ilustração Nossa, 2018) ....... 123
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução do património religioso............................................................... 43

Tabela 2 – Indústria Conserveira em Setúbal, 1906……………………………………..55

Tabela 3 – Número de fábricas de Conservas de Peixe, entre 1897-1949…………....56

Tabela 4 – Características das habitações, 1910 - 1930………………………..……….64

Tabela 5 – Indústria em Setúbal...................................................................................70

Tabela 6 – Cronologia da iluminação pública...............................................................84

Tabela 7 – Análise SWOT...........................................................................................121


LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra

ARU – Área de Reabilitação Urbana

C.A – Comissão Administrativa

CMS – Câmara Municipal de Setúbal

DCPC – Direcção Geral do património Cultural

ERTRL - Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa.

IIP – Imóvel de Interesse Público

IM – Interesse Municipal

JAPS – Junta Autónoma do Porto de Setúbal

MAEDS – Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal

MIM – Monumento de Interesse Municipal

MIP – Monumento de Interesse Público

MN – Monumento Nacional

P.G.U.S – Plano Geral de Urbanização de Setúbal

PDCS – Plano Director da Cidade de Setúbal

SAAL – Serviço Ambulatório de Apoio Local

SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico


SUMÁRIO

1. Introdução .......................................................................................................... 31

2. Tempo e Evolução ............................................................................................. 33

2.1. Muralha e Fortificação .................................................................................. 33

2.2. Área Ribeirinha e Indústria ........................................................................... 45

2.3. Fragmentação e Descontinuidade ................................................................ 67

3. Território e Cidade ............................................................................................. 87

3.1. Malha Urbana e Frente Ribeirinha ................................................................ 87

3.2. Memória e Urbanidade ................................................................................. 93

3.3. Conservação e Património.......................................................................... 113

4. Considerações Finais ...................................................................................... 125

Referências .............................................................................................................. 127

Bibliografia ................................................................................................................ 137

Anexos ..................................................................................................................... 139


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

1. INTRODUÇÃO

O traçado urbano de Setúbal, revela a complexidade ideológica de diferentes épocas.


Reconstruir a memória urbana, é uma tarefa fundamental para recuperar os momentos,
o espaço e o edificado perdido com o decorrer dos séculos. A memória, é o instrumento
indispensável para conceber o futuro da cidade.

Este estudo, foca-se no intervalo de tempo entre o século XIV e XXI, apesar de existirem
vestígios antecedentes de ocupação humana no território. A forma urbana, advém da
sobreposição de diferentes malhas, da fragmentação do tecido urbano e da subtração
e adição de elementos arquitetónicos.

Setúbal, possui vários elementos que caracterizam os momentos de expansão. No


entanto, a generalidade da população desconhece a antiga imagem urbana. O futuro da
cidade, depende da consciencialização de que é necessário divulgar, perante a
população, o conjunto de elementos edificados de interesse cultural. O registo da
memória urbana colectiva, é elementar para que a identidade do lugar perdure no
tempo.

O crescimento exponencial do espaço urbano, colocou de parte a salvaguarda do


património cultural, consequentemente alguns elementos arquitectónicos encontram-se
num estado muito degradado. O estudo, incide na procura da identidade urbana, no
sentido da responsabilidade colectiva, para evitar a perda da essência da cidade que
nos transporta para a essência do espaço urbano.

Devemos reflectir, sobre o modo de intervir no núcleo urbano, para se evitarem erros do
passado. A leitura crítica da cidade, levanta-nos questões sobre a sua imagem. Como
é que surgiu a forma da cidade? De que modo se deu a expansão urbana? Quais foram
os elementos arquitectónicos sacrificados? Como está estruturada morfologicamente a
cidade?

Pretendemos abordar estes assuntos no decorrer do estudo, dado que a reflecção sobre
o traçado urbano do passado permite regenerar a cidade e projectar o futuro.

Inês Pinto da Cruz 31


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

2. TEMPO E EVOLUÇÃO

2.1. MURALHA E FORTIFICAÇÃO

O desenho urbano é mais susceptível de permanecer através do tempo, enquanto que


o edificado tem um caracter mais efémero, sendo perdido ou substituído. Parte da
importância que atribuímos ao espaço urbano, é a capacidade de transportar consigo a
memória, o diálogo entre o passado e o presente.

De um modo geral, a muralha é um elemento que limita um determinado lugar, com o


intuito de o proteger. O principal interesse deste tipo de construção, consiste na forte
ligação que impõe no desenvolvimento de cada território, dando-lhe forma e construindo
um imaginário urbano, esta ideia é inteligível nas palavras de Carlos Dias Coelho2:

“A forma da cidade no momento presente é a herança física colectiva de todas as acções


individuais que a conformaram no passado. A extensão no tempo da conformação dos
elementos urbanos que constituem a cidade contribui também para a dificuldade da sua
datação estrita, como uma rua que é concebida e traçada num momento e apenas várias
décadas depois são edificados os seus limites […]” (Coelho, 2014, p.34)

Na área de Setúbal, a muralha medieval impôs uma organização urbana num tecido em
constante evolução. Tratava-se de uma estrutura defensiva estrategicamente
construída no século XIV, que delimitava o espaço urbano, tirando partido da topografia
do território e estabelecendo uma proximidade ao rio Sado. A relação do traçado com a
topografia é evidente, o declive do terreno envolvente proporcionava uma defesa natural
que complementava a defesa da muralha, servia de protecção contra a pirataria e as
inundações do rio face ao tecido urbano.

A fronteira criada pela muralha medieval veio condicionar o acesso ao espaço urbano,
contudo foi fundamental para a organização da vila. É importante referir que “Esta
construção, para além de símbolo de independência, de liberdade, de riqueza e de uma
estrutura social bastante diversificada, tinha uma importância enorme para a defesa do
aglomerado urbano” (Quintas, 1998, p.61)

2 Carlos Dias Coelho, Arquitecto. Doutorando em Urbanismo pela faculdade de Arquitectura da


Universidade Técnica de Lisboa; Docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa;
Coordenador do grupo de investigação Forma Urbis lab.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 1 - Espaço urbano medieval. [Adaptado a partir de:] Tomé, 2014, p.69)

Na planta (Ilustração 1), podemos constactar que a muralha tem uma forma irregular,
aproximada à de um rectângulo, implantada no sentido nascente-poente, paralela ao
rio. Construída com a pedra local, a brecha da arrábida, argamassas bastardas e as
fachadas rebocadas. A espessura da estrutura variava consoante a altura, a base media
cerca de 2.50m a 2.60m e quando atingia 1.72m de espessura já tinha uma altura de
4.55m, como podemos verificar em alguns edifícios existentes que incorporam parte da
muralha.3 (Tomé, 2014, p.54)

Ilustração 2 - Esquema da muralha medieval. (Ilustração Nossa, 2017)

3 Segundo estudos concluiu-se: “Ocupando o perímetro amuralhado uma área de cerca de 12 hectares,
tem-se hoje possibilidade, graças a um curioso e inesperado documento de 1493, de conhecer as
dimensões mais ou menos precisas da cerca.” (Braga, 1998, p.37)

Inês Pinto da Cruz 34


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A ocupação urbana dentro do perímetro da muralha era inferior à restante área não
edificada. Conforme a vila se foi desenvolvendo os espaços vazios foram
desaparecendo, dando lugar a novas construções. O espaço urbano era constituído por
núcleos habitacionais, separados conforme a sua etnia. Estes funcionavam sob dois
polos, a igreja de Santa Maria e a igreja de S. Julião4.

A rua Direita, representada na planta a vermelho, era o eixo estruturante do espaço


urbano, permitia a comunicação entre as duas igrejas, fazendo também a ligação a duas
entradas da muralha, a Porta da Ribeira que estabelecia a ligação ao rio Sado e a Porta
da Vida junto à igreja de Santa Maria. A terceira entrada, Porta d’Erva, fazia a ligação
ao espaço rural.

A partir da irregularidade do traçado urbano é possível reconhecer a hierarquia das ruas.


A malha urbana era gerada sob forte influência longitudinal da Rua Direita que
atravessava o tecido urbano. Considerada a rua principal, ligava os dois edifícios com
maior poder sob a população e concentrava as unidades de necessidade colectiva.5

Os espaços de utilização pública6 têm características distintas na sua função e forma.


No traçado urbano, a dimensão da rua relacionava-se com a escala do homem, apesar
de condicionar a sua utilização pela proximidade entre edifícios. A praça, no entanto,
destaca a sua importância no núcleo medieval por proporcionar diferentes tipos de
vivências para um maior número de indivíduos, tinha uma função política, judicial, fiscal
e comercial. A Praça da Ribeira, o centro urbano medieval, localizava-se no limite sul,
adjacente à muralha, com uma ligação direta à rua principal. Comunicava com o rio
através da Porta da Ribeira, o que era fundamental para garantir as actividades
mercantis.

A actividade económica da cidade sempre esteve ligada ao sal e à pesca, conforme foi
crescendo o mesmo se verifica no núcleo urbano. Nos séculos XV e XVI com a
ocupação total do interior da muralha, a vila começou a expandir-se para o exterior.

4Juntamente com a igreja de Santa Maria, foram as duas únicas freguesias até ao século XVI. Datadas da
segunda metade do século XIII. Danificadas por vários terremotos que originaram a sua reconstrução.
Foram fortemente modificadas durante os séculos XVI e XVIII.
5 Refiro-me ao centro urbano e às unidades de comércio.
6Na estrutura urbana medieval os espaços que actualmente consideramos públicos, ruas, adros de igrejas,
praças, largos e rios, por direito da reconquista pertenciam ao rei.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 3 - Evolução do espaço urbano medieval. ([Adaptado a partir de:] Braga, 1998, p.39)

Como se pode verificar na Ilustração 3, o bairro do Troino7 e Palhais8 expandiram-se no


exterior da muralha, paralelamente ao rio Sado, por não existir mais área no interior
onde fosse possível construir. A população mais abastada vivia na área interior,
enquanto que a população mais pobre vivia na periferia. Maria Quintas9 explica que, o
limite físico dividia a população pelas várias classes, no entanto começou a desaparecer
com o crescimento urbano:

“O feitio da cidade deriva das suas condições físicas, que definem a localização dos
principais centros de desenvolvimento e de habitação. Tendo em conta as características
do aglomerado populacional e do seu porto, é fácil entender a formação de pequenos
núcleos, primitivamente separados, mas que se uniram com o desenrolar dos tempos.”
(Quintas, 1998, p.61)

7O bairro do Troino foi-se consolidando no exterior do núcleo medieval, junto à primitiva igreja da N. Sra.
da Anunciada.
8O bairro de Palhais formou-se junto à Erminda de São Sebastião, que provavelmente surgiu nesta zona
devido ao elevado número de fieis que existia neste arrabalde.
9Maria Quintas. Licenciada em História, Mestre em História Cultural e Política, e Doutora em História
Moderna e Contêmporânea. Desenvolveu e publicou vários trabalhos de investigação sobre Setúbal.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A primeira transformação urbana marcante no espaço medieval, ordenada por D.João


II10, consistiu na construção de um novo centro urbano, a Praça do Sapal11. Sendo um
grande vazio no meio urbano, como se pode verificar na Ilustração 4, reunia condições
para acompanhar o crescimento da malha urbana. Assegurava o acesso à infraestrutura
principal, o chafariz do Sapal e a edifícios de carácter público, beneficiando a igreja de
São Julião. José Miguel Silva12, elucida-nos sobre a questão:

“(…) a praça é entendida como o mais importante elemento morfológico do espaço


público, distinguindo-se de outros espaços, pelas vivências geradas na sua destacada
importância urbana. A sua formação é o resultado de uma sucessão de acções
intencionais, do investimento preciso de várias culturas no tempo, modificando o
desenho, o uso e o carácter identitário do espaço á sua medida. Esta intencionalidade
reflecte a posição de relevo que a praça ocupa na organização da cidade, na
cumplicidade entre o desenho do espaço e dos seus edifícios, integrando-os no seu
contexto físico e cultural.” (Coelho, 2015, p.85)

Ilustração 4 – Traçado urbano medieval. (Ilustração Nossa, 2017)

O núcleo urbano consolidado respondia a três funções elementares, a defesa, através


da muralha, o edificado urbano e rural, e o apoio espiritual à população. Os edifícios
religiosos surgiam numa posição lateral à malha urbana. Analisando a Igreja de Santa
Maria, é a única em que parece não existir a intenção de coordenar o sentido da malha
com o templo (Ilustração 4), enquanto que nos restantes casos parece existir essa
coordenação. É possível identificar uma ordem a partir do traçado da igreja de Santa

10D. João II (Lisboa 1455 – Alvor 1495). Grande defensor da exploração. A totalidade das descobertas
portuguesas durante o seu reinado permanecem desconhecidas, pois os arquivos do período foram
destruídos no Terramoto de 1755.
11 Actualmente este centro urbano designa-se Praça do Bocage.
12José Miguel Silva, Arquitecto. Mestre em reabilitação da arquitectura e núcleos urbanos pela Faculdade
de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Doutorando em Urbanismo com o tema de dissertação
“Forma urbana, evolução vs. Conservação. Relação entre o edificado monumental e o tecido urbano.”

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Maria, as ruas surgem numa malha ortogonal, onde existe a predominância de uma
direcção em relação ao restante bairro medieval.

A transferência do centro urbano e o crescimento da vila para o exterior da muralha,


provocou alterações na acessibilidade, visto que a ligação principal era feita através da
Rua Direita. Foi necessário abrir cerca de vinte novas portas e postigos, que
permitissem o acesso ao exterior em vários pontos da muralha. No entanto, apenas a
Porta do Sol, se encontra actualmente intacta. A relação entre as ruas e a muralha
estabelecia-se através das portas. Estas eram “abertas” nos locais que permitiam uma
melhor acessibilidade aos núcleos exteriores, ao porto ou por onde se venciam mais
facilmente as características do terreno.

É difícil saber com exactidão como é que a população se abastecia com água. Calcula-
se que era através de poços e nascentes que circundavam a muralha. No entanto, sabe-
se que por volta de 1487 passou a ser conduzida pelo aqueduto13 dos Arcos,
representado na Ilustração 3 a traço interrompido vermelho. Conduzia a água desde
Alferrara até ao Chafariz do Sapal, permitindo o abastecimento local.

Existia uma diversidade de religiões, culturas e grupos sociais, que apesar de separados
por núcleos habitacionais, nem sempre coexistiam harmoniosamente. Contudo, foi um
factor importante na diversidade cultural e na dinâmica social. Existem vestígios dessa
ocupação representados na Ilustração 3. Representado a azul, a mouraria14, localizava-
se afastada das vias de circulação, e a judiaria15, representada a amarelo, em áreas de
maior facilidade de circulação que favorecessem a actividade comercial.

“Para além destes, detectam-se ainda, como núcleos habitacionais dentro do perímetro
amuralhado, a judiaria e a mouraria. A primeira era delimitada a sul pelo largo do Santo
Espírito e um documento de 1488 explica que os Judeus, ao saírem da judiaria, deveriam
utilizar a Rua do Espirito Santo, que desembocava no citado largo.
Quanto à mouraria, situava-se na parte sudoeste da muralha, denunciando o postigo da
moura encantada e beco da moura encantada a presença islâmica na Setúbal medieval.”
(Braga, 1998, p.47 e 48)

13 Construido no reinado de D. João II. Actualmente conservam-se dois troços principais, num percurso que
inicialmente se estendia por vários quilómetros. Foi a primeira obra que permitiu o abastecimento de água
em rede.
14 Bairro confinado aos Mouros.
15 Bairro onde habitavam Judeus

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 5 - Fortificação militar abaluartada. [(Adaptado a partir de:] Parreiras, 1820)

A restauração da independência originou um reforço no sistema defensivo de Setúbal.


O novo limite integrava uma vasta área urbana, o núcleo urbano medieval e os bairros
periféricos já existentes, a nascente, as Fontainhas e Palhais, a poente, o Troino. Com
a construção da fortificação, a muralha medieval começou progressivamente a perder a
sua função inicial.

A fortificação abaluartada16 foi construída entre 1642 e 1696, sob supervisão dos
engenheiros militares Jean Gilot17 e Ciersman18, pois era necessário adaptar as
estruturas medievais à exigência de artilharia da época. O novo elemento de defesa,
baluarte, caracterizava-se por ter uma forma pentagonal mais avançada em relação ao
restante “corpo” da muralha, permitindo que nestes ângulos houvesse um maior campo
de visão da envolvente e de ataque. De acordo com o departamento dos bens culturais:

16 Sistema defensivo Italiano com influência Espanhola, Francesa e Alemã.


17 Jean Gillot (Países Baixos, século XVII), engenheiro militar e assistente de Joannes Cieremans.
18Joannes Cieremans ('s-Hertogenbosch 1602 – Olivença 1648), também referido como Cosmander era
um matemático, engenheiro militar e arquitecto neerlandês.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

“O baluarte não constitui apenas a linha de contorno da muralha, mas também todo o
seu interior. Pela cartografia apresentada, constata-se que, à excepção do Baluarte de
Santo António, que provavelmente incorporou alguma construção já existente, nenhum
dos outros baluartes possuía construção, estando desobstruídos para eventuais
manobras militares.” (Direcção Geral do Património Cultural, 2016, p.17)

Na periferia da fortificação foram edificados dois fortes e um hornaveque, visto que era
necessário reforçar a defesa da vila. O forte de São Filipe, desenhado em 1583 pelo
Capitão Fratino19, caracteriza-se pela planta de forma irregular, “estrela de seis pontas,
com seis baluartes, e em acentuado declive sobre o mar, sendo protegida pelo lado
Norte por uma segunda linha amuralhada.” (Direcção Geral do Património Cultural,
2018)

O forte Velho20, projectado pelo arquitecto militar Luís Serrão Pimentel21, localiza-se a
noroeste no núcleo urbano. A planta tem uma forma pentagonal, com baluartes nos
vértices e estava cercada por um fosso. “A sua localização topográfica elevada,
sobranceira ao espaço urbano, permite entender a sua localização estratégica no
sistema defensivo de Setúbal.” (Direcção Geral do Património Cultural,2016, p.21)

Segundo a DGPC22, o hornaveque23 do Convento de Jesus defendia o referido convento


e a entrada da ribeira do livramento.

“O Hornaveque de Jesus, estrutura contemporânea da construção da muralha


seiscentista, além de proteção do convento de freiras franciscanas, na altura
consideravelmente afastado do núcleo urbano, serviu de reforço defensivo da cintura de
muralhas na zona da ribeira do Livramento, que podia facilitar a entrada do inimigo para
o interior da fortificação através da linha de água que obrigou a abrir vão na cortina
situada entre o Baluarte da Anunciação e o Baluarte de Jesus. Assim, a partir desta
estrutura periférica, sem muro para o lado do recinto magistral, seria possível repelir
antecipadamente eventuais investidas hostis. (Direcção Geral do Património Cultural,
2016, p.18)

19Giovan Giacomo Palearo Fratino (1520 - 1586), engenheiro militar. “Ao longo de sua carreira trabalhou
em inúmeras fortificações em todo o território espanhol, que à época incluía Portugal, partes da atual Itália
e presídios no norte de África” (Fortalezas, 2014)
20 Também conhecido por Forte de São Luís Gonzaga.
21 Luís Serrão Pimentel (1613 – 1679), militar Português. Participou nas construções de diversas
fortificações em Portugal. Autor do livro: Methodo Lusitanico de Desenhar as fortificaçoens das Praças
Regulares e Irregulares.
22 DGPC, Direcção Geral do Património Cultural.
23 Hornaveque, “obra avançada em fortificação” (Porto Editora, 2018)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Lendo criticamente a Ilustração 5 é possível concluir que houve uma alteração da frente
ribeirinha. O processo de adição do espaço urbano começa com a criação de um aterro,
representado a amarelo, que permitiu o avanço dos baluartes sobre o rio Sado. Devido
ao terramoto de 1755, parte das muralhas que se encontravam sobre esta zona ficaram
destruídas e não voltaram a ser edificadas, o aqueduto e grande parte dos edifícios
religiosos e de habitação ficaram danificados.

Como consta no artigo de Maria Tomé: “A continuação da consolidação da, então vila,
foi interrompida pelo terramoto de 1755 que a deixou muito devastada e danificada, nas
suas igrejas, palácios e habitações. (…) A expressão arquitectónica dos seus
arruamentos é, na generalidade, a que resulta das consequências destas catástrofes,
no entanto muito do seu património religioso, militar e político-administrativo persistiu a
estas vicissitudes da história e ainda permanecem.” (Tomé, 2013, p.6)

A nova linha de muralhas criou um limite que consolidou a malha urbana existente,
alterando a relação de proximidade entre o espaço urbano e a envolvente rural.
Surgiram novos bairros periféricos, assim como novas comunicações24 urbanas que
alteraram a lógica do espaço urbano medieval.

A praça do Sapal continuou a desempenhar as suas funções, comunicando com o bairro


do Troino através da rua Direita (representada a traço interrompido vermelho na
Ilustração 5), que se estendeu para fora da muralha. As pontes que foram construídas
sobre a ribeira do Livramento, direccionavam as principais vias urbanas, visto que a
ribeira era perpendicular ao rio e funcionava como um eixo que separava o núcleo
medieval e o bairro do Troino.

Na planta esquemática (Ilustração 5), podemos constactar que o bairro do Troino segue
uma métrica ortogonal. Os quarteirões têm uma forma rectangular, alongada e estreita,
derivada das dimensões dos edifícios que os constituem, orientados no mesmo sentido,
com o alçado principal menor que o comprimento do edifício. O bairro de Palhais
contrariamente ao do Troino, não se encontrava consolidado, as construções emergiam
consoante as necessidades.

24Refiro-me às novas pontes e ruas que surgiram, algumas na continuidade das que já existiam no núcleo
urbano medieval.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O aumento da produção e comércio de sal, naturalmente resultou na expansão urbana,


no aumento demográfico e na construção de obras marcantes para a vila, como
equipamentos e edifícios religiosos. Devido à escassez de água foi essencial construir
novas fontes e poços que satisfizessem as necessidades da população, como as Águas
do Sado esclarece:

“Em 1692 é concluída a construção da Fonte de S. Caetano, abastecida pela nascente


do Outeiro da Saúde. Local onde através de outra nascente era também abastecida,
desde o séc. XVI a Fonte Nova. Mais para Ocidente, a Fonte de Santa Isabel, abastecia
o convento de S. Francisco e a população que vivia na zona do Tróino Ocidental. Para
Oriente do centro da vila de Setúbal, o arrabalde das Fontainhas ficou a dever o seu
nome às numerosas nascentes de água ou fontes, próximas do rio, tendo algumas delas
dado origem aos poços públicos ainda aí existentes.”

A Ilustração 6 ajuda-nos a imaginar a atmosfera da vila, que se expandiu paralelamente


ao rio, retirando partido da topografia. Os novos ideais de funcionalidade sobrepunham-
se ao racionalismo da fortificação medieval, a verticalidade foi substituída pela
horizontalidade da nova filosofia defensiva. A preocupação que anteriormente existia
em construir em altura de modo a defender o núcleo medieval, foi substituída por uma
construção favorável para contra-atacar.

Ilustração 6 – Viagem de Cosme de Médicis por Espanã y Portugal 1668-1669. (MAGALOTTI, 1933, p.55)

Na Ilustração 6 é possível identificar os edifícios de caracter religioso, pois destacam-


se da paisagem urbana pela sua verticalidade em relação aos outros edifícios.
Contribuem para a identidade da vila, permitindo-nos reconhecer um determinado lugar
pelas suas características singulares. Em seguida apresentamos uma tabela com uma
breve descrição da evolução do património religioso.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Tabela 1 – Evolução do património religioso.

Data de Construção Designação Local

1248 Igreja de Santa Maria Muralha medieval

XIII 1260 Igreja de São Julião Muralha medieval

1372 Igreja N. Sra. Anunciada Exterior muralha medieval

1410 Convento de S. Francisco Fortificação abaluartada

1490 Erminda de S. Sebastião Fortificação abaluartada


XV
- Capela dos Terceiros Ext. Fortificação abaluartada

1490 Mosteiro de Jesus Ext. Fortificação abaluartada

1505 Igreja N. Sra. da Mesiricórdia Muralha Medieval

XVI 1562 Convento de S. Domingos Fortificação Abaluartada

1598 Igreja N. Sra do Socorro Ext. Fortificação abaluartada

1603 Convento N. Sra. Carmo Fortificação abaluartada

- Igreja de S. António Muralha Medieval

1620 Igreja N. Sra da Saúde Fortificação abaluartada


XVII
1630 Igreja N. Sra. do Livramento Muralha Medieval

1680 Carmelitas Descalços Fortificação abaluartada

1700 Convento da Boa Hora Fortificação abaluartada

Fonte: ([Adaptado a partir de:] Tomé, 2014, pp. 39-40)

A muralha medieval e a fortificação abaluartada foram os elementos geradores do


traçado urbano. A perda de funções da primeira muralha, originou que fosse alvo de
intervenções, numa tentativa de a integrarem na morfologia urbana. A destruição
causada pelos terramotos25, levou à reorganização do espaço urbano, adaptando-o às
novas necessidades. Seguidamente apresentamos um esquema da evolução urbana
entre o século XIII e XVIII.

25Segundo estudos: “Setúbal, dotada de elevada sismicidade, foi sujeita a três intensos abalos sísmicos,
em 1531, 1755 e 1858, responsáveis pela destruição de extensas áreas urbanas.” (Soares, 2000, p.106)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 7 - Evolução esquemática desde o século XII a XVIII (Ilustração Nossa)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

2.2. ÁREA RIBEIRINHA E INDÚSTRIA

O crescimento urbano em Setúbal durante os séculos XIX e XX, apoiou-se na


exploração dos recursos marítimos e no desenvolvimento industrial. A cidade26 sofreu
transformações de modo a acompanhar o aumento demográfico, adaptando-se aos
novos padrões sociais e tecnológicos. “Assistiu-se à adaptação da cidade com a
implementação de equipamentos, de infra-estruturas, surgiram os passeios públicos, a
criação de novos espaços públicos e na organização e regulamentação do edificado.”
(Tomé, 2016, p.136). Estes novos conceitos alteraram o modo de viver a cidade, sendo
necessário redesenhar o traçado urbano. A muralha medieval foi encarada como um
obstáculo. Sofreu uma fragmentação que resultou na sua descaracterização enquanto
objecto e memória.

É possível dividir a evolução urbana durante o século XIX e XX em três importantes


momentos. No primeiro, a construção da Avenida Luísa Todi, a principal artéria da
cidade que servirá de plataforma de acesso a importantes infra-estruturas. Numa
segunda fase, o desenvolvimento industrial e a construção da doca e da linha férrea,
que vão impulsionar a expansão dos limites urbanos. No último período desta evolução
dá-se a construção dos novos bairros operários e bairros burgueses.

O aterro sobre o rio Sado marcou o início das transformações urbanas. O extenso areal
que caracterizou a frente ribeirinha, foi substituído em 1848 pelo início da construção da
actual artéria principal da cidade, a avenida Luísa Todi27. Os seus limites situavam-se
entre o Baluarte da Nossa Senhora da Conceição e o Baluarte de São Brás. Como
podemos constatar na Ilustração 8, a avenida funciona como um eixo que articula duas
realidades temporais distintas, a norte o núcleo urbano histórico, a sul a nova frente
ribeirinha. Como Carlos Dias Coelho esclarece:

“A avenida dispõe-se como espaço ordenador de elementos preexistente, como antigos


baluartes voltados ao rio, e remate da doca Delpeut, primeira infraestrutura portuária
construída na foz da ribeira do livramento. É, aliás, esta ribeira que, recebendo as águas
do amplo vale a Norte da cidade, servirá como principal efluente de resíduos urbanos.”
(Coelho, 2014, p.99)

26 Elevação de vila a cidade em 1860.


27De acordo com Inês Gato, “A avenida só viria a adquirir o nome da cantora lírica em 28 de Agosto de
1865.”(2010, p.14)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 8 Eixos principais do traçado urbano. ([Adaptado a partir de:)] J. Dinis, 1928)

O crescimento da cidade é marcado pelo transpor do limite das muralhas. Destruíram-


se vários troços, e criaram-se eixos urbanos que gradualmente afastaram a cidade do
antigo tecido urbano. “Assistimos a uma reinvenção da cidade mediante a destruição
irreversível dos seus testemunhos históricos e a uma nova adaptação e uso do espaço
urbano (…)”. (Tomé, 2015, p.17)

A praça do Bocage28, representado a vermelho na Ilustração 8, tornou-se num centro


de comunicação urbana. Como se pode constactar no sub-capítulo anterior, a praça
comunicava com a periferia através de uma única rua, agora passa a ser permeável e
une as duas principais avenidas da cidade, a avenida Luísa Todi (a sul) e a avenida 5
de Outubro (a Norte). A antiga rua Direita, continua a fazer a ligação entre a praça e o
exterior. Esta intervenção urbanística insere a praça num eixo estratégico de
comunicação. Carlos Dias Coelho, esclarece o conceito entre rua principal e praça:

“A conjugação entre a rua principal e a praça constitui uma lógica de organização que
pode ser entendida morfologicamente como a expressão mais elementar do traçado da
génese linear. A sua conceptualização baseia-se na existência de um eixo de

28 Anteriormente denominada de praça do Sapal.

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

composição, ou seja, um sistema linear que está na origem do traçado e que


simultaneamente é estruturante do conjunto, que tanto assume a hierarquização do
espaço urbano como relaciona um conjunto de elementos que não são independentes
entre si – ruas, praças, parcelas e casas.” (Coelho, 2014, p.75)

A rua da praia29, actual avenida Luísa Todi, limitava a cidade a sul. Um extenso areal
que salientava o perfil natural da cidade. “Até meados do século XIX, a cidade de
Setúbal apresentava uma estrutura urbana muito influenciada pela linha da costa e pela
sua relação com o mar, apresentando-se as ruas de maior significado orientadas no
sentido leste-oeste e as ruas transversais curtas e de menor importância”. (Faria, 1981,
p.103)

Lendo criticamente a Ilustração 8, é possível distinguir a área de expansão, do tecido


existente. Enquanto que no traçado urbano medieval a dimensão das ruas e dos
quarteirões é menor, visto que a escala dos edifícios estabelece uma relação directa
com a estrutura urbana, os novos quarteirões seguem uma malha ortogonal que se
relaciona com a ampla escala do espaço público.

Como não existia um plano de ordenamento, a cidade foi se expandindo consoante a


necessidade dos habitantes. É possível identificar as áreas de expansão, pois todas têm
um traçado distinto. Não existe uma composição urbana, uma ordem. Existe uma adição
elementos (núcleos urbanos) que se articulam entre si. A construção da avenida Luísa
Todi e da rua da Conceição, actual avenida 5 de Outubro, são uma excepção. O seu
traçado regularizou os novos elementos urbanos com as pré-existencias.

A avenida Luísa Todi, caracteriza-se pelo seu traçado racional, organização espacial,
escala e pela proximidade ao rio. Um espaço público que se constitui como referência
para os principais equipamentos da cidade. Ao longo da sua extensão surgiram diversos
equipamentos de carácter lúdico, cultural e de serviços que salientaram a importância
deste espaço urbano na dinâmica da cidade. Contudo a construção da avenida, quebrou
o contacto directo que existia entre o edificado e o rio Sado. A rua da Conceição, faz a
ligação entre o centro urbano e a estação de caminho de ferro. Um eixo que separa o
núcleo urbano histórico, das novas construções a norte.

29Segundo Inês Gato: “Do ponto de vista funcional, a Rua da Praia era, na generalidade, o território onde
se desenvolviam as actividades ligadas ao rio, e que aos poucos foi dando lugar às actividades ligadas ao
entretenimento da burguesia da época.” (2014, p.14)

Inês Pinto da Cruz 47


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O novo traçado urbano adicionou elementos racionais ao tecido orgânico existente. “Os
processos de adição caracterizam os períodos de expansão e desenvolvimento da
cidade, quando o núcleo existente já não consegue responder em termos espaciais às
funções urbanas.” (Coelho, 2014, p.24)

O crescimento do espaço urbano era condicionado por existências naturais, como a


ribeira do livramento. A necessidade de ocupação destes terrenos e as queixas da
população relativamente ao estado em que se encontrava a ribeira, fizeram com que
esta fosse encanada30, como se pode constactar na Ilustração 11 e 12.
“Simultaneamente, multiplicaram-se as reclamações […] contra a ribeira do Livramento,
um esgoto a céu aberto que cortava a cidade em duas.” (Guimarães, 1994, p.529)

A revolução industrial serviu como catalisador para a expansão urbana, através da


construção do novo porto e da linha férrea, resultando no aumento demográfico. As
condições do Porto de Setúbal, sempre permitiram que este fosse um importante
entreposto mercantil. Com o desenvolvimento do aglomerado urbano foi essencial
construir uma doca que satisfizesse novas necessidades.

Actualmente a maioria da população, não conhece os dois primeiros projectos para o


porto de setúbal, de acordo com a APSS31, “O primeiro projeto de obras no porto de
Setúbal data de 1793. Tratava-se de uma doca ou caldeira, projetada pelo coronel
Chermont, destinada a dar abrigo a pequenas embarcações, localizada entre os
baluartes do Livramento e da Conceição.”.

A primeira doca a ser construída foi a Doca Delpeut, situada junto à foz da Ribeira do
livramento. Durante um longo período, foi o único local que o porto tinha para abrigar as
pequenas embarcações. Como podemos constactar nas fotografias, Ilustração 13 e 14,
a reduzida dimensão da doca não permitia que atracassem grandes embarcações.
Segundo Carlos Dias Coelho:

“A estrutura do aterro decorre de uma relação directa com a geometria e batimetria dos
fundos da baía do rio Sado. A muralha que delimita a superfície aterrada acompanha o
limiar de transição para o canal mais fundo do rio, garantindo assim a viabilidade técnica
do aterro mas também a possibilidade de navegação e acostagem de navios com maior
calado.” (2014, p.99)

30 Actualmente a ribeiro do Livramento está integrada na rede viária.


31 APSS, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra.

Inês Pinto da Cruz 48


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 9 – “Ribeira do Livramento, junto à capela da Ordem Ilustração 10 – “Trecho do ribeiro do Livramento, década de 1930.”
terceira de S.Francisco […]” ([Adaptado a partir de:] Lopes et al., ([Adaptado a partir de:] Lopes et al, 2006, p. 60)
1992, p.25)

Ilustração 11 - “Cobertura da Ribeira do Livramento na zona do Ilustração 12 – “Pormenor da cobertura do ribeiro do Livramento
Bonfim, 1936. De notar, as ainda visíveis Cruzes que junto à Quinta das Palmeiras, vulgo Quinta dos Padres, 1936.”
integravam a Via Sacra […]” ([Adaptado a partir de:] Lopes et ([Adaptado a partir de:] Lopes et al, 2006, p.61)
al., 1992, p.96)

Ilustração 13 - Fotografia da Doca Delpeut, DIM.: 11.5x8.5, Ilustração 14 - “Doca Delpeut que, após as obras de aterro, deu
suporte a preto e branco. ([Adaptado a partir de:] Museu Virtual origem à actual Rua Ocidental do Mercado. Reconhece-se no canto
do Porto de Setúbal, 2017) superior esquerdo, um trecho do baluarte do livramento, 1928.”
([Adaptado a partir de:] Lopes et al., 2006, p.63)

Inês Pinto da Cruz 49


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Infra-estruturas

Ilustração 15 - Planta de Setúbal, 1928. ([Adaptado a partir de:] J. Dinis, 1928)

A sul, a cidade projecta-se da avenida Luísa Todi em direcção ao rio, a norte, a


expansão é motivada pela linha ferroviária, construída em 1861. O limite férreo não se
impôs no território. Ao surgir na periferia, teve um impacto reduzido na organização do
espaço urbano, criando no entanto, novas centralidades.

A linha férrea sugere uma aproximação ao rio como meio para o transporte de
mercadorias. Devido à sua localização, surgiram problemas de deslocação entre o

Inês Pinto da Cruz 50


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

porto e o comboio, especialmente para o transporte de peixe que tinha de ser carregado
em carroças, como consta no artigo de J. Fernando de Sousa da Gazeta dos caminhos
de ferro32:

“Ali a collocou a chamada companhia brazileira para fugir á difficuldade de atravessar a


cidade. Desde Longa data se reconheceu a conveniencia de prolongar o ramal até á
margem do Sado, para evitar, a diversas mercadorias e especialmente ao peixe
transporte em carros e uma baldeação dispensável.” (1903, p.346)

O impacto da industrialização e o aumento da população derivado do êxodo rural, causa


transformações na estrutura urbana. A falta de ordenamento e saneamento do espaço
urbano, induz preocupações de salubridade e funcionalidade. Como solução, foram
construídos equipamentos determinantes para o desenvolvimento urbano sustentável.

Inaugurado em 1876, sobre a ribeira do Livramento, foi construída uma nova


infraestrutura, designado Mercado do Livramento (Ilustração 18). Edificado junto à
Avenida, a pedido da população, veio substituir o mercado ao ar livre que se localizava
na Praça do Sapal. A falta de condições na venda de peixe em espaços exteriores
marcou a utilidade desta construção. Outro edifício de relevância é o teatro Rainha D.
Amélia33 (Ilustração 16), um edifício de carácter cultural. Inaugurado em 1897, localiza-
se no extremo da avenida Luísa Todi. É importante referir outros edifícios de lazer, visto
que existia um número reduzido de equipamentos no núcleo urbano, nomeadamente o
Salão de recreio do povo (Ilustração 17), a Praça de Touros e o Campo Atlético do
V.F.C. Em 1858, é inaugurado o Liceu Municipal.

Inseridos na malha urbana, surgem os espaços de permanência exteriores, os jardins.


Têm o intuito de requalificar a cidade, relacionando-se directamente com a envolvente.
Inicialmente existiam três jardins públicos, o jardim do Bonfim, o Passeio da Praia e o
Passeio do Lago34. Posteriormente surgiram outras praças e jardins, como o jardim do

32A Gazeta dos caminhos de ferro foi publicada durante mais de 80 anos. Tratava-se de uma publicação
técnica, que continha artigos sobre a relação dos caminhos de ferro com outros transportes, tarifas, viagens,
informações sobre correios e telégrafos, anúncios de marcas, entre outros temas. Mais tarde há um esforço
de a tornar mais diversificada.
33 Teatro Rainha D. Amélia, “O teatro era bem iluminado, a Bico Auer, ou seja, a gás, tendo a sala 222
lugares na plateia, oito frisas, 17 camarotes de primeira ordem, outros dez de segunda ordem, dois balcões
e galeria de fundo. (…) Após a implantação da República, o Teatro D. Amélia perdeu o nome régio e em
janeiro de 1911, concluída a instalação do Centro Republicano, passou a denominar-se Teatro Avenida. O
edifício atravessou um período de degradação das instalações, recebendo, em 1915, a Academia Sinfónica
de Setúbal, que rebatizou a sala de “Luísa Todi”. (Luísa Todi Fórum Municipal, 2017)
34O Passeio do Lago, posteriormente foi denominado de Parque das Escolas e actualmente de Largo
José Afonso. Segundo Inês Gato, “(…) na década de 70 de oitocentos se manda construir o Passeio do

Inês Pinto da Cruz 51


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Quebedo e o jardim General Luís Domingues. A norte do aglomerado urbano, situa-se


o jardim do Bonfim. O primeiro passeio público no espaço urbano, arborizado, com
bancos e um chafariz no centro.

Situado a Este da cidade, o Passeio do Lago, surgiu por volta de 1870. A sua escala é
proporcional à dimensão da avenida Luísa Todi. Constituído por arborização, bancos e
seis percursos que se dirigiam para um lago central. Era um local de entretenimento
para a burguesia e de trabalho para os pescadores, visto que se situava junto ao rio.
Analisando a Ilustração 19, é possível contemplar o jardim e um troço da segunda
muralha.

Como podemos constactar na Ilustração 20, o jardim do Quebedo (ao fundo da


fotografia) e o jardim General Luís Domingues (em primeiro plano), inicialmente eram
uma única praça. Com a evolução urbana transformaram-se em dois jardins
independentes, separados pelo limite da linha férrea. O primeiro, foi construído no final
do século XIX, início do século XX. Primeiramente o pavimento era em terra batida e o
jardim continha apenas algumas árvores e bancos. A sua forma era semelhante à de
um trapézio, articulando-se com os quatro eixos públicos circundantes. O jardim era
composto por duas áreas centrais, estando os bancos adjacentes aos limites dos
canteiros.

Por último, o jardim General Luís Domingues (Ilustração 21). “Este jardim, como já
afirmámos anteriormente, é resultante da desapropriação da antiga praça de São Bento
como local de comércio e posterior interesse na criação de um espaço vocacionado
para o recreio e lazer. (…) Não se sabe a data exata da construção deste jardim, mas
com base em antigos registos fotográficos do local, estima-se que seja nas últimas
décadas do século XIX.” (Rita, 2015, p.45). Inicialmente era um terreiro, com algumas
árvores e bancos. Com a evolução urbana e a construção da linha férrea o traçado do
jardim foi alterado. Como se pode observar nas fotografias em baixo, o jardim passou a
ter percursos entre os canteiros e mobiliário.

Lago, um dos três jardins onde se passeavam os forasteiros que vinham a banhos, e alguns setubalenses.”
(2014, p.14)

Inês Pinto da Cruz 52


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 16 – “Teatro Luísa Todi (inaugurado em 1897 com a Ilustração 17 – “Grande Salão Recreio do Povo na Avenida Luísa
denominação de teatro Rainha D. Amélia) na Avenida Luísa Todi, Todi, com quadros publicitários dos filmes em exibição, 1953”
1945.” ([Adaptado a partir de:] Lopes et al., 2006, p.51) ([Adaptado a partir de:] Lopes et al, 2006, p.53)

Ilustração 18 – Mercado do Livramento, 1920. ([Adaptado a partir Ilustração 19 - “Vista parcial da cidade de Setúbal, reconhecendo-
de:] Quintas, 1998, p.130) se o Parque das Escolas (actual Largo José Afonso) e os panos da
segunda linha de muralhas (séc. XVII), 1941” ([Adaptado a partir de:]
Lopes et al., 2006, p.78)

Ilustração 20 - Jardim General Luís Domingues e ao fundo o Ilustração 21 - Jardim General Luís Domingues. ([ Adaptado a partir
jardim do Quebedo. ([ Adaptado a partir de:] Rita, 2015, p. 45) de:] Rita, 2015, p.45)

Inês Pinto da Cruz 53


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Indústria Conserveira

Até meados do século XIX, a actividade piscatória, a salicultura e a agricultura35,


marcaram a economia de Setúbal. Contudo, no final do século, a prosperidade da cidade
assentou na integração entre a actividade piscatória e a indústria de conservas36. Estes
dois factores, foram os principais responsáveis pelo aumento demográfico e
consequentemente o crescimento urbano.

O século XIX, marca um período de transição da indústria conserveira entre os


processos tradicionais utilizados e as novas técnicas baseadas na esterilização. Em
1880, é instalada a primeira fábrica na cidade, de industriais franceses37, a utilizar estes
novos processos. Denominada, Etablissement F.Delory.

A localização das fábricas não seguiu nenhum planeamento urbano. Os edifícios


começaram a ser construídos perto da lota, para reduzir os custos de transporte. Em
1906, de acordo com José Lopes e Alberto Pereira, a maioria dos edifícios industriais
estavam concentrados em três zonas. A zona Nascente, com um total de dez fábricas,
incluía o bairro das Fontainhas e a Ladeira de São Sebastião. A zona central, junto à
Doca Delpeut, com um total de 12 fábricas, e a zona Nascente, junto à Saboaria e
Estrada da rasca, com um total também de 12 fábricas. Existia um edifício industrial no
bairro do Viso, afastado dos três núcleos.

Seguidamente apresentamos uma tabela, referente às trinta e cinco fábricas em


funcionamento em 1906, baseada na pesquisa que o Centro de Estudos Internacionais
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa realizou, a partir do “Boletim do Trabalho
Industrial, n.º 2, Lisboa”.

35 “Um após outro, os extensos laranjais que haviam dado fama à cidade cedem à especulação e à
necessidade de construir, num ritmo que não se compadece com quaisquer planificações que esse
crescimento exigiria.” (Silva, 1990, p.21)
36Existe uma incerteza sobre o ano em que surgiu a primeira fábrica de conservas em Setúbal. No entanto
segundo estudos de José Lopes e Alberto Pereira, “Foi assim que a indústria de conservas de peixe
começou em Setúbal, em 1855. […] a prova mais cabal destes pioneiros pode ser confirmada no arquivo
do historiador Almeida Carvalho, confiado ao Arquivo Distrital de Setúbal (ADS). Num seu manuscrito o
historiador, que foi contemporâneo dos acontecimentos, escreveu: <<A fábrica de géneros alimentícios que
consistiam em diferentes qualidades de peixe e principalmente sardinhas em conserva de azeite e dentro
de caixas de lata hermeticamente fechadas, foi estabelecida em Setúbal em 1855 por Feliciano António da
Rocha apoiado em Manuel José Neto […]>>.” (LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2015, pp. 82-84)
37 “Para os industriais franceses o sítio de Setúbal oferecia todas as condições para a transferência dos
seus capitais, não só pela abundância em sardinha na costa próxima de Setúbal […] Acresce ainda a
proximidade de Setúbal com a capital e as suas boas comunicações com o interior facilitadas pela
instalação, em 1861 do caminho de ferro.” (Faria, 1981, p.46)

Inês Pinto da Cruz 54


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Tabela 2 – Indústria Conserveira em Setúbal, 1906

Designação Local

José Casimiro Sant’Anna ………………………............. Estrada da Rasca


Eduardo Fernando Barbosa ……………………............. Estrada da Rasca
Costa e C.ª ……………………………………….............. Estrada da Rasca
R. Beziers e C.ª ………………………………….............. Estrada da Rasca
Santarém Ramos e C.ª …………………………............. Estrada da Rasca
Zona Ocidental

G. Chibert e C.ª ………………………………….............. Estrada da Rasca


Societé Parisiense ……………………………………….. Estrada da Rasca
Ferreira Mariz e C.ª …………………………………….... Estrada da Rasca
Santarém Ramos e C.ª (2ª fábrica) ……………............. Saboaria
António Azedo e C.ª …………………………….............. Saboaria
Ferreira Mariz e C.ª (2ª fábrica) ………………............... Saboaria
José Alves de Andrade Piteira …………………............. Saboaria
F. Ferreira Mariz ……………………………………….…. Alto da Brasileira

Viúva Costa e Carvalho …………………………............ Doca


F. Delory …………………………………………………... Doca
P. Chancerelle ……………………………………………. Doca
F. Garrec e C.ª ………………………………..………….. Doca
F. Rouillet ………………………………………..………... Ponte do Carmo
Zona Central

Carvalho e C.ª …………………………………..………... Ponte do Carmo


J. Marques Câncio e C.ª ……………………………..….. Rua Oriental do Mercado
Alves e Fragoso ………………………………………..… Rua Oriental do Mercado
Viúva Macieira ………………………………………...….. Rua Oriental do Mercado
Firmin Julien ………………………………………………. Rua Oriental do Mercado
Mendanha e C.ª ……………………………………...…… Rua do Mercado Pedro
Callé e C.ª ………………………………………..……….. Rua do Mercado

Vítor Tetrais e C.ª …………………………………...……. Fontainhas


Mariano Lopes e C.ª ………………………………..……. Fontainhas
Santos Cunha e C.ª …………………………………..….. Fontainhas
Viúva Luís Branco ……………………………………...… Fontainhas
Zona Oriental

Costa Benzinhos e Ribeiros …………………………..… Ladeira de S. Sebastião


Branco Miguel e Rochas ………………………...………. Fontainhas
António Ascensão e C.ª ………………………………..... Fontainhas
Henrique António Vidal Claro ………………...…………. Estrada da Barroca
Fragata Santos e C.ª ……………………………..……… Estrada da Barroca
Francisco José Pereira ………………………………..… Ladeira de S. Sebastião

Fonte: ([Adaptado a partir de:] Centro de Estudos Internacionais ISCTE, Instituto


Universitário de Lisboa, 2009, p.46)

Inês Pinto da Cruz 55


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Analisando a Tabela 3 , verificamos que o número de fábricas entre 1910 e 1914, teve
um crescimento constante. Com a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial,
houve um aumento considerável e em 1920, é atingido o número máximo de 130
fábricas a laborar. Contudo, a partir dessa data, surge um período de declínio e crise na
indústria.

Tabela 3 – Número de fábricas de Conservas de Peixe, entre 1897-1949

Anos 1897 1900 1910 1912 1913 1914 1916 1917 1920 1928 1934 1949

Nº de
26 26 40 42 44 46 55 85 130 63 68 42
Fábricas

Fonte: ([Adaptado a partir de:] Quintas, 1998, p.96)

Em 1915, de acordo com José Madueira e Alberto Pereira, surgiram objecções para a
abertura de mais fábricas de conservas na cidade, visto que existiam falta de condições
estruturais, de segurança e higiene nos edifícios. Foram criadas normas para as futuras
edificações. Actualmente estas regras são consideradas elementares para a abertura
de qualquer estabelecimento. As regras impostas consistiam:

1. Uma porta larga para as carroças poderem entrar na fábrica para o descarregamento
do peixe;

2. Retretes higiénicas para o pessoal;

3. Ventilação das salas onde existissem soldadores;

4. Não ocorrência de correntes de ar provocadas pela ventilação;

5. Existir um átrio, entre a sala de trabalho dos soldadores e o exterior da fábrica, para
que o pessoal se adaptasse lentamente ao ar frio da rua;

6. Lavabos para a lavagem de mãos antes das refeições;

7. Escarradores. (LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2015, p. 151)

Inês Pinto da Cruz 56


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

É importante referir que na década de 50; quando a rede electrica38 foi instalada nos
edifícios industriais, era utilizado um sistema de sirene39 para alertar os trabalhadores
que tinham de ir para as fábricas. “[…] começaram a ser consideradas um incómodo
urbano. O jornal O Setubalense, em Dezembro de 1971, publicou um artigo no qual
criticava as sirenes das fábricas como ultrapassadas […] Até pedia, ao abrigo da lei,
que fossem tomadas medidas oficiais […]”. (LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2015, p.
157)

A indústria alterou a vivência da cidade, e consequentemente a sua paisagem. Não


existia um plano urbano que determinasse a localização das fábricas, nem a reflexão
por parte das entidades públicas sobre as consequências da indústria no espaço
urbano.

A expansão urbana, está relacionada com a localização das fábricas, visto que os
bairros tendencialmente desenvolviam-se perto das mesmas. Novas centralidades
surgiam afastadas do centro histórico. “O crescimento espacial da cidade foi
naturalmente condicionado pelos interesses dos industriais de conservas de peixes que
impunham a sua lei, ocupando a cidade de maneira quase anárquica e sem visíveis
preocupações estéticas e urbanísticas.” (Faria, 2009, p.86)

A segregação do espaço público e a crise na habitação, são consequências do


desenvolvimento industrial. Muitas vezes as habitações encontravam-se adjacentes aos
edifícios industriais. Esta problemática, reflete o aumento drástico da população. O
número de trabalhadores nas fábricas, releva-se nas transformações necessárias de
adaptação no espaço urbano. De acordo com Guilherme Faria, em 1754, Setúbal tinha
12.955 habitantes e em 1890, existiam 16.986. No final de 1910, a cidade contava com
30.346, e passado dez anos, em 1920, quando o número de fábricas atinge o máximo,
a população em Setúbal chegava aos 37.002 habitantes.

Nos anexos, encontra-se uma lista detalhada com informação sobre as fábricas de
conservas em Setúbal, baseadas no estudo de José Lopes e Alberto Pereira.

38 Posteriormente, no subcapítulo Fragmentação e Descontinuidade, iremos desenvolver o tema da


iluminação pública.
39Antes de existir o sistema de sirene, era içada em frente às fábricas uma bandeira que alertava que o
fabricante tinha comprado peixe e eram necessários trabalhadores. Posteriormente, para o mesmo efeito,
as indústrias selecionavam um trabalhador que de bicicleta, anunciava nos bairros operários que era
necessário trabalhadores.

Inês Pinto da Cruz 57


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Os Bairros

Ilustração 22 - Localização dos bairros operários e burgueses. ([Adaptado a partir de:] J. Diniz, 1928)

O crescimento urbano apoiou-se na relação entre o desenvolvimento industrial e a


construção dos vários bairros e edificações destinadas ao alojamento das classes
operárias e burguesas. A cidade expandiu-se sem um plano de ordenamento, devido à
descontrolada expansão demográfica. Era necessário construir novas áreas urbanas,
afastadas do centro histórico.

Naturalmente os vários grupos sociais instalaram-se em diferentes locais da cidade. A


população migrante40, atraída pelo crescimento industrial, residia nos bairros periféricos,
onde o solo tinha um reduzido valor agrícola. Como se pode verificar na Ilustração 22,
o bairro Santos Nicolau, Fontainhas, Vale de Grou, Rendeiro, Barreto, Trindade, Lopes
e Monarquina, ultrapassam o limite físico da linha do comboio. O primeiro, localiza-se

40 Refiro-me à classe operária. De acordo com Paulo Guimarães, “A ocupação dos novos bairros não foi
arbitrária quanto à relação com a população imigrante e com a actividade predominante. As gentes do
Bairro Santos Nicolau e a do bairro mais antigo das Fontainhas eram conhecidas por ovarinas, em
referência à origem aveirense e do litoral centro. (…) O habitante do Tróino, por seu turno, aparece ligado
à imigração algarvia, atraída com a expansão conserveira. Eram duas «classes» que formaram duas
associações de classe distintas, pois viveram diferentes problemas.” (1994, p.8)

Inês Pinto da Cruz 58


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

afastado do núcleo urbano histórico, ocupando uma área que se encontrava limitada por
quintas e terrenos, o que permitiu a expansão da sua área.

A população com menos rendimentos ia construindo barracas nas zonas periféricas,


como é o caso do bairro da Monarquina41 (Ilustração 23). A necessidade de construir
rápido e barato, para além de resultar numa cidade mal planeada, originou construções
com escassas condições habitáveis. “Espaços exíguos e sobrelotados, húmidos e mal
cheirosos, insalubridade, má qualidade de construção, preços elevados, são estes os
qualificativos mais frequentes utilizados na imprensa para descrever o alojamento dos
trabalhadores.” (Guimarães, 1994, p.529)

Nos restantes bairros42 a nascente da cidade, as habitações tinham uma qualidade


mínima, como iremos verificar posteriormente. Os bairros já existentes, Fontainhas e
Tróino, desenvolveram as pré-existências em altura visto que se encontravam limitados
por edifícios.

“A partir da Grande Guerra e até aos anos 30 surgiram novos bairros na periferia, alguns
sem continuidade imediata com o espaço físico da cidade. […] Bairros como o Trindade,
Monarquina, Ferreira, Lopes, Melo, Santos Nicolau, Viso e Vale de Grou (Quatro
Caminhos) desenvolveram-se em grande parte nesses anos de conflito […]”.(Guimarães,
1994, p.532)

Devido à grande aglomeração de habitantes nas zonas periféricas, a população foi-se


deslocando gradualmente para o interior da cidade, este movimento afastou a burguesia
43
que residia no centro histórico, para uma zona da cidade recentemente construída, o
Bairro Salgado44.

Como podemos verificar na planta esquemática, o traçado dos bairros não segue
nenhum método de ordenação, à excepção do bairro Salgado. Os quarteirões surgem

41De acordo com Alberto Pereira e José Lopes, a Câmara Municipal de Setúbal elaborou um inquérito para
averiguar as precárias condições de habitação nos bairros de barracas, “Os bairros de barracas foram
sendo ampliados e em 1947 a CMS resolveu elaborar um inquérito exaustivo à situação […] O resultado foi
o apuramento da existência de 23 bairros que possuíam 1321 barracas e albergavam 5049 pessoas. O
bairro com mais população era o Bairro da Monarquina com 255 barracas e 949 habitantes e o bairro menos
povoado ficava na zona do Bairro Rendeiro com apenas duas barracas e sete habitantes.” (2012, p.46)
42Os Bairros, Barreto, Dias, Lopes, Rendeiro, Rosalina, Santos Nicolau e Vale de Grou têm o apelido do
proprietário do terreno que os loteou.
43 Segundo Carlos Faria, “Em Setúbal só raramente existiram grandes fortunas. O ditado setubalense
<<Quem não pesca, já pescou; quem não rema já remou>> sugere que a maioria das pessoas com algum
dinheiro tinha pertencido ao operariado com actividade ligada ao mar.” (1981, p.104)
44 Bairro Salgado, “[…] construído após a guerra de 1914-1918 como resultado do desenvolvimento da
indústria conserveira durante esta conflagração mundial, pode considera-se o primeiro crescimento para
norte.” (Faria, 1981, p.104)

Inês Pinto da Cruz 59


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

com dimensões maiores, numa malha ortogonal perpendicular à avenida 5 de Outubro.


A construção do bairro, impulsionou o crescimento da cidade para norte. De acordo com
a ARU45 de Setúbal, o bairro Salgado “Era composto, na sua maioria, por moradias com
um ou dois pisos e cave alta, com logradouros ajardinados que constituíam agradáveis
espaços verdes, em substituição dos inexistentes espaços púbicos.” (SETÚBAL.
Câmara Municipal. Área de Reabilitação Urbana, 2015, p.19)

O rápido desenvolvimento industrial teve como consequência a deterioração do espaço


urbano. A transformação dos edifícios pré-existentes, agravou a qualidade do espaço
público. As ruas tornaram-se estreitas e com pouca iluminação, visto que não era
respeitado a relação entre a largura da rua e a altura dos edifícios. Não existia um plano
de urbanização, nem a preocupação com a higiene pública. Como Paulo Guimarães
refere, a preocupação principal era com a estética do alçado conjunto das ruas:

“A avaliar pelas disposições contidas no Código de posturas de 1890, desde então


tornou-se necessário aos particulares que desejassem realizar obras em imóveis ou
proceder a edificações na cidade requerer uma licença prévia à autarquia. (…) essa
regulamentação se preocupava fundamentalmente com o alinhamento das edificações,
com questões de salubridade e de ordem estética.” (Guimarães, 1994, p.538)

Os serviços de saneamento e abastecimento de água, essenciais no contexto de


desenvolvimento da cidade eram inexistentes. Durante os séculos XVIII e XIX
construíram-se fontes e abriram-se poços, contudo estas medidas não foram
suficientes. Numa tentativa de minimizar o problema, começou a ser distribuída água
em pipas. A partir dos anos 30, procede-se à verificação da qualidade de água, e
posteriormente à sua canalização para abastecimento dos bairros.

Nos novos bairros periféricos, as ruas não estavam pavimentadas, não existia
iluminação, rede de águas ou esgotos. Na Ilustração 26 podemos constactar que as
obras de colocação de rede de esgotos foram feitas dez anos depois da realização do
plano de saneamento, em que já existiam os bairros periféricos da cidade. Nestes
bairros, predominou a construção de casas abarracadas ou barracas de madeiras, visto
que a população tinha poucos rendimentos e havia um elevado número de pessoas à
procura de habitação.

45 ARU, Área de Reabilitação Urbana.

Inês Pinto da Cruz 60


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 23 – “Casas abarracadas no Bairro da Monarquina, 1951” ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2012,
p.46)

Ilustração 24 – “Bairro do Casal das Figueiras, primeira metade Ilustração 25 – “Rua João Vaz, no Bairro da Conceição, 1950”
da década de 1950. Uma das habitações existentes nos ([Adaptado a partir de:] Lopes, 1992, p.90)
chamados <<bairros da folha46>>.” ([Adaptado a partir de:] Lopes,
2006, p.77)

Ilustração 26 – “Colocação de esgoto na Rua D. Pedro Ilustração 27 – “Obras de repavimentação na Rua Dr. Paula
Fernandes Sardinha, 1938.” ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M; Borba (vista do lado poente e nascente), 1959.” ([Adaptado a
PEREIRA, A. M., 2012, p.58) partir de:] Lopes, 2006, p.37)

46O nome Bairros da folha, surge devido ao material que era utilizado no revestimento dos tectos e
paredes das barracas. A folha, consistia numa chapa de aço coberta por estanho, que impedia o material
de enferrujar. Era utilizada nas fábricas de conserva, para a confecção das latas.

Inês Pinto da Cruz 61


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A Habitação

Ilustração 28 – “Distribuição espacial tipo <<casa térrea>> Ilustração 29 – Planta de uma casa, 1935. ([Adaptado a partir de:]
dos novos bairros em Setúbal, 1910-1920” ([Adaptado a partir LOPES, J. M.; PEREIRA, A. M., 2012, p.81)
de:] Guimarães, 1994, p.574)

A casa abarracada e a barraca de madeira, normalmente tinham a mesma organização


espacial. Em geral, a porta de entrada estava ao centro e as duas janelas em simetria
com a porta. Analisando a planta esquemática47, Ilustração 28, podemos verificar que
continham um programa mínimo. A habitação era constituída por quatro
compartimentos. A porta de entrada dava acesso à “casa de fora”, um espaço de
distribuição para as outras divisões da casa, comunicava com a cozinha e com os
quartos. O quarto adjacente à casa de fora, tinha uma janela para a rua enquanto que
o outro quarto tinha uma janela para o pátio. A cozinha dava acesso a um pátio comum
onde existia uma pia para a remoção dos dejectos, visto que não existia rede de
esgotos48. Algumas habitações estavam organizadas de modo a que nem todos os
espaços interiores recebessem iluminação directa.

47“A planta de base era quadrangular, mas o seu espaço interior era dividido desigualmente. A maior parte
das plantas não referiam a função dos espaços interiores (ao contrário do que sucedia nos casos de
requerentes que construíam a sua própria habitação), mas isso não é impeditivo da percepção da sua
funcionalidade.” (Guimarães, 1944, p.545)
48Segundo estudos, “Setúbal apenas teve uma rede de esgotos domésticos em condições já nos anos 50.
Até esta data a maioria das casas de Setúbal não tinham esgotos. Os setubalenses recolhiam os seus
dejectos na chamada tijela da casa que depois era colocada à porta da rua. O pessoal da CMS, em carroças
ou em camionetas, percorria a cidade e recolhia os dejectos que depois eram depositados nas citadas
montureiras. […] Com a construção das primeiras casas do bairro Santos Nicolau os moradores
rapidamente reclamaram contra o mau cheiro que devido aos ventos de Norte invadiam o Bairro. O protesto

Inês Pinto da Cruz 62


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Lendo criticamente a Ilustração 29, podemos constactar que a organização espacial da


casa é muito semelhante à da planta analisada anteriormente. Deve-se destacar a
diferença de quinze anos entre as plantas. Por decisão da CMS49, passou a ser
obrigatório construir nos pátios uma divisão que, quando os bairros tivessem esgotos e
rede de águas, seria a instalação sanitária50. O acesso ao pátio era feito através da
cozinha ou de um portão que ligava directamente à rua. O mesmo não se verifica na
Ilustração 28, como a dimensão do lote é menor, o acesso ao pátio era feito
exclusivamente pela cozinha.

“Todos os lotes permitiam a construção de um pequeno quintal nas traseiras e algumas


habitações tinham um portão de entrada na rua directamente para o quintal. Os lotes
mais pequenos apenas permitiam o acesso ao quintal através da cozinha da casa.”
(LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2012, p.81)

A legislação determinou novas regras que melhoraram substancialmente a qualidade


dos espaços interiores. As regras impostas para o exterior dos edifícios afectavam
directamente o espaço interior, de forma a garantir a iluminação, ventilação e o sistema
de esgotos. Passou a ser necessário apresentar um plano de saneamento, assim como
os desenhos do edifício. Estas novas imposições serviram de regra até à elaboração do
primeiro plano de urbanização de Setúbal. Como Paulo Guimarães esclarece:

“As novas disposições impunham regras claras na relação entre o espaço público e
privado, estabelecendo um ratio entre a altura das fachadas e a largura da via pública,
por forma a salvaguardar a iluminação da casa, e sistemas de esgoto das águas pluviais
e dos dejectos. Estas normas <<higiénicas>> constituíram o instrumento jurídico de base
que orientou o ordenamento dos novos espaços até à elaboração do primeiro plano de
urbanização de Setúbal, em 1944.” (Guimarães, 1994, p.538)

O contexto em que surge as tipologias de construção espontânea, a barraca de madeira,


a casa abarracada e a casa de alvenaria, reflecte a necessidade da população em
encontrar alojamento. Analisando a Tabela 4, é possível fazer a comparação entre os
materiais utilizados nos três edifícios recorrentes.

foi atendido pela CMS que em Abril de 1921 deliberou transferir as montureiras municipais para uma zona
mais afastada da área urbana chamada Vale das Cerejeiras.” (LOPES, J. M; PEREIRA, A. M., 2012, p.58)
49 CMS, Camâra Municipal de Setúbal.
50 De acordo com José Lopes e Alberto Pereira, “Mais tarde a maioria dos moradores, à revelia da CMS,
transformaram a janela da cozinha numa porta de acesso à instalação sanitária que entretanto foi ampliada
em comprimento. Foi assim possível colocar uma banheira ficando uma sala de banho com entrada
directamente pela cozinha evitando assim a passagem pelo quintal o que certamente seria muito
desagradável no inverno.” (2012, p.81)

Inês Pinto da Cruz 63


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Tabela 4 – Características das habitações, 1910 - 1930

Barraca de madeira Casa abarracada Casa de alvenaria

Isolamento Solo --- 0.30 – 0.60 m >0.60m

Paredes Exteriores:
Madeira Alvenaria Alvenaria
Material.……………...
--- 0.30 – 0.60 m >0.50m
Espessura……………

Paredes Interiores:
Material……………… Madeira Tabiques, Alvenaria Alvenaria

Cobertura Chapa ou Telha Telha marselha Telha marselha

Tubos de queda/
Não tem ou exterior Exterior/ Interior Exterior/ Interior
Águas pluviais

Não tem ou Pia e fossa-moura


Esgoto Pia e fossa-moura
Pia e fossa-moura ou retrete

Pé Direito 3.00m – 3.25m 3.25m 3.25m

Dim. aberturas:
0.90 x 1.60m 0.90 x 1.50 m ou 1.00 x 1.60 m
Janelas……………….
1.00 x 1.60 m
0.90 x 2.40m 0.9/ 1.00 x 2.4/ 2.6 m 1.00 x 2.60/3.00 m
Porta………………….
Parcial em cantaria
Cantaria, tijolo
Guarnição --- (só fachada), tijolo
burro
burro
Vidro, ferro,
Outros materiais: Vidro Vidro, madeira
cantarias

Fonte: [(Adaptado a partir de:]Guimarães, 1994, p.544)

A barraca de madeira geralmente encontrava-se isolada ou associada a um pátio.


Caracteriza-se por ser uma construção simples de custos reduzidos. Não tem
isolamento no solo, as paredes exteriores e interiores são em madeira, a cobertura em
chapa ou telha e não tinha sistema de esgotos. Juntamente com a casa abarracada,
estas construções de precárias condições acomodavam a população com fracos
rendimentos.

Inês Pinto da Cruz 64


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Na casa de alvenaria e na casa abarracada, eram utilizados os mesmos materiais.


Contudo, na casa de alvenaria as dimensões das paredes e dos vãos são superiores.
São também utilizados outros materiais que não se verificam nas outras tipologias de
construção.

O aumento progressivo da população intensificou o processo de urbanização. Surgiram


novas formas de alojamento e novos processos de exploração. Os habitantes com
maiores possibilidades financeiras, aproveitaram para investir na construção de casas
e barracas para arrendar, visto que existia um elevado número de migrantes à procura
de alojamento. Geralmente estas construções surgiam nas traseiras dos edifícios51 já
construídos, em pátios que permitiam o acesso directo ao exterior.

A utilização excessiva do solo, sacrificava a qualidade das habitações. Os pátios


passavam a ter dimensões reduzidas e a sua função era de distribuição para as casas.
As construções precárias não podiam estar viradas para a via pública, contudo podiam
existir em pátios, pois eram oficialmente declarados como armazéns.

As autoridades públicas pouco interferiram no problema da habitação, preocuparam-se


sobretudo com o saneamento urbano e a estética da cidade. “Do ponto de vista formal,
as normas higiénicas, articuladas com outras que vinham já da Regeneração,
constituíram um dos poucos mecanismos disciplinadores do crescimento urbano.”
(Guimarães, 1994, p.549)

A habitação popular, é um elemento de destaque no meio urbano. Visto que não existia
um plano de ordenamento, nem a preocupação com a ocupação do solo, os bairros
populares foram geradores da forma da cidade.

Seguidamente apresentamos uma cronologia esquemática, com os principais


acontecimentos que influenciaram o traçado urbano entre o século XIX e meados do
século XX.

51 É importante referir que os melhores edifícios ficavam virados para a via pública, enquanto que as
contruções precárias eram construídas nos pátios. “Como norma, as casas melhores ficavam expostas para
a via pública […] No interior encontravam-se os piores alojamentos: barracas com duas divisões (uma a
servir de cozinha), sem qualquer espécie de isolamento do solo e da cobertura, que abergavam famílias
com 6 e 7 filhos.” (Guimarães, 1994, p.547)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 30 - Evolução esquemática desde o século XIX a XX (Ilustração nossa, 2018)

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Setúbal : Memória e Identidade Urbana

2.3. FRAGMENTAÇÃO E DESCONTINUIDADE

No século XX, o modo de pensar a cidade implicava adaptar o espaço urbano às novas
necessidades e usos, se relevante, suprimir a relação entre os edifícios e os elementos
históricos. O impacto da industrialização, também contribuiu para a transformação do
tecido urbano52. “O tecido como realidade temporal condensa todo um processo
evolutivo, toda uma história, que se traduz num resultado muito particular a cada
momento e que explica a riqueza formal das nossas cidades.” (Coelho [et al.], 2015,
p.14).

Focando-nos entre 1930 e 1990, podemos destacar três importantes momentos do


desenvolvimento urbano. Primeiro, a construção do novo porto, que desempenha um
papel fundamental na projecção Regional de Setúbal53. Em segundo, o planeamento
urbano, que marca a consciencialização da fragmentação da cidade. Por último, a
tentativa de resolução dos problemas de habitação, que sempre acompanhou o
crescimento urbano.

Como constactámos anteriormente, a industrialização intensificou a actividade marítima


da cidade. No entanto, a falta de meios do porto, retardou o processo de
desenvolvimento. Foi necessário redesenhar a frente ribeirinha, tendo em consideração
as exigências impostas pelos novos transportes54 marítimos. “Sem querermos
considerar a urbanização como consequência mecânica da industrialização, não se
pode negar, contudo, que o crescimento da cidade tenha coincidido com os períodos de
expansão industrial” (Faria, 1981, p.103)

52 “<<Tecido urbano>> faz hoje parte dos conceitos utilizados em Urbanismo, sendo particularmente
recorrente na análise da cidade existente. A utilização desta expressão por Muratori, Panerai e outros
autores, conferiu-lhe um estatuto que obrigou à sua integração nos próprios dicionários de urbanismo.
Pierre Merlin (1988) considera-a uma <<expressão metafórica, assimilando as células construídas e os
vazios de um meio urbano à trauma dos fios de um têxtil>> e que <<o tecido urbano é a expressão física
da forma urbana. É constituído pelo conjunto de elementos físicos que a constituem – o sítio, a rede viária,
a divisão cadastral, a relação entre os espaços construídos e livres, a dimensão, a forma e o estilo das
construções – e pelas relações estabelecidas entre estes elementos (…)>>.” (Coelho [et al.], 2015, p.14)
53 Elevação de Setúbal à categoria de distrito, em 1926.
54 “[…] a reestruturação tecnológica das estruturas portuárias (com particular enfoque para a
contentorização) forçadas pelas transformações nos transportes marítimos (especialização e aumento do
calado dos navios) que exigem novas condições operacionais dos portos. Em consequência, estes são
forçados à deslocalização para águas mais profundas e espaços periféricos mais amplos e menos
congestionados, potenciada pelo desenvolvimento das redes de transporte terrestres.” (Pereira, 2007, p.16)

Inês Pinto da Cruz 67


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 31 - Nova frente Ribeirinha. (Ilustração Nossa, 2018)

A JAPS55, é criada em 1923 com o objectivo de realizar as obras necessárias no porto.


Apenas em 1930 são iniciadas as construções56, tendo uma duração de quatro anos.
Inevitavelmente, houve um aumento do aterro e do prolongamento da cobertura da
ribeira do Livramento. Representámos na planta esquemática, a azul, a Doca Delpeut,
para facilitar uma melhor compreensão do aumento do aterro para a construção do novo
porto. Como podemos verificar na Ilustração 31, passam a existir três docas, a doca do
Comércio, do Recreio e dos Pescadores. Conforme Maria Quintas refere:

As instalações portuárias que, em 1924, estavam reduzidas à ponte e Cais da


Conceição, passaram a incluir, em 1931, as docas do Comércio, das Pescarias e de
Recreio, e ainda três estacadas exteriores com 350 metros de comprimento total para
navios até 6,50 metros de calado, uma extensão de 120 metros para navios até 3,50
metros de calado e duas interiores com 30 metros cada, para navios até 3,50 metros de
calado (Quintas, p.78)

55 JAPS, Junta Autónoma do Porto de Setúbal.


56A adjudicação das obras é feita à empresa Hojgaard & Schultz, de Copenhaga, e a drenagem à empresa
Van den Bosch & De Vries, de Ultrecht.

Inês Pinto da Cruz 68


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

De acordo com a Junta Autónoma das Obras do porto de Setúbal, “As obras realizadas
consistiram essencialmente na regularização da margem direita do estuário do Sado,
junto à cidade de Setúbal e numa extensão de cerca de 4 quilómetros, indispensável
não só à conquista de terrenos marginais como ao bom funcionamento das correntes
do rio.” (PORTO DE SETÚBAL., 1949, p.4).

A renovação da frente ribeirinha, alterou a dinâmica do espaço urbano. Como


verificámos, ao longo dos séculos, o desenvolvimento do espaço urbano causa um
afastamento entre o edificado e o rio. Inicialmente com a construção da fortificação
abaluartada, posteriormente com a construção da avenida Luísa Todi e da Doca
Delpeut, até à construção do novo porto.

Junto ao rio, (Ilustração 31) estão localizadas as infra-estruturas relacionadas com o


porto. Nomeadamente, o mercado, lota, capitania, alfândega, quartel da guarda fiscal,
Junta Autónoma do Porto e o Clube Naval57.

No desenho de planeamento da área do Porto, de Cid Perestrello Ilustração 32, foram


exploradas soluções para regularizar o traçado da frente ribeirinha. Previa-se a
demolição dos baluartes de modo a criar uma malha regular, ordenadora do edificado.
No entanto, a importância destes elementos de excepção, impediu a execução da
proposta.

Algumas versões do Plano do Porto prevêem mesmo a demolição dos antigos baluartes
para extensão desobstruída da malha regular e reticulada. O resultado actual, contudo,
traduz os diversos obstáculos à concretização dessa ideia, reconhecendo-se, contudo,
a capacidade ordenadora daquele traçado na organização de vários edifícios construídos
ao longo do século. (Coelho [et al.], 2015, p.106)

É importante referir, a participação da fábrica SECIL Ilustração 35 nas obras do porto.


Em 1904, quando a fábrica foi instalada no Outão, denominava-se Companhia de
Cimentos de Portugal. Localizava-se na Serra da Arrábida, visto que o terreno possuía
as matérias primas necessárias para a produção de cimento, e a proximidade com o
porto permitia a importação e exportação de material. Em 1930, data do inicio das obras,
dá-se a fusão da empresa SECIL com a Companhia Geral de Cal e Cimento, com a
participação das firmas dinamarquesas, adjudicatárias das obras do porto.

57Devido ao prolongamento do aterro, como podemos constactar na Ilustração 34, o edifício existente do
Clube Naval, ficou demasiado longe da Doca de Recreio.

Inês Pinto da Cruz 69


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A fábrica SAPEC (Société Anonyme de Produits et Engrais Chimics de Portugal),


indústria de adubos, entrou em funcionamento em 1926. Juntamente com a fábrica
SECIL, destacaram-se devido ao contributo58 social para o meio urbano. Construíram
bairros, creches e escolas.

O documentário da RTP Arquivos, intitulado Setúbal, refere que a cidade na década de


cinquenta volta a renascer, devido às características naturais da cidade, à proximidade
da capital, à facilidade de comunicação com o exterior, possibilitado pela construção do
novo porto e do comboio, e pela abundância de mão de obra barata. Estes atributos
foram fundamentais para a fixação das novas indústrias. Nomeadamente, siderurgia,
química, indústria naval e construção de automóveis.

Estas actividades, atraíram um número considerável de população, que quebrou o


período de estagnação demográfica verificado com a crise na indústria de conservas.
Comparando os três sectores económicos principais da cidade, entre 1950 e 1970,
deparamo-nos com uma diminuição acentuada no sector primário59, estabilidade no
secundário60 e crescimento no terciário61. Sucintamente, designamos as fábricas62 do
sector secundário em actividade, visto ter sido o sector mais dinâmico e a base de
desenvolvimento do espaço urbano.

Tabela 5 – Indústria em Setúbal.

Reparação e construção naval……........... Setenave;


Indústrias de celulose e de papel………… SOCEL, INAPA, PAREL;
Indústrias de montagem de veículos......... IMA, Movauto, Companhia Portuguesa de Motores e Camiões,
Entreposto Industrial de Automóveis, Imperex e Proval;
Indústria de electrometalurgia…………….. Eurominas;
Indústria cerâmica………………………….. Faianças e Porcelanas Sado Internacional;
Indústrias de produção de gás……………. Sociedade Portuguesa de Ar Líquido;
Indústria de material electrico……….......... Signetics;
Indústria metalomecânica pesada………... Mague-Unidade 2.

Fonte: ([Adaptado a partir de:] Faria, 1981, pp.58-63)

58 Esta contribuição encobria os salários baixos, no entanto, superiores aos da fábrica de conservas.
59 Sector primário – Agricultura, pecuária, exploração florestal, caça, pesca, indústria extractiva.
60Sector secundário – Indústrias: Metalomecânica, alimentar, produtos minerais não mecânicos, papel,
química, construção e obras públicas, electricidade, saneamento e água.
61 Sector terciário – Comércio, bancos, seguros, imobiliário, transportes, comunicações, hotelaria,
profissões liberais.
62 Não incluímos na Tabela 5 a fábrica da SECIL e da SAPEC, por terem sido mencionadas no texto.

Inês Pinto da Cruz 70


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 32 - Planta do porto de Setúbal, A. Cid Perestrello, 1933. (Museu Virtual do Porto de Setúbal, 2018)

Ilustração 33 – "Panorâmica do porto de Setúbal, década de 1940” ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M.; PEREIRA, A. M., 2012,
p.95)

Ilustração 34 – Vista parcial das docas. Ao centro, edifício do Ilustração 35 - Fábrica da Secil. ([Adaptado a partir de:] SECIL,
Clube Naval Setubalense. ([Adaptado a partir de:] LOPES, J. M.; 2016)
PEREIRA, A. M., 2012, p.63)

Inês Pinto da Cruz 71


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Planeamento Urbano

Como referimos anteriormente, Setúbal padecia de uma estratégia de organização. A


malha urbana estava fragmentada, devido à justaposição de diferentes traçados,
referentes a distintos períodos de tempo. A incoerência do tecido, demonstra a
capacidade da cidade acompanhar a evolução, mantendo fragmentos da memória
urbana.

Apesar da construção do porto ter seguido um planeamento, o mesmo não se verificou


na restante cidade. “Os problemas relacionados com a falta de habitação, de infra-
estruturas, de equipamentos colectivos, de transportes e de tantos outros de que
carecem, de maneira indivisível, as camadas populares mais desfavorecidas, resultam
da lógica do regime económico dominante”. (Faria, 1981, p.133)

Até à Revolução de Abril, foram elaborados quatro planos de urbanização63. O primeiro


Plano Geral de Urbanização de Setúbal64, é elaborado em 1944. Conforme Maria
Ferreira65 refere, a proposta da autoria do arquitecto João Aguiar, tinha como objectivo
o ordenamento da cidade através da articulação da estrutura urbana com a nova malha
viária, distinguindo o núcleo histórico das áreas de expansão. O projecto definia áreas
com separação de usos, valorizando os espaços públicos e os edifícios de interesse
patrimonial.

Contudo, analisando a Ilustração 38, deparamo-nos com o desmantelamento do centro


histórico, devido ao atravessamento de várias vias que surgem do alinhamento dos
novos bairros. Na área de expansão, os quarteirões têm dimensões relativamente
maiores, e a sua localização estava prevista para as áreas dos laranjais66. A ideia de
expansão do espaço urbano, não contemplava a salvaguarda de parte do património,
nomeadamente dos restantes troços da muralha medieval e dos baluartes.

63 De acordo com Carlos Faria, o planeamento ao ser realizado por um arquitecto exterior à Camâra,
inevitavelmente transpunha influências de sectores privados. “Elaborados por um arquitecto externo aos
Serviços Municipais, os planos/documentos de urbanização reflectem os defeitos típicos de estudos
produzidos por técnicos isolados, sem apoio de contribuições interdisciplinares e sob pressões e influências,
levadas a cabo por interesses privados.” (Faria, 1981, p.141)
64“A figura de <<Plano Geral de Urbanização>> foi criada pelo Decreto-Lei nº24.802, de 21 de Dezembro
de 1934, o qual fixava a obrigatoriedade das Câmaras Municipais elaborarem Planos Gerais de
Urbanização.” (Tomé [et al.], 2016, p.137)
65.O tema da Dissertação para o Doutoramento no ramo da Geografia e Planeamento Regional foi,
“Setúbal, a cidade e o território. O papel Regional e os efeitos da metropolização”.
66 Salientamos os laranjais, devido à sua importância na paisagem da cidade, como na economia.

Inês Pinto da Cruz 72


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Por outro lado, a valorização do património urbano esteve ausente nas propostas de
demolição de áreas urbanas, com maior ou menor antiguidade, elaboradas – e algumas
concretizadas – em nome da ‘ideia então dominante de progresso [que] implicava, não
propriamente a edificação do novo, mas sobretudo a eliminação do que era considerado
antigo, rapidamente identificado como velho e, por isso, fatalmente inimigo daquele
progresso (COELHO [et al.], 2014, p.175)

Os dois planos urbanos posteriores, de 1955 e 1962, “[…] não passaram de uma simples
revisão do P.G.U.S67 (1944) e não saíram, praticamente, do âmbito municipal.” (Faria,
1981, p.141) O plano de 1955, coincide com o período de crise económica originada
pelo encerramento de algumas fábricas, contrariamente ao plano de 1962, que
contextualiza-se com a exploração das novas indústrias.

O quarto plano, o PDCS68 de 1971, é o único que expõe a crise habitacional na cidade,
agravada pela instalação das novas indústrias. Contudo, nem este plano propõe
soluções para o problema da habitação. Os documentos de planeamento e gestão
urbana anteriormente referidos, demonstraram-se ineficientes para o desenvolvimento
sustentável. De acordo com Carlos Faria, na elaboração dos planos de ordenação, não
foi tido em consideração ou não foi profundamento estudado, certas questões
fundamentais para a eficiência do projecto. “[…] questões referentes, entre outras à
análise sociodemográfica, ao estudo económico da indústria existente, à quantificação
e às soluções para as carências quanto à habitação e aos equipamentos sociais”. (1981,
p.141)

Inicialmente não existia o devido controlo sobre a localização dos edifícios industrias.
No entanto,com os efeitos de degradação do espaço urbano, as indústrias foram
posteriormente deslocadas e o porto prolongado, para a periferia da cidade. Para uma
área indústrial, denominada Mitrena69.

67 P.G.U.S, Plano Geral de Urbanização de Setúbal.


68 PDCS, Plano Director da Cidade de Setúbal.
69 Apesar de não fazer parte da área de estudo, é importante referir a zona industrial da Mitrena pelo grande
contributo para o desenvolvimento urbano. “A área industrial-portuária mais importante é, sem dúvida, a
situada na península da Mitrena, onde se localizam as grandes indústrias caracterizadas pela manipulação
de materiais pesados, operações ruidosas e poluentes, pela criação de grandes fluxos de transportes, pela
necessidade de grandes áreas de trabalho e capital intensivo e pela utilização do porto ou do estuário para
carga e descarga, em navios de grande calado, de matérias primas e produtos acabados , dificilmente
transportáveis por outra via.” (Faria, 1981, p.69)

Inês Pinto da Cruz 73


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Após a Revolução do 25 de Abril70, surgiram mudanças nas instituições responsáveis


pelo planeamento urbano. Como as normas em vigor não satisfaziam as carências
básicas do espaço urbano e consequentemente da população, a Câmara Municipal de
Setubal, criou um gabinete responsável pela elaboração do Plano Concelhio. O plano,
indicava um conjunto de medidas de gestão urbanística, com a finalidade de substituir
o plano em actividade. As medidas consistiam na ordenação do território, na resolução
dos problemas das habitações, saneamento, transportes e na planificação de
equipamentos colectivos e de novas industrias. Como explica Carlos Faria,

Face a esta nova realidade, exigindo critérios e opções urbanísticos substancialmente


diferentes, não fazia mais sentido que as directrizes do planeamento de Setúbal
continuassem a ser ditadas pelo PDCS (1971), até porque algumas das soluções nele
contidas estavam já em contradição com o novo quadro jurídico especifico ao urbanismo
e à habitação, ou inadequadas em face de novas orientações do sistema de circulação
(auto-estrada e via rápida de ligação à Mitrena). Assim, a C.A71 da C.M.S propôs
superiormente, a criação do Gabinete de Planeamento de Setúbal (GPS) que apoiasse
a C.M.S na gestão urbanística corrente e elaborasse o Plano de Estrutura Concelhio que
substituiria o PDCS (1971) em vigor. O GPS entrou em funcionamento logo no ínicio de
1975. (1981, p.145)

Seguidamente apresentamos um breve esquema com a cronologia dos vários planos


de urbanização da cidade, entre 1944 e 1975.

Ilustração 36 - Cronologia dos Planos de Urbanização. (Ilustração Nossa, 2018)

70 “O golpe militar de 25 de abril de 1974 iniciou um período histórico único, marcado por experiências sem
precedentes no domínio dos movimentos sociais e da participação dos cidadãos. Nesse dia foi derrubada
pelos militares, organizados no Movimento das Forças Armadas (MFA), a mais longa ditadura da Europa,
que durou quase meio século (1926—1974), pondo fim à guerra contra os movimentos de libertação das
colónias africanas de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, que durava desde os inícios da década de
1960. A Revolução foi seguida de um período instável, com sucessivos governos provisórios (seis, no total),
durante o qual foram tomando forma conceções de democracia, baseadas na participação popular. Os
trabalhadores da indústria, da agricultura e dos serviços, os movimentos de moradores de bairros urbanos,
os estudantes, os intelectuais e os militares levaram a cabo experiências de mobilização de massas, de
constituição de organizações populares e de diversas formas de democracia participativa.” (Serralves,
2015)
71 C.A, Comissão Administrativa.

Inês Pinto da Cruz 74


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 37 - Setúbal, 1860. ([Adaptado a partir de:] Tomé, 2014, p.294)

Ilustração 38 – Planta Geral de Urbanização da cidade de Setúbal, 1944. ([Adaptado a partir de:] Faria, 1981, p.140)

Inês Pinto da Cruz 75


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Os Bairros

Uma das consequências do desenvolvimento económico, foi a crise na habitação. Um


problema que esteve sempre associado ao crescimento urbano. Estando a cidade
limitada a oeste pelo Parque Natural da Serra da Arrábida72 e a sul pelo rio Sado, a
expansão ocorreu nas restantes direcções. “A insuficiência da iniciativa pública e o facto
lógico de a iniciativa privada construir, apenas, para os estratos mais solventes da
poplulação, explicam o fenómeno de extrema penúria habitacional que sempre
caracterizou Setúbal […]” (Faria,1981, p.107)

Durante o Estado Novo73, grande parte da população vivia com condições mínimas de
habitabiliedade. Em casas degradadas e obsoletas. Após a Revolução de Abril,
houveram mudanças significativas no sector da habitação, que tinham o intuito de
melhorar a qualidade da arquitectura e do urbanismo.

O processo SAAL74, originário da Revolução de Abril, propunha corrigir a falta de


condições habitacionais em que a população desfavorecida vivia, através da
colaboração entre os arquitectos e os futuros moradores75. Segundo Carlos Faria, em
1975, a Câmara Municipal de Setúbal realizou um inquérito à habitação, e conclui que
5000 famílias viviam nas seguintes condições:

- 1394 em barracas ou casas abarracadas;

- 1600 em fogos sem casa de banho;

- 3200 em situação de sobreocupação;

- 2700 em coabitação dos quais 1392 a realojar;

- 1528 em fogos de muito mau estado de conservação. (Faria, 1981, p.107)

72 O Parque Natural da Serra da Arrábida, é criado com a publicação do Decreto-Lei nº 622/76, de 28 de


julho.
73“O Estado Novo nunca teve uma política coerente de habitação social. A sua política neste sector nunca
passou de um somatório de intenções sustentadas por uma legislação, fragmentada e executada por
organismos dispersos e descoordenados.” (Faria, 1981, pp. 111-112)
74 SAAL, Serviço Ambulatório de Apoio Local.
75 “Foi uma experiência pioneira no contexto europeu que propunha a constituição de brigadas técnicas
lideradas por arquitetos que, em colaboração com as populações, tinham por objetivo enfrentar as
prementes necessidades habitacionais de comunidades desfavorecidas em todo o país. Do levantamento
das condições de vida ao apoio às comissões de moradores, do projeto arquitetónico ao acompanhamento
dos processos de expropriação dos terrenos, as brigadas reinventaram a prática da arquitetura, projetando
com os moradores e não para eles.” (Serralves, 2014, p.3)

Inês Pinto da Cruz 76


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 39 - Bairros do processo SAAL em Setúbal. (Ilustração nossa, 2018)

Nos dados obtidos no inquérito, estava subjacente a urgência das entidades


responsáveis intervirem. Assinalámos na Ilustração 39, os oito bairros económicos,
integrados no projecto do Fundo de Fomento da Habitação76, que tentaram dar resposta
ao problema da habitação.

O bairro do Casal das Figueiras, numerado com o 1 na Ilustração 39, foi projectado
pelo arquitecto Gonçalo Byrne77 durante o processo SAAL. Estava destinado à

76O Fundo de Fomento da Habitação, “[…] tinha como principal objetivo a promoção directa de habitação
social para arrendamento a estratos sociais desfavorecidos. Após o 25 de abril de 1974 e com as grandes
mudanças registadas no panorama nacional, o FFH sofreu várias vicissitudes e acolheu a execução de
programas e medidas políticas muito diversificadas, com resultados muito positivos nos casos dos
empréstimos às câmaras, cooperativas de habitação e PRID.” (Instituto da Habitação e da Reabilitação
Urbana, 2018)
77 Gonçalo Byrne, doutorado em Arquitectura pela Universidade Técnica de Lisboa. Os seus projectos
abrangem diversas escalas, planeamento urbano, desenho de espaços públicos, edifícios e reabilitação. O
seu trabalho tem sido bastante divulgado e reconhecido, tendo recebido vários prémios, entre eles o
A.I.C.A/S.E.C., a Medalha de Ouro da Academia de Arquitectura de França e, recentemente, o Piranesi /
Prix de Rome, edição de 2014. Têm uma carreira como docente em múltiplas universidades do mundo.

Inês Pinto da Cruz 77


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

população com pouco poder económico, pescadores e operários das indústrias de


conservas. A descrição de Ricardo Carvalho78 sobre as caraterísticas do bairro antes da
intervenção, consolida o tema abordado no sub-capítulo anterior “Cidade e indústria”,
relativo à habitação popular.

O bairro era constituído por construções precárias, feitas de madeira, de forte afirmação
cromática, à semelhança dos barcos que a população utilizava na sua rotina laboral. O
rigor na construção revelava, segundo byrne, a “capacidade artesanal dos pescadore”,
que organizavam as suas casas com base num pátio. Aí secavam as redes, estendiam
os aparelhos ou cozinhavam – era o “pátio de assar”. No interior existia também um
espaço com nome próprio, a “casa de fora”. Trata-se de um espaço de recepção, que
contrasta com os restantes espaços mais informais. Esta “casa de fora” seria introduzida
no projecto como elemento gerador. (Carvalho, 2016, p. 198)

As características morfológicas do terreno, a presença de elementos de excepção79 e a


imposição de projectar o bairro no seguimento de um conjunto urbano ilegal que existia
na periferia, formaram um conjunto de referências marcantes para a elaboração dos
trezentos e doze fogos de habitação social. Os edifícios são compostos por tipologias
T0, T1 e a mais comum o T2. Analisando sucintamente o projecto (Ilustração 40), o
arquitecto traçou uma malha ortogonal que configurou os blocos habitacionais. Os
elementos extensos, relacionam-se directamente com a cota da rua, contrariamente aos
elementos menores que se impõem contra a pendente natural do terreno. As ruas, são
unidas através de escadarias públicas que atravessam os blocos das casas. É
importante referir que:

A excepção é feita na linha de festo ou linha da cumeada do conjunto, isto é, na linha


central, onde no limite é feita a divergência das direcções de escorrência, e que une os
pontos mais elevados, os passos de montanha, com a implantação de um bloco com
quatro pisos, associando a mesma solução em sobreposição vertical, com distribuição
em galeria. (Carvalho, 2016, p.201)

Comparando as ilustrações, verifica-se que as apropriações feitas pelos moradores


alteraram a configuração inicial dos edificios. Nomeadamente, os vãos das fachadas,
revestimentos, cor dos edifícios, construção de novos pisos e anexos exteriores às
habitações.

78 Ricardo Carvalho, doutorado em Arquitectura pela Universidade Técnica de Lisboa. Escreve


regularmente artigos em revistas internacionais de arquitectura e no jornal Público, entre 2005 e 2008 foi
director do Jornal de Arquitectos. Lecionou em diversas universidades internacionais, e dirige o
departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa. Em 2015, o ateliê Ricardo Carvalho +
Joana Vilhena Arquitectos, foi nomeado para o prémio de Arquitectura Contemporânea Mies Van Der Rohe.
79 Referimo-nos aos moinhos de vento existentes no local.

Inês Pinto da Cruz 78


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 40 - Planta do bairro Casal das Figueiras. ([Adaptado a partir de:] Bandeirinha, 2007, p.359)

Ilustração 41 - O bairro Casal das Figueiras durante a Ilustração 42 – Casal das Figueiras (Ilustração Nossa, 2018)
Construção. ([Adaptado a partir de:] Byrne, 2018)

Ilustração 43 – Composição do alçado, Casal das Figueiras. Ilustração 44 – Escadas públicas, Casal das Figueiras.
(Ilustração Nossa, 2018) (Ilustração Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 79


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Sucintamente descrevemos as características principais dos bairros numerados de 2 a


5 na Ilustração 39, que foram projectados durante o processo SAAL. O primeiro bairro
a ser construído em Setúbal, foi o Forte Velho (Ilustração 45). As diferenças na
linguagem do traçado do edificado, reflectem as duas fases do processo de construção.
Inicialmente, os edifícios começaram a ser construídos pelos futuros moradores e
posteriormente com o apoio da arquitecta Conceição Redol que colaborou no processo
de desenvolvimento do traçado do bairro. No total, foram construídos setenta e um
fogos. (Bandeirinha, 2007, p.361)

O bairro da Liberdade80, (Ilustração 47) projectado durante o processo SAAL pelo


arquitecto Luís Casal Ribeiro81, está localizado a este da cidade. (Bandeirinha, 2007,
p.360) Excepcionalmente, foi o bairro em que os primeiros espaços a serem construídos
foram os de utilização colectiva (sala polivalente, balneários e posto médico). Segundo
Maria Lima82, a construção destes espaços permitiu a concretização de eventos para
arrecadar dinheiro que complementava os fundos do SAAL. Foram construídos no total
oitenta fogos.

O bairro dos Pinheirinhos (Ilustração 49), projectado pela arquitecta Helena Krieger83 no
início das operações SAAL, é constituido por cento e setenta fogos. Contráriamente à
composição social dos bairros abordados anteriormente, o bairro dos Pinheirinhos era
composto por uma população diversificada. Operários das indústrias, funcionários das
empresas de construção civil, mulheres-a-dias e comunidade cigana. (Bandeirinha,
2007, p.362)

O bairro Terroa de Baixo (Ilustração 51), projectado pelo arquitecto Rui Pimentel,
localiza-se a este da cidade, próximo ao bairro da Bela Vista. Visto que o bairro era
constituído por barracas, os novos edifícios foram construídos na periferia com o intuito
de destruir as habitações precárias, assim que os moradores estivessem alojados.
(Bandeeirinha, 2007, p.363)

80 Anteriormente designado, Cova do Canastro.


81Luís Casal Ribeiro, arquitecto. Formou-se em 1974 na Faculdade de Arquitectura de Lisboa. É arquitecto
senior no atelier CR Arquitectos.
82Maria Lima, obteu em 2011 no Instituto Superior Técnico, o Grau de Mestre em Arquitectura com o tema
de dissertação “Operações SAAL, uma política urbana vanguardista. O caso do SAAL no bairro do Casal
das Figueiras, em Setúbal”.
83Helena Krieger, arquitecta. Na projecção do bairro colaborou com o arquitecto Julião Sarmento e com
os engenheiros, Henrique Nacimento e Teresa Branquinho.

Inês Pinto da Cruz 80


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 45 – Bairro do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 46 – Bairro do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 47 – Bairro da Liberdade. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 48 – Bairro da Liberdade. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 49 – Bairro dos Pinheirinhos. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 50 – Bairro dos Pinheirinhos. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 51 - Terroa de Baixo. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 52 - Terroa de Baixo. (Ilustração Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 81


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O bairro da Bela Vista, contrariamente aos bairros abordados anteriormente, fez parte
do Plano Integrado84 de Setúbal, anterior ao 25 de Abril, elaborado pelo Fundo de
Fomento da Habitação85. O bairro está divido em três unidades urbanas, (numeradas
na planta esquemática com o 6, 7 e 8), por terem sido construidos em diferentes
períodos. A cada conjunto foi atribuído uma cor, o amarelo, azul e rosa.

O bairro amarelo (bairro da Bela Vista), projectado pelo arquitecto José Charters
Monteiro86, foi construído na década de setenta. O projecto é constituido por um
conjunto de quarteirões rectangulares, caracterizados pelo amplo patio central. O
acesso às habitações é feito através de galerias de passagem exterior, que comunicam
com as caixas de escadas localizadas nos extremos dos edificios (Ilustração 55). De
acordo com a CMS, o bairro é constituido por quarenta e cinco edifícios, um total de 840
fogos desenvolvidos em tipologias T1 (apenas um caso), T2 e T3. Actualmente, as
modificações feitas pelos moradores alteraram a ideia de confraternização proposta
pelo arquitecto nos locais de passagem:

Hoje em dia, os moradores alteraram as galerias, colocando marquises e portões


gradeados […] fechados a cadeado, de forma a impedir a circulação nas galerias,
apropriando-se de um espaço que seria público e de contacto entre os habitantes.
(Milheiro, 2009, p.123)

O bairro azul (Forte da Bela Vista), construído entre 1984 e 1989, é constituído por doze
blocos habitacionais, Ilustração 56. Dois dos lotes, estão interrompidos de modo a
formar um pátio. Segundo a CMS, o bairro é composto por um total de 167 fogos.

Por último, o bairro Cor-de-Rosa (Alameda das Palmeiras), foi edificado em duas fases.
Na primeira, referente à década de noventa, foram construídos duzentos e dezasseis
fogos. Maria Mendes, refere que a segunda fase de construção iniciou em 2001 e fez
parte do Programa Especial de Realojamento, em que foram edificados mais trinta e
seis fogos de habitação (Ilustração 57).

84Plano Integrado (PI), “Este plano tinha na sua génese a tentativa de responder às carências
habitacionais do concelho de Setúbal nas décadas de 1960 e 1970.” (CIAUD, 2012, p.70)
85“Em 1982 é extinto o FFH e é nomeada uma Comissão liquidatária que permanece em funções até 1987,
data em que é criado o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE). O
bairro da Bela Vista esteve sob a administração do IGAPHE até 1994, altura em que passou para a
administração da Câmara Municipal de Setúbal.” (MENDES, 2012, p.70)
86José Charters Monteiro (1944), arquitecto português. Integrou o plano do Fundo de Fomento da
Habitação. Director da revista Arquitectura e Vida, entre 2000 e 2003.

Inês Pinto da Cruz 82


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 53 – Bairros do Plano Integrado de Setúbal. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 54 – Bairro Amarelo, Bela Vista. (Ilustração Nossa, Ilustração 55 – Escadas, Bairro Amarelo (Ilustração Nossa,
2018) 2018)

Ilustração 56 – Bairro Azul, Bela Vista. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 57 – Bairro Rosa, Bela Vista. (Ilustração Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 83


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Os bairros, são elementos fundamentais na imagem da cidade. Setúbal gradualmente


deixou de ser caracterizada por bairros periféricos ilegais, e passou a ser definida por
traçados que permitiram a construção de uma cidade estruturada.

Após a analise concisa aos vários bairros construídos durante o Plano Integrado e a
operação SAAL, concluiu-se no geral, que existiram semelhanças nos pedidos
colocados pelos futuros moradores de cada respectivo bairro. “[…] foram exigidas casas
unifamiliares, com um ou dois pisos no máximo, acabamentos de materiais tradicionais
e quintais ou pátios – zonas privadas ao ar livre. Em todos também foi bastante estimada
a existência de equipamentos colectivos e locais para convívio dos moradores –
normalmente o chamado “barracão”. (Lima, 2011, p.101)

Destacámos o Casal das Figueiras87, pela dimensão do bairro comparativamente aos


restantes bairros do processo SAAL, nomeadamente, o bairro da Liberdade, Forte
Velho, Pinheirinhos e Terroa de Baixo.

Não podemos deixar de referir a evolução do sistema de iluminação no espaço público,


devido à sua importância nas actividades quotidianas e no planeamento da cidade, visto
que a iluminação era sempre colocada nas artérias principais. Indicamos, em baixo, uma
tabela sucinta com a cronologia dos métodos de iluminação desde 1834 até à
actualidade.

Tabela 6 – Cronologia da iluminação pública.

Iluminação a azeite………………………... 1834 a 1863


Iluminação a gás………………………….. 1863 a 1864
Iluminação a petróleo e gás……………… 1864 a 1866
Iluminação a petróleo……………………... 1866 a 1868
Iluminação a gás………………………….. 1868 a 1930
Iluminação eléctrica………………………. 1930 à actualidade

Fonte: ([Adaptado a partir de] Pena, 1997, p.8)

Seguidamente apresentamos uma cronologia com os principais acontecimentos durante


1930 e 1990.

87 Segundo Maria Lima, “[…] a quantidade de fogos realizados nos bairros do Forte Velho, Pinheirinhos,
Liberdade e Terroa de Baixo, juntos, não ultrapassa o número final dos fogos construídos no Casal das
Figueiras – 312 – tal foi a dimensão deste projecto SAAL.” (2012, p.101)

Inês Pinto da Cruz 84


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 58 - Evolução cronológica esquemática, século XIII a XX (Ilustração nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 85


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz 86


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

3. TERRITÓRIO E CIDADE

3.1. MALHA URBANA E FRENTE RIBEIRINHA

Aceitar que o objecto urbano, a cidade física, como um todo tem a capacidade de ser
interpretado e compreendido, implica que não se perca de vista que a reflexão sobre a
forma da cidade nasce da sua experiência e portanto de um universo que se presta à
comparação. Assim, a interpretação da cidade como realidade material deve
compreender duas abordagens: a análise da sua forma num momento determinado e a
sua justificação a partir dos acontecimentos que lhe deram origem. (Coelho [et al.], 2015,
p.24)

O traçado de Setúbal, reflecte as inquietações de cada tempo e sociedade. O


crescimento exponencialmente do espaço urbano entre os séculos XIV e XXI, teve
grande impacto no território, na imagem e no modo de vivermos a cidade. No entanto,
a relação intrínseca entre o núcleo urbano e o Rio Sado, perdeu-se. A Ilustração 59,
permite-nos compreender que a matriz de ordenamento desapareceu com o
crescimento urbano. É possível verificar, de que modo o espaço urbano se expandiu e
as alterações consequentes na frente ribeirinha.

É evidente que o crescimento urbano sobre o rio, alterou drasticamente o perfil natural
da cidade e consequentemente, a relação directa que existia entre a população e o
estuário. Inicialmente, pela construção da estrutura artificial defensiva, posteriormente,
transformado pela construção da avenida Luísa todi e da doca Deulpeut, e por último,
pela construção das docas de Recreio, dos Pescadores e do Comércio. O documentário
da RTP Arquivos, sobre a cidade de Setúbal, retrata este impacto:

“No entanto, é também provável que no futuro se evitem os erros do passado.


Nomeadamente os que em Setúbal como em outras cidades fluviais, afastaram a urbe
do rio, privando os seus habitantes do contacto directo, neste caso com o imenso
estuário do Sado. Outros locais, terão de ser escolhidos para implantar as fábricas,
construir portos, traçar estradas, sem forçosamente ter de sacrificar o rio, as praias e a
serra. Afinal, os pilares em que assenta a história da cidade.” (CARVALHO, 1994,
min.:19.55)

Actualmente, a malha urbana da cidade está estratificada. Através da densidade


construtiva, é possível identificar os momentos de expansão. No centro, nomeadamente
no núcleo histórico, o tecido urbano é mais comprimido comparativamente à periferia,
onde a construção é mais dispersa. A cidade, revela três fases de expansão: centro
histórico, bairros industriais e bairros contemporâneos. “De facto, a cidade
contemporânea surge como um espaço dicotómico e hierarquizado, onde o centro

Inês Pinto da Cruz 87


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

histórico assume crescente importância, pois representa a sedimentação de sucessivas


formas urbanas” (RIBEIRO, Maria do Carmo; MELO, Arnaldo Sousa, 2012)

Comparando as plantas esquemáticas referentes ao século XX e XXI, concluímos que


a cidade se desenvolveu principalmente para Poente e para Norte, visto estar limitada
a Sul pelo Rio Sado e a Nascente pela pendente da Serra da Arrábida.

A cidade é uma criação nascida de numerosos e diversos momentos de formação, sendo


que a unidade desses momentos é o urbano no seu conjunto, com um carácter formal e
espacial. A unidade dessas partes é dada fundamentalmente pela história, pela memória
que a cidade tem de si mesma. Essas áreas são definidas pela sua localização que são
a projecção no terreno dos factos urbanos, com uma presença social e geográfica
circunscrita. (CRESPO, 2012, p. 67)

A cidade deveria ser capaz de absorver os vestígios arquitectónicos de vida humana.


Contudo, ao longo dos séculos, as estruturas defensivas que poderiam caracterizar a
identidade da cidade, não foram preservadas. “Apesar dos esforços que têm sido feitos
para salvar, valorizar e estudar as cidades históricas, nem sempre motivados por razões
identitárias, pois a imagem urbana pode constituir um produto gerador de grandes
lucros, uma parte muito significativa da herança histórica do passado urbano já não
integra as cidades atuais.” (Ribeiro, Maria; Melo, Arnaldo, 2012) Em Setúbal, existem
apenas alguns fragmentos destes elementos, que eternizam a memória urbana88.

[…] o entendimento da riqueza do tecido urbano resulta da configuração dos seus vários
componentes que, apesar da particularidade de cada um por si, contribuem para que um
tecido tenha homogeneidade formal da qual resulta a compreensão da sua identidade.
A capacidade de entendimento de um tecido requer não o seu conhecimento concreto,
mas o reconhecimento dos elementos que o compõem e, nessa medida, a sua identidade
resulta da relação articulada dos elementos entre si, de tal modo que a sua contribuição
para a composição de um tecido lhe confira características distintas de outros. A
identidade não depende apenas da constância formal de cada um dos elementos mas
também da sua relação, podendo dois tecidos distintos e com identidade partilhar
elementos semelhantes. (Coelho [et al.], 2015, p.21)

Setúbal, é composta por uma variedade de tecidos urbanos, que revelam os processos
de formação da cidade. Em alguns casos verifica-se a articulação entre as diferentes
malhas, noutros não existe homogeneidade nos elementos construídos, salientando as
fronteiras entre os vários lugares.

88 No sub-capítulo “Memória e Identidade”, fazemos uma leitura urbana das estruturas que permaneceram
intactas na cidade.

Inês Pinto da Cruz 88


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 59 - Evolução urbana, século XIV a XXI. (Ilustração nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 89


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

“A riqueza morfológica do traçado de uma cidade advém sobretudo da existência de


partes distintas. Estas configuram por vezes tecidos com características morfológicas
homogéneas que se distinguem entre si, sendo a situação geográfica onde se inscrevem,
e particularmente a relação que estabelecem com o relevo, a causa primária da
especificidade do seu desenho” ( Coelho [et al.], 2015, p.38)

Setúbal é constituída por bairros distintos, com características particulares, que


conferem uma imagem89 singular à cidade. As áreas delimitadas na Ilustração 60,
determinam o modo como está dividido o espaço urbano. Preenchemos a vermelho, a
configuração da cidade do século XX90, para que seja possível avaliar a expansão
urbana até à actualidade.

A baixa de Setúbal, é o centro da imagem urbana. Um local, onde o edificado antigo é


confrontado com as avenidas contemporâneas confinantes. Segundo o PDM, “Os
espaços centrais, desempenham funções de centralidade para o conjunto do
aglomerado urbano, com funções residenciais e terciárias.” (PDM Setúbal, 2015, p.44)
As praças, os largos, o património classificado e o comércio, são elementos
fundamentais que caracterizam o bairro. Como referimos anteriormente, a densidade
construtiva é outra das características morfológicas. Na generalidade, os edifícios têm
dois a três pisos de altura.

A estrutura urbana dos bairros industriais91, foi condicionada pela indústria. A morfologia
dos bairros, caracteriza-se por moradias de um e dois pisos de altura, verificando-se a
compactação da organização dos conjuntos habitacionais. Contrariamente à baixa, que
está numa situação topográfica mais baixa, a maioria dos bairros industriais, encontram-
se em zonas planálticas. Os limites naturais do território evidenciam a transição entre
os vários espaços com características morfológicas distintas. (Coelho [et al.], 2015,
p.38)

Estes limites parecem desempenhar um papel secundário: podem fixar as fronteiras de


um bairro e reforçar a sua identidade, mas aparentemente pouco têm a ver com a sua
constituição. Os limites podem aumentar a tendência dos bairros para fragmentar a
cidade, de um modo desorganizado.

89“as cidades são entidades únicas, não há duas iguais no mundo, (…). As cidades constituem entidades
únicas porque raras vezes estão implantadas em sítios rigorosamente iguais.” (Ribeiro, apud Coelho, 2015,
p.55)
90 Verificar a ilustração “Localização dos bairros operários e burgueses”, do sub-capítulo .“Área Ribeirinha
e Industria”.
91 Tema desenvolvido no sub-capítulo, “Área Ribeirinha e Industria”.

Inês Pinto da Cruz 90


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 60 - Constituição Urbana ([Adaptado a partir de:] SETÚBAL, 2018)

Conforme nos aproximamos da periferia, maior é a escala altimétrica do edificado. Os


edifícios contemporâneos destacam-se na malha urbana, pela relação entre a escala
pública (o vazio) e a privada (o edificado), reflectindo uma menor densidade construtiva.
Verifica-se que se intensificou a fixação de estabelecimentos comerciais nestas áreas.

Os bairros periféricos apresentam várias configurações arquitectónicas, sem ser


possível reconhecer, na generalidade, um ordenamento. No entanto, entre os conjuntos
edificados de cada bairro, detectamos que existe uma composição arquitectónica
semelhante, assim como regularidade no traçado urbano. As configurações distintas
entre bairros, são consequência das operações de loteamento realizadas de modo
isolado. “As parcelas vão acumulando, na sua forma, informações que reflectem os
interesses individuais, próprios da época da sua formação.” (Coelho [et al.], 2015, p.163)

Inês Pinto da Cruz 91


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz 92


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

3.2. MEMÓRIA E URBANIDADE

Ao longo dos séculos, a evolução do traçado urbano provocou uma destruição


irreversível de fragmentos da memória urbana que caracterizavam a identidade de
Setúbal. Nomeadamente em muralhas, torres, portas, postigos, baluartes, monumentos
e espaços públicos. “Durante o séc. 20 as várias obras públicas realizadas tiveram como
consequência a demolição de vários troços e postigos da muralha, o que introduziu
várias rupturas na cerca já bastante afectada.” (Sistema de Informação para o
Património Arquitectónico, 2016)

Os planos de salvaguarda do património, definidos na Carta de Veneza92, previam a


preservação e restauro de antigos edifícios, contudo, estes ideais não foram exercidos
na cidade de Setúbal, como é inteligível nas palavras de Joaquina Soares:

Os princípios da Carta de Veneza não tinham sido localmente assimilados. Os conceitos


de conjunto arquitectónico com interesse patrimonial e de ambiente integrador do mesmo
estavam longe de ser adoptados. […] Quando na Europa mais desenvolvida era
dedicada uma atenção crescente aos patrimónios edificados e arqueológico, defendia-
se aqui, como se referiu, uma filosofia de intervenção urbanística destrutiva para as pré-
existências. (SOARES, 2000, p.107)

Devido às transformações urbanas e à falta de conservação do edificado, parte dos


edifícios de relevância histórica que poderiam valorizar e projectar a cidade,
deterioraram-se. Como José Hermano Saraiva93 refere no documentário, O património
de Setúbal: “Infelizmente essa situação de atenção e valorização do património
histórico, não é a regra em Setúbal, longe disso. Setúbal é um caso flagrante de
desprezo pelo património construído.” (SARAIVA, 1998, min.:3.18)

Identificámos na Ilustração 61 os troços da muralha medieval que permaneceram


intactos apesar da maioria ter sido destruída em proveito das novas adaptações e usos
do espaço urbano. Actualmente, a estrutura pertencente ao sistema defensivo de
Setúbal é classificada como MIP94. Subsistem duas portas e três postigos, o postigo do

92 A Carta de Veneza é um documento internacional que define os princípios de preservação e restauro


dos monumentos e edifícios históricos, de modo a que o património perdure na história. “Ao definir estes
princípios básicos pela primeira vez, a Carta de Atenas de 1931 contribui para o desenvolvimento de um
amplo movimento internacional, que se materializou em documentos nacionais, no trabalho do ICOM e da
UNESCO e, por fim na criação de um Centro Internacional para o Estudo da Preservação e Restauro dos
Bens Culturais.” (PATRIMÓNIO CULTURAL, 2018)
93 José Hermano Saraiva (1919 - 2012), destacou-se pelo seu trabalho em história, cultura, literatura e
televisão. Foi Ministro da Educação, advogado, professor e comunicador televisivo.
94 MIP, Monumento de Interesse Público.

Inês Pinto da Cruz 93


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

cais, Ilustração 64, o postigo das fontainhas, Ilustração 66 e a porta da ribeira, Ilustração
67, são entradas integradas em edifícios que interligam os espaços públicos do centro
histórico e da avenida Luísa Todi. A porta do Sol (Ilustração 65) e a Porta de São
Sebastião (Ilustração 63), são limites urbanos a Este do centro histórico. O SIPA, faz
uma breve descrição das portas e postigos que referimos, “A Porta do Sol é em arco
quebrado; Porta de São Sebastião em arco de asa de cesto, rusticado, com aduelas em
ressalto e pedra de fecho; os postigos do Cais e o de João Galo, ou das Fontainhas, em
arco abatido” (Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, 2016)

É possível que parte da população desconheça a existência de fragmentos da muralha


medieval na cidade, visto que na generalidade, as restantes fracções da muralha
integram fachadas de edifícios. Como se pode constactar nos registos fotográficos, a
maioria sofreu intervenções morfológicas de modo a permitir a comunicação entre o
espaço exterior e o interior dos edifícios.

A Ilustração 61, permite-nos verificar que não existe uma leitura clara da muralha. Os
locais onde os troços medievais permaneceram, situam-se em zonas dispersas da
cidade, a nascente e a poente. A Casa do Corpo Santo/ Museu do Barroco95, situado
junto à igreja de Santa Maria, é um exemplar que incorpora parte da muralha medieval
na fachada nascente do edifício, com uma espessura que atinge os 2,50 m. É o único
excerto existente com alvenaria aparente (Ilustração 62).

O maior troço que subsiste, localiza-se a nascente do núcleo medieval (numerado com
um 2 na Ilustração 61). Este elemento tem uma presença pontual, marcada pela porta
de S. Sebastião. Contudo, a sua existência passa despercebida, devido aos edifícios
contíguos ao limite da muralha. Na Ilustração 61, os edifícios numerados de 9 a 11, são
exemplos de intervenções, tentativas de integrar a muralha com a estrutura do edificado.
Podemos verificar que a Ilustração 69 e a Ilustração 71 são referentes a
estabelecimentos comerciais e a Ilustração 70 a um edifício devoluto.

As torres de defesa, que eram parte integrante da muralha medieval foram destruídas,
contudo, existe um exemplar integrado no edifício da Polícia de Segurança Pública,
(numerado na Ilustração 61, com um 8). Situa-se na intersecção da Av. 22 de Dezembro
com a Av. Luísa Todi.

95 Posteriormente iremos analisar o contexto em que surge a Casa do Corpo Santo/ Museu do Barroco.

Inês Pinto da Cruz 94


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 61 – Troços existentes da muralha medieval. ([Adaptado a partir de:] GOOGLE INC., 2018)

Ilustração 62 – Muralha na Rua de Santa Clara. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 63 – Porta de São
Sebastião.(Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 64 – Postigo do Cais. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 65 – Porta do Sol. (Ilustração
Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 95


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 66 – Postigo das Fontainhas. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 67 – Porta da Ribeira. 96
(Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 68 – Troço da muralha97 na Av. 22 de Dezembro. Ilustração 69 – Troço da muralha incorporado em fachada de
(Ilustração Nossa, 2018) edifício, Praça Almirante Reis. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 70 - Troço da muralha incorporado em fachada de Ilustração 71 – Arte urbana em troço da muralha, Av. 5 de
edifício, Av. 5 de Outubro. (Ilustração Nossa, 2018) Outubro. (Ilustração Nossa, 2018)

96 Edifício recentemente reabilitado pelo atelier MAS.


97 O troço da muralha medieval corresponde

Inês Pinto da Cruz 96


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Setúbal, sendo uma cidade milenária, como na generalidade acontece com um objecto
ou um conjunto, nestas circunstâncias, é uma cidade com muitas marcas do tempo, mas
também muito marcada pelo tempo, pois muito da sua existência foi apagada, quer por
catástrofes naturais, quer pelos acidentes sociopolíticos da história, quer pela gestão da
própria cidade na adaptação às novas realidades tecnológicas e sociais, mas a sua
identidade cultural presente na memória cognitiva da população mais dificilmente será
apagada.(TOMÉ, 2014, p.215)

Como referimos anteriormente, as adaptações feitas à malha urbana destruíram parte


da herança histórica da cidade, nomeadamente da fortificação abaluartada
(representada a vermelho na Ilustração 73), que substituiu a funcionalidade da antiga
muralha. É possível identificar oito dos onze baluartes que existiram. Na generalidade,
os troços de dimensões reduzidas, permaneceram dispersos pela malha urbana e sem
preservação, à excepção do Baluarte da N. Sra. da Conceição.

É importante distinguir o Baluarte do Cais ou Baluarte da N. Sra. da Conceição


(Ilustração 74 e Ilustração 75), visto que é a única infraestrutura que ao longo dos
séculos foi reabilitada e consequentemente alterada a sua função. Inicialmente, foi
projectada para fins militares, posteriormente adaptada para o Regime de Infantaria 11
e actualmente98 os edifícios estão divididos entre a Escola Superior de Hotelaria e
Turismo, a galeria municipal e comércio.

Segundo a DGPC99, supõem-se que na área do Cais Velho100 parte do baluarte esteja
soterrado. Seguidamente apresentamos uma cronologia sucinta referente às várias
intervenções feitas ao baluarte.

Ilustração 72 – Cronologia do Baluarte da Conceição. (Ilustração Nossa, 2018)

98O Centro de Estudos Arqueológicos e o Museu de Arqueologia e Etnografia do distrito de Setúbal, foram
responsáveis pelos trabalhos arqueológicos desenvolvidos antes da construção da Escola Superior.
99 DGPC, Direcção Geral do Património Cultural.
100 Área que circunda o baluarte da N. Sra. da Conceição.

Inês Pinto da Cruz 97


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Os baluartes101, são elementos importantes do património edificado de Setúbal,


contudo, encontram-se num avançado estado de degradação, à excepção do baluarte
da N. Sra. da Conceição referido anteriormente. É possível identificar na malha urbana
vestígios do traçado dos restantes troços da fortificação, situados nos antigos limites
urbanos. Na generalidade, esquecidos. Os troços destacam-se dos locais onde estão
inseridos pela imponência da estrutura em relação ao edificado envolvente. Na
generalidade, os planos constituídos por alvenaria de pedra, mantém se visíveis.

O baluarte da Nossa Senhora do Livramento, situado junto ao rio Sado, encontra-se


descaracterizado, devido à existência de estruturas abandonadas pertencentes a
edifícios industriais, no interior dos seus limites (Ilustração 76). O Mercado do
Livramento102, em funcionamento, também faz parte da área correspondente à
fortificação. Segundo a DGPC,

As muralhas ainda estão visíveis. No início do século XX, foi construída no local uma
fábrica de conservas de peixe, que funcionou até cerca de 1975, tendo sido demolida.
Esta fábrica, aproveitou as paredes do baluarte para erguer sobre este as paredes da
fábrica. Nos anos 80 foram construídos armazéns, que se mantém até hoje ao local.
(PORTAL DO ARQUEÓLOGO, 2018)

O baluarte de Santo Amaro, Ilustração 78, localiza-se na freguesia da N. Senhora da


Anunciada. Inserido numa zona residencial, as casas foram construídas contíguas ao
plano da muralha. O troço, permanece com a alvenaria visível.

O baluarte da Nossa Senhora. da Saúde, Ilustração 79, situa-se junto à Avenida General
Daniel de Sousa, uma das entradas para a avenida Luísa Todi. O troço da muralha
destaca-se da envolvente pela sua escala, contudo, o plano de alvenaria de que é
constituído não é visível, visto que a estrutura padeceu de uma intervenção. Na área
definida pela muralha foram construídos edifícios de relevância, nomeadamente, a
igreja da Nossa Sra. da Saúde e o Palácio Botelho Moniz103.

101 Os baluartes estão classificados como Monumentos de Interesse Público.


102De acordo com o Portal do Arqueólogo, foram executados em 2011 trabalhos arqueológicos no Mercado
do Livramento que “confirmaram a existência de um troço da muralha correspondente ao Baluarte do
Livramento na zona a afectar pelas sapatas do futuro edifício.” (PORTAL DO ARQUEÓLOGO, 2018)
103 Edifício do século XIX, “Arquitectura recreativa, romântica, revivalista. Revivalismo barroco, pelo
tratamento da galeria como arquitectura de tipo cenográfica num espaço com diversificação; pelo modo
como se desenrola nos domínios do arquitectónico, do funcional e do simbólico, integrado num percurso do
ordenamento paisagístico com a casa, para fruição da natureza, antecâmara do exterior; pelo carácter
intimista e de imitação de Natureza; pelo gosto exuberante e ostentatório denotado na sua mole, num
ambiente emocional.”(SIPA, 2011)

Inês Pinto da Cruz 98


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 73 - Troços existentes da fortificação abaluartada. ([Adaptado a partir de:] GOOGLE INC., 2018)

Ilustração 74 – Baluarte da Nossa Sra. da Conceição. (Ilustração Ilustração 75 – Entrada Principal do baluarte da Nossa Sra. da
Nossa, 2018) Conceição. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 76 – Ruína do baluarte da Nossa Sra. do Livramento. Ilustração 77 – Detalha do Baluarte da Nossa Sra do Livramento.
(Ilustração Nossa, 2018) (Ilustração Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 99


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 78 - Baluarte de Santo Amaro. (Ilustração Nossa, Ilustração 79 - Baluarte da N. Sra. da Saúde. (Ilustração Nossa,
2018) 2018)

Ilustração 80 - Hornaveque de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018) Ilustração 81 – Hornaveque de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018)

Ilustração 82 – Baluarte de Santo António. (Ilustração Nossa, Ilustração 83 - Baluarte de São João. (Ilustração Nossa, 2018)
2018)

Ilustração 84 – Baluarte de São Domingos. (Ilustração Nossa, Ilustração 85 – Ruína do Forte Velho. (Ilustração Nossa, 2018)
2018)

Inês Pinto da Cruz 100


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O troço correspondente ao baluarte de Santo António, é pouco perceptível a partir das


artérias de circulação, devido às construções adjacentes. Parte da estrutura foi demolida
e a restante está incorporada em edifícios de habitação, como se constacta na Ilustração
82.

O baluarte de S. João, defendia juntamente com o baluarte de S. Domingos o lado


nascendo do núcleo urbano. Actualmente, fragmentado. Os seus limites foram
destruídos, à excepção do troço registado na Ilustração 83. O baluarte de S. Domingos,
está localizado numa posição topográfica elevada. A demolição dos edifícios adjacentes
à muralha, permite-nos confirmar a elevada dimensão da fortificação, Ilustração 84. O
baluarte, limita uma fracção do cemitério da Nossa Senhora da Piedade e da Igreja de
São Sebastião.

Existe na periferia do antigo limite urbano seiscentista, troços de edificações que


complementavam a defesa da fortificação abaluartada, nomeadamente o hornaveque
de Jesus e o forte Velho104. A norte do núcleo histórico, ainda é reconhecível a estrutura
do Hornaveque de Jesus na malha urbana. A DGPC, refere que o estado de
deterioração da estrutura varia consoante a localização dos fragmentos da muralha.
“Outros troços surgem diluídos na malha urbana, uns mais visíveis do que outros,
consoante o local e o estado de degradação em que se encontram.” (2016, p.17) Parte
da construção seiscentista está agregada a um muro, com a função de limitar uma
propriedade, Ilustração 80.

O forte Velho, situa-se a noroeste do núcleo urbano, numa posição topográfica elevada,
próxima do baluarte de Santo Amaro. A implantação da estrutura neste local demonstra
a sua importância no sistema defensivo, visto que reforçava a defesa da fortificação
nesta zona vulnerável. Na vista aérea da cidade é possível reconhecer a edificação
apesar de estar cingida por vegetação. A Ilustração 85 retrata o avançado estado de
degradação da estrutura. Um paradigma de esquecimento do património edificado.

Na generalidade, não existe informação nos locais de interesse histórico que permita
reconhecer o património medieval e seiscentista da cidade. As edificações
anteriormente referidas, necessitam de intervenções para que não se perca o
testemunho do passado, a memória da cidade.

104 Também conhecido por forte de São Luís Gonzaga.

Inês Pinto da Cruz 101


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A salvaguarda do património, apresenta-se como um problema complexo no contexto


da cidade de Setúbal. José Hermano Saraiva menciona no documentário “O Património
de Setúbal.”, que as edificações de interesse histórico que subsistem na malha urbana,
carecem de valorização e consequentemente de intervenção. Verificámos que grande
parte dos monumentos referidos no documentário, estão inseridos na área delimitada
pelas antigas muralhas. Em seguida, abordamos sucintamente alguns dos edifícios que
requerem evidência, pela importância história ou influência no crescimento urbano.

A Casa do Corpo Santo foi edificada no século XVIII105, junto a um troço da muralha
medieval (Ilustração 88). Era a antiga Casa da Confraria dos Marinheiros e Pescadores
de Setúbal. Em 2012 o edifício foi alvo de obras pelo programa Reset – Regeneração
Urbana do Centro Histórico de Setúbal, de modo a melhorar as condições de
preservação do património edificado. Actualmente, classificado como Monumento de
Interesse Público, acolhe o museu do Barroco. No exterior do edifício, existe uma placa
com o seguinte resumo do edificado:

“Sede da Confraria dos Navegantes e Pescadores da Vila de Setúbal, encostada a uma


parte da muralha trecentista, é um monumento importante da Arte Barroca pela sua
capela. O pátio apresenta-se ornado por um silhar de azulejos, sendo o vestíbulo e a
sala de Despacho decorados com azulejos azuis e brancos. Destaque ainda para os
tectos dos “caixotões”, apresenta decoração com motivos fitomórficos 106 estilizados e
pintura na abóbada com cenas alusivas ao orango da casa, São Pedro Gonçalves Temo
(ou Santelmo), protector dos pescadores.”

O Hospital João Palmeiro, edifício do Século XV, situa-se junto à Igreja de Santa Maria
da Graça. “Trata-se do mais antigo edifício de Setúbal e foi o primeiro de natureza
assistencial desta cidade.” (Portal do Arqueólogo, 2018) Como se verifica na Ilustração
90, actualmente encontra-se devoluto. Sem o mínimo de conservação. Tal como
acontece com outros edifícios de relevância, grande parte da população desconhece a
antiga função e história deste edifício. Segundo as palavras de José Hermano Saraiva,

“Hoje é um pardieiro, lá dentro é um armazém de sucata e ferro velho, as plantas crescem


nos interstícios das pedras e não há aqui o mínimo cuidado de conservação. Todavia,
um monumento destes em qualquer lugar é precioso, são raríssimos em Portugal os
exemplares de arquitectura civil do século XV.” (SARAIVA, 1998, min.:3.57)

105De acordo com o documentário da autoria de José Hermano Saraiva, já existem registos da confraria
datados do século XIV.
106 Fitomórfico, “que tem forma de vegetal, fitomorfo” (PORTO EDITORA, 2018)

Inês Pinto da Cruz 102


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 86 - Edifícios classificados. ([Adaptado a partir de:] GOOGLE INC., 2018)

Ilustração 87 – Casa do Corpo Santo, século XIX. ([Adapatado a Ilustração 88 - Casa do Corpo Santo. (Ilustração Nossa, 2018)
partir de:] DGPC, 2016)

Ilustração 89 – Hospital João Palmeiro, 2014. ([Adaptado a partir Ilustração 90 – Ruína do hospital João Palmeiro. (Ilustração
de:] Google Inc, 2018) Nossa, 2018)

Inês Pinto da Cruz 103


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O Convento de Brancanes (Ilustração 92), segundo José Hermano Saraiva, foi


edificado no século XVII, numa colina a Sul do núcleo urbano, visto que permitia o
domínio visual sobre o rio Sado. Existem vestígios de ocupação humana na área do
convento, precedentes à sua construção. Contudo, estes valores patrimoniais não são
explorados tal como acontece noutros locais da cidade107.

“Aqui em brancanes havia grutas do neolítico onde apareceram magníficas cerâmicas


campaniformes, foram levadas daqui para o museu de Lisboa. E cada buraco que se
faça, depara com vestígios arqueológicos absolutamente preciosos, isto que está na
nossa frente, é um tesouro arqueológico por explorar.” (SARAIVA, 1998, 6.56min.)

Ao longo dos séculos, o edificado possibilitou uma diversidade de usos, “que foram
conduzindo à desvirtuação do seu propósito original, e à sua degradação material.”
(PORTUGAL. Direcção Geral do Património Cultural, 2018) Projectado como templo, foi
utilizado após o terramoto de 1755 pela edilidade108, posteriormente, usurpado devido
às invasões francesas, tendo a igreja sido destruída. Mais tarde, apropriado para
instalações militares, e entre 1998 e 2005 uma prisão. Actualmente, devoluto.

Existem edifícios históricos dispersos pela cidade, dos quais a maioria da população
desconhece a sua existência, mas que devem ser mencionados. Nomeadamente, o
Convento Manuelino de São João (Ilustração 94), que se encontra negligenciado e o
Palacete da família Feu Guião109 (Ilustração 96), que está prestes a ser reabilitado.

O processo de crescimento urbano, destruiu consideravelmente o Aqueduto dos


Arcos. Actualmente classificado com IIP110, o troço descontinuo, limita a entrada do
Parque da Algodeia, a Poente do centro histórico. Como podemos constactar na
Ilustração 98, a estrutura autoportante em alvenaria rebocada foi propositalmente
talhada para permitir a construção de edifícios de habitação, tal como a DGPC
menciona: “(…) o aqueduto de Setúbal foi parcialmente destruído pelo processo de
urbanização dos antigos arredores da cidade, dinâmica construtiva que ainda hoje se
mantém e que dificilmente tem em conta as necessidades de conservação e de
protecção do património histórico-cultural.”(Direcção Geral do Património Cultural, 2018)

107Iremos abordar no sub-capítulo “Conservação e Património”, vestígios de permanência humana noutros


locais da cidade, que foram encobertos.
Edilidade, “corporação de indivíduos que têm a seu cargo os interesses de um município”. (PORTO
108

EDITORA, 2018)
109 Edifício Setecentista, classificado como IM.
110 IIP, Imóvel de Interesse Público.

Inês Pinto da Cruz 104


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 91 – Convento de Brancanes (Postal). ([Adaptado a Ilustração 92 – Convento de Brancanes. (Ilustração Nossa,
partir de:] PORTUGAL. Portugal em Postais Antigos, 2018) 2018)

Ilustração 93 – Convento de São João, 1996. ([Adaptado a Ilustração 94 – Convento de São João. (Ilustração Nossa, 2018)
partir de:] DGPC, 2016)

Ilustração 95 - Palácio Feu Guião, 1996. ([Adaptado a partir Ilustração 96 – Reabilitação do Palácio Feu Guião. (Ilustração
de:] DGPC, 2016) Nossa, 2018)

Ilustração 97 - “Troço de Aqueduto” ([Adaptado a partir de:] Ilustração 98 – Aqueduto dos Arcos. (Ilustração Nossa. 2018)
DGPC, 2016)

Inês Pinto da Cruz 105


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O Convento de Jesus111, classificado como Monumento Nacional, localiza-se no


exterior da muralha medieval, visto ser um edifício mendicante. Como verificámos em
outros edifícios classificados, a função para a qual foram projectados inicialmente, é
alterada com o decorrer dos séculos. O edificado do convento serviu várias funções,
nomeadamente como templo das Carmelitas descalças, Hospital da Misericórdia e
posteriormente adaptado como Museu. Contudo, o monumento esteve abandonado
desde 1991, tendo sido considerado em 2013 como monumento em risco pela
federação pan-europeia de património cultural Europa Nostra. (Direção-Geral do
Património Cultural, 2018)

Como se constacta nas ilustrações, o edificado beneficiou de uma intervenção112,


projectada pelo arquitecto João Luís Carrilho da Graça113. Actualmente, o Convento foi
reconvertido num Museu. A notícia conduzida pelo jornal Público em 2015, menciona:

Os principais objectivos da intervenção agora concluída foram, segundo a Câmara de


Setúbal, criar um local com as características adequadas a que “o espólio museológico
possa ser visitado pela população de forma condigna” e “proporcionar as condições
técnicas que permitam uma maior preservação do património”. (RITO, 2018)

A Igreja de Jesus integra o conjunto edificado do Convento, também classificada como


Monumento Nacional. O enquadramento junto ao largo de Jesus permite a leitura
completa do edificado. Foi o primeiro ensaio de uma Igreja Salão no país. Caracteriza-
se pelas três naves abobadadas à mesma altura, as colunas em brecha114 da Arrábida
e o revestimento em azulejo.

Comparando a Ilustração 99 com a Ilustração 100, verificamos que o espaço urbano


sofreu grandes alterações, nomeadamente na escala do enquadramento do edificado e
na utilização do espaço público.

111Anteriormente referido, no sub-capítulo Muralha medieval e fortificação abaluartada. O convento foi


fundado em 1490 por Justa Rodrigues Pereira, a ama de D. Manuel e projectado por Diogo Boitaca.
112 Devido à continuação da intervenção no monumento, não foi possível visitar o interior do Museu.
113 João Luís Carrilho da Graça, arquitecto. Estudou na escola Superior de Belas Artes de Lisboa em
1977. O seu trabalho é bastante divulgado, tendo recebido vários prémios, dos quais: “distinguido com
“piranesi prix de rome” em 2010 pela musealização da área arqueológica da praça nova do castelo de são
jorge, o prémio “fad” em 1999 e o prémio “valmor” em 1998 pelo pavilhão do conhecimento dos mares -
expo’98, o “prémio secil de arquitectura” em 1994 pela escola superior de comunicação social de lisboa, e
nomeado para o prémio europeu de arquitectura “mies van der rohe” em 1990, 1992, 1994, 2009, 2010 E
2011, este ano pela ponte pedonal sobre a ribeira da carpinteira e pela musealização da área arqueológica
da praça nova do castelo de são jorge.” (CARRILHO DA GRAÇA, 2018)
114 Brecha da Arrábida é uma pedra comum da Serra da Arrábida.

Inês Pinto da Cruz 106


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 99 – Convento de Jesus, 1946. ([Adaptado a partir Ilustração 100 – Convento de Jesus. (Ilustração Nossa, 2018)
de:] LOPES, Madureira [et al.], p.26, 2006)

Ilustração 101 – Claustro do Convento de Jesus, 1930. Ilustração 102 – Claustro do Convento de Jesus. ([Adaptado a
([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et al.], p.87, 1992) partir de:] RITO, 2015)

Ilustração 103 – Igreja de Jesus, 1940. ([Adaptado a partir de:] Ilustração 104 – Igreja de Jesus, 2013. ([Adaptado a partir de:]
LOPES, Madureira [et al.], p.23, 1992) SIPA, 2016)

Inês Pinto da Cruz 107


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O edifício dos Paços do concelho, classificado como IM115, situa-se junto do largo do
Bocage. Segundo o Município de Setúbal, o edifício foi alvo de várias reabilitações,
devido a estragos causados por fenómenos naturais116. No século XVI funcionavam
organismos de administração, como o Paço do Trigo, a Cadeia e os Açougues.
Posteriormente, no século XIX, o edifício foi ampliado de modo a permitir o
funcionamento da Câmara Municipal, Tribunal e Repartição da fazenda. Em 1910, o
edifício ficou destruído devido a um incêndio, Ilustração 105. O projecto de reabilitação
foi feito pelo arquitecto Raul Lino117. Actualmente, funcionam os serviços de
Administração Geral e Finanças. (MUNICIPIO PARTICIPADO, 2018)

No antigo edifício do Banco de Portugal, situado na avenida Luísa Todi, actualmente


funciona a Galeria Municipal (Ilustração 108). O edificado está classificado como MIM118,
de acordo com o Jornal Setúbalmais:

“O edifício assumiu o estatuto de sede do poder financeiro local e a sua construção,


concluída em 1928, resulta do desenvolvimento socioeconómico verificado no início do
século XX, que conduziu à elevação de Setúbal de distrito em 22 de Dezembro 1926.
Além das razões históricas, a autarquia sadina justifica a classificação com o valor
artístico e arquitectónico do imóvel que alberga actualmente a Galeria Municipal do
Banco de Portugal, um edifício, com projecto de Arnaldo Adães Bermudes 119”
(Setubalmais, 2015)

O Forte de São Filipe120, classificado como MN, localiza-se na Serra da Arrábida a


poente da cidade (Ilustração 109). Actualmente, no interior da estrutura defensiva, existe
uma pousada que substitui a antiga funcionalidade dos edifícios militares destruídos
após um incêndio em 1868. A capela barroca, permanece conservada no interior do
edificado. (PORTUGAL. Direção-Geral do Património Cultural, 2018)

115 IM, Interesse Municipal.


116O terramoto de 1755 causou danos que obrigaram a transferência do arquivo para o Convento de
Brancanes.
117Raul Lino (1879 – 1974), arquitecto. “Raul Lino formalizou algumas das questões estilísticas que se
encontravam em aberto e deu um contributo decisivo para a elaboração de um programa futuro, mais tarde
passado à escrita em A nossa casa: apontamentos sobre o bom gosto na construção de casas simples
(1918) e Casas portuguesas: alguns apontamentos sobre a arquitectura de casas simples (1933).”
(GULBENKIAN, 2018)
118 MIM, Monumento de Interesse Municipal.
119Adães Bermudes (1864 – 1948), arquitecto e professor. “Concretizou ainda diversas atividades de
conservação e restauro de monumentos nacionais, como o Palácio de Sintra, de Mafra e de Queluz, a igreja
do Mosteiro dos Jerónimos, o Museu Nacional de Arte Antiga e vários outros trabalhos.” (PORTO EDITORA,
2018)
120 Referido anteriormente, no sub-capítulo Muralha e Fortificação.

Inês Pinto da Cruz 108


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 105 – Paços do Concelho, depois do incêndio de Ilustração 106 – Paços do Concelho. (Ilustração Nossa, 2018)
1910. ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et al.] ,p.16,
1992)

Ilustração 107 – Antigo banco de Portugal, visto da porta da Ilustração 108 - Galeria Municipal. (Ilustração Nossa, 2018)
Ribeira velha. ([Adaptado a partir de:] Roteiro de Setúbal,
2014)

Ilustração 109 - Forte de São Filipe, 1949. ([Adaptado a partir Ilustração 110 – Forte de São Filipe. (Ilustração Nossa, 2018)
de:] DGPC, 2016)

Ilustração 111 – Casas adoçadas ao Forte de São Filipe. Ilustração 112 – Interior do Forte de São Filipe. (Ilustração Nossa,
([Adaptado a partir de:] DGPC, 2016) 2018)

Inês Pinto da Cruz 109


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 113 – Edifício Balnear na antiga Rua da Praia. Ilustração 114 – Avenida Luísa Todi. ([Adaptado a partir de:]
([Adaptado a partir de:] PINHO, 2010). Herrmann, 2018)

Ilustração 115 – Aspecto do interior do Teatro Luísa Todi, Ilustração 116 – Interior do Fórum Municipal Luísa Todi.
demolido em 1956. ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira ([Adaptado a partir de:] FÓRUM MUNICIPAL LUÍSA TODI, 2018)
[et al.], 2006, p.51,)

Ilustração 117 - “O elegante café La Violette – Casa das Águas Ilustração 118 - Caixa Geral de Depósitos. (Ilustração Nossa,
(com a fachada em azulejos), na Avenida Luísa Todi, entretanto 2018)
demolido para dar Lugar à actual Caixa Geral de Depósitos,
1939.” ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et al.], 2006,
p.57,)

Inês Pinto da Cruz 110


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A qualidade construtiva, espacial e, sobretudo, o valor simbólico associado aos edifícios


monumentais leva a que estes sejam tendencialmente preservados, sucessivamente
reapropriados e reutilizados por diversas culturas ao longo do tempo. A essência da sua
forma e da sua função é assim preservada durante longos períodos, em contraste com
os anónimos edifícios comuns cuja construção e destruição faz parte do ritmo urbano de
“curta duração”. (Coelho [et al], 2014, p.142)

Após o estudo do referido património histórico, concluiu-se que o rápido crescimento


urbano sacrificou importantes testemunhos da memória da cidade, edifícios e espaços
urbanos de valor simbólico para a população por serem parte integrante e constante na
história do crescimento urbano.

É importante referir, que a falta de valorização do património também advém da perda


de identificação da população com a cidade, edifícios que são demolidos sem
comprometerem a segurança pública e que tinham valor para a memória colectiva da
população. Nomeadamente, troços do aqueduto dos arcos, o edifício de apoio balnear121
projectado pelo arquitecto Ventura Terra122 (Ilustração 113), o teatro Luísa Todi123
(Ilustração 115), o café La Violette124 (Ilustração 117), entre outros.

Existe uma fracção do edificado que se mantém incógnito para a população e sem a
devida preservação, nomeadamente parte da estrutura da muralha e da fortificação,
assim como edifícios singulares como o hospital João Palmeiro. Contudo, confirmámos
que o património arquitectónico classificado foi alvo de programas de reabilitação. No
exterior dos edifícios adicionaram placas informativas com a finalidade de elucidar a
população da valorização histórica do edificado.

Concluímos que existe uma crescente inquietação por parte das entidades camarárias
com o futuro do edificado da cidade. Surgem novas imposições que controlam o modo
de intervir no centro histórico de modo a preservar as características do lugar, do
edificado e do património arqueológico.

121O edifício de apoio balnear, estava localizado na Rua da Praia (actual Avenida Luísa Todi). “Naquela
época a ida à praia era bem diferente do que é hoje, exigindo edifícios com programas arquitectónicos
específicos. Era imprescindível a existência de uma tipologia que contemplasse espaços individuais para
que os banhistas pudessem trocar de roupa, sem que houvesse qualquer vislumbre do corpo por parte de
olhares alheios”. (PINHO, 2010)
122Ventura Terra (1866 – 1919), estudou arquitectura na Academia Portuense de Belas-Artes. Projectou
edifícios de habitação, palacetes, pavilhões e equipamentos urbanos, entre outros. Ganhou quatro vezes o
prémio Valmor de Arquitectura.
123 Anteriormente referido no sub-capítulo, Área Ribeirinha e Indústria.
124 Uma das portas da cerca medieval fazia parte da estrutura do edifício.

Inês Pinto da Cruz 111


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz 112


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

3.3. CONSERVAÇÃO E PATRIMÓNIO

Abordar a cidade na sua dimensão construída requer que esta seja considerada um
objecto imperfeito. Esta noção deve remeter para as duas facetas da expressão:
imperfeita porque mal feita; e imperfeita porque inacabada.

Quando se remete a cidade para o conceito de obra de arte, consideramo-la de modo


integral, isto é, um objecto que nos comove em todas as dimensões do construído e da
paisagem. Tudo o que esteticamente se revela próximo do exemplar, que tem a
capacidade de absorver, atenuar e integrar aquilo que não vemos assim.

Quando se remete a cidade para o conceito de objecto sempre inacabado,


reconhecemos-lhe a natureza de artefacto humano que procura sempre expressar os
valores de um determinado momento, mas efectivamente é sempre um objecto vetusto
e obsoleto. (Choay apud Coelho [et al], 2014, p.30)

Françoise Choay125 menciona na citação que as cidades são intemporais, que reflectem
a complexidade cultural e as ideologias de várias épocas. No caso de Setúbal, o espaço
urbano sofreu transformações constantes, que influenciaram o modo de viver a cidade.
Deparamo-nos cada vez mais com a necessidade de, ao intervir no edificado, manter
os testemunhos do passado, a sua memória.

A cidade está repleta de estruturas do desenvolvimento do núcleo urbano, que poderiam


caracterizar a identidade de Setúbal. Nomeadamente as preexistências romanas,
ocultas no subsolo.

O MAEDS126 afirma na revista “Caetobriga. O sítio Arqueológico da Casa dos Mosaicos”,


que foram feitas intervenções no espaço urbano, nas quais se descobriram memórias
determinantes da ocupação humana. O espaço da Praça do Bocage127, em particular,
por estar junto ao rio, foi decisivo para o desenvolvimento do núcleo urbano.

O projecto “Preexistências de Setúbal” recuperou o passado romano guardado no


subsolo da cidade não só para a comunidade científica, mas principalmente para a
população. As escavações na Praça de Bocage foram a maior exposição a céu aberto
alguma vez realizada sobre a história urbana, da Época Romana à Idade
Contemporânea. (Soares, 2018)

125Françoise Choay (1925), historiadora e professora de urbanismo, arquitectura e arte na Université de


Paris VIII. Publicou diversos estudos sobre arquitectura e urbanismo.
126 MAEDS, Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal.
127 Abordado no primeiro subcapítulo “Muralha e Fortificação”.

Inês Pinto da Cruz 113


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Na Ilustração 119, é possível apurar que nas obras de repavimentação da Praça do


Bocage foi descoberta uma fábrica de salga de peixe. De acordo com o Portal do
Arqueólogo, em 1979 também foram realizadas escavações na Travessa Frei
Gaspar128, no edifício contíguo a Caixa Geral de Depósitos.

As escavações revelaram estruturas de meados do séc. I d.c., provavelmente


habitacionais. Posteriormente, no último quartel do séc. I, foi construída no local uma
fábrica de salga de peixe de que são visíveis catorze tanques com diversas dimensões,
dispostos em duas fiadas paralelas, organizados em torno de um pátio. Abandonada no
séc.IV, a fábrica de salga voltou a ser utilizada no séc.V. Nº CNANS 6956: vestígios, no
actual subsolo urbano, relacionáveis com actividades portuárias na antiga praia fluvial.
(Portal do Arqueólogo, 2018)

Joaquina Soares, refere que estas escavações arqueológicas tiveram impacto no hábito
social da população. “A arqueologia desceu à rua, inspirou conversas de café,
espetáculos de teatro, artigos de jornais. De alguma forma, a arqueologia urbana,
nomeadamente através da recuperação da memória urbana romana, criou um espaço
de antítese do conflito social, ou seja, um fórum de cidadania.” (Soares, 2000, p.109)
Contudo, as ruínas descobertas na Praça do Bocage, foram novamente cobertas.
Grande parte da população desconhece a existência dos achados arqueológicos no
local.

Provavelmente existem vários vestígios arqueológicos no subsolo da cidade por


descobrir, visto que as obras de reabilitação, não envolvem escavações arqueológicas.
Teoricamente, nas construções em que se suspeita que poderá haver risco de
destruição do património arqueológico, verifica-se a necessidade de incluir arqueólogos
nas equipas de projecto. No entanto, suspeita-se que alguns trabalhos de reabilitação,
que não implicam intervenções no solo, possam na verdade pôr em risco a salvaguarda
do património arqueológico.

Na década actual, o centro histórico de Setúbal, praticamente transformado em centro


comercial, voltou a entrar em declínio físico e económico. […] O número de escavações
arqueológicas diminuiu, por conseguinte. Informação relevante de carácter arqueológico
desaparece nas referidas operações de reabilitação. Vestígios arqueológicos subaéreos,
geralmente de idade pós-romana, não chegam a ser minimamente documentados; as
camadas superiores do subsolo urbano, de idêntica cronologia, desaparecem ou são
completamente perturbadas pela habitual substituição de pavimentos e canalizações.
Tais situações apelam para uma rápida revisão e pormenorizada definição do objecto da
arqueologia urbana. (Soares, 2000, p.110)

128 Classificado como Imóvel de Interesse Público.

Inês Pinto da Cruz 114


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 119 - Descobertas Arqueológicas. ([Adaptado a partir de:] LOPES, Madureira [et al.], p.45, 2006 ; SOARES, Joaquina ;
SILVA, Carlos Tavares da, pp. 17 – 18, 2018 ; GOOGLE INC., 2018)

Inês Pinto da Cruz 115


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

A prática arqueológica em Setúbal, é controversa. Existem diversos factores que


impedem os estudos arqueológicos e a sua divulgação, nomeadamente as intervenções
que podem, na ignorância ou de modo propositado, danificar os testemunhos do
passado. Como é referido no “Manual de boas práticas de intervenção no património
histórico do Concelho de Setúbal”129, editado pela CMS:

O património arqueológico constitui-se como um elemento essencial para o


conhecimento da história e da cultura dos povos, testemunhando a sua evolução.
Encontra-se gravemente ameaçado de destruição, não só pelos riscos naturais, como
pela multiplicação de grandes ocupações urbanas, levadas a cabo, na maioria das vezes,
sem qualquer respeito pelas preexistências. A falta de prospecções arqueológicas
prévias, ou mesmo as escavações clandestinas ou desprovidas de carácter científico,
também ditam a destruição de potenciais achados arqueológicos ou, pelo menos, do seu
devido estudo e divulgação. Constata-se que, neste aspecto, o público em geral se
encontra ainda bastante desconhecedor dos procedimentos legais ou devidos, no que
se refere à necessidade de se proceder a prospecções arqueológicas no âmbito de
determinadas intervenções em edifícios localizados nos centros históricos. A
preservação do património arqueológico cabe não só à administração, com a promoção
de medidas reguladoras, mas também à população, a quem incumbe a protecção do seu
espólio cultural. (2018, p.70)

São escassos os locais na cidade, que possibilitam visitar vestígios130 do antigo núcleo
urbano romano. Não existe a articulação entre as descobertas no subsolo e o edificado
contemporâneo, à excepção das ruínas encontradas no posto de Turismo da ERTRL131,
localizado na Travessa Frei Gaspar. Como se pode constactar na Ilustração 119, o
pavimento em vidro permite que os visitantes possam relacionar-se com as ruínas
romanas, deslocando-se sobre as mesmas.

Contudo, a reabilitação do edificado do centro histórico de Setúbal, é encarada como


uma prioridade, visto que é necessário preservar a identidade urbana. As legislações
criadas que condicionam a intervenção no património edificado, têm como finalidade, a
protecção da tipologia urbana da malha consolidada, para que esta não seja
descaracterizada.

129O “Manual de boas práticas de intervenção no património histórico do Concelho de Setúbal” é uma
publicação que elucida e impõe regras de intervenção no edificado do centro histórico.
130Os artefactos encontrados são expostos no Museu de Arqueologia e Etnografia do distrito de Setúbal,
localizado junto à Avenida Luísa Todi.
131 ERTRL, Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa.

Inês Pinto da Cruz 116


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Reabilitação

As nossas cidades vão assistindo à degradação progressiva das suas estruturas


urbanas, dos seus edifícios, dos seus espaços exteriores.

Uma degradação decorrente do envelhecimento próprio, da sobrecarga de usos, ou


ainda do desajustamento dos desenhos da sua organização a novos modos de vida.

Por isso, torna-se imprescindível o desenvolvimento de processos de reabilitação urbana


integrada, racionalizando recursos e evitando intervenções dispersas que possam
revelar-se contraditórias. (Portal da habitação, 2016)

A reabilitação confronta-nos incontestavelmente com a essência do objecto


arquitectónico, contudo, certas intervenções no centro histórico não respeitam os
valores culturais do edificado. “Devemos ter presente o sentido da continuidade
temporal, num diálogo que deve estar sempre entre o passado e o futuro, encarando-
se o presente apenas como um veículo de transmissão.” (Tomé, 2014, p.218)

O centro histórico está compreendido na Área de Reabilitação Urbana. A Câmara


Municipal de Setúbal, cedeu-nos a planta (Ilustração 120) que contém os limites da
ARU. De acordo com o Município, esta área encontra-se dividida pelas épocas de
desenvolvimento urbano e pelas suas características morfológicas, nomeadamente,
núcleo medieval (baixa), núcleo seiscentista (bairro do troino, avenida 5 de Outubro e
avenida Luísa Todi), a área de protecção à muralha seiscentista, o Bairro Salgado e a
Zona Ribeirinha. (ARU, 2015, p.11)

As estratégias para o desenvolvimento territorial desta zona incluem:

1 - A Valorização/ Reabilitação do Centro Histórico de Setúbal;

2 - Promoção e dinamização do comércio na Baixa;

3 - Reestruturação e reabilitação da frente ribeirinha tendo em vista uma utilização


partilhada por residentes e visitantes.

4 - Identificação e programação da reutilização do património edificado;

5 - Manutenção e conservação das habitações e qualificação do espaço público. (ARU,


2015, p. 14)

Inês Pinto da Cruz 117


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Regularmente, as intervenções no edificado do centro histórico comprometem as


características do traçado exterior dos edifícios, assim como o seu interior para que
sejam cumpridos os requisitos mínimos de habitabilidade.

O “Manual de boas práticas de intervenção no património histórico do Concelho de


Setúbal”, foi formulado com o intuito de ser uma ferramenta de apoio à população.
Estabelece regras sobre o modo de intervir e conservar o edificado do centro histórico.

As ampliações de edifícios antigos são, muitas vezes, quase inevitáveis, pois, para que
não se tornarem obsoletos, é necessário dotá-los de melhores condições de
habitabilidade e salubridade. Contudo, estas intervenções carecem de um cuidado
extremo quando são feitas em edifícios situados nos centros históricos, pois podem pôr
em causa a integridade estética, histórica e cultural do conjunto edificado. (SETÚBAL.
Câmara Municipal. Gabinete dos Centros Históricos, 2018, p.70)

Determinaram-se pontos fulcrais que regulam as intervenções exequíveis nos edifícios.


Particularmente, alterações altimétricas (transformação do traçado da fachada e as
consequências na envolvente), métodos construtivos e anomalias, revestimentos,
elementos de composição da fachada (caixilharias, guarnições, portas, portadas,
guardas) e as limitações na utilização de elementos publicitários e decorativos.

Focando-nos na leitura critica dos edifícios classificados do núcleo urbano histórico,


concluímos que as alterações feitas no esquema cromático dos alçados, não
corresponde à cor dos antecedentes, acabando por o edifício se destacar da envolvente.
Os edifícios representados na Ilustração 120 representam estas alterações, o antigo
Banco de Portugal, os Paços do Concelho, o edifício de restauração contíguo ao plano
da muralha medieval, a Biblioteca Municipal, a Casa da Baía132 e o Museu do Trabalho
Michel Giacometti133.

132Na Casa da Baía estão a funcionar serviços ligados ao turismo, nomeadamente o Gabinete de Turismo
da Câmara Municipal de Setúbal, o Posto de Informação Turística, Confrarias de Queijo de Azeitão e do
Moscatel de Setúbal e a Associação da Baía de Setúbal. O edifício classificado como Património Municipal
é do século XVIII. (CASA DA BAÍA ,2018)
133“ O Museu do Trabalho Michel Giacometti está instalado no edifício da ex-fábrica Perienes, constituído
por cinco andares e integrado num antigo bairro de pescadores, salineiros e operárias conserveiras. O
museu dedica-se dominantemente ao património industrial e ofícios urbanos ligados ao comércio, serviços
e às antigas fábricas de conserva e litografias sediadas no concelho de Setúbal, possuindo ainda uma
coleção de alfaias agrícolas (Michel Giacometti) e de ofícios tradicionais.” (DGPC, 2018)

Inês Pinto da Cruz 118


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 120 – Edifícios Classificados nos limites da ARU. (ARU, 2015 ; TRIPADVISOR, 2018 ; SETÚBAL. Câmara Municipal, 2018)

Inês Pinto da Cruz 119


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Leitura Crítica Urbana

O traçado do centro histórico da cidade, reflecte as transformações urbanas que


sucederam durante os séculos. Contem vestígios arquitectónicos de várias escalas, de
diferentes épocas e distintas funções, elementos benéficos para dignificar a cidade,
contudo dissuadidos no contexto urbano.

A leitura critica do espaço urbano, através da análise SWOT134, permitiu-nos decompor


as características da cidade em quatro grupos: pontos fortes, pontos fracos, ameaças e
oportunidades. A reflexão recaiu sobre a frente ribeirinha, o edificado, a utilização do
solo e a mobilidade.

A proximidade do núcleo urbano com o rio é um benefício, no entanto, é evidente que


não existe um traçado que regule a frente ribeirinha. Actualmente, a frente urbana é
composta na maioria por armazéns, jardins, docas, estacionamento e edificado de apoio
às atividades marítimas, (grande parte degradado). A reestruturação da frente ribeirinha
e a alteração de algumas das funções do edificado, permitiriam que a população
beneficia-se da proximidade com o rio e a cidade se desenvolve-se articulada com o
turismo.

A estrutura urbana do centro histórico é caracterizada por ruas estreitas. Os edifícios


são compridos, sem logradouro e têm na maioria dois a três pisos de altura. No centro
histórico, está inserido “um vasto património arquitectónico que inclui imóveis
classificados como monumentos nacionais, de interesse publico, e de interesse
municipal, e uma arquitectura de conjunto, cuja homogeneidade e natureza histórica ou
cognitiva, permite considerá-la com valor cultural a merecer a nossa atenção” (Tomé,
2014, p.248)

Na área correspondente ao centro histórico medieval, tem se verificado a alteração das


funções do edificado, nomeadamente, a substituição do uso habitacional pelo uso
comercial (restauração, hostels e lojas). Naturalmente, algumas intervenções realizadas
descaracterizaram o edifício e o contexto em que está inserido. O núcleo histórico,
gradualmente torna-se numa zona estritamente comercial, consequentemente, surge a
preocupação que no futuro possa estar abandonado.

134 SWOT: Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats.

Inês Pinto da Cruz 120


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

O património cultural, é parte integrante e indispensável para a história e


desenvolvimento da cidade. Verifica-se gradualmente a necessidade de intervir e
conservar o edificado, contudo, é possível que parte do património seja perdido caso
não haja rapidamente uma intervenção.

A cidade necessita de equipamentos que possibilitem a elaboração de eventos,


conferências, ou actividades e que envolvam um elevado número de pessoas. Um
elemento que se caracterizasse por ser um marco na cidade e promova o turismo.

Contudo a mobilidade urbana tem melhorado progressivamente. Existem alternativas à


utilização do automóvel, particularmente: os transportes públicos (autocarro e comboio),
a mobilidade pedonal e há locais na cidade, onde existe a facilidade de utilizar
bicicleta135. Seguidamente apresentamos uma tabela que sintetiza esta crítica urbana.

Tabela 7 – Análise SWOT.

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS


A
N Proximidade com o rio Porto
Á Topografia Ruínas Industriais

L Património Cultural Conservação e Reabilitação do património


Mobilidade Distribuição Urbana
I
Escala Humana Falta de Equipamentos de grande escala
S
E OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Frente Ribeirinha Perda do Património


S Património Cultural Abandono do centro histórico
W Marcos Maior Segregação
O Porto Descaracterização
T Centro Histórico
Espaços Verdes

135 “A Câmara Municipal de Setúbal recebeu no dia 20, em Lisboa, o Prémio Nacional “Mobilidade em
Bicicleta” atribuído pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, pelo trabalho
desenvolvido na promoção do uso deste meio de transporte.” (SETÚBAL, 2018)

Inês Pinto da Cruz 121


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Embora a clareza ou legibilidade não seja de modo algum a única característica


importante de uma cidade bela, a sua relevância adquire um significado especial quando
se observam arredores na escala urbana de tamanho, tempo e complexidade. Para
compreender isto temos de considerar a cidade não como algo em si mesmo, mas como
objecto da percepção dos seus habitantes. (LYNCH, 2008, p.11)

No livro “A Imagem da Cidade”, Kevin Lynch formula as partes constituintes de uma


cidade e o modo como a população entende a sua imagem, ou seja, a legibilidade
urbana. São mencionados pontos fulcrais que estruturam e facilitam a leitura do
território, os limites, os marcos, os caminhos e os bairros. A Ilustração 121,
representa a nossa leitura da cidade de Setúbal através destes conceitos.

Os limites, são constituídos por quebras físicas ou visuais entre dois espaços distintos.
Podem ser considerados barreiras que dividem e segregam espaços ou como
elementos que os interligam, pela particularidade de marcarem uma direcção. No caso
de Setúbal, os limites urbanos são marcados a Sul pelo rio Sado e a Nascente pela
Serra da Arrábida. São elementos que não permitem a permeabilidade urbana. Contudo,
serviram de orientação para a expansão urbana para norte e poente.

Os marcos, são elementos com características particulares que se destacam do meio


envolvente onde estão inseridos ou que possibilitam (devido à sua escala) ser
observados a partir de vários locais da cidade. São considerados referências para as
pessoas se localizarem no meio urbano. Em Setúbal, seleccionamos cinco marcos. A
praça do Bocage, pela escala do vazio em relação ao edificado envolvente e por conter
no centro a estatua de Bocage. O auditório José Afonso, pela sua escala e
características arquitectónicas contemporâneas que o distinguem de todo o edificado
da cidade. O Convento de Jesus, por ser um símbolo histórico no contexto urbano. O
estádio do Bonfim, por ser uma referência para a população e o Cemitério da Piedade,
pelo impacto da sua escala em relação à envolvente.

Os caminhos, são elementos relevantes do espaço urbano por permitirem, a quem se


desloca, a conceção de uma imagem urbana. Na Ilustração 121, dividimos o conceito
de caminhos em avenidas e vias. As avenidas, são os elementos principais de
deslocação e que têm uma grande escala, nomeadamente, a Av. Luísa Todi e a Av. 5
de Outubro. No traçado das vias, representámos os elementos secundários, mas com
importância para a circulação na cidade, nomeadamente, a av. Jaime Rebelo, a av. 22
de Dezembro, a av. General Daniel de Sousa, a av. Manuel Maria Portela e a av. Bento
Gonçalves.

Inês Pinto da Cruz 122


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Ilustração 121 – A imagem urbana de Setúbal. (Ilustração Nossa, 2018)

Os bairros, são uma área homogénea da cidade, em que o edificado tem características
semelhantes em relação ao restante espaço urbano. Na planta separamos os bairros
do núcleo histórico, devido à funcionalidade e características distintas. Os bairros, são
locais maioritariamente habitacionais. Por terem sido construídos posteriormente ao
centro histórico, relevam tipologias arquitectónicas distintas e escalas maiores. O núcleo
histórico, maioritariamente comercial, é caracterizado por uma construção densa. As
ruas são estreitas, e as tipologias arquitectónicas semelhantes.

“Cada individuo tem uma imagem própria e única que, de certa forma, raramente ou
mesmo nunca é divulgada, mas que, contudo, se aproxima da imagem pública e que,
em meios ambientes diferentes, se torna mais ou menos determinante, mais ou menos
aceite. Esta análise limita-se aos efeitos dos elementos físicos perceptiveis. Há também
outros factores influenciadores da imagem, tais como o significado social de uma área,
a sua função, a sua história ou, até, o seu nome.” (LYNCH, 2008, p.51)

Revelou-se essencial representar na planta os jardins, pelas qualidades espaciais que


estes conferem ao espaço urbano e à imagem da cidade. Assinalamos o jardim contíguo
à praia da Saúde, o jardim Engenheiro Luís da Fonseca, ambos junto ao rio, o jardim do
bonfim e o parque da algodeia. A Ilustração 121, representa a nossa leitura urbana.
Revela a percepção intrínseca da imagem da cidade, podendo não ser reconhecida
como a verdade para outros indivíduos, visto que cada pessoa configura a sua própria
imagem urbana.

Inês Pinto da Cruz 123


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz 124


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação, possibilitou-nos redescobrir a cidade de Setúbal. Através da


leitura do espaço urbano, em diferentes momentos cronológicos, foi possível reconhecer
a influência do tempo e dos ideais de cada época no traçado urbano. A cidade, deve ser
compreendida como um objecto em constante transformação. A intemporalidade da sua
forma urbana, sucede do diálogo entre o passado e o presente, da adição, subtração e
articulação entre o conjunto dos elementos urbanos.

O objecto de estudo, revela três momentos fundamentais, que influenciaram a imagem


da cidade, nomeadamente, as muralhas, a implantação da indústria e a cidade do século
XX até à contemporaneidade. Compreender a origem do traçado urbano permite,
fundamentalmente, construir um futuro articulado com a memória urbana.

O primeiro momento, é marcado pelo limite imposto pela muralha medieval no território,
que condicionou o desenvolvimento do núcleo urbano e determinou a sua organização
espacial. A área delimitada pela fortificação, tornou-se rapidamente insuficiente dado o
crescimento urbano. No entanto, a expansão da vila para o exterior, provocou a perda
de funções para a qual tinha sido projectada. A muralha foi fragmentada de modo a
permitir a criação de novos eixos urbanos, que facilitassem a circulação entre o interior
e o exterior do núcleo medieval.

Com a Restauração da Independência, surgiu um novo limite urbano que reforçou o


sistema defensivo de Setúbal. Os novos ideais de funcionalidade urbana,
sobrepuseram-se ao racionalismo da estrutura medieval. O lugar, sofreu alterações
morfológicas que alteraram as características naturais do terreno. O perfil natural da
frente ribeirinha, foi substituído por uma estrutura artificial.

O segundo momento que impulsionou o crescimento urbano, foi o aparecimento da


indústria. Revelou-se, um período de constantes transformações no traçado da cidade.
É construída a artéria principal de circulação, a avenida Luísa Todi, que articula duas
realidades temporais distintas, o núcleo histórico consolidado e o edificado
contemporâneo junto à doca Delpeut. A sobreposição de malhas, reflecte a expansão
sem um plano de ordenamento. Os bairros foram construídos, consoante a localização
das fábricas e a necessidade dos habitantes. No entanto, o rápido desenvolvimento
industrial, teve como consequência a deterioração do espaço urbano.

Inês Pinto da Cruz 125


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Assim, o desenvolvimento da cidade foi comprometido pela falta de planeamento do


lugar.

O terceiro momento, representa as ideologias e preocupações da imagem da cidade,


durante o século XX e XXI. O espaço urbano era entendido como uma estrutura que
deveria adaptar-se às novas funções e necessidades da população. Foi construido um
novo porto que substituiu a pequena escala da doca Delpeut, redigiram-se planos de
ordenamento com o intuito de corrigir a estratificação da malha urbana e de modo a
minimizar os problemas de habitabilidade presentes na cidade.

Este estudo, permite-nos concluir que a desordenada evolução urbana, provocou uma
destruição irreversível de parte da herança histórica. Sacrificou importantes
testemunhos da memória urbana, que poderiam caracterizar a sua identidade.

No futuro, devemos questionar-nos se a perda de um determinado elemento urbano,


implica a descaracterização do lugar e sacrifica a memória colectiva da população. É
importante referir, que a salvaguarda do património cultural existente deve ser uma
prioridade. Devemos contribuir para que a memória da nossa cidade perdure no tempo.
O património são as fundações em que assenta o futuro da cidade – Setúbal.

Inês Pinto da Cruz 126


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

REFERÊNCIAS

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de 1974. Coimbra : Coimbra University Press. ISBN 9789728704766.

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FRANCO, Hugo (2009) - "Continuo a orgulhar-me da minha arquitectura do bairro".


Expresso [Em linha]. (21 Mai. 2009). [Consult. 14 nov. 2018]. Disponível em
WWW:<URL:https://expresso.sapo.pt/actualidade/continuo-a-orgulhar-me-da-minha-
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Inês Pinto da Cruz 137


Setúbal : Memória e Identidade Urbana

SETÚBAL. Câmara Municipal (2018) – Equipamentos Turísticos Municipais. [Em linha]


Setúbal. Camâra Municipal de Setúbal. [Consult. 03 Out. 2018] Disponível em WWW:
<URL: https://www.mun-setubal.pt/equipamentos/#1528971872233-7d71bab6-9f11>.

CASA DA BAÍA (2018) - Casa da Baía [Em linha]. Setúbal : Casa da Baía. [Consult. 14
Out. 2018]. Disponível em WWW:<URL: http://visitsetubal.com.pt/casa-da-baia/>.

LUÍS CASAL RIBEIRO - ARQUITECTURA E URBANISMO (2014) - Luís Casal Ribeiro


- Arquitectura e Urbanismo Lda [Em linha]. Lisboa : CR – Arquitectura e Urbanismo.
[Consult. 14 nov. 2018]. Disponível em WWW:<URL: http://www.cr-arquitetos.com/cr-
arquitetos/>.

Inês Pinto da Cruz 138


ANEXOS
Tabela das Indústrias136

136 Fonte: Lopes, José M.; Pereira, Alberto M. S., 2015, Pp. 296 -314
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Tabela de Indústrias

Inês Pinto da Cruz 141


Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Inês Pinto da Cruz 142


Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

TABELA DAS INDÚSTRIAS

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Rua Guilherme
Abel Maria Alegria Gomes 1926 1935 Bandani; Dandy; Babino
Fernandes

Abel Maria Sadina Praia do Seixal 1926 1935 Bandani; Dandy; Babino

Ádão Polónia Estrada da Classic; Fameuse; Invencível;


___ 1942 1965
& C.ª , Lda Graça, 208 Popular

Adler & C.ª


(activa em ___ ___ ___ ___ ___
1903)

Afonso A Minhota Avenida Todi, 1908 1916 ___


António Vale 28

A.Gallè
(activa em ___ ___ ___ ___ ___
1903)

Doca antiga
Agostinho,
___ (Futura Doca 1891 1897 ___
Chagas & C.ª
Delpeut)

Ahrens Novaes; Amélie; Atlantide;


Ahrens Avenida Todi,
___ 1924 1932 Íris; Lux; Préférées dês Gourmets;
Novaes, Lda. 356
Rex

A Iniciativa, Estrada do Viso 1919 1921


___ ___
Lda.

Alberto Travessa da 1932 1934


___ ___
Correia Rasca

Alberto Gizela Estrada da 1911 1981 Alsori; Baisers du Portugal;


Soares Rasca Beautiful; Gizela; Gold Coin; Gold
Ribeiro, Lda Leaf; Honesty Pays; La Porteña,
Les Argonauts; My One; The
Argonauts; 137

143
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Albert Ponte do Avenida Todi,


1902 1929 ___
Rouillè, Lda Carmo 414

Alcobaça & Rua da


Vera Cruz 1924 1926 ___
Cª Brasileira
A. Leite
Ferreira
___ ___ ___ ___ ___
(ativa em
1914)

Alluia, Farol
Vitoriosa ___ 1917 1919 ___
& C.ª

Algarve Rua dos Al-Grabh; Cine; Coral; Flora; Nice;


Exportador, ___ Trabalhadores 1927 1971 Nicette; Royal; Tríade.
Lda do Mar, 2

Mártire da
Álvaro, Rosa.
cidade de Praia da Ribeira 1919 ___ ___
Lda
Setúbal

Estrada da 1908 1932


Alves & C.ª Liberal ___
Graça

Alves
Correia, Lda
___ Vila Maria ___ ___ ___
(activa em
1918)

Alves,
Rua Oriental Do Alves e Fragoso; Lili; Madelaine;
Fragoso & Aurora 1894 1911
Mercado Palmira.
C.ª

Alves,
Rua Oriental Do Alves e Fragoso; Lili; Madelaine;
Mendanha & Aurora 1912 1967
Mercado Palmira.
C.ª, Lda

Andorinha, Hirondell Travessa da 1914 1928


___
Lda Anunciada

144
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Andorinha,
Glória Estrada do
Fernandes & 1918 1920 ___
Compensadora Viso
C.ª,Lda

Andrade, Alves & Parque das


Santa Rita 1918 1920 ___
C.ª Escolas

Rua
Ange Aleno ___ Rodrigues de 1917 1926 ___
Freitas

Bocage; C. Industrielle;
Cristophe Colomb; Cristóvão
António Doca Delpeut
___ 1896 1909 Colombo; Fleur de Nantes; Lé
Ascenção & C.ª e Fontainhas
Kerbéc; Les Superles;
W.Gruis.

António Azeda & Esperança Saboaria 1899 1906 ___


C.ª

António Carlos Santa Rita Bairro Melo 1926 1931 Dundee; La Sadine
Ribeiro

António Carmo
Provisório (ativa ___ ___ ___ ___ ___
em 1916)

Rua Camilo
Castelo
António Fradique, Branco, 4 e
Alice 1927 1932 Calipolense; L´Irreprochable
Lda Rua
Rodrigues de
Freitas

António Henrique Rosária Rua General 1918 1939 Beauté; Eglantina Costa;
Costa (sucessor Gomes Freire Rosária.
de Costa, Rosa &
C.ª)

António M. Arrábida Saboaria 1905 1908


___
Vagueiro & C.ª

145
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Outão Rua Camilo 1918 1935 Salácia; Torre do Outão


António Nunes
Castelo
Júnior
Branco

António Viana
___ ___ ___ ___ ___
(activa em 1915)

Rua Camilo
A Progressiva,
___ Castelo 1919 1920 ___
Lda
Branco

Araújo & Bastos, Lutadora Estrada da 1932 1949 Bayard; Fabíola; Gattuso;
Lda Graça, 250 Hors d´Oeuvre; Maitrê
d´Hotel; Savoy; 85

A. Ribeiro ___ Avenida ___ ___ La Sardiene; Les Argentées;


Heriques Luísa Todi Oeillets de France.

Arthur, Pinto, Latina Praça da 1912 Latine; Le Vengeur.


Coelho & C.ª República ___
(activa em 1916)

Estrada da
Artur, Marques, Graça (à
Maria Luísa 1918 1919 ___
Seabra & C.ª Lda Pedra
Furada)

Artur, Mirada & Venturosa Vila Maria 1918 1920


___
C.ª

Augusto E. Lucta ___


___ 1912 ___
Palmeiro

Augusto Mário Portugália Rua António 1924 1937 Bussaco; Luso; Nela;
dos Santos José Batista Portugália.

Bailão, Monteiro, Pátria Rua 1917 1919


Leal & C.ª Rodrigues de ___
Freitas

Baptista Correia Rua da 1927 1931


___ ___
& C.ª Herdade

146
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Batista & Moinhos ___ Rua dos 1885 1886 ___


Marmelinhos

Beirão; Monteiro & Estremadura Rua António José 1918 1918 ___
C.ª (em Comandita) Batista

Espada; Iris; Le
Benzinho, Lda
Aliança Praia do Seixal, 97 ___ ___ Soir; Madalena;
(activa em 1932)
Monica; Nicole.

Benzinho, Lda S. João Bairro Alves da 1925 1945 Antes e Depois; Le


Silva Soir; Vitaline Brand.

Benzinho e Ribeiro A Productora Ladeira de São 1911 1916 Berthe; Palácio da


Sebastião Pena; Marthe

Bernardo dos
Flôr de Setúbal VilaMaria 1931 1934 ___
Santos

Vale de D. Inês (à
Berthilia, Lda Berthilia 1927 1939 ___
estrada da Graça)

Boa Aurora Mártir da 1919 1920


Cidade de Praia da Ribeira ___
Setúbal

Bonifácio Lázaro, A pensativa Rua da Saúde 1912 1942


___
Lda

Branco e C.ª Irene Parque das Escolas 1924 1928 ___

Branco, Barreira & A Progressiva Bairro Trindade 1918 1920


___
C.ª

Branco e Jacinto
Etelvina Estrada da Graça ___ ___ ___
(activa em 1902)

Branco, Miguel e
Viúva Branco Fontainhas 1905 1909 ___
Rocha

Brandão, Gomes & Estrada da Graça,


___ 1910 1942 ___
C.ª, Lda. 208

Bruno, Artur,
Liberta Vila Maria 1910 1912 ___
Raimundo & C.ª

147
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Cabeçudo, Machado Vitoriosa Travessa do 1916 1924 ___


& C.ª Mercado, 12

Cabeçudo, Matos & Triunfo Travessa do ___ 1916 ___


C.ª mercado, 12

Caes e Esteves Sado Saboaria 1896 1899 ___

Cajuda, Ribeiro &


A Activa Bairro Trindade 1921 1932 ___
Aires

Calheiros, Pádua & Atlântica Rua Ocidental do 1919 1928 ___


C.ª Mercado

Callé & C.ª ___ Travessa do ___


1904 1909
Mercado

Camalhão, Portela &


Lusitana Estrada da Rasca 1918 1928 ___
C.ª, Lda.

Campeiro, Ferreira & Senhora da Estrada da Graça 1918 1921


___
C.ª Conceição

Canha & Formigal ___ Estrada da Rasca 1908 1911 ___

Cardoso & C.ª União Estrada da Rasca 1894 1898 ___

Cardoso, Durão & Oceana Vila Maria 1927 1930 ___


C.ª, Lda.

Carlos e Abel Praia do Seixal e 1917 1925


Sadina ___
Estrada do Viso

Carlos, Bravinho & Saboaria 1912 1917 La Promenade; La


Sadina
C.ª Sadine.

148
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Carlos, Cruz e Fonte Nova Rua Alberto Costa 1917 ___ ___
Português & C.ª

Carlos Schmidt & S. José Vale de D. Inês (à 1932 1935 Fleur d´Amour; Le
C.ª, Lda Estrada da Graça) Gourmond; Maître
d´Hotel; Savoy Brand.
Carlos & Veiga, S. José
Estrada da Graça 1927 ___ ___
Lda

Carvalho & C.ª ___ Travessa das Lobas 1888 1906 ___

Carvalho, Nunes Sol Nascente Vila Maria 1924 1938 Bon Manger; Graciose;
& Silva, Lda. Janeca; Sol Nascente.

Casimiro Martins Santa Rita Bairro Melo e ___ ___ Acácia; Alleluia; Ran-
(activa em 1930) Estrada da Rasca Tan-Plan.

Casimiro & A Predilecta Largo António 1923 1950 Amélie; A Predilecta;


Nascimento, (Lélé) Joaquim Correia, 2 La Timoniére; Marine;
Sucrs, Lda Rex; Rosaline.

Casimiro & A Prediecta Largo António ___ ___ A Predilecta; La


Santos, Sucrs. Joaquim Correia, 2 Timoniére; Les
(Activa em 1926) Convoitées.

Castelo Branco & Castelo Branco Estrada da Graça, 1913 1929 ___
C.ª ( em 172
Comandita)

Castro, Pinto, ___ Estrada do Viso 1918 1919 ___


Gomes & C.ª,
Lda.

Chagas, Martins Internacional Avenida Todi, 400 1918 1919 ___


& C.ª, Lda.

Chaves & Rosa ___ Bairro Baptista 1927 1932 ___

Cidreira, Cais & ___ ___ ___ ___ ___


C.ª (activa em
1894)

Claro, Angelo & Ridente Travessa do 1916 1920 ___


C.ª Mercado, 16

149
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Coelho, Pinto & Latine Praia da ___ ___ Afternoon; Labutes; Latine.
C.ª (activo em Saboaria
1912)

Coelho, Lda Latina Praça da 1933 1947 ___


República, 6
Companhia das Pavilhão
Rua Camilo 1925 1940 Atair; Pavilhão.
Conservas
Castelo
Pavilhão, Lda
Branco

Companhia ___ Rua da Doca 1890 1898 ___


Industrial (futura Doca
Delpeut)

Companhia S. Pedro Rua dos 1919 1924 ___


Lusitana de Trabalhadores
Conservas do Mar

Companhia ___ Rua da 1894 1924 ___


Nacional de Saúde, 82
Conservas

Conservadora, ___ Rua Alves da 1923 1936 ___


Lda. Silva

Conservas ___ Rua Almeida 1924 1978 Albatros; António Alonso; Hijos;
António Alonso, Garrett, 54 Ardora; Arose; La Corrida; Lion;
Lda. d´Argent; Palácio de Oriente;
Palais d´Orient; Pero Pereiro;
Ripal.

Conservas S.Filipe Estrada da 1935 1984 Au Cournet; Berger; Chic;


Estrela, Lda Rasca, 16 Dégustateurs; Dulcinea; Fréres
Canaud; Primar; Supremo.

Conservas Rainha do Estrada da 1931 1941 Brillant; Carlos Viegas; C. R. S.;


Rainha do Sado, sado Graça (à De Tanga; Estrela d´Ouro; Étoile
Lda. Pedra Furada) d´Or; Frederico; Glorietta;
Gloriette; Lisboetas; Marina;
Pequena Rainha; Petite Reine;
Reine du Sado; Soromenho; The
Accra Queen; 3 Rosas; 3 Roses.

150
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Conservas Latina Praça da 1947 1965 Arrabide; La Latine; Lumiére;


Silvas, Lda. República, 12 Silvas

Conservas S. ___ Estrada da 1932 1971 Alhambra; Carmen; Cavi;


Pedro, Lda. Graça, 222 CaviFish; Excellence;
Flemish; GoldFish; Hickory
Farms; Mare Nostrum; Rose
d´Or; R Morais; Tango
Conservas ___
Rua Alves da 1937 1969 Supremo
Supremo, Lda.
Silva, 2

Conservas Unitas Travessa 1945 1978 Berry; Chameau; Char;


Unitas, Lda. Central do Clover Leaf; Donald Cook´s;
Lago (Parque Edeka; EE; Eremita; Espada;
das Escolas) Iris; Le Soir; Madalena;
Mirbel; Monica; Mowe;
Nicola; Rumba; Samba;
Silledo; Super GB; Tipical;
Unitas.

Cordeiro, Pinto & Luz do Futuro Estrada da 1918 1926 ___


C.ª, Lda. Estação
(Palmela)

Corrêa & Costa ___ Avenida Todi, ___ ___ ___


(activa em 1902) 404

Correia & Ajuda ___ Rua 1911 1928 ___


Guilherme
Gomes
Fernandes

Correia, Aliança Estrada da 1910 1911 ___


Figueiras & C.ª Graça

Correia, Sousa e Restauração Estrada da 1918 1927 ___


C.ª Rasca

Costa & C.ª Costa Estrada da 1890 1930 ___


Rasca

Costa, Lda. Perseverança ___ 1918 ___ ___

151
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Costa, Benzinho A Productora Beco João 1902 1906 ___


e Ribeiro Galvão

Costa, Benzinho Graça Estrada da 1904 ___ ___


e Ribeiro Graça
Costa, Carvalho ___
Rua dos 1890 1938 ___
& C.ª
Trabalhadores
do Mar

Costa, Cruz & Lusitana Vila Maria 1912 1913 ___


C.ª

Costa Durães e Santo Amaro Baluarte de 1918 1919 ___


C.ª, Lda. Santo Amaro

Costa, Ferreia & ___ Saboaria 1891 1901 ___


C.ª

Costa, Pinto, Fonte Nova Rua Alberto 1917 1917 ___


Rodrigues & C.ª Costa

Costa, Rodrigues ___ Rua Camilo 1914 1914 ___


& C.ª Castelo
Branco

Costa, Rosa & Rosária Rua General 1918 1939 Beauté; Eglantina Costa;
C.ª, Sucr. Gomes Freire Rosária.

Cunha & C.ª Cunha Rua Oriental 1882 1898 ___


Do Mercado

Dandicolle & ___ Avenida Todi 1892 1899 ___


Gaudin (à Ponte do
Carmo)

Daniel & De ___ Rua da Saúde 1918 1927 Arlesia; Begum; Gilie; Gilbert;
Raymond, Lda. Les Nereides; Mordal; Pactol;
Pussy; Raimond Fréres;
Sardines de Alliés

David Ferreira & A Setubalense Avenida 1916 1936 ___


C.ª General
Daniel de
Sousa

152
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Dias; Costa & C.ª A Social Azinhaga dos 1919 1925 ___
Trabalhadores

Domingos José Estrela do Estrada da 1889 1936 Edgar; Etoile du Nord; Francisco
da Costa Norte Graça Costa; Hilda; La Chanteuse; Lopo
Brand.
Durão & Correia Unida
Rua General 1921 1922 ___
Gomes Freire

Eduardo Saúde Estrada da 1903 1908 ___


Fernando Rasca
Barbosa

Eduardo Merek & ___ Avenida Todi 1894 1897 ___


C.ª

Eduardo Salgado Salgado Avenida Luísa 1923 1933 ___


Todi, 135

Eduardo Salgado Vitória Vila Maria 1899 1909 ___

Empresa de ___ Estrada da 1918 1925 ___


Conservas Rasca
Alimentícias
Portugal, Lda.

Empresa de ___ Estrada da 1962 1965 ___


Conservas Graça
Arrábida

Empresa de ___ Travessa da 1933 1934 Nazaret Brand.


Conservas da Rasca
Nazaré, Lda.

Empresa ___ Estrada da 1927 1968 For You; Odeon; Optima; Pacific;
Exportadora Graça, 232 Ripaille; Santa Clara; Saora;
Lusitana, Lda Seabelle; Tivoli; Tropa.

Empresa Fabril ___ ___ 1918 1919 Silver Beaupies.


de Conservas,
Lda.

153
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Empresa Industrial Lusa Vila Maria 1918 1920 Nanette.


de Conservas, Lda.

Empresa Industrial Toucas Estrada da 1933 1954 Anita; Nanette; Poker;


de Conservas Rasca, 25 Serrana.
Poker, Lda.
Ernest Bliebernicht Minhoca
Rua da Saúde 1923 1965 Alexandre; Charles;
e Estrada da Charles-Martel;
Graça, 282 D´Artagnan; Erbi; Fernão
de Magalhães; Flore; Le
Voilier; Magellan; Magrllon.

Estabelecimentos Astória Avenida Todi 1923 1929 ___


Astória, Lda.

Estabelecimentos ___ ___ ___ ___ Delícia; Jermar;


Jerónimo Martins & Jerónimos; Pigale.
Filho, Lda.

Établissements ___ ___ ___ ___ ___


Esquiró Pére & Fils
(activa em 1903)

Établissements Delory Rua dos 1881 1965 August Gillett; Bodec;


Frédéric Delory Trabalhadores Clubs Alpines; Delory;
do Mar, 26 Delory Brand; Delory
Saint-Louis; De Poiget; F.
Delory; F. Delory-Sardines
St.Louis; Lubin; Louis
Trefavenne; Oasis;
Reinerts; Robert; Rolland;
Saint-Louis; Sudry.

Fábrica de Boa Aurora Praia da 1920 1921 ___


Conservas Ribeira, 23
Alimentícias, Lda.

Fábrica de Estrela Estrada da ___ 1942 ___


Conservas Estrela, Rasca, 16
Lda

154
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Fábrica de ___ ___ ___ ___ Cabral; Cabralinas; Dolly;


Conservas Vasco Triunfantes; Vasco da Gama.
da Gama, Lda.

Fábrica Nacional de Chora Rua da 1923 1971 Best-day; Rachel; Reines de


Conservas, Lda. Saúde, 82 France; Trocadero; Valflôr.

Farinha Confiança Vila Maria ___ ___ ___

F. A. Santos, Sousa Primavera Olhos de 1918 1925 ___


e Valido & C.ª Água

Feliciano António ___ Rua da Praia 1855 1876 ___


da Rocha

Félix & C.ª, Lda. Triunfante Rua da 1911 1924 ___


Herdade (aos
Olhos de
Água)

Ferdinand Garrec & Garrec Praia (à Doca 1895 1931 ___


C.ª, Lda Delpeut)

Fermisson, Aires & Fraternidade Rua 1916 1925 ___


C.ª Guilherme
Gomes
Fernandes

Fernandes, Duarte A Vencedora Estrada da 1910 1920 ___


& C.ª Rasca

Fernades, Martins S. Bento Rua da 1920 ___ ___


& Oliveira, Lda Brasileira (à
Estrada do
Viso)

Ferreira, Heriques Chalet Sintra Sitio dos 1919 1920 ___


& C.ª Pinheirinhos

Ferreira, Mariz & Alegria Estrada da 1894 1912 ___


C.ª Rasca (à
Saboaria)

Ferreira, Santos & Central Parque das 1911 1927 Gloire de Peary; Le Mundril.
C.ª Escolas

155
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Feu Hermanos, Lda. ___ Rua da 1933 1971 Blanche Fleur; Breton; La
Saúde, 82 Rose; Manzana, Meteoro;
Monastere; Oca; Palito;
Palo; Presidente; Queen
Mane; Roses de Bretagne;
Trio; 63.

F. Ferreira Mariz Constância Alto da 1906 ___ ___


Brasileira

Figueiras & C.ª Luz do Sol Estrada da 1908 ___ ___


Graça

Figueiras & C.ª, Lda. Lucta Estrada da 1910 1938 Alpha; Ceres; Hena; Lisboa.
graça

Firmin Julien ___ Rua Oriental 1886 1915 ___


do Mercado

F. Livério & C.ª ___ Rua Camilo 1918 1934 ___


Castelo
Branco

Forreta & C.ª, Lda ___ Vale de 1926 1946 ___


D.Inês ( à
Estrada da
Graça

Forreta, Dias & C.ª Harmonia Rua José 1918 1928 ___
Carlos da
Maia
Fragata Santos & C.ª ___
Sitio das 1906 1912 ___
Barrocas (às
Fontaínhas)

Fragoso & C.ª (activa ___ ___ ___ ___ ___


em 1897)

Fragoso, Forte & C.ª Aurora Rua Ocidental 1886 1912 ___
do Mercado

Fragoso & Sá Aurora Rua Ocidental 1885 1886 ___


do Mercado

156
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Francisco Alves & Estrela do Rua Camilo 1906 1973 Ainda Melhor; Best Cook; Bom
Filhos, Lda Sul Castelo Cozinheiro; Camélias de
Branco, 23 Portugal; Encore Mieux; Estrela
do sul; Fancy; La Chance; La
Force; Marca Corona; Maristela;
Pêcheures; Pescatore; Roi des
Pêcheurs.

Francisco António Esperança Rua dos 1932 1934 Baisers du portugal; Cadeau;
Tenório Trabalhadores Désirable.
do Mar

Francisco Augusto ___ Praia do 1888 1890 ___


Assis Seixal

Francisco José Santo Ladeira de 1897 1924 ___


Pereira, Sucr. António São sebastião

Francisco Maria Diana Rua Camilo 1918 1965 A Portuguesa; Biscaya; F. M.


Lino da Silva, Lda. Castelo Lino da Silva; La Portugaise; La
Branco, 114 e Poupée; Le Tage; Lina; Lini;
Rua General Lino; Lino da Silva; Linot; Linu;
Gomes Freire O Píncaro da Perfeição; Santo
António.

Francisco Neto de ___ Rua José 1897 1916 ___


Carvalho & C.ª Fontana
Francisco S. M. Pátria
Rua 1917 1917 ___
Bailão
Rodrigues de
Freitas

Freitas & Durão Unida Bairro Lopes 1920 1921 ___

Freitas & Serreno A Luz Bairro 1917 1920 ___


Trindade

F. R. Martins & C.ª A Ideal Rua Gonçalo ___ ___ ___


(activa na década de Abreu, 4
de 1920)

157
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Fuzeta, Lda. 31 de Janeiro Estrada da Rasca 1923 1924 ___

Fryxell (activa em ___ ___ ___ ___ ___


1920)

Gameiro, ___ Avenida Todi 1919 1927 ___


Sant´Ana & C.ª
(em Comandita)

Gandara, Haz, Dos Espanhóis Estrada da Graça, 1924 1951 Cedeira; El


Ràbago & C.ª, 172 Legionário; Outid;
Lda. Petit Rivage; Sans
Souci

Garcia & C.ª Venturosa Vila Maria 1918 1920 ___

Gaspar & C.ª, Lda. Pérola Rua Camilo 1918 1929 ___
Castelo Branco
Gaspar, Praia & ___
Largo das Areia 1917 ___ ___
Amorim

Gaymon, Caracol Caracol Rua Camila 1925 1931 Capricho.


& C.ª, Lda. Castelo Branco, 2

G. Chibert & C.ª ___ Estrada da Rasca 1904 1906 ___

G. Mariz & C.ª, Adamastor Estrada da Graça, 1932 1938 ___


Lda 182

Gomes, Campos & Sagres Estrada da Rasca, 1919 1937 Angela; Gomes;
C.ª 20 Campos; Sagres.

Gomes, Correia & A Restauração Quinta das 1917 1923 ___


C.ª Pameiras ( ao
Bonfim)

Gomes & Irmão, Arlète Rua do Queimado 1918 1921 ___


Lda.

Gomes, Parreira & Lusitânia Rua Guilherme 1918 1918 ___


C.ª, Lda Gomes Fernandes

158
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Gonçalves, ___ Avenida Todi 1918 1919 ___


Santiago & C.ª

Guilherme, ___ ___ 1912 1929 ___


Grahan & C.ª

Gustave Serégè ___ ___ ___ ___ ___


(activa em 1903)

Gustavo Carlos ___ Ladeira de São 1860 1865 ___


Herlitz Sebastião

Henrique António Bela Vista Sítio das 1905 1913 ___


Vidal Claro Barrocas (às
Fontainhas)

Henrique, Gomes Royal Rua Camilo 1918 1920 ___


& C.ª Castelo Branco
Horácio Junqueira
Saboaria ___ 1903 ___
Henriques

Hugo Lippman & Junqueira 1896 1903 ___


Saboaria
C.ª

Imprex Edouard ___ Avenida Luísa ___ ___ Caporal; Imprex; Le Petit; Le
Menjuzan Todi Ski; Le Vieux Pêcheur

Jaime Gaivéo ___ Avenida 22 de ___ 1942 Audacity; Belo Levante;


Madeira Dezembro Confiance; Devora; El
Navegante; El Ruedo; For
Ever; Levan Fair; Levante;
Mimosa; Pequeno
Cozinheiro

Jaime Serrano ___ ___ 1973 1973 Activa, Bayadeira.


Júnior

J. Antunes Regina Rua da Saúde, 1912 1995 Alma Brand; Balilla;


Fragoso, 92 Carminha; Natália; Natália-
Herdeiros Balilla; Nataline; Nataline-
Balilla; Nataline(com rosas)
Nataline(sem rosas);
Pasqualine; Rapaz; Regina.

159
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

J. Herlitz, Filhos & C.ª ___ Ladeira de São 1897 1908 ___
Sebastião

João Augusto ___ ___ 1861 ___ ___


Andorinha e C.ª

João Cardoso da Silva ___ Largo Dr. ___ 1942 ___


Francisco
Soveral

João da Cruz Gargalo Leão Travessa da 1919 1971 Dahlia; Eunice; Manolita;
Fábrica Aurora, 1 Perle de L´Ocean;
Princesita; Restaurant.

João Joaquim do Caes ___ Praia da ___ ___ ___


(activa em 1902) Saboaria

João José Salgado Alegria Rua dos 1887 1896 ___


Marmelinhos
João José Salgado & Progresso
Rua Oriental do 1897 1902 ___
Sucr
Mercado

João Lima Alves da ___ Estrada da Graça 1934 1938 ___


Silva

João Maques Câncio & Câncio Rua Oriental do 1887 1929 Jean Nantes; Les
C.ª Mercado, 6 Hortenses; Mione.

João Pedro ___ Vila Garcia-Bairro 1913 1914 ___


Alves da Silva

Joaquim Rodrigues Eva Praia do Seixal 1923 1932 ___


Piteira

Jorge Forte Minhota Estrada da 1923 1926 ___


Graça, 282

Jorge Forte Minhota Estrada da 1923 1926 ___


Graça, 282

José Alves de Andrade Glória Saboaria 1897 1906 ___


Piteira

160
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

José Antunes Fragoso ___ Rua do Barão do Rio ___ 1942 ___
Zêzere

José Bravinho & Latina ___ 1912 ___ Latine; Le Vengeur.


Bernardo (activa em
1916)

José Casimiro Galvão Campina Estrada da Algodeia- ___ ___ ___


Amoreiras

José Casimiro Sant’Ana União Estrada da Rasca 1898 1906 ___

José de Sousa & C.ª ___ Alto da Brasileira 1914 1924 ___

José Estevam de A Vila Maria 1909 ___ Arminda; Eliza; Mattos.


Mattos Ferreira (activa Atlântica
em 1911)
José Gago da Silva, Argentina
Vila Maria e Rua 1919 1924 ___
Lda.
Camilo Castelo
Branco

José Inácio Tainha ___ Praia do Seixal (num 1917 1918 ___
barco)

José Joaquim Fragoso Regina travessa da 1906 1913 ___


Anunciada

José Maria Vagueiro ___ Rua Garcia Peres, ___ 1942 Navy; Vagueiro.
15

José Martins Baptista S. José Estrada da Graça 1920 ___ ___

José Martins do Carmo Areia Rua Camilo Castelo 1906 1913 ___
Mello Amarela Branco, 7

José Martins do Carmo Bonfim Fontainhas 1906 1913 ___


Mello

Joseph Pierre S. José Doca antiga (Futura 1890 1911 ___


Chancerelle Doca Delpeut)

Jossin & C.ª ___ ___ 1899 1901 ___

161
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

J. Silva & Ledo, Lda Sport Parque das 1916 1945 Berry; Bocage;Luize
Escolas Koefelec; Silledo;
Victória Futbol-Club.

Júdice Fialho & C.ª ___ ___ ___ ___ Desirée; Falstaff;
(activa em 1946) Galleon; J. A. J. F. ;
Marie Elisabeth;
Sardinha Vestida.

Kolm & Laffitan (activa ___ ___ ___ ___ ___


em 1915)

La Bretagne, Lda ___ Estrada da Graça ___ ___ ___


(activa em 1915)

Lage, Ferreira & C.ª, Esperança Rua dos 1935 1938 Cadeau; Cidade;
Lda Trabalhadores do Condestável; Lage;
Mar Nunal; Nuno.

Laderset & C.ª, Lda. ___ Estrada da Graça 1916 1916 ___
Latina, Coelhos, Lda ___
Fontainhas e Rua ___ 1942 Arrabide; Branc´Annes;
dos Trabalhadores Latina; Les Eclaireurs;
do Mar,18 Les Joyeuses; Lumíere.

Lázaro & Morais ___ Rua da Saúde 1918 1920 ___

Leal, Silva & C.ª Pátria Rua Rodrigues de 1919 1925 ___
Freitas

Leon Delpeut & C.ª ___ Doca Delpeut 1897 1912 ___

Leopoldino J. Rapaz ___ Aos Olhos de 1910 1910 ___


(em Comandita) Água

Lima; Assis & C.ª, Lda. ___ Vale de D. Inês (à 1919 1926 ___
Estrada da Graça)

Lima, Pinto & C.ª, Lda Bertília Estrada da Graça 1920 1933 ___
(à Pedra Furada)

Lopes, Alves & C.ª ___ Bairro Alves da 1916 ___ ___
Silva

162
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Lopes da Cruz & Oceano Rua Guilherme 1933 1971 A. B. C.; Conservadores;
C.ª, Lda. Gomes Fernandes Corbeille; Corbelha; De
E Rua Oriental do Tomaz; Dominga; Douro;
Mercado,22 Edith; Galgo; Ganso; Gávea;
Heliades; L. C.; Luar; Luzas;
Marão; Músico; Neiva;
Oceanides; Orquídeas;
Poker; Sesta; Siesta; Tic
Tac; Veiga; Vitamar.

Lopes, Silva & C.ª Rio Sado Alto da Brasileira 1916 1921 ___

Lopez Valeras, Bela Vista Rua Camilo 1919 1966 Artes; Bela Vista; Maruxa;
Lda. Castelo Branco, 3 Pearls; Pepiño; Pérolas;
Queen; Selection; Traineira;
Valência; Valeras.

Louis Jossin (activa ___ ___ ___ ___ ___


em 1903)

Lourenço do O. Rainha do Estrada da Graça 1909 1932 ___


Rocha, Lda Sado

Luças & C.ª, Lda. Arrábida Rua Mártires da 1957 1970 Aleluia; Gibraltar; Lucas;
Pátria Mauricia; Mimo; Pax; Paz.
Lúcio Gomes ___
___ 1924 1931 ___
Correia

Lúcio Lopes & Filho ___ Vale de D. Inês (à 1919 1920 v


Estrada da Graça)

Luís Branco, Lda. A Avenida Luísa 1913 1978 Bela Capri; Bull-Dog; Cést
Tentadora Todi, 131 ça Qu’est Chic!; Désiré;
Flore Amie; Laika; La
Tentatrice; Ramona.

Luíz de Sousa ___ Avenida Todi 1927 1931 ___


Júnior

Machado & C.ª, A Estrada da Graça 1920 1929 ___


Lda Vitoriosa

163
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Madeira & Tenório Sado Estrada da Graça 1920 1931 ___

Manteigas & C.ª 1º de Maio Avenida Todi, 404 1915 1932 ___

Manuel dos Santos A Peixeira Vale de D. Inês (à 1927 1965 Excelente; Fidelité; Peixeira.
Forreta Estrada da Graça)

Manuel Ignácio ___ Rua Camilo 1924 1927 ___


Pinto Castelo Branco

Manuel José Dois Rua da Saúde 1923 1941 ___


Joaquim, Lda. Amigos

Manuel José Neto ___ Ladeira de São 1879 1894 ___


Sebastião, 32
Manuel José Neto ___
Travessa do 1855 ___ ___
e Feliciano António
Postigo da Pedra,
da Rocha
3

Manuel José Praia ___ Bairro Alves da 1924 1929 ___


Silva

Manuel Salgado Alegria Rua Guilherme 1899 1930 ___


Gomes Fernandes

Marcelino, Neves & Sol Quinta de São 1920 ___ ___


Silva, Lda. Nascente João (Palmela)

Marcelino, Tomé & Sol Quinta de São 1918 1920 ___


C.ª, Lda. Nascente João (Palmela)

Mariano; Lopes & União Fontainhas e Rua 1905 1971 Arrabide; Branc´Annes; La
C.ª, Lda. dos Trabalhadores Latine; Les Eclaireurs; Les
do Mar, 18 Six Amies; Les Joyeuses;
Lumiére; Marilopes.

Mariano, Martins & 15 de Rua Ocidental do 1910 1921 D´Enée; Jeanne d´Arc:
C.ª Outubro Mercado Jetulia; Les Savoureuses.

Marinho Valido, Harmonia Rua da Palhavã 1921 1928 ___


Lda.

164
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Mário Costa ___ Estrada Nacional, 10 1974 1979 ___


(após a Junta
Autónoma de
Estradas)

Mariz & Alegria ___ 1908 ___ ___


Henriques, Lda.

Mariz & Aliança Rua Guilherme 1916 1942 ___


Henriques, Lda. Gomes Fernandes e
Estrada da Rasca

Mariz & Constância ___ 1897 ___ ___


Henriques, Lda.

Mariz & União ___ 1897 ___ ___


Henriques, Lda.

Mariz & Vitória ___ 1908 ___ ___


Henriques, Lda.

Marques, Lda. Vitória Rua Camilo Castelo 1922 1924 ___


Velha Branco, 1

Maques, Neves & 1º de Rua Camilo Castelo 1921 1984 Aero; Croix d´Or; Cruz
C.ª, Lda. Março Branco, 65 d´Ouro; Continent;
Lealdade; Levant; Loyante;
Loyauté; Mariolinde;
Marques Neves; Mathilde;
Matilde; Miss Univers;
Neca; Pere; Regil; So Mar;
Soo; Sporting; St. Croix;
Water Lillies; Yor.

Marques, Ramos Concórdia Rua Camilo Castelo 1918 1920 ___


& C.ª Branco

Marques, Reis & ___ Fontainhas 1916 1919 ___


C.ª

Marques, Santos ___ Estrada da Graça 1911 1919 ___


& C.ª

165
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Marquês de Belas ___ ___ ___ ___ ___


(activa em 1920)

Martins & Correia, Pompeia Avenida Luísa Todi, 1932 1932 La Assurance;La Marcor;
Lda. 143 Pompeia.

Martins & ___ Praça da República, ___ ___ ___


Nascimento, Lda. 12
(activa em 1968)

Martins & Bom Jesus Rua Acácio 1923 1931 ___


Sant’Ana Barradas

Martins, Santos & ___ Largo António 1918 1918 ___


Velhinho Joaquim Correia

Martins, Tainha & ___ Bairro Alves da Silva 1916 ___ ___
Praia

Martias Perienes, A Beco João Galvão, 3 1920 1971 Berthe; Berthier.


Lda. Productora

Matos & Martins, Troiana Rua Camilo Castelo 1918 1920 ___
Lda. Branco

Mello & Rego Sol Rua Camilo Castelo 1919 1919 ___
Branco

Mendanha & C.ª ___ Avenida Todi (ao 1906 1911 ___
Mercado)

Merillot (activa em ___ ___ ___ ___ ___


1899)

Moinhos & ___ Rua Oriental do 1887 1897 ___


Sobrinho Mercado

Moniz & Henrique Barracão Muralha-Mercado do 1924 1928 ___


Claro, Lda Livramento

Monteiro & Envia, Universal Bairro Alves da Silva 1920 1926 ___
Lda

Monteiro, Tainha ___ Bairro Alves da Silva 1916 1928 ___


& Praia

166
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Moraes, Costa & Martins ___ Sítio dos Pinheirinhos 1913 1914 ___

Moraes & Filhos ___ Estrada da Graça, 232 1921 1930 ___

Morais, Perdigão & C.ª ___ Sítio dos Pinheirinhos 1914 1915 ___

Morais & C.ª ___ Saboaria 1892 1894 ___

Morel António Silva e Luísa Rua da Saúde 1916 1919 ___


Peixinho & C.ª

Morel António Silva e Peixinho Sítio dos Pinheirinhos ___ ___ ___
Peixinho & C.ª (activa em
1919)

M. Stechaner, Lda. Bela Vista Estrada das Areias e 1913 1915 ___
Avenida Todi, 272

Neves, Ribeiro & C.ª Pensativa Rua Guilherme Gomes 1916 1918 ___
Fernandes

Nova Sociedade de 1º de Maio Avenida Todi, 400 1919 1930 ___


Conservas A Internacional

Nova Sociedade de Saúde Estrada da Rasca 1915 1939 ___


Conservas Alimentícias La
Bretagne, Lda.

Nunes, Costa; Vale & C.ª Capricho Ladeira de São 1896 1897 ___
Sebastião

Oliveira & C.ª, Lda. Bem Vinda Rua das Alcaçarias, 5 1918 1924 ___

Oliveira, Dias & C.ª Areia Rua Camilo Castelo 1911 ___ ___
Amarela Branco, 7

Palmeiro, Rodrigues & C.ª Âncora Rua Guilherme Gomes 1918 1919 ___
Fernandes

Paneira, Rodrigues & C.ª Âncora Avenida Todi (à 1918 1921 ___
saboaria)

Paninho & Neves ___ Rua da Praia 1882 1898 ___

Paulo, Avelino & Paulo, C.ª Arrábida Estrada da Rasca 1918 1919 ___

167
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Pedro, Callé & C.ª Futuro Praia da Saboaria 1909 1912 ___

Perdigão & C.ª ___ Sítio dos 1915 1926 ___


Pinheirinhos

Pereira & C.ª, Lda. Santa Rita Rua José Carlos 1917 1924 ___
da Maia

Pereira, Finura & 31 de Vila Maria 1917 1920 ___


C.ª Janeiro

Pereira, Galvão & A Trindade Bairro Trindade 1918 1920 ___


C.ª, Lda.

Pereira, Lopes, Rio Sado Alto da Brasileira 1916 1921 ___


Silva & C.ª

Perienes & Gargalo Leão ___ 1916 1919 ___

Pinto, Cardim & C.ª ___ Fontainhas 1887 1889 ___

Pinto, Coelho & C.ª ___ ___ ___ ___ ___


(activa em 1915)

P. Monteiro & C.ª, ___ Rua da Cordoaria, 1906 1953 Adalbert; Bayard; Dolphin;
Lda. 17 Ilka; Matelot; Mont-Joie;
Night and Day; PM; Triton

Policarpo, Ramos & A Mascote Rua da Herdade 1920 1925 ___


C.ª

Policarpo, Rico & A Mascote Rua da Herdade 1919 1920 ___


C.ª (em Comandita)

Português, Fonte Rua das 1918 1920 ___


Guerreiro & C.ª Nova Amoreiras

Produção Alimentar ___ Rua da Saúde, 90 1974 1978 ___


António & Henrique
Serrano, SARL

Prompto, Branco & Tentadora Avenida Todi, 139 1915 1924 ___
C.ª

Ramalhete & S. José Estrada da Graça 1921 ___ ___


Martins, Lda

168
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Ramirez & Filhos, ___ Rua da Saúde, 88 1931 1965 Balito; Cocagne; Fredo;
Lda. Gabriel Brand; Les
Sublimes; Lovely; Non
Plus Ultra; Racol; Ramira;
Ramirez, Renommé.

Ramos, Reynaud & ___ Rua Guilherme 1892 1942 Laurinda; Ramos;
C.ª, Lda. Gomes Reynaud; Robinson
Fernandes Crusoé.

Rendeiro, Rosa & Rosária Bairro Trindade ___ 1918 ___


C.ª

René Beziers & C.ª ___ Estrada da Rasca 1901 1919 ___

Reynaud & C.ª ___ Praia do Seixal 1927 1933 ___

Ribeiro Gomes, Lusa Vila Maria 1920 ___ ___


Lda.

Ribeiro & Nunes, Outão Rua Camilo 1918 1935 Salácia; Torre do Outão
Lda, Sucr. Castelo Branco

Ricardo Boto & C.ª Era Nova Rua da Saúde 1916 1928 ___

Ricardo Carlos Chora Rua da Saúde, 82 1973 1974 ___


Chora

Rodrigues & C.ª, Mira Mar Estrada da Graça 1924 1931 ___
Lda.

Rodrigues & Primavera Olhos de Água 1916 ___ ___


Campos, Lda.

Rodrigues, Silva & Arlète Rua do 1918 1919 ___


C.ª, Lda. Queimado, 6

Romão, Pêra & C.ª Aliança Rua Oriental do 1919 1928 ___
Algarve Lago

Ruas Gomes & C.ª Estremadura Rua António José 1918 1920 ___
Batista

Sá & Castro (activa ___ Praia do Caboz ___ ___ ___


em 1887)

169
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Sadiconser Chora Rua da Saúde, 1974 1982 A. D. A.; Libertas; Lukus;


Indústrias 82 Mizar; Nancy; Orly.
Reunidas de
Conservas Sado,
SARL

Sadolhão, SCRL ___ Rua da Fábrica 1975 1984 ___


Aurora

Salgueiro, Lima & ___ Saboaria 1888 ___ ___


C.ª

Salgueiro, Silva & ___ Saboaria 1887 1888 ___


C.ª

Sant’Anna, Lda. Latina Praça da 1918 1933 La Latine.


República, 6

Santana, Miranda Perseverança ___ ___ 1918 ___


& C.ª (em
Comandita)

Santarém & S. Miguel Rua da Saúde, 1892 1970 Denizot; Denizot-


Palhão, Lda 98 Figurativa; Le Chaperon
Rouge; Laurelle; Laurelle-
Figurativa; Palhon;
Palhon-Figurativo;
Setúbal.

Santarém, Ramos S. Miguel Estrada da 1887 1911 ___


& C.ª Rasca (à
Saboaria)

Santos, Cordeiro & ___ Sítio dos 1918 1923 ___


C.ª Pinheirinhos

Santos, Cunha & ___ Estrada da Graça 1905 1911 ___


C.ª (às Fontainhas)

Santos, Gomes, Arrábida Rua dos 1921 1953 Combative; Eremita;


Gamito & C.ª, Lda. Trabalhadores do Goutez; Sado;
Mar e Rua Sangamito; Santé.
Mártires da Pátria

170
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Santos, Machado & Capricho Rua do Baluarte 1923 1934 Capricho


C.ª, Lda. do Socorro,3

Santos, Martins & ___ Rua Camilo 1916 1916 ___


C.ª Castelo Branco

Santos, 1º de Abril Avenida Todi (à ___ 1919 ___


Nascimento & C.ª saboaria)

Santos & Ribeiro Predilecta Largo António 1919 1920 ___


Joaquim Correia

Santos & Velhinho Predilecta Largo António 1919 1919 ___


Joaquim Correia

Santos, Vieira & Arrábida Parque das 1919 1920 ___


C.ª Escolas

Schmidt, Lda. ___ Vila Maria 1914 1915 ___

Sebastian Stephan ___ Rua da Pátria (à 1887 1890 ___


(G. Dalidet & C.ª) Ponte do Carmo)

Sebastião José ___ Avenida Luísa ___ 1942 Alegria; Deux Amis; La
Machado Júnior Todi, 394 Cigogne; La Pêcheur; Les
Aieuls.

Silva & Ledo A Preferida Parque das ___ ___ ___


Escolas

Silva; Palmeiro & ___ ___ 1919 1920 ___


C.ª

Silva, Rezende & Lucta Estrada da Graça 1929 1930 ___


C.ª, Lda.

Silvas, Lda. ___ Praça da 1924 1965 ___


República, 12

Silva, Santos & C.ª, ___ Estrada da 1928 1935 Berger.


Lda. Rasca

Silvas, Coelhos, Unida Rua General 1917 1965 Arrabide; La Latine;


Lda. Gomes Freire, 87 Lumière; Silvas; Coelhos.

171
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Silva, Serrano & ___ Estrada da 1963 1966 ___


C.ª, Lda. Rasca

Sociedade ___ Bairro Baptista 1926 1931 ___


Conserveira, Lda.

Sociedade de Janelas Bairro Alves da 1918 1960 Babel; Conservadora;


Conservas A Verdes Silva, Travessa Dois Garotos; Hollywood;
Conservadora, Lda. da Rasca e, a Locas; Nantes;
partir de 1935, o Reboreda; S. C. C.;
Largo das Areias Selecta; Socos.

Sociedade de 1º de Maio Avenida Luísa 1919 1930 ___


Conservas A Todi, 400
Internacional

Sociedade de A Avenida Luísa ___ ___ ___


Conservas A Internacional Todi, 401
Internacional, Lda.
(activa em 1930)

Sociedade de Atlas Rua Acácio 1919 1988 Atlas; Benfica; Eva; La


Conservas Atlas, Baradas, 20 Semeuse Portugaise; Les
Lda. Guetteurs; Lion de
L’Atlas; Sardo; Scala;
Véronique; Véronique
Scala; Vrai Lion.

Sociedade de Universal Bairro Alves da ___ ___ Rosália.


Conservas A Silva
Universal, Lda.

Sociedade de ___ Rua Ocidental do 1927 1938 ___


Conservas Invicta, Mercado
Lda.

Sociedade de Aljubarrota Rua José 1923 1942 ___


Conservas Sado, Fontana
Lda.

Sociedade de S. Pedro Vila Maria 1918 1965 ___


Conservas S.
Pedro, Lda.

172
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Sociedade Era Nova Era Nova Praia do Seixal 1916 1916 ___

Sociedade Hispano Lusa, ___ Rua da Saúde 1918 1921 ___


Lda.

Sociedade Industrial de Arrábida Estrada da 1919 1925 ___


Conservas de Setúbal, Rasca
Lda.

Sociedade Labor, Lda. S. João Rua do Viso 1918 1919 ___

Sociedade Portuguesa Bela Vista Rua Camilo 1916 1919 ___


de Conservas, Lda. Castelo Branco

Société Anonyme des Saupiquet Estrada da 1904 1987 August Gillett; Bernot;
Établissements Arsène Rasca, 21 e Cesar; Lamote & C.ª;
Saupiquet Doca Delpeut Saint-Louis; Saupiquet;
Vinet & C.ª; Zakouska.

Société de Conserves de ___ Rua da Saúde ___ ___ ___


Setúbal, Lda. (antiga
empresa Daniel & De
Raimond, Lda. e activa
em 1932)

Société de Conserves La ___ Estrada da ___ ___ Favorite; Flaubert; Roy


Bretagne, Lda. Rasca du Soleil; The Sport.

Société Parisienne Parisiense Estrada da 1901 1909 ___


Rasca

Soromenhos & Victor, A Colonial Rua da Saúde, 1929 1952 A Colonial; Contesse;
Lda. 82 Duchesse; Edelweiss;
Fisherboy; Le
Croissants; Marquise.

Soromenhos & Victor, Eva Rua da Saúde, 1929 1952 A Colonial; Contesse;
Lda. 83 Duchesse; Edelweisse;
Fisherboy; Le
Croissants; Marquise.

Sousa Júnior, Lda. ___ Praia da 1919 1928 ___


Saboaria

Sousa, Salgado & C.ª Glória Saboaria 1893 1920 ___

173
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Teixeira, Coelho & C.ª União e Alto da 1914 1917 ___


Progresso Brasileira

Tenório & Madeira, Progresso Rua Oriental do 1923 1966 Batalha; Sintra; Jockey;
Lda. Mercado, 4 Notre Dame de Paris.

Thomás Regnauld Junqueira Estrada da 1899 1899 ___


Rasca

Trindade, Ribeiro & Pensativa Rua da Saúde 1918 1920 ___


C.ª

União Comercial Vencedora Rua Formosa 1925 1931 ___


Vencedora, Lda.

União Industrial, Lda. ___ ___ ___ ___ Beka; Greatness; Jolavio;
Lisdoro; Lisette; Lucky
Stricky; Pancada da
Felicidade; Roas Angélica;
Roses d’Algarve; Roses de
Setúbal; Unilda; Witness.

União Industrial de Julieta António José 1920 1974 Expansion; La Meilleure;


Conservas, Lda. Baptista, 122 Lanche; Lunch; Marie
Amélie; Sardo.

Vasco da Gama, Lda. Vasco da Estrada da 1954 1995 Cabral; Cabralinas; Dolly;
Gama Graça, 208 Lusíadas; Triunfantes;
Vasco da Gama.

Veiga, Lda. Todi Avenida Luísa 1923 1963 Ala; Aristocrat; As


Todi, 149 Aristocráticas; Bel Paese;
Belo País; Delmaris; Dubar;
Estoril; F. Le Breton;
Gardénia; Insuperabile;
Kano; Leon Morel; Les
Aristocrates; Luísa Todi;
Nelly; Paramount; Veiga
Limitada.

Veloso, Ramalho, Amélia Bairro Trindade 1918 1920 ___


Teixeira & C.ª

174
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Victor Tetrais & Graça Estrada da 1890 1912 ___


C.ª Graça (às
Fontainhas)

Vidal, Cruz, Lda. Esperança Rua Almeida 1916 1925 ___


Garrett

Vidal, Santos & ___ Estrada da 1914 1914 ___


C.ª Graça

Viegas, Braga & ___ ___ 1923 1924 ___


C.ª

Viegas, Dias & Luctadora Estrada da 1914 1942 Bayard; Fabíola; Hors
C.ª, Lda. Graça (às d’Oeuvre; L´Apin;
Fontainhas)

Viegas, Dias & S. José Vale de D. 1936 1940 ___


C.ª, Lda. Inês (à
Estrada da
Graça)

Viegas & Lopes, Victória Rua Camilo 1931 1992 Adonis; Agerona; Cardoso;
Lda. Castelo Canzonetta; El Dragón;
Branco, 10 Giannina; Il Pinguino; Mara;
Miss Atlantic; Orlando; Regina;
Sciatore; Surprise; Vénus;
Viegas & Lopes.

Viegas, Aventureira Rua 1918 1919 ___


Rodrigues & C.ª Guilherme
Gomes
Fernandes

Victor & Martins, ___ Fontainhas 1916 1919 ___


Lda.

Viúva Afonso do ___ Estrada da 1916 1921 ___


Vale & Filhos Graça (à
Pedra Furada)

Viúva António M. Luísa Sítio dos ___ 1921 ___


S. Peixinho & Pinheirinhos
Filhos

175
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana.

Firma Fábrica Morada Início Fim Marcas

Viúva Carvalho, Destino Rua 1927 1934 ___


Reis & C.ª, Lda. Guilherme
Gomes
Fernandes

Viúva Macieira & Progresso Rua Oriental 1906 1927 ___


Filhos do Mercado

Viúva Paninho ___ ___ 1888 1889 ___

Wenceslau ___ Saboaria 1887 1895 ___


Chancerelle

Xavier, Duarte & ___ Rua Camilo 1918 1921 ___


C.ª, Lda. Castelo
Branco

176
Inês Pinto da Cruz
Setúbal : Memória e Identidade Urbana

Inês Pinto da Cruz 177

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