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Auditoria Ambiental*

Francisco Pedro Vieira1


Edson Vander Lenzi2
Eduardo Cândido Franco3

RESUMO:
A auditoria ambiental é uma ferramenta para as empresas descobrirem os
problemas ambientais que possam ter, e a oportunidade de melhoria. É como
se fosse uma fotografia da empresa na ótica ambiental, respondendo a questões
que envolvem resíduos, emissão atmosférica, afluentes, consumo de energia,
aspectos legais, entre outros. A auditoria ambiental surgiu nos anos de 1980,
nos Estados Unidos. Vem se desenvolvendo no Brasil desde a década de 1990
e está crescendo cada vez mais. A auditoria ocorre, na maioria das situações,
em processos de compra e venda de empresas, ou é incorporada nas atividades
das multinacionais que querem mostrar para os acionistas e para o consumidor
como ela está nessa questão. Em geral, as empresas têm o seu próprio auditor
ambiental interno, que, no caso, é um gerente ou qualquer outro profissional
que fez curso de auditoria e está treinado para descobrir no dia-a-dia da empresa
não-conformidades ambientais ou melhorias. Ele deve identificar problemas,
como latas de tinta viradas no solo, objetos com óleo sendo lavado em pias
e outros de igual natureza. Para uma situação “formal”, a empresa precisa
contratar um auditor externo. A vantagem para a empresa que conta com um
profissional auditor se confirma nas operações de acordo com aspectos legais e
ambientais.

Palavras-chave: Auditoria Ambiental, Auditor, Legislação.

1. Introdução

A Auditoria Ambiental é um instrumento de gestão que permite


*
Artigo apresentado ao curso de Pós-Graduação em Direito Ambiental, da
Faculdade de Rolim de Moura – FAROL.
1
Engenheiro e pós-graduando em Direito Ambiental.
2
Engenheiro e pós-graduando em Direito Ambiental.
3
Pós-graduando em Direito Ambiental.
21
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fazer uma avaliação sistemática, periódica, documentada e objetiva dos


sistemas de gestão e do desempenho dos equipamentos instalados em uma
empresa, para fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades sobre o
meio ambiente. A auditoria pode ser voluntária, por decisão da empresa,
em conformidade com sua Política Ambiental, imposta por legislação
local ou ocorrência de circunstâncias especiais que afetam a empresa,
tais como a ocorrência de acidentes ambientais graves, ou ainda, como
exigência de compradores interessados nos ativos do estabelecimento e
na identificação de eventuais passivos ambientais.

2. Auditoria Ambiental

Auditoria Ambiental (AA) é um instrumento de gestão que


compreende a avaliação sistêmica, documentada, periódica e objetiva
da eficácia da organização no que diz respeito ao seu sistema de gestão
ambiental e aos procedimentos referentes a este sistema.
O objetivo de uma Auditoria Ambiental é:

a) Facilitar o controle, por parte da direção, das práticas que


podem ter efeitos sobre o meio ambiente;
b) Avaliar sua adequação às políticas ambientais da empresa.

A auditoria ambiental pode ser pública ou privada, conforme


seja determinada e/ou realizada pelo Poder Público ou pela própria
empresa.
A auditoria privada tem sido impulsionada pela “tomada de
consciência das vantagens na concorrência, que pode conferir a certas
empresas a adoção de medidas testemunhado sua” consciência ecológica
“no plano da estratégia de concorrência, dos novos produtos, novas
tecnologias e dos novos sistemas de gestão”. Na fusão de sociedades ou
na venda de empresas, inclusive estatais, atualmente, passou-se a auditar
ambientalmente para a constatação de possível passivo ambiental.
Segundo Donaire, um estudo de casos publicados pela Unep/IEO

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(United Nations Environment Programme/Industry and Environment),


em 1989, denominado UNEP’s Industry and environment Office, mostra
que entre as atividades que são usualmente auditadas incluem-se as
seguintes:

a) Política, responsabilidades e organização das tarefas;


b) Planejamento, acompanhamento e relatório das ações;
c) Treinamento e conscientização do pessoal;
d) Relações externas com os órgãos públicos e comunidade;
e) Adequação aos padrões legais;
f) Planejamento de emergências e funcionalidade;
g) Fontes de poluição e sua minimização;
h) Tratamento da poluição e acompanhamento das descargas;
i) Economia de recursos;
j) Manutenção adequada;
k) Uso do solo.

3. Por que se faz uma Auditoria Ambiental?

Podemos dizer, sem exagero, que a razão básica para realizar uma
auditoria ambiental é a sobrevivência. Ainda que qualquer outro tipo
de auditoria seja necessário para que se conheça o estado da empresa,
a auditoria ambiental é, ainda, imprescindível por outros motivos:
cumprir a legislação, amenizar a pressão pública e prevenir sanções.
a) Aumento da conscientização. A sociedade experimentou um
considerável aumento de sensibilidade no que diz respeito à problemática
ambiental. Em grande parte, esse fenômeno deve-se aos acidentes e
desastres industriais ocorridos no mundo nos últimos anos.
b) Maior rigor da regulamentação ambiental. Como conseqüência
do aumento da sensibilização social, as administrações públicas estão
normatizando e legislando em matéria ambiental de forma que cada
vez é mais complexo o cumprimento de toda a legislação que afeta
uma indústria. Isso justifica e motiva a aplicação de planos de gestão

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ambiental e programas de auditorias para controlar sua eficácia.


c) Necessidade de evitar sanções. As empresas defrontam-se com
novos problemas como conseqüência das normas legais que os órgãos
públicos determinam, o que pode gerar sanções.
Nos Estados Unidos, os crimes ecológicos são punidos com multas
muito elevadas. Há o caso da empresa ICI que foi multada em 2,3 milhões
de dólares pela contaminação causada por uma de suas instalações de
Louisiana, ou o caso da empresa Monsanto condenada a pagar 1 milhão
de dólares por uma fuga de ácido em sua fábrica de Massachussetts.
Na Europa, também ocorreram casos de agressão ambiental com
importantes sanções econômicas, como o caso da empresa Shell, que
recebeu uma multa de 1 milhão de libras esterlinas pelo despejo de
petróleo no rio Mersey no Reino Unido, com graves conseqüências
para a flora e fauna da região, ou o ocorrido com a empresa Sandoz
que teve que pagar 40 milhões de francos suíços como indenização por
contaminar o rio Reno com pesticidas.
Na Espanha, começa-se a impor sanções por crime ambiental. O
caso na Catalunha da empresa Papeleira Tipel, acusada de realizar em
repetidas ocasiões despejos ilegais no rio Congost, levou os fiscais de
crimes ambientais a pedir uma condenação para seus diretores de 12
anos de prisão e 30 milhões de pesetas de multa; ou o da indústria têxtil
Puigneró, cujo proprietário foi acusado de despejar águas residuárias
sem depuração prévia no rio Sorreig. Somente no ano de 1994, a Guarda
Civil duplicou as denúncias por infrações ambientais. Recentemente, o
caso do despejo de efluentes tóxicos pela empresa mineradora Boliden
em Aznalcóllar (Huelva) teve uma grande repercussão social: caso claro
de negligência resultando em dano ambiental.
No Brasil, o derramamento de 1 milhão 292 mil litros de óleo na
Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, no início de 2000, fez a Petrobrás
contratar, emergencialmente, auditagem internacional, realizada
pela empresa inglesa ICL, nos nove dutos que constituem a rede de
distribuição de combustíveis na região. Essa auditagem externa buscou
referendar as providências já adotadas ou propor outras medidas

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Entretanto, em 14 de julho de 2000, ocorreu o derramamento de


cerca de 4 milhões de litros de óleo na bacia do Rio Iguaçu provenientes
da refinaria REPAR da Petrobrás em Araucária no Estado do Paraná,
no sul do Brasil. Este acidente é o segundo de grande porte acontecido
na empresa no ano citado.

4. Objetivos da Auditoria Ambiental

A auditoria busca definir e estabelecer um instrumento de gestão


para a empresa, seja interno ou externo, baseado em uma avaliação da
eficácia da organização com relação a um sistema ou norma de gestão
previamente fixada. Tal avaliação deve ser feita de maneira sistemática,
documentada, periódica e objetiva.
As diferentes finalidades da Auditoria Ambiental determinarão
sua condição. Assim, podemos encontrar auditorias de cumprimento,
de minimização de resíduos, de falência e pré-aquisição, de riscos.
As auditorias mais freqüentes são aquelas através das quais a
empresa busca conhecer seu estágio de adequação ambiental, o respeito
aos padrões legais ou respeito às exigências estabelecidas por ela mesma,
e em caso de necessidade, conhecer as medidas corretivas e as melhorias
a adotar.
Resolver os problemas ambientais da empresa não está entre os
objetivos das Auditorias Ambientais. Nesse sentido, a auditoria não
oferece respostas, mas sim coleta informações e identifica problemas.
As soluções para tais problemas virão posteriormente quando a
empresa adotar, em função dos resultados encontrados pela auditoria,
as estratégias necessárias dentro de suas políticas ativas e preventivas,
além de incorporá-las em seus objetivos e plano de atuação.
Segundo Ribeiro (1992), a auditoria vem ganhar novo campo
de atuação, que é a área ambiental. Os serviços de auditoria têm-se
prestado, principalmente, como garantia de veracidade das informações
apresentadas nas demonstrações contábeis. A necessidade de controle
das agressões ambientais trouxe a possibilidade de essa área do

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conhecimento estar atuando na verificação e orientação da efetiva


eficácia do processo operacional, a fim de minimizar, se não evitar,
danos ao meio ambiente.
Muitas organizações distribuem seus relatórios de auditoria
ambiental a seus gerentes e discutem seus resultados com os representantes
da comunidade em que estão instaladas, buscando um relacionamento
transparente e responsável em relação à questão ambiental.
Por isso, pode-se dizer que quando não se leva em conta as
necessidades específicas de cada empresa ou atividade, o objetivo que se
pode denominar como principal em um processo de auditoria ambiental
é conhecer o estágio atual da relação ambiente - empresa/atividade e
detalhar os direitos e obrigações desta empresa ou atividade no que diz
respeito ao cumprimento da lei.
Uma Auditoria Ambiental deve permitir que uma empresa ou
atividade identifique todas as suas áreas conflitantes e implante medidas
corretivas de proteção ou compensatórias, e dar conhecimento à opinião
pública de suas atuações, antes que algum órgão ambiental interno ou
externo obrigue-a tomar estas medidas.
Os objetivos de uma Auditoria Ambiental são muitos e variados.
Podem ser diferenciados entre globais para qualquer atividade ou
empresa e específicos para cada empresa ou atividade. Os objetivos
globais podem ser divididos da seguinte forma:
1 Permite aos dirigentes conhecer a situação ambiental da atividade
ou empresa, conhecendo com exatidão:
a. A legislação ambiental que afeta a empresa ou atividade.
b. O grau de cumprimento em que se encontra a empresa no que
diz respeito à legislação.
c. Os riscos advindos de sua situação atual em relação às suas
responsabilidades jurídicas.
2 Estabelecer as necessidades ambientais e determinar as medidas
corretivas técnica e economicamente viáveis que devam ser aplicadas em
uma determinada ordem de prioridades que permitam compatibilizar o
cumprimento da lei com um melhor posicionamento no mercado.

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3 Poder explicar a terceiros, através de um plano de comunicação,


externo ou interno, as ações da empresa ou atividade no que se refere à
proteção do meio ambiente.
Uma vez cumpridos os objetivos globais, também existem os
objetivos específicos da AA que são próprios e particulares de cada
atividade ou empresa. Estes objetivos específicos podem ser subdivididos
por áreas ou setores dentro da mesma empresa ou atividade. Dessa forma,
serão determinados, analisados e corrigidos todos os aspectos ambientais
incorretos dentro de cada área ou setor da atividade ou empresa.
Não se pode esquecer, no entanto, que a auditoria não é mais
que uma ferramenta, e não proporciona soluções por si só, mas que
simplesmente facilita a identificação dos problemas.
A rapidez com que se produzem as adaptações legislativas e
a recente pressão social têm sido o motor que está levando o meio
empresarial a uma sensibilização para com a problemática ambiental.
Mas, na maioria dos casos, a falta de informação atua como barreira para
uma adaptação ótima da indústria. Portanto, acreditamos, que nesse
sentido, a auditoria ambiental pode suprir as deficiências de informação
da indústria e orientar seus dirigentes na tomada de decisões.

5. A Abrangência da Auditoria Ambiental

Ao realizar uma auditoria ambiental é necessário definir claramente


sua abrangência geral, assim como a abrangência de cada fase da auditoria,
determinando-se de forma explícita os seguintes pontos:

a) Os temas que abrange.


b) As atividades objeto da auditoria.
c) As normas de comportamento ambiental.
d) O período que abrange a auditoria.
e) A valoração dos dados reais necessários para avaliar os
resultados.

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Não podemos esquecer que a auditoria ambiental deve abranger


desde aspectos meramente organizativos até a gestão dos resíduos finais,
sem esquecer a qualidade do meio ambiente. Portanto, o alcance de uma
Auditoria Ambiental pode contemplar três aspectos complementares:

a) Organizativo. Analisando desde os aspectos legais da situação


até os aspectos puramente organizativos ou econômico-financeiros.
b) Técnico. Realizando análises técnicas da situação das matérias
primas e investigando os processos produtivos até a tomada de amostras
dos fatores ambientais com maiores possibilidades de sofrerem impacto,
um estudo da eficácia das medidas corretivas e gestão de resíduos.
c) Ambiental. Estudando os efeitos que o desenvolvimento da
atividade produz no ambiente.

Apesar de tudo isso, a abrangência real da auditoria ambiental é


dada em função das necessidades de cada empresa. Por isso, a freqüência
se dará em função do risco de que se produza um impacto ambiental,
a investigação do processo produtivo variará conforme a adaptação
aos avanços tecnológicos por parte da empresa, a difusão externa virá
condicionada pelo tipo de produto final e a pressão social estará em
função da sensibilidade da população do entorno.

6. Tipos de Auditorias Ambientais

Destacam-se as seguintes tipificações de auditoria ambiental:

a) Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Este tipo


de auditoria diferencia-se dos outros tipos, pois a auditoria de sistemas
avalia o desempenho ambiental das operações da organização.
b) Auditoria Preliminar Informal. Busca detectar tanto as lacunas
e deficiências como os aspectos positivos do desempenho ambiental
verificado.
c) Auditoria de Adequação. Partindo-se do princípio da

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existência de um SGA, este tipo de auditoria verifica se o sistema está


suficientemente documentado para fornecer as evidências objetivas
estabelecidas no SGA.
d) Auditoria de Responsabilidade. Refere-se a danos já ocorridos
que seriam registrados como passivo ambiental. Este passivo é avaliado
mediante auditoria para identificar as não conformidades para com a
legislação e com a política ambiental da empresa.
e) Auditoria de Conformidade. Objetiva a avaliação da
observância à legislação e regulamentos aplicáveis na instalação ou área
auditada.
f) Auditoria de Certificação. Visa à verificação da adequação do
SGA da empresa com os requisitos da empresa certificadora.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT (1996) denomina de


Auditoria de Impacto Ambiental a auditoria realizada como ferramenta
nos processos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e do Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Nestes casos, se a empresa
não possui condições para instalar um SGA, ela poderá ser auditada com
base nos documentos utilizados no licenciamento ambiental previsto na
legislação.
As auditorias ambientais podem ser obrigatórias ou voluntárias:

a) Auditorias ambientais obrigatórias - quando visam a atender


a uma determinação do setor público, Ministério Público ou Órgão
Ambiental.
b) Auditoria ambiental voluntária – a realizada de forma
voluntária pelas organizações.

7. Quem faz a Auditoria Ambiental?

A Auditoria Ambiental é realizada pela equipe auditora que pode


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ser formada por apenas uma pessoa ou por várias, pertencente ao pessoal
da empresa ou por alguém externo a ela e que possua conhecimentos
suficientes dos setores e campos compreendidos no âmbito da auditoria,
com amplas noções e experiência sobre os aspectos técnicos, ambientais
e de gestão, com as normas pertinentes, e, com suficiente formação e
perícia como auditor para alcançar os objetivos fixados.
A equipe deve ser suficientemente independente para poder emitir
uma opinião objetiva. Os auditores devem estar preparados e qualificados
profissionalmente. Para realizar as avaliações e análises correspondentes,
devem contar com uma especialização técnica e conhecimento da
legislação ambiental. Existem dois níveis de qualificação profissional: o
auditor e o líder da equipe auditora. Ambos os profissionais devem estar
respaldados com documentos que creditem sua qualificação, capacidade
e experiência. O líder da equipe auditora, além dos conhecimentos
técnicos mencionados, deve ser especialista na realização de auditorias,
já que sua função é organizar e dirigir a auditoria, avaliar o resultado da
mesma e preparar o relatório correspondente, propondo as conseqüentes
ações corretivas.
A equipe auditora poderá estar composta, entre outros, pelos
seguintes membros:

a) Especialistas na atividade auditada: industrial, agrícola ou de


serviços.;
b) Especialistas com amplos conhecimentos ambientais e da
região;
c) Especialistas em processos de dispersão;
d) Especialistas em serviços de proteção;
e) Especialistas em correção de impacto;.
f) Especialistas em legislação ambiental.

Os auditores desempenham a parte da auditoria contratada sob a


supervisão do chefe auditor. Além dos conhecimentos técnicos específicos,
devem ter capacidade de comunicação. Para realizar a tarefa de auditar,
deve ser capaz de extrair e dar informação. Para tanto, é necessário
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comunicar-se de forma eficaz com todos os níveis da organização.


No momento certo, deve ser capaz de redigir informes claros e
simples. A habilidade para apresentar temas complexos a uma audiência
é outra faceta que terá que desenvolver e para tanto deverá expressar-
se com fluidez. Finalmente, o auditor deve ser capaz de receber a
informação do pessoal da organização e para isso deve ter a habilidade
de ler e escutar com atenção.

8. A auditoria ambiental e o desenvolvimento


sustentável

O desenvolvimento sustentável ou sustentado é aquele que visa


atingir as gerações presentes e futuras. A novidade do conceito é a
introdução das gerações futuras não só como interessadas, mas titulares
de direitos em relação ao desenvolvimento.
A Constituição Federal do Brasil de 1988, no seu art. 225 preceitua
que,

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e
à coletividade o dever de defende-lo e preserva-lo para as
presentes e futuras gerações.

Para que as gerações futuras possam encontrar recursos ambientais


utilizáveis, que não tenham sido esgotados, corrompidos ou poluídos
pelas gerações, novos mecanismos de controle ambiental foram
concebidos e estão sendo introduzidos nas legislações.
A adoção de novas formas de certificados e de comunicação
da informação a terceiros, como também a adoção, na gestão
interna, de novos sistemas de informação da gestão são inevitáveis e
indispensáveis para as empresas que venham a aderir aos princípios
do desenvolvimento sustentável ou do desenvolvimento durável. Os
conselhos de administração, os gerentes, as partes interessadas e as
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autoridades regulamentadoras desejam obter esta informação, que eles


querem sejam fidedigna e pertinente. Os dirigentes de empresa, sensíveis
às transformações, irão querer tomar parte na elaboração dos novos tipos
de informação e de comunicação da informação, tanto para a tomada de
decisões como para o exame das contas.

9. Estudo de Impacto Ambiental – EIA e Auditoria


Ambiental

No Brasil, temos dois tipos de Estudo de Impacto Ambiental


– EIA: aquele que é prévio à instalação de atividade ou de obra e o
estudo exigido antes da autorização e/ou licença de funcionamento ou
de operação.
A auditoria ambiental será sempre posterior ao Estudo Prévio
de Impacto Ambiental – EPIA, exigido constitucionalmente para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, (conforme art. 225, § 1º, IV da CF) “exigir,
na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade”. A auditoria deverá avaliar
se as orientações contidas no estudo estão sendo observadas e se os
métodos de controle ambiental estão sendo eficazes.
Diferente é a situação do EIA para a concessão de nova autorização
e/ou licença de funcionamento. Nesse caso, a auditoria ambiental poderá
anteceder o EIA/RIMA e lastrear algumas de suas considerações.
Os dois institutos jurídicos-ambientais guardam semelhanças,
pois os mesmos serão realizados às expensas da empresa e/ou do
empreendedor.

10. Considerações Finais

Muito se fala sobre a preservação da natureza, qualidade ambiental,


selo verde e outros termos hoje em evidência mundial. Porém, o que

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se observa, ainda, é a falta de conscientização ecológica, quando não


a ignorância das pessoas a respeito de suas próprias relações com o
ambiente. Tudo passa pela educação ambiental: desde ensinar a uma
criança a não jogar lixo em vias públicas, como convencer uma indústria
a não poluir a atmosfera ou a tratar seus efluentes líquidos.
Os instrumentos para o gerenciamento de um desenvolvimento
sustentável em todo o mundo evoluíram muito na última década. Os
Estudos de Impacto Ambiental, as Análises de Risco, o Licenciamento
Ambiental, as Consultorias Ambientais e mais recentemente o
lançamento da mais nova família internacional de normas: a ISO 14.000
– Normas para o Sistema de Gestão Ambiental -, vêm trazer à tona a
preocupação pelo ambiente na era da globalização.
Hoje, para uma indústria qualquer competir no mercado
internacional, deve adequar-se a NBR ISO 14.001, ou seja, implementar
um Sistema de Gestão Ambiental que estabeleça requisitos, entre outros:
a definição da política ambiental e o comprometimento da empresa, a
compatibilização com a legislação, o treinamento e a qualificação de
seus funcionários, o registro documentado das instruções de trabalho e
o controle operacional em todas as atividades, o plano de emergência em
áreas que tenham aspectos associados a possíveis impactos ambientais
e seu respectivo monitoramento, incluindo também a auditoria desse
sistema.
Um processo de auditoria ambiental segue um roteiro semelhante
ao de qualquer auditoria, incluindo o planejamento e preparação da
auditoria, pesquisa sobre a legislação aplicável, seleção da equipe e seu
auditor-líder, exame de sistemas documentados e controles internos,
inspeções e entrevistas no local, reuniões para avaliação e análise crítica,
relatório de auditoria e acompanhamento.
O auditor deve aplicar uma combinação de avaliação objetiva e
julgamento profissional e, em muitos casos, fazer uso do bom senso.
A sua capacitação deve incluir um conhecimento adequado dos setores
e áreas sobre os quais incidirá a auditoria, conhecimento e experiência
em matéria de gestão ambiental e questões técnicas e regulamentares

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relevantes para a condução de auditorias, a fim de atingir os objetivos pré-


determinados. Além de competente, o auditor ambiental também deve
ser suficientemente independente em relação às atividades que examina,
para atuar com objetividade, confidencialidade e imparcialidade.
Tratando-se de um estudo sobre a auditoria ambiental, em
Rondônia este se encontra em estágio incipiente. Com esta investigação
acredita-se que se tenha oferecido uma contribuição às organizações,
e em especial as pessoas físicas. No âmbito acadêmico, espera-se ter
contribuído provocando debate teórico e despertar o interesse da
comunidade científica em torno do tema e assim ensejar a realização de
novos trabalhos.

11. REFERÊNCIAS

Assessoria de Imprensa/Petrobrás 21 de janeiro de 2000. Site: www.


petrobras.com.br

Associação Brasileira de Normas Técnicas. ISSO Série 14000. Coletânea


de Normas de Gestão Ambiental. ABNT, Rio de janeiro, 1997.

BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado Federal,


1988.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas,


1995. 110 p.

Greenpeace. Site: www.greenpeace.org.br/noticias/dezembro de 2000.

MILARÉ, Edis. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais.


2000. 687 p.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro.


São Paulo: Malheiros. 2000. 971 p.

OLIVEIRA, Luiz Martins de. FILHO, André Diniz. Curso Básico de

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Auditoria. São Paulo: Atlas, 2001. 216 p

RIBEIRO, Maisa de Souza. Contabilidade e meio ambiente. 1992.


Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – FEA/USP, São Paulo. 141 p.

VALLE, Cyro Eyer do. Como se preparar para as normas ISO 14000.
São Paulo: Pioneira. 2000. 139 p.

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