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Aula 02

Medicina Legal p/ Polícia Civil - MG (Investigador)


Professor: Fatima Albuquerque Taufick
Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia
Polícia Civil/MG
Teoria e Exercícios comentados
Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 02

AULA 02: Traumatologia Médico-Legal

Oi, pessoal!
Hoje falaremos das demais energias do item 4.2 do nosso edital
(Traumatologia Médico-Legal), mais especificamente dos subitens 4.2.3,
4.2.4 e 4.2.5, já que o 4.2.2 já foi abordado na aula demonstrativa e o
4.2.1 será tratado mais à frente, em uma aula específica, para que esta
não fique muito extensa.
Busquei trazer aquilo que há de mais importante para a prova, pois temos
que direcionar esforços para os conteúdos com maior chance de serem
cobrados, já que o assunto é muito extenso, ok?

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Pormenor de Os Milagres de Santo Ignacio de Loyola (1618).


Pieter Pawel Rubens (1577-1640). Óleo sobre tela. Kunsthistorisches Museum (Viena).

BEZERRA, Armando J C. As belas artes da medicina, 2003.

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Como já vimos em nossa aula 00, a Traumatologia (ou Lesonologia)


Médico-Legal ou Forense estuda as lesões produzidas por violência
causada por variados tipos de energias (mecânica, física, química, etc.).
Esses danos ao corpo humano podem ser imediatos ou tardios.

Relembrando os tipos de energias causadoras de lesões:

1. Energias de ordem mecânica: lesões produzidas por ação perfurante, cortante (ou
incisa), contundente, perfurocortante, perfurocontundente e cortocontundente;
2. Energias de ordem física;
3. Energias de ordem química;
4. Energias de ordem físico-química;
5. Energias de ordem bioquímica;
6. Energias de ordem biodinâmica;
7. Energias de ordem mista.

TIPO DE INSTRUMENTO TIPO DE EXEMPLOS


ENERGIA (AÇÃO) LESÃO
mecânica perfurante punctória estilete, agulha, furador de gelo, garfo.
cortante/ cortante/ navalha, lâmina de barbear, bisturi.
inciso incisa atípicos: folha de papel, linha com pó de vidro
("cerol"), capim (capim navalha).

contundente contusa meios ou instrumentos de superfície, e não de gume


(ex: martelo, explosões).
perfurocortante perfurocortante facas, punhal, canivete, lima, tesoura.
/perfuroincisa
perfurocontun- perfurocontusa 05608175760
projéteis de arma de fogo (PAF), guarda-chuva.
dente
cortocontundente cortocontusa foice, facão, machado, guilhotina, tesoura, rodas de
trem, unhas, dentes.
física temperatura, eletricidade, luz, som, pressão atmosférica, radioatividade.
química substâncias químicas ácidas ou cáusticas (vitriolagem), venenos.
físico- asfixias em geral.
química
bioquímica perturbações alimentares, infecções.
biodinâmi- síndrome do choque, síndrome da falência múltipla de órgãos.
ca
mista fadiga, doenças parasitárias, sevícias (criança e ancião maltratados, tortura, violência contra
a mulher).

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Os instrumentos e os meios podem atuar como agentes lesivos: em


regra, os instrumentos são transferidores de energias mecânicas, e os
meios transferem as demais formas de energia (física, química, etc.).

Não abordaremos as lesões produzidas por energia bioquímica,


biodinâmica e mista, pois que não constam explicitamente no edital.
Inseri-as no quadro acima apenas para auxiliar no entendimento do
assunto como um todo, blz?

Trataremos, então, dos demais tipos de energias constantes do edital:


a) Energias de Ordem Química: cáusticos e venenos, embriaguez,
toxicomanias.
b) Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade,
pressão atmosférica, radiações, luz e som.
c) Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral e asfixias em
espécie: por gases irrespiráveis, por monóxido de carbono, por
sufocação direta, por sufocação indireta, por afogamento, por
enforcamento, por estrangulamento, por esganadura, por
soterramento e por confinamento.

a) ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA:


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São substâncias que agem externa (cáusticos) ou internamente (venenos)


e que, por ação física, química ou biológica, podem causar danos à vida
ou à saúde quando reagem com os tecidos vivos.

CÁUSTICOS
Atuam externamente e causam lesões tegumentares mais ou menos
graves conforme sua natureza química, resultando em efeitos coagulantes
ou liquefacientes.

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- substâncias com efeito coagulante: levam à desidratação dos tecidos


e resultam em escaras endurecidas com várias tonalidades. Exs:
nitrato de prata, acetato de cobre e cloridrato de zinco.
- substâncias com efeito liquefaciente: causam escaras úmidas,
translúcidas e moles. Exs: soda, potassa e amônia.

A importância deste estudo reside em se determinar a gravidade da


lesão causada por essas substâncias, em se distinguir uma lesão in
vitam de uma post mortem e em se determinar qual o tipo de
substância usada.

A gravidade da lesão varia de acordo com a quantidade, a concentração


e a natureza do cáustico, podendo haver complicações como infecção,
cicatrizes retráteis ou mesmo cegueira.

O diagnóstico diferencial das escaras produzidas in vitam ou post


mortem pode ser feito com a observação do aspecto da lesão: quando
produzidas após a morte, afiguram-se apergaminhadas e de cor marrom-
escura, sem forma de escara propriamente dita, além de não
apresentarem reação vital em exames histoquímicos e histológicos.

Alguns ácidos atuam com mesma intensidade e mesmas características


no vivo ou no cadáver, sendo ainda mais dificultosa essa diferenciação
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quanto mais precocemente o morto foi atingido.

A identidade da substância pode ser determinada pelo aspecto das


lesões (e também por meio de reações químicas):
- ácidos: produzem escaras secas e de cor variável (ácido sulfúrico e
ácido fênico, esbranquiçadas; ácido nítrico, amareladas; ácido clorídrico,
cinza-escuras).
- álcalis: causam escaras úmidas, moles e untosas.
- sais: em geral, escaras brancas em secas.

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Normalmente, a natureza jurídica dessas lesões é acidental ou criminosa


(raramente voluntária). Quando criminosa, é mais frequente na face, no
pescoço e no tórax, devido à intenção do agressor de trazer um prejuízo
estético permanente e aparente à vítima.

Antigamente, essas lesões eram causadas pelo óleo de vitríolo (ácido


sulfúrico), daí o nome vitriolagem.

VENENOS
São substâncias que atuam internamente e que, introduzidas pelas mais
diversas vias no organismo (mesmo homeopaticamente), causam danos à
vida ou à saúde.

A dosagem, a resistência individual, a forma de administração e o


veículo utilizado podem definir uma substância como inócua, como
alimento, como medicamento ou como veneno.

A resistência individual pode causar alterações que resultam em maior ou


menor ação maléfica do veneno, tais como a idade, o sexo, a tolerância
adquirida, as condições hepáticas, o estado de repleção do estômago etc.

Algumas substâncias se modificam de acordo com o veículo em que se


encontram, a exemplo do cianeto de potássio, que, em meio glicosado,
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perde acentuadamente o poder mortal.

Classificação dos venenos:


a) quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos;
b) quanto à origem: animal, vegetal, mineral e sintético;
c) quanto às funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais (funções
inorgânicas); hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos
orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides
(funções orgânicas);

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d) quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético


e venenos propriamente ditos.

As vias de penetração do veneno podem ser: oral, gástrica, retal,


inalatória, cutânea, subcutânea, intramuscular, intraperitoneal,
intravenosa, intra-arterial e intratecal. A mais comum é a via
orogastrointestinal.

O percurso do veneno no organismo passa por várias fases: penetração,


absorção, distribuição, fixação, transformação, eliminação, mitridatização,
toxicidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico. Vamos fixar
alguns conceitos úteis sobre essas fases por que passam o veneno:
 Absorção: processo pelo qual o veneno chega à intimidade dos
tecidos, sendo mais pronunciada em mucosas. A mais frequente é a
gastrointestinal, e a mais grave é a pulmonar, que direciona a
substância diretamente para a circulação sanguínea e a difunde
rapidamente por todos os tecidos. A velocidade da absorção
depende da solubilidade, da concentração, da superfície de contato
e da via de penetração do veneno.
 Fixação: nessa fase, a substância tenderá a se localizar em
determinados órgãos de acordo com o seu grau de afinidade (Exs:
digitalina no músculo cardíaco; barbitúricos nas hemácias e nos
centros nervosos; cocaína na medula espinhal).
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 Transformação: fase em que o organismo busca se defender da


ação tóxica do veneno, facilitando sua eliminação e diminuindo seus
efeitos nocivos, por meio de reações que produzem substâncias
mais solúveis, menos agressivas e de eliminação mais fácil (Ex:
cianeto de potássio, em contato com o ácido clorídrico do estômago,
produz cloreto de potássio e ácido cianídrico).
 Distribuição: o veneno caminha pela circulação (sangue e líquidos
intersticial, celular e transcelular) e atinge vários tecidos,
dependendo de sua menor ou maior afinidade por cada tipo.

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 Eliminação: o veneno é expelido pelas vias naturais, como o


sistema urinário (principal), o digestivo (vômitos e evacuações), o
ar expirado, o suor, a saliva e a bile. Até mesmo cabelos, unhas,
placenta e leite podem participar dessa etapa.
 Mitridatização: fenômeno caracterizado por uma elevada
resistência orgânica aos efeitos tóxicos dos venenos, obtida por
meio da ingestão repetida e progressiva de substâncias de alto teor
venenoso, resultando em um estágio de resistência não encontrado
na maioria das pessoas.
 Toxicidade: propriedade de uma substância causar, por efeito
químico, um dano interno a um organismo vivo.
 Intolerância: sensibilidade excessiva de alguns indivíduos a
pequenas doses de veneno, que geralmente são imperceptíveis em
outras pessoas.
 Sinergismo: trata-se de uma ação potencializadora dos efeitos
tóxicos decorrentes da ingestão simultânea de várias substâncias
venenosas.
 Equivalente tóxico: quantidade mínima de veneno capaz de, por
via intravenosa, matar 1 kg do animal considerado.

ENVENENAMENTO
É o conjunto de elementos caracterizadores da morte violenta ou do dano
à saúde ocorridos pela ação de determinadas substâncias de forma
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acidental, criminosa ou voluntária.

Alguns autores distinguem intoxicação (reações do metabolismo interno,


de origem acidental, produzidas por energias bioquímicas) e
envenenamento (caráter quase sempre intencional, origem exógena e
ocasionado por energias químicas).

O envenenamento pode ser agudo ou crônico, dependendo da


quantidade, da velocidade da absorção e da sensibilidade individual,

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evidenciando manifestações inespecíficas (síndrome geral de adaptação) e


específicas (de acordo com cada grupo de venenos).

Sob o aspecto pericial, é importante ressaltar a possibilidade de


envenenamento sem a identificação do veneno (ex: o veneno não foi
detectado por modificação de sua composição, por ter sido totalmente
eliminado ou devido a dificuldades nos métodos de detecção) ou de casos
de identificação do veneno sem evidência de manifestações de
envenenamento (ex: ingestão de dose não mortal e, posteriormente,
adoção de outra forma de suicídio; veneno em dose mortal que não
chegou a ser a causa da morte).

DIAGNÓSTICO
a) Critério clínico: análise dos sintomas e sinais da vítima e das fases
do envenenamento em relação aos antídotos ministrados (anamnese,
inspeção geral, atitude, marcha, fácies, odores peculiares, sinais
cutâneo-mucosos, psiconeurológicos, oculovisuais, otoauditivos, naso-
olfativos, respiratórios, hepatorrenais, orogastrointestinais,
musculares e osteoarticulares).
b) Critério circunstancial: também chamado de critério histórico ou
policial, analisa circunstâncias ligadas ao evento (estudo do local de
morte, depoimento de testemunhas, presença de substâncias do
suposto envenenamento, bilhetes deixados pela vítima etc.).
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c) Critério anatomopatológico: tem por base informação de natureza


anatômica ou histopatológica, por meio de processos degenerativos da
ação de certas substâncias (exame microscópico). Utilizado
comumente em lesões por substâncias cáusticas, em que a ação
corrosiva é muito mais grave do que os efeitos do envenenamento em
si.
d) Critério físico-químico ou toxicológico: busca isolar, identificar e
dosar, no material examinado, as substâncias tóxicas suspeitas, por
meio de métodos qualitativos e quantitativos. Trata-se de um critério

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bem completo, mas não conclusivo, pois depende de apreciação


médico-legal (casos de encontro de veneno sem envenenamento ou
de envenenamento sem veneno, como já vimos).
e) Critério experimental: utilizado quando os meios químico-analíticos
se mostram ineficazes (ex: suspeita de envenenamento ofídico).
Utiliza o material suspeito em animais de laboratório e no
acompanhamento da sintomatologia exteriorizada.
f) Critério médico-legal: é o critério mais importante, pois trata-se da
síntese de todos os outros, utilizando-se de um raciocínio lógico que
adota os demais dados disponíveis e a ausência de outras lesões que
possam justificar o envenenamento. Os subsídios mais valiosos são a
análise toxicológica ou físico-química e os achados
anatomopatológicos colhidos da vítima.

Nos casos de morte, o diagnóstico do envenenamento deve ter como base


a perinecroscopia, a necropsia e os exames complementares pertinentes.

O termo “envenenamento” não se constitui apenas de um diagnóstico


toxicológico, clínico ou anatomopatológico, mas de uma operação médico-
legal complexa e multiprofissional, em que os peritos se reúnem e
avaliam todos os procedimentos periciais em busca de um resultado
lógico e conclusivo.
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SÍNDROME DO BODY PACKER


Body packer é o termo atribuído a pessoas que conduzem drogas ilícitas
no interior do seu organismo (estômago e intestinos), tais como cocaína,
anfetaminas e heroína, para contrabando. A síndrome do body packer
caracteriza-se por graves efeitos à vida e à saúde, e quase sempre a
morte, decorrentes do rompimento de bolsas ou cápsulas com droga no
interior do estômago ou dos intestinos, causando uma invasão maciça da
droga na corrente sanguínea.

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O diagnóstico é feito por radiografia do abdome (no vivo), pela presença


das próprias cápsulas e de alterações do estômago e intestinos no
cadáver e pela análise toxicológica para a evidenciação do tipo de droga.
A morte sempre se dá por intoxicação aguda e maciça da droga ingerida,
sendo a mais comum a cocaína.

No exame pós-exumático de um corpo suspeito de envenenamento,


sempre é possível identificar um veneno, qualquer que seja o tempo da
morte, mesmo em cadáveres totalmente esqueletizados.

OBS: Body pusher é o termo atribuído a pessoas que transportam


pequenas quantidades de droga nos orifícios naturais (ânus e vagina).

NOÇÕES DE TOXICOLOGIA

TOXICOLOGIA é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das


interações de substâncias químicas com o organismo. Busca identificar e
quantificar os efeitos adversos associados à exposição a determinados
agentes químicos (tóxicos ou drogas).

Estuda, ainda, os tóxicos e as intoxicações, a fim de estabelecer limites


de segurança relativos à interação entre meios biológicos e tóxicos. É
uma ciência multiprofissional, que conta com a participação de
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profissionais de variadas áreas de formação.

Na Toxicologia Médico-Legal ou Forense, o principal objetivo é detectar e


quantificar os vários tipos de substâncias tóxicas, atuando em situações
de cunho judicial em que se busca reconhecer, identificar e quantificar o
risco relativo da exposição humana a estes agentes tóxicos.

O campo de ação desta ciência é amplo, pois trabalha com exames em


cadáveres e perícias toxicológicas no vivo para rastreio e confirmação do

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abuso de drogas e caracterização do estado de dependência química e


psíquica, bem como atua em prol da saúde pública, por meio de
investigações laborais ou relacionadas ao meio ambiente.

TOXICOFILIA (ou TOXICOMANIA) é conceituada pela OMS como sendo


um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo ou à
sociedade, produzida pelo repetido consumo de uma droga natural ou
sintética.

TÓXICO (ou DROGA) são substâncias naturais, sintéticas ou


semissintéticas que têm a possibilidade de provocar tolerância,
dependência e crise de abstinência. Pode-se dizer que são todas e
quaisquer substâncias que, uma vez dentro do organismo, produzem
alterações e modificações em seu funcionamento normal. Trata-se de
uma difícil definição, pois qualquer substância pode ser lesiva ou produzir
transtornos ao equilíbrio biológico (nessa acepção, toda substância pode
ser tóxica, incluindo aquelas consideradas alimentos ou medicamentos).

TOLERÂNCIA é a necessidade de doses cada vez mais altas de


determinada substância.

DEPENDÊNCIA é a interação que ocorre entre a substância tóxica e o


metabolismo orgânico do indivíduo que a consome.
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CRISE DE ABSTINÊNCIA é uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas)


cujas manifestações clínicas são inquietação, irritabilidade, tremores,
náuseas, vômitos, anorexia e distúrbios do sono.

A DOSE LETAL MÉDIA (DL50) traduz o grau de toxicidade de uma


substância. É a dose capaz de matar 50% dos indivíduos de
uma população em teste, utilizada para o estabelecimento de classes
toxicológicas para produtos químicos e farmacológicos.

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ANTÍDOTO é uma substância com efeitos antagonistas aos efeitos tóxicos


de outra.

As DROGAS NATURAIS não contêm produtos químicos nem podem ser


produzidas em laboratórios (exs: ópio, papoula).

As DROGAS SEMI-SINTÉTICAS são produzidas a partir de drogas naturais


combinadas com alterações químicas artificiais realizadas em laboratório.
São substâncias ou misturas exclusivamente psicoativas produzidas com
o uso de outros agentes químicos cujos principais componentes ativos não
são encontrados na natureza (exs: LSD, anabolizantes).

DROGAS PSICOTRÓPICAS ou PSICOATIVAS


Atuam no Sistema Nervoso Central (SNC), interferindo nas ações, na
capacidade de pensamento, análise, abstração e julgamento. Alguns tipos
podem levar ao efeito chamado tolerância, que ocorre com o uso
continuado da substância, em que o usuário é compelido a:
• aumentar a quantidade ou o número de doses para obter o mesmo
efeito; ou
• mudar para uma substância mais forte, para manter os mesmos
níveis de prazer.

Em caso de administração de doses muito altas ou de drogas muito fortes


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para o organismo, pode ocorrer overdose ou superdose, que pode levar


o usuário à morte.

Dependência física: é a necessidade fisiológica da droga, resultado da


adaptação natural e involuntária do organismo à substância. Uma
suspensão brusca ocasiona "crise de abstinência". Ocorrem calafrios,
cãibras, sudorese (transpiração abundante), taquicardia (aceleração do
ritmo cardíaco), cefaleia (dor de cabeça) e delirium tremens − quando o

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organismo entra em "estado de pânico" diante da suspensão da droga −.


Estudaremos esta entidade mais à frente.

Dependência psicológica: ocorre uma vontade muito forte, quase


incontrolável (compulsão), de administrar a droga para evitar o mal-estar
intenso. A dependência psicológica indica a existência de alterações
psíquicas que favorecem a aquisição do hábito.

O desejo de obter a droga transforma-se em necessidade, que acarreta


um estado profundo de angústia, se não satisfeito. Este estado depressivo
não é próprio apenas dos que usam drogas que causam dependência
psicológica, mas de praticamente todos os dependentes.

Caracterização da Dependência:
1 - forte desejo ou compulsão para consumir a substância;
2 - dificuldade em controlar o consumo da substância (o início e o término
do uso ou os níveis consumidos);
3 - estado de abstinência fisiológica na privação ou redução do uso
(sintomas de abstinência ou uso da substância para aliviá-los);
4 - evidência de tolerância (necessidade de doses crescentes para
alcançar efeitos originalmente produzidos com doses mais baixas);
5 - abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor
do uso da substância e aumento do tempo para se recuperar dos efeitos;
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6 - persistência no uso da substância, mesmo diante de clara evidência de


consequências nocivas (ex: dano hepático, depressão, comprometimento
cognitivo relacionado).

Os estados toxicofílicos caracterizam-se por:


 compulsão incontrolável de continuar o uso da substância e de obtê-
la a todo custo;
 dependência psíquica à droga;
 tendência ao aumento progressivo da dosagem da substância;
 efeito nocivo individual e coletivo.

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O homem utiliza drogas psicotrópicas há milhares de anos. Antes,


produzidas pela natureza, hoje, por meios sofisticados da técnica
farmacêutica. As drogas mais antigas são o álcool e o ópio, além de uma
bebida chamada nephenthes. Atualmente, a droga é um problema
eminentemente urbano e mais comum na juventude (incidência mais
frequente entre 14-25 anos).

Segundo os efeitos produzidos no Sistema Nervoso Central (SNC), as


drogas podem ser classificadas em:
1 - Depressoras (psicolépticos);
2 - Estimulantes (psicoanalépticos);
3 - Perturbadoras (psicodislépticos).

PSICOLÉPTICAS / Depressoras: diminuem a atividade cerebral e a


quantidade das respostas funcionais e reflexos. O SNC fica mais lento,
ocasionando reações lentas, sonolência, apatia, alterações da
coordenação motora, dificuldade de concentração e perda de memória.
Exs: álcool, alguns hipnóticos, barbitúricos e não-barbitúricos,
ansiolíticos, narcóticos, hipnoanalgésicos (morfina, codeína, heroína,
metadona, cola de sapateiro, benzina, acetona, thinner, cloreto de etila,
clorofórmio, ópio).

PSICOANALÉPTICOS / Estimulantes: aumentam a atividade do SNC,


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acarretando aumento da sensação de energia, da disposição e da


percepção dos sentidos (inibem o apetite e a fadiga).
Exemplos: cocaína, crack, cafeína, teobromina, ecstasy, anfetaminas.

PSICODISLÉPTICOS / Perturbadoras ou Alucinógenas: modificam a


qualidade da atividade cerebral, causando alteração da percepção, cujos
sintomas são confusão mental, desorientação no tempo e no espaço,
delírios, alucinações, despersonalização.

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Exs: maconha, skunk, LSD, psilocibina, heroína, chá de cogumelo,


mescalina, ayahuasca, atropina-beladona, cogumelo, ecstasy,
anticolinérgicos.

PRINCIPAIS TIPOS DE TÓXICOS:

MACONHA
Nativa das regiões equatoriais e temperadas, é a droga mais consumida
no mundo inteiro. É conhecida na China e na Índia há 9 mil anos. É
extraída de determinadas partes das folhas da planta Cannabis sativa
(cânhamo). Possui odor forte e característico. Pode ser consumida em
forma de cigarro ou com o uso de cachimbos, xaropes, pastilhas, infusões
ou bolos de folhas para mascar.

O mecanismo de ação e os respectivos efeitos da droga ainda não são


bem conhecidos, mas ocorrem pela ação do princípio ativo THC (tetra-
hidro-canabinol) nos centros nervosos superiores, cujo efeito dura entre 2
e 8 horas.

Seus efeitos podem incluir prostração ou agitação, mas, em geral,


caracterizam-se por lassidão, comportamento excêntrico, alterações da
memória e desorientação (em relação ao tempo e ao espaço).
Apresentam alteração da percepção e alterações psicológicas (indiferença,
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fuga à realidade e, mais raramente, alucinações e ilusões).

Possui uma nocividade relativa, uma vez que, em regra, não conduz à
dependência física e não cursa com crises de abstinência. Os usuários
leves podem ser recuperados com alguma facilidade. Já os usuários muito
frequentes podem apresentar, eventualmente, a síndrome da abstinência.
Um dos efeitos nocivos desta droga é o fato de ser bastante comum sua
associação a outras substâncias.

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Há autores, porém, que defendem o uso da maconha para fins médicos


em casos de glaucoma e de câncer terminal.

HAXIXE é um produto extraído da resina seca de folhas esmagadas de


maconha, utilizado em forma de tabletes sólidos ou misturado ao fumo
em cigarros e cachimbos. SKUNK é a maconha cultivada em estufas
especiais, com alta concentração de THC.

MORFINA
Alcaloide derivado do ópio em forma líquida e incolor, aplicada como
injeção intramuscular. Pode viciar com o primeiro uso, em pacientes
susceptíveis. O processo de intoxicação é rápido e a dependência é
acentuada. Ocorre o enfraquecimento precoce da inteligência, da
memória e da vontade do usuário. Morfinomania ou morfinofilia é o termo
utilizado para o uso vicioso da morfina.

No início, há um sentimento de euforia, disposição, extroversão e alegria


(a chamada "lua de mel da morfina"), para depois passar ao "período de
estado" e à fase de caquexia (emagrecimento, palidez, envelhecimento
precoce, insônia, tremores, angústia, desespero, vômitos, queda de
cabelo e impotência sexual). A morte ocorre geralmente por tuberculose
ou alterações cardíacas.
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HEROÍNA
Produto sintético (éter diacético da morfina — diacetilmorfina) em forma
de pó branco, que é diluído e injetado ou usado misturado ao fumo do
cigarro.

O usuário de heroína se assemelha ao de morfina, porém a heroína, por


ser cinco vezes mais potente que a morfina, causa efeitos mais graves e
rápidos e a dependência se instala muito precocemente. Ocasiona

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náuseas, vômitos, delírios, convulsões e bloqueios do sistema


respiratório, podendo levar à morte com rapidez.

COCAÍNA
Alcaloide extraído das folhas da coca, um arbusto sul-americano, de ação
estimulante. Administrada na forma de pó branco pela mucosa nasal
(aspiração), pela mucosa gengival (fricção) ou por injeção intravenosa,
após diluição.

É comum o indivíduo apresentar uma decadência física lamentável


combinada com um humor imoderado e injustificável. Os olhos são
fundos, brilhantes e com pupilas dilatadas (midríase). Também ocorrem
tremores e tiques nervosos com excitações repentinas. Uma lesão de alta
significação médico-legal é a perfuração do septo nasal em usuários de
cocaína por aspiração.

Na intoxicação aguda por cocaína, podem ocorrer os seguintes sintomas:


a) psíquicos: excitação motora, agitação, ansiedade, confusão mental e
loquacidade;
b) neurológicos: afasia, paralisias, tremores, convulsão;
c) circulatórios: taquicardia, aumento da pressão arterial, dor precordial
(dor no peito);
d) respiratórios: polipneia (respiração acelerada), síncope (perda súbita
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da consciência, "desmaio").

Por ser droga de alta nocividade, é comum o viciado não se recuperar de


lesões mais graves do sistema nervoso, mesmo após a desintoxicação,
podendo apresentar depressão, angústia, alucinações, delírios de
perseguição e complexo de culpa. É frequente a morte por alterações
cardíacas.

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ECSTASY (MDMA)
Trata-se de uma "anfetamina modificada", com uma ação cerebral
diferente das anfetaminas convencionais. Tem ação duradoura que pode
se prolongar por horas.

Pode causar taquicardia, hipertensão, convulsões, trombose, hemorragia


cerebral, xerostomia (boca seca), hipertermia (elevação da temperatura
corporal acima de 40ºC). O usuário sente muita sede e pode ingerir mais
de 10 litros de água de uma só vez). Também ocorre diminuição de
apetite, diminuição da atenção, pânico, irritabilidade, ansiedade e até
morte súbita.

LSD 25
Droga alucinógena semissintética extraída da ergotina do centeio
(dietilamina do ácido lisérgico). Adicionada em tabletes de açúcar ou em
pedaços de cartolina para dissolução na água. Também se incluem a
mescalina e a silobina.

Os sintomas variam desde depressão, tristeza e fadiga até mudanças do


comportamento, percepção equivocada do mundo exterior, delírios,
alucinações, convulsões (podendo levar ao coma) e pesadelos (chamados
de "suicídio do drogado").
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O LSD produz, basicamente, quatro grupos de reações:


1º grupo: ocorre a sensação de um aumento considerável das forças e
das possibilidades, e o usuário se sente como um "todo-poderoso"
(chamado de "reação megalomaníaca").
2º grupo: sentimentos de depressão profunda, angústia e solidão. O
usuário sente-se como um ser indigno, pecador, incapaz, com tendências
ao suicídio.

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3º grupo: perturbações paranoicas: sentimentos de perseguição que


podem ocasionar atitudes agressivas de "prevenção" a um possível
"atentado" à vida do viciado.
4º grupo: estado de confusão geral, com ilusões, alucinações, ideias
irracionais, sentimentos absurdos e desorientação no tempo e no espaço.

BARBITÚRICOS
Barbitúricos são sedativos e calmantes, utilizados em medicamentos para
epilepsia, certos tipos de cefaleia (dor de cabeça), hipnose, úlcera
péptica, hipertensão arterial e distúrbios do sono. São muito utilizados
quando não há outra opção de droga. O uso abusivo e vicioso dos
barbitúricos é chamado de barbiturismo.

O uso desvirtuado e sem indicação médica pode levar à embriaguez


barbitúrica, cujos sinais e sintomas são tremores, marcha alterada,
disartria (dificuldade na articulação da palavra), sonolência, confusão,
apatia (indiferença, letargia) e bradipsiquia (lentidão psíquica e
intelectual). A suspensão abrupta pode ocasionar desordens psíquicas e
convulsões. Em doses excessivas, leva a uma grave depressão do sistema
nervoso central, podendo ocasionar coma e morte.

ÓPIO
Produto extraído das cápsulas da papoula Papaver somniferum e
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consumido na forma de cigarros. Pouco usado no Brasil devido ao difícil


processo de fabricação.

Inicialmente, ocorre a fase de excitação com hiperatividade funcional e


estímulo das funções psíquicas. Após, advém a fase de depressão, de
indiferença e de abatimento (o drogado fica impedido de qualquer
movimentação ou esforço). Ocorre embotamento da inteligência,
alterações da memória e intensificação da prostração e da angústia.

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ANFETAMINAS
Também são frequentemente usadas quando não há outra opção de
droga. Podem ser ingeridas, dissolvidas em bebidas ou injetadas por via
endovenosa. Constituem-se em grave problema médico e social, devido
ao fato de haver relativa facilidade em sua obtenção e à banalização de
seu uso para evitar o sono, para desinibir ou para euforizar.

A intoxicação aguda apresenta inquietação psicomotora, incapacidade de


atenção, obnubilação da consciência, estado de confusão e manifestações
delirantes.

CRACK
Apresenta efeitos semelhantes aos da cocaína, porém mais rápidos e com
potencial mais deletério por ser droga altamente viciante. Ocorre
midríase, irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações. Com o
tempo, o usuário apresenta grande ansiedade e sensação de cansaço
extremo.

Trata-se de um subproduto obtido da pasta base da cocaína, mais


utilizado por indivíduos de baixo poder aquisitivo e administrado por meio
de aspiração em cachimbos improvisados.

COGUMELO
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Alguns cogumelos são alucinógenos naturais e possuem alta toxicidade,


usados como infusão ou por ingestão. Podem provocar ampla gama de
reações, incluindo delírio e alucinações, com percepção de sons e cores
incomuns.

Os usuários costumam apresentar os seguintes tipos de manifestações:


- manifestações coléricas: vômitos, cólicas, diarreia, cãimbras e
desmaios;

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- manifestações hepatorrenais: icterícia (cor amarelada de pele e


mucosas), hematúria (sangue na urina) e oligúria (volume urinário
diminuído);
- manifestações neurológicas: agitação, delírios, euforia paradoxal,
convulsões e coma.

COLA DE SAPATEIRO
Constituída de hidrocarbonetos que, por inalação, agem muito
rapidamente sobre o sistema nervoso, mas com duração breve (15 a 40
minutos). Ocasionam euforia e alucinação-depressão. Com o tempo, os
solventes contidos na cola podem causar lesões graves na medula, nos
rins, no fígado e em nervos periféricos (é comum os usuários andarem
com dificuldade).

MERLA
Produto obtido a partir da pasta de coca, fabricado em laboratórios
improvisados, com o uso de vários produtos químicos (benzina,
querosene, gasolina, ácido sulfúrico, éter e metanol). Tem consistência
pastosa e cheiro muito ativo, sendo usada em cigarros ou cachimbos. É a
opção mais barata do crack e com maior poder destrutivo.

Tem efeitos passageiros, que duram por volta de 15 minutos. A sensação


inicial é de bem-estar e leveza, mas logo se seguem sensações
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desagradáveis de inquietação, agitação, alucinação.

A pele do usuário apresenta um cheiro permanente e desagradável devido


às substâncias químicas usadas refino da droga, que também atingem o
fígado (agridem as células hepáticas e causam hepatite tóxica), cérebro
(destroem os neurônios, ocasionando perda progressiva da memória e
alterações da coordenação motora), pulmões (fibrose pulmonar) e
coração (alterações do ritmo cardíaco).

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VISÃO MÉDICO-LEGAL
A promoção de políticas públicas consistentes cuja meta seja o
enfrentamento do problema da toxicomania deve se concentrar
prioritariamente na prevenção, na humanização do tratamento e na
reinserção do drogadito ao meio social, bem como na luta contra o tráfico
de drogas.

A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, trouxe novas perspectivas de


avanço na questão da política antidroga. Uma delas foi a
descriminalização da posse de droga para consumo pessoal e o aumento
da pena para o tráfico de drogas (5 a 15 anos), além de 500 a 1.500
dias-multa.

A posse de droga para consumo próprio consiste em uma infração sui


generis, sem pena de prisão ao portador, mas sujeita a medidas
alternativas como advertência e prestação de serviços comunitários.
Entretanto, os usuários, mesmo tendo sido orientados ao tratamento por
decisão judicial, não estão obrigados a fazê-lo.

Essa lei instituiu, ainda, o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre


Drogas (SISNAD), que prioriza medidas de prevenção, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas e cria normas para
repressão à produção e ao tráfico ilícito de drogas.
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Para fins da referida lei, drogas são as substâncias ou os produtos


capazes de causar dependência, especificados em lei ou relacionados em
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

A despeito das críticas, esse diploma legal trouxe, de fato, instrumentos


relevantes para auxílio no combate ao tráfico de drogas e na humanização
do tratamento jurídico do viciado e do consumidor eventual.

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PERÍCIA
A atuação da perícia nesse ramo da Medicina Legal perpassa a pesquisa, a
identificação da substância tóxica, a determinação da quantidade
consumida e o estudo biopsicológico de caracterização do estado de
dependência, além do estudo da personalidade do examinado.

A perícia reveste-se de suma importância na caracterização do flagrante,


por meio da determinação da natureza tóxica da substância e da
capacidade de esta provocar dependência. A perícia médico-legal poderá
contribuir também na avaliação da imputabilidade do drogado.

Além da dificuldade em se determinar um método ideal de pesquisa dos


tóxicos e de seus metabólitos, sempre há o risco de, no momento do
exame, não haver mais vestígios da droga utilizada. Não somente a
identificação da natureza da substância é importante, mas o estudo
detalhado da personalidade do viciado, a fim de orientar o magistrado a
decidir com base no princípio basilar da prevenção e da recuperação do
toxicômano.

Em regra, o tratamento médico do viciado é repressivo e discriminador:


limita-se ao confinamento e à desintoxicação do paciente, livrando
temporariamente a família da presença (indesejável) do drogado e agindo
tão somente no tratamento dos sintomas da intoxicação.
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Vamos tratar, agora, do item "embriaguez".

EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA
Na acepção médico-legal, temos as seguintes definições:

EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA - é um estágio: conjunto de manifestações


neuropsicossomáticas advindas da intoxicação aguda por álcool, com
características episódicas e passageiras.

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ALCOOLISMO - é um estado: síndrome psico-orgânica caracterizada por


perturbações consequentes ao uso imoderado do álcool. Possui caráter
crônico e independe do grau de concentração alcoólica no momento do
exame.
ALCOOLEMIA - é uma taxa: é o resultado da dosagem do álcool etílico no
sangue (em %, em g/ml ou dg/ml). É realizado pelo exame em cromatina
gasosa e apresenta resultados de caráter específico, o que concede
credibilidade metodológica ao método.

"Bebidas alcoólicas": são as bebidas potáveis que contenham, em sua


composição, um teor alcoólico ≥ 0,5 grau Gay-Lussac.

CLASSIFICAÇÃO DAS BEBIDAS ALCOÓLICAS:


a) bebidas fermentadas: originam-se da fermentação natural de
substâncias terciárias, por isso possuem menor teor alcoólico. Exs: vinho,
cerveja, sidra.
b) bebidas destiladas: obtidas por meio de destilação em alambiques.
Possuem alta concentração alcoólica. Exs: uísque, conhaque, cachaça.
c) bebidas alcoolizadas artificialmente: adicionamento de álcool a
produtos fermentados. Exs: vinho do Porto, vinho Madeira.

EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA AGUDA


Apresenta-se como um conjunto de manifestações psiconeurossomáticas
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resultantes da intoxicação etílica imediata. Tem caráter passageiro e


episódico. Normalmente, a tolerância individual ao álcool apresenta uma
maior correlação com as manifestações relacionadas ao consumo
excessivo dessa substância do que propriamente com o volume ingerido.

A toxicidade revela-se por meio dos seguintes tipos de manifestações:


Manifestações físicas: congestão conjuntival, taquicardia (aumento do
número de batimentos cardíacos), taquipneia (aumento da frequência
respiratória), taquisfigmia (pulso rápido) e hálito alcoólico-acético. O

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diagnóstico deve se pautar pelo estado associativo e comprometedor das


perturbações neurológicas e psíquicas, após análise criteriosa realizada no
curso de um exame clínico.

Manifestações neurológicas: alterações do equilíbrio (sinal de Romberg),


da marcha (marcha ebriosa, cerebelar ou em ziguezague) e da
coordenação motora: ataxia (incoordenação motora na orientação dos
movimentos), dismetria (perturbação na medida dos movimentos),
dissinergia ou assinergia (incoordenação da harmonia de certos conjuntos
de movimentos) e disdiadococinesia (desordem na realização de
movimentos rápidos e opostos).

Também ocorrem disartria (dificuldade na articulação da palavra),


alterações do tônus muscular (lentidão dos movimentos), inibição relativa
da sensibilidade tátil, dolorosa e térmica, fenômenos vagais (soluço,
vômito e embotamento das funções sensoriais) e baixa da visão, da
audição, da gustação e do olfato.

Manifestações psíquicas: são progressivas, iniciando pelas funções mais


elevadas do córtex cerebral, com alterações do humor, do senso ético, da
atenção, da senso-percepção, do curso do pensamento e da associação
de ideias, até alcançarem, sucessivamente, os impulsos menores.
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Fases da embriaguez
A maioria dos autores considera a ocorrência de três fases: excitação,
confusão e sono.
Na fase de excitação, o indivíduo aparenta-se exageradamente
extrovertido, animado e bem-humorado, aparentando uma maior
capacidade intelectual. Age com instabilidade e leviandade. É a fase de
euforia.
Na fase de confusão, ou chamada "fase médico-legal", há diminuição das
faculdades mentais e surgem perturbações nervosas e psíquicas:

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disartria, andar cambaleante, perturbações sensoriais, irritabilidade e


tendência agressiva. É a fase agitada.
Na fase de sono ou fase comatosa, o paciente não se mantém de pé:
caminha apoiando-se e cai frequentemente, entrando em um sono
profundo. A consciência se altera e não reage a estímulos normais. Podem
ocorrer midríase (dilatação da pupila) não reagente à luz, relaxamento
dos esfíncteres, sudorese profusa, arreflexia (reflexos abolidos), atonia
("fraqueza" ou abolição do tônus muscular), bradisfigmia (pulso lento),
hipotensão arterial e hipotermia. É a fase de inconsciência.

Alguns autores dividem a embriaguez em cinco fases, em que adicionam


uma fase inicial, subclínica (que não seria uma embriaguez propriamente
dita, mas uma leve excitação devido à ingestão de pequena quantidade
de álcool), e uma fase derradeira, com a ocorrência de morte.

Tolerância ao álcool
Tolerância é a capacidade individual maior ou menor que uma pessoa tem
de se embriagar, considerando-se que uma mesma quantidade de álcool
pode ocasionar efeitos diferentes em cada pessoa.

Depende de vários fatores:


a) a concentração de álcool é mais elevada em indivíduos de menor peso,
pois o álcool se dilui menos (quanto maior o peso do indivíduo, mais
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diluído fica o álcool);


b) a absorção do álcool varia com a concentração alcoólica da bebida, o
ritmo da ingestão, a plenitude do estômago e fenômenos de boa ou má
absorção intestinal;
c) o hábito de beber influencia na tolerância ao álcool;
d) a sensibilidade às bebidas alcoólicas pode se alterar em razão de
estados emotivos, estafa, sono, temperatura, fumo, doenças e
convalescença.

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Metabolismo do álcool etílico


A absorção do álcool etílico é processada primordialmente pela via
digestiva, depois passa ao fígado e chega à circulação sanguínea e
linfática, distribuindo-se aos tecidos. Quando a absorção se equilibra com
a difusão, a concentração do álcool no sangue mantém-se uniforme
("equilíbrio de difusão"). Daí inicia-se o processo de desintoxicação, por
meio de oxidações sucessivas que transformam o álcool em aldeído, ácido
acético, gás carbônico e água. Este fenômeno gasta 7,2 calorias por
grama de álcool e metaboliza cerca de 90 a 95% do álcool ingerido.

Quantidades diminutas de álcool podem ser eliminadas sem oxidação,


pela ação dos pulmões, rins, pele, glândulas salivares e intestinos. Doses
excessivas de álcool ingeridas tendem a se armazenar nos tecidos
lipossolúveis (em especial, no cérebro, ocasionando um efeito narcótico
de excitação e, depois, de depressão).

CURVA ALCOOLÊMICA DE CALABUIG: auxilia na fundamentação do


diagnóstico médico-legal da embriaguez.

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Curva Alcoolêmica De Calabuig

A primeira linha refere-se à curva de difusão ou absorção, de


característica ascendente e com duração de aproximadamente 30 a 60

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minutos (para uma absorção única). Em ingestões continuadas e


sucessivas de álcool, teremos uma linha quebrada e escalonada.

O pico refere-se ao nível de manutenção ou a concentração máxima da


alcoolemia. Tem duração breve ou pode nem existir.

A linha descendente é a curva de eliminação, que corresponde ao


período de desintoxicação regular e gradativo, por meio do processo de
oxidação. Inicia-se a partir de 1 hora e meia da ingestão.

A eliminação da alcoolemia ocorre progressivamente dentro de 15 a 20


horas após a última ingestão da bebida. Influenciam nesse processo o
coeficiente de etiloxidação (quantidade de álcool oxidado por minuto e por
quilo de peso), qualquer que seja seu grau de concentração.

Pesquisa bioquímica do álcool


A dosagem do álcool pode se dar em amostras de saliva, urina, humor
vítreo (olho), bile, sangue e ar expirado.

Saliva: aproxima-se bastante da concentração alcoólica no sangue, mas é


desaconselhada devido à presença de substâncias redutoras voláteis na
saliva que podem ocasionar falsos resultados. Quando utilizada esta via,
são feitos testes por meio de aparelhos portáteis com coletores de saliva
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individuais e descartáveis.

Urina: não tem valor absoluto, dadas as variações de concentração de


acordo com o número de micções, com a plenitude da bexiga etc. A
concentração do álcool na urina varia em relação à maior quantidade de
água em comparação ao sangue, assim como em relação ao fluxo dos
rins, de acordo com o tipo de bebida (cerveja, por exemplo).

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Líquor: por ser técnica mais invasiva, é menos usada (geralmente em


cadáveres).

Ar expirado: os métodos baseiam-se na relação álcool-bióxido de carbono


no ar expirado. No método de Harger, o paciente sopra em um balão de
borracha ou aparelho próprio e o ar passa por uma mistura de
permanganato de potássio e ácido sulfúrico. O álcool oxidado descora o
permanganato. No método de Forrester, o ar atravessa um tubo com
perclorato de magnésio.

Sangue: é um dos mais importantes, já que os valores de referência


baseiam-se, essencialmente, no sangue. O método de mais prestígio é o
da cromatografia gasosa, que possui muita credibilidade por ser
inteiramente específico, uma vez que outras substâncias redutoras não
interferem no resultado. A pesquisa do álcool também pode ser
determinada pelo macrométrico de Nicloux (oxidação do álcool pelo
bicarbonato de potássio em meio sulfúrico, ocasionando variações de
coloração).

Dosagem de álcool no cadáver: é feita no sangue puncionado da veia


femoral (mais adequada para após 48 horas do óbito).

A dosagem de álcool no sangue do morto não deve ser realizada quando


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a fase de putrefação cadavérica já se iniciou, uma vez que, nesta fase,


ocorre a produção de etanol e substâncias redutoras semelhantes ao
álcool etílico, tornando os resultados sempre duvidosos. Ademais, a
evaporação pode diminuir a concentração alcoólica, e a ação microbiana
pode aumentá-la, principalmente em diabéticos ou em decorrência de
traumas graves.

É aconselhado fazer a dosagem de álcool no sangue em mortes violentas,


em especial naquelas ocorridas no trânsito. Nesse caso, a colheita do

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sangue venoso periférico é a mais indicada por responder melhor à


concentração de álcool no momento do óbito.

O etil-gliconídio (EtG) é um metabólito do etanol e, devido a sua


sensibilidade e especificidade, tem sido estudado como marcador capaz
de identificar, no sangue, o álcool ingerido antes da morte, distinguindo-o
do produzido post mortem.

Meios indiretos de detecção do álcool: dosagem de álcool em coágulos


intracerebrais, líquido cefalorraquidiano e medula óssea.

Avaliação dos resultados


A maioria dos autores defende a dosagem bioquímica do álcool
(preferencialmente no sangue: 0,6 a 2,0 g/1.000 ml) como o parâmetro
mais prático, eficaz e confiável para se determinar uma embriaguez.

Genival Veloso de França considera mais relevante a caracterização das


manifestações clínicas de uma embriaguez logo após o delito, e não
somente a investigação bioquímica por meio da determinação de uma
taxa de álcool no sangue, urina ou ar expirado, uma vez que leva em
conta a variação de sensibilidade existente entre diferentes indivíduos.
Defende que apenas um estudo detalhado do comportamento do
embriagado, por meio do exame clínico, é capaz de determinar de
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maneira exata o grau de embriaguez.

Para este renomado autor, a caracterização de um estado de embriaguez


é sempre um critério clínico em que se procura evidenciar a capacidade
de autodeterminar-se normalmente, revelada pelo agente ao tempo do
evento criminoso, competindo ao perito averiguar se as suas condições
somatoneuropsíquicas configuram as especificações da lei.

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A perícia da embriaguez é tarefa difícil devido à complexidade do assunto


em seus aspectos pessoais e circunstanciais.

Alguns autores consideram as seguintes cifras para as alcoolemias:

< 0,5 g/1.000 ml intoxicação inaparente

0,5 a 2,0 g/1.000 ml presença de distúrbios tóxicos

> 2,0 g/1.000 ml estado de embriaguez

Bafômetros:
FRANÇA não considera adequada a determinação da embriaguez por meio
do ar expirado com a utilização de aparelhos (bafômetros). Já VANRELL
ensina que é comum ocorrer um considerável número de resultados falso-
positivos na determinação indireta da intoxicação alcoólica pelos
bafômetros. Segundo ele, a estimativa indireta dos níveis alcoólicos em
sangue através da determinação do etanol no ar expirado, longe de ser
um exame simples, pelas várias interferências que sofre, bem como pelo
reforço de sua positividade, não pode ser usada, principalmente e muito
menos como informação inicial, para fins penais. Numerosos
aerodispersoides são capazes de provocar resultados falso-positivos,
ainda que o indivíduo não tenha ingerido bebidas alcoólicas. Todos os
produtos — fumos e névoas (inalantes) — examinados, mesmo sem ter
qualquer conteúdo alcoólico, nem como droga, nem como excipiente,
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podem produzir leituras falso-positivas no alcoolímetro para ar expirado


(bafômetro), durante os primeiros 10 minutos após o seu uso.

A embriaguez é o resultado de um conjunto de fatores, por isso deve ser


considerada sempre a evidência de sinais e sintomas manifestos no
exame clínico, capazes de determinar com segurança o tipo de
embriaguez de forma concreta e detalhada.

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Em regra, é necessário o consentimento do examinado para a coleta de


sangue em casos de averiguação da concentração alcoólica no organismo,
em decorrência do direito de não submeter seu próprio corpo a um exame
que não deseja e do direito de não apresentar provas contra si mesmo.

Formas de embriaguez:
Devem ser considerados o estado primitivo (anterior ao estado alcoólico)
e, principalmente, o grau de comportamento do indivíduo.

EMBRIAGUEZ CULPOSA: imprudência ou negligência em beber


exageradamente e não conhecer os efeitos reais do álcool. Não isenta de
responsabilidade;

EMBRIAGUEZ PRETERDOLOSA: o agente não quer o resultado, mas


assume o risco de produzi-lo porque sabe que poderá vir a cometer o ato
em estado de embriaguez. Não isenta de responsabilidade;

EMBRIAGUEZ FORTUITA: embriaguez ocasional, rara, em momentos


especiais, com origem em erro compreensível. Não há imprudência ou
ação predeterminada. É possível a isenção da pena;

EMBRIAGUEZ ACIDENTAL: o indivíduo ingere, por engano, uma bebida


alcoólica tida por inócua ou alguma substância que potencialize o efeito
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de pequenas doses de bebida considerada inócua. Pode ocorrer a isenção


da responsabilidade;

EMBRIAGUEZ POR FORÇA MAIOR: considerada como aquela que a


capacidade humana é incapaz de prever ou resistir (ex: em razão do
trabalho, o indivíduo é obrigado a permanecer em local saturado de
vapores etílicos). É possível a redução da pena.

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EMBRIAGUEZ PREORDENADA: o indivíduo se embriaga com o propósito


de adquirir condições psíquicas que favoreçam a prática criminosa. É
considerada uma circunstância agravante (porém, se o agente já se
achava embriagado antes dos fatos e tão somente se aproveita de suas
condições para a prática do crime, afasta-se a agravante).

EMBRIAGUEZ HABITUAL: são indivíduos que vivem constantemente sob


os efeitos do álcool, adotando comportamentos de "normalidade" e
tentando equilibrar suas reações e inibições durante a embriaguez
perene.

EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA: ocorrência de manifestações intempestivas


com a ingestão de pequenas doses de álcool. Há uma desproporção entre
a quantidade ingerida e a intensidade dos efeitos. A embriaguez
patológica é objeto de grande interesse médico-legal, pois, quando
caracterizada adequadamente, pode levar à inimputabilidade.

ALCOOLISMO
Causado pela ingestão continuada e imoderada de bebida alcoólica, que
resulta em perturbações de ordem variada e culminam com a chamada
"personalidade alcoolista", que seria um "perfil anormal não psicótico".

Sua importância reside nos seguintes motivos:


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- os alcoolistas frequentemente apresentam transtornos de conduta e


representam relativo perigo a si e aos outros;
- os alcoolistas tendem a outras formas de transtorno mental;
- os alcoolistas apresentam modificações do juízo crítico e da
capacidade de administrar seus interesses.

O diagnóstico clínico do alcoolismo fundamenta-se na presença de


manifestações somáticas, neurológicas e psíquicas (assim como na
embriaguez alcoólica aguda).

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a) Manifestações somáticas:
São mais acentuadas nesta entidade crônica e se apresentam como
hepatomegalia (fígado de volume aumentado), edemas (inchaços)
palpebrais, tremores das mãos, ventre aumentado, pescoço fino,
insegurança na marcha, congestão das conjuntivas, dispepsia (sintomas
decorrentes de digestão dificultada), vermelhidão da face com rede
venosa nasal.

b) Manifestações neurológicas:
A intoxicação crônica causa distúrbios metabólicos que podem culminar
com alterações de natureza degenerativa, agindo em nervos periféricos
(sinais de polineurite).

Quando comprometem os nervos cranianos, podem causar sinais de


poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke e, se
comprometerem o córtex cerebral, causam prejuízos à memória,
ocasionando a Síndrome de Korsakow.

 Polineurite: processo degenerativo que compromete uma variedade


de neurônios periféricos causando uma síndrome sensitivo-motora. Os
sintomas são: parestesias das extremidades (alterações da
sensibilidade como dormências, frio ou calor), hiperestesias cutâneas
(pele com sensibilidade excessiva), hipoestesia superficial (diminuição
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da sensibilidade), mialgias (dor muscular), impotência motora dos


músculos braquiais e crurais (membros superiores e inferiores),
alterações dos reflexos, atrofias musculares, alterações vegetativas e
perturbações de coordenação motora.

 Poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke: ocorrem focos


hemorrágicos diminutos dos nervos cranianos do tronco cerebral,
causando lesões que ocasionam os seguintes sintomas: paralisia dos
músculos do globo ocular, sintomas trigeminais como nevralgia facial

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(episódios de dor intensa na face por distúrbio neuropático do nervo


trigêmeo), paralisia dos músculos faciais e, algumas vezes, disfonia
(alterações da voz), disfasia (transtornos da fala e do uso das
palavras), tremor da língua e tremores peribucais.

 Síndrome de Korsakow (ou síndrome amnésica ou psicose


polineurítica): lesões em determinadas partes do cérebro que levam à
amnésia, à desorientação no tempo e no espaço, à confabulação
(relatos fantásticos) e a sintomas de polineurite. O paciente
demonstra estado verdadeiramente demencial.

c) Manifestações psíquicas:
Alterações da atenção, da afetividade, da volição, da memória, do senso
ético, da senso-percepção, da ideação, da consciência e da capacidade de
julgamento.

A ação tóxica da cronicidade alcoólica pode se manifestar, ainda, por meio


das "psicoses alcoólicas":
 Delirium tremens: estado agudo que surge no transcorrer do
alcoolismo crônico, caracterizado por sintomas psíquicos e
perturbações físicas, tais como estado de confusão, agitação e
angústia, com tremores, alucinações visuais e amnésia. O delírio cursa
com visões de animais asquerosos e rastejantes, de figuras liliputianas
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(personagens diminutos entre as pessoas e objetos ao seu redor),


alucinações terrificantes etc. Costuma durar de 3 a 10 dias. Apresenta
índice de mortalidade de 10-20%, geralmente por pneumonia.
 Alucinose dos bebedores: psicose aguda com ocorrência de
alucinações auditivas, como hipersensibilidade a ruídos, sensações de
sibilos e sons musicais, vozes humanas que dizem obscenidades e
ofensas morais. Pode haver cura em 5 a 30 dias, e a recidiva é
comum, caso o indivíduo continue a ingerir álcool.

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 Delírio de ciúmes dos bebedores: psicose com manifestações de


ideias de ciúme e infidelidade conjugal, apresentando delírios mais
frequentemente à noite (em regra, há maior concentração alcoólica no
sangue). É entidade de mau prognóstico e recidiva certa (caso o
indivíduo continue a ingerir álcool).
 Epilepsia alcoólica: crises convulsivas semelhantes às da epilepsia.
Costumam se iniciar por pequenas convulsões localizadas que,
posteriormente, se generalizam. É mais comum em consumidores de
aguardente e pode ter relação com uma predisposição individual
chamada de "constituição epileptógena".
 Dipsomanias: crises impulsivas e irreprimíveis de ingerir grandes
quantidades de bebida alcoólica. Podem durar vários dias, ser
interrompidas repentinamente e costumam retornar com as mesmas
características.

Para finalizar essa parte, vamos conhecer alguns dispositivos legais


pertinentes ao tema:

LEI Nº 9.503/1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB):


A Lei n° 12.760/2012 e a Lei nº 11.705/2008 trouxeram importantes
alterações a dispositivos do CTB:
Das infrações
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Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância


psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705,
de 2008)
Infração – gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12
(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Medida Administrativa - recolhimento do documento de habilitação e
retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei
no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei
nº 12.760, de 2012)
(...)

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CONDUTA CRIMINOSA:
Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro
de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art.
165. (Redação dada pela Lei n° 12.760, de 2012)
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a
infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a
legislação metrológica. (Redação dada pela Lei n° 12.760, de 2012)
(...)
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei n° 12.760,
de 2012)
Penas: detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela
Lei n° 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de
sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar; ou (Incluído pela Lei n° 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da
capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei n° 12.760, de 2012)
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante
teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova. (Incluído pela Lei n° 12.760, de 2012)
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de
alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
(Incluído pela Lei n° 12.760, de 2012)

Passaremos, agora, às energias de ordem física:

b) ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA: temperatura, pressão atmosférica,


eletricidade, radioatividade, luz e som.
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Estas energias são causadoras de lesões devido à ação modificadora do


estado físico dos corpos, podendo resultar em dano corporal, à saúde ou
morte.

 TEMPERATURA (ações do frio, do calor e das oscilações de


temperatura):
a) Frio
Generalizado: não apresenta uma lesão típica. Ocorrem alterações do
sistema nervoso, sonolência, convulsões, anestesias, congestão ou

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isquemia das vísceras (alterações que, a depender da gravidade, podem


levar à morte). Também podem ser encontradas: manchas de hipóstase
vermelho-claras, rigidez cadavérica precoce, intensa e muito lenta,
espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosão e hemorragias da
mucosa gástrica (Sinal de Wischnewski) e bolhas na pele (parecidas
com as causadas por queimaduras).

Localizado (ou geladura): as lesões são semelhantes às das queimaduras


por calor. Classificam-se em:
- Primeiro grau: palidez ou rubefação local. Pele com aspecto anserino.
- Segundo grau: eritema e flictenas (bolhas) claras e hemorrágicas.
- Terceiro grau: necrose de tecidos moles, formação de crostas escuras e
espessas.
- Quarto grau: gangrena ou desarticulação.

b) Calor
Difuso: insolação e intermação.

 Insolação: decorre do calor do ambiente, geralmente em locais abertos,


mesmo sem a interferência do sol. Para isso, atuam a temperatura
elevada, os raios solares, a não renovação do ar, a fadiga e o excesso
de vapor d’água.
 Intermação: excesso de calor do ambiente em locais confinados, com
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pouca ventilação, produzindo alterações no coração, sangue e cérebro,


e podendo levar à morte. No cadáver, podem ser encontradas secreção
espumosa e sanguinolenta nas vias respiratórias, rigidez cadavérica e
putrefação precoces, hemorragia e congestão de vísceras (coup de
chaleur).

Direto: queimaduras, causadas pela alta temperatura das chamas, do


calor irradiante, de gases superaquecidos, de líquidos escaldantes, de
sólidos quentes ou de raios solares.

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Para a determinação da área corporal atingida, utiliza-se a "Regra dos


Nove":

Fonte: http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=8&materia_id=519&materiaver=1

Já a classificação médico-legal das queimaduras é feita de acordo com a


profundidade das lesões (Hoffmann):

- Primeiro grau: eritema (vermelhidão), edema (inchaço) e dor (Sinal de


Christinson). Não produz cicatrizes (a pele se encontra íntegra). Em
geral, as vestes protegem. Essas lesões não são evidenciadas no cadáver,
pois o eritema é uma reação vital.
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- Segundo grau: eritema e flictenas ou vesículas com conteúdo líquido


seroso amarelo-claro (Sinal de Chambert), que, ao se romperem,
expõem uma derme de cor escura.

- Terceiro grau: coagulação necrótica de tecidos moles em decorrência de


uma chama ou de um sólido superaquecido. Atinge planos musculares e
produz cicatrizes retráteis ou queloidianas (crescimento excessivo do
tecido de cicatrização). Infeccionam-se mais facilmente e são menos
dolorosas devido à destruição dos mecanismos de sensibilidade da pele.

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- Quarto grau: carbonização do plano ósseo, local ou generalizadamente.


A condensação dos tecidos acarreta a redução do volume total do corpo.
O cadáver adquire "posição de lutador" (semiflexão dos membros
superiores e dedos em garras). Além dos tecidos carbonizados, podem
ocorrer fraturas de ossos longos e do crânio, com herniação (saída) de
conteúdo cerebral.

A perícia buscará estabelecer a identificação do corpo carbonizado e


esclarecer se a morte ocorreu durante o incêndio ou se a pessoa já se
encontrava morta quando as chamas a consumiram. Para a certificação
de que o indivíduo respirou durante um incêndio, deve-se pesquisar a
presença de óxido de carbono no sangue e de fuligem ao longo das vias
respiratórias (Sinal de Montalti). Além da análise do aspecto das
queimaduras, existem outros sinais presentes em diversos órgãos e no
sangue dos carbonizados.

c) Temperaturas oscilantes: podem predispor o organismo a doenças,


adquirindo especial relevo no que tange a doenças profissionais e
acidentes do trabalho.

 PRESSÃO ATMOSFÉRICA:
A pressão atmosférica diferente de 1 atm ou 760mm de mercúrio (ao
nível do mar) pode causar danos à vida ou à saúde humana.
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Seu aumento ocorre em mergulhadores e em trabalhadores


subterrâneos. É possível a ocorrência do fenômeno da descompressão
brusca, pela maior concentração dos gases dissolvidos no sangue, o que
causa lesões de intensa gravidade ("Mal dos Caixões"). Ocorre, ao mesmo
tempo, uma patologia de compressão, pela intoxicação por oxigênio,
nitrogênio e gás carbônico ("barotraumas").

Sua diminuição acontece nas altitudes, em que o ar se torna rarefeito.


Tanto o oxigênio como o gás carbônico diminuem, alterando a hematose

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(troca de gases devido à diferença de concentração entre oxigênio e gás


carbônico)e ocasionando cefaleia (dor de cabeça), dispneia (dificuldade de
respirar), anorexia (perda do apetite), fadiga, insônia, tonturas e vômitos
("Mal das Montanhas"). Há uma tentativa de compensação do organismo
por meio da chamada "poliglobulia das alturas" (grande elevação do
número de hemácias no sangue).

 ELETRICIDADE (natural ou artificial):


Natural: acontece nas descargas elétricas (raios) provenientes de
tempestades. Encontram-se lesões arboriformes (Sinal de Lichtenberg),
queimaduras, hemorragias musculares, de grossos vasos, do coração e
dos globos oculares, fraturas ósseas, congestão polivisceral, sangue
fluido, distensão dos pulmões e equimoses subpleurais e subpericárdicas.
 Fulminação: ação letal da eletricidade natural sobre o homem.
 Fulguração: lesões corporais causadas pela eletricidade natural sobre
o homem.

Artificial: os efeitos causados pela eletricidade artificial no homem


denominam-se eletroplessão, sejam eles letais ou não.
As lesões superficiais variam conforme a corrente elétrica (alta ou baixa
tensão) e podem apresentar também a forma do condutor elétrico. A
lesão mais típica, porém nem
sempre presente, é conhecida 05608175760

como marca elétrica de


Jellinek: lesão endurecida da
pele, de formato circular,
elíptico ou estrelado, bordas
altas, leito deprimido,
tonalidade branco-amarelada,
fixa, indolor, asséptica e de
fácil cicatrização.
Choque elétrico de baixa voltagem. Marca de Jelinek.
Fonte: www.malthus.com.br

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Quando a eletricidade é de alta tensão, ocorrem as lesões mistas,


combinando-se a marca elétrica e a queimadura elétrica. A marca elétrica
é a representação da porta de entrada da corrente elétrica no organismo,
mas pode estar ausente. As queimaduras elétricas resultam do calor de
uma corrente, possuem forma de escara (um tipo de lesão ulcerada)
apergaminhada, de tonalidade escura, bordos nítidos, sem área de
congestão nem bolhas. Podem ocorrer lesões muito graves, como
amputação de membros ou mesmo a secção completa do corpo.

A metalização elétrica é outro tipo de lesão superficial, que consiste no


destacamento da pele e impregnação de partículas da fusão e da
vaporização dos condutores elétricos.

Tipicamente, podem ocorrer queimaduras em locais próximos a objetos


metálicos (moedas, fivelas), que, em geral, ficam imantados.

A morte devido à corrente elétrica possui três possibilidades (alguns


autores a correlacionam à intensidade da corrente):
- morte pulmonar: achados compatíveis com a asfixia, decorrentes da
contratura dos músculos respiratórios e de fenômenos vasomotores.
- morte cardíaca: a corrente elétrica produz arritmias cardíacas por
alteração da condução elétrica deste órgão.
- morte cerebral: hemorragia das meninges, do bulbo, das paredes
ventriculares do cérebro, da medula espinhal e edema da substância
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cerebral.

 RADIOATIVIDADE: causados pelos raios X, rádio e energia atômica. Os


raios X podem atuar de maneira local, causando as radiodermites (agudas
ou crônicas), ou geral, atingindo órgãos como as gônadas. O elemento
químico rádio, se usado de forma indiscriminada, pode causar danos à
saúde ou à vida do paciente, quer por ação externa, quer por ação
interna. Os efeitos das armas nucleares (bomba atômica) são de ordem
traumática, térmica e radioativa: efeitos parecidos com os da radiação,

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das queimaduras, das explosões (blast) e sequelas tardias devido à


disseminação dos raios alfa, beta e gama.

 LUZ E SOM:
LUZ: radiações como a luz intensa, o infravermelho e o ultravioleta
causam lesões principalmente nas estruturas oculares, podendo resultar
em amaurose (cegueira total). O raio laser pode acarretar lesões nos
olhos e também na pele.

SOM: frequente em doenças profissionais por exposição continuada a


ruído excessivo, as lesões caracterizam-se por zumbidos, recrutamento,
perda da discriminação da fala, otalgia e epilepsia acustogênica (motivada
pela intensidade e permanência de certos ruídos), além de perda auditiva
temporária ou permanente. Considera-se exposto a risco de perda
auditiva um indivíduo em ambiente com ruído de acima de 85 decibéis,
sem proteção adequada, durante, em média, 40 horas semanais.

Bem, terminamos esse assunto. Passemos ao estudo do item seguinte.

c) ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA:

Essas energias são provocadoras das asfixias, atuando por meio do


impedimento à passagem do ar pelas vias respiratórias e da alteração da
bioquímica do sangue. A função respiratória, portanto, resta alterada pela
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inibição da hematose (transformação do sangue venoso em sangue


arterial).

ASFIXIAS EM GERAL

Em Medicina Legal, asfixia é a síndrome composta pelos efeitos da


privação de oxigênio por impedimento mecânico e da consequente
acumulação de gás carbônico.

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Em uma respiração normal, é necessário que haja ar respirável, contendo


cerca de 21% de oxigênio, e a diminuição progressiva dessa concentração
ocasiona alterações importantes e pode levar à morte.

As asfixias podem ter causas externas ou internas, e dois tipos de anoxias


(ausência de oxigênio) podem ocorrer:
- anoxia com acapneia (sem acúmulo de gás carbônico). Ex: asfixias
mecânicas;
- anoxia com hipercapneia (com presença de gás carbônico). Ex: mal das
alturas (ou das montanhas). O O2 dos pulmões e do sangue é consumido
e o CO2 acumula progressivamente.

Fases cronológicas das asfixias:

1ª fase: Fase cerebral. Enjoos, vertigens, angústia e lipotimias.


Bradipneia e taquisfigmia. Duração: 1 a 2 minutos.

2ª fase: Fase de excitação cortical e medular. Convulsões generalizadas,


contrações da face e de músculos da respiração, relaxamento de
esfíncteres (eliminação de fezes, urina ou outras secreções). Bradicardia e
hipertensão arterial. Duração: 1 a 2 minutos.

3ª fase: Fase respiratória. Lentidão e superficialização dos movimentos


respiratórios, insuficiência cardíaca (ventricular direita). Duração: 1 a 2
minutos. 05608175760

4ª fase: Fase cardíaca. Bradicardia, arritmia e pulso praticamente


imperceptível, sobrevindo parada cardíaca. Duração: 3 a 5 minutos.

Características das asfixias mecânicas em geral

SINAIS EXTERNOS: a) manchas de hipóstase, b) congestão da face, c)


equimoses externas, d) cogumelo de espuma, e) projeção da língua e
exoftalmia e f) alguns fenômenos cadavéricos atípicos.

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a) manchas de hipóstase: são precoces, abundantes e de tonalidade


escura (variam nas asfixias por monóxido de carbono).

b) congestão da face: sinal frequente em asfixias por compressão


torácica (máscara equimótica da face, causada por estase mecânica da
veia cava superior).

c) equimoses da pele e das mucosas: são muito importantes para o


diagnóstico post mortem da asfixia mecânica. Podem ocorrer na pele (são
arredondadas e pequenas) ou formar agrupamentos na face, tórax e
pescoço, sendo mais escuras nas partes em declive. Nas mucosas, são
mais frequentes em conjuntivas, lábios e mucosa nasal. Aparecem devido
à ação da gravidade, em que o sangue se acumula nos níveis inferiores
do corpo, e pela ruptura de capilares e consequente extravasamento do
sangue para os tecidos adjacentes.

d) cogumelo de espuma: trata-se de uma bola de espuma que se


forma na boca, nas narinas e nas vias aéreas inferiores. É frequente nos
afogados, mas também pode ocorrer em outras formas de asfixias
mecânicas.

e) projeção da língua e exoftalmia (protrusão do olho): são frequentes


nas asfixias mecânicas (mas também ocorrem na fase gasosa de
putrefação do cadáver).
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f) fenômenos cadavéricos: costumam ser diferentes. Os livores de


decúbito são mais extensos, escuros e precoces; o esfriamento do
cadáver, mais lento; a rigidez cadavérica é mais lenta, intensa e
prolongada; a putrefação é muito mais precoce e acelerada.

SINAIS INTERNOS:

 equimoses viscerais (ou Manchas de Tardieu): equimoses


puntiformes encontradas nos pulmões e no coração, pequeninas como
a cabeça de um alfinete. Possuem tonalidade violácea, podem ser

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esparsas ou se apresentarem agrupadas. Cada autor defende uma tese


para explicar o surgimento dessas equimoses, mas a mais aceita
refere-se ao aumento da pressão arterial e ruptura de capilares pela
excitação dos centros bulbares devido ao acúmulo de gás carbônico.
 aspecto do sangue: apresenta-se escuro e fluido, com alterações do
pH, viscosidade diminuída (aumento do CO2) e hiperglicemia asfíxica.
 congestão polivisceral: principalmente fígado ('fígado asfíxico') e
mesentério. O baço se apresenta com pouco sangue, pois se contrai
durante a asfixia (Sinal de Étienne Martin).
 distensão e edema dos pulmões: pulmões distendidos e com sangue
líquido espumoso.

ASFIXIAS EM ESPÉCIE:

Classificação das asfixias mecânicas (Afrânio Peixoto):

I. Asfixias puras: apresentam anoxemia e hipercapneia.

A. Asfixia por GASES IRRESPIRÁVEIS:


a.1) Confinamento;
a.2) Asfixia por monóxido de carbono;
a.3) Asfixia por outros vícios de ambientes.

B. Impedimento à passagem do ar nas vias respiratórias (SUFOCAÇÕES):


b.1) Sufocação direta (obstrução da boca e das narinas pelas mãos ou
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obstrução de outras partes das vias respiratórias);


b.2) Sufocação indireta (compressão do tórax).

C. Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento


(SOTERRAMENTO).

D. Transformação do meio gasoso em meio líquido (AFOGAMENTO).

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II. Asfixias complexas: constrição das vias respiratórias, ocasionando


anoxemia e acúmulo de gás carbônico, interrupção da circulação cerebral
e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço.
A. ENFORCAMENTO: constrição passiva do pescoço pelo peso do
corpo.
B. ESTRANGULAMENTO: constrição ativa do pescoço por uma força
muscular estranha.

III. Asfixias mistas: os fenômenos circulatórios, respiratórios e


nervosos se superpõem (ESGANADURA).

______________________

I. Asfixias puras

A. Asfixia por GASES IRRESPIRÁVEIS:

a.1) Asfixia por confinamento: acontece quando o indivíduo


permanece em um ambiente fechado, sem renovação do ar, em que
o oxigênio vai sendo consumido e o gás carbônico vai se
acumulando, além da atuação de outros fatores como o aumento da
temperatura e a saturação do ambiente por vapores de água.

a.2) Asfixia por monóxido de carbono: ocorre uma asfixia tissular


(dos tecidos), devido à fixação do monóxido de carbono (CO) na
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hemoglobina, que impede o transporte de O2 aos tecidos. É mais


frequente em casos de suicídio.

São encontrados sinais de considerável importância, tais como


putrefação tardia, rigidez cadavérica pouco intensa, de menor
duração e tardia, tonalidade rósea da face (aspecto parecido com o
"de vida"), hipóstases claras, pulmões e outros órgãos de cor
carmim, sangue fluido e róseo.

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A pesquisa de CO por meio de reações químicas especiais possibilita


sua dosagem e coeficientes de saturação, a partir do sangue extraído
diretamente do coração, de grandes vasos ou de outras vísceras (a
fim de evitar erros, pois pode ocorrer a absorção do CO pelo sangue
após a morte).

a.3) Asfixias por outros vícios de ambientes: outros tipos de


gases podem causar morte por asfixia, como os de iluminação, de
esgoto, de pântano e gases que contêm substâncias irritantes (gás
de pimenta e gás lacrimogêneo), em geral utilizados por forças
policiais para conter multidões em rebelião.

- Gás de pimenta: produz efeito sobre os olhos, nariz e boca,


causando ardor intenso, além de náuseas e vômitos. Seu princípio
ativo é o oleoresin capsicum, que provém da pimenta. Seu uso foi
proibido em alguns países. Apesar de ser tido por não letal, há
registros de mortes relacionadas a essa substância, por reação
anafilática ou em pessoas com distúrbios respiratórios ou cardíacos.

- Gás lacrimogêneo: é todo agente químico capaz de causar uma


incapacidade temporária por meio do efeito irritativo sobre os olhos
ou sobre o sistema respiratório. Os mais comuns são o brometo de
benzilo e o gás CS (clorobenzilideno malononitrilo). O gás
lacrimogêneo também é tido por não letal pela baixa toxicidade e
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efeitos transitórios, embora possa causar náuseas, vômitos e, em


casos raros, levar à morte.

B. Impedimento à passagem do ar nas vias respiratórias


(SUFOCAÇÃO):
b.1) Sufocação direta:

• sufocação por oclusão da boca e das fossas nasais: em geral é


criminosa e ocorre se há muita desproporção de forças entre
agressor e vítima. É comum no infanticídio.

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• sufocação direta por oclusão das vias respiratórias: obstrução por


corpos estranhos nas vias aéreas, que impedem a passagem do ar.
Geralmente tem caráter acidental.

Sinais cadavéricos: marcas ungueais (provocadas por unhas) nas


imediações das narinas e da boca, lesões da mucosa labial, sinais
clássicos de asfixia (já descritos), encontro do corpo estranho nas vias
respiratórias (inclusive alimentos e vômitos aspirados).

b.2) Sufocação indireta: a asfixia ocorre por compressão do tórax, que


impede os movimentos respiratórios (congestão compressiva de
Perthes). Acidentalmente, pode ocorrer com grandes multidões em
pânico ou com bebês dormindo no mesmo leito com adultos.

Pode haver ou não lesões nos ossos do tórax e nas vísceras, mas um dos
sinais mais importantes é a máscara equimótica de Morestin (ou
máscara equimótica da face, ou ainda congestão cefalocervical),
desencadeada pelo refluxo do sangue da veia cava superior devido à
compressão do tórax.

Há congestão e distensão dos pulmões (sinal de Valentin), com


hemorragias subpleurais, congestão do fígado e sangue fluido e escuro
nas cavidades cardíacas.

Existe, ainda, uma forma de asfixia mecânica denominada sufocação


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(indireta) posicional, em que a própria posição do indivíduo dificulta


gravemente a ventilação pulmonar após um período de fadiga e falência
dos músculos respiratórios, seguido de apneia (parada respiratória) e
anoxia. São exemplos a prática da crucificação e do posicionamento
prolongado de um indivíduo de ponta-cabeça.

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C. Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento


(SOTERRAMENTO):

Ocorre pela obstrução das vias respiratórias por terra ou substâncias


pulverulentas, como, por exemplo, nos desmoronamentos ou nos
desabamentos. Um dos achados é a presença de substâncias estranhas
no interior das vias respiratórias, boca, esôfago e estômago. São sinais de
grande valor diagnóstico, pois dependem da respiração e da deglutição,
que são atos vitais, afastando-se, assim, a possibilidade de introdução
dessas substâncias após a morte. Também são encontradas lesões
traumáticas variadas, devido à violência com que geralmente ocorre o
soterramento, além dos sinais gerais das asfixias, que já vimos.

D. Transformação do meio gasoso em meio líquido


(AFOGAMENTO):

Penetração de meio líquido ou semilíquido nas vias respiratórias,


impedindo a passagem do ar.

O mecanismo de morte passa, em geral, por três fases: defesa (período


de surpresa e de dispneia), resistência (parada dos movimentos
respiratórios como mecanismo de defesa) e exaustão (inspiração
profunda e asfixia, com perda de consciência, insensibilidade, convulsão e
morte).
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Afogados brancos de Parrot (ou afogados secos): ocorre morte por


inibição, quando o indivíduo toca na água, sendo necessário que exista
predisposição constitucional, lesões cardiovasculares (que são agravadas
pela ação térmica) ou estados tímico-linfáticos. É um tipo de afogamento
em que não há sinais de asfixia.

Afogamento verdadeiro (afogados azuis ou úmidos): ocorre a


penetração de líquidos nas vias respiratórias e consequente asfixia,

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podendo se dar de forma rápida, com duração de aproximadamente 5


minutos, ou de forma lenta, quando há resistência da vítima.

Fases do afogamento (Zangani e cols.):

Na 1ª fase (de "surpresa"), ocorre uma profunda inspiração fora da


água.

Na 2ª fase (de apneia), há pausa na respiração, a fim de evitar a


penetração da água nas vias respiratórias.

Na 3ª fase (de dispneia), acontece a inalação da água, seguida de


expiração por estimulação do líquido sobre a mucosa laríngea.

Na 4ª fase (de convulsões asfíxicas), a água continua penetrando de


forma descontínua nas vias respiratórias.

Na 5ª e última fase (terminal), há uma ou mais inspirações profundas,


precedidas de uma pausa respiratória pré-terminal.

Os mecanismos de afogamento se diferenciam de acordo com o meio em


que ocorreram:

Afogamentos em água doce: a água doce é hipotônica em relação ao


plasma, provocando hemodiluição (diluição dos componentes do sangue)
e hipervolemia (aumento do volume sanguíneo).
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Afogamentos em água salgada: a água salgada é hipertônica em


relação ao plasma, ocasionando hipovolemia (diminuição do volume
sanguíneo), hemoconcentração (concentração do sangue com aumento de
densidade, viscosidade e nº de hemácias) e edema pulmonar.

Sinais cadavéricos do afogado:

- Sinais externos: ocorrem devido à permanência do cadáver dentro


d'água e dos sinais vitais do corpo dentro da massa líquida:

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 Pele anserina ("pele de galinha"), com temperatura baixa, mais


frequente nos ombros, face lateral das coxas e braços (Sinal de
Bernt);
 Retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis;
 Epiderme inicialmente espessa, enrugada e esbranquiçada, depois
destaca-se junto com as unhas;
 Maceração da epiderme, principalmente nas mãos (mãos de lavadeira)
e nos pés.
 Tonalidade mais clara dos livores cadavéricos, pela hemodiluição e
permanência do corpo em temperaturas baixas.
 Cogumelo de espuma: de tonalidade branca ou rósea, é encontrado
sobre a boca e as narinas. Depende da entrada de água nas vias
respiratórias, do muco e do ar
para se formarem e ocorrem
apenas em vítimas que reagiram
à asfixia.
Aparece se o cadáver for retirado
precocemente da água e na fase
em que os gases da putrefação
ocasionam a expulsão dessa
espuma, advinda das vias aéreas
inferiores.
 Erosão dos dedos e presença de corpos estranhos sob as unhas:
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localizadas na face palmar dos dedos, devido à resistência do


indivíduo ao se debater sob a água. Também podem ser encontrados
grãos de areia, lama, lodo e corpos estranhos sob as unhas.
 Equimoses da face das conjuntivas: principalmente em líquidos
espessos, como latrinas e pântanos.
 Mancha verde da putrefação: nestes casos, são visíveis no osso
esterno (no tórax) ou na parte inferior do pescoço.
 Lesões post mortem produzidas por animais aquáticos: predileção por
pálpebras, lábios e cartilagem do nariz e orelhas.

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 Embebição cadavérica: tecidos se mostram embebidos e a


desidratação é dificultada, alterando os fenômenos da rigidez
cadavérica.
 Dentes e unhas róseos: tonalidade rosada dos dentes, encontrada, por
vezes, no enforcamento e no afogamento, mas também em outras
causas (geralmente violentas) de morte. Alguns autores explicam este
fenômeno post mortem pela dissociação da hemoglobina em
subprodutos e invasão dos canalículos da dentina. Mais frequente em
pessoas jovens, que possuem as cavidades das polpas mais amplas.

- Sinais internos:

 Presença de líquido nas vias respiratórias: apresenta-se sempre como


uma espuma branca, rósea, amarelada ou sanguinolenta, de
quantidade variável. Auxilia no diagnóstico do meio em que ocorreu o
afogamento.

 Presença de corpos estranhos no líquido das vias respiratórias dos


afogados: corpos estranhos microscópicos, minerais, vegetais e animais
presentes no líquido (plâncton). Também auxilia no diagnóstico do
afogamento.

 Alterações e lesões dos pulmões: pulmões aumentados, pesados e


distendidos. Presença de enfisema aquoso subpleural (Sinal de
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Brouardel), decorrente da embebição do tecido pulmonar proveniente


da água aspirada, e equimoses subpleurais de dimensões maiores (≥2
cm), irregulares, vermelho-claras (manchas de Paltauf), advindas da
rotura das paredes alveolares e dos capilares sanguíneos.

 Diluição do sangue: sangue muito fluido e de cor vermelho-claro,


devido à entrada de água no sistema circulatório ao nível do tecido
pulmonar.

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 Presença de líquidos no sistema digestivo: conteúdo espumoso contido


no estômago e intestino delgado do afogado. Em um tubo de ensaio,
essa espuma forma três camadas (Sinal de Wydler): a superior,
espumosa; a intermediária, aquosa; e a inferior, sólida.

 Presença de líquidos no ouvido médio: líquido na cavidade timpânica,


podendo haver corpos estranhos.

 Presença de líquidos nas cavidades pleurais: líquido seroso ou


serossanguinolento nas cavidades pleurais dos afogados.

 Aumento do coração: dilatação do ventrículo direito devido à


hipervolemia e à resistência vascular pulmonar.

 Hemorragias intramusculares: alguns autores referem-se a


hemorragias no pescoço, tórax e membros superiores, decorrentes das
convulsões agônicas e do sofrimento muscular advindos da anoxia.

 Lesões na base do crânio: hemorragia temporal, com extravasamento


de sangue no ouvido médio e nos seios mastóideos (Sinal de Niles) e
hemorragia etmoidal, com extravasamento sanguíneo no osso etmoide
(Sinal de Vargas-Alvarado).

Laboratório: importante, inicialmente, para a identificação do cadáver e,


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em seguida, para diagnosticar o próprio afogamento e o local onde este


ocorreu. Os exames laboratoriais permitem a determinação do local onde
se verificou o afogamento pelo estudo microscópico dos elementos
geológicos e do plâncton mineral, vegetal ou orgânico encontrados nas
vias respiratórias, nos pulmões ou no sangue do hemicoração esquerdo
da vítima.

Exame radiológico: opacidade dos seios maxilares vista na radiografia da


face (constitui prova de reação vital).

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Sinais gerais de asfixia: congestão polivisceral, mais evidente no fígado


("fígado asfíxico", de Étienne Martin), equimoses nos músculos do
pescoço e do tórax, fenômeno putrefativo acelerado, congestão
acentuada do segmento cefálico, iniciando a putrefação com o
aparecimento da mancha verde na face ou na região esternal.

Em relação aos fenômenos de flutuação e afundamento do cadáver,


temos as seguintes etapas:

1ª fase: o cadáver tende a afundar (a densidade do corpo é maior que a


do líquido de submersão);

2ª fase: o cadáver flutua, devido aos gases da putrefação (ocorre o


aumento do volume e a diminuição da densidade do corpo). O fenômeno
pode ocorrer 24 horas ou até cinco dias após a morte. No mar, devido ao
maior peso específico da água salgada, a flutuação ocorre mais
precocemente.

3ª fase: o cadáver submerge novamente, em decorrência da rotura dos


tecidos moles e do esvaziamento dos gases (a densidade do corpo volta a
prevalecer sobre a da água).

4ª fase: o cadáver flutua novamente, devido à diminuição do peso


específico do corpo em decorrência da evolução para a adipocera (um
fenômeno transformativo do cadáver, que ainda estudaremos).
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Cronologia do afogamento: é importante saber o tempo de permanência


do cadáver dentro da água e sua transformação após a morte,
analisando-se o estado de maceração e o estágio da putrefação
cadavérica, mais céleres nos afogados. A temperatura da água possui
grande importância.

Local do afogamento: nem sempre o local de onde é retirado o cadáver


corresponde ao lugar onde se verificou o afogamento. Devem ser

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analisados fatores relativos à marcha putrefativa do cadáver, à


temperatura da água e às correntes aquáticas.

II. Asfixias complexas:


A. ENFORCAMENTO:

Constrição do pescoço por um laço fixo, que obstrui a passagem do ar


pelas vias respiratórias, ocasionado pela ação passiva do peso do próprio
corpo da vítima. Mais comum nos suicídios (mas também em acidentes,
homicídios e execuções judiciais).

O laço pode ser duro (corda, cordão, arame), mole (lençol, gravata,
cortina) ou semirrígido (cinto), e está sempre disposto ao redor do
pescoço, geralmente em posição posterior ou lateral, com ou sem a
presença de nó.

O corpo pode se encontrar totalmente suspenso (suspensão típica ou


completa) ou apoiado em algum ponto pelos pés, joelhos ou outra parte
do corpo (suspensão atípica ou incompleta).

A morte no enforcamento pode advir rápida ou lentamente, a depender


de aspectos pessoais da vítima ou das circunstâncias, podendo demorar
de 5 a 10 minutos em alguns casos.

No período inicial, manifestam-se sensação de calor, zumbidos, sensações


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luminosas e perda da consciência (interrupção da circulação cerebral). Em


um segundo período, ocorrem convulsões e excitação (hipoxemia-
diminuição do oxigênio e hipercapneia-aumento do CO2), além da
compressão de nervos e vasos que passam pelo pescoço. Finalmente,
surgem sinais de morte aparente, e, logo após, cessação da respiração e
da circulação (morte real).
Pode ocorrer de o indivíduo ser "salvo" ainda com vida, mas vir a óbito
posteriormente devido à anoxia prolongada, ou ainda sobreviver com
sequelas.

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A ação do laço sobre o pescoço, no enforcamento, apresenta os


seguintes sinais:

A cabeça encontra-se voltada para o lado contrário ao do nó, fletida,


demonstrando face pálida ou arroxeada, com presença de líquido ou
espuma sanguinolenta na boca e nas narinas. Língua projetada e
cianótica (tonalidade azulada), olhos protrusos e orelhas violáceas.

A rigidez cadavérica é mais tardia, as manchas de hipóstase concentram-


se na metade inferior do corpo, podendo ser observadas as chamadas
púrpuras hipostáticas, devido à fluidez do sangue e em decorrência do
tempo em que o corpo permaneceu suspenso.

O sinal externo mais importante é constituído por uma marca em baixo


relevo no pescoço (sulco), deixada pelo material usado no laço e presente
em praticamente todos os casos de enforcamento. Situa-se na posição
superior do pescoço e pode ser único ou duplo, triplo ou múltiplo (quando
envolve o pescoço mais de uma vez).

Em geral, o sulco do enforcamento tem direção oblíquo-ascendente,


podendo ser contínuo ou interrompido na região do nó. Nos laços moles,
possui o sulco tonalidade clara e leito amolecido; nos laços duros,
tonalidade escura e leito duro e apergaminhado. Laços finos costumam
resultar em sulcos mais profundos.
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Fonte: www.malthus.com.br

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Sinais encontrados nos sulcos de enforcados: (FRANÇA, 2011)

Sinal de Ponsold livores cadavéricos, em placas, por cima e por baixo das
bordas do sulco
Sinal de Thoinot zona violácea ao nível das bordas do sulco
Sinal de Azevedo-Neves livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do
sulco
Sinal de Neyding infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco

Sinal de Ambroise Paré pele enrugada e escoriada no fundo do sulco


Sinal de Lesser vesículas sanguinolentas no fundo do sulco
Sinal de Bonnet marcas de trama do laço
Sinal de Schulz borda superior do sulco saliente e violácea

Diferenças do sulco no enforcamento e no estrangulamento:

ENFORCAMENTO ESTRANGULAMENTO

oblíquo ascendente horizontal


uniforme em toda a periferia do
variável conforme a zona do pescoço
pescoço
interrompido ao nível do nó contínuo
em geral, único frequentemente múltiplo
por cima da cartilagem tireóidea por baixo da cartilagem tireóidea
quase sempre apergaminhado excepcionalmente apergaminhado
de profundidade desigual de profundidade uniforme

Fonte: FRANÇA, Medicina Legal, 9ª edição. 2011.


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Sinais internos do enforcamento:

 Hemorragias na parte profunda da pele e na tela subcutânea do


pescoço, além de roturas e infiltrações sanguíneas do tecido muscular
(Sinal de Martin) e equimoses retrofaríngeas, todas mais constantes e
intensas do lado contrário ao do nó.

 Lesões dos vasos: também mais evidentes no lado contrário ao do nó.

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Sinal de Amussat: secção transversal da túnica íntima da artéria


carótida comum próximo à sua bifurcação. Mais frequentes nos laços
finos e duros.
Sinal de Étienne Martin: desgarramento da túnica externa da carótida.
Sinal de Friedberg: sufusão hemorrágica da túnica externa da carótida
comum.

Lesões vasculares mais raras: rotura da túnica íntima da artéria carótida


interna ou externa (Sinal de Lesser) e solução de continuidade da túnica
interna das veias jugulares (Sinal de Ziemke).

 Lesões do aparelho laríngeo: fraturas das cartilagens tireóidea,


cricóidea e osso hioide.

 Lesões da coluna vertebral: fraturas ou luxações de vértebras


cervicais.

Sinais a distância: sinais das asfixias em geral (congestão de vísceras,


sangue fluido e escuro, distensão dos pulmões, equimoses viscerais e
espuma sanguinolenta em traqueia e brônquios). Pode ocorrer, ainda,
infiltração hemorrágica dos discos intervertebrais (principalmente
lombares), constituindo diagnóstico de reação vital nessa forma de
asfixia. 05608175760

Princípios do mecanismo da morte por enforcamento (Hoffmann):

1. Morte por asfixia mecânica: a asfixia mecânica como causa mortis


não decorre exatamente da constrição de laringe e traqueia, mas
por um mecanismo distinto de asfixia (como a obstrução das vias
respiratórias pelo rechaçamento da base da língua, ou por ação do
próprio laço sobre a parede posterior da laringe).

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2. Morte por obstrução da circulação: o mecanismo mais importante é


a obstrução da passagem do sangue arterial pelas carótidas,
ocasionando anoxia cerebral.
3. Morte por inibição devido à compressão dos elementos nervosos do
pescoço: o laço pressiona o feixe vasculonervoso do pescoço, em
especial o nervo vago.

II. Asfixias complexas:


B. ESTRANGULAMENTO:
A morte ocorre devido à constrição do pescoço por um laço operado por
uma força externa, que obstrui a passagem do ar, interrompe a circulação
do sangue ao cérebro e comprime os nervos do pescoço. Difere do
enforcamento porque o laço constritivo atua de maneira ativa, e o corpo
da vítima, de forma passiva.

É mais frequente nos homicídios e infanticídios. É sempre executado por


meio de um laço, que pode ser mole (lenço, gravata), semiduro (cinto,
corda) ou duro (arame, fio elétrico). Esse laço faz uma alça envolvendo
todo o pescoço da vítima, e a constrição é feita pela força do agressor,
em sentido transversal.

Em geral, apresenta três fases: resistência, perda da consciência e asfixia


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(convulsões e morte aparente, culminando com a morte real).

Sinais:
 Face e pescoço: face tumefeita e violácea, espuma rósea ou
sanguinolenta de narinas e boca, língua escura e projetada para fora,
pequenas equimoses na face, conjuntivas, pescoço e tórax.
 Sulco: quanto mais consistente e duro for o laço, mais constante é o
sulco, que pode ainda ser único, duplo ou múltiplo. Apresenta, em
geral, direção horizontal (mas pode ser ascendente ou descendente se
o agressor puxou o laço para trás e para cima). Possui profundidade

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uniforme e sem descontinuidades, com bordas cianóticas e elevadas e


leito deprimido e apergaminhado. Podem ser encontradas estrias
ungueais próximas ou vesículas sanguinolentas no fundo do sulco
(Sinal de Lesser).
 Lesões nos planos profundos do pescoço: infiltração hemorrágica dos
tecidos moles (com lesões de mesma intensidade, distribuição e altura
em todo o perímetro nos planos internos do pescoço), lesões da laringe
(cartilagens e osso hioide) e das artérias carótidas, manifestando-se
pelos sinais de Amussat (roturas transversais da túnica íntima), de
Friedberg (infiltração hemorrágica) e de Étienne Martin
(desgarramento da túnica externa). Essas lesões arteriais têm a mesma
intensidade e ficam na mesma altura.
 Lesões a distância: sinais clássicos de asfixia já estudados.

Três fatores interferem no desencadeamento da morte por


estrangulamento:
 Asfixia: pela interrupção da passagem do ar devido à constrição do
pescoço;
 Compressão dos vasos do pescoço: compressão das veias jugulares e
das artérias carótidas e vertebrais, bloqueando o sangue para a cabeça.
 Compressão dos nervos do pescoço: por mecanismo de inibição,
decisivo na morte por estrangulamento.

Estrangulamento Antebraquial:
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Tipo de estrangulamento em que há a constrição do pescoço por ação do


braço e do antebraço do agressor ("golpe de gravata"). Alguns autores o
referem como um tipo de esganadura.

A morte ocorre por oclusão das vias respiratórias, obstrução da circulação


das artérias carótidas ou, ainda, por inibição, devido à compressão dos
elementos nervosos do pescoço e atuação do reflexo laríngeo-
pneumogástrico ("estrangulamento branco de Claude Bernard-

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Lacassagne"), caso em que pressões relativamente leves podem causar


parada cardíaca, e os sinais clássicos de asfixia estão ausentes.

III. Asfixias mistas: ESGANADURA

Ocorre pela constrição do pescoço pelas mãos e consequente obstrução


da passagem do ar pelas vias respiratórias. É sempre homicida, sendo
impossível a forma suicida ou acidental.

O mecanismo de morte pode ser por asfixia (e consequente falta de


oxigênio no sangue ao cérebro, ocasionando isquemia encefálica); por
inibição reflexa (parada cardíaca devido à pressão dos seios carotídeos) e
por isquemia encefálica (necrose do tecido cerebral, por falta de
oxigênio).

Há sempre a presença de outras lesões, principalmente traumáticas,


relacionadas às agressões ("lesões de defesa" na cabeça, nos braços e
antebraços).

Sinais encontrados na esganadura: congestão da face, das conjuntivas,


equimoses puntiformes na face e no pescoço, escoriações ungueais,
marcas ungueais ou estigmas (causados pelas unhas do agressor),
pequenas equimoses arredondadas (produzidas pelas polpas dos dedos),
escoriações variadas (advindas das reações de defesa).
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Nos planos profundos, podem ser vistas infiltrações hemorrágicas


profundas no pescoço, lesões da laringe (fraturas de cartilagens e ossos
do pescoço) e, mais raramente, lesões de vasos localizados nesta área.

Ainda, são encontrados, a distância, os já estudados sinais característicos


das asfixias em geral.

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Bem, pessoal, por ora, ficaremos por aqui. Espero que tenham gostado da
aula. Qualquer dúvida, não hesitem em usar o fórum!

Como de praxe, a lista de questões sem comentários encontra-se ao final


da aula.

Abraços e bons estudos!

Fátima.
___________________________________________________________

QUESTÕES COMENTADAS:

1. (FUMARC - PC/MG - Médico Legista 2013) A lesão da pele


produzida por ácidos e álcalis denomina-se:
a) fixação.
b) vitriolagem.
c) corificação.
d) mitridatização.

LETRA B. A vitriolagem é o derramamento de substâncias químicas


(ácidas ou cáusticas) em uma pessoa, causando-lhe lesões. O termo
vitriolagem advém do uso do 05608175760

óleo de vitríolo (ácido sulfúrico),


antigamente.

2. (CESPE - Perito Médico Legista - PC/PB 2009) Considerando que


um cadáver seja encontrado semissuspenso por corda envolta no pescoço
e amarrada em caibro de telhado, com as pernas dobradas no joelho e os
pés tocando o chão, assinale a opção correta.
A) Inexiste a possibilidade de suicídio, uma vez que seria impossível o
autoextermínio por enforcamento em posição em que os próprios pés
toquem o chão.

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Teoria e Exercícios comentados
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ERRADA.
No enforcamento, o corpo pode se encontrar totalmente suspenso
(suspensão típica ou completa) ou apoiado em algum ponto pelos pés,
joelhos ou outra parte do corpo (suspensão atípica ou incompleta).

B) Houve asfixia por estrangulamento.

ERRADA.
A questão leva a concluir pela hipótese de enforcamento. Porém, sem o
fornecimento de mais dados periciais, não se poderia descartar, ainda,
uma hipótese de estrangulamento (no caso de um enforcamento
dissimulado, por exemplo).

C) O sulco produzido pela corda no pescoço apresenta posição transversa


ao eixo do pescoço.

ERRADA.
Considerando a possibilidade mais provável, que é a de enforcamento, o
sulco teria direção oblíquo-ascendente, podendo ser contínuo ou
interrompido (mais frequente) na região do nó.

D) Terá havido libidinagem pouco antes ou durante o estado agônico,


caso se constate a presença de material recém ejaculado na região
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peniana do cadáver em questão.

ERRADA.
Na fase de excitação cortical e medular das asfixias, ocorre
frequentemente o relaxamento de esfíncteres, em que há eliminação de
fezes, urina ou outras secreções (sêmen).

E) A causa da morte poderá ser justificada por mecanismos respiratórios,


circulatórios ou nervosos.

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CORRETA. Vamos rever os princípios do mecanismo da morte por


enforcamento (Hoffmann):

Morte por asfixia mecânica: a asfixia mecânica como causa mortis não
decorre exatamente da constrição de laringe e traqueia, mas por um
mecanismo distinto de asfixia (como a obstrução das vias respiratórias
pelo rechaçamento da base da língua, ou por ação do próprio laço sobre a
parede posterior da laringe). MECANISMOS RESPIRATÓRIOS
Morte por obstrução da circulação: o mecanismo mais importante pe a
obstrução da passagem do sangue arterial pelas carótidas, ocasionando
anoxia cerebral. MECANISMOS CIRCULATÓRIOS
Morte por inibição devido à compressão dos elementos nervosos do
pescoço: o laço pressiona o feixe vasculonervoso do pescoço, em especial
o nervo vago. MECANISMOS NERVOSOS

LETRA E.

3. (FUNIVERSA - Médico Legista/GO 2010) A causa mortis dos


supliciados por crucificação é atribuída a:
A) sufocação indireta
B) sufocação direta
C) desidratação
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D) desnutrição
E) edema pulmonar

LETRA A. Existe, ainda, uma forma de asfixia mecânica denominada


sufocação (indireta) posicional, em que a própria posição do indivíduo
dificulta gravemente a ventilação pulmonar após um período de fadiga e
falência dos músculos respiratórios, seguido de apneia (parada
respiratória) e anoxia. São exemplos a prática da crucificação e do
posicionamento prolongado de um indivíduo de ponta-cabeça.

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4. (FUNIVERSA - Perito Criminal/GO 2010) Morte violenta produzida


por asfixia, em que o laço é acionado pelo próprio peso da vítima, o sulco
produzido pelo laço se apresenta oblíquo, de baixo para cima,
interrompido ao nível do nó e com bordos desiguais, sendo o bordo
superior saliente; a suspensão pode ser completa ou incompleta, e
apresenta a vítima cianose facial, com protrusão de língua, trata-se de:
a) estrangulamento
b) esganadura
c) sufocação
d) fulminação
e) enforcamento

LETRA E. A questão relatou as características típicas do enforcamento,


conforme já estudamos na aula.

5. (FUNIVERSA - Médico Legista/GO 2010) Os sinais de Amussat e


Friedberg são encontrados nas asfixias por:
a) afogamento
b) soterramento
c) sufocação direta
d) sufocação indireta
e) constrição cervical
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LETRA E. Um dos sinais internos das constrições do pescoço por laço é a


presença de lesões nos vasos, tais como o Sinal de Amussat (secção
transversal da túnica íntima da artéria carótida comum próximo à sua
bifurcação) e o Sinal de Friedberg (sufusão hemorrágica da túnica
externa da carótida comum).

6. (CESPE/Perito Criminal Área Medicina/ PF 2004) A face das


vítimas de enforcamento tem sempre cor azulada (cianótica) em razão da
maior dilatação dos vasos do pescoço por compressão do laço.

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ERRADA.
No enforcamento, a cabeça encontra-se voltada para o lado contrário ao
do nó, fletida, demonstrando face pálida ou arroxeada, com presença de
líquido ou espuma sanguinolenta na boca e nas narinas. Em geral, é
pálida quando ocorre preponderantemente inibição com parada
cardiorrespiratória, e azulada ou cianótica quando ocorre congestão
craniofacial devido à obstrução circulatória.

7. (CESPE - Perito Criminal - Odontologia - PF 2004) Um dos sinais


particulares de asfixia por constrição do pescoço é a exoftalmia
acompanhada de protrusão da língua.

CERTA. Língua projetada (ou protrusa) e cianótica (com tonalidade


azulada), olhos protrusos (exoftalmia) e orelhas violáceas são mais
alguns dos sinais internos das constrições do pescoço por laço.

8. (ACADEPOL/MG - Delegado de Polícia 2006) Um cadáver


humano apresenta os seguintes sinais externos: pele anserina, retração
do escroto e maceração da epiderme. O quadro é sugestivo se:
A) Afogamento.
B) Empalamento.
C) Vitriolagem.
D) Envenenamento.
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LETRA A. São alguns dos sinais cadavéricos externos dos afogados,


dentre outros:
- pele anserina, com temperatura baixa, mais frequente nos ombros, face
lateral das coxas e braços;
- retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis;
- maceração da epiderme, principalmente nas mãos e nos pés.

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Empalamento é um tipo de encravamento que ocorre especificamente na


região anal ou perineal, com a penetração de um objeto longo, causando
lesões múltiplas e variadas e, por vezes, profundas, a depender do
impacto e do tamanho do objeto.

A vitriolagem é o derramamento de substâncias químicas (ácidas ou


cáusticas) em uma pessoa, causando-lhe lesões. O termo vitriolagem
advém do uso do óleo de vitríolo (ácido sulfúrico), antigamente.

O envenenamento é causado por qualquer substância que, introduzida


pelas mais diversas vias no organismo, danifica a vida ou a saúde.

9. (UECE - Perito Odontologia - PC/CE 2003) A exposição de um


corpo ao calor pode provocar lesões de maior ou de menor profundidade,
de extensão variada, assépticas ou infectadas. Essas lesões são
classificadas por graus.
Quando há destruição da derme e formação de escaras de colorido
vinhoso, passando a acinzentado, esta lesão é classificada como sendo
de:
A) 1º grau
B) 2º grau
C) 3º grau
D) 4º grau
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LETRA C. A destruição da derme é característica das queimaduras de 3º e


4º graus da classificação médico-legal de Hoffmann. Porém, a formação
de escaras de coloração escura ou esbranquiçada (lesão seca, dura e
indolor) fala a favor da lesão de 3º grau, uma vez que a de 4º grau
caracteriza-se pela carbonização do plano ósseo, local ou
generalizadamente, o que não foi mencionado pela questão.

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Questões 10 a 13:
Após uma tempestade com raios e trovões, foi encontrado, em um
canavial, cadáver de adulto jovem encharcado e com marcas de
queimaduras nas roupas e na pele. Não houve registro de relato de
testemunhas.
Com relação a essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes.

10. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Se a causa


mortis tiver sido eletricidade natural, pode-se considerar que houve
eletroplessão.

ERRADA.
A eletroplessão refere-se aos efeitos causados pela eletricidade artificial
no homem, e não pela eletricidade natural. Esta pode ser causadora de
fulminação (ação letal) e fulguração (lesões corporais).

11. (CESPE - Médico Legista - Prefeitura de Limeira 2007) Caso não


seja possível encontrar documento de identidade junto ao cadáver, deve-
se optar inicialmente por metodologia de identificação por DNA.

ERRADA.
Já vimos que a dactiloscopia, por exemplo, dentre outras técnicas de
identificação, é eficaz e de baixo custo, havendo, portanto, opções mais
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indicadas inicialmente para uma identificação satisfatória.

12. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Caso


existam marcas de Jellineck, uma forma especial de queimadura na pele
tipicamente causada por corrente elétrica, há fortes indícios de óbito por
corrente elétrica natural advinda de raios.

ERRADA.

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A chamada marca elétrica de Jellinek é a lesão mais típica (mas nem


sempre presente) causada pela eletricidade artificial, e não natural. Trata-
se de uma lesão endurecida da pele, de formato circular, elíptico ou
estrelado, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada,
fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização.

13. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Nessa


situação, os mecanismos prováveis de morte são a parada respiratória
central e a parada cardíaca em assistolia, com predomínio da última.

CORRETA. Já vimos na aula que a morte devido à eletricidade envolvem


mecanismos pulmonares, cardíacos e/ou cerebrais. A corrente elétrica
produz arritmias cardíacas por alteração da condução elétrica deste
órgão, podendo resultar em parada cardíaca por fibrilação ventricular
(ritmo irregular, muito rápido e ineficaz) ou assistolia (ausência de ritmo
cardíaco).

14. (FGV - Perito Legista - Odontologia - PC/RJ 2011) Em relação


aos agentes lesivos, a asfixia é considerada um exemplo de lesão causada
por meio:
A) físico.
B) físico-químico.
C) químico.
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D) bioquímico.
E) misto.

LETRA B. As asfixias em geral são causadas por energias de ordem físico-


química, por meio do impedimento à passagem do ar pelas vias
respiratórias e da alteração da bioquímica do sangue. A função
respiratória, portanto, resta alterada pela inibição da hematose
(transformação do sangue venoso em arterial).

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Ao invadir uma fábrica, um assaltante utilizou seus bíceps para aplicar


uma gravata fatal no pescoço do vigia Sebastião. Aplicou também um
golpe com o cabo de uma faca na testa de Manoel, que desmaiou em
decorrência do golpe. A seguir, atirou em Joaquim, errando o alvo e
acertando um tonel de combustível que explodiu, impelindo Joaquim
contra uma esteira em movimento que o prendeu pelo avental,
comprimindo seu pescoço pela alça, matando-o. Em decorrência da
explosão, um pesado equipamento caiu sobre Pedro, impedindo seus
movimentos respiratórios, matando-o igualmente. Um incêndio se seguiu,
matando Antônio por monóxido de carbono, um gás inodoro e incolor.
Com base na situação hipotética apresentada acima, julgue o item
seguinte.

15. (CESPE - Odonto-Legista - PC/RR 2003) Sebastião morreu por


asfixia do tipo esganadura, enquanto Joaquim morreu por
estrangulamento.

CORRETA.
Sebastião: seria morte por esganadura, para alguns autores (e foi o que
a banca considerou). Porém, a maioria deles considera o "golpe de
gravata" como estrangulamento antebraquial (tipo de estrangulamento
feito por constrição do pescoço por ação do braço e antebraço do
agressor). A morte ocorre, em geral, por oclusão das vias respiratórias e
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obstrução da circulação das artérias carótidas.

Joaquim: morte por estrangulamento (pela constrição do pescoço por um


laço operado por uma força externa que obstrui a passagem do ar,
interrompe a circulação do sangue ao cérebro e comprime os nervos do
pescoço).

16. (FUMARC - Delegado - PC/MG 2011) Constitui um exemplo de


asfixia mecânica pura de interesse médico-legal:

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A) Sufocação direta.
B) Estrangulamento típico.
C) Enforcamento completo.
D) Esganadura antebraquial.

LETRA A. Vamos aproveitar para relembrar a classificação das asfixias


mecânicas (conforme Afrânio Peixoto):
I. Asfixias puras: confinamento, asfixia por monóxido de carbono, asfixia por
outros vícios de ambientes, sufocação direta e indireta, soterramento e
afogamento;
II. Asfixias complexas: enforcamento e estrangulamento;
III. Asfixias mistas: esganadura.

17. (CESPE - Delegado de Polícia - PC/ES 2011) Em caso de incêndio


em edificações, o agente causador que sempre explica a morte de
pessoas é o físico, o calor, provocando, nos cadáveres, sempre,
queimaduras graves — de segundo e terceiro grau.

ERRADA.
Em incêndios, há também a possibilidade de morte por asfixia (decorrente
da aspiração dos gases provenientes da combustão). A perícia buscará
estabelecer a identificação de um corpo carbonizado e esclarecer se a
morte ocorreu durante o incêndio ou se a pessoa já se encontrava morta
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quando as chamas a consumiram. Para a certificação de que o indivíduo


respirou durante um incêndio, deve-se pesquisar a presença de óxido de
carbono no sangue e de fuligem ao longo das vias respiratórias (Sinal de
Montalti). Além da análise do aspecto das queimaduras, há outros sinais
presentes em diversos órgãos e no sangue dos carbonizados.

18. (CESPE - Perito Criminal - Medicina - PF 2004) As manchas de


Tardieu têm grande valor semiológico porque são patognomônicas das
sufocações em suas modalidades.

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ERRADA.
As manchas de Tardieu não são patognomônicas das sufocações, pois é
sinal presente nas asfixias em geral.
OBS: Um sinal patognomônico é aquele que, característico de uma
determinada doença, a diferencia das demais.

19. (CESPE - Perito Médico-Legista - PC/PB 2009) Um médico


legista, ao chegar à sala de necropsia, deparou-se com três cadáveres
cuja causa da morte foi asfixia. O primeiro apresenta elementos
sinaléticos que constam de sulco único, com profundidade variável e
direção oblíqua ao eixo do pescoço; no segundo, os sulcos são duplos, de
profundidade constante e transversais ao eixo do pescoço; no terceiro,
em vez de sulcos, havia equimoses e escoriações nos dois lados do
pescoço. Na situação acima descrita, os tipos de morte mais prováveis
são, respectivamente,
A) enforcamento, estrangulamento e esganadura.
B) esganadura, enforcamento e estrangulamento.
C) estrangulamento, esganadura e enforcamento.
D) esganadura, estrangulamento e enforcamento.
E) enforcamento, esganadura e estrangulamento.

LETRA A. Vamos revisar a diferença entre os sulcos:


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ENFORCAMENTO ESTRANGULAMENTO

oblíquo ascendente horizontal

variável conforme a zona do pescoço uniforme em toda a periferia do pescoço

interrompido ao nível do nó contínuo

em geral, único frequentemente múltiplo

por cima da cartilagem tireóidea por baixo da cartilagem tireóidea

quase sempre apergaminhado excepcionalmente apergaminhado

de profundidade desigual de profundidade uniforme

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Na esganadura, não há presença de sulco, mas de escoriações ungueais,


marcas ungueais ou estigmas (causados pelas unhas do agressor),
pequenas equimoses arredondadas (produzidas pelas polpas dos dedos) e
escoriações variadas (advindas das reações de defesa).

20. (CESPE - Perito Criminal - Medicina - PF 2004) Após morte por


afogamento, o início da flutuação do corpo na água salgada ocorre mais
rapidamente do que na água doce, isso porque os gases de putrefação se
formam mais rapidamente no mar.

ERRADA.
No mar, devido ao maior peso específico da água salgada, a flutuação
ocorre mais precocemente.

21. (FUMARC/MEDICO LEGISTA/PCMG 2013) Quanto ao


afogamento, NÃO é correto o que se afirma em:

A) Nos afogados brancos de Parrot, o indivíduo morre por inibição ao


tocar na água.

CORRETA. Nos afogados brancos de Parrot (ou afogados secos), ocorre


morte por inibição, quando o indivíduo toca na água, sendo necessário
que exista uma predisposição constitucional, lesões cardiovasculares (que
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são agravadas pela ação térmica) ou em estados tímico-linfáticos. É um


tipo de afogamento em que não há sinais de asfixia.

B) Algumas vítimas de afogamento e enforcamento podem apresentar o


fenômeno denominado dentes róseos post mortem.

CORRETA. A tonalidade rosada dos dentes, encontrada, por vezes, no


enforcamento e no afogamento, mas também em outras causas
(geralmente violentas) de morte, é um fenômeno post mortem causado

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pela dissociação da hemoglobina em subprodutos e invasão dos


canalículos da dentina. É mais frequente em pessoas jovens, que
possuem cavidades das polpas mais amplas.

C) Os livores hipostáticos do cadáver dos afogados tomam tonalidade


mais escura que nas demais formas de asfixias mecânicas.

ERRADA.
Os livores hipostáticos, que serão objeto de aula futura, adquirem
tonalidade mais clara devido à hemodiluição e à permanência do corpo
em temperaturas baixas.

D) Nos afogados em água doce, a água é absorvida rapidamente nos


alvéolos, passando para a circulação pulmonar e provocando
hemodiluição e hipervolemia.

CERTA. Afogamentos em água doce: a água doce é hipotônica em relação


ao plasma, provocando hemodiluição e hipervolemia. Afogamentos em
água salgada: a água salgada é hipertônica em relação ao plasma,
ocasionando hipovolemia, hemoconcentração e edema pulmonar.

LETRA C é a errada.
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22. (CESPE - Perito Criminal Federal - Medicina - PF 2013) Caso o


exame toxicológico de um indivíduo seja positivo para a substância
tetraidrocanabinol, será correto concluir que esse indivíduo fez uso de
crack ou de outro tipo de substância do grupo da cocaína.

ERRADA.
O THC (tetra-hidro-canabinol) é o princípio ativo da maconha, e não do
grupo da cocaína.

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23. (FUNCAB - Delegado de Polícia - PC/RJ 2012) Depoimento de


uma mulher usuária de drogas em reabilitação: “... porque para mim a
droga era uma pessoa e as pessoas eram coisas, de que eu precisava
para me encontrar com a droga.” A palavra droga substituiu a palavra
originalmente utilizada pela mulher que fazia referência a uma substância
específica. Esse pensamento retrata claramente o comportamento de
adicção. Essa manifestação de desejo de consumo associado ao efeito
residual da droga tem potencializado atos de extrema violência. Contudo,
o comportamento agressivo está, na imensa maioria das vezes, associado
ao uso de estimulantes do sistema nervoso, em geral, e um depressor.
Esses estimulantes e o depressor seriam, respectivamente:

a) solventes inalantes, ecstasy e cocaína.


b) solventes inalantes, crack e ecstasy.
c) ecstasy, álcool e crack.
d) cocaína, crack e álcool.
e) cocaína, solventes inalantes e álcool.

LETRA D. A cocaína e o crack são estimulantes do sistema nervoso, e o


álcool é um depressor. Nas demais alternativas, temos os solventes
inalantes, que são depressores, e o ecstasy, que é um estimulante.

24. (CESPE - Perito Bioquímico Toxicologista - PC/ES 2013) A


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Organização Mundial da Saúde define droga como uma substância que,


após ser introduzida em um organismo vivo, é capaz de modificar uma ou
mais de suas funções.

CERTA. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define droga como sendo


qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade
de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em
seu funcionamento.

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São substâncias naturais, sintéticas ou semissintéticas que têm a


possibilidade de provocar tolerância, dependência e crise de abstinência.
Pode-se dizer que são todas e quaisquer substâncias que, uma vez dentro
do organismo, produzem alterações e modificações em seu
funcionamento normal.

25. (FGV - PERITO LEGISTA - PC/RJ 2011) Assinale a alternativa que


completa o fragmento a seguir:
A Toxicologia Forense estuda _____

A) os mecanismos das intoxicações.

B) a classificação química dos venenos.

C) as reações tóxicas e os venenos causadores destas reações.

D) o mecanismo da morte causada pelos agentes biológicos.

E) os processos de degradação orgânica após a morte do indivíduo.

LETRA C. A toxicologia forense estuda os tóxicos e as intoxicações e visa


detectar e quantificar os vários tipos de substâncias tóxicas, atuando em
situações de cunho judicial em que se busca reconhecer, identificar e
quantificar o risco relativo da exposição humana a estes agentes tóxicos.

26. (FGV - Delegado de Polícia


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- PC/MA 2012) O exame


psiquiátrico-forense de uma jovem diagnosticou um transtorno mental e
comportamental devido ao uso de substância psicoativa.
As alternativas a seguir atendem ao diagnóstico firmado, à exceção de
uma. Assinale-a.
a) Síndrome de abstinência.
b) Psicossíndrome orgânica.
c) Síndrome amnésica.
d) Síndrome de Korsakov.
e) Intoxicação patológica.

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LETRA B é errada.
Conforme já estudamos, a síndrome de abstinência, a síndrome amnésica
(ou Síndrome de Korsakov) e a intoxicação patológica são manifestações
típicas das toxicofilias.

As chamadas psicossíndromes cerebrais orgânicas (ou reações


psicóticas exógenas agudas e crônicas) são quadros sintomatológicos
psíquicos ocasionados por distúrbios de origem fundamentalmente
orgânica, tais como traumatismos e doenças vasculares, tóxicas,
infecciosas, metabólicas, neoplásicas, degenerativas, imunológicas etc.
(The International Journal of Psychiatry - http://www.polbr.med.br/ano12/clau0812.php)

27. (FUNCAB - MEDICO LEGISTA - PC/ES 2013) Havendo suspeita


de morte relacionada com a presença de compostos químicos lesivos ao
organismo, deve-se realizar o exame toxicológico. Nesses casos, a coleta
do sangue deverá ser feita:

A) nas cavidades cardíacas.

B) nas veias femorais.

C) na bexiga.

D) no estômago.

E) na veia cava inferior. 05608175760

LETRA B. O exame toxicológico no cadáver deve ser feito no sangue


obtido mediante punção das veias femorais (mais adequada para após 48
horas do óbito). Este local sofre menos alteração em virtude dos
fenômenos de difusão post mortem das substâncias.

A toxicologia avalia as lesões causadas no organismo por toxicantes e


investiga os mecanismos envolvidos no processo. Procura identificar e
quantificar as substâncias tóxicas presentes nos fluidos biológicos e

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determinar os níveis toleráveis no organismo. Os complexos eventos


envolvidos na intoxicação, desde a exposição do organismo ao agente até
o aparecimento de sinais e sintomas, podem ser classificados em quatro
fases: exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e fase clínica. Em
conformidade com esse assunto, julgue o item a seguir.

28. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


afirma, EXCETO em:
A) Merla é obtida a partir da pasta de coca.
B) A cola é constituída de hidrocarbonetos de efeitos muito rápidos sobre
o sistema nervoso, embora de pouca duração.
C) O ópio é extraído da papoula papaver somniferum e é consumido sob a
forma de cigarros; trata-se de produto muito usado no Brasil.
D) O crack tem um efeito muito semelhante ao da cocaína, entretanto
percebido mais rapidamente e com maior poder de viciar e produzir
danos.

LETRA C é a errada.
O ópio é um produto pouco usado no Brasil devido ao seu difícil processo
de fabricação. O restante da assertiva está correto: é extraído das
cápsulas da papoula Papaver somniferum e é consumido na forma de
cigarros. As assertivas A, B e D apresentam conceitos corretos, já
estudados.
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29. (DELEGADO DE POLICIA - PC/MG 2006) Segundo a curva


alcoolêmica de Calabuig apresentada a seguir, o segmento A-B
representa:

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A) A eliminação do álcool.
B) A manutenção do álcool.
C) A absorção do álcool.
D) A tolerância ao álcool.

LETRA C. Na curva alcoolêmica, a primeira linha refere-se à curva de


difusão ou absorção, de característica ascendente e duração de
aproximadamente 30 a 60 minutos (para uma absorção única). Em
ingestões continuadas e sucessivas de álcool, teremos uma linha
quebrada e escalonada.

30. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) São perturbações


neurológicas da intoxicação alcoólica crônica, EXCETO:
A) Polineurite.

B) Síndrome de Korsakow.

C) Romberg simples e Romberg combinado.

D) Poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke.

LETRA C é errada.
Estes sinais (Romberg simples e Romberg combinado) são manifestações
neurológicas detectadas durante o exame clínico para confirmação de
embriaguez alcoólica (alterações do equilíbrio em decorrência da ação
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tóxica causada pelo álcool).

O diagnóstico clínico do alcoolismo crônico fundamenta-se na presença de


manifestações somáticas, neurológicas e psíquicas. Dentre as
manifestações neurológicas, temos:

Polineurite: processo degenerativo que compromete uma variedade de


neurônios periféricos, causando uma síndrome sensitivo-motora. Os
sintomas são: parestesias das extremidades, hiperestesias cutâneas,

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hipoestesia superficial, mialgias, impotência motora dos músculos


braquiais e crurais, alterações dos reflexos, atrofias musculares,
alterações vegetativas e perturbações de coordenação motora.

Síndrome de Korsakow: lesões em determinadas partes do cérebro que


levam à amnésia, à desorientação no tempo e no espaço, à confabulação
e a sintomas de polineurite, configurando um estado verdadeiramente
demencial.

Poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke: ocorrem focos


hemorrágicos diminutos dos nervos cranianos do tronco cerebral,
causando lesões que ocasionam paralisia dos músculos do globo ocular,
sintomas trigeminais (nevralgia facial), paralisia dos músculos faciais e,
algumas vezes, disfonia, disfasia, tremor da língua e tremores peribucais.

31. (FGV - Perito Legista - PC/RJ 2011) Em relação às bases


conceituais da Toxicologia, assinale a afirmativa correta.
A) A Toxicologia investiga aspectos legais decorrentes dos danos
orgânicos causados por agentes biológicos.
B) A Toxicologia estuda a relação entre o agente químico e a reação
tóxica causada por este agente no organismo.
C) A Toxicologia não estuda possíveis interações tóxicas dos
medicamentos com o organismo vivo.
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D) A Toxicologia estabelece que a dose letal média (DL50) elevada de um


agente químico é indício de alta toxicidade, portanto, insegura para o
organismo.
E) A Toxicologia estabelece que o antídoto é necessariamente provido de
atividade biológica intrínseca.

LETRA B. A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos


decorrentes das interações de substâncias químicas (e não biológicas)
com o organismo. Busca identificar e quantificar os efeitos adversos

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associados à exposição a determinados agentes químicos (tóxicos ou


drogas). Estuda, ainda, os tóxicos e as intoxicações, a fim de estabelecer
limites de segurança relativos à interação entre meios biológicos e
tóxicos. É uma ciência multiprofissional, contando com a participação de
profissionais de variadas áreas de formação.

Na toxicologia forense, o principal objetivo é detectar e quantificar os


vários tipos de substâncias tóxicas, atuando em situações de cunho
judicial em que se busca reconhecer, identificar e quantificar o risco
relativo da exposição humana a estes agentes tóxicos.

O campo de ação desta ciência é amplo, trabalhando com exames em


cadáveres e perícias toxicológicas no vivo, para rastreio e confirmação do
abuso de drogas e caracterização do estado de dependência química e
psíquica, bem como atuando em prol da saúde pública, por meio de
investigações laborais ou relacionadas ao meio ambiente.

A dose letal média (DL50) traduz o grau de toxicidade de uma substância.


É a dose capaz de matar 50% dos indivíduos de uma população em teste,
utilizada para o estabelecimento de classes toxicológicas para produtos
químicos e farmacológicos. Uma DL50 elevada significa baixa toxicidade,
pois são necessárias doses altas da substância para matar 50% dos
indivíduos.
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Antídoto é uma substância com efeitos antagonistas aos efeitos tóxicos de


outra. Não é necessariamente provido de atividade biológica intrínseca.

32. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


afirma, EXCETO em:
A) Cola pode levar à euforia e a alucinações.
B) Anfetaminas são usadas para evitar a sonolência, para desinibir, para
euforizar.

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C) Oxi é consumida pela queima das pedras em cachimbos ou cigarros,


bem como aspirada em pó.
D) Oxi é droga sintética, consumida em cápsulas, de custo elevado, que
causa pouca agressão ao sistema nervoso central.

LETRA D é a errada.
O oxi ou oxidado é uma variação mais barata e tóxica do crack, que
mistura a pasta base de cocaína com substâncias químicas de fácil
acesso, como querosene, gasolina, cal virgem ou solvente usado em
construções, ainda mais tóxicos do que aqueles utilizados na fabricação
do crack e da cocaína em pó.

A fabricação da pasta base de cocaína (da qual também são feitos a


cocaína em pó, o crack e a merla) também é feita utilizando-se uma
substância alcalina e um solvente para extrair uma maior quantidade do
princípio ativo da planta, responsável pelo efeito principal da droga no
sistema nervoso. A droga é misturada ao cigarro comum ou de maconha,
ou fumada em cachimbos de fabricação caseira. Por utilizar substâncias
químicas mais baratas e de fácil acesso, o preço da droga é bem menor
que o do crack e é, ainda, bem mais prejudicial ao organismo.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110531_entenda_oxi_cc.shtml

33. (DELEGADO DE POLICIA - PC/MG 2008) Considerando as


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etapas clínicas da embriaguez alcoólica, qual delas é denominada “fase


médico-legal”?

A) Confusão.

B) Comatosa.

C) Excitação.

D) Sono.

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LETRA A. As fases da embriaguez alcoólica aguda são a de excitação, a de


confusão e a de sono. A chamada fase médico-legal é a fase de confusão,
em que surgem perturbações nervosas e psíquicas, como disartria, andar
cambaleante, perturbações sensoriais, irritabilidade e tendência
agressiva.

34. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


afirma, EXCETO em:
A) A dosagem do álcool na urina seria de grande valia, em virtude de se
aproximar da concentração alcoólica no sangue.
B) A absorção do álcool etílico é ordinariamente processada pela via
digestiva; começa no estômago e continua pelo intestino delgado.
C) O organismo humano realiza o processo de desintoxicação do álcool
por fases continuadas de oxidações, transformando-o em aldeído, ácido
acético, gás carbônico e água.
D) Pequeníssimas quantidades de etanol são eliminadas sem se oxidar.

LETRA A é errada.
A pesquisa bioquímica do álcool pode se dar em amostras de saliva,
urina, humor vítreo, bile, sangue e ar expirado. Na urina, a dosagem não
tem valor absoluto, dadas as variações de concentração de acordo com o
número de micções, condições como bexiga vazia ou não, etc. A
concentração do álcool na urina varia em relação à maior quantidade de
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água em comparação ao sangue, assim como em relação ao fluxo dos


rins, de acordo com o tipo de bebida (cerveja, por exemplo).
As demais assertivas trazem conceitos corretos, que já vimos na aula.

35. (VUNESP - Médico do Trabalho - CEAGESP 2010) Sobre a


relação entre uma substância química e o organismo, com base nos
conceitos da Toxicologia Ocupacional, é correto afirmar:

A) quanto maior a dose, menor será o efeito.

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B) quanto maior o tempo de exposição, menor será o efeito.

C) toda e qualquer substância química presente no ambiente de trabalho,


a priori, já significa risco.

D) uma intoxicação pressupõe a ocorrência de um processo patológico.

E) a absorção pelo organismo de uma determinada substância química


independe da forma como ela é manuseada.

LETRA D. A substância tóxica, uma vez dentro do organismo, produz


alterações e modificações em seu funcionamento normal (fisiológico),
causando lesões em graus variados e produzindo transtornos ao equilíbrio
biológico, acarretando, dessa forma, um quadro patológico.

Nas demais assertivas, houve inversões de conceitos, senão vejamos:

A) quanto maior a dose, MAIOR será o efeito.

B) quanto maior o tempo de exposição, MAIOR será o efeito.

C) NEM TODA E QUALQUER substância química presente no ambiente de


trabalho, a priori, significa risco (vivemos cercados de substâncias
químicas que, a princípio, não representam risco ou são até essenciais à
vida!).

E) a absorção pelo organismo de uma determinada substância química


DEPENDE da forma como ela é manuseada.

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LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA:

1. (FUMARC - PC/MG - Médico Legista 2013) A lesão da pele


produzida por ácidos e álcalis denomina-se:
a) fixação.
b) vitriolagem.
c) corificação.
d) mitridatização.

2. (CESPE - Perito Médico Legista - PC/PB 2009) Considerando que


um cadáver seja encontrado semissuspenso por corda envolta no pescoço
e amarrada em caibro de telhado, com as pernas dobradas no joelho e os
pés tocando o chão, assinale a opção correta.
A) Inexiste a possibilidade de suicídio, uma vez que seria impossível o
autoextermínio por enforcamento em posição em que os próprios pés
toquem o chão.
B) Houve asfixia por estrangulamento.
C) O sulco produzido pela corda no pescoço apresenta posição transversa
ao eixo do pescoço.
D) Terá havido libidinagem pouco antes ou durante o estado agônico,
caso se constate a presença de material recém ejaculado na região
peniana do cadáver em questão.
E) A causa da morte poderá ser justificada por mecanismos respiratórios,
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circulatórios ou nervosos.

3. (FUNIVERSA - Médico Legista/GO 2010) A causa mortis dos


supliciados por crucificação é atribuída a:
A) sufocação indireta
B) sufocação direta
C) desidratação
D) desnutrição
E) edema pulmonar

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4. (FUNIVERSA - Perito Criminal/GO 2010) Morte violenta produzida


por asfixia, em que o laço é acionado pelo próprio peso da vítima, o sulco
produzido pelo laço se apresenta oblíquo, de baixo para cima,
interrompido ao nível do nó e com bordos desiguais, sendo o bordo
superior saliente; a suspensão pode ser completa ou incompleta, e
apresenta a vítima cianose facial, com protrusão de língua, trata-se de:
a) estrangulamento
b) esganadura
c) sufocação
d) fulminação
e) enforcamento

5. (FUNIVERSA - Médico Legista/GO 2010) Os sinais de Amussat e


Friedberg são encontrados nas asfixias por:
a) afogamento
b) soterramento
c) sufocação direta
d) sufocação indireta
e) constrição cervical

6. (CESPE/Perito Criminal Área Medicina/ PF 2004) A face das


vítimas de enforcamento tem sempre cor azulada (cianótica) em razão da
maior dilatação dos vasos do pescoço por compressão do laço.
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7. (CESPE - Perito Criminal - Odontologia - PF 2004) Um dos sinais


particulares de asfixia por constrição do pescoço é a exoftalmia
acompanhada de protrusão da língua.

8. (ACADEPOL/MG - Delegado de Polícia 2006) Um cadáver humano


apresenta os seguintes sinais externos: pele anserina, retração do escroto
e maceração da epiderme. O quadro é sugestivo se:
A) Afogamento.

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B) Empalamento.
C) Vitriolagem.
D) Envenenamento.

9. (UECE - Perito Odontologia - PC/CE 2003) A exposição de um


corpo ao calor pode provocar lesões de maior ou de menor profundidade,
de extensão variada, assépticas ou infectadas. Essas lesões são
classificadas por graus.
Quando há destruição da derme e formação de escaras de colorido
vinhoso, passando a acinzentado, esta lesão é classificada como sendo
de:
A) 1º grau
B) 2º grau
C) 3º grau
D) 4º grau

Questões 10 a 13:
Após uma tempestade com raios e trovões, foi encontrado, em um
canavial, cadáver de adulto jovem encharcado e com marcas de
queimaduras nas roupas e na pele. Não houve registro de relato de
testemunhas.
Com relação a essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes.
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10. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Se a causa


mortis tiver sido eletricidade natural, pode-se considerar que houve
eletroplessão.

11. (CESPE - Médico Legista - Prefeitura de Limeira 2007) Caso não


seja possível encontrar documento de identidade junto ao cadáver, deve-
se optar inicialmente por metodologia de identificação por DNA.

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12. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Caso


existam marcas de Jellineck, uma forma especial de queimadura na pele
tipicamente causada por corrente elétrica, há fortes indícios de óbito por
corrente elétrica natural advinda de raios.

13. (CESPE/Médico Legista/Prefeitura de Limeira 2007) Nessa


situação, os mecanismos prováveis de morte são a parada respiratória
central e a parada cardíaca em assistolia, com predomínio da última.

14. (FGV - Perito Legista - Odontologia - PC/RJ 2011) Em relação


aos agentes lesivos, a asfixia é considerada um exemplo de lesão causada
por meio:
A) físico.
B) físico-químico.
C) químico.
D) bioquímico.
E) misto.

Ao invadir uma fábrica, um assaltante utilizou seus bíceps para aplicar


uma gravata fatal no pescoço do vigia Sebastião. Aplicou também um
golpe com o cabo de uma faca na testa de Manoel, que desmaiou em
decorrência do golpe. A seguir, atirou em Joaquim, errando o alvo e
acertando um tonel de combustível que explodiu, impelindo Joaquim
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contra uma esteira em movimento que o prendeu pelo avental,


comprimindo seu pescoço pela alça, matando-o. Em decorrência da
explosão, um pesado equipamento caiu sobre Pedro, impedindo seus
movimentos respiratórios, matando-o igualmente. Um incêndio se seguiu,
matando Antônio por monóxido de carbono, um gás inodoro e incolor.
Com base na situação hipotética apresentada acima, julgue o item
seguinte.

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15. (CESPE - Odonto-Legista - PC/RR 2003) Sebastião morreu por


asfixia do tipo esganadura, enquanto Joaquim morreu por
estrangulamento.

16. (FUMARC - Delegado - PC/MG 2011) Constitui um exemplo de


asfixia mecânica pura de interesse médico-legal:
A) Sufocação direta.
B) Estrangulamento típico.
C) Enforcamento completo.
D) Esganadura antebraquial.

17. (CESPE - Delegado de Polícia - PC/ES 2011) Em caso de incêndio


em edificações, o agente causador que sempre explica a morte de
pessoas é o físico, o calor, provocando, nos cadáveres, sempre,
queimaduras graves — de segundo e terceiro grau.

18. (CESPE - Perito Criminal - Medicina - PF 2004) As manchas de


Tardieu têm grande valor semiológico porque são patognomônicas das
sufocações em suas modalidades.

19. (CESPE - Perito Médico-Legista - PC/PB 2009) Um médico


legista, ao chegar à sala de necropsia, deparou-se com três cadáveres
cuja causa da morte foi asfixia. O primeiro apresenta elementos
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sinaléticos que constam de sulco único, com profundidade variável e


direção oblíqua ao eixo do pescoço; no segundo, os sulcos são duplos, de
profundidade constante e transversais ao eixo do pescoço; no terceiro,
em vez de sulcos, havia equimoses e escoriações nos dois lados do
pescoço. Na situação acima descrita, os tipos de morte mais prováveis
são, respectivamente,
A) enforcamento, estrangulamento e esganadura.
B) esganadura, enforcamento e estrangulamento.
C) estrangulamento, esganadura e enforcamento.

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D) esganadura, estrangulamento e enforcamento.


E) enforcamento, esganadura e estrangulamento.

20. (CESPE - Perito Criminal - Medicina - PF 2004) Após morte por


afogamento, o início da flutuação do corpo na água salgada ocorre mais
rapidamente do que na água doce, isso porque os gases de putrefação se
formam mais rapidamente no mar.

21. (FUMARC/MEDICO LEGISTA/PCMG 2013) Quanto ao


afogamento, NÃO é correto o que se afirma em:
A) Nos afogados brancos de Parrot, o indivíduo morre por inibição ao
tocar na água.
B) Algumas vítimas de afogamento e enforcamento podem apresentar o
fenômeno denominado dentes róseos post mortem.
C) Os livores hipostáticos do cadáver dos afogados tomam tonalidade
mais escura que nas demais formas de asfixias mecânicas.
D) Nos afogados em água doce, a água é absorvida rapidamente nos
alvéolos, passando para a circulação pulmonar e provocando
hemodiluição e hipervolemia.

22. (CESPE - Perito Criminal Federal - Medicina - PF 2013) Caso o


exame toxicológico de um indivíduo seja positivo para a substância
tetraidrocanabinol, será correto concluir que esse indivíduo fez uso de
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crack ou de outro tipo de substância do grupo da cocaína.

23. (FUNCAB - Delegado de Polícia - PC/RJ 2012) Depoimento de


uma mulher usuária de drogas em reabilitação: “... porque para mim a
droga era uma pessoa e as pessoas eram coisas, de que eu precisava
para me encontrar com a droga.” A palavra droga substituiu a palavra
originalmente utilizada pela mulher que fazia referência a uma substância
específica. Esse pensamento retrata claramente o comportamento de
adicção. Essa manifestação de desejo de consumo associado ao efeito

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residual da droga tem potencializado atos de extrema violência. Contudo,


o comportamento agressivo está, na imensa maioria das vezes, associado
ao uso de estimulantes do sistema nervoso, em geral, e um depressor.
Esses estimulantes e o depressor seriam, respectivamente:
a) solventes inalantes, ecstasy e cocaína.
b) solventes inalantes, crack e ecstasy.
c) ecstasy, álcool e crack.
d) cocaína, crack e álcool.
e) cocaína, solventes inalantes e álcool.

24. (CESPE - Perito Bioquímico Toxicologista - PC/ES 2013) A


Organização Mundial da Saúde define droga como uma substância que,
após ser introduzida em um organismo vivo, é capaz de modificar uma ou
mais de suas funções.

25. (FGV - PERITO LEGISTA - PC/RJ 2011) Assinale a alternativa que


completa o fragmento a seguir:
A Toxicologia Forense estuda _____
A) os mecanismos das intoxicações.
B) a classificação química dos venenos.
C) as reações tóxicas e os venenos causadores destas reações.
D) o mecanismo da morte causada pelos agentes biológicos.
E) os processos de degradação orgânica após a morte do indivíduo.
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26. (FGV - Delegado de Polícia - PC/MA 2012) O exame psiquiátrico-


forense de uma jovem diagnosticou um transtorno mental e
comportamental devido ao uso de substância psicoativa.
As alternativas a seguir atendem ao diagnóstico firmado, à exceção de
uma. Assinale-a.
a) Síndrome de abstinência.
b) Psicossíndrome orgânica.
c) Síndrome amnésica.

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d) Síndrome de Korsakov.
e) Intoxicação patológica.

27. (FUNCAB - MEDICO LEGISTA - PC/ES 2013) Havendo suspeita de


morte relacionada com a presença de compostos químicos lesivos ao
organismo, deve-se realizar o exame toxicológico. Nesses casos, a coleta
do sangue deverá ser feita:
A) nas cavidades cardíacas.
B) nas veias femorais.
C) na bexiga.
D) no estômago.
E) na veia cava inferior.

A toxicologia avalia as lesões causadas no organismo por toxicantes e


investiga os mecanismos envolvidos no processo. Procura identificar e
quantificar as substâncias tóxicas presentes nos fluidos biológicos e
determinar os níveis toleráveis no organismo. Os complexos eventos
envolvidos na intoxicação, desde a exposição do organismo ao agente até
o aparecimento de sinais e sintomas, podem ser classificados em quatro
fases: exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e fase clínica. Em
conformidade com esse assunto, julgue o item a seguir.

28. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


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afirma, EXCETO em:


A) Merla é obtida a partir da pasta de coca.
B) A cola é constituída de hidrocarbonetos de efeitos muito rápidos sobre
o sistema nervoso, embora de pouca duração.
C) O ópio é extraído da papoula papaver somniferum e é consumido sob a
forma de cigarros; trata-se de produto muito usado no Brasil.
D) O crack tem um efeito muito semelhante ao da cocaína, entretanto
percebido mais rapidamente e com maior poder de viciar e produzir
danos.

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29. (ACADEPOL - DELEGADO DE POLICIA - PC/MG 2006) Segundo a


curva alcoolêmica de Calabuig apresentada a seguir, o segmento A-B
representa:

A) A eliminação do álcool.
B) A manutenção do álcool.
C) A absorção do álcool.
D) A tolerância ao álcool.

30. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) São perturbações


neurológicas da intoxicação alcoólica crônica, EXCETO:
A) Polineurite.

B) Síndrome de Korsakow.

C) Romberg simples e Romberg combinado.

D) Poliencefalite superior hemorrágica de Wernicke.

31. (FGV - PERITO LEGISTA - PC/RJ 2011) Em relação às bases


conceituais da Toxicologia, assinale a afirmativa correta.
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A) A Toxicologia investiga aspectos legais decorrentes dos danos


orgânicos causados por agentes biológicos.
B) A Toxicologia estuda a relação entre o agente químico e a reação
tóxica causada por este agente no organismo.
C) A Toxicologia não estuda possíveis interações tóxicas dos
medicamentos com o organismo vivo.
D) A Toxicologia estabelece que a dose letal média (DL50) elevada de um
agente químico é indício de alta toxicidade, portanto, insegura para o
organismo.

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E) A Toxicologia estabelece que o antídoto é necessariamente provido de


atividade biológica intrínseca.

32. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


afirma, EXCETO em:
A) Cola pode levar à euforia e a alucinações.
B) Anfetaminas são usadas para evitar a sonolência, para desinibir, para
euforizar.
C) Oxi é consumida pela queima das pedras em cachimbos ou cigarros,
bem como aspirada em pó.
D) Oxi é droga sintética, consumida em cápsulas, de custo elevado, que
causa pouca agressão ao sistema nervoso central.

33. (DELEGADO DE POLICIA - PC/MG 2008) Considerando as etapas


clínicas da embriaguez alcoólica, qual delas é denominada “fase médico-
legal”?
A) Confusão.
B) Comatosa.
C) Excitação.
D) Sono.

34. (FUMARC - MEDICO LEGISTA - PC/MG 2013) É correto o que se


afirma, EXCETO em:
05608175760

A) A dosagem do álcool na urina seria de grande valia, em virtude de se


aproximar da concentração alcoólica no sangue.
B) A absorção do álcool etílico é ordinariamente processada pela via
digestiva; começa no estômago e continua pelo intestino delgado.
C) O organismo humano realiza o processo de desintoxicação do álcool
por fases continuadas de oxidações, transformando-o em aldeído, ácido
acético, gás carbônico e água.
D) Pequeníssimas quantidades de etanol são eliminadas sem se oxidar.

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35. (VUNESP - Médico do Trabalho - CEAGESP 2010) Sobre a relação


entre uma substância química e o organismo, com base nos conceitos da
Toxicologia Ocupacional, é correto afirmar:
A) quanto maior a dose, menor será o efeito.
B) quanto maior o tempo de exposição, menor será o efeito.
C) toda e qualquer substância química presente no ambiente de trabalho,
a priori, já significa risco.
D) uma intoxicação pressupõe a ocorrência de um processo patológico.
E) a absorção pelo organismo de uma determinada substância química
independe da forma como ela é manuseada.

GABARITO:

05608175760

1B 2E 3A 4E 5E 6E 7C 8A 9C 10E

11E 12E 13C 14B 15C 16A 17E 18E 19A 20E

21C 22E 23D 24C 25C 26B 27B 28C 29C 30C

31B 32D 33A 34A 35D

Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 96 de 96

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