Vous êtes sur la page 1sur 2

É no silêncio que a estrutura sintática da língua perde seu efeito para se tornar um todo de

sentido.

Os sentidos provenientes do silêncio em determinados momentos transgridem e desprezam a


sintaxe da língua, assim como evoca imagens que trazem consigo efeitos de sentido
necessários para dar condições de produção a determinados discursos.

Ao pensar em algo distante e fora de contexto, como por exemplo, a atividade da leitura de
um livro, os sentidos estão em constante desempenho através de um silêncio fundante, até ser
cruzado pela fala de alguém nesse mesmo ambiente. Esse cruzamento de pensamento e fala
causa o que se pode chamar de “ruído entrecruzado de sentidos”, a construção imagética do
silêncio fundador da leitura silenciosa e a materialização do discurso, duas condições de
produção distintas. Ou seja, o dizer que faz sentido e o não-dizer que também ecoa sentidos.
Nessa interlocução somente um dos sujeitos se sente interrompido: o sujeito produtor do
sentidos provenientes do silêncio.

Casal X encontra no supermercado casal Y que há muito tempo não conversavam entre si.
“Talvez por uma discussão boba de final de ano”. Ambos os casais se comprometem em
reestabelecer relações mais amistosas e combinam de ir ao clube juntos. O homem do casal Y
diz que irá ligar para o casal X assim que tiver algo interessante para fazer naquela tarde. O
marido X espera seus antigos amigos saírem e faz o seguinte comentário para sua mulher X:

— Nossa a bateria do meu celular está acabando.

Falando isso, o marido X desliga o celular. A mulher X de forma displicente com o que
aconteceu responde:

— Mas meu amor, quando saímos para cá, tinha acabado de carregar o celular.

O homem X olha para o céu com tom de desprezo pela fala de sua esposa e ela acaba por
compreender que na verdade seu marido não queria mais atender o casal Y e portanto havia
inventado uma desculpa para passar o restante da tarde com o celular desligado com o intuito
de não atender o casal Y.

Ao analisar a placa de uma biblioteca em que se inscreve o termo “silêncio”, vemos aí uma
restrição ao diálogo, uma interdição à fala, mas também vemos a preocupação de utilizar o
silêncio como continuidade fluídica de significação. Infere-se nesse sentido que no processo de
alteridade, do referencial “eu” e “tu”, mas também de alternância de significações através do
diálogo, o silêncio permite que o “tu” que já está na biblioteca, concentrado entre o
pensamento decorrente de sua leitura e reproduzindo sentidos em sua investidura mental,
não entre em contato com o “eu” que acaba de adentrar no espaço de leitura.

Assim, verifica-se que tanto o silêncio fundador, mas local, coercitivo permitem, ou seja, regula
o movimento dos sentidos, tanto em quem já está produzindo sentidos no processo de leitura
(para que não cesse) quanto para quem, através da leitura da placa “silêncio” compreenda que
apesar do silêncio, há pessoas naquele momento em processo de construção de sentidos.
Dessa forma, pode ser dito que no dizer da placa, não é a expressão “silêncio”, mas seu efeito
de sentido, a imagem arquetípica do ambiente reclama silêncio, recriando um ambiente em
que pessoas estão em processo de construção de sentidos de maneira silenciosa e que
qualquer, fala, diálogo, ou ruído pode interferir drasticamente nesse processo.

[16:20, 10/7/2019] ,: Imaginemos uma sala vazia e sem qualquer possibilidade de ouvir ruídos.
Esta é a representação de um silêncio sem sentido. Agora se nesta mesma sala há pessoas em
silêncio em volta de um caixão, O mesmo silêncio da sala é carregado de sentidos. O homem,
no ambiente, produz a ambientação (constituído pelo silêncio fundante) que passa a provocar
efeitos de sentido em quem chega. As condições de produção (ambiente de funeral, pessoas
em silêncio, tristes, cabisbaixas, etc) preenchem o silêncio que agora é dotado de significação.
Um silêncio que restringe o uso da fala, que domestica determinadas ações dos sujeitos
inseridos no contexto e, de forma relevante, um silêncio que institui, impõe, e determina o
que deve ou não ser falado, o silêncio constitutivo, gerador

[16:26, 10/7/2019] ,: Esse é o silêncio da convenção, da restrição sem censura, pois mesmo
podendo falar, gritar e até chorar, impõe o silêncio de forma cerimoniosa.

A vida como representação de um conjunto de forças a quais têm a função de resistir à morte,
eleva o comportamento do ser humano como padronizado e instintivo (LACAN, 1992, p. 16).
Dessa forma, na relação de força, dentro de um processo discursivo dado, esses instintos estão
sempre em posição de defender e de manter.

Os signos tem a mesma interpretação por todos, pois os elementos da fala referem-se a algum
elemento.

Vous aimerez peut-être aussi