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O que é
bom, o que é mal?
- Pitágoras, a partir de seu entender, afirmava que > Gnosiologia Jurídica: cujo objeto é a questão do
aquele que não contempla, não pode filosofar. Para conhecimento jurídico.
este pensador, quem não contempla age, e ao agir não > Ontologia Jurídica: que pergunta quais as razões de
se pode exercer o básico inicial da filosofia que é a ser do direito/para que serve.
contemplação da realidade.
> Axiologia Jurídica: estuda os valores (ética/moral) do
- O exercício de observar a realidade, tentar explicá-la direito.
e sistematizar estas explicações, inclusive a existência
humana nesta realidade, tem como primeiros registros > Lógica Jurídica: lança seu olhar sobre o raciocínio
os “cientistas pré-socráticos” ou filósofos da natureza jurídico e suas peculiaridades.
pré-socráticos. Chamamos de cientistas pré- > Semiótica Jurídica: estuda as diversas formas e
socráticos/filósofos da natureza pré-socráticos todos possibilidades da linguagem jurídica.
aqueles que tentaram explicar os fenômenos
observáveis da natureza durante a existência humana - O pensar jusfilosófico, que antecede a filosofia do
de forma não religiosa dogmática (explicar a partir de direito como disciplina com objeto autônomo, é
mitos ou crenças). nomeado de Filosofia Jurídica Implícita, enquanto o
produto do pensar filosófico, originado após a
- A filosofia, entendida como um conjunto de valores delimitação do objeto de estudo à filosofia do direito e
que orientam as ações, é reconhecível nas diversas reconhecimento desta disciplina como uma disciplina
culturas: chinesas, indus, africanas, americanas. Neste do direito autônoma, bem como autônoma da filosofia
momento entendemos e definimos filosofia como uma geral, é nomeado de Filosofia Jurídica Explicita.
“visão de mundo”, sabedoria de vida e valores de vida
de um povo. - Eduardo Bittar aponta como marco teórico da
moderna Filosofia do Direito, como a estudamos
- Até o século XVII a ciência confundia-se com a atualmente, o pensamento de Hegel, entendendo que
filosofia. É apenas com Galileu e o Círculo de Viena, a partir deste autor teria ocorrido a verdadeira
pensadores os quais passaram a definir como científico desconexão da Filosofia do Direito da Filosofia Geral, e
apenas conhecimentos que poderiam ser reproduzidos tal disciplina teria passado, então, a desenvolver suas
a partir de “experimentos”, que acontece a próprias ferramentas de análise, suas técnicas e seus
desconexão entre essas áreas do conhecimento. métodos jusfilosóficos.
- Por sua vez, a filosofia, como área do conhecimento - Perceba, também, que a ideia de pensador seminal se
independente, também possui as suas subáreas de vincula à concepção do que vem a ser o objeto da
pesquisa e estudo. São identificadas como relevantes filosofia do direito. Para os:
as seguintes:
> Jusnaturalistas: a FD é a disciplina que estuda a
• Metafísica: estuda o ser e qual a natureza da justiça.
realidade. Do que esses elementos são constituídos?
> Positivistas: a FD é a disciplina que estuda o dever- 10. Insculpir a mentalidade da justiça como
ser. fundamento e finalidade das práticas jurídicas;
> Formalistas: a FD é a disciplina que estuda e critica o 11. Estudar, discutir e avaliar criticamente a dimensão
método jurídico utilizado cientificamente pelos aplicativa dos direitos humanos;
juristas.
12. Abalar a estrutura de conceitos arcaicos, de hábitos
> Normativistas: a FD é a disciplina que estuda solidificados no passado, de práticas desenraizadas e
questões jurídicas históricas e contribui para o desconexas com a realidade sociocultural, na qual se
aperfeiçoamento do direito positivo. inserem, de normas desconexas, e que atravancam a
melhor e mais escorreita aplicação do sistema jurídico;
> Sociologistas: a FD é a disciplina que estuda os fatos
jurídicos. 13. Proceder à discussão das bases axiológicas,
econômicas e estruturais que moram atrás das práticas
- Miguel Reale, em sua obra A filosofia do direito,
jurídicas;
define que a Ontognoseologia Jurídica seria a área
responsável pela compreensão conceitual do direito. A 14. Desmascarar as ideologias que orientam a cultura
Epistemologia, responsável pela lógica e ciências da comunidade jurídica, os pré-conceitos que orientam
jurídicas. A Deontologia seria responsável por estudar as atitudes dos operadores do Direito e descortinar as
os valores éticos e morais do direito. Por fim, a críticas necessárias para a reorientação da função de
Culturologia estudaria a história e eficácia jurídica. responsabilidade ético social que repousa nas
profissões jurídicas.
- Eduardo Bittar sugere uma lista de metas/tarefas da
filosofia do direito, as quais existem, segundo o autor, - Em sua obra, Cretella Junior (1993) apresenta critérios
independentemente das definições de objeto e de definição sobre o que vem a ser a filosofia do direito.
ferramenta. A lista é a que segue: Os cinco critérios enumerados pelo autor são os
seguintes:
1. Proceder à crítica das práticas, das atitudes e
atividades dos operadores do direito; > Nominal: significado etimológico; amor ao saber o
direito.
2. Avaliar e questionar a atividade legiferante, bem
como oferecer suporte reflexivo ao legislador; > Global: Busca explicar o direito como um sistema
global, como uma estrutura.
3. Proceder à avaliação do papel desempenhado pela
ciência jurídica e o próprio comportamento do jurista > Causal: Busca as explicações mais originais/radicais
ante ela; da razão de ser do direito e seus institutos.
- É possível apontar algumas características gerais que Espécies de Justiça e a Noção de "bem comum"
podem ser observadas na problemática do poder. - A justiça comutativa: tem origem no verbo comutare,
Primeiro vem a característica da socialidade, ou seja, o que significa troca, permuta. É aquela que envolve a
poder é um fenômeno social e não pode ser explicado relação entre particulares, tendo amplo campo de
por meros fatores individuais. Outra característica é aplicação, não se restringindo aos contratos. O devido
sua bilateralidade, indicando que o poder é sempre a nesta justiça é sempre mais rigoroso, porque se trata
correlação de duas ou mais vontades, havendo uma de assegurar à pessoa um direito que lhe é próprio. A
que predomina. O poder para existir precisa de igualdade que se busca nesta espécie de justiça é a
vontades submetidas. Outros dois aspectos devem ser simples ou absoluta, também conhecida como
levados em consideração: a relação, quando se aritmética.
procede ao isolamento artificial de um fenômeno para
efeito de análise, verificando-se qual é a posição dos - A justiça distributiva: seu significado é impreciso, mas
que nele intervêm; e o processo, quando se estuda a a ideia é de distribuição ou repartição. Por regular as
dinâmica do poder. relações entre a comunidade e seus membros, cabe à
- A despeito de a relação entre os envolvidos decorrer justiça distributiva regular a aplicação de recursos da
de um poder legal, carismático ou tradicional, é coletividade de acordo com as regiões e setores da vida
importante frisar que sempre teremos a presença de social. Aqui o devido é o bem comum distribuído. A
uma autoridade nesta relação, a qual será responsável igualdade que se busca na justiça distributiva é
por dar as ordens ou traçar a diretriz que será proporcional ou geométrica. Assim, trata-se de repartir
obedecida. Assim, é importante não confundir ou distribuir de forma proporcional os bens sociais.
autoridade com poder, pois enquanto o poder se firma Não há uniformidade ou quantidades iguais, mas uma
e impõe pela coação física ou moral, a autoridade vem igualdade proporcional.
a ser, em última análise, o respeito de que certas
pessoas, entidades ou órgãos se revestem. A - A justiça social: é conhecida como justiça geral ou
autoridade acarreta um natural acatamento por parte legal e desperta em nós o sentimento social. Consiste
da comunidade. em servir ao bem comum. Na justiça social, a alteridade
- O Direito como instrumento do poder. tem como sujeitos, de um lado, os particulares ou
- Ato Abusivo X Ato Arbitrário membros de uma sociedade, e de outro, a sociedade.
As exigências para o bem comum não podem ser
deixadas ao livre arbítrio de cada um, mas devem ser
Seção 3.4 - Direito e Justiça exigidas por lei, constituindo uma obrigação estrita e
exigível. No que tange ao critério da igualdade, a
- A alteridade está relacionada à pluralidade de obrigação de concorrer para o bem comum é de todos,
pessoas, ou pelo menos à existência de outra pessoa. mas esse dever torna-se proporcional na medida da
Ninguém pode ser justo ou injusto para consigo função e da responsabilidade de cada um na sociedade.
mesmo. Da mesma forma, não se pode falar em justiça
do homem que vive isoladamente, como também não - O bem comum consiste na vida digna da população
há que se falar em justiça na vida animal, uma vez que de uma cidade, estado e país.
a justiça é uma virtude moral. O devido é a - São Tomás de Aquino distingue três espécies de bem
obrigatoriedade ou a exigibilidade que integra a noção no conteúdo do bem comum: a primeira ele chama de
de justiça. Esse devido não é o moral, como a gratidão, essência; a segunda ele chama de instrumento e a
por exemplo, que não pode ser exigida pelo terceira ele chama de condição. A essência consiste em
interessado e nem cobrada pela lei. O que pode ser uma vida humana com dignidade, com boa qualidade
exigido é o débito legal, e não o moral. A igualdade é de vida para todos. Quanto ao instrumento, São Tomás
um elemento essencial e básico, não sendo um dado de Aquino diz que se trata do mínimo de bens materiais
subjetivo, mas uma exigência que pode ser fixada necessários para a existência dessa vida digna, como
objetivamente. A igualdade pode ser simples ou alimento, vestuário, habitação etc. A condição que ele
extrai do bem comum é a paz, pois é preciso o mínimo onde se habita ou modo de ser adquirido, caráter e
de tranquilidade e segurança para se viver. comportamento habitual.
UNIDADE 4 - A FILOSOFIA E SEUS TÓPICOS - A moral possui sua origem na palavra latina mores, de
CONCEITUAIS modos de comportamento, costumes. Ela corresponde
ao conjunto de convicções de uma pessoa, de um
Seção 4.1 – Direito e Liberdade grupo ou sociedade sobre o que seja bem e mal. Existe
um consentimento de que cumprem duas funções:
- Enquanto a liberdade de consciência está relacionada orientam o comportamento dos indivíduos na vida
com o poder e a autonomia de cada um em fazer suas cotidiana e avaliam esse mesmo comportamento.
escolhas políticas, filosóficas ou ideológicas, a
liberdade de crença envolve o direito de escolher ou - A ética marca ações intersubjetivas e intenções
até de mudar de religião. intrasubjetivas. A discussão sobre qual seria o
comportamento socialmente aceito faz marcar a
- A liberdade de culto consiste no ato de venerar ou relação entre o direito e a ética.
homenagear uma divindade seja de que religião for.
Isso inclui os rituais, as cerimônias e as manifestações - Para muitos a deontologia é a disciplina de Filosofia
diversas, compreendendo a liberdade de orar e pregar. do Direito que versa sobre deveres, direitos e
prerrogativas dos operadores técnicos do Direito, bem
- O legislador constituinte foi mais longe ao dizer que como de seus fundamentos éticos.
ninguém será privado de direitos por motivos de
crença religiosa ou convicção filosófica ou política. - O termo axiologia vem do grego axiós, que significa
Além disso, pode o cidadão invocar essa liberdade para apreciação, estimativa.
se eximir de obrigação legal a todos imposta, desde
que se preste a cumprir obrigação alternativa fixada - A incomensurabilidade impede a quantificação dos
em lei. A sanção para quem não cumprir a obrigação a valores, pois não podem ser dimensionados em
todos imposta ou a prestação alternativa é a perda dos números, ou seja, um quadro não pode ser belo duas
direitos políticos. ou três vezes; a implicação consiste no fato de que os
valores se realizam historicamente influindo outros
- Por fim, essa liberdade de consciência, de crença, de valores; a referibilidade é a seleção de valores de
culto, não se confunde com a liberdade de opinião ou acordo com um sentido ou direção, nunca por acaso; a
de pensamento, que é a liberdade de expressar juízos, preferibilidade consiste na adesão a um valor de
conceitos, convicções sobre algo. A Constituição, acordo com a sua preferência; por último, a graduação
inclusive, veda o anonimato e toda e qualquer forma hierárquica, pois existe uma ordem de preferência,
de censura de natureza política, ideológica e artística. tanto de valores jurídicos como de qualquer outro.
Assegura também o direito de resposta, proporcional
ao agravo, a quem se sentiu ofendido ou atingido pela Seção 4.3 - Direito e Lógica
opinião de outrem, além da indenização.
- Podemos afirmar ser a linguagem jurídica um
Seção 4.2 - Direito e Ética instrumento de manifestação ou de publicidade do
direito.
- O conhecimento ético tem por objeto o estudo da
moral, também conhecida como “deontologia”. É - Compreendendo a semiótica como a ciência dos
através deste conhecimento ético que se analisa o signos e o seu vocabulário, esta se compõe de regras
conjunto de preceitos relativos ao comportamento semânticas, sintáticas e pragmáticas. A semântica que
humano, seja individual ou coletivo. A ética busca dispõe sobre as relações entre o sinal e o objeto,
responder a pergunta sobre o comportamento moral revelando o significado apresenta três tipos de
devido e indevido, socialmente. significados: o fático ou empírico, o normativo e o
emotivo.
- O termo éthos vem de hábito ou comportamento
pessoal. Oriundo da natureza ou da convenção entre as - O significado empírico significa aquele que pode
pessoas. O termo éthos tem dois sentidos, morada indicar objetivamente, com um gesto de mão, aquilo
que se quer. É o modelo adotado pelos positivistas, os
quais afirmam que aquilo que não se pode mostrar procedimentos;
com o dedo não tem sentido algum, ou seja, uma visão c) função decisória do discurso decisório: corresponde
insustentável nos dias atuais. Os normativos encerram às atividades aplicativas, conclusivas e concretizadoras
permissão, proibição e obrigação e os significados dos parâmetros normativos;
emotivos ensejam alegria, dor, saudade, amor, paz, d) função cognitivo-interpretativa exercida pelo
desprezo, etc. discurso científico: correspondem às atividades de
conhecimento, distinção, classificação, orientação,
- O discurso jurídico, por mais técnico que possa ser, interpretação, sistematização e crítica dos demais
está assentado em fatores sociais do nosso cotidiano. discursos apresentados;
Com base nisso, podemos afirmar que ao mesmo e) função persuasiva ligada à práxis jurídica: exercida
tempo ele mantém sua autonomia discursiva e uma com muita presença pelo discurso parcial dos litigantes
dialética com a história cultural vivenciada em em procedimentos formais.
sociedade, a qual está em constante mutação, fazendo
com que o discurso jurídico também se transforme. - O discurso normativo tem como característica o
modal poder-fazer-dever, referente aos textos
- A língua é um grande conjunto de palavras, que normativos, leis, portarias, regulamentos e decretos; o
designam objetos, qualidades, sentimentos e ações, discurso burocrático tem como característica o modal
ordenado gramaticalmente e pela sintaxe. poder-fazer-fazer, referente às decisões de expediente
e andamento burocrático-procedimental; o discurso
- A linguagem é um modo peculiar de o espírito se decisório tem como característica o modal poder fazer-
exteriorizar mediante signos, revelador da dever, referente às decisões de oportunidade, mérito e
personalidade do falante. Varia, também, em função legalidade na esfera administrativa, e sentenças,
do objeto. acórdãos e decisões interlocutórias na esfera judiciária;
o discurso científico tem como característica o modal
- É importante esclarecer que mesmo o discurso poder-fazer-saber, referente às lições doutrinárias,
jurídico apresenta suas subdivisões. Fala-se em ensinamentos teóricos, resenhas, críticas,
discurso factual, quando se quer que os signos comentários, etc.
remetam a fatos, sendo que a veracidade pode ser
demonstrada com base na ocorrência desses fatos de - O discurso jurídico com traços elementares de sua
acordo com a sua enunciação. Ex.: Fulano foi à formação diferenciada em meio a outras práticas
faculdade para pesquisar. Fala-se também em discurso sociais de linguagem apresenta as seguintes
sensorialdescritivo, quando se quer definir coisas características:
demonstradas por experiências. Ex.: A laranja é fruta; a 1) linguagem técnica;
fruta é ácida. O discurso será deôntico diante de 2) construída com base na experiência da vida
julgamentos axiológicos “É bom que tu te cuides”; ordinária;
éticos “Esta ação não pode ser considerada correta”. O 3) ocorre intraculturalmente;
discurso será jurídico-normativo quando sua aferição 4) possui ideologia;
for impossível de ser realizada, pois tudo remete à 5) exerce poder;
legalidade ou à validade ou não da norma jurídica que 6) seu caráter é normalmente performativo e sua
lhe dá base. Ex.: É proibido gravar a conversa alheia apresentação faz-se por meio de pressupostos lógico-
sem autorização expressa. deônticos.
- Dentre as modalidades de discurso jurídico, devemos - A prática de discurso é que permite o funcionamento
considerar o normativo, o burocrático, o decisório e o do direito, e estas práticas ocorrem, também, em
científico, cada qual com suas particularidades. E para interação com outras alheias ao sistema jurídico. A
cada uma dessas modalidades, visualizam-se funções sentença (discurso decisório), que se vale da lógica
jurídico-discursivas preponderantes: para acontecer, cria textos que individualizam a lei
a) função cogente do discurso normativo: (discurso normativo), dando sentido concreto para
corresponde às tarefas de comandar condutas e eleger algo que existia somente em discurso abstrato.
valores, o interpretar e o agir dos agentes públicos;
b) função ordinária do discurso burocrático: - No processo de interpretação das leis, ou no processo
correspondem às atividades de regularização, de complemento da ausência de leis para uma situação
acompanhamento, ordenação e impulso dos concreta, ou quando duas leis aparentemente são
opostas, a semiótica, permitindo a decodificação, jurídico, pois verifica-se a presença das condições
interpretação, dos elementos culturais, ideológicos, técnico-normativas e também fática dessa norma.
psicológicos, sociais e lógicos, condicionam a sentença
proferida. - A interseccionalidade reconhece que existem
necessidades específicas, no espaço do direito, para
- Em razão desta variável condicionada a inúmeros diferentes grupos, e que um indivíduo não é formado
elementos externos é que a lógica formal não serve ao apenas por um único elemento de identidade; gênero
direito, que precisa de decisões situacionais (conforme (homem ou mulher), raça (preto, pardo, branco,
o momento e contexto - lógica do razoável; amarelo e indígena), classe, (média, alta, baixa, abaixo
razoabilidade). da linha da miséria), grau de formação educacional
(analfabeto, ensino básico, médio, superior, pós-
Seção 4.4 - Direito e Norma graduação), mas sim que todos esses elementos
constituem um indivíduo e determinam a forma como
Sistema: é uma construção científica integrada por um este irá se relacionar com outros e com o espaço do
conjunto de elementos que se relacionam dentro de Direito em um Estado de Direito Republicano e
uma estrutura, tendo cada um desses elementos uma Democrático.
função que tenta explicar essa realidade natural ou
social que está sendo investigada. - Assim, a ideia de interseccionalidade surge no espaço
do ordenamento jurídico, que se propõe ser uno, e
- Um sistema pode ser decomposto em duas implementa uma pluralidade de compreensão de
dimensões: aplicação das normas ajustando-as às realidades
I. Repertório: representa o conjunto de elementos que sociais reconhecidas.
integra o sistema.
II. Estrutura: o padrão de organização dos referidos - Assim, podemos notar que nos dias atuais, existe uma
elementos dentro do sistema. forte tendência de retorno ao reconhecimento do
pluralismo jurídico, ou seja, de aceitação da
- Kelsen intitula de “estática jurídica” o capítulo que sistemicidade do Direito, permitindo o diálogo entre
estuda a norma, e de “dinâmica jurídica”, o capítulo diferentes sistemas jurídicos e, até mesmo, a
que estuda o ordenamento jurídico. As normas multidisciplinaridade no processo de elaboração e
jurídicas não estariam ordenadas no mesmo plano, construção do direito no cotidiano.
mas escalonadas em diferentes camadas ou níveis.
Assim, como numa figura piramidal, a norma inferior
tira o seu pressuposto de validade de uma norma
superior a ela, ou seja, pela proposta kelseniana, cada
norma a entrar no ordenamento jurídico seria
considerada válida em razão de sua norma
antecessora. No topo da pirâmide figura sua norma
mais valiosa, a quem consagra o nome de “norma
fundamental.