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PROCESSO Nº TST-RR-1444-60.2010.5.19.

0003

A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMWOC/gb/W

RECURSO DE REVISTA. REVISTA EM BOLSAS
E SACOLAS. AUSÊNCIA   DE   CONTATO
FÍSICO. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO.
A jurisprudência desta Corte Superior
é firme no sentido de que o
procedimento de revista em pertences
pessoais do empregado, desde que
realizado de forma indiscriminada e
sem contato físico, não se configura
ato ilícito, inserindo-se no âmbito
do poder diretivo e fiscalizatório do
empregador, não gerando, portanto,
constrangimento apto a ensejar dano
moral indenizável. Precedentes.
Recurso   de   revista   conhecido   e
provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­1444­60.2010.5.19.0003,   em   que   é
Recorrente MAKRO ATACADISTA S.A. e Recorrido FLÁVIO DA ANUNCIAÇÃO DA
SILVA SANTOS.

O Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região,


mediante o acordão prolatado às fls. 273-278, complementado pela
decisão às fls. 298-302, deu provimento ao recurso ordinário
interposto pelo reclamante, para condenar a reclamada ao pagamento
de indenização por dano moral.
Inconformada, a reclamada interpõe recurso de
revista (fls. 305-324), com fundamento no art. 896 da CLT.
O  recurso   foi   admitido   (fls.   589­593),   sendo
apresentadas contrarrazões (fls. 598­614).
Dispensada   a   remessa   dos   autos   ao   Ministério
Público   do   Trabalho   (art.   95,   §   2º,   II,   do   Regimento   Interno   do
TST).
É o relatório.
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V O T O

1. CONHECIMENTO

Atendidos   os   pressupostos   extrínsecos   de


admissibilidade   referentes   à   tempestividade,   à   regularidade   de
representação   e   ao   preparo,   passa­se   ao   exame   dos   intrínsecos   do
recurso de revista.

REVISTA   EM   BOLSAS   E   SACOLAS.   AUSÊNCIA   DE   CONTATO


FÍSICO. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO

O Tribunal Regional do Trabalho proferiu acórdão


nos seguintes termos, verbis:

DO DANO MORAL DECORRENTE DO PROCEDIMENTO DE


REVISTA.
Diz o recorrente que foi constrangido durante todo o pacto laboral,
quando da saída da empresa, por conta das revista em seus pertences dos
empregados. Afirma que toda revista é abusiva e humilhante, mesmo que
dirigida a todos os funcionários de forma indistinta. Pede indenização por
danos morais.
Com razão.
O Juízo "a quo" julgou improcedente o pedido de indenização por
danos morais (fl.176).
Consta da petição inicial (fls.2-8) que, durante todo o período de
duração do contrato de trabalho, o recorrente na saída do trabalho sofria
revista, por meio de um funcionário da recepção ou do vigilante, em seus
pertences na bolsa. Menciona ainda que a revista consistia ainda em
levantar a barra da calça, levantar a camisa, tendo que girar 360º em volta
do seu eixo.

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Na contestação (vide fls.36-56), a reclamada negou a existência de


dano moral contra o reclamante. No entanto, a preposta confirmou à fl. 173
que ainda existe revista de bolsa na reclamada, tendo a audiência ocorrido
em 15.02.2011(fl.172).
A preposta confirmou que a revista consiste em abrir a bolsa e
mostrar os pertences à recepcionista (fl. 172). Diz que desde que ela foi
contratada, em 08.10.2009 (fl. 172), já existia revista (fl. 173). Diz que
poderia ter sua bolsa vista por uma mulher (fl. 173).
Quer dizer, a própria reclamada confessou que fazia revistas nos
objetos pessoais do autor (bolsas e sacolas).
Com isso, tem-se que as revistas diárias, ainda que por mera
observação em bolsas, sacolas e armário, são ofensivas à dignidade da
pessoa humana.
Dessa forma, restou esvaziada a tese defensória de que as revistas não
causavam constrangimento ou vexame a seus empregados, dentre os quais o
demandante.
Além do mais, no caso em exame, as revistas duraram desde a
admissão do autor (1º.4.2004) até a data de dispensa (15.6.2009), consoante
exordial (fl.3), ficando o reclamante submetido diariamente a revistas
constrangedoras e vexatórias.
Portanto, as revistas íntimas realizadas na demandante eram abusivas
e transgrediram o poder de fiscalização da reclamada, razão pela qual
violaram direitos da personalidade da reclamante protegidos
constitucionalmente, a exemplo da dignidade da pessoa humana, da vida
privada e da intimidade.
(...)
Assim, tem-se que é devido o pagamento de indenização por danos
morais ao reclamante.
No que pertine ao VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS, tem-se que para a sua fixação vários critérios são apontados pela
legislação, doutrina e jurisprudência, havendo unanimidade em torno da
proporcionalidade, aferindo-se pelo grau do dano sofrido e também a
condição econômica do autor do dano.
O dano moral é, portanto, incomensurável não há como se aferir a dor
sofrida pelo empregado em decorrência de atos praticados pelo empregador
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ofensores da honra, da imagem, da intimidade, da vida privada ou da


dignidade do empregado.
Mesmo assim, encontram-se parâmetros na legislação pátria para a
fixação da indenização por danos morais.
O art. 5º, inciso V, da CF/88, dispõe o seguinte: "é assegurado o
direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem". De onde se extrai o princípio da
proporcionalidade.
(...)
Pois bem, aí estão alguns parâmetros encontrados na legislação e na
doutrina que podem servir de base à fixação da indenização por danos
morais.
Desse modo, considerando-se os parâmetros já destacados, os fatos
demonstrados nos presentes autos (revistas diárias em bolsas e sacolas do
reclamante), a condição econômica da empregadora, e ainda, atendendo ao
princípio da proporcionalidade, altera-se a sentença para estabelecer que é
devido o pagamento da indenização por danos morais no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais).
Pelo provimento do recurso ordinário interposto pelo reclamante para,
alterando a sentença, estabelecer que é devido ao autor o pagamento de
indenização por danos morais no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais).

A recorrente sustenta ser indevida a condenação ao


pagamento de indenização por dano moral decorrente de revista
visual, nas suas dependências, em bolsas dos empregados, sem
qualquer contato físico. Caso seja mantida a condenação, requer a
redução do valor arbitrado. Aponta violação do art. 5º, II, V, X,
XXXV e LV, da Constituição Federal, art. 818 da CLT, art. 333, I, do
CPC/73 e arts. 186, 188, I, 927 e 945, do Código Civil. Colaciona
arestos para cotejo de teses.
À análise.
A jurisprudência desta Corte Superior é firme no
sentido de que o procedimento de revista em pertences pessoais dos
empregados, desde que realizado de forma indiscriminada e sem
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contato físico, não se configura em ato ilícito, inserindo-se no


âmbito do poder diretivo e fiscalizatório do empregador, não
gerando, portanto, constrangimento apto a ensejar dano moral
indenizável.
Nesse sentido, são os precedentes da SBDI­1 desta
Corte Superior:

"RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº


13.015/2014. RITO SUMARÍSSIMO. REVISTA VISUAL DE BOLSAS E
SACOLAS. AUSÊNCIA DE CONTATO FÍSICO. DANO MORAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. 1. A eg. Sétima Turma proferiu acórdão em harmonia
com a jurisprudência desta Corte, ao dar provimento ao recurso de revista
para julgar improcedente o pedido de indenização por dano moral, sob o
fundamento de que o procedimento de revistas realizado diariamente ao fim
da jornada de trabalho nos pertences pessoais de todos os empregados, sem
contato físico e indiscriminadamente, insere-se no âmbito do poder diretivo
e fiscalizatório do empregador, não caracterizando afronta às garantias
asseguradas no art. 5º, V e X, da Constituição Federal, apta a gerar dano
moral indenizável . 2. Nesse contexto, os embargos se afiguram incabíveis,
nos termos do art. 894, § 2º, da CLT. Recurso de embargos de que não se
conhece" (E-RR-14500-77.2014.5.13.0007, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT
26/10/2017).

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 13.015/2014.


DANO MORAL. REVISTA DE BOLSAS E SACOLAS. NÃO
CONFIGURAÇÃO. Ressalvado entendimento contrário do relator, a
decisão da maioria, exarada pela SBDI-1 do TST , é no sentido de que não
enseja indenização por danos morais a revista visual em bolsas e sacolas
quando realizada de forma impessoal e sem contato físico entre a pessoa
que procede à revista e o empregado. Há precedentes. Recurso de embargos
conhecido e não provido " (E-ED-ED-RR-1564400-69.2005.5.09.0010,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 09/06/2016).

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PROCESSO Nº TST-RR-1444-60.2010.5.19.0003

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014.


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - REVISTA IMPESSOAL E
INDISCRIMINADA DE BOLSAS DOS EMPREGADOS. Esta SBDI1 tem
entendido reiteradamente que a inspeção de bolsas, sacolas e outros
pertences de empregados, desde que realizada de maneira generalizada, sem
que reste configurado qualquer ato que denote abuso de seu direito de zelar
pelo próprio patrimônio, não é ilícita, pois não importa ofensa à intimidade,
vida privada, honra ou imagem daqueles. No caso em apreço, a fiscalização
da recorrente, como descrita no acórdão regional, não configura ato ilícito,
uma vez que não era dirigida somente ao autor, nem implicava contato
físico de qualquer natureza, não sendo possível presumir-se qualquer dano
moral dela decorrente. Precedentes. Recurso de embargos não conhecido"
(E-RR-1390-97.2010.5.19.0002, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 17/03/2016).

De conformidade com o entendimento firmado pela


jurisprudência do TST, a fiscalização em pertences do reclamante,
sem contato físico, realizada de forma moderada e impessoal, para
fins de garantir a segurança do patrimônio do empregador, não
caracteriza, por si só, ato ilícito, o que se revela suficiente para
não se reconhecer a responsabilidade civil da empregadora (art. 186
do Código Civil).
Registre-se que o novo enquadramento jurídico dos
fatos (subsunção) revelados no acórdão regional não encontra óbice
na Súmula nº 126 do TST, por prescindível, na espécie, o reexame de
fatos e provas.
Ante o exposto, CONHEÇO do recurso de revista, por
violação do art. 186 do Código Civil.

2. MÉRITO

No   mérito,   conhecido   o   recurso   de   revista   por


ofensa   ao   art.   186   do   Código   Civil,  DOU­LHE   PROVIMENTO  para,
reformando o acórdão recorrido, restabelecer a sentença que julgara
improcedente o pedido de indenização por dano moral.
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-1444-60.2010.5.19.0003

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   conhecer   do   recurso   de
revista, por ofensa ao art. 186 do Código Civil, e, no mérito, dar­
lhe provimento para, reformando o acórdão recorrido, restabelecer a
sentença que julgara improcedente o pedido de indenização por dano
moral. Invertido o ônus da sucumbência. Custas pelo reclamante,
isento na forma prevista em lei.
Brasília, 07 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


WALMIR OLIVEIRA DA COSTA
Ministro Relator

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