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0092
A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMWOC/gb/W
PROCESSO Nº TST-RR-1233-56.2012.5.09.0092
É o relatório.
V O T O
1. CONHECIMENTO
b. CARGO DE CONFIANÇA
Pugna, o reclamante, pela reforma da r. sentença que o enquadrou na
exceção do art. 224, § 2º, da CLT. Argumenta, em síntese, que nos cargos
de "gerente de serviços" e "gerente de relacionamento" exercia apenas
atividades técnicas, sem efetivos poderes de mando, comando ou gestão nos
negócios do Banco. Requer seja acrescido, à condenação, o pagamento de
horas extras e reflexos, assim consideradas todas as horas excedentes da 6ª
diária.
Sem razão.
Dispõe o § 2º do art. 224 da CLT que as jornadas de 6 horas diárias e
30 semanais não se aplicam aos que "exercem funções de direção, gerência,
fiscalização, chefia e equivalentes ou que desempenhem outros cargos de
confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a um terço do
salário do cargo efetivo", hipótese em que, se presentes os requisitos
objetivo e subjetivo, já se encontram quitadas a 7ª e 8ª horas laboradas
(Súmula 102, II, do C. TST), configurando-se como extraordinárias as
horas trabalhadas além desse limite e aplicável o divisor 220 (Súmula 343).
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não ter essa atribuição; que podia alterar senha do cliente, com a presença
desse, não se recordando se no caso de quando o cliente não tinha a senha
anterior; que validava os dados cadastrais dos clientes postados pelos
escriturários; que sempre é necessária a validação por outra pessoa,
inclusive quando postados pelo depoente; que os assistentes podem validar
tais dados e os escriturários não; que poderia ter continuado trabalhando na
mesma agência em que iniciou" - destaquei.
O preposto, em seu depoimento, disse que "como gerente de serviços
tinha como atribuições atender os clientes, gerenciar uma carteira de
clientes, analisar e despachar operações, participar dos comitês de crédito e
de administração da agência; e como gerente de relacionamento tinha as
mesmas atribuições do de serviço, diferenciando-se pela espécie da
carteira; que como gerente de serviço o autor gerenciava carteira de clientes
pessoa jurídica e como de relacionamento carteira de pessoa física com
faturamento superior a R$ 6.000,00, mensais; que os produtos oferecidos
para ambas as carteiras são os mesmos; que nessas atribuições inclui
atender clientes, vender produtos e captar depósitos; que não tem como
estimar tempo gasto durante o dia para essas atribuições; que não sabe
informar o número de produtos oferecidos, por serem muitos; que não há
regra de se oferecer produtos em todo atendimento, mas pode ocorrer; que
no caso das operações não pré-aprovadas pelo sistema o assistente e o
gerente fazer análise dessa e emitir parecer que é submetido ao comitê de
crédito, que decide pela aprovação ou não da operação; que dependendo da
operação o comitê não é da agência; que há operações específicas que após
a análise da documentação pelo assistente e gerente o processo é enviado a
um centro CSO, em Curitiba, que pode "bloquear" a operação, sendo que
após o retorno do processo o assistente e o gerente emitem parecer não
vinculado à aquele centro, e submete a operação ao comitê de crédito, onde
é votado pela aprovação ou não; que o comitê é a autoridade máxima para
deferir ou não a operação; que devem participar no mínimo três pessoas no
comitê, sendo obrigatória a presença do gerente geral ou do seu substituto
na sua falta; que caso o CSO entender não viável a operação não há
submissão ao parecer do gerente e do comitê; que a análise feita pelo
assistente e gerente consiste em juntar a documentação lançar no sistema o
tipo de operação, verificar se o cliente possui limite de crédito para a
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operação, sendo que através desses dados emite seu parecer ou encaminha o
processo ao CSO; que é preciso o voto de três integrantes do comitê, sendo
que caso somente o gerente geral vote, ou não atingido o número de três
votos, a operação não é deferida; que o gerente possui subordinados,
assistente e escriturário, aos quais dá ordens de serviços relativos a sua
carteira (...)" - destaquei.
A testemunha Antonio, indicada pelo autor, disse que "trabalhou na
reclamada de 20/11/1980 à 15/06/2012, na função de gerente de
relacionamentos; que trabalhou na mesma agência que o reclamante em
Cianorte, sendo que já estava nesta agência quando o autor chegou; que
como gerente de relacionamentos tinha como atribuições vender os
produtos do reclamado e atender os clientes e aberturas de contas; que todas
as atribuições tinham como objetivo a venda dos produtos e serviços; que é
do comitê de crédito a função de deferir ou não uma operação que não seja
pré-aprovada pelo sistema; que o gerente dá seu parecer de favorável ou
não antes de submeter a operação ao comitê, inclusive nos processos que
eram submetidos ao CSO; que o parecer do gerente não estava vinculado a
decisão do CSO; que havia 8/9 gerentes de serviço ou relacionamento na
agência; que o gerente de serviço ou relacionamento tinha como
subordinado o assistente quando esse era designado pelo gerente geral para
a sua carteira; que não havia escriturário subordinado a sua carteira; que
quando o assistente estava trabalhando na sua carteira o depoente fazia a
sua avaliação de desempenho; que delegava serviços ao assistente quando
este estava ligado a sua carteira, o mesmo ocorrendo com o autor, inclusive
avaliação de desempenho (...) que, dentro do limites pré estabelecidos pelo
sistema, tinha poderes para deferir operações de cheque especial e CDC,
sem submissão ao comitê; que há diferenças de atribuições e
responsabilidades entre os cargos de escriturário, assistente e gerente; que
gerentes e assistentes possuem diferentes níveis de acesso ao sistema em
relação aos escriturários; que possuía cartão operacional nível III, que
possibilitava a emissão de talão de cheques, não sabendo se outros níveis
também podiam (...)" - destaquei.
A testemunha Milton, indicada pelo autor, afirmou que "trabalhou no
réu de 1977 à julho de 2011; que trabalhou na mesma agência que o autor
em Rondon, na função de gerente de atendimento e de relacionamento; que
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2. MÉRITO
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ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de
revista quanto ao tema "Gratificação semestral. Integração na base
de cálculo das horas extras", por divergência jurisprudencial, e, no
mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão recorrido,
determinar a integração da gratificação semestral na base de cálculo
das horas extras. Valor da condenação acrescido em R$ 10.000,00 (dez
mil reais), custas complementares de R$ 200,00 (duzentos reais).
Brasília, 07 de agosto de 2019.
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