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PROCESSO Nº TST-RR-1233-56.2012.5.09.

0092

A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMWOC/gb/W  

RECURSO   DE   REVISTA.   GRATIFICAÇÃO


SEMESTRAL.   REPERCUSSÃO   NA   BASE   DE
CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS.
É firme a jurisprudência desta Corte
Superior   no   sentido   de   que   a
gratificação   semestral   recebida
mensalmente pelos empregados do Banco
do   Brasil,   revestida   de   natureza
salarial,   repercute   na   base   de
cálculo   das   horas   extraordinárias,
não   sendo   aplicável,   ao   caso,   a
Súmula nº 253 do TST.
Recurso   de   revista   parcialmente
conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­1233­56.2012.5.09.0092,   em   que   é
Recorrente FÁBIO SHINOHARA e Recorrido BANCO DO BRASIL S.A.

O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região,


mediante o acordão prolatado às fls. 701-717, deu provimento ao
recurso ordinário interposto pelo banco reclamado, para determinar a
aplicação do divisor 200 para o cálculo das horas extras e, deu
negou provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante,
para manter a sentença que reconheceu o exercício de cargo de
confiança e a gratificação semestral da base de cálculo das horas
extraordinárias.
Inconformado, o reclamante interpõe recurso de
revista (fls. 720-770), com fundamento no art. 896 da CLT.
O  recurso   foi   admitido   (fls.   772­775),
apresentadas contrarrazões (fls. 777­804).
Dispensada   a   remessa   dos   autos   ao   Ministério
Público   do   Trabalho   (art.   95,   §   2º,   II,   do   Regimento   Interno   do
TST).
Firmado por assinatura digital em 07/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

Atendidos   os   pressupostos   extrínsecos   de


admissibilidade   referentes   à   tempestividade,   à   regularidade   de
representação   e,   dispensado   o   preparo,   passa­se   ao   exame   dos
intrínsecos do recurso de revista.

1.1. HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. CARGO DE


CONFIANÇA

O Tribunal Regional proferiu acórdão nos seguintes


termos:

b. CARGO DE CONFIANÇA
Pugna, o reclamante, pela reforma da r. sentença que o enquadrou na
exceção do art. 224, § 2º, da CLT. Argumenta, em síntese, que nos cargos
de "gerente de serviços" e "gerente de relacionamento" exercia apenas
atividades técnicas, sem efetivos poderes de mando, comando ou gestão nos
negócios do Banco. Requer seja acrescido, à condenação, o pagamento de
horas extras e reflexos, assim consideradas todas as horas excedentes da 6ª
diária.
Sem razão.
Dispõe o § 2º do art. 224 da CLT que as jornadas de 6 horas diárias e
30 semanais não se aplicam aos que "exercem funções de direção, gerência,
fiscalização, chefia e equivalentes ou que desempenhem outros cargos de
confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a um terço do
salário do cargo efetivo", hipótese em que, se presentes os requisitos
objetivo e subjetivo, já se encontram quitadas a 7ª e 8ª horas laboradas
(Súmula 102, II, do C. TST), configurando-se como extraordinárias as
horas trabalhadas além desse limite e aplicável o divisor 220 (Súmula 343).

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No caso, restou satisfeito o requisito objetivo relativo à gratificação


de função, pois comprovado que o autor recebeu a respectiva comissão pelo
exercício dos cargos de "gerente de serviços" e "gerente de
relacionamento", conforme recibos de pagamento de fls. 395 e seguintes.
Porém, para caracterização de tais funções, é certo que não basta o
"nomen juris" com que se rotula determinado cargo, não bastando, também,
o recebimento da gratificação especial, "dependendo da prova das reais
atribuições do empregado", conforme jurisprudência pacificada na Súmula
102, I, do C.TST.
Há necessidade de um mínimo de fidúcia especial, ou, em outras
palavras, que se prove que o empregado, de fato e minimamente que seja,
detém confiança diferenciada dos demais empregados por parte de seu
empregador, circunstância esta que se infere do conteúdo ocupacional e das
atribuições do trabalhador.
Isto esclarecido, adentrando-se ao campo probatório, extrai-se dos
elementos de convicção que o autor, como "gerente de serviços" e "gerente
de relacionamento", possuía, efetivamente, fidúcia além daquela dispensada
aos empregados bancários "comuns".
As conclusões a que chegou o magistrado, no sentido de que o
reclamante tinha fidúcia especial em suas atividades, podem ser facilmente
extraídas da análise da prova oral produzida nos autos.
Em seu depoimento pessoal, o autor relatou que "possuía auxiliar, que
era designado pelo gerente geral ou da administração dentre as várias
carteiras; que não dava ordens ao auxiliar, sendo que suas atribuições
decorriam do próprio serviço, por exemplo: o depoente prospectava o
crédito imobiliário e o assistente colhia a documentação, preenchia
formulários e enviava à Curitiba; que participava do comitê de créditos,
com direito a voto, mas não obrigatório; que, ao ser indagado se emitia
parecer para o comitê, declarou que postava os dados no sistema e esse já
informava ser favorável ou não à operação solicitada pelo cliente, em que
pese registrar pessoalmente o seu "favorável"; que as operações de CDC e
cheque especial eram pré aprovadas pelo sistema, sendo que o depoente
apenas "liberava" a operação, da mesma forma podia ser feito pelo
assistente; que possuía cartão operacional nível III, através do qual era
possível pausar o terminal de auto-atendimento e abastecê-lo, em que pese
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não ter essa atribuição; que podia alterar senha do cliente, com a presença
desse, não se recordando se no caso de quando o cliente não tinha a senha
anterior; que validava os dados cadastrais dos clientes postados pelos
escriturários; que sempre é necessária a validação por outra pessoa,
inclusive quando postados pelo depoente; que os assistentes podem validar
tais dados e os escriturários não; que poderia ter continuado trabalhando na
mesma agência em que iniciou" - destaquei.
O preposto, em seu depoimento, disse que "como gerente de serviços
tinha como atribuições atender os clientes, gerenciar uma carteira de
clientes, analisar e despachar operações, participar dos comitês de crédito e
de administração da agência; e como gerente de relacionamento tinha as
mesmas atribuições do de serviço, diferenciando-se pela espécie da
carteira; que como gerente de serviço o autor gerenciava carteira de clientes
pessoa jurídica e como de relacionamento carteira de pessoa física com
faturamento superior a R$ 6.000,00, mensais; que os produtos oferecidos
para ambas as carteiras são os mesmos; que nessas atribuições inclui
atender clientes, vender produtos e captar depósitos; que não tem como
estimar tempo gasto durante o dia para essas atribuições; que não sabe
informar o número de produtos oferecidos, por serem muitos; que não há
regra de se oferecer produtos em todo atendimento, mas pode ocorrer; que
no caso das operações não pré-aprovadas pelo sistema o assistente e o
gerente fazer análise dessa e emitir parecer que é submetido ao comitê de
crédito, que decide pela aprovação ou não da operação; que dependendo da
operação o comitê não é da agência; que há operações específicas que após
a análise da documentação pelo assistente e gerente o processo é enviado a
um centro CSO, em Curitiba, que pode "bloquear" a operação, sendo que
após o retorno do processo o assistente e o gerente emitem parecer não
vinculado à aquele centro, e submete a operação ao comitê de crédito, onde
é votado pela aprovação ou não; que o comitê é a autoridade máxima para
deferir ou não a operação; que devem participar no mínimo três pessoas no
comitê, sendo obrigatória a presença do gerente geral ou do seu substituto
na sua falta; que caso o CSO entender não viável a operação não há
submissão ao parecer do gerente e do comitê; que a análise feita pelo
assistente e gerente consiste em juntar a documentação lançar no sistema o
tipo de operação, verificar se o cliente possui limite de crédito para a
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operação, sendo que através desses dados emite seu parecer ou encaminha o
processo ao CSO; que é preciso o voto de três integrantes do comitê, sendo
que caso somente o gerente geral vote, ou não atingido o número de três
votos, a operação não é deferida; que o gerente possui subordinados,
assistente e escriturário, aos quais dá ordens de serviços relativos a sua
carteira (...)" - destaquei.
A testemunha Antonio, indicada pelo autor, disse que "trabalhou na
reclamada de 20/11/1980 à 15/06/2012, na função de gerente de
relacionamentos; que trabalhou na mesma agência que o reclamante em
Cianorte, sendo que já estava nesta agência quando o autor chegou; que
como gerente de relacionamentos tinha como atribuições vender os
produtos do reclamado e atender os clientes e aberturas de contas; que todas
as atribuições tinham como objetivo a venda dos produtos e serviços; que é
do comitê de crédito a função de deferir ou não uma operação que não seja
pré-aprovada pelo sistema; que o gerente dá seu parecer de favorável ou
não antes de submeter a operação ao comitê, inclusive nos processos que
eram submetidos ao CSO; que o parecer do gerente não estava vinculado a
decisão do CSO; que havia 8/9 gerentes de serviço ou relacionamento na
agência; que o gerente de serviço ou relacionamento tinha como
subordinado o assistente quando esse era designado pelo gerente geral para
a sua carteira; que não havia escriturário subordinado a sua carteira; que
quando o assistente estava trabalhando na sua carteira o depoente fazia a
sua avaliação de desempenho; que delegava serviços ao assistente quando
este estava ligado a sua carteira, o mesmo ocorrendo com o autor, inclusive
avaliação de desempenho (...) que, dentro do limites pré estabelecidos pelo
sistema, tinha poderes para deferir operações de cheque especial e CDC,
sem submissão ao comitê; que há diferenças de atribuições e
responsabilidades entre os cargos de escriturário, assistente e gerente; que
gerentes e assistentes possuem diferentes níveis de acesso ao sistema em
relação aos escriturários; que possuía cartão operacional nível III, que
possibilitava a emissão de talão de cheques, não sabendo se outros níveis
também podiam (...)" - destaquei.
A testemunha Milton, indicada pelo autor, afirmou que "trabalhou no
réu de 1977 à julho de 2011; que trabalhou na mesma agência que o autor
em Rondon, na função de gerente de atendimento e de relacionamento; que
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o autor trabalhou nessa agência como assistente e como gerente de


serviço; que o autor, como assistente, era subordinado ao gerente de
atendimento ou relacionamento quando designado, pelo gerente geral, para
trabalhar com a carteira desse; que não ocorria do assistente delegar
serviços ao escriturário, não possuindo subordinados; que as principais
atividades do autor como assistente era atender clientes, captar depósitos,
vender produtos, fazer abertura de contas; que gerente de expediente
possuía o mesmo nível hierárquico do gerente de serviço, não se
recordando se são nomenclaturas para o mesmo cargo que se
sucederam; que as atribuições do assistente eram as mesmas do gerente de
serviços, com diferença no grau de responsabilidade já que àquele trabalha
na carteira deste; que o autor, como assistente, substituía o gerente na sua
ausência, como férias, havendo alteração do nível da sua senha no sistema
durante a substituição; que não sabe informar se tinha alteração de
remuneração durante a substituição; que acredita que o autor como gerente
não fazia avaliação de desempenho do assistente (...)" - destaquei.
A testemunha Fabiana, indicada pelo réu, disse que "trabalha na
reclamada desde outubro de 2001; que trabalhou com o autor na agência de
Cianorte, sendo que já estava trabalhando quando o autor chegou; que
trabalhou como gerente de relacionamento (...) que o autor possuía uma
assistente como subordinada, da qual fazia avaliação de desempenho; que o
autor fazia análise de cadastros; que o autor provavelmente emitia pareceres
para análise de operações; que os pareceres subsidiavam decisões do comitê
de crédito; que a ordem crescente da hierarquia na agência era escriturário,
assistente, gerentes, gerente administrativo e gerente geral; que há diferença
de grau de responsabilidade entre escriturários, assistentes e gerentes; que
possuem níveis de acessos diferentes ao sistema; que os assistentes não
possuíam cartão operacional nível III, que era dos gerentes; que caixa não
possui cartão nível III; que todas as atribuições do autor, gerenciando uma
carteira de clientes, tinham como finalidade a venda de produtos e serviços
do réu; que o assistente ligado ao autor também trabalhava ligado à carteira
de outro gerente, simultaneamente; que esse assistente não trabalhava no
caixa; que havia 7/8 gerentes de contas na agência, com mesmo nível
hierárquico, todos subordinados ao gerente geral e administrativo (...)" -
destaquei.
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Diante do teor dos depoimentos acima transcritos, entendo que o


reclamado se desincumbiu de seu ônus de comprovar o exercício de função
de confiança, pelo reclamante, nos cargos de "gerente de serviços" e
"gerente de relacionamento". Restou comprovado que o autor participava
de comitê de crédito, possuía subordinado, sendo o autor responsável por
realizar sua avaliação de desempenho, como informaram as testemunhas
Antônio e Fabiana. Além disso, o autor possuía cartão operacional nível III,
por meio do qual poderia pausar o terminal de autoatendimento e
reabastecê-lo. Apesar de limitados, havia poderes diferenciados para o
exercício de tais funções, diferentemente do que acontece com os demais
empregados do Banco, escriturários e assistentes.
Assim, correta a r. sentença ao considerar que o autor estava
enquadrado na hipótese do artigo 224, § 2º, da CLT, pois ocupava cargo de
confiança, não fazendo jus à percepção de horas extras além da 6ª diária.
MANTENHO.

O recorrente afirma que o simples fato de ter


ocupado a função de gerente de contas/de serviços/de relacionamento
não configura, por si só, o exercício de cargo de confiança, tendo
em vista que realizava trabalhos burocráticos, relativos à técnica
de processos ligados a crédito, cadastro e contas correntes, não
exigindo, portanto, qualquer fidúcia especial. Sustenta ter sido
submetido a controle de jornada, o que não se compatibiliza com o
efetivo exercício de encargos de mando e gestão, sendo devida a
condenação ao pagamento das horas extraordinárias após a 6ª diária.
Aponta violação do art. 224, § 2º, da CLT e colaciona arestos para
cotejo de teses.
Sem razão.
Consoante a jurisprudência desta Corte Superior,
para a caracterização do exercício de cargo ou função de confiança
em instituição bancária, previsto no § 2º do art. 224 da CLT, não
basta que assim seja denominado, nem é suficiente o pagamento de
gratificação superior a 1/3, visto que esta remunera, apenas, a
maior responsabilidade do cargo. A par disso, é necessária a

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demonstração de que o empregado bancário está investido de poderes,


ainda que mínimos, de mando ou gestão.
Na hipótese, o Tribunal Regional, valorando fatos
e provas, concluiu que o reclamante detinha fidúcia especial, pois
participava de comitê de crédito, tinha subordinado, realizava a
própria avaliação de desempenho, além de possuir cartão operacional
nível III, fidúcias aptas a enquadrar o regime de trabalho na
exceção do art. 224, § 2º, da CLT.
Constata-se, pois, que a argumentação do
reclamante, no sentido de que não exercia cargo de confiança,
reveste-se de contornos nitidamente fático-probatórios, cujo reexame
é vedado nesta instância recursal de natureza extraordinária,
consoante preceituam as Súmulas nos 102, I, e 126 do TST.
Nessa linha, os seguintes julgados da Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais desta Corte:

"AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS EM EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. REGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 . BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. ART. 224, § 2º,
DA CLT . O cabimento de recurso de embargos contra acórdão de Turma se
restringe às hipóteses previstas no art. 894, II, da CLT , não se considerando
aptos ao cotejo arestos sem o requisito da identidade fática previsto na
Súmula nº 296, I, do TST. Não se evidencia a alegada contrariedade à
Súmula nº 102, I, deste Tribunal Superior, cuja natureza processual não
impulsiona, em tese, a função exclusivamente uniformizadora desta
Subseção Especializada. Agravo regimental a que se nega provimento"
(AgR-E-ED-RR-1267-40.2012.5.03.0143, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT
07/03/2019).
"AGRAVO REGIMENTAL - EMBARGOS EM RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTOS NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 -
HORAS EXTRAS - EXERCÍCIO DE CARGO DE CONFIANÇA (ART.
224, § 2º, DA CLT) - CARACTERIZAÇÃO - CONTRARIEDADE ÀS
SÚMULAS Nos 102, I, E 126 DO TST NÃO DEMONSTRADA Ao
manter o acórdão regional, a C. Turma observou a Súmula nº 102 do TST,
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porquanto a narrativa dos fatos constante do acórdão regional é compatível


com a conclusão de que os substituídos exerceram cargo de confiança (art.
224, § 2º, da CLT). Assim, não se divisa contrariedade às Súmulas nos 102,
I, e 126, desta Eg. Corte. Agravo Regimental a que se nega provimento"
(AgR-E-ED-RR-668-17.2012.5.03.0074, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,
DEJT 26/04/2018).
"EMBARGOS. RECURSO DE REVISTA. BANCÁRIO. HORAS
EXTRAS EXCEDENTES À SEXTA HORA DIÁRIA. EXERCÍCIO DE
CARGO DE CONFIANÇA. ARTIGO 224, § 2º, DA CLT. SÚMULA Nº
102, I, DO TST 1 . Não contraria a diretriz da Súmula nº 102, I, do TST,
mas observa-a plenamente, acórdão de Turma do TST que não conhece de
recurso de revista do Reclamante no tocante às horas extras excedentes à
sexta hora diária, tendo em vista o teor de acórdão regional segundo o qual
o Reclamante exerceu cargo de confiança bancário, nos moldes do artigo
224, § 2º, da CLT. 2 . Embargos do Reclamante de que não se conhece" (E-
ED-ARR-1250-33.2013.5.03.0025, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 07/09/2017).

Insubsistentes, portanto, as indicações de


violação e dissenso de teses.
NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no particular.

1.2.  BANCÁRIO. HORAS EXTRAS. DIVISOR. FORMA DE


CÁLCULO. TEMA REPETITIVO Nº 002

O Tribunal Regional proferiu acórdão nos seguintes


termos:

DIFERENÇAS DE HORAS SUPLEMENTARES DECORRENTES


DA NÃO UTILIZAÇÃO DO DIVISOR 200
Recorre, o reclamado, da r. sentença que deferiu o pagamento de
diferenças de horas extras, em decorrência da não utilização do divisor 200.
Argumenta, em síntese, que o deferimento do pedido ocorreu sob
fundamento diverso daquele requerido na petição inicial, o que é vedado
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pelo ordenamento jurídico. Além disso, aduz que o ACT mencionado em


sentença, bem como instrumentos coletivos posteriores, indicam claramente
que a única hipótese em que o sábado não será considerado dia útil, será nas
situações que versam sobre as ausências legais. Para as outras hipóteses,
como cálculo do divisor, o sábado deve ser considerado como dia útil não
trabalhado, sendo aplicável, assim, o divisor 220.
Com parcial razão.
Inicialmente, cumpre observar que a aplicação de leis, súmulas e
orientações jurisprudenciais ao caso concreto é mera decorrência legal do
pedido, já que cabe ao juiz subsumir, da descrição dos fatos, o direito
aplicável. Nesse sentido, uma vez delineado o contexto fático pelas partes
(divisor a ser aplicado na remuneração das horas extras), o seu
enquadramento à norma é de responsabilidade do juiz ("mihi factum, dabo
tibi jus", "jura novit curia" e arts. 126 e 460 do CPC). No caso dos autos,
foi, precisamente, o que ocorreu.
Destarte, não há que se falar em rejeição do pedido em razão da
utilização de fundamentação diversa daquela indicada na petição inicial,
uma vez que a sentença se limitou à decisão dos temas suscitados,
entregando a prestação jurisdicional dentro da baliza do pedido.
Acerca do divisor a ser aplicado, observa-se que os instrumentos
normativos preveem, expressamente, que o sábado compõe o repouso
semanal remunerado, mas apenas para efeitos de reflexos em horas extras:
Cláusula Décima Sexta - Horas Extraordinárias
A jornada diária de trabalho poderá ser prorrogada,
eventualmente, observado o limite legal, e em face da
necessidade do serviço, assegurando-se o pagamento, bem
como a compensação das horas extraordinárias, com adicional
de 50% (cinquenta por cento) sobre a hora normal, nos termos
da presente cláusula, observada a seguinte proporção:
(...)
Parágrafo Quarto: As horas extras pagas deverão integrar
o pagamento do repouso semanal remunerado (RSR) - sábados,
domingos e feriados -, independentemente do número de horas
extras prestadas ou do dia da prestação, observada a
regulamentação interna. A hora extra terá como base de cálculo
o somatório de todas as verbas salariais." (CCT 2007/2008 - fl.
85, por exemplo, destaquei)

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Logo, não se pode considerar o sábado como RSR para todo e


qualquer fim, prevalecendo o entendimento da Súmula 113, do C. TST, no
sentido de que "O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de
repouso remunerado". A norma coletiva afasta, tão-somente, a segunda
parte da Súmula, segundo a qual "não cabe a repercussão do pagamento de
horas extras habituais em sua remuneração".
Desse modo, a inclusão convencional dos sábados como RSR
interfere apenas nos reflexos de horas extras, em nada modificando o
divisor a ser utilizado.
Aplicável, portanto, no presente caso, o divisor 220 aos empregados
que cumprem jornadas ordinárias diárias de oito horas, nos termos da nova
redação da Súmula 124, do C. TST, "in verbis":
BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (redação
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) -
Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - O divisor aplicável para o cálculo das horas extras do
bancário, se houver ajuste individual expresso ou coletivo no
sentido de considerar o sábado como dia de descanso
remunerado, será:
a) 150, para os empregados submetidos à jornada de seis
horas, prevista no caput do art. 224 da CLT;
b) 200, para os empregados submetidos à jornada de oito
horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT.
II - Nas demais hipóteses, aplicar-se-á o divisor:
a) 180, para os empregados submetidos à jornada de seis
horas prevista no caput do art. 224 da CLT;
b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito
horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT" (destaquei).
Nesse sentido, aponto o seguinte precedente: 00336-2012-026-09-00-
8 (publ. 18/06/2013), de relatoria do Exmo. Des. Francisco Roberto Ermel e
minha revisão.
Por todo o exposto, REFORMO a r. sentença, para excluir da
condenação o pagamento de diferenças de horas extras e respectivos
reflexos, decorrentes do divisor aplicável.

Nas razões do recurso de revista, o reclamante


insurge-se contra a utilização do divisor 220 para o computo das
horas extras, sob o fundamento de que os instrumentos coletivos de
trabalho considera o sábado como repouso semanal remunerado, sendo
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aplicável, portanto, o divisor 200. Indica contrariedade às Súmulas


nos 124, I, e 431, do TST. Transcreve arestos para o cotejo de teses.
O recurso não alcança conhecimento.
Extrai-se do acórdão regional que o reclamante
exercia cargo de confiança, cumprindo jornada de oito horas diárias,
tendo o Tribunal Regional determinado a aplicação do divisor 220
para o cálculo das horas extras reconhecidas.
A Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, em sua composição
plena, nos autos do Incidente de Recursos de Revista Repetitivos nº
TST-RR-849-83.2013.5.03.0138, definiu as teses jurídicas para o Tema
Repetitivo Nº 0002 - BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR. FORMA DE
CÁLCULO. EMPREGADO MENSALISTA.
Vejamos a ementa do Precedente:

INCIDENTE DE JULGAMENTO DE RECURSOS DE


REVISTA REPETITIVOS. RECURSOS DE REVISTA
REPRESENTATIVOS DA CONTROVÉRSIA. TEMA REPETITIVO
Nº 0002 - BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR. FORMA DE
CÁLCULO. EMPREGADO MENSALISTA. FIXAÇÃO DAS TESES
JURÍDICAS, DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA - ARTIGOS 896-
C da CLT e 926, § 2º, e 927 do CPC. 1. O número de dias de repouso
semanal remunerado pode ser ampliado por convenção ou acordo coletivo
de trabalho, como decorrência do exercício da autonomia sindical. 2. O
divisor corresponde ao número de horas remuneradas pelo salário mensal,
independentemente de serem trabalhadas ou não. 3. O divisor aplicável para
cálculo das horas extras do bancário, inclusive para os submetidos à jornada
de oito horas, é definido com base na regra geral prevista no artigo 64 da
CLT (resultado da multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho),
sendo 180 e 220, para as jornadas normais de seis e oito horas,
respectivamente. 4. A inclusão do sábado como dia de repouso semanal
remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em virtude de não
haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e de repouso. 5. O
número de semanas do mês é 4,2857, resultante da divisão de 30 (dias do
mês) por 7 (dias da semana), não sendo válida, para efeito de definição do
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divisor, a multiplicação da duração semanal por 5. 6. Em caso de redução


da duração semanal do trabalho, o divisor é obtido na forma prevista na
Súmula n. 431 (multiplicação por 30 do resultado da divisão do número de
horas trabalhadas por semana pelos dias úteis); 7. As normas coletivas dos
bancários não atribuíram aos sábados a natureza jurídica de repouso
semanal remunerado. MODULAÇÃO DE EFEITOS. Para fins de
observância obrigatória das teses afirmadas neste incidente (artigos 927, IV,
e 489, § 1o, VI, do CPC, 896-C, § 11, da CLT e 15, I, "a", da Instrução
Normativa n. 39 deste Tribunal), a nova orientação será aplicada: a) a todos
os processos em curso na Justiça do Trabalho, à exceção apenas daqueles
nos quais tenha sido proferida decisão de mérito sobre o tema, emanada de
Turma do TST ou da SBDI-1, no período de 27/09/2012 (DEJT em que se
publicou a nova redação da Súmula 124, I, do TST) até 21/11/2016 (data de
julgamento do presente IRR); b) às sentenças condenatórias de pagamento
de hora extra de bancário, transitadas em julgado, ainda em fase de
liquidação, desde que silentes quanto ao divisor para o cálculo. Definidos
esses parâmetros, para o mesmo efeito e com amparo na orientação traçada
pela Súmula n. 83 deste Tribunal, as novas teses não servirão de
fundamento para a procedência de pedidos formulados em ações
rescisórias. (TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, Relator Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
DEJT 19/12/2016).

Por conseguinte, em atenção a esse novo


entendimento, a redação da Súmula nº 124 do TST foi alterada, in
litteris:

SUM-124 BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (alterada em


razão do julgamento do processo TST-IRR 849-83.2013.5.03.0138) - Res.
219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT
divulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário
será:
a) 180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas
prevista no caput do art. 224 da CLT;
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b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos


termos do § 2º do art. 224 da CLT.
II - Ressalvam-se da aplicação do item anterior as decisões de mérito
sobre o tema, qualquer que seja o seu teor, emanadas de Turma do TST ou
da SBDI-I, no período de 27/09/2012 até 21/11/2016, conforme a
modulação aprovada no precedente obrigatório firmado no Incidente de
Recursos de Revista Repetitivos nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT
19.12.2016.

Diante desse quadro, e à luz da força obrigatória


do Precedente, na espécie, a Corte de origem decidiu em perfeita
consonância com a iterativa e notória jurisprudência desta Corte
Superior, circunstância que inviabiliza o recurso de revista, ante
os termos do art. 896, § 7º, da CLT. Superados, assim, os arestos
transcritos para o cotejo de teses.
NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no particular.

1.3. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. INTEGRAÇÃO NA BASE DE


CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS

O Tribunal Regional proferiu acórdão nos seguintes


termos:

c. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL - INTEGRAÇÃO


Pugna, o reclamante, pela reforma da r. sentença que rejeitou o pedido
de integração, da gratificação semestral mensalizada, aos salários, em
especial para o cálculo das horas extras pagas e impagas. Alega que tais
parcelas possuem natureza salarial, já que o pagamento de forma habitual,
mensalizada, e em valores fixos, desvirtua o instituto e lhe atribui natureza
jurídica diversa da pretendida pelo reclamado.
Sem razão.
A gratificação semestral não deve compor a base de cálculo das horas
extras, pois, nos termos da Súmula nº 253 do C. TST, esta não repercute no
cálculo das horas extras, férias e aviso prévio, mesmo que indenizados.
Vejamos:
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"GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. REPERCUSSÕES -


NOVA REDAÇÃO - A gratificação semestral não repercute no
cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que
indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodécimo na
indenização por antiguidade e na gratificação natalina".
Nesse mesmo sentido, a posição do memorável Valentin Carrion,
quanto ao artigo 457 da CLT: "A gratificação semestral não incide no
cálculo do aviso prévio e das férias. Em um e outro caso, o empregado
recebe o valor do respectivo período. O tempo, tanto das férias como do
aviso prévio, é computado para a formação dos semestres, gerador do
direito da gratificação. A incidência desta sobre aquelas verbas implicaria
em reprodução de efeitos, sem apoio na lógica e na sistemática dos
respectivos institutos" (em "Comentários à Consolidação das Leis do
Trabalho". 38ª edição. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 375).
Oportuno pontuar que o direito do empregado independe da forma de
pagamento da verba, a qual não deixa de ser gratificação semestral, ainda
que dividido o pagamento em parcelas mensais.
Assim, a gratificação semestral não deve integrar a base de cálculo
das horas extras.
MANTENHO.

O reclamante, nas razões de recurso de revista,


sustenta, em síntese, que a gratificação semestral deve ser
computada na base de cálculo das horas extras. Indica violação do
art. 457, § 1º, da CLT, contrariedade à Súmula nº 264 do TST.
Transcreve arestos para o cotejo de teses.
À análise.
O   aresto   colacionado   à   fl.764,   proveniente   da
SbDI­1 do TST, ao espelhar o entendimento no sentido de que  " Paga a
gratificação de forma mensal, não há falar em aplicação da Súmula 253/TST. Percebida mensalmente,
a gratificação tem natureza salarial, segundo o disposto no art. 457, § 1º, da CLT, integrando a base de
cálculo das horas extras, conforme entendimento cristalizado na Súmula 264/TST", apresenta
tese   específica   e   divergente   do   entendimento   adotado   pela   Corte
Regional.
CONHEÇO  do   recurso   de   revista,   por   divergência
jurisprudencial, na forma prevista no art. 896, a, da CLT.
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2. MÉRITO

GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. INTEGRAÇÃO NA BASE DE


CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS

A legislação vigente é clara ao referir que a


gratificação semestral, desde que paga habitualmente de forma
mensal, incorpora-se à remuneração do empregado para todos os
efeitos, a teor do art. 457, § 1º, da CLT, devendo integrar a base
de cálculo das horas extras.
É firme a jurisprudência desta Corte Superior no
sentido de que a gratificação semestral recebida mensalmente pelos
empregados do Banco do Brasil possui natureza salarial, repercutindo
na base de cálculo das horas extraordinárias, sendo inaplicável,
portanto, a Súmula nº 253 do TST.
Nesse sentido, destacam-se os recentes precedentes
das oito Turmas desta Corte a seguir:

(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL PAGA MENSALMENTE E


COM HABITUALIDADE. NATUREZA JURÍDICA SALARIAL.
REFLEXOS NAS HORAS EXTRAS DEVIDOS. INAPLICABILIDADE
DA SÚMULA 253 DO TST. Em hipóteses como a dos autos, em que a
gratificação semestral é paga mensalmente, são devidos reflexos da mesma
nas horas extras. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (...) (RR-
1204-78.2011.5.03.0004, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, 1ª
Turma, DEJT 28/09/2018.)
RECURSO REGIDO PELO CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 40/2016 DO TST. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL
PAGA MENSALMENTE. NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO NO
CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS. Na hipótese em comento, não se
aplica o entendimento firmado na Súmula nº 253 desta Corte superior. Isso
porque, de acordo com o mencionado verbete jurisprudencial, a gratificação
semestral não repercute no cálculo das horas extras nas hipóteses em que o
pagamento da citada gratificação é feito, efetivamente, a cada seis meses,
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hipótese diversa da dos autos, em que a gratificação era paga mensalmente,


ou seja, com habitualidade, possuindo, portanto, natureza salarial, razão
pela qual integra o cálculo das horas extras, nos termos previstos na Súmula
nº 264 do TST: "A remuneração do serviço suplementar é composta do
valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido
do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa." Recurso de revista conhecido e provido. (...) (RR-
10140-26.2014.5.18.0051, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2ª
Turma, DEJT 05/10/2018.)
(...) 2. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. PAGAMENTO
PARCELADO. INTEGRAÇÃO NO CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS.
A gratificação semestral, paga mensalmente, possui natureza salarial e
repercute no cálculo das horas extras, ficando afastada a incidência da
Súmula 253 do TST. Precedentes desta Corte. (...) (ARR-39700-
55.2008.5.15.0035, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, 3ª Turma, DEJT 05/10/2018.)
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. NATUREZA JURÍDICA. Nos
termos da Súmula n.º 253 do TST, "a gratificação semestral não repercute
no cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que
indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodécimo na indenização por
antiguidade e na gratificação natalina". Referido entendimento foi firmado
pela constatação de que a gratificação semestral não possui caráter salarial.
In casu, todavia, não há como se aplicar a diretriz inserta no referido
verbete sumular, visto que ficou expressamente consignado na decisão
regional que a aludida gratificação, a despeito de ser denominada
"semestral", era paga mensalmente, adquirindo caráter de contraprestação
aos serviços prestados, tratando-se, portanto, de parcela de natureza salarial,
que deve repercutir nas demais verbas trabalhistas. Precedentes da Corte.
(...) (ARR-4623-71.2015.5.12.0051, Relatora Ministra Maria de Assis
Calsing, 4ª Turma, DEJT 08/06/2018.)
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. INCLUSÃO NA BASE DE
CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS. Segundo consta do acórdão recorrido,
apesar de a gratificação semestral ser paga mensalmente ao reclamante, "o
valor das horas extras habituais integra a remuneração do trabalhador para o
cálculo das gratificações semestrais, motivo pelo qual não há repercussão
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destas no cálculo das horas extras". A gratificação semestral paga


mensalmente deve compor a base de cálculo das horas extras e das demais
verbas apuradas conforme o valor da remuneração, nos exatos termos do
que dispõe a Súmula 264 do TST. Isso porque o pagamento mensal da
gratificação semestral possui natureza salarial, conforme previsão no artigo
457, § 1º, da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (...)
(ARR-71-74.2011.5.03.0109, Relator Ministro Breno Medeiros, 5ª Turma,
DEJT 05/10/2018.)
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. PAGAMENTO MENSAL.
NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DAS
HORAS EXTRAS. Esta Corte Superior tem decidido de forma reiterada
que a gratificação semestral paga mensalmente adquire natureza jurídica
salarial e integra a base de cálculo das horas extras. Tem-se entendido que a
Súmula nº 253 deste Tribunal não se aplica à hipótese de pagamento mensal
da gratificação semestral, porque seu pressuposto é o pagamento da
gratificação com frequência semestral, premissa diversa daquela
consignada nos presentes autos. Recurso de revista de que se conhece e a
que se dá provimento. (ARR-2833-39.2014.5.03.0180, Relatora
Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª Turma,
DEJT 31/08/2018.)
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL - REPERCUSSÃO NO
CÁLCULO DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS. A gratificação a que
alude o Tribunal Regional era paga mensalmente à reclamante. Dessa
forma, sobressai o visível desvirtuamento da natureza jurídica da parcela,
determinando-se a aplicação do art. 457, § 1º, da CLT, que prevê a
integração das parcelas de natureza salarial. Recurso de revista não
conhecido. (...) (RR-2183-86.2011.5.03.0021, Relator Ministro Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT 31/08/2018.)
(...) GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. INTEGRAÇÃO - A
jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que paga a gratificação
semestral mensalmente, fica demonstrada sua natureza salarial, sendo
inaplicável, pois, o entendimento previsto nas Súmulas 115 e 253 do TST.
Recurso de revista não conhecido. (...) (RR-937-11.2011.5.09.0014, Relator
Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, DEJT 21/09/2018.)

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Logo, a Corte Regional divergiu da jurisprudência


desta Corte Superior ao manter a sentença que excluiu da base de
cálculo das horas extras a gratificação semestral.
No mérito, DOU PROVIMENTO ao recurso de revista
para, reformando o acórdão recorrido, determinar a integração da
gratificação semestral na base de cálculo das horas extras.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior   do   Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de
revista quanto ao tema "Gratificação semestral. Integração na base
de cálculo das horas extras", por divergência jurisprudencial, e, no
mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão recorrido,
determinar a integração da gratificação semestral na base de cálculo
das horas extras. Valor da condenação acrescido em R$ 10.000,00 (dez
mil reais), custas complementares de R$ 200,00 (duzentos reais).
Brasília, 07 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


WALMIR OLIVEIRA DA COSTA
Ministro Relator

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