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Salvador
2017
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RESUMO
O presente projeto pretende analisar como uma revista masculina e uma revista feminina –
TRIP e TPM – publicações mensais oriundas de uma mesma editora (TRIP), se dirigem aos
seus respectivos públicos e constroem os sentidos acerca da masculinidade e feminilidade, a
partir da relação contratual entre enunciadores e co-enunciadores, no ambiente da
mediatização. Para tanto, trabalharemos com os conceitos teórico-metodológicos de contrato
de leitura (VERÓN, 2004) e leitor-modelo (ECO, 2012) para examinar as estratégias
discursivas das revista, o que as aproxima e o que as distancia do ponto de vista da
enunciação, levando em consideração a evolução sócio-cultural da Comunicação em sua
relação com a mediatização. Compreendemos que os meios de comunicação adaptam seu
comportamento e seus posicionamentos discursivos conforme o surgimento de novas
tecnologias e plataformas. A recepção é uma instância cada dia mais ativa e o processo de
atualização dos sentidos dos textos mediáticos é cada dia mais colaborativo, com o avanço
do acesso à internet de banda larga e equipamentos portáteis de comunicação. A expansão do
mercado midiático e das condições de interatividade no ambiente digital, impõem desafios
cotidianos para os meios tradicionais para manutenção da fidelidade de seu público e
permanência no mercado. Além disso, o congestionamento de informações, a diluição das
fronteiras entre público e privado, o dinamismo na construção de identidades na sociedade
globalizada, são questões a serem assimiladas pelos meios de comunicação, que funcionam
como agenciadores de comportamentos e sociabilidades, ao passo que por elas também vão
sendo moldados, a partir dos atos de linguagem que cristalizam as formas culturais. As
transformações tecnodiscursivas vêm influenciando o posicionamento discursivo das
revistas brasileiras e tensionado o próprio status quo do Jornalismo enquanto prática social e
campo profissional, atualizando permanentemente os critérios de noticiabilidade. A
tendência descentralizadora da circulação de informações é uma dimensão importante para
identificar os mecanismos de interpelação dos leitores por parte dos meios físicos. A
estrutura discursiva dos suportes físicos vêm sendo alterada de acordo com as linguagens e
estéticas propiciadas pelas afetações tecnossociais provocadas pela mediatização. Investigar
como se engendram as operações enunciativas nos discursos sociais presentes nas revistas é
um caminho para compreender as relações entre a discursividade dos meios de comunicação
e as práticas sociais de seus leitores e leitoras.
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1. INTRODUÇÃO
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processos da mesma natureza e que a leitura ainda era uma dimensão negligenciada pelo
Campo da Linguística. Na tradição literária, marcada pelo estruturalismo de Ferdinand
Saussure, era predominante a análise imanente do texto; ou seja, o que importava para os
estruturalistas era a pesquisa acerca das operações semânticas e sintáticas inerentes ao texto;
neste caso, se tratava do texto escrito, prioritariamente. Uma discussão sobre autor versus
narrador foi feita, em 1966, em uma perspectiva semiótico-estruturalista por Roland Barthes
em ensaios para a oitava edição revista Communications (ECO, 2012, p. 2) e outras
abordagens, que se desenvolveram posteriormente, como o texto de Michel Foucault
“Qu’est-ce-qu’um auteur?”1, evidenciavam um novo problema teórico: a ideia de autor
como “campo de coerência conceitual e unidade estilística” (ECO, 2012, p. 3) e, portanto, o
surgimento de uma compreensão mais próxima do que hoje entende-se por entidades
discursivas. Nestes termos, a noção de emissão-recepção é acrescida da noção enunciador-
destinatário (VERÓN, 2004) ou ainda enunciador-co-enunciador (FERREIRA, 2016).
Conforme se avança na compreensão da linguagem enquanto atividade humana através da
qual individualidades e coletividades se constituem mutuamente, Patrick Charaudeau (2009)
afirma que todo ato de linguagem é uma encenação. Ele propõe quatro sujeitos
comunicantes que, a partir de uma relação inter-enunciativa 2, podem produzir diferentes
resultados significantes: do lado da emissão, estão o sujeito enunciador (Eue) e o sujeito-
comunicante (Euc), e no âmbito da recepção, sujeito destinatário (TUd) e sujeito
interpretante (TUi).
As revistas, diferentes dos jornais, são suportes que se constituíram na relação com
seu público, sobretudo porque se desenvolveram, internacionalmente, em uma estratégia de
mercado segmentada, tendo na identificação e aproximação com o leitor um aspecto
fundamental de seu sucesso em audiência (SCALZO, 2013). Neste sentido, o discurso
jornalístico das revistas sempre teve uma marca diferencial de linguagem, pois o nível de
intimidade que se propunha estava para além dos marcos de objetividade consolidados no
Jornalismo. Para além da partilha de saberes, informações e opiniões, a relação das revistas
com seus públicos se constrói em uma perspectiva de identidade e pertencimento, a ponto de
as pessoas gostarem de “andar com elas debaixo do braço, como se fossem uma espécie de
emblema” (SCALZO, 2013). Produzidas pel Editora TRIP 3, as revistas TRIP e TPM
surgiram, respectivamente, em 1986 e 2001, com circulação mensal. Elas são apresentadas
pela Editora TRIP como revistas irmãs: uma para o público masculino e uma para o público
feminino. No vídeo de apresentação da editora, disponível no portal, Fernando Luna, diretor
editorial, sugere que o “segredo” da relação TRIP com seus clientes é sua capacidade de
“decifrar o DNA da marca, é tentar entender quais são os valores fundamentais destas
comunidades”. Já o diretor-superintendende, Carlos Sarli, afirma que a editora tem um jeito
“moderno, arrojado e diferente de ver o mundo” e isso é o que vem atraindo os clientes para
uma concepção transformadora da comunicação. A revista TRIP, que surgiu voltada para
esportes radicais (especialmente o surf) e o estilo de vida de seus praticantes, atualmente se
configura como uma revista de variedades, que aborda “da política ao sexo, da cultura de
praia às novas relações com o trabalho, da alimentação às drogas, da segurança pública ao
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“Isso aqui não é uma editora no sentido tradicional. Isso aqui não é uma agência de propaganda. E acho que
não é uma agência de tendências (...) mas ela tem elementos de todos esse modelos antigos num modelo que eu
acho que é novo”, Paulo Lima, editor-chefe da Revista Trip e fundador da editora, no vídeo de apresentação da
editora, disponível em: http://www.tripeditora.com.br/apresentacao/
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novo ativismo”4. Com tiragem média de 25 mil exemplares ao mês, a TRIP já foi premiada
diversas vezes, inclusive no prêmio ESSO de Jornalismo, sempre por seus atributos gráficos
e relação ao valor de criatividade. Para a editora TRIP, a revista TPM “mexeu com os
padrões da mídia feminina no Brasil” e se diferencia do restante das revistas do gênero por
seu “conteúdo inovador”. Em 2012, a revista lançou um manifesto 5 chamado “Você é livre”,
com um tom provocador e questionador do conteúdo editorial das revistas femininas e,
sobretudo, do modelo de mulher que estas revistas pregam: quem se interessava pelos temas
propostos pelas outras revistas, como um casamento perfeito ou uma boa forma para o
corpo, não precisaria de uma revista, mas “de uma ajuda profissional”. Com o mote “outra
conversa”, a revista TPM se apresenta na alteridade do que estava estabelecido como o
padrão de revistas femininas no Brasil, sugerindo valores relativos a liberdades de escolha e
uma perspectiva moderna de ser mulher como principal estratégia comercial com seu
público. Nos interessa compreender, agora, como estas propostas editoriais que se
apresentam entre o “transformador” e o “inovador” se materializam nos suportes, a partir de
quais relações contratuais com os públicos, suas semelhanças e diferenças entre si e quais
elementos, de fato, representam ou não, novidade com relação ao universo editorial do
jornalismo em revista no Brasil e no mundo.
2. OBJETIVOS
2.1. Geral:
Analisar as estratégias discursivas nas revistas TRIP e TPM, no período de 2001 a
2018, buscando identificar as variações enunciativas que aproximam ou distanciam as duas
revistas na sociedade em processos de mediatização, tomando como operadores teórico-
metodológicos os conceitos de leitor-modelo e contrato de leitura.
2.2. Específicos:
a) Identificar as mutações na comunicação, seus suportes e linguagens no ambiente da
mediatização;
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Fonte: http://www.tripeditora.com.br/marcas-trip/
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Versão escrita: http://revistatrip.uol.com.br/tpm/voce-e-livre / vídeo: https://www.youtube.com/watch?
v=gnzXoMLbgFE
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b) Relacionar as investigações teórico-metodológicas em torno do campo da Análise do
Discurso, a partir dos conceitos de Contrato de Leitura, Leitor-Modelo e ato de
linguagem;
c) Compreender quais modelos de feminilidade e masculinidade se produzem na
discursividade das revistas TRIP e TPM, levando em consideração a construção do
gênero identitário a partir dos atos linguísticos;
d) Executar uma análise das relações contratuais que as revistas TRIP e TPM
estabelecem com o público, através da observação, identificação e comparação das
marcas de enunciação presentes nas superfícies discursivas das versões física e
digital das edições do Corpus selecionado, buscando compreender qual leitor-modelo
cada suporte apresenta em suas estratégias discursivas.
3. JUSTIFICATIVA
A abordagem que propõe a mediatização enquanto fenômeno histórico articulado ao
processo de desenvolvimento da sociedade humana desde o período primitivo (VERÓN,
2014) nos interessa para compreender o porquê de uma tecnologia não substituir a outra no
campo da comunicação, suas múltiplas formas de interação e coexistência. Neste sentido, a
perspectiva da Análise do Discurso é adotada para a conformação de uma cientificidade que
dê conta de compreender os processos sociais na contemporaneidade em sua relação
interdiscursiva com os meios de comunicação. O jornalismo é uma prática social e uma área
profissional que vem passando por permanentes transformações ao longo do tempo. O
jornalismo em revista carrega algumas características inerentes ao suporte e ao seu uso
social. A relação com o espaço privado, a dependência comercial com os anunciantes e a
emergência das plataformas de comunicação digital, são elementos que reconfiguram,
permanentemente, a identidade e rotinas produtivas das revistas (SCALZO, 2013, P. 14). É
fundamental aprofundar uma discussão sobre a evolução sócio-cultural dos suportes de
comunicação sob o pano de fundo das transformações e mutações sociais que ocorrem em
determinado espaço temporal. Filipa Subtil (2015) ressalta o quanto o campo dos estudos da
comunicação é marcado por divergências, não-linearidade e uma diversidade de correntes e
abordagens que, por sua vez, estão relacionadas à velocidade com que esta prática social se
modifica. A autora exemplifica a substituição dos estudos progressistas da Escola de
Chicago pelas pesquisas, com viés quantitativo da mass comunication research como um
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fato “conjugado com um novo sistema técnico, econômico e empresarial de informação e
cultura que abrangia a imprensa de massas, a radiodifusão, o cinema e posteriormente a
televisão”. O advento da internet transformou potencialmente a relação dos públicos com os
meios de comunicação. Se antes da popularização do acesso e consumo às novas tecnologias
da comunicação e informação, e ao acesso à internet de banda larga, os meios de
comunicação, sobretudo as revistas (ALIGHIERI, 2015, P.40), já vinham investindo em uma
relação de reciprocidade mais direta com o leitor, através de canais de atendimento, e-mails
para sugestões de pauta e mesmo destinando um espaço no suporte para mensagens do
público, hoje, com o crescimento das redes sociais, esta relação é obrigatória para qualquer
veículo que pretenda se manter ativo no nercado. Plataformas virtuais, a exemplo de portais
e fanpages em sites de relacionamento populares como o Facebook e o Instagram, cumprem
cada dia mais o papel de articular a opinião do público com a produção dos meios: partilham
do mesmo ambiente tecnossocial de convivência. A informação se desloca por vários canais
e cada um desenvolve um tipo de relação contratual com seu público:
É esse dinamismo da mídia que fará com que novas operações de sentido
surjam no ambiente da midiatização6. Operações estas executadas em
função da atuação transversal da mídia, ou seja, ela não afeta mais os
indivíduos do mesmo modo, mas as afetações tecnossociais atingem toda a
sociedade e todas as interações que possam existir nela. (Aligieri, 2015, p.
45-46)
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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está associada às transformações pelas quais passam suas matérias-primas: a informação e o
acontecimento, e seus modos de produzi-las.
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leitores, visto que a comunicação só se realiza no interior de um campo semântico de saberes
e valores compartilhados (ECO, 2012). Time foi precursora de um formato que ganhou
ressonância internacional, inspirando o surgimento de similares como a Veja, revista de
maior tiragem no Brasil, com uma média de um milhão e duzentas mil exemplares vendidos
semanalmente, de acordo com o Instituto de Verificação de Circulação8
8
Fonte: https://www.poder360.com.br/midia/jornais-e-revistas-continuam-avancando-em-2017-com-suas-
edicoes-digitais/
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Estas considerações remetem, novamente, ao conceito de dispositivo, pois apontam
para uma inquestionável mutabilidade das linguagens de acordo com os suportes. Nossos
objetos de pesquisa, as revistas TRIP e TPM, têm uma experiência consolidada na formato
multimídia e um olhar sobre seus suportes virtuais, como os portais das revistas, as páginas
nas redes sociais e a TRIP TV (canal virtual de televisão da editora TRIP) será fundamental
para investigarmos sobretudo as condições de produção das revista.
Algumas perguntas motivam o interesse de Verón pelo contrato de leitura, como: por
que dois suportes parecidos, dirigidos ao mesmo público, podem ter repercussões distintas e
mesmo uma grande diferença no alcance e na permanência no mercado? Ou ainda: por que
pessoas com um mesmo perfil se interessam por diferentes suportes? O autor sustenta que de
nada vale um conhecimento profundo sobre o texto ou sobre o perfil sociodemográfico dos
leitores se não se compreende a relação que se estabelece entre eles no momento da leitura.
Como se vê, a reflexão acerca do contrato de leitura precede de uma comparação entre
diferentes veículos de comunicação e de uma análise da relação destes veículos com seus
leitores em determinado espaço de tempo, pois é preciso buscar as invariantes, ou seja,
características que persistem no texto de determinado suporte ao longo de suas edições. O
método comparativo parte do pressuposto da interdiscursividade:
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Tradução: gerar um texto significa aplicar uma estratégia que inclua as previsões dos movimentos do
outro.
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Intentio operis, intentio lectoris e intentio autoris (respectivamente: intenção da obra, intenção do leitor e
intenção do autor) são conceitos que Umberto Eco introduz no livro A obra aberta, de 1989, para tratar do
caráter polissêmico das obras de arte e o papel ativo do leitor no âmbito da interpretação. Para uma
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4.3. O masculino e o feminino em TRIP e TPM: a construção do gênero
identitário no contrato de leitura das revistas
Devemos considerar que TRIP e TPM são revistas semelhantes, denominadas como
“irmãs” pela descrição da editora TRIP, que funcionam com uma rotina produtiva
combinada, uma estética muito parecida, porém, destinadas a públicos diferentes a partir de
um marcador prioritário de gênero. No entanto, ambas revistas se colocam como veículos
que propõem novas perspectivas sobre problemáticas efervescentes na contemporaneidade,
inclusive, as desigualdades de gênero, tema que já estampou algumas vezes a capa das
edições, sobretudo da TPM. Nosso interesse é compreender como se constrói a ideia de
feminilidade e masculinidade nos contratos de leitura das revistas, quais são as rupturas e
repetições que nossos objetos apresentam em relação à divisão sexual da imprensa.
compreensão mais aprofundada dos conceitos, ver Albuquerque e Silva (2007) e Reimer (2010).
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cativo e hoje a principal revista neste gênero é a “Playboy” que nasceu em 1974, com o
nome “Status e Homem” (SCALZO, 2011, p 35). Outros temas gerais como política,
economia e esportes também inspiraram a criação de revistas direcionadas ao público
masculino, pois na estruturação da sociedade sexista enquanto modelo dominante das
representações sociais, um conjunto de atividades, hábitos e interesses são marcadores
arbitrários do que seria uma conduta esperada por parte dos homens ou das mulheres.
Natansohn (2003) traz uma abordagem pertinente à nossa reflexão, só que para analisar
produtos televisivos:
Assim como existe, no mundo social, uma cultura patriarcal que normatiza,
com maior ou menor êxito, uma série de prescrições, gostos, tabus,
costumes, hábitos, sensibilidades, valores e práticas culturais que
conformam duas esferas supostamente dicotômicas (porém, não
completamente excludentes e sem tensões), as esferas do feminino e do
masculino, também podemos observar, nos produtos televisivos, uma
classificação genérica que responde e dá forma a esta dicotomia.
(NATANSOHN, 2003)
A relação que a autora faz entre gênero textual (genres) e gênero identitário (gender)
para estudar a relação contratual em programas televisivos é pertinente para pensarmos as
diferenças e semelhanças entre os contratos de leitura das revistas masculinas e femininas, a
partir da discursividade. Natansohn sustenta que as construções de gênero identitário têm
impacto relevante nas formas culturais e que, por outro lado, os gêneros textuais operam na
manutenção das diferenças do gênero identitário, ainda que através de relações nem sempre
fixas e previsíveis, ou seja, um produto destinado ao público masculino por perfeitamente
ser consumido por mulheres e vice-versa. No entanto, partimos do pressuposto de que é,
substancialmente, na linguagem, seja em seu aspecto performativo ou instituinte
(NATANSOHN, 2003), que as representações de gênero identitário se cristalizam através
dos atos linguísticos.
5. METODOLOGIA
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6. CRONOGRAMA DE TRABALHO:
*Legenda:
XXX – Maior intensidade de dedicação
XXX – Intensidade média
REFERÊNCIAS
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ECO, Umberto, 1932-. Os limites da interpretação / Umberto Eco; [tradução Pérola
de Carvalho]. – São Paulo: Perspectiva, 2012.
NETO, Antonio Fausto. A circulação para além das bordas. Coloquio del
proyecto “Mediatización, sociedad y sentido: aproximaciones comparativas de modelo
brasileños y argentinos. Programa de Coperación Científico-tecnológico MINCYT-CAPES
2009-2010. Cod. BR/08/01.
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SUBTIL, Filipa. As guerras mundiais e as mutações na teoria social da
comunicação e dos media. Rev Famecos (Online). Porto Alegre, v. 22, n. 3, julho, agosto e
setembro de 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1980-3729.2015.3.19571
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