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Consell"to EdítorÍol
Celso Amâncio, Ermínia Silva, Lilian Moraes e Richard Riguetti.
Direçõo de Arte
Cristhianne Mandalozzo Vassão.
Foto da copo
Marcus Gullo
Revisao
Erica Resende
Produçoo
Lilian Moraes, Richard Riguetti e Simone Dutra.
ReolÍzoçoo
Grupo Ofl-Sina
Potrocínio
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura.
lnclui Bibliografia.
iSBN
ann.7ô1 1"
1"Á PaIhaço Excêntrico: debate histórico
Ao discutir sobre o que seria o palhaço no primeiro parágrafo acima, Castro co[oca n clcbatq:
em termos das dificutdades em ter uma única definição, mas ao mesmo tempo, no segr-iinte c conceit*
excêntrico surge como mais uma das características misturaclas que cssa figura se aprese!'ltou e sc
apresenta. Assim, temos que ele teria inúmeros nomes em seu processo l-listcirico, rizomático. Mas, no
segundo já aparece como um entre as diversas denominações.
Continuando, quando Castro descreve a formação de duplas de pathaço, infonma que nc "corneço,
quem mandava era o branco - autorítário e crue[-, exibindo-se no picacleiro corn seL]s trajes majestosos,
repletos de bordados de paetês e [antejoulas." Já o parceiro da dupta "o pobrre augusto, que tarnbem pocie
ser cha mado de tony ou excêntrico, sofria na mão do ctown", mas, aos poucos este segu nd o teria assurl ic1<;
o picadeiro jogando "para [onge o velho branco... Hoje estaríamos vivendo o reinado absoluto do augusi.o,
depois da queda irremediávetdo ctown branco."s
Nesta proposta da autora, uma das muitas denominações dadas ao pathaço (que tanrbenr foi
ou é ainda) clown, seria de duas opções semelhantes "tony ou excêntrico". No decorrer cJe seu trabalho,
especifica mais essa opção, quando, por exemplo, [ista diversos pathaços brasiteii'os e suas espcr-ifici<1acles"
Para Juan Cardona, que chegou ao BrasiI na segunda metade do secu[o Xl)(, casadc) com a artista iili
Cardona (ambos os tios de Oscarito), A[ice6 o descreve como "um excêntrico, urn augusto exagerado, rnas
quando queria nrontava números de clown c[ássico."
Aqui excêntrico [igado a "augusto exagerado", igua[ à descrição qire faz do sobr"inho cJe Juiirr,
Oscarito que "era mais um excêntrico, o pathaço sem rnedidas, que abusava das carctas, tinha urn jeito
desajeitado de ser, um gír'o de corpo de quem ia, rnas não foi, malícia ingênua - tudo isso elc lrerciou
de seus antepassados, honrando os 400 anos de humor que trazia nas veias". Nesse senticJo, a autorir
concorda com a fala de Grande Ote[o, seu parceiro em 34 fitmes, que clectarou: "Eu acho que eu era ufil
ator mais completo" Oscarito era mais um excêntrico, ao passo que eu procurava vatorizar o diá[o61c e ;:
interpretação, en1 busca de um tom adequado. Pode ser que eu esteja enganado, rnas r:[e era mai:; uilr
excêntrico e eu um comediante""T
É interessante aqui a questâo colocada por atguns pesquisadores, e ffiesmo alguns artistas conl
relação à diferença entre "ser um ator mais compteto" e o outro ser "um excêr-ltrico", cornp[etltentanrJ<;
que ele valorizava o diá[ogo e a interpretação, sempre em busca de um "tom adequado", enquanto o outrcr
era "mais excêntrico". Será então que "ser excêntrico" não significava ou significa ser iim bom ;-rtor? Scrir
que pelo fato de que Oscarito era um ator completo, que ele tinha sucesso conlo excôntricr:, pois tanrberlr
tinha que sabervalorizar o diátogo, a interpretação, ter um tonr adequado? Será que aqui uma <Jifcrr:rrça
entre a hierarqr-ria de ser ator e ser pa[haço? Mas, com certeza "ser excêntrico" no sentirjo do eN;:gero, sern
medidas, abusando das caretas, desajeitado, malícia ingênua para uma parte "oficia[" do teatro não e ser
bom ator, não tem capacidade de valorizar o diátogo, e como dizianr os circenses nas propatr,;andars do
século XIX: etc., etc. e etc.
Marío {:ernando Botognesís ao analisar as raízes etimotógicas
do termo clown afirma:
clown ti urna palavra ingtesa, cuja origem remonta ao século XVl, derivad
a de cloyne,
cloine, ckswrte' 5ua matriz etimotógica reporta a colonus e clod,cujo
sentido aproximado
seriir hornem rústico, do campo. Clod, ou ctown, tinha também o
sentid o cle lout,homem
desa.ieitado, gl"osseiro, e de boor,camponês, rústico. Na pantomima
inglesa o termo clown
clesign;lva o cômico principate tínhas as funções de um serviça[.
No uníverso circense o
ctown e o artista cômico que participa de cenas curtas e explora
uma característica de
excêntnica totice em suas ações.
Tristan Rémy dedica um capítulo aos clowns musicais, domadorc,s, humorísticos e poiíticos, danc!<r
especiaI atenção aos primeiros e chegando a afirmar que "um clown menos engraçacio se salva se for unr
pouco músico".
Apesar de abordar o clown músico com certa difererrciação, Rémy tanrbórn cornprec:ncler
a arte musicaI como própría das ferramentas do trabalho clownesca, afirrn;:nrJo quc oS
clowns são frequentemente instrumentistas hábeis e ressalta qire, indepeneienternr.:rrfr.'
do surgimento de grupos de clowns que se denominavar.n "rnusieais", ilãü podonros
[imitar essa denominação exctusivamente a estes, já que atguns utitlzar-rr a música corilo
ferramenta cômica ocasionatmente, desenvolvendo números rnusicais ao lacio rJc scus
outros números. Para tanto, o autorcita exemptos corno os Cairoli; o clovtrt-t Antonet, qLx(l
tocava violino; Dario Meschi, que era acordionista; os Frate[[irri que possuíam a[gum;:s
entradas musicais; Rico Briatore, que tocava violão e cantava;e Grcck em esgrr:cia[, rnulx.i-
instrumentista que desenvotveu a partir da música as grandes [inhas dr-. se us nurnero: i3
Rémy1o, segundo Melo Filho, também associa os excêntricos aos pa[co-s dos music /:a11s, analisanrJo a:;
ferramentas cômicas destes nos excêntricos solitários. De acordo com esse autoç es excôntricos ílossrienl ê5
mesmas fontes de riso que os clowns, tendo inclusive deixado os traços de sua originalidadc ern nLlrneros;ls
entradas clownescos. Seriam oriundos diretamente do augusto tradíciona[, tendo herdado o usc de acessririos
da tradição inglesa e tambem dostromps americanos.O tramp, que em inglôs significa vagabrrndo, á rrmr
tipo particutar de cômico circense surgido nos Estados Unidos, urma figura de íacc enegrecida c de vr::;Í.r,:s
mattrapithas resuttado da Guerra de Secessão Americana, que deixou vítimas esfai'rapadas v;,tg,anrJo trielas
estradas do país. Segundo Bolognesils, "é um tipo de palhaço que passou a ocupar o espr.:táculo juntarncntc
com o augusto e o clawn branco, mas permanecendo à margem do picadeil-o taI qLraI sui] origr:rn".
De acordo com o entendimento da poética do excêntrico por Rerny, este e psicoiogicarnre nte
o oposto do augusto, não sendo nunca um imbecit, mas r-lma especie de ;:ugusl.o esperto
e ardiloso que ternnina sempre por cima da situação. 5u;l arte estaria em criar r:trstáculos
em grande quantidade para ter o mérito do triunfo de u;"na só vez, atuando de maneua
catculada e precisa. Sua obra seria então constituÍda de uma sr:rna cle dificirlclades
vencidas ao mínimo custo, na quaI nada e descclsturado e percíido, senr íyri]rgur"r p;:]r;,]
improvisações. Para Rémy, o imprevisíve[ ó o pesadelo dos excêntricos.r('
Como se pode observar, pesquisadores europeus e brasileiros, em algunr momento cic sri;r:; pesqiiisa.,,
fazem associaçõesentreo conceito de excêntrico [igado aos palhaçosquetocam instrumentos üa sua cjivcrsiclade.
Mas, há também um caminho traçado por vários autores (que serão nonreados) e fontes pesquisarlas, pilra
especificar o palhaço excêntrico musicaI somente aquele que tocava "instrurnentos inusitado:;".
1.2 Drantaturgia do Falhaço Excêntrico - artes circenses/música/teatro/dança
- tudo isso?
montagem e a desmontagem dos patcos, dos cenários, ou das tendas, atem da versatitidade []ara encarnar
diferentes funções e papeis de acordo com as necessidades do grupo com o quaI se trabathava, fosse
este uma trupe de sattimbancos, uma famÍtia de bufões ou uma companhia circense. O circo moderno
manteve esse modo de trabalho compartithado, no qualseus agentes precisan-l atuar em clivers;:s funçoc:
para viabilizar o espetácuto, sendo geratmente os mesmos artistas que executam os núrneros acrobáticos,
as apresentaçôes cômicas e teatrais, assim como os trabathos tócnicos de produção.
AoincluirmosospaIhaçoscomoherdeirosepropagadoresdeste ntadusoperoncli,torna-sct:videnx.e
que a música, em suasvariadas possibitidades, e parte intrínseca de sua poética cênica" Adernais, outros
fatores pertinentes à historia da arte circense tambérn contribuem para acentuar essa caracterísl-ica" Uiri
desses fatores d iz respeito ao contexto inicia Id as entrad as e reprises de palhaços, qua ndo erarn constru ícJas
como parodias de números circenses, desde os números equestres às apresentaçÕes rnusicais. P;ira quc
as parodias pudessem acontecerera importante que o palhaço tivesse ao menos urna noção rnediaria .:
respeito do que debochava, isso quando não era necessário unr domínio ainda n'i;:is amplo, já que no ato
de parodiar muitas vezes está implicado a representação da fatha e slra superação ,tor mt-'ío Ce sittr;:çrit'i
ainda mais adversas -que a propria habitidade impõe em suas condições usuais.
ã..3 Qnxcrm são os excêntricos para autores estrangeiros?