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Ainda, o consultor pode ser caracterizado como uma pessoa que têm
influência sobre as outras pessoas, grupos e instituições, por sua habilidade,
postura e posição. Porém, ele não têm o poder direto de produzir mudanças
ou programas de implementações. Também numa dimensão educacional, o
papel do consultor é de mostrar caminhos para a decisão do cliente, e não de
oferecer respostas prontas para os problemas. Com esse olhar, o consultor é
alguém que recomenda, orienta e não possui poder de decisão na implantação
de mudanças (BLOCK, 1991, p. 26).
No processo de consultoria é imprescindível criar uma cultura de trabalho em
equipe, que permita a delegação de tarefas e tomada de decisões para não sobrecarregar
a direção. O trabalho que deve ser realizado pela consultoria em relação à avaliação é
superar a idéia e a cultura de que a avaliação é punitiva. O desafio é implementar e
fortificar um sistema de avaliação para um crescimento na qualidade do ensino, com o
objetivo de perceber os pontos fracos para fortificá-los.
A Consultoria em Psicologia Escolar é uma nova modalidade na cidade de
Manaus que se destina a assessorar instituições de ensino, executando intervenções
para o melhor funcionamento de processos que beneficiem e desenvolvam o processo
ensino-aprendizagem.
O Psicólogo Educacional Escolar – PEE tem a possibilidade de poder realizar a
atividade de consultor dentro das instituições, visando encontrar na escola, múltiplas
questões a serem observadas, para que se possam elaborar planos de ação que
possibilitarão futuras intervenções.
A atuação do PEE na consultoria, finda por ser multifuncional, proporcionando,
assim, a possibilidade de fazer com que o sujeito se perceba e se adapte ao seu
ambiente, seja ele o diretor, o professor, o aluno ou funcionário da instituição. O
objetivo é oferecer às instituições que não dispõem do profissional de psicologia,
através da atuação dos estagiários supervisionados por Professores Psicólogos, serviços
gratuitos e de qualidade que visam auxiliar a escola a desempenhar da melhor forma
suas atividades.
ATIVIDADES DA CONSULTORIA ESCOLAR-EDUCACIONAL
No livro Consultoria em Psicologia Escolar-Educacional organizado por Silva
(2009), encontram-se relatos que vislumbram uma Psicologia Escolar/Educacional que
em tempos hodiernos deixa de ser vista como “a ciência que diagnostica e trata doenças
mentais”, assumindo o importante papel de descobrir as causas dos problemas que
Este plano é apresentado e discutido com o consultado para sua aprovação, sendo que
posteriormente à aprovação é firmado o contrato entre as partes. A partir do
estabelecimento do contrato se inicia a prestação de serviços após o pagamento da
primeira parcela do valor estabelecido.
As atividades são previamente agendadas de acordo com a disponibilidade do
estagiário e da instituição, e podem envolver tanto os alunos, professores, pais, corpo
diretivo e/ou funcionários.
Ao final das atividades, é realizada uma devolutiva com o consultado para que se
discutam os resultados obtidos durante a implementação do plano de ação e como a
instituição pode ela mesma resolver conflitos futuros. Se mostrar-se necessário, são
feitos acompanhamentos periódicos das ações propostas até o desligamento final.
(SILVA, 2009, p. 39)
Aspectos do trabalho de consultoria
Ao iniciar o trabalho de consultoria, pede-se para que o consultado informe todos da
instituição sobre a presença do consultor e qual é a sua função. Na prática, nem sempre
há essa comunicação, sendo necessário que o consultor explique quantas vezes achar
necessário que o seu trabalho envolve toda a instituição, e que ele não está em busca de
culpados por determinada situação. Por esse motivo, mostra-se de grande importância
que o sigilo seja mantido sobre quem é entrevistado, quem respondeu determinado
questionário, para que seja possível a colaboração de todos.
Valore (2003, p. 3) enfatiza que ao se fazer uma leitura institucional, deve-se analisar
os diferentes autores institucionais, o seu fazer, e as relações estabelecidas entre eles.
A intervenção institucional sustenta-se numa aposta – tanto nossa como, e principalmente, da instituição –
no desejo de mudança, na possibilidade de escolher e de implicação pessoal nessa escolha. (VALORE,
2003, p. 5)
Dessa forma, para que um trabalho englobe a todos da escola, deve ser feito
grupalmente e não focalizando apenas no problema. É possível observar que há
professores e alunos que se recusam a responder questionários pelo medo de serem
identificados e serem delatados para a diretoria. Por isso, enfatiza-se que os dados
obtidos serão de uso exclusivo da consultoria.
Bleger (1984, p. 39) afirma que quando psicólogos são contratados para a resolução de
um problema em uma instituição, o profissional psicólogo deve ser um assessor, e não
fazendo parte da hierarquia desta. Por não fazer parte da hierarquia e não ter um vínculo
empregatício com a instituição, o consultor consegue observar aspectos diferenciados
dos sujeitos que estão envolvidos no contexto escolar.
Muitas vezes, por nem todos os envolvidos na instituição terem o insight de que algo
deve ser feito, o consultor depara-se com a não colaboração de determinados agentes
educacionais. Essa atitude pode atrapalhar ou impedir que determinadas atividades
possam ser realizadas, e os objetivos estabelecidos pelo consultor não conseguirão ser
atingidos. A estagiária vivenciou uma situação na qual o consultado agendou um
horário de realização de atividades, e ao chegar para realizar a atividade, foi
comunicada de que não havia sido feita a divulgação da mesma, e que, portanto, a
mesma não poderia ser realizada. Esta situação ilustra uma forma de resistência a
mudanças, na qual se sabe que há algum problema na instituição, mas não se deseja
mudar e proporcionar soluções alternativas. Porém, é possível encontrar no mesmo
ambiente agentes educativos que desejam que a mudança ocorra e realizava esforços
para que as atividades propostas fossem realizadas. Durante a fase de
aplicação de questionários em alunos, uma professora pediu à estagiária se ela gostaria
de acompanhá-la durante as suas aulas do dia, assistisse uma parte da aula e aplicasse ao
final desta os questionários. Essa situação mostrou que há agentes educativos que se
comprometem com a proposta e mostram-se dispostos a colaborar e mudar a situação
existente.
Ao final do processo, “Espera-se também que o consultado adquira repertório de
conhecimentos e habilidades e que os componentes da díade transfiram sua efetividade
para eventos futuros” (POLONIA e WECHSLER, 1995, p. 44). Por meio das atividades
propostas objetiva-se mudar a forma de pensar e agir da instituição como um todo, para
que novas formas de atuar sejam viáveis, e quando alguma situação similar ocorrer,
eles estejam instrumentalizados a resolvê-la.
Desenvolvendo o trabalho de consultoria, o estagiário começa a construir sua
identidade profissional tanto como psicólogo, quanto como consultor. Ao iniciar os
atendimentos em consultoria, a estagiária apresentou sentimentos de insegurança por
não saber como lidar com determinadas situações ocorridas. A supervisora então
auxiliava e instrumentalizava a estagiária para que esta encontrasse por ela mesma as
respostas de seus questionamentos. Posteriormente, foi possível compreender que
situações de dúvidas existirão, e que há diferentes formas de lidar com elas, e que estas
podem ajudar no estabelecimento do diagnóstico e intervenção institucional.
Ao final do ano de estágio, a estagiária observou um crescimento pessoal e
profissional, que irá acompanhá-la não apenas na prática escolar, e sim na formação
como profissional psicólogo.