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25/08/2019 As pautas e os ecos de Junho de 2013: uma análise


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As pautas e os ecos de Junho de 2013


Tatiana Roque e Mariana Patrício 
13 de junho de 2018

367

Uma das manifestações de Junho de 2013 (Foto Marcos Ninni / Midia Ninja)

É comum ouvirmos que os manifestantes de Junho de 2013 não tinham pautas. Teria
sido uma recusa em bloco ao sistema político, abrindo caminho para a crise de
representação que estamos vivendo. Claro que Junho foi muita coisa, e as análises
ainda dependem da geografia dos protestos (https://revistacult.uol.com.br/home/sob-
o-ceu-de-junho-2013/). O Rio de Janeiro, talvez pela presença importante das obras
da Copa e dos Jogos Olímpicos, é paradigmático de temas-chave abordados nas ruas.
Em primeiro lugar, as grandes passeatas de Junho apontavam de modo unânime
Sérgio Cabral como símbolo da insatisfação. Nenhum outro grito contra políticos era
capaz de unir os manifestantes a não ser aqueles que se insurgiam contra Cabral. O
governo federal era lembrado de modo vago e esparso, apenas na medida em que era
aliado do PMDB no Estado do Rio de Janeiro. O slogan “Não vai ter Copa” precisa ser
entendido nesse contexto.

Muita gente se sentia excluída do projeto hegemônico naquele momento, um projeto


de crescimento sem povo, reforçado por conluios oligárquicos que atropelavam,
literalmente, as casas das pessoas (como na Vila Autódromo). A insatisfação, contudo,
não significava uma rejeição em bloco do que tinham sido as políticas dos governos
petistas até ali. Bem pelo contrário, é possível dizer que Junho de 2013 foi um
movimento por “mais”: mais serviços públicos de qualidade, mais mobilidade, mais
direitos, mais participação, mais ações contra nossas desigualdades históricas.

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Era essa a reivindicação implícita nos gritos por “saúde e educação padrão FIFA”. O
movimento de jovens que se organizou por uma CPI dos transportes, chegando a
ocupar a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, identificava precisamente o
problema da caixa preta dos ônibus, em grande parte controlados pela máfia de Jacob
Barata em conluio com diferentes governantes fluminenses. A vontade de exercer o
protagonismo na pesquisa dos dados dos transportes públicos e a identificação da
concentração de poder em torno desse nome deram origem ao Casamento da Dona
Baratinha, protesto performático em frente ao Copacabana Palace, onde a filha de
Barata se casou.

As políticas dos primeiros governos Lula – em escala macro, mas também micro –
tiveram efeito expressivo na produção de novos atores sociais e políticos. São
exemplos: organizações autônomas da juventude, grupos culturais, coletivos de mídia
e movimentos negros e de mulheres. Universidades mais democráticas exerceram um
papel importante na politização dos jovens, pois fizeram emergir forças intelectuais
constituintes de uma nova geração política. Ao inserir grande parcela da população
nas relações produtivas que integram a sociedade do conhecimento, a democratização
da universidade teve efeitos positivos além dos esperados. Outras medidas específicas,
como os pontos de cultura, também agiram nesse processo. A participação na
produção de cultura e o ingresso no ensino superior, somadas às transferências de
renda, abriam a possibilidade para novas posições subjetivas. Isso tudo tornava as
pessoas capazes de pedir mais e trazia à cena novas possibilidades de contestação.

Diante disso, é bastante surpreendente que quadros do próprio PT associem Junho de


2013 a um movimento de direita, dado que foi um produto positivo das políticas
petistas. Fernando Haddad, por exemplo, em texto recente na revista Piauí, pergunta:
“como explicar a explosão de descontentamento ocorrida em Junho daquele ano (…) O
desemprego estava num patamar ainda baixo; a inflação, embora pressionada,
encontrava-se em nível suportável e corria abaixo dos reajustes salariais; os serviços
públicos continuavam em expansão, e os direitos previstos na Constituição seguiam se
ampliando”.

Parte-se da premissa de que as pessoas só vão às ruas quando estão em má situação


econômica. Pensamos o contrário. A estabilidade econômica, somada à inclusão de
jovens urbanos em esferas antes restritas à elite e ao acesso a bens culturais, tornava
as pessoas mais potentes, “empoderadas”, logo, em medida de pedir mais. Por outro
lado, os protestos marcavam o esgotamento de um tipo de adesão ao projeto de
desenvolvimento em curso. Parte do aparelho petista, em sua deriva burocrática,
perdeu a dimensão de que politização tem a ver com aumentar a capacidade e a
autonomia das pessoas comuns.

No livro Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos


trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80, Eder Sader descreve os novos personagens
que entraram em cena. Na época, eles acabaram se organizando no partido-
movimento que foi o Partido dos Trabalhadores. Em 2013, esse partido não conseguiu
entender quem eram aquelas novas personagens.

Não teria sido difícil, em diferentes esferas de governo, convocar os sujeitos sociais e
políticos emergentes para formular políticas voltadas para setores determinados. Só
para dar alguns exemplos: alternativas de comunicação capazes de compreender as
dinâmicas das redes sociais e produzir maior participação; políticas públicas em
diferentes áreas discutidas em fóruns nacionais já existentes; expansão da experiência
dos pontos de cultura para outras áreas como processo formativo da juventude
periférica; políticas para a educação básica, formação de professores ou produção de
material didático, em articulação orgânica com as universidades e os institutos

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federais; mudança de nossa matriz energética. Em 2014, começa a haver um


descompasso entre as novas personagens que surgiram das políticas petistas e o
paradigma produtivo então em vigor.

Exemplo emblemático dessa nova dinâmica, em torno de outros personagens que


emprestavam pela primeira vez seus corpos à ação política, se passou em uma noite
fria de julho de 2013, no bairro do Leblon, um dos mais chiques e elitizados da cidade.
Jovens militantes de Junho, oriundos de vários outros bairros, ocuparam a rua do
prédio em que morava Sérgio Cabral. Foi dali que vimos chegar uma passeata de
moradores das favelas do Vidigal e da Rocinha, vindo se juntar ao Ocupa Cabral,
denunciando o desaparecimento de Amarildo, morador da Rocinha, que acabava de ser
assassinado pela polícia. Começava a ressoar, em diversos cantos da cidade, a
pergunta que não podia mais calar: Onde está o Amarildo? Todo mundo sabia que
Amarildo estava morto, assassinado pela mesma polícia que batia nos manifestantes.

Mas não era uma pergunta retórica. Era uma mudança na relação entre visibilidade e
invisibilidade que determina a fronteira entre asfalto e favela no Rio de Janeiro. Tudo
o que se passa no Leblon vira notícia (ou novela). As vidas arrancadas nas favelas
ganham linhas frias no jornal, em geral culpabilizando as vítimas ou mencionando o
caos no trânsito. Naquela noite, porém, os moradores da favela chegavam com sua
insistência, recebidos pela brecha que o Ocupa Cabral abria pela ação dos jovens que,
um mês antes, tinham ajudado a fazer as ruas de Junho. Naquela mesma noite, parte
dos manifestantes decidiu protestar em frente à casa do Secretário de Segurança do
Estado, José Mariano Beltrame.

Perguntar incessantemente por Amarildo é resistir ao silenciamento das


subjetividades políticas que a necropolítica brasileira não cessa de produzir, como
modo de inviabilizar o processo democrático em curso nos últimos anos. Na
contramão desse projeto de extermínio, essas novas personagens demandam cada vez
mais participação política, intervindo inclusive na esfera da representação. Se a onda
conservadora se fez presente em 2015, outras vozes com timbres bem diversos
também se fizeram ouvir com força.

Em novembro desse mesmo ano, milhares de mulheres ocuparam as ruas do país para
impedir que o PL 5069/2013, de autoria do então presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, fosse aprovado. O projeto de lei visava dificultar o atendimento de mulheres
em caso de estupro, além de criminalizar profissionais de saúde que prestassem
auxílio às mulheres no SUS. Para além da histórica luta feminista de respeito ao corpo
das mulheres, insurgir-se contra Eduardo Cunha representava muita coisa
(https://revistacult.uol.com.br/home/eduardo-cunha-um-corrupto-contra-os-
direitos-humanos/).

Em síntese, pode-se dizer que o que estava em jogo era a afirmação da nossa
existência plena, não abrindo mão do direito de participar das decisões que teriam
impacto sobre as nossas vidas – sejam essas decisões de ordem subjetiva, econômica
ou política. Lembrando que as manifestações de rua surgem no mesmo período em
que invadem as redes sociais as campanhas virtuais de denúncias de assédio e de
machismo cotidiano que muitas de nós sofremos ao longo da vida. Apontar Eduardo
Cunha como inimigo das mulheres era também questionar o modo chantagista como o
presidente da Câmara negociava as votações dos projetos de lei no plenário, e a lógica
intrínseca que permite esse tipo de governabilidade, representando os interesses
apenas de uma pequena parcela da população, depondo inclusive a presidente eleita.

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Outros modos de governar, mais democráticos, se fazem urgentes. Foi com essa
premissa que as mulheres cariocas elegeram Marielle Franco com mais de 46 mil
votos nas eleições de 2016 (https://revistacult.uol.com.br/home/marielle-franco-e-o-
mal-radical/). A eleição de Marielle foi – e ainda é – a afirmação do desejo de
encontrar outros modos de fazer política. Seu assassinato mostra, contudo, o quanto
ainda é difícil atravessar as barreiras do poder, da polícia e da milícia que
caracterizam o cenário do Rio de Janeiro.

Nos cinco anos que separam os assassinatos de Amarildo e de Marielle, algumas coisas
mudaram, outras não. Marielle era vereadora, com enorme votação, e porta-voz de
uma geração das novas personagens que chegaram à universidade e ao poder político.
Simbolizava a renovação da política tão desejada pelas ruas de Junho de 2013. Cinco
anos depois do grito “Onde está o Amarildo?”, ainda queremos saber: “Quem mandou
matar Marielle?”. A batalha não terminou e continua tendo que se dar em duas
frentes: resistência e representação. Para que a potência das ruas possa ocupar a
política, é preciso insistir nas perguntas que apontem para o aprofundamento de
nossa frágil democracia, fazê-las ecoar, produzindo novos destinos.

TATIANA ROQUE é professora da UFRJ e ativista, participou dos protestos de 2013 e


desde então vem pensando em seus desdobramentos

MARIANA PATRÍCIO é professora de literatura no CCE Puc-Rio e articuladora do


movimento Mulheres Contra Cunha. Ambas são co-editoras da revista feminista DR
(http://www.revistadr.com.br/)

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