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ISSN 1983-5183

Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo


2013; 25(3): 233-40, set-dez

HIPERSENSIBILIDADE À RESINA ACRÍLICA EM REABILITAÇÃO BUCAL


HYPERSENSITIVITY TO ORAL REHABILITATION IN ACRYLIC RESIN

Hugo Cezar Nogueira Alvim*


Silvana Soléo Ferreira dos Santos**
Mariella Vieira Pereira Leão**

RESUMO
Apesar da introdução dos implantes dentários para a reabilitação de pacientes completamente edêntulos,
em alguns casos ainda há necessidade da utilização de próteses mucossuportadas, sendo a resina acrílica o
material básico mais utilizado. Embora a resina possua propriedades físicas, mecânicas e estéticas adequadas,
pode induzir reações de hipersensibilidade em alguns indivíduos. O objetivo deste trabalho foi realizar uma
atualização dos estudos sobre a utilização de próteses em resinas acrílicas, bem como correlacionar a sua
composição química e as técnicas de confecção com a ocorrência de reações alérgicas. Foram observadas
evidências de que essas reações são favorecidas pela maior presença de monômeros residuais após a polimeri-
zação do metilmetacrilato (MMA), e que a utilização de resinas termopolimerizáveis em micro-ondas e o
armazenamento das mesmas em água ou a imersão em água a 500 C antes da entrega ao paciente, são técnicas
e manobras simples, que podem ser adotadas e recomendadas por qualquer clínico a fim de minimizar a pos-
sibilidade de ocorrência das reações. Também, a literatura confirma a baixa presença de monômeros residuais
na composição das marcas hipoalergênicas, tornando-as alternativas interessantes para casos de comprovada
atopia ao MMA. Enfim, no planejamento dos casos de reabilitação, a real necessidade, o nível socioeconômi-
co e também a propensão à hipersensibilidade devem ser considerados para que os benefícios sejam realmente
obtidos e a reabilitação do paciente seja satisfatória.
DESCRITORES: Hipersensibilidade • Alergia e imunologia • Metilmetacrilato.

ABSTRACT
Despite the introduction of dental implants for the rehabilitation of patients completely edentulous, in some
cases still there is need of denture use, being acrylic resin the most used base material. Although the resin has
adequate physical, mechanical and aesthetic properties, hypersensitivity reactions may lead in some individu-
als. The aim of this study was to carry out an update of the studies about the use of prostheses in acrylic resins
and to correlate their chemical composition and manufacturing techniques with the occurrence of allergic
reactions. There is evidence that these reactions are favored by the increased presence of residual monomers
after polymerization of methacrylate (MMA), and that the use of heat-polymerized resins in microwave and
storing them in water or immersion in water to 50oC before delivery to the patient, are simple procedures
and techniques that can be adopted and recommended by any clinician in order to minimize the possibility
of occurrence of reactions. The literature also confirms the decrease presence of residual monomers in the
composition of hypoallergenic brands, making them interesting alternatives in cases of proven atopy to MMA.
Finally, in the planning of the cases rehabilitation, the real need, the socio-economic level and also propensity
to hypersensitivity should be considered so that the benefits are actually obtained and the rehabilitation of the
patient satisfactory.
DESCRIPTORS: Hypersensitivity • Allergy and immunology • Methylmethacrylate.

** Mestrando em Odontologia, Universidade de Taubaté, UNITAU. E-mail: hugoalvim@oi.com.br


** Doutora em Biopatologia Bucal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FOSJC-UNESP). Professora de Microbiologia e Imunologia da
Universidade de Taubaté.

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Alvim HCN INTRODUÇÃO veis parciais ou totais, em virtude de suas
Santos SSF
Os efeitos dos materiais dentários so- características de cor e translucidez, que
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bre os tecidos bucais devem ser cuidado- permitem a imitação da aparência natural
Hipersensibi- da gengiva4.
lidade à resi- samente avaliados pelo cirurgião-dentista
na acrílica em antes de qualquer procedimento, inclusi- Polímeros à base de resina acrílica são
reabilitação ve no planejamento de uma reabilitação empregados na confecção de aparelhos
bucal
protética1. protéticos, dentes artificiais, aparelhos
Dentre os pré-requisitos para a utilização ortodônticos e ortopédicos maxilares, fa-
in vivo de materiais odontológicos, o mais cetas e coroas. O polímero sintético mais
importante é a biocompatibilidade, que se utilizado como material base na reabili-
refere à habilidade do material realizar sua tação protética é o polimetilmetacrilato
função, com o grau desejado de incorpora- (PMMA), que é apresentado nas formas de
ção no hospedeiro, sem induzir qualquer pó e líquido, podendo ser auto ou termi-
efeito indesejável, local ou sistêmico2. camente polimerizado. O pó é composto
Apesar da introdução dos implantes por grãos de polímeros (PMMA), inicia-
dentários para a reabilitação de pacientes dor, pigmentos, corantes (compostos de
completamente edêntulos, em alguns ca- sulfeto de cádmio, óxido férrico e sais de
sos ainda há necessidade de reabilitação cádmio), peróxido de benzoíla, opacifica-
por meio de próteses mucosuportadas. dores, plastificador, fibras orgânicas co-
A resina acrílica, material mais utilizado radas e partículas inorgânicas. O líquido
nesses tipos de próteses, possui proprie- contém monômero (metacrilato de meti-
dades físicas, mecânicas e estéticas ade- la), inibidor, acelerador e agente de liga-
quadas para utilização como material bá- ção cruzada. O PMMA possui como van-
sico, entretanto pode causar reações de tagens poucos contaminantes residuais,
hipersensibilidade em alguns indivíduos, excelente qualidade óptica e elétrica,
ocasionando um quadro conhecido como facilidade de manipulação e baixo custo
estomatite alérgica subprotética3. de confecção; e como desvantagens a pre-
•• 234 •• As resinas acrílicas para a confecção sença do monômero de metil metacrilato
de próteses totais e parciais removíveis (MMA), hidroquinona (HQ), formaldeído
apresentam diferentes graus de citotoxi- (FMA), peróxido de benzoila (BPO), ácido
cidade in vitro e reações de hipersensibi- benzóico (BA) e metil benzoato (MB) que
lidade in vivo, provavelmente em função podem produzir reações adversas1.
de seus componentes não reagirem ade- O metacrilato de metila (MMA) é o és-
quadamente durante o processo de con- ter mais importante do ácido metacrílico
fecção, gerando subprodutos capazes de comercialmente em uso. Apesar de sua
causar reações adversas. O aparecimento ampla utilização em Odontologia, a toxi-
dessas reações pelo uso de próteses tem cidade desse monômero não é totalmente
despertado o interesse dos pesquisadores conhecida5.
em determinar o comportamento biológi- Não é incomum pacientes com próte-
co desses produtos, buscando materiais ses mucossuportadas novas relatarem dor,
mais biocompatíveis com o meio bucal4. sensação de ardor (queimação na mucosa
Assim, o presente trabalho tem como e na língua), salivação excessiva ou res-
objetivo apresentar uma atualização de es- secamento da mucosa bucal, apresentan-
tudos sobre a utilização de próteses mucos- do alterações como inflamação, eritema
suportadas em resinas acrílicas, bem como generalizado, ulceração e erosão. Esses
correlacionar a sua composição química e sintomas podem estar relacionados à irri-
as técnicas de confecção com a ocorrência tação química local ou a reações alérgicas
de reações de hipersensibilidade. causadas pela resina acrílica e por seus
elementos componentes, além de outros
Revisão da literatura fatores etiológicos, dentre eles o biofil-
Rev. Odontol. me microbiano, trauma, uso contínuo da
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Desde a década de 30, as resinas acrí-
prótese, falta de adaptação das próteses e
Paulo licas têm sido o material de escolha para
2013; 25(3): 233- oclusão não balanceada, hipossalivação e
a confecção de bases de próteses removí-
40, set-dez infecção por Candida spp4, 6, 7.
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Após a manipulação do pó e do líqui- ou sistêmicas .
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do, a reação de polimerização das resinas O entendimento dos conceitos imu-
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acrílicas ocorre pela decomposição rápida nológicos das hipersensibilidades e seus
do peróxido de benzoíla, que libera uma mecanismos etiopatogênicos e fisiopato- Hipersensibi-
lidade à resi-
quantidade significativa de radicais livres. lógicos que determinam sinais e sintomas na acrílica em
O peróxido de benzoíla pode ser ativa- permitem o tratamento mais adequado reabilitação
do por substâncias químicas, geralmente dessas doenças imunológicas no ser hu- bucal
incorporadas ao monômero (autopoli- mano8.
merizável), pela luz (fotopolimerizável) Tais reações compreendem um amplo
ou pelo calor, por meio de micro-ondas, e heterogêneo grupo de manifestações clí-
banho de água quente ou calor seco em nicas e patológicas, classificadas confor-
estufa (termopolimerizável). Entretanto, me os tipos de mecanismos efetores en-
a conversão de monômero em polímero volvidos na resposta imune, na natureza e
não é completa, ocorrendo na presença no local do antígeno envolvido. Na reação
de monômeros residuais4. tipo I (alérgica), o determinante patológico
Os monômeros residuais podem in- é a IgE e o mecanismo de lesão tecidual
fluenciar as propriedades físicas e mecâni- ocorre com a degranulação de mastócitos
cas da prótese, podendo aumentar o esco- e basófilos; na reação tipo II os determi-
amento do material, alterar os valores de nantes patológicos são IgG e IgM contra
resistência flexural, resistência à tração, células e seu mecanismo de lesão tecidu-
resistência ao impacto, módulo de elasti- al ocorre com a opsonização e fagocitose
cidade e dureza, além de diminuir o limite de células e ativação do complemento; na
de fadiga, influir na absorção de água e tipo III os determinantes patológicos tam-
solubilidade e, consequentemente, causar bém são IgG e IgM, mas contra antígenos
alterações dimensionais das resinas acrí- solúveis, e o mecanismo de lesão tecidual
licas. Em função desses aspectos, estudos se dá pela formação e deposição de imu-
foram realizados com o objetivo de anali- nocomplexos sobre tecidos e ativação do
sar o conteúdo de monômero residual de complemento; já a tipo IV (tardia) tem •• 235 ••
resinas acrílicas para base de prótese. Os como determinantes patológicos os linfó-
resultados obtidos demonstraram que a citos T CD4 e o mecanismo de lesão ocor-
quantidade de monômero residual depen- re pela inflamação mediada por citocinas
de de fatores como tempo, temperatura e e ativação de macrófagos (Figura 1). Den-
método da polimerização utilizada e que tre as manifestações de hipersensibilidade
as resinas autopolimerizáveis apresentam referidas, a tipo IV ou tardia é responsável
maior quantidade de monômero residual pela maioria dos sinais e sintomas locais
quando comparadas às resinas termoati- na cavidade bucal em relação aos mate-
vadas polimerizadas por micro-ondas2. riais odontológicos9.
Mesmo que a quantidade de monô- A estomatite alérgica subprotética, na
mero seja reduzida, como resultado de maioria dos casos, está relacionada ao uso
melhor polimerização, o calor disponível de próteses totais mucossuportadas, nas
no final da reação de polimerização se quais a substância sensibilizante é geral-
estabiliza2, tornando mais difícil a apro- mente o metil metacrilato3.
ximação entre o monômero e os radicais Van Joost10 (1988) realizou testes de
livres do polímero. Dessa forma, após a sensibilidade em quatro pacientes com
polimerização, as resinas geralmente con- sintomas de queimação na boca que po-
têm quantidades variáveis de monômeros deria ser em decorrência de sensibilidade
residuais que podem atuar como irritantes ao material da prótese. Desses, dois pa-
da mucosa oral ou causar reações de hi- cientes reagiram a substâncias da prótese
persensibilidade2. e, em um deles, a sensibilização encon-
A hipersensibilidade é uma resposta trada foi para metil metacrilato. Vilapla-
imune adaptativa exacerbada ou inapro- na11 (1994) relatou a ocorrência de testes Rev. Odontol.
priada, que ocorre ou por uma ativação cutâneos positivos para materiais odon- Univ. Cid. São
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maciça ou por falta de regulação do siste- tológicos, entre eles o metacrilato em 66 2013; 25(3): 233-
ma imune, causando lesões localizadas e/ pacientes. 40, set-dez
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Hipersensibi-
lidade à resi-
na acrílica em
reabilitação
bucal

Figura: Esquema dos mecanismos imunológicos envolvidos em cada tipo de hipersensibilida-


de.
•• 236 •• Kaaber12 (1990) realizou um estudo en- e resolução dos casos após a substituição
tre usuários de prótese total que possuíam por próteses livres do material.
antecedentes de doenças alérgicas e sín- As resinas acrílicas também são muito
drome de ardência bucal. Nesses casos, utilizadas na Ortodontia, em aparelhos re-
uma alta incidência de reações de hiper- movíveis, de contenção e/ou aparelhos fi-
sensibilidade na pele para alérgenos de xos auxiliares8,16. Os autores observaram,
prótese foi observada, geralmente para o ainda, o aparecimento de eritema local,
monômero de metilmetacrilato e formal- acompanhado de dor e sensação de quei-
deído. mação, em paciente de 60 anos, após a
Kanerva et al.13 (1997) comparam trin- utilização de aparelho removível de con-
ta acrilatos diferentes, por um período tenção ortodôntica. O teste cutâneo con-
de dez anos, em 275 pacientes, com tes- firmou a hipersensibilidade ao MMA e os
tes cutâneos. Quarenta e oito pacientes sintomas cessaram após a confecção de
(17,5%) apresentaram reações alérgicas contenção com fio metálico, colado aos
a pelo menos um acrilato. As substâncias dentes com resina composta.
que causaram a maioria das reações alér- Desde a década de 60, existem relatos
gicas foram 2-hidroxietil acrilato e 2-hi- de hipersensibilidade às resinas acrílicas,
droxipropil acrilato. sendo, na grande maioria dos casos, as-
Lunder14 (2000) e Auzerie et al.15 sociados à presença de alto conteúdo de
(2001) relataram a manifestação de urticá- monômero de metilmetacrilato residual.
ria e erupção linquenoide, respectivamen- De acordo com Morais1 (2007), quando a
te, em suas pacientes, após utilização de polimerização é incompleta, o monôme-
prótese total em resina acrílica, e confir- ro remanescente na prótese se dissolve na
Rev. Odontol. maram a hipersensibilidade ao MMA rea- boca, podendo causar estomatite de con-
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Paulo lizando testes de contato. Os autores ob- tato. Além dos monômeros de metil meta-
2013; 25(3): 233- servaram a redução dos sinais e sintomas crilato, podem ser citados também outros
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componentes de baixo peso molecular, merizados e autopolimerizados e concluí- Alvim HCN
tais como formaldeído, peróxido de ben- ram que os materiais autopolimerizados Santos SSF
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zoíla e plastificantes como dibutil-ftalato, liberam consideravelmente mais MMA
que podem ser considerados fatores de- residual que os materiais termopolime- Hipersensibi-
lidade à resi-
sencadeadores das reações de hipersensi- rizados (1% -2% em peso). Além disso,
na acrílica em
bilidade8. esses autores mostraram que o conteúdo reabilitação
As variações na composição quí- de monômero residual pode ser reduzido bucal
mica e na pureza dos sistemas de resinas quando o tempo de polimerização for es-
comerciais, o grau de conversão de seus tendido.
monômeros e as variáveis de manipula- Koutis23 (2001) relatou o desenvolvi-
ção podem influenciar nas suas proprie- mento de uma reação de hipersensibili-
dades biológicas e físicas. A concentração dade severa com vermelhidão e dornos
de monômero residual varia com as con- locais de contato com a prótese, em um
dições utilizadas para sua polimerização. paciente portador de prótese total nova.
Dessa forma, alguns aspectos técnicos são O teste de sensibilidade mostrou alergia
relevantes e podem auxiliar na redução a amostras do material da prótese e ao
do monômero residual, como o ciclo de 2-hidroxietilmetacrilato. Uma ebulição
polimerização utilizado, as condições e prolongada da prótese e a utilização de
o tempo de armazenagem e o método de um ciclo de polimerização adicional re-
polimerização. Além disso, para evitar re- sultaram em reversão de seus sintomas e
ações adversas, bem como para a diminui- amostras desse material totalmente poli-
ção da quantidade de monômero residual, merizado resultou em teste negativo de
vários autores têm sugerido a imersão da hipersensibilidade.
prótese em água antes da colocação no Tanoue et al.24 (2005) descreveram um
paciente4,17,18. tratamento para um paciente hipersensí-
Para reduzir o risco de reações de hi- vel a polimetilmetacrilato, polissulfona e
persensibilidade, fabricantes têm tentado policarbonato, no qual a prótese teve a
obter um conteúdo menor de monômero base recoberta com um compósito fotopo- •• 237 ••
residual em resina de base de próteses, limerizável à base de uretano dimetacri-
aumentando a temperatura e o tempo de lato (UDMA). O paciente não apresentou
polimerização. De acordo com o conte- qualquer sintomatologia a esse compo-
údo o monômero residual também pode nente por um período de acompanhamen-
ser reduzido para um quarto do valor to de dois anos e meio.
inicial se a prótese for imersa em água a Já de acordo com Boeckler et al.25
500 C por 1 hora após a polimerização19. (2008), um tratamento térmico secundá-
Além disso, a imersão em água a 370C rio (pós-polimerização) expondo a próte-
por 24 horas ou o polimento com alto bri- se a100ºC durante uma hora é eficaz na
lho reduzem de forma significativa a libe- redução de até 60% da concentração de
ração de monômero em comparação com monômero residual de resinas e, por um
amostras não polidas20. período de duas horas, essa redução pode
Vallittu et al.21 (1996) analisaram se chegar a 79%.
um processo de polimento ou um verniz Pfiffer et al.20 (2004) confirmaram em
foto-polimerizado afetaria o conteúdo de seu estudo que algumas marcas comer-
monômero residual de uma prótese. Os ciais de materiais para base de próteses
autores demonstraram que a liberação do totais são hipoalergênicas por possuí-
monômero atingiu o menor nível durante rem uma quantidade de monômero re-
2 dias de imersão das amostras em verniz sidual abaixo de 0,2% em peso (Polyan
foto-polimerizável. Amostras com poli- -Polyapress e Sinomer-Alldent), sendo
mento de alto brilho revelaram claramen- que em alguns materiais não foi detectado
te liberação de monômero inferior às das nenhum conteúdo de monômero residual
amostras não tratadas. (Promysan-Pedrazzini Dental Technolo- Rev. Odontol.
Miettinen e Vallittu22 (1997) compara- gie e Microbase-Dentsply). Uma grande Univ. Cid. São
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ram o teor de monômero residual liberado vantagem das marcas hipoalergênicas 2013; 25(3): 233-
de materiais de base de prótese termopoli- em comparação com a controle (Paladon 40, set-dez
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Alvim HCN 65- Heraeus Kulzer) é que os técnicos não Nas etapas laboratoriais, as formas de
Santos SSF confecção têm um papel fundamental
entram em contato com materiais não
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polimerizados, pelo fato desses materiais na presença do monômero residual, e as
Hipersensibi- serem fornecidos em cartuchos prontos formas de polimerização são as que mais
lidade à resi-
para uso. interferem. Alguns autores27,28 citam a po-
na acrílica em
reabilitação Outras manobras sugeridas por alguns limerização por micro-ondas como me-
bucal autores para diminuição do monômero lhor técnica para reduzir o conteúdo de
residual na confecção das próteses são: monômero residual, sendo este um proce-
realização de ciclo de polimerização em dimento bastante simples de ser executa-
micro-ondas, em ambiente aquoso aque- do por técnicos de laboratório e com um
cido ou em temperaturas mais elevadas custo irrisório.
sob pressão26-28. Ou, após a confecção, Deve-se ter em mente que apenas uma
o armazenamento em água por 24 ou 72 técnica ou manobra, muitas vezes, não
horas, antes da entrega do aparelho ao pa- são suficientes para evitar ou solucionar o
ciente, pode minimizar a presença do mo- problema; então a realização de um con-
nômero e, consequentemente, diminuir a junto de manobras, como a utilização de
possibilidade de reações adversas29, 30. resinas termopolimerizáveis22, com ciclo
Considerações finais de polimerização adicional ou estendi-
do22,23 em micro-ondas27,28, com armaze-
Diante do que foi exposto anteriormen- namento em água por 24 ou 72 horas29,30
te, podemos notar que não é incomum ou imersão em água a 500 C por uma hora
pacientes com próteses mucossuporta- antes da entrega ao paciente19, poderia ser
das apresentarem manifestações adversas adotada e recomendada por qualquer clí-
relacionadas não só à irritação química nico, a fim de minimizar a possibilidade
local ou à infecção microbiana como de ocorrência de estomatites alérgicas.
também a reações alérgicas causadas pela Também, embora as marcas hipoaler-
resina acrílica e seus componentes4,6,7. As- gênicas sejam pouco utilizadas na rotina
•• 238 •• sim, lesões que não regridem com o ajuste do clínico, muitas vezes por falta de ne-
adequado da prótese ou com uso de anti- cessidade e pelo custo mais elevado, a li-
microbianos devem sim ser consideradas teratura confirma a baixa presença de mo-
casos de hipersensibilidade e a substitui- nômeros residuais em suas composições,
ção ou modificação do material podem tornando-as alternativas interessantes para
ser fundamentais. casos de comprovada atopia ao MMA.
Existem evidências de que essas reações Vale ressaltar a importância da anam-
são favorecidas pela maior presença de mo- nese para o conhecimento prévio da pro-
nômeros residuais após a polimerização do pensão do paciente à atopia, investigando
MMA4,17,18. Assim, os profissionais que tra- histórias de hipersensibilidades na família,
balham rotineiramente com próteses totais casos de dermatites de contato a diferentes
ou parciais removíveis podem contribuir materiais, inclusive àqueles utilizados an-
para a redução de reações relacionadas ao teriormente em outros tratamentos odon-
MMA, realizando procedimentos na clíni- tológicos. A partir daí, deve ser realizado
ca diária que tentem diminuir o conteúdo um cuidadoso planejamento do caso, le-
de monômero residual, como citado por vando-se em conta, além da propensão à
alguns autores19,21,23,29,30, que descrevem hipersensibilidade, a real necessidade e o
manobras que podem ser realizadas no nível socioeconômico, para que os bene-
próprio consultório, com efeito benéfico fícios sejam realmente obtidos e a reabili-
para o paciente, sem que ocorra um au- tação do paciente seja satisfatória.
mento no custo do tratamento.

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